segunda-feira, 27 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11635: 9º aniversário do nosso blogue: Os melhores postes da I Série (2004/06) (14): Memórias de Guileje ao tempo da CART 1613 (1967/68), por José Neto (1929-2007) - Partes I/II: Formação e mobilização da companhia, que foi render a CCAÇ 1477




 Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 > Estandarte da companhia. A CART 1613 foi mobilizada pelo RAP 2. Partiu oara o TO da Guiné em 12/11/1966 e regressou a 18/8/1968. Esteve em São João, Teixeria Pinto, Buba, Guileje, Buba, Bissau. Comandantes: cap mil grad art Fausto Manteigas da Fonseca Ferraz (, morto por um dos seus soldados na véspera do Natal de 1966; e cap art Eurico de Deus Corvacho).



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 > Fotografia de grupo, com parte do pessoal e elementos civis (crianças) da tabanca.

Fotos: © José Neto (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. A retirada de Guileje foi há 40 anos, mais precisamente em 22 de maio de 1973, ao tempo da CCAV 8350, e sendo comandante do COP 5 o então major art Coutinho e Lima. A pretexto desta efeméride e do 9º aniversário do nosso blogue, achámos oportuno republicar as memórias do primeiro-sargento da Companhia de Artilharia nº 1613, que passou por Guileje em 1967 e 1968. Essa função, de 1º sargento,  foi desempenhada pelo então 2º Sargento José Afonso da Silva Neto (1927-2007), ou simplesmente Zé Neto, como a gente carinhosamente o tratava. Reformou-se como capitão. Era membro da nossa Tabanca Grande, desde a primeira hora e foi o primeiro de nós a inaugurar a galeria dos que da lei da morte se vão libertando. A Júlia Neto, viúva do Zé Neto, continua a representá-lo e a avivar-nos a sua memória. Ela é também irmã de um outro tabanqueiro nosso, o Carlos Carvalho.

A republicação das memórias do Zé Neto pretende ser uma homenagem a este saudoso camarada, que era na altura,  em que morreu, o decano da nossa Tabanca Grande, mas também é uma homenagem a todos os nossos camaradas que, de 1964 a 1973, passaram por Guileje... Publicam-se também muitas das suas fotos (uma parte delas, sobretudo as a preto e branco, inéditas).

Foi, entretanto,  nestes termos que ele se apresentou à "porta de armas" da nossa Tabanca Grande, em 5/12/2005:

"Sou actualmente Capitão Reformado, vivo em Queluz de Baixo, Oeiras, e fui, com o posto de 2º sargento, o primeiro sargento da CART 1613 que guarneceu Guiledje nos anos de 1967/68.

"Por interposta pessoa conheci o Engenheiro Carlos Silva, impulsionador da reconstrução do nosso "quartel" , a quem mostrei o meu album fotográfico e um extrato das minhas 'Memórias para os meus netos'. Parece que gostou e, no próximo dia 9 de Dezembro, vou encontrar-me com o Dr. Filipe Santos na ESEL [Escola Superior de Educação de Leiria], em Leiria , por sinal a minha terra natal, para tratarmos da digitalização de cerca de 150 slides que fiz, só daquela povoação.

"Também estive, antes, em Cabinda e, depois em Calunda (Leste, mais ao leste de Angola), mas Guiledje, talvez por ser o lugar onde 'levei mais porrada', ficou-me no coração.

"Mas não foi só no meu, porque no passado dia 3 de Junho [de 2005], em Braga, ainda reunimos setenta e tal elementos da Companhia [, a CART 1613,] e a 'velhada' continua a nutrir um carinho muito especial por aquele cantinho de África.

"Bom. Mas o que me traz aqui é repor um pormenor. A foto aérea de Guiledje é minha... e, se quiser, do 1º sargento piloto do Dornier da FAP (cujo nome esqueci) a quem pedi para me colocar num ângulo favorável para o efeito.

"Por agora, resta-me felicitá-lo pelo excelente blogue e confessar que nestas coisas de informática ainda vou na pré-primária. Aceite um abraço do José Afonso da Silva Neto".




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 > Duas vistas aéreas do quartel e tabanca.

Fotos: © José Neto (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Ainda me recordo da maneira carinhosa e sempre bem humorada como ele me confiou uma parte das suas memórias, justamente as relativas à Guiné. Estávamos em 5 de dezembro de 2005 e a nossa "tertúlia" tinha então 50 membros...

Meu caro Luis:

Depois de muito meditar cheguei à conclusão de que, pelo menos tu, mereces a minha confiança para partillhar contigo uma parte 'muito significativa' das memórias da minha vida militar. São trinta e três páginas retiradas (e ampliadas) das 265 que fui escrevendo ao correr da pena para responder a milhentas perguntas que o meu neto Afonso, um jovem de 17 anos, que pensava que o avô materno andou em África só 'a matar pretos' enquanto que o paterno, médico branco de Angola, matava leões sentado numa esplanada de Nova Lisboa (Huambo). Coisas de família...

Já cedi este modesto trabalho à AD do Pepito e conto não o fazer mais, por enquanto. É, como já te disse, uma perspectiva um tanto diferente dos relatos do blogue, mas é assim que sei contar as minhas angústias e sucessos.

Diz qualquer coisa. Até breve.
Um abraço do 'patriarca' Zé Neto


2. Memórias de Guileje, ao tempo da CART 1613, por José Neto (1929-2007)

I Parte - Formação e mobilização da CART 1613/BART 1896 (1966/68)

Nas páginas que deixo para trás, respeitantes à Guiné, descrevo a maneira atribulada, para não dizer trapalhona, como o meu Batalhão, e por arrasto a minha Companhia, CART 1613, foi parar àquela Província Ultramarina e os remendos que se seguiram.

