quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9020: Da Suécia com saudade (32): Geração, a Nossa... (José Belo)


1. Mensagem do José Belo, com data de 30 de Outubro último

Caros Amigos e Camaradas:



Depois da leitura do poste P8961 ("Conversas com o comandante Bobo Keita"), e de alguns e-mails trocados entre camaradas à volta do mesmo, surgiu-me "isto" que fica à vossa disposicäo. Um grande abraco do José Belo. (Erros ortográficos? Do novo? Do antigo?....bom.....). J. Belo




2. Da Suécia com saudade > Velhos do Restelo, não épicos... (*)


 PAIGC? O que poderia ter sido e... não foi? !


O MFA? O que poderia ter sido e...näo foi?!

A Guiné-Bissau de hoje? O que poderia ter sido e...näo é?!

O nosso querido Portugal depois de tantos e tão diferentes (!) governos?!...  O que poderia ter sido...mas...

No espaço de uma geração. A NOSSA!

Criados e educados nos valores do "antigamente", numa ditadura beato-provinciana feita de autoridades várias. O progresso sócio-intelectual de um povo bem entaipado em verborreias conservadoras! A transformacäo de um, (para alguns discutível), heróico Império Colonial de muitos séculos e de muitos mártires em... "Sacro-Império-Provincial", sem quaisquer enraizamentos histórico-tradicionais, e muito menos *a luz do Direito Internacional vigente. Esperteza saloia que nem sequer foi implementada internamente na sua totalidade jurídica (não menos, entre outros, aos níveis das economias inter-"provinciais").

Alturas do campanário da aldeia, para enganar a "estranja" menos douta. A tal que vivia algumas páginas da História... mais à frente! A tal mais interessada em escrever páginas novas que,(por muito erradas), serão as deles.

Geração, a NOSSA, levada a participar numa longa guerra em África de antemão impossível de ganhar. Heroicidades que a todos deveriam orgulhar juntavam-se a sacrifícios já hoje difíceis de compreender.

Geração, a NOSSA, que julgou aprender a Liberdade num misto de idealismos ingénuos, ignorâncias profundas e irresponsabilidades criminosas para com as nossas gentes de África (e as deles!). Uma mascarada de interesses específicos de uma corporacäo que,rápida e convenientemente,  se soube envolver (ou viu-se envolvida) em bandeirolas democráticas várias. (E, destas, algumas näo tão democráticas como isso). Quantas as más consciências em rituais purificacöes pelos fogos sociais?

Geração, a NOSSA, hoje de cócoras e humildemente "desbarretada" frente a uma troika internacional de "feitores" d'alguém. 


Continuará a ecoar o grito de alma de Fernando Pessoa?... "É tempo!".

Stockholm 30/10/11

Um grande abraço do José Belo.


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Nota do editor:


(*) Último poste da série > 2 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8724: Da Suécia com saudade (31): Outras bandeiras, outros costumes, outras gentes... (José Belo)

Guiné 63/74 - P9019: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (37): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (4): Autobiocómica: Passatempo, traquinices, enquanto teen-ager

1. Continuamos a apresentar o livro "Palavras de um senhor defunto",  de autoria do nosso camarada Mário Serra de Oliveira* (ex-1.º Cabo Escriturário, Bissau, 1967/68).


PALAVRAS DE UM SENHOR DEFUNTO

AUTOBIOCÓMICA (2)

Passatempo, traquinices, enquanto ‘teen-ager’

Ora, tal como é mencionado nalgum lado nestas linhas, a família do autor era mesmo bem pobre de tal modo que, conforme as horas passavam, a fome apertava e, não havendo forma de – com choro ou sem choro – que um milagre acontecesse, tal como quando a Rainha D. Isabel transformou as rosas em pão... (seria verdade?)... só restava ao autor tentar deitar a mão ‘ao alheio’!...

A coisa agravava-se mais ainda, quando ‘um aperto agudo’ no ‘esófago’ dava um sinal indicativo, indicando que, o estômago estava mais abaixo e – aí é que estava o problema – indicativo que o estômago estava mais abaixo, mas vazio!!!...

O estômago até podia estar onde quisesse. Isso não era o problema. O problema era estar onde estava e no estado em que estava. Pelo menos ali, o estômago não estava como o ‘defunto’ estava, que era, como foi dito várias vezes nalgum lado nestas linhas, completamente mudo e frio. Ali, o estômago, estava bem vivo e, para que constasse, fazia com que o vizinho logo a seguir – o esófago - fizesse lembrar ao dono e portador dos dois – o estômago e o esófago – que eles existiam e que, como tal, eles não tinham culpa alguma da ‘fartura de miséria’ que rodeava a família do autor.

Eles, o estômago e o outro, não se governavam com lamurias.

Eles estavam vivos e bem vivos - antes não estivessem – e, como tal havia que fazer algo e rapidamente, providenciando aos mesmos, algum combustível, mastigado ou não.

Quanto mais depressa melhor.

Mais!!!

O estômago não queria saber da origem de, fosse o que fosse - excepto pedras ou excrementos – mas que lhe fosse fornecido e muito rapidamente porque, ainda por cima, o nariz do autor cheirava aquele cheiro a ‘pão-trigo’ vindo de uma padaria situada nas traseiras da casa da família dele, conforme é referido nalgum lado nestas linhas. E, quando assim era, influenciado ou não pelo dito cheiro, o ‘aperto no esófago’ a comando do estômago, ainda se tornava mais insistente e agudo.

Era uma aflição aflitivamente aflitiva!...

Daí que, o autor, portador do estômago reclamando manutenção urgente – antes que gripasse não tinha outro remédio do que tentar deitar a mão fosse ao que fosse, desde que fosse comestível – excepto o acima – a fim de tentar ‘enganar’ o dito ‘complainer’ que – pensava ele, o autor, que ele não voltava ao mesmo.

Era o não voltavas porque, aquele gesto de tentar enganar, era sol de pouca dura devido a ser assim mesmo.

Hora após hora, dia após dia, semana após semana, e o pior de tudo ainda é que não se vislumbrava ‘luz verde’ – ou algo para trincar - na escuridão do horizonte próximo e arredores, da casa da família do autor. Assim, o andar descalço, até ajudava a atenuar a situação – embora somente temporariamente – porque, esta coisa de subir muros para saltar para dentro dos quintais, e subir a árvores de frutos dos outros, se andasse calçado a coisa poderia complicar-se.

Por várias razões mas por duas essenciais.

Uma - era o facto de que, o tempo que perdia a descalçar-se poderia ser vital na urgência demandada pelo esófago.