Resumindo:

O Batalhão de Artilharia nº 1896 (BART 1896) foi formado no RAP 2, Vila Nova de Gaia, com destino a Angola.

Depois da instrução dos recrutas foi confirmado esse destino, em 29 de Julho de 1966, e, como havia de se fazer a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) em Viana do Castelo, tal não foi possível porque tinha sido adiado o embarque ao batalhão que ocupava as instalações militares daquela cidade minhota.

Ao mesmo tempo o RAP 2 deu início à formação de mais um batalhão, pelo que o pessoal da Unidade foi distribuído por quartéis velhos, alguns já desactivados, na área do grande Porto. A minha Companhia foi aquartelar nas antigas e quase desmanteladas instalações do GACA 3, em Espinho.

No fim de Agosto solucionou-se o “engarrafamento de batalhões” e seguimos para Viana do Castelo. Já a IAO ia a meio quando, em 24 de Setembro de 1966, foi alterado o destino do Batalhão para Moçambique.

Depois de introduzidas algumas alterações no planeamento da IAO (derivado à diferença da morfologia do terreno…?) continuou a referida instrução. Estava a IAO terminada e o Batalhão pronto para seguir quando, em 6 de Outubro de 1966, chegou a ordem para demandarmos a Guiné.

Iniciou-se nova IAO, com temas mais virados para terrenos alagadiços, mas, em fim de Verão,  as nossas "bolanhas" estavam secas. Fez-se o que foi possível… Embarcámos em Lisboa no dia 12 de Novembro e desembarcamos em Bissau em 18 do mesmo mês.

Como batalhão de reforço seguiu em "ordem de marcha" o que significa que, desde a esferográfica, passando pelos lençóis, até à mais pesada viatura auto, tudo foi connosco.

Aquartelamos no campo militar de Brá e… a trapalhada continuou. As três companhias operacionais (CART 1612, 1613 e 1614) foram desligadas do comando do Batalhão e as primeira e terceira seguiram para reforço doutros batalhões enquanto que a segunda (CART 1613) foi destinada a Unidade de Intervenção à ordem do Comando-chefe, continuando aquartelada em Brá.

Mais treino operacional para a 1613, desta vez na área de Tite, mais propriamente em São João e treino de saltos de helicóptero para um grupo de combate de voluntários de entre o efectivo da companhia. De Janeiro a Maio de 1967 a CART 1613 andou de colchão pneumático às costas e tendo por caserna a copa das árvores, a “biscatar” pelo território da Província, com maior incidência nas zonas de Pelundo e Jolmete.

Com a atribuição da responsabilidade do Sector S 2, com sede em Buba, ao BART 1896, este reagrupou-se e a CART 1613 foi instalar-se nas povoações de Colibuia e Cumbijã, onde nunca tinha estado qualquer unidade militar. Por ali andou em trabalhos de construção de cobertos e abrigos para a imensa tralha de materiais que levara da Metrópole.

Menos de dois meses depois, em 17 de Junho de 1967, um Gr Comb deslocou-se para o futuro destino de quadrícula, ou seja, área de ocupação definida, e duas semanas depois seguiu-se a transferência para Guileje.







Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 > Aspeto geral do quartel. Messe e quartos dos sargentos com cozinha ao fundo.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 >  Em primeiro plano, o Zé neto; ao fundo a parada do quartel.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 >  Construção de abrigos (ainda com troncos de palmeira...).


Fotos: © José Neto (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


Parte II  - Transferência para Guileje [, em rendição da CCAÇ 1477]

Nos primeiros dias de Julho de 1967 recebemos ordem para marchar para Guileje, a fim de rendermos a CCAÇ 1477. Nas conversas do Café Bento, em Bissau, apelidado de 5ª repartição por ser ali que se sabiam todos os acontecimentos ocorridos na Província, o nome de Guileje era citado frequentemente como uma região onde havia porrada da grossa.

As contingências da sorte ditaram que a CART 1613 fosse verificar in loco a veracidade das informações veiculadas na dita repartição. Carregando apenas o armamento individual e o meu caixote da papelada,  deslocámo-nos para Buba onde embarcámos numa das barcaças civis Correias com destino a Gadamael Porto. Dali fizemos, em coluna auto, os dezassete quilómetros mais compridos do planeta até à tabanca fortificada que ia ser o nosso lar durante cerca de um ano.

No dia 19 de Agosto, ao fim da tarde, fomos delirantemente recebidos pelo pessoal da companhia que íamos render. A tradição de pregar uns sustos aos maçaricos (o que não era bem o caso) foi terrível, de muito mau gosto e até propício a qualquer acidente. Quando se fechou a noite o gerador eléctrico não funcionou porque, dizia o velhinho, estava avariado. Desde tomar a 3ª refeição à luz de archotes e fogueiras até andar pela tabanca aos tropeções e escorregadelas nas valas e entradas de abrigos, de tudo sucedeu.

Perante a nossa insistência em ir verificar o estado do gerador, o cabo que lidava com ele lá condescendeu em deixar-nos dar uma olhadela no trambolho instalado numa cabine de alvenaria semi-enterrada. Não foi preciso muito tempo para o Furriel Baroeth, o nosso mecânico, descobrir que o tirante de descompressão do motor Diesel estava bloqueado propositadamente. Por mais que dessem à manivela, nos cilindros não havia compressão, pois as válvulas de escape mantinham-se abertas. Era assim que se parava o motor. Depois de retirado o taco de madeira sabotador, com prenúncios de agressões ao engraçadinho, duas maniveladas chegaram para as luzes se acenderem, mas isto já perto da meia-noite.