Duas – era o facto de que, se acaso o dono do que quer que fosse – a que o autor andava a deitar a mão – se o dono aparecesse, o autor corria o risco de ficar sem o calçado – fosse ele que calçado fosse e, claro, não só o esperaria ‘um ajuste de contas’ em sua casa, quando ele aparecesse descalço como, também correria o risco de voltar a ficar outros 11 anos à espera de novo par de calçado – botas ou o que fosse. Desta forma, o andar descalço era de uma ajuda.

Graças Deus pelo pé descalço. Não era nem foi por acaso que, as primeiras botas demoraram cerca de 11 anos a chegar!...

Mas, nesta coisa de subir a árvores, o autor teve a brilhante ideia de, um dia, decidir serrar uma pernada de uma árvore – figueira, diga-se já – pelo facto de que, na ponta da mesma, se encontrar lá um ninho de ‘Papa-figo’ - o qual o autor não conseguia alcançar, devido à fragilidade da pernada – bem como uns quantos figos que o autor queria e precisava de ‘papar’ para acalmar as picadas no ‘esófago’ cujo sinal recebia do estômago. Assim, não podendo alcançar nem ninho nem figos, a solução seria – e foi – cortar a pernada porque, na mente do autor, funcionava a ideia de que, se os figos são dados pela figueira para a gente comer, de modo algum lá iriam ficar.

Garantido!!!

Foi aqui que, a agilidade do autor ficou patente devido a que o mesmo estava escarrapachado na dita pernada virado de costas para a ponta da mesma – local onde o ninho e os figos se encontravam – e, o autor, começou a serrar a pernada junto ao toro, com consequências quase desastrosas porque, com o peso dele na pernada, esta cedeu mais repentinamente do era de esperar – ou era de esperar ? - e, de repente... catrapum... figueira abaixo, ficando dependurado numa outra pernada mais abaixo – qual ‘monkey, chimp’ ou qual macaco(?)’ - muita sorte teve ele não se estatelar directamente em cima de umas empas (estacas) que estavam num feijoal, mesmo por baixo da figueira.

Entretanto, e como é mencionado nalgum lado nas linhas interiores deste livro, o autor, enquanto jovem, além de se dedicar a ‘brincar aos meninos’ com garotas lá do sua aldeia, matou um gato preto – e a razão é bem referida noutro local destas linhas – e, ao mesmo tempo, sempre que alguma garota se fazia rogada não querendo alinhar naquela coisa do ‘brincar aos meninos’, então, como é referido, o autor, aproveitando o buraco existente em quase todas as portas da vizinhança – que era o buraco para o gato entrar e sair, enquanto os ocupantes da casa, iam laborar cada um para a suas hortas cada qual para seu lado, ele metia toda a espécie de ‘bodega’ que lhe desse na gana, como pedras, bugalhos de carvalho, serradura e, na casa daquelas garotas cuja família se tinha um pouco menos pobres que a família do autor – eram pobres mas a caminho de não serem tão pobres como a família do autor - e que, como tal, às vezes arrebitavam um pouco o nariz, olhando sobranceiramente para o autor, assim como que dizendo: ‘cresce e aparece ou desta carne não comes tu’, então ele, aproveitando as visitas que às vezes fazia ao seu irmão que era pastor de guardar cabras, aproveitava a oportunidade de recolher – apanhando – ‘caganetas de cabra’ já secas, as quais metia em caixas de fósforos vazias.

Depois, aproveitando algum jornal velho que às vezes andava por ali a voar, - o autor não se podia dar ao luxo de comprar papel de embrulho - embrulhava cada caixa de fósforos e, aproveitando aquela coisa que às vezes sai dos troncos das cerejeiras – a que o autor chamava cola – colava o jornal para que a caixa de fósforos vazia não ficasse à vista.

Então guardava cada caixa num local previamente escolhido à espera de encontrar a primeira que arrebitasse o nariz e, se isso sucedesse – e sucedia bastantes vezes – lá ia uma caixa de fósforos com ‘m&ms’ de cabra pelo buraco do gato adentro.

Ou então, aproveitando a oportunidade de, quando via algumas dessas garotas a brincar com outras - outros garotos, ao lado de um balcão de pedra ‘cantaria’, onde, no topo do mesmo, tinham feito um ‘refisgo’ para que a água da chuva corresse para fora do balcão, ele, o autor, tentava subir ao balcão de modo a que ninguém visse, e vedava o ‘refisgo’ de modo a encaminhar o líquido - principalmente mijo, fresquinho ainda quentinho, acabado mesmo de sair de onde saía – de modo a que fosse desaguar por cima do local onde as garotas e garotos ‘snobs’, brincavam.

Uma outra faceta que o autor, quando jovem, teve e tinha, era ‘querer’ ser ‘terrorista’ para se vingar de todas as ‘afrontas’ que alguns dos ricos lá da aldeia do mesmo, fizeram à sua família.

Com isso em mente, aproveitando o facto de que um dos seus irmãos – aquele que tentou praticar de veterinário sem licença, conforme é mencionado nalgum lado nas linhas deste livro – tinha uma caixa de chá ‘lipton’ quase cheia de ‘lindcão’ que, por não aparecer no dicionário, terá que se explicar que se trata de grão de uma espiga de trigo (?) ou centeio que, ao contrário dos outros grãos, nasce desfigurado - retorcido - e de cor escura que, naquele tempo, os ‘farrapeiros’ que visitavam as aldeias à procura de peles de coelhos, lebres, etc, procuram muito porque, constava-se que o ‘lindcão’ servia para fazer não se sabe que tipo de medicina. Se servia ou não, para o autor, continua a ser uma incógnita.

O certo é e foi que, o autor ‘roubou’ a lata do chá ‘lipton’ ao irmão para vender o ‘lindcão’ lá numa mercearia, a qual fazia negócios com o ‘farrapeiro’. E, aproveitando a verba recebida, o autor gastou tudo na compra de bombas de ‘S. joão’ e, apesar de na ocasião ser bastante guloso, só comprou 25 tostões de rebuçados, daqueles que traziam um boneco com figura de jogadores de futebol.

Tudo o mais, foi só bombas.

Assim, embora comprometido com o roubo feito ao irmão dele, de modo algum queria chegar a casa dos pais, carregando com tanta bomba. Decidiu abrir uma cova, colocar as mesmas dentro de um saco de plástico que voava por ali – mais um – e enterrou tudo num local que ainda hoje não sabe porque - pouca sorte dum cabrão - confessou o autor – o terreno tinha sido vendido e, de repente, entrou uma escavadeira, dando cabo do esconderijo das bombas.

Mas como a ideia era poder juntar muitas, para tentar dinamitar a casa lá do tal ricalhaço - não digo o nome por uma questão de segurança – e, querendo comprovar que as mesmas bombas não eram falseadas, meteu umas 10 nos bolsos para se certificar que funcionavam.