Como não havia sobreposição, a CCAÇ 1477 ia embarcar na barcaça que nos trouxera, pelo que no dia seguinte foi a lufa-lufa das entregas e recepções de materiais, não sem alguns barretes a que já estávamos habituados e que contávamos vir a enfiar um ano depois a quem nos substituísse… A lei da vida obrigava-nos a estes truques. O barrete maior era que, como não apareceu ninguém em Colibuia e Cumbijã (1) para receber os nossos materiais, a minha companhia passou a ter a responsabilidade de duas cargas completas.

Em Colibuia ficou uma secção com o 2º Sargento S... a tomar conta dos tarecos amontoados nas arrecadações improvisadas. O mais problemático era o depósito de géneros alimentícios, cujos produtos estavam sujeitos a deterioração, como é compreensível.

Por mais notas que mandássemos para a sede do Batalhão, e até para a delegação da Manutenção Militar de Bissau, ninguém tomava uma atitude. Irrisoriamente, o comandante do batalhão sugeriu, via rádio, que vendêssemos os géneros às populações. Está-se mesmo a ver os nativos, muçulmanos, a comprar-nos latas de chouriço, barricas de carne de porco em salmoura, barris de vinho tinto e outras delícias da nossa da nossa bárbara dieta!!!

O S... lá foi vendendo uns quilos de farinha, de arroz, umas latas de fruta e coisas assim, mas a sua gerência da mercearia foi desastrosa. Quando, uns meses depois, entregou a tralha a outra companhia que lá apareceu, veio para Guileje, trazendo uma resma de papéis com apontamentos que nem ele era capaz de destrinçar. As guias de entrega de materiais, padronizadas, vinham repletas de observações de deficiências, faltas ao completo e outras incapacidades.

Levei semanas, com o meu competentíssimo cabo escriturário, o Ramiro, a fazer autos de ruína prematura e de extravio, sempre com a justificação de “exposição às intempéries por falta de recinto adequado à sua conservação” ou “efectivo exíguo para a vigilância e evitar a subtracção, por parte dos nativos, de componentes de ferro com que improvisavam alfaias agrícolas” e outras patranhas que, em Bissau, eram engolidas a contra-gosto, mas… entre os autos aprovados e os que exigiam mais esclarecimentos para apreciação superior, tive um petisco que durou até ao meu último dia na Guiné.

Quanto aos géneros alimentícios a coisa foi mais radical porque o S... não encontrava, ou não tinha feito, a relação dos produtos que mandou enterrar por se terem estragado e que deveriam ser objecto de pedido de abate, e respectivo crédito, a que a MM [, Manutenção Militar,] não punha objecções de maior.

Ainda por cima disto vim a saber que ele tinha mandado vir a esposa para Bissau, aonde se deslocava com alguma frequência, em consultas externas sabe-se lá de quê e em boleias da Força Aérea, a partir de Aldeia Formosa.

Olhos nos olhos, confrontei-o com o montante do depósito de géneros deixado em Colibuía, pois constava dos documentos de prestação de contas, com a pequena parcela deixada aos substitutos, com o dinheiro que me entregava proveniente das vendas aos nativos e faltavam cerca de dez mil escudos.

Isto a juntar ao prejuízo trazido de S. João já rondava os trinta contos e era preciso fazer muita ginástica para recuperar tanto dinheiro. E, meu amigo:
—   O senhor foi negligente e comodista. Vai entregar na companhia cinco mil escudos, metade do prejuízo, ou apresento o caso ao nosso Capitão.

Nem pestanejou. Só pediu para lhe descontar em cinco prestações. Concordei e, se não perdi um amigo, ganhei um inimigo. Metade dos sargentos de Artilharia daquele tempo ouviu do S... uma história retorcida em que eu o ludibriei em cinco contos.

A tabanca de Guileje, habitada por cerca de trezentos nativos de etnia fula (marcados a fogo, à nascença, com dois traços verticais no prolongamento exterior das pálpebras) situava-se a pouco mais de quatro quilómetros da fronteira com a Guiné Conacri e servia de tampão e base de lançamento de operações no celebérrimo Corredor de Guileje. Este corredor era a via natural de penetração dos turras para o interior sul do território, a partir do seu santuário do outro lado da fronteira.

De traçado rectangular, cerca de 250 x 200 metros, era fortificada com taludes e abrigos semi-enterrados, estes cobertos por cibos (troncos de palmeira) de quase impossível penetração por projécteis de tiro curvo. As palhotas cónicas onde vivia a população civil espalhavam-se em quatro fileiras irregulares, separadas por três avenidas onde até parecia que havia o Metro, mas em boa verdade eram as entradas para os abrigos subterrâneos. Ao fundo, do lado oeste, erguia-se a residência do Régulo, de traçado rectangular com varandim, a mesquita e a escola (árabe), construídas em madeira.

Por detrás destas últimas construções e do alto talude que as protegia, fora da área fortificada, situavam-se os espigueiros, engenhosamente feitos de bambu e barro sobre estacas. Ainda mais para oeste, na orla da picada do Mejo, havia um aldeamento fantasma, muito bem feito e alinhado, mas, compreensivelmente, desabitado. Tinha sido construído pelo Governo pouco antes do conflito.



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > 1967 >   Fotps do álbum do Zé Neto: 3.1. Instalações e atividade militar: fotos nºs 20 (Vacas da tabanca e arame farpado) e 5 (Horta do quartel).