Assim, sozinho e estando de guarda ao caldeiro com a vianda para os porcos – facto que é referido nalgum lado nestas linhas - coisa que era uma tarefa diária, o autor decide experimentar e - vejam só - abriu uma das bombas pelo lado oposto ao rastilho e toca a deitar a pólvora nas chamas da fogueira, por debaixo do caldeiro.

Que liiiiiiiiindo!!!

Aquilo, tudo luminoso fazia lembrar o fogo de artifício.

Que coisa linda!!!

Bem, descoberto o ‘engenho’ o autor decide colocar todas as restantes 9 bombas de ‘cú’ virado para a lareira (?) – monte de lenha a arder, debaixo do caldeiro, com a vianda p’rós porcos.

A ideia, até era boa mas, o resultado é que não.

Portanto, tal como o autor esperava, cada das bomba devia pegar fogo pelo lado de trás, não utilizando o rastilho mas – há sempre um mas – o problema foi que, quando uma delas se incendiou como devia – que lindo espectáculo!!! – a chama pegou fogo ao rastilho da que esta mais próxima e catrapum, pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum, caldeiro a dançar, brasas pelo ar, vizinhos a gritar e a cama dos pais do autor quase a arder.

É que a cama estava logo ali ao lado da cozinha, apenas com uma cortinazinha feita de um lençol velho, com uns quantos buracos naturais pela idade, e aqui e ali – mas lá na cortina (?) – uns sinais de algumas assoadelas que, como é mais que lógico, não havendo muito mais opções para limpar ‘o monco’ que às vezes aparecia no nariz dos mais novos – incluindo o nariz do autor.

Aqui não só foi ‘que lindo’ porque de facto, ia sendo o lindo e o bonito.

Depois disto, o autor crê que só apareceu em casa, depois de dois dias escondido numa choça - cabana lá numa horta de alguém, lá na encosta da serra da Gardunha, já depois de ter pesquisado quantas árvores de fruto havia por ali nas redondezas – pertencessem ou não à família dele.

Portanto, a tal ideia de querer ser ‘terrorista’ aterrorizou-o de tal ordem que, para que conste, hoje é um homem pacífico que sabe perdoar ao seu semelhante, excepto a quem o quiser ‘falcatruar’.

A terminar, não havendo mais de realce a realçar, resta acrescentar que, o autor, até talvez pudesse vir a ser um filósofo – se tivesse nascido numa família mas abastada mas como, filosoficamente disse ‘não se sabe que filósafo’, que – ao contrário do sábio – não sabendo que sabia, aventurou-se a dizer o que pensava saber e sem saber o que dizia, acabou por ficar a saber que, aquilo que dizia sem saber era aquilo que sabia, daí que, quando eu digo o que digo é porque o que digo  é o que sei.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9008: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (36): Palavras de um senhor defunto, um livro de Mário Serra de Oliveira (3): Autobiocómica: Nascimento, Educação e Amores

Guiné 63/74 - P9018: Parabéns a você (336): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790 (Bula, 1970/72)

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Nota de CV:

Vd. poste de 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9015: Parabéns a você (335): António da Costa Maria, ex-Fur Mil do Esq Rec Fox 2640 e Ernesto Ribeiro, ex-1.º Cabo At Art da CART 2339

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9017: O nosso blogue em números (13) : A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Virgínio Briote e Beja Santos



Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAÇ  2790 )1970/72) >  O António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas, aos comandos de um "blindado", uma GMC-guindaste, daquelas que gastavam, não 100 aos 100, mas 100 (litros) ao 10 (km)...


Legenda:  "Ainda que o cockpit não estivesse a 100%, é nos pneus que se notava o cuidado em manter o veículo preparado para os mais altos desafios fossem quais fossem as situações;  Slics à frente porque a estrada estava seca; com piso atrás para ter mais tracção; redondinhos mais atrás para o que desse e viesse" (A.M.)... 


Ele, António Matos,  conta como foi:


(...) Certo dia, estava eu sediado no destacamento de Augusto Barros, comandei a deslocação a Bula, em coluna motorizada, a bordo duma tão fabulosa quanto velha GMC que, julgo, gastava aí uns 100 litros aos 10 kms ! 


Conduzia-a um possante soldado (reconhecia-lhe a cara no meio duma multidão mas esqueço-lhe o nome) quando nos preparávamos para o regresso.  As últimas 2 horas tinham sido passadas à volta da equipa de mecânicos "comandada" pelo furriel Perdigão afim de se arranjarem os arames mais convenientes que suportassem a resolução dum problema técnico até ao dia seguinte.


Posta a trabalhar à semelhança dum verdadeiro fórmula 1, fomos de roda batida para a nossa "casinha" [, Bula,]. Os primeiros 4 ou 5 quilómetros eram em estrada alcatroada e só depois, na Placa, se infletia à esquerda para a picada.


Era noite. Atrás da GMC vinha um Unimog 411 onde se abrigava o capitão. (...) 


[O resto da história, e do seu desfecho insólito, que ilustra o famoso desenrascanço português, pode ser conhecido aqui].


Foto © António Matos (2008). Todos os direitos reservados


A. Mais dois comentários ao poste P9003 (*), a propósito do passado, presente e futuro do nosso blogue:


1. Virgínio Briote:


 De uma forma geral, aprecio muito positivamente os conteúdos do blogue. Não perco a entrada de nenhum camarada, especialmente se ele descreve as passagens mais significativas das suas memórias, as povoações por onde andou, pessoas e locais com quem se relacionava mais, acções em que participou, imagens, impressões daquela gente e daquela terra que tanto nos marcou.

Julgo que as razões deste interesse se devem a que a minha passagem pela Guiné não se limitou aos 24 meses. E não devo correr grandes riscos se afirmar que muitos de nós "esteve" lá dos 20 aos 30 ou mais anos das nossas vidas. E hoje, de vez em quando, quantos de nos ainda lá "vão"?



O trabalho que tem sido feito pelos editores não pode deixar de ser referido. Alimentar diariamente o blogue implica acrescentar horas de trabalho sem direito a outra remuneração que não seja o gosto em ver o seu trabalho reconhecido e estarem conscientes que estão a prestar um serviço público.

O que vejo no Luís Graça, no Carlos Vinhal e no Eduardo Magalhães é o interesse em dar voz aos camaradas que, de 1961 (um ou outro ainda antes) até Setembro/Outubro de 1974, cumpriram com a obrigação de que o Portugal de então os incumbiu. É este, para mim, o principal objectivo do blogue e é com estes olhos que o leio diariamente.


2. Beja Santos:

(...) O mais importante do nosso blogue é funcionar como uma encruzilhada de múltiplas proveniências, expectativas e estados de alma. É o seu lado deslumbrante, incontornável, funcionar como um albergue espanhol de toda a gente que se revê e procura entender os seus sentimentos naquela Guiné e na que agora existe. 

Não se pode, em rigor, introduzir secções ou direcções onde o bloguista se possa vir a sentir enfiado numa determinada medida que não funciona para os outros. Qual o problema da diversidade, dos que querem testemunhar, comunicar, desabafar ou repontar? Não há problema, não percebo essa preocupação com a letargia, os textos avolumam-se, vêm de todas as sensibilidades, assim terá de continuar a ser. 

Recordo-te que há anos atrás sugeri [, ao Luís, a criação de] uma comissão acompanhadora de projectos: publicações, apoio solidário, conferências, atracção dos camaradas guineenses, etc. Teríamos aí, estou em crer, a possibilidade de gerar novas dinâmicas para alastrar a influência do blogue, que não pára de crescer. 

O blogue é simultaneamente um lugar e um não-lugar: aqui contamos com a intimidade, a identidade, afectos; por aqui passamos como por um aeroporto ou uma auto-estrada. 

Se fosse a ti [, Luís,] , sentia-me feliz por ter urdido esta malha social e o contágio que propagou.  Só vejo utilidade que te rodeies de uma máquina de ideias com dois sentidos: potenciar o valor do nosso património (em depoimentos, em textos, em imagens, em possíveis publicações) e animar iniciativas e projectos onde a filantropia e o debate/convívio adquiram outras formas, estreitando a nossa camaradagem.  (...)

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Nota do editor:

 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9007: O nosso blogue em números (11): A propósito ds 3 milhões de visitas... Comentários de F. Palma, H. Sousa, F. Costa e T. Mendonça

6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9003: O nosso blogue em números (10): Atingidos os 9 mil postes, a caminho dos 3 milhões de visitas... Tempo de balanço(s)...

Guiné 63/74 - P9016: Memória dos lugares (162): Farim do Cantanhez e suas gentes... (João Graça)







Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Farim > 9 de Dezembro de 2009 > Gente de Farim do Cantanhez (*)... que hoje já tem água potável, graças ao trabalho conjunto da Tabanca de Matosinhos e da AD - Acção para o Desenvolvimento...


Fotos © João Graça (2009). Todos os direitos reservados



1. Extratos do Do diário de bordo do João Graça, médico e músico, na sua primeira viagem à Guiné-Bissau (5-19 de Dezembro de 2009):


(...) Dia 5 – 9/12/2009, 4ª feira, Iemberém


5.1. 3º  dia de consultas – Visita aos chimpanzés.

5.2. Levantámo-nos às 5h00. Viagem até à terra da Cadi, Farim [do Cantanhez], onde estariam os chimpanzés.

5.3. Afinal não estavam em grupo. Vimos formigas a picarem o nosso corpo.

5.4. Fomos dois jipes: Cadi [, grávida de 7  meses], Antero e eu;  motorista, Alexandre, Joana e Zeca [, guia do Parque].

5.5. Ficámos à espera dos chimpanzés na casa da Cadi: Pai, ex-combatente [do PAIGC, Abdu Indjai], mostrou-me  a sua prótese [, foi amputado de uma perna durante a guerra colonial]; avó, velhinha, 70 anos, que me ofereceu um cesto para a minha mãe e outro para  [a minha namorada].

5.6. Seis/sete miúdos com leishmaniose. Amanhã falar com Vera, Enf[ermeira do Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém]. (...)


2. Sobre Farim do Cantanhez, escreveu o Zé Teixeira:


(...) Farim de Cantanhez fica no interior da mata do Cantanhez, logo a seguir a Iemberém, bem lá no sul da Guiné-Bissau. Terra que pelo seu isolamento – falta de estradas e clima adverso – tem sido esquecida pelos governantes, apesar de ter sido um dos maiores, senão o maior, centro nevrálgico da guerra colonial, pelo tipo clima agressivo, pela mata fechada e por estar junto à fronteira com a Guiné-Conakry. 


Dizia-me em Abril passado um antigo guerrilheiro do PAICG que percorria toda a mata do Cantanhez, da fronteira até Buba em pleno dia, sem medo da aviação tuga, dado a frondosa vegetação que lhe possibilitava rápido esconderijo. 

Era atravessada pelo “carreiro da morte” ou “estrada da liberdade” conforme os contendores se portugueses ou patriotas, que tanto sangue fez correr. Por ali passavam as armas, munições e bens de sobrevivência da guerrilha. Ali se acoitavam depois das refregas com a tropa portuguesa, para se esconderem e ou retemperarem forças. Ali tinham o seu hospital de campanha e bem perto, do lado de lá da fronteira a maior base logística. (...). (**)

Guiné 63/74 - P9015: Parabéns a você (335): António da Costa Maria, ex-Fur Mil do Esq Rec Fox 2640 e Ernesto Ribeiro, ex-1.º Cabo At Art da CART 2339

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9002: Parabéns a você (334): Jorge Cabral, ex- Alf Mil Art, CMDT do Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9014: O nosso blogue em números (12): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Domingos Gonçalves /Augusto Vilaça/José Carlos Gabriel





Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (Abril de 1968/Janeiro de 1969) > 1968 > Início da construção do aquartelamento > Os homens que fizeram das tripas coração, a G3 numa mão, a pá e a pica noutra...

Foto: © Idálio Reis (2007). Todos os direitos reservados.



A. Mais três comentário de membros da nossa Tabanca Grande , com data de 4 do corrente, a propósito do nosso blogue e do seu futuro (*):


1. Domingos Gonçalves:

(...) Antes de mais, votos de boa saúde. Depois, referindo-me ao blogue, apenas tenho a referir que se trata de um trabalho meritório, que contém imensa informação interessante, sobre a guerra da Guiné, que, penso, a generalidade dos ex-combatentes, e não só, aprecia, e louva.


Como em tudo na vida, é uma obra humana, neste caso informação escrita, disponível para um enorme  universo de pessoas interessadas, susceptível, portanto, de eventuais reparos. Coisa normal. Mau seria que, sobre toda a informação que vai sendo disponibiliza existisse absoluta uniformidade de opiniões.

Pessoalmente, entendo que é um trabalho de mérito, que merece ser continuado. Defeitos? Quem os não tem?
Parabéns aos autores, e editores. Continuem. (...)

2. Augusto Vilaça

(...) Luís Graça e Carlos Vinhal são o coração da Tabanca Grande. Sem eles passaríamos desconhecidos, quiçá, esquecidos de expôr as nossas vidas ao serviço da Patria que muitos pretendem esquecer!

Só quem passar por lá saberá dar o real valor a esse tempo de incertezas.

Não quero deixar passar este feliz momento para, especialmente, dar um forte abraço aos nossos camaradas deficientes que defenderam a nossa Pátria. E, logicamente, dar um abração ao Luís e Carlos pelo sua espontaneidade, vontade, sacrificio, de sempre atualizar o nosso blogue. Muitos parabéns e felicidades. Abraço do Augusto Vilaça.