Fotos: © José Neto (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Era ainda cercada por duas filas de arame farpado, com garrafas de cerveja vazias penduradas aos pares, para retinirem se os arames mexessem e, no terreno desmatado circundante,  estavam implantadas cerca de setecentas minas, fornilhos e armadilhas devidamente fichadas e verificadas periodicamente. Enquanto lá estivemos estes últimos artefactos só serviram para matar gazelas.

Havia ainda uma pista que permitia a aterragem e descolagem de aviões ligeiros. Estes aviões, na sua maioria Dornier da Força Aérea, eram chamados de Biela, não sei porquê.
Mal se ouvia o som do motor dum avião, até os pretitos gritavam:
— Olha a biela!!!
Os dois pontos fracos daquela fortaleza eram cruciais e, agora é fácil dizê-lo, nunca foram bem explorados pelo nosso inimigo. O primeiro era obtenção de água. O riacho onde a íamos colher ficava a oitocentos metros do aquartelamento, para o lado da fronteira, o que nos obrigava a empenhar, diariamente, dois Grupos de Combate para montar segurança na zona e três ou quatro viaturas, com bidões de 200 litros, para o transporte. A única emboscada ali montada pelo IN foi feita às tropas da companhia anterior que tiveram vários feridos e um morto.

O segundo fraco era o reabastecimento de víveres, combustíveis, munições e outros materiais pesados que eram transportados por via marítima até Gadamael Porto e dali trazidos pelas nossas colunas auto.
Nos já referidos dezassete quilómetros rara era a coluna que não era emboscada pelo IN e, como era minha função contabilizar para efeitos de prémios, lembro-me que foram levantadas vinte e duas minas anti-carro na picada.

Graças à notável equipa de picadores, elementos das milícias nativas que usavam varas pontiagudas para detectar os engenhos e aos nossos furriéis especializados na montagem e neutralização dessas armas traiçoeiras, nunca sofremos os seus efeitos. Não faço favor nenhum em prestar homenagem a esses heróis esquecidos cujos nomes saliento:

(i) Cá Missá (Camisa, para a malta), cabo milícia que chefiava os picadores e diziam que tinha na cabeça a configuração, os pequenos relevos e a vegetação de cada centímetro da picada;

(ii) Furriéis António Martins, Amílcar Almeida, Arclides Mateus e Manuel Pernes a quem a Pátria pagou mil escudos por cada uma das vinte e duas vezes que se despediram dos colegas para irem à sua função de desmontar as minas.

Na modesta epopeia que estas colunas auto representaram saliento uma emboscada em que os turras usaram abelhas dentro de caixas de sapatos, penduradas nas árvores, as quais eram soltas, à distância, por intermédio dum cordel quando abriam fogo. Na primeira vez o estrago foi notório e deu muito trabalho aos enfermeiros, mas depois tiveram de desistir porque a nossa tropa passou a transportar dezenas de potes de fumo que eram accionados ao grito de abelhas!. Os insectos afastavam-se e iam ferrar os seus amigos.

Outro pormenor foi a adopção da camuflagem sonora. A saída das colunas era sempre de madrugada e o Capitão Corvacho (2) desconfiou que a barulheira das viaturas a aquecer os motores para iniciar a marcha era audível no outro lado da fronteira e um bom aviso para o IN vir, nas calmas, chatear o pessoal na picada. Então pôs em prática o sistema de, a espaços de tempo desencontrados, os condutores se levantarem mais cedo, irem dar as aceleradelas do costume e voltarem para a cama.
É óbvio que a intenção era criar a confusão nas hostes contrárias e o certo é que as visitas diminuíram.

Cabe aqui também o reconhecimento, que não passa pela cabeça de muitos estrategas de pacotilha, aos abnegados Condutores Auto. Eram os mais expostos ao fogo inimigo, como é evidente.

A guarnição era composta por:

(i) minha companhia, a CART 1613;

(ii) o Pelotão de Reconhecimento Fox nº 1165 (Pel Rec Fox 1165) sob o comando do Alferes Miliciano de Cavalaria Michael;

(iii) o Pelotão de Caçadores Nativos nº 51 (Pel Caç Nat 51) (3) , comandado pelo Alf Mil de Infantaria Perneco; e

(IV) o Pelotão nº 138 da Companhia de Milícias nº 12 (o Pel Mil  139 da mesma companhia estava no Mejo), comandado pelo 2º Sargento Milícia Ussumane Sila.

Estas duas últimas subunidades, irregulares, tinham efectivos variáveis, pois eram compostas por naturais ou residentes nas respectivas tabancas, que se alistavam ou demitiam a seu bel prazer. Não necessitavam de instrução militar porque, desgraçadamente, qualquer garoto de 9, 10 anos desmontava e montava uma espingarda automática G-3 com os olhos fechados. Eram eles que, por avença, limpavam as armas do nosso pessoal quando isso era requerido, facto que sempre me causou alguma preocupação, porque não me agradava o vício da guerra que tal ganha-pão inculcava nessas crianças.

Portanto, não contando com o armamento pesado, Guileje tinha muito perto de trezentas armas prontas a disparar. A minha era única e a mais pequena: uma pistola-metralhadora FBP. Mas fartei-me de disparar… a máquina fotográfica.

Constituía assim um bastião avançado de que o IN raras vezes de aproximava. Apesar das contingências do estado de guerra, a população convivia alegremente connosco e havia uma apertada vigilância para que os nossos militares respeitassem, não só os usos e costumes, mas também as pessoas em si. Um ou outro desaguisado foi prontamente saneado pelo nosso Capitão em consonância com o Régulo.

O Régulo Suleimane era um homem razoavelmente inteligente e compenetrado da sua posição algo majestática. Falava muito bem português e o seu porte altivo infundia uma distância no relacionamento que os soldados depressa aprenderam com os nativos a respeitar. A certa altura eu passei a ser o intercultor preferido dele porque chegamos à conclusão de que tínhamos um ponto em comum. Ambos estivemos em Macau. Ele tinha feito parte duma companhia de tropas da Guiné, como soldado do nosso Exército, que foi destacada para Macau no fim da II Guerra Mundial. A única maneira de lhe ver um sorriso era a falarmos de Macau. Ele contava as suas lembranças dos bons tempos que lá passou e eu retocava os pormenores com a descrição dos progressos daquele torrão português.

A população era agradável no trato, muito trabalhadora e, sobretudo, bastante asseada, não obstante o facto de que obtinham a preciosa água nos charcos junto das lavras que cultivavam na área contígua ao fundo da pista de aterragem. Foi nessas lavras que se deu o maior mistério da nossa estadia nessas paragens. A CAÇ 1622, de Gadamael, foi fazer uma operação ao Corredor, a partir do nosso aquartelamento. Quando regressou foi dado como desaparecido, numa emboscada que sofreram, um soldado que só me lembro de ser de Carregal do Sal, ou dali perto.

Durante três dias foram lançadas patrulhas de busca formadas nas unidades da área que bateram todo o terreno onde se dera a emboscada, reforçadas por apoio e observação aérea e não foi encontrado o mais leve indício da presença do desaparecido. Passados onze dias, um nativo de Guileje foi encontrá-lo,  nas terras encharcadas das lavras,  vivo mas extremamente depauperado, transportando a sua G-3. Trouxe-o para o aquartelamento onde foi imediatamente socorrido e feita a comunicação do seu aparecimento à CCAÇ 1622.

Pelo menos a nós não conseguiu explicar como tinha sobrevivido e, o mais incrível, porque razão não se encaminhou para um dos aquartelamentos, Guileje ou Mejo, que, pelo menos de noite, eram fáceis de localizar devido à iluminação eléctrica. Ou tentasse dar sinal de si aos aviões que sobrevoaram a zona. Soubemos que o CTIG teve de o mandar à Metrópole para convencer os familiares de que estava realmente vivo e de boa saúde, pois já lhes tinha sido comunicado o seu desaparecimento em combate.

Lembro-me que o Furriel Figueiredo, do Pelotão Fox, conhecia o rapaz. Para adensar o mistério não consigo encontrar as quatro ou cinco fotografias que fiz na altura em que estava a ser assistido no posto de socorros.
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Notas do autor:

(1) Duas povoações na zona de Aldeia Formosa (Quebo) sem quaisquer instalações militares para onde mandaram a minha companhia “para encher chouriços” enquanto faziam os reajustamentos ao dispositivo do subsector à responsabilidade do meu batalhão (BART 1896);

(2) Capitão de Artilharia Eurico de Deus Corvacho;

(3) Este Pelotão, [, o  Pel Caç Nat 51,] era composto por praças do recrutamento guineense e enquadrados por furriéis e um subalterno metropolitanos, todos milicianos. As praças pertenciam a várias etnias, com uma pequena predominância de balantas. A disciplina militar não era suficiente para estabelecer uma coesão aceitável entre eles. O aspecto diversificado das suas culturas chocava amiúde entre eles e mormente com os fulas, sem dúvida mais civilizados.

Era-lhes abonada a alimentação em numerário (a dinheiro) por impossibilidade de lhes satisfazer as suas dietas tradicionais. Mais do que uma ajuda ao esforço da campanha, eram um caldeirão de problemas. O Capitão Corvacho evitava atribuir-lhes missões que implicassem saídas com algum risco porque a sua eficiência não era famosa.

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11545: 9º aniversário do nosso blogue: Os melhores postes da I Série (2004/06) (13): Estórias cabralianas nº 7: Alfero põe catota nova... (Jorge Cabral)

Guiné 63/74 - P11634: Parabéns a você (581): António Manuel Salvador, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P11630: Parabéns a você (580): Carlos Nery, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70); Gabriel Gonçalves, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2589 e CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71); amigo João Santiago que já visitou a Guiné-Bissau e Jorge Narciso, ex-1.º Cabo Esp MMA da BA 12 (Guiné, 1968/69)

domingo, 26 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11633: Tabanca Grande (399): António P. Almeida (ex- sold apt cav, Pel Rec Fox 8870/72, Cufar, 1972/74): natural de Castelo de Paiva, é o tabanqueiro nº 618



Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Rec Fox 8870 (1972/74)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Rec Fox 8870 (1972/74) 

Fotos: © António P. Almeida (2012). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada António Pereira de Almeida , com data de 24 do corrente, respondendo ao nosso convite para integrar a Tabanca Grande (*)

Data: 24 de Maio de 2013 às 11:11
Assunto: António Almeida, do Pel Rec Fox 8870/72

 Ora viva, Luís Graça.

Cá recebi a tua resposta ao meu e-mail. (**)

A foto cá vai, com todo o prazer. Aliás, duas.

Na 1ª foto, o que está a fumar, sou eu; o de cócoras, José Barbosa; de pé, João de Sousa, de Vila Nova de Ourém,  e à retaguarda, João Miguel Oliveira, de Viseu.

A 2ª fotografia mostra as ruínas de uma tabanca [, morança,] que continha um depósito de armamento e munições da Fox e que dois militares,  também da Fox, que moravam logo ao lado, quando fritavam batatas, pegaram fogo inadvertidamente ao capim da tabanca, destruindo tudo por completo.