3. José Carlos Gabriel

Começaria por agradecer a todos os camaradas os votos de felicitações que me foram endereçados na data do meu 60º aniversário e, como castigo,  que o façam por mais uns anos largos pois será um bom sinal para todos.



Respondendo agora a esta solicitação vou tecer alguns comentários que não têm a pretensão de ser mais que isso.~


Começo precisamente pelos votos de Parabéns a Você  que para mim deveria de ser Parabéns, Camarada.


No meu entender este Blogue não pretende trazer para a ribalta as hierarquias militares pelo que o tratamento entre os camaradas deveria ser tão simplesmente o mesmo com se trata um amigo (eu não trato um amigo por você).


No cumprimento do dever militar aceitei esse tratamento diferenciado pois o mesmo impunha-se para que cada um desempenha-se a sua função e existi-se respeito pelo seu superior para o cumprimento das ações necessárias (alguém teria que comandar e ser respeitado) mas agora para mim não faz qualquer sentido.


Neste Blog (penso eu) pretende-se encontrar ex-camaradas e contar alguns episódios que se passaram naquela época.


Dos textos editados não posso e nem quero acreditar que algum camarada conte alguma história que não tenha sido verídica (provavelmente com algumas falhas pois os anos não perdoam) mas ainda somos muito novos.


Os acontecimentos da época terão para cada um o valor que se lhe pretenda atribuir e um pequeno episódio pode para quem o conta representar muito.


Sobre o Blogue não deixo de dizer que inicialmente tive alguma dificuldade em encontrar o que pretendia até perceber de como deveria fazer as pesquisas mas depois de me familiarizar não tenho qualquer dificuldade pelo que nada tenho a apontar.


Quanto ao muitos se "inscrevem" mas poucos "escrevem" , talvez seja motivado pelo que referi inicialmente além de já ter lido alguns comentários aos trabalhos publicados que tocam um pouco à filosofia e talvez não tenha agradado aos seus autores da mesma forma que não me agradaram porque este Blogue está aberto a todas as classes sociais e eram muito diferenciadas á época.


Também por ter conhecimento de quem não pretenda sequer recordar essa época talvez com medo de sentir o peso da idade ou achar que não teve qualquer importância na sua vida.


Existe uma proliferação de Blogues sobre a guerra colonial/guerra do ultramar mas na sua maioria só são utilizados para marcação de almoços comemorativos e em nada falam sobre os acontecimentos vividos por cada um de nós.


Para mim este Blogue desde o meu primeiro comentário editado já fez com que tenha encontrado alguns ex-camaradas mas só um deles que eu saiba publicou algo no mesmo. ´


Continuem com o mesmo empenho enquanto vos for possível que as melhorias nas intervenções irão aparecer com o tempo.Um abraço a todos os camaradas.


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Nota do editor:


(*) Último poste da série > 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9007: O nosso blogue em números (11): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de F. Palma, H. Sousa, F. Costa e T. Mendonça

Guiné 63/74 - P9013: (Ex)citações (153): Oleg Ignátiev e a biografia de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos / Mário Serra de Oliveira)

 

No seguimento da publicação dos postes 8995 e 9006 (Amílcar Cabral, a biografia romanceada de Oleg Ignátiev), de autoria do nosso camarada Mário Beja Santos, integrados na série "Notas de Leitura", ocorreu uma troca de mensagens entre o autor destas Notas e o mais recente Mário da nossa tertúlia, o camarada Mário Serra de Oliveira - que permaneceu uns anos na Guiné-Bissau depois da sua passagem à disponibilidade, e após a independência daquele país, até 1981 - que passamos a reproduzir:



i) - Mensagem de Mário S. de Oliveira com data de 6 de Novembro de 2011, dirigida a Mário Beja Santos:

Olá Amigo e Camarada Mário Beja Santos!
É um prazer contactar contigo tendo por tema esse tal Olev Ignatiev!...

É que, numa rápida análise que fiz aos teus comentários, chamam-me à atenção alguns pontos referidos e que, pontualmente farei referencia sobre cada um deles.

- Rafael Barbosa - que conheci pessoalmente durante a minha estadia na Guiné - Maio de 1967 a Dezembro de 1968, enquanto militar e, depois, até Agosto de 1981, já na vida civil.

- Grupo de estudantes foi enviado para a China - e que, sobre o qual, procuro alguns esclarecimentos.

Começando pelo último, gostaria de perguntar se acaso a informação a que tiveste acesso, indica que, desse grupo, fazia um tal Mário (tal como tu e eu) Mamadou Turé mas que dava pelo nome de MOMO TURÉ!...

A razão é que estou a terminar de alinhar os últimos retoques sobre um livro que já está escrito mas não publicado, onde entra parte da minha crítica a esse Olev Ignatiev porque, no livro "Três Tiros da Pide" de sua autoria, ele refere-se ao MOMO e a um restaurante - O PELICANO - do qual eu era encarregado geral.

Aconteceu que, o MOMO desapareceu - não compareceu ao serviço, no dia seguinte, logo após eu, minha mulher e irmã dela, meu irmão e mulher, minha irmã e marido, juntamente com alguns rebentos, incluindo a minha primeira e única filha, termos estado a celebrar (?) - foi isso que o MOMO nos disse, um aniversário de nascimento.

Aconteceu que, logo no dia seguinte, me aparecem três agentes da PIDE no Pelicano, a fazer perguntas sobre o MOMO.

Não adiantando entrar sobre qie tipo de perguntas, o certo é que, eu achei muito estranho que eles soubessem do desaparecimento dele. Nem 24 horas tinham passado!

O ponto é que, mais tarde, MOMO foi acusado - e fuzilado consequentemente - de ter participado na morte de Amílcar Cabral com a conivência da PIDE, o que eu duvido.

Por um lado, talvez mas, olhando friamente para a situação política naquela época, e, de um modo geral para a repercussões a nível internacional, não seria "smart" - vivo nos EUA - aniquilarem uma figura como AM. Se aconteceu, deverá ter sido acidental.

No entanto, o OLEV narra os acontecimentos como - O MOMO foi trabalhar para o Restaurante Pelicano e pouco tempo depois desapareceu.

Ora... fui eu quem abriu o Pelicano - em 14-11-69 - e, foi durante a minha estadia no mesmo que a minha filha veio ao Mundo 6-9-70 (um ano). Momo assistiu ao primeiro aniversário dela - 6-9-71 - e continuou ao nosso lado por bastante tempo.

Esta coisa de "pouco tempo depois" é pouco clara. Eu estava lá, porque no dia da festa de anos(?) do MOMO tive o meu primeiro acidente de carro. Nunca esqueci que me despistei, e os cavalos foram beber água a uma bolanha.