Tivemos de nos abrigar nas valas em redor, tal era a "estouraria" das munições e granadas de todo o tipo.

Felizmente ninguém saiu ferido.

Estive há dias a falar com o Armando Faria, da vossa Companhia, a quem enviei todos os contactos do meu Ex-Pelotão para utilizáreis da forma como vos aprouver.

O meu nome completo: António Pereira de Almeida e a minha naturalidade: Raiva, Castelo de Paiva.

A foto que publicas não é do meu pelotão.

Um abraço e vai mandando notícias.

António [Pereira de] Almeida


2. Comentário de L.G.:

António, obrigado, sê vindo, senta-te aí no nosso bentém, à sombra do poilão fraterno e solidário da nossa Tabanca Grande. Uma vez que já há um António Almeida registado no nosso blogue, tu passas a ser o António P. Almeida, para não haver confusões.

Por ordem de entrada, és  o tabanqueiro nº  618 (***). Isto é, és "periquito", o mais recente camarada a entrar para o nosso blogue. O teu nome passa a constar da nossa lista alfabética, que  podes consultar na coluna do lado esquerdo,. Espero que te dês bem por cá, e que cá fiques pro muito tempo, sempre com saúde, boa disposição e vontade de recordar os bons e os meus momentos passados na Guiné. Traz, entretanto, mais camaradas do teu tempo. Precisamos de fotos e de histórias.

Sim, o Armando Faria é do teu tenpo de Cufar, embora pertencesse a outra unidade: ele era fur mil da CCAÇ 4740 Cufar, 1972/74. Repara: este blogue não é desta ou daquela companhia, é de toda  a malta que esteve na Guiné, desde 1961 a 1974, dos 3 ramos das Forças Armadas e de todas armas (infantaria, cavalaria,  artilharia, etc.)...  A companhia do Faria, que era açoriana, vai-se encontrar em Fátima, no próximo 15 de junho.

Ficamos então à espera do material que lhe cedeste para publicação no blogue. Confirma se a foto que publico à direita és tu... (Fui encontrá-la no blogue do vosso pelotão, o Pel Rec Fox 8870/72; se não for, peço-te desculpa, mas  tens que me mandar outra para a substituir; por outro lado, não sei a que foto te referes quando dizes: "a foto que publicas  não é do meu pelotão"; esclarece lá isso; confirma também o teu antigo posto e a especialidade: soldado apontador de cavalaria).

Quanto às nossas regras de convívio, elas  estão publicadas na coluna do lado esquerdo da página principal deste blogue, mas também podes lê-las aqui, a seguir. Recebe um Alfa Bravo (ABraço) meu, dos demais editores e dos restantes membros da Tabanca Grande (que já são mais do que um batalhão).  E nunca te esqueças: o Mundo é Pequeno mas a nossa Tabanca... é Grande. Luís Graça
_______

As dez regras de convívio do nosso blogue:

(i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem);

(ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.);

(iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir);

(iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!);

(v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro;

(vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro;

(vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo);

(viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos;

(ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas tambémdireito ao bom nome;

(x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos.

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Notas do editor:

(*) Mensagem de 23 do corrente do editor L. G., na sequência do poste P11610 (**):

António Almeida: Uma foto antiga, de Cufar, e ficas apresentado no nosso blogue. A foto que publico está correta ? Tens mais fotos do teu tempo do Pel Rec Fox ? Tens mais algum episódio que queiras contar ? Outra coisa, o António Graça de Abreu era do CAOP1, e neste momento está em viagem pela China... Vou-lhe dar conhecimento da tua mensagem. Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande!... Saúde. Um abraço. Luis Graça.

(**) Vd. poste de 22 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11610: Efemérides (126): "O dia em que Satanás andou à solta"! Cufar, 2 de Março de 1974 (António P. Almeida, Pel Rec Fox, 8870/72)

(***) Último poste da série > 24 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11619: Tabanca Grande (398): João Vaz, ex-1.º Cabo Apontador de obus do BAC 1 (Guiné, 1968/70)

Guiné 63/74 - P11632. Blogpoesia (340): O milagre das cerejeiras (J. L. Mendes Gomes)

O Milagre das cerejeiras


por J. L. Mendes Gomes

Por volta do mês de Maio,
Quando o vento dava
para lançar o papagaio,
colado a goma de sapateiro,
todo ele em papel negro de jornal,
preso a cinquenta metros de fio grosso,
das canas secas
dos foguetes mortos,
a cerejeira alta do vizinho
exibia, engalanada,
que nem um andor,
abundantes cachos rubros de cerejas.

O dono ia para a feira da vila,  descansado.
A pequenada, no fim da escola,
Poisava no chão, respeitosamente,
As alças presas das sacolas.
Pareciam macacos, trepadores,
Pelo tronco grosso acima.
Até aos cumes.
Depois era só encher
O corpo,
À volta fresca da camisa.
Até mais não…

A seguir,
Na mata do tanque,
Da Quinta das Bocas,
Sob os carvalhos
De frondosa sombra.
Era um fartote!...
Não havia gelados, iogurtes,
Nem frigoríficos.
Só havia sol
E a liberdade de fazer milagres,
A céu aberto,
À saúde da cerejeira…

Ovar, 25 de Maio de 2013


15h52m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes



[Foto de cima: Cerejas, Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 8 de junho de 2012]

Foto: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11590: Blogpoesia (339): À custa duns "largos jarros" / e pastilhas LM, / cerveja, whisky e cigarros, / paludismo não se teme... (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P11631: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (57): Respostas nºs 125/126): Idálio Reis (CCAÇ 2317, Gandembel e Ponte Balana, 1968/69); e Alberto Nascimento (CCAÇ 83, Piche, Buruntuma, Bambadinca, 1961/63]

Resposta nº 125 > Idálio Reis [, ex-alf mil at inf, CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana, 1968/69]

Caros Luís e demais editores da Tabanca Grande.

Aduzidos os motivos que têm contribuído para esta grandiosa obra bloguística, no conhecimento de inúmeros factos do conflito armado travado na Guiné, que as fontes oficiais informativas de então,autocensuraram, por omissão ou deturpação;

Reconheço a sensibilidade que se deseja tomar quanto à chamada 'prova de vida', pois que de há muito, não surgem sinais de presença de alguns, e no mínimo tal representa inquietação. Quanto a mim, embora denote alguma relapsia, esperava um momento para o fazê-lo. E tinha que lhe dar forma, e que exporei no questionário.

Assim:

(1/2) - O blogue foi-me dado a conhecer na Semana Santa do ano de 2006. Lembro-me bem, de receber uma chamada do José Teixeira que para além de me permitir descobrir o blogue, me lançou o repto de aderir e de dar a conhecer a história da minha CCaç. 2317, em especial dessa odisseia que foi Gandembel, e que através dele (do lado de Aldeia Formosa) e do saudoso José Neto (de Guileje), já haviam aflorado algo.

(3) - A minha adesão à Tertúlia remonta a 16 de Abril, através do poste DCCXIX [, 19 de abril de 2006].

(4) - Quanto à regularidade com que visito o Blogue, pode considerar-se de diária, ainda que nestes últimos tempos não preste boa atenção a alguns textos. Continuo mais alapado às coisas do Sul e às que se desenrolaram nos meus tempos. Ressalvo aqui, os valiosos escritos sobre esse período dos Strelas, e as deambulações que houve lugar nos 3 sítios G (Guidage, Gadamael e Guileje). Com a saudade do seu autor, que já se separou de nós, relembro o belo texto escrito por Daniel de Matos: Os Marados de Gadamael e os dias da batalha de Guidaje.

(5) - Sem falsa modéstia, julgo já ter dado a minha contribuição para o Blogue. Daqui nasceu um livro, de que disporei ainda alguns exemplares, a distribuir pelos tabanqueiros interessados.

(6/7) - Sou aderente do Facebook, mas não pretendo fazer uso dele.

(8/9) - Os conteúdos do Blogue, a cada um dizem respeito. O Blogue tem sido aberto à recepção dos textos da autoria de pessoas sensatas e conhecedoras, com uma vida por cima, mas onde bem se nota o peso do ´mato` que cada um carregou. Como cada um de nós, sente satisfação em enviar o seu texto para dar conhecimento à Tertúlia, será a cada elemento desta que competirá a sua avaliação.

(10) - O meu computador/internet tem já alguma consonância com o Blogue, dado que figura na lista dos favoritos.

(11) - O Blogue tem sido fundamental ao equilíbrio psicossomático de um aposentado da APRe. Ainda há minutos constatei o lançamento da edição do Tarrafo, no Porto. Estive em Coimbra no dia seguinte, trouxe a "Estranha Noiva de Guerra", para ler. Ultimamente, alguns livros vêm sendo lançados sobre a temática da guerra, e alguns devem a sua aparição ao Blogue. Aproveito este espaço para destacar o relevante papel do nosso recensor-mor, o Beja Santos.

(12/13) - Dos encontros, julgo só ter falhado ao do Alentejo. As últimas, no chão do Joaquim Mexia Alves, têm sido um sucesso, no modo e na forma como faz gala em nos receber. Quanto à minha presença este ano, não poderei estar convosco, porquanto vou estar em confraternização com os meus velhos companheiros da minha Companhia, a decorrer na cidade de Espinho.

(14) - O Blogue continua forte. Tem havido um trabalho afanoso dos seus editores, onde a garra e o fôlego mais requerem instigação. É a vós que cabe esta identidade, que desejo veementemente que se alongue no tempo, com a mesma ênfase denotada até hoje.

(15) - Tudo bem, quando vai bem.

Resposta nº 126 >  Alberto Nascimento  [,ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 83 Piche, Buruntuma, Bambadinca, 1961/63]

Atrasado como sempre quando se trata de escrever, aqui vai a minha resposta e o meu pedido de desculpa pelo atraso.

1- Descobri o Blogue em 2005 ou 2006.

2- Procurava na Net notícias sobre a guerra na Guiné e a possibilidade de poder contactar camaradas que tivessem estado nas mesmas povoações onde eu estive..

3- Passei a visitar diariamente o blogue, até que em 2008 senti que tinha a obrigação de prestar um esclarecimento sobre uma dúvida que visava uma intervenção em Samba Silate, tendo sido nessa data admitido como membro da Tabanca Grande.

4- Visito quase diariamente o blogue.

5- Considero as minhas intervenções em número razoável dado que o período de maiores dificuldades foi de apenas cinco meses.

6- Conheço a página no facebook, mas não sou utilizador por falta de tempo (desculpa esfarrapada)

7- Consulto quase exclusivamente o blogue.

8- A voluntariosa participação dos editores na feitura do blogue e a forma como são dadas todas as informações de utilidade para os membros da tertúlia .

9- Não identifico nada.

10- Já tive dificuldade, agora está muito bom. Desconheço as causas.

11- O poder, quando entender, recordar comunicando, sobre um período da minha vida que mantenho vivo na memória e, espero, demore ainda uns bons anos a apagar-se.

12- Nunca participei.