Sobre o Rafael Barbosa só te digo que o conheci tão bem tão bem que tanto no Pelicano como mais tarde no meu próprio Restaurante - O NINHO DE SANTA LUZIA - ele me visitava porque, desde o Pelicano - onde ia periodicamente a falar com o MOMO - creio até que ambos estiveram juntos no Tarrafal. A bebida predilecta dele era "Laranjina C".

Olha... há um manancial de episódios - incluindo o planeamento de uma bomba no meu restaurante pelo próprio Rafael Barbosa que, só lá não foi colocada após palestra miinha, feita a todos os meus empregados, depois de - mais uma vez a PIDE - me ter chamado à Central para me informar deste plano.

Já depois da Independência, elementos do PAICG me confirmaram da razão porque é que lá tinha sido colocada uma bomba. Foi a minmha palestra com o meu pessoal.

Enfim... se quiseres podes passar estes comentários à Tertúlia, pois até creio que eles gostarão de saber.

Um abraço.
Mario S. de Oliveira
1.º Cabo Amanuense nº262 - BA 12- 
Guiné Maio de 67 a Dez. 68. 
Durante a Guerra, durante a Independência e após. Dava para escrever 10 livros. Estou no primeiro e a alinhavar o segundo.
Boa sorte a todos.


ii) - Resposta de Mário Beja Santos ao Mário Oliveira em 7 de Novembro:

Meu caro Mário,
O teu email foi uma bonita surpresa. Ficas a saber que o meu jantar de casamento foi em "O Pelicano", em 20 de Abril de 1970. Tomei a liberdade, dada a importância das tuas informações históricas, de repassar o teu email para dentro do blogue.
Faz precisamente um ano, estive na Guiné, parei demoradamente em frente a "O Pelicano", é uma completa ruína. Se gostares, envio-te a fotografia que então tirei.

Não sabia de tantas histórias do Momo, não dou grande crédito às versões que correm relativamente à natureza da conspiração do assassinato de Amílcar Cabral devido à manipulação pela PIDE. Ainda recentemente, nas memórias do guerrilheiro Bobo Keita vem referido que Osvaldo Vieira passou uma boa parte do dia 20 de Janeiro de 1973 na companhia de Inocêncio Kani – a confirmar-se, deita completamente por terra a tese do braço longo da PIDE.

Bom seria que tu desatasses a escrever sobre aqueles tempos, tens seguramente memórias do maior valor para aquele período da história da Guiné.

Recebe um abraço do
Mário



iii) - Mensagem de Mário Oliveira para Beja Santos em 8 de Novembro

Amigo Beja Santos 
Se o teu casamento foi no PELICANO, deves de ter fotos não? Sabes, na ocasião, por um motivo ou por outro, eu não era muito de tirar fotos. Estou arrependido. Sei que existiam algumas em Portugal - inclusive o MOMO com a minha filha ao colo. Obviamente ficaria encantado por receber algumas fotos do Pelicano.
Agradeço antecipadamente.

Sobre o que sei, poderá ser tudo relativamente superficial, sem base certa. Por isso é que entrei em contacto com um ainda primo - e quando digo ainda é porque ainda vive e que, não sendo primeiro primo, é primo em segunda ou terceira. Ele era rádiotelegrafista na DGS, e à pergunta feita por mim sobre se me podia adiantar algo sobre o envolvimento da PIDE, a resposta foi que não. Que não havia interesse político em liquidarem uma pessoa como AC. Internacionalmente seria muito grave. Acredito.

O certo é que a determinado momento, o MOMO me aparece no PELICANO com uma motorizada Suzuki - transporte ideal para o movimento nos trilhos da floresta e que, não havendo muita verba, ele me disse que lhe tinham dado crédito. Eu tinha visto alguns visitantes do Pelicano - que mais tarde soube estarem ligados à DGS.

Havia ainda o facto de Rafael Barbosa ser uma assídua visita ao MOMO no Pelicano. Até que ponto se interligava fosse o que fosse não sei. Só achei muito estranho que, menos de 24 horas depois do MOMO desaparecer, me aparecer a DGS - 3 agentes - a questionarem-me sobre o paradeiro dele. E, à minha resposta negativa, vem a outra - mais suspeita ainda - se ele não me tinha dito para onde tencionava ir. Isto é factual.

Agora, o estar por detrás da morte de um individuo talvez pudesse ser contraproducente, o estar por detrás da fuga, creio, o fantasma ganha mais 'pernas' na última.

Por isso, e como já passou tanto tempo, creio que alguém ligado à DGS, deve ter a 'chave' do puzzle.

Se quiseres, podes passar à Tertúlia. Muitos se irão surpreender com alguns comentários reais.

Um abraço.
do Mário para o Mário
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8945: (Ex)citações (152): Strela, a ameaça ao domínio dos céus do ultramar português - Apreciação de António Martins de Matos ex-Ten Pilav, Bissalanca, 1972/74

Guiné 63/74 - P9012: Blogoterapia (191): Na varanda e a Guiné-Bissau (Carlos Filipe)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho* (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 5 de Novembro de 2011:

Carlos Vinhal,
Mais um dos textos que tenho escrito últimamente.
Fica ao V. critério.
Depois de velho e esquecido, é que me está a dar para isto....

Cumprimentos e um abraço.
Carlos Filipe


Foto: © Carlos Filipe (2011). Todos os direitos reservados.


Na minha varanda e a Guiné

Na minha varanda e de janelas abertas, chega-me o cheiro intenso de mato queimado nas redondezas, nesta madrugada.
Sinto-me olhando o vazio, como orbitando a Guiné-Bissau em Galomaro, nesta noite sem luar.
Vejo e ouço, as pequenas fogueiras e o burburinho das vozes sentadas à entrada de cada tabanca.
A minha busca de uma delas no meio do labirinto das mesmas, o cheiro da sua palha rendado com outros cheiros, produz-me ânsia e ligeiro desnorte.

Com as estrelas da noite como testemunha e como guias, com a ténue luz das pequenas fogueiras..., procuro no burburinho das palavras de cada família as silabas que me permitam a comunicação. "Corpo de bô ?" "Manga de sibe", "Jametum", etc.

Beber um trago de álcool de cana, fraternalmente oferecida, concerteza com raivas contidas, e que eu obstinadamente não me sentia o destinatário..
Sentia-me honrado, pela hospitalidade, no meio de pessoas com rostos quase esbatidos pela escuridão.
E vezes sem conta, procurando dar melodia de esperança a curtíssimos diálogos nunca concluídos, sobre algo que estava para além de mim, outros berros de outras bocas mortíferas, se escutavam de vinte, trinta, quarenta quilómetros de distância.

Minha farda se transformava, no pano de fundo de cena, e toda a empatia se desvanecia na plateia à porta da tabanca.
Nossas bocas fechavam-se e só os olhares dialogavam interrogando o culpado.
Contudo, a cada noite nascia o dia com a alegria sofredora das gentes no cultivo, na bolanha, nos afazeres da tabanca ou simplesmente embelezando ainda mais frondosas florestas.
E eu, eu frequentemente voltava a renascer na esperança de encontrar esse trilho, para o qual não tive tempo de o percorrer, para alcançar uma floresta de onde se partia novamente em direcção a um palco onde decorria a peça da luta pela liberdade e independência.

Gosto muito de ti, Guiné-Bissau.

Carlos Filipe,
Out. 2011
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9004: Estórias avulsas (117): Posto avançado ou vala comum? (Carlos Filipe)

Vd. último poste da série de 4 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8996: Blogoterapia (190): É bom ter amigos (António Martins de Matos)

Guiné 63/74 - P9011: Memória dos lugares (161): O cais do Xime e a solidão do Rio Geba... (Torcato Mendonça)




Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > 1968 ou 1969  > O Rio Geba e o cais do Xime > Fotos falantes (Série II), do nosso colaborador permanente Torcato Mendonça (ex-Alf Mil Art, CART 2339, Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69).  Texto de L.G.


Legendas: De cima para baixo: (i) cais do Xime, com guindaste; (ii) aproximação de dois barcos civis: (iii) população local (da tabanca do Xime) na margem  esquerda; (iv) o fotógrafo, assitindo a um mágico pôr do sol, tendo a seus pés o Rio Geba e a sua imensa solidão... 

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados


1. O cais do Xime...  Era aqui que começava  a  "autoestrada" do leste... Dezenas e dezenas de batalhões, centenas de companhias e outras subunidades, milhares e milhares de camaradas, milhares de viaturas,  milhares e milhares de toneladas de géneros, munições e outros artigos que alimentavam o "ventre da guerra", passaram por aqui, a caminho de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego, mas também no sentido inverso, ao longo dos anos da guerra (1963/74)... 


No final, a estrada alcatroada já ia do Xime até para além de Piche, até à ponte de Caium, não sei mesmo se chegava a Buruntuma, na fronteira com a Guiné-Conacri... As ligações de Bissau, centro nevrálgico da guerra, com o leste só se podia fazer, de barco (pelo Rio Geba: até ao Xime; e, para os barcos mais pequenos, civis, até Bambadinca e nalguns casos Bafatá), ou então por via aérea (o Dakota podia aterrar em Bafatá e Nova Lamego). No final da guerra, ainda se construía o troço de estrada, alcatroada,  Jugudul-Bambadinca (que iria permitir a ligação de Bissau com o leste, atravessando a região do Oio, mas também o sul (via Badora e Corubal). 


No Xime havia uma unidade de quadrícula... e do outro lado do rio, na margem direita, um destacamento (1 Gr Com reforçado) em Enxalé. O aquartelamento do Xime dispunha de três obuses 10,5.

Recorde-se o seguinte; (i) o Geba Estreito, a partir do Xime, só era agora navegável através de LDM e LDP, e de barcos civis (em geral ao serviço da Intendência); (ii) as LDG (Lanchas de Desembarque Grandes) faziam o transporte de tropas e equipamentos e só chegavam ao Xime; (iii) entre 1961 e 1976, foram construídas, para serviçod a Marinha Portuguesa,  65 LDM e 26 LDP, dois terços das quais se destinaram à Guiné; (iv)  as LDM dispunham de uma peça Oerlinkon Mk II de 20 mm e duas metralhadoras MG 42, a sua velocidade máxima era na ordem dos 9 nós e podiam transportar uma força de 80 homens.


2. Ao que eu saiba ou me lembre, o IN de então, que com frequência flagelava o Xime e o Enxalé, nunca intentou, no meu tempo (e no nosso tempo, meu e do Torcato, que esteve no setor até ao último trimeste de 1969), levar a cabo nenhuma ação contra esta estratégica infraestrutura portuária (por ex., minagem)... Muito provavelmente por que não longe dali, a montante e a jusante do cais do Xime,  havia pelo menos dois ou mais importantes pontos de cambança do Rio Geba, permitindo a  ligação da frente sul à frente norte, através do Enxalé (e também do Geba Estreito, no Mato Cão)...  

Isso mesmo reconheceu o comandante Bobo Keita, nas suas memórias, quando Amílcal Cabral propôs o seu nome, para substituir o comandante da Zona 7, Mamadu Indjai, gravemente ferido pelas NT (e mais concretamente pela CART 2339) na Op Anda Cá (em 15 de Agosto de 1969). (Mamadu Indjai estará mais tarde implicado no assassinato de Amílcar Cabral, em 20 de Janeiro de 1973, juntamente com Inocêncio Cani e outros, tendo sido executado, a crer no depoimento de Bobo Keita)...


"Ofereci-me para lá ir esperar o restabelecimento do Mamadu Indjai. Cabral disse-me que podia então lá ir  por 15 dias pois era um lugar importante na estratégia da luta.  Ficava nas regiões de Xime, Bambadinca e Xitole. Era um triângulo   onde se encontrava uma cambança que permitia passar para o Norte [, região do Óio,] através do rio Geba, via Inchalé [sic]. Fui para 15 dias e fiquei lá nove meses. Era um lugar difícil" (In: Norberto Tavares de Carvalho - De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita. Porto, ed. de autor, 2011, p. 134).

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Guiné 63/74 – P9010: Memórias de Gabú (José Saúde) (13): Bafatá, cidade acolhedora

1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabú) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.



BAFATÁ, CIDADE ACOLHEDORA
UM OLHAR SOBRE O GEBA

Cativava-me uma viagem a Bafatá! E foram muitas as jornadas àquela cidade guineense. Um olhar lançado sobre o rio Geba, ao cimo da rua principal, deleitava espíritos de jovens militares que, no mato, se deparavam com a frequência de imensos problemas de índole diversa. A guerrilha, sempre activa, quebrava permanentemente a monotonia de tropas dispersas por toda a região.

Uma ida a Bafatá simbolizava uma ida à “civilização” para militares entregues a um profundo isolamento. A cidade debruçava-se sobre o leito do rio Geba, um portentoso curso de água guineense que ao longo da guerra registou inúmeras histórias fatídicas. Bafatá era, também, boa anfitriã.

As minhas idas a Bafatá baseavam-se em colunas de reabastecimentos. A estrada que unia, e une, Bafatá e Gabú era asfaltada. A distância que separava as duas cidades, rondavam os 45 kms, julgo. Lembro-me de uma ocasião em que o Major Óscar Castelo Silva, segundo comandante do BART 6523 de Gabú, me pediu para o acompanhar a Bafatá. Tendo em conta a distância e o ambiente de guerra que se vivia, disse-lhe que “preparava o grupo e o meu Major levava o jipe com o condutor”. Resposta: “Não, você acompanha-me, armado, e iremos os três”.

E lá nos fizemos à estrada. Confesso que a certa altura cheguei a ter receio da aventura. Havia quilómetros de mato denso. Sabia que esse trajecto, todo feito em alcatrão, não oferecia problemas de maior. Regressámos sem nada se registar.

Bafatá foi também um azimute traçado quando um dia subi o rio Geba. Embarquei em Bissau e ancorei no Xime. As ligações para Gabú, via aérea, complicaram-se. Esperei alguns dias, comparecia nos Adidos (estrada que unia Bissau a Bissalanca) e a resposta negativa mantinha-se. Aguardavam ordens, diziam-me. Numa manhã, já desolado com a situação deparada, colocaram-me como hipótese a minha ida para Gabú via fluvial. Disse prontamente que sim.

Nunca imaginei uma viagem tão atribulada. A lancha da marinha – LDG – ia cheia que nem um ovo. Os negros transportavam consigo vários apetrechos pessoais. Nem a galinha faltou à chamada!

Ao chegarmos à zona do “mato cão”, e com o rio a estreitar as suas margens, o comandante da embarcação mandou-nos deitar. “Nem uma cabeça a ver-se do exterior”, avisou. Os marinheiros, já feitos com a dita viagem, agarraram-se às metralhadoras e fez-se silêncio. O “cabo Bojador” foi ultrapassado e, desta feita, ficou isento de eventuais novidades.

Ao que me foi dado saber a zona era extremamente perigosa. Contava-se que aquela viagem já tinha conhecido contornos fatais resultantes de ataques do PAIGC a partir das margens do rio.

A navegar, depois, já em águas fluviais mais “calmas” ancorei no cais do Xime. Seguiu-se uma viagem que cruzou Bambadinca, Bafatá e, finalmente, Gabú.

Bambadinca era também conhecida como a terra do Tenente Jamanca, um negro de corpo franzino, estatura baixa e que comandava a companhia de milícias Companhia de Caçadores 21.

A rua principal de Bafatá com o Geba ao fundo
Cais do Xime – 1973
Um abraço a todos os camaradas,

José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Fotos: © José Saúde (2011). Direitos reservados.
Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

1 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 – P8979: Memórias de Gabú (José Saúde) (12): O descanso do guerreiro

Guiné 63/74 - P9009: Ser solidário (115): Poço em Farim do Cantanhez (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 7 de Novembro de 2011:

Caros editores
A Tabanca Pequena – Grupo de amigos da Guiné-Bissau, ONGD deu mais um passo em frente no seu projeto: Sementes e água para a Guiné-Bissau com a abertura do poço de Farim do Cantanhez.

Pedia o favor de colocarem no blogue esta feliz novidade.

Abraço fraterno do
Zé Teixeira


Poço em Farim do Cantanhez

A Associação Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, ONGD abriu mais um poço de água potável. Desta vez foi a Tabanca de Farim de Cantanhez a beneficiada.

Farim de Cantanhez fica no interior da mata do Cantanhez, logo a seguir a Iemberém, bem lá no sul da Guiné-Bissau. Terra que pelo seu isolamento – falta de estradas e clima adverso – tem sido esquecida pelos governantes, apesar de ter sido um dos maiores, senão o maior, centro nevrálgico da guerra colonial, pelo tipo clima agressivo, pela mata fechada e por estar junto à fronteira com a Guiné-Conakry. Dizia-me em Abril passado um antigo guerrilheiro do PAICG que percorria toda a mata do Cantanhez, da fronteira até Buba em pleno dia, sem medo da aviação tuga, dado a frondosa vegetação que lhe possibilitava rápido esconderijo. Era atravessada pelo “carreiro da morte” ou “estrada da liberdade” conforme os contendores se portugueses ou patriotas, que tanto sangue fez correr. Por ali passavam as armas, munições e bens de sobrevivência da guerrilha. Ali se acoitavam depois das refregas com a tropa portuguesa, para se esconderem e ou retemperarem forças. Ali tinham o seu hospital de campanha e bem perto, do lado de lá da fronteira a maior base logística.

Centro de Farim de Cantanhez
Imagem Google

O número de habitantes no Cantanhez tem vido a crescer. Onde há uma “lala”, logo aparece uma família a construir a sua morança, a sua tabanca.
Farim assim surgiu. Tem na sua génese antigos guerrilheiros ali colocados pelo PAIGC, idos do Norte da região de Farim, que após a independência por lá se deixaram ficar e constituíram família. Hoje aglutina pessoas de diversas etnias e origens que ali se instalaram. São cerca de quinhentos adultos e cento e vinte crianças.

As estruturas de sobrevivência, nestes casos de instalação “selvagem” são sempre as mínimas. É bastante e suficiente uma lala, uma bolanha, madeira para a construção das moranças, o que não falta, e, água, a qual nem sempre anda por perto.
Hoje, graças à acção da nossa Associação, têm ali dentro da Tabanca, um poço com sistema elevatório movido a energia solar, um depósito e uma torneira. Um milagre que os faz cantar e dançar de alegria. Um sonho de longa data, sobretudo das mulheres, que passavam grande parte do seu dia a caminhar pela mata dentro, debaixo de sol abrasador à procura de água, sendo a fonte mais próxima a cerca de três quilómetros de distância.
Só quem lá vive, ou quem por lá passou pode sentir a profundeza de tal milagre - água potável ali à porta.



A Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau em parceria com a AD-Acção para o Desenvolvimento, que no terreno dinamizou a construção por administração directa, responderam ao desafio para transformar o sonho em realidade. O poço foi aberto, o depósito colocado num lugar bem alto, a energia solar alimenta a bomba submersível e a torneira simples e funcional ali está a debitar água fresca.
Bem hajam todos quantos colaboraram neste projecto.

Partamos para novas aventuras.

Na tabanca de Djufunco lá no Norte vão começar as obras de abertura de novo poço, logo que o tempo o permita. O Capital necessário foi obtido no Torneio de Ténis organizado pela Escola de Ténis da Maia com o patrocínio da Câmara Municipal, graças à dinâmica dos alunos Sandra Ribeiro e Pedro Barros e do professor Nuno Carvalho.

Outra Tabanca apela ao nosso esforço. É Cauntchinque, também no Cantanhez.
Tem uma população de cerca de 480 pessoas e 100 crianças. Vamos alimentar o sonho dos seus habitantes, sobretudo as mulheres e crianças que vão buscar o precioso líquido a cerca de dois quilómetros. É para este projecto que estamos a centrar todos os nossos esforços. O resultado do jantar de Natal que a Tabanca Pequena vai organizar no próximo dia 3 de Dezembro vai ser canalizado para este novo projecto.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8927: Ser solidário (114): Farim do Cantanhez já tem água potável, com o apoio da Tabanca Pequena de Matosinhos (AD - Acção para o Desenvolvimento)