13- Este ano também não vou.

14- O fôlego e a força anímica do blogue estará sempre dependente do voluntarismo dos editores. Na impossibilidade destes, se aparecerem(e aparecem com certeza) outros com a mesma boa vontade competência e espírito de sacrifício prosseguirão com a actividade do blogue até haver alguém que guarde memórias da guerra na Guiné. Este blogue será sempre um arquivo de memórias da guerra.

15- Nada a comentar e menos a criticar. Um Abraço

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11624: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (56): Convite aos membros da nossa Tabanca Grande e demais leitores do blogue para nos responderem

Guiné 63/74 - P11630: Parabéns a você (580): Carlos Nery, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70); Gabriel Gonçalves, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 2589 e CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71); amigo João Santiago que já visitou a Guiné-Bissau e Jorge Narciso, ex-1.º Cabo Esp MMA da BA 12 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11617: Parabéns a você (579): Rui G. Santos, ex-Alf Mil da 4.ª CCAÇ (Guiné, 1963/65)

sábado, 25 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11629: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (8): Estamos a poucos dias de fechar as inscrições

VIII ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE

DIA 8 DE JUNHO DE 2013

PALACE HOTEL DE MONTE REAL



Desde o nosso primeiro poste a anunciar o VIII Encontro da tertúlia até hoje passaram-se três meses. Estamos já a escassas duas semanas para o evento, faltando poucos dias para fechar as inscrições. 

Impreterivelmente até ao fim do dia 4 de Junho, o nosso camarada Mexia Alves tem de informar o Hotel do número de participantes e do pedido de reservas para pernoita.
Pede-se mais uma vez a quem tenha ideia de participar que não deixe para o último dia a sua inscrição.

Muito importante, é este ano termos pela primeira vez uma Celebração Eucarística por intenção dos nossos camaradas caídos em campanha, assim como pelos camaradas e amigos da nossa tertúlia que faleceram mais recentemente. A Missa será pelas 11h45 na Capela das Termas. 

Vamos recordar as ementas do almoço e do lanche



- Custo do almoço - 30,00€

- Custo dos quartos no Palace Hotel:
Single - 45,00€
Duplo - 55,00€


- Lista dos 112 inscritos até ao momento:

• Agostinho Gaspar - Leiria
• Alberto Branquinho - Lisboa
• Alcídio Marinho e Rosa - Porto
• Alvaro Vasconcelos e Lourdes - Baião
• António Augusto Proença, Beatriz e Sofia - Covilhã
• António da Costa Moitas e Maria dos Anjos - Grijó / V. N. de Gaia
• António Estácio - Lisboa
• António Fernando Marques e Gina - Cascais
• António José Pereira da Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
• António Manuel Sucena Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
• António Maria Silva - Sintra
• António Martins de Matos - Lisboa
• António Pimentel e acompanhante - Figueira da Foz
• António Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
• António Santos, Graciela, filhos e netos - Caneças / Odivelas
• Augusto Pacheco - Maia
• C. Martins - Penamacor
• Carlos Paulo e Odete - Coimbra
• Carlos Pinheiro e Maria Manuela - Torres Novas
• Carlos Pinto e Maria Rosa - Reboleira / Amadora
• Carlos Vinhal e Dina Vinhal - Leça da Palmeira / Matosinhos
• David Guimarães e Lígia - Espinho
• Delfim Rodrigues - Coimbra
• Eduardo Campos - Maia
• Eduardo Moreno - Vila Real
• Ernestino Caniço - Tomar
• Fernandino Leite - Maia
• Fernando Súcio - Vila Real
• Henrique Matos - Olhão
• Hugo Eugénio Reis Borges - Lisboa
• Humberto Reis e Joana - Alfragide / Amadora
• Joao Alves Martins e Graça Maria - Lisboa
• Joao Marcelino - Lourinhã
• Joao Ramiro Saldanha Caldeira Firmino - Lisboa
• Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
• Joaquim Mexia Alves - Monte Real / Leiria
• Joaquim Nunes Sequeira e Mariete - Colares / Sintra
• Joaquim Sabido e Albertina - Évora
• Jorge Araújo e Maria João - Almada
• Jorge Cabral - Lisboa
• Jorge Canhão e Maria de Lurdes - Oeiras
• Jorge Loureiro Pinto - Sintra
• Jorge Picado - Ílhavo
• Jorge Rosales - Monte Estoril / Cascais
• José Armando F. Almeida - Albergaria-a-Velha
• José Augusto Ribeiro - Condeixa
• José Barros Rocha - Penafiel
• José Casimiro Carvalho - Maia
• José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos
• José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
• José Manuel Lopes e Luísa - Régua
• José Ramos Romão e Emília - Alcobaça
• José Zeferino - Loures
• Juvenal Amado - Fátima / Ourém
• Luís Graça e Alice - Alfragide / Amadora
• Luís R. Moreira - Cacém / Sintra
• Manuel Carmelita e Joaquina - Vila do Conde
• Manuel Domingos Santos - Leiria
• Manuel Gonçalves e Maria de Fátima - Carcavelos / Cascais
• Manuel Joaquim e Deonilde - Agualva Cacém / Sintra
• Manuel Lima Santos e Maria de Fátima - Viseu
• Manuel Maia - Moreira / Maia
• Manuel Vaz - Beiriz / Póvoa de Varzim
• Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
• Paulo Santiago - Aguada de Cima / Águeda
• Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
• Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
• Ricardo Sousa e Georgina Cruz - Lisboa
• Rui Silva e Regina Teresa - Sta. Maria da Feira
• Rui Trindade Doutel Guerra Ribeiro - Lisboa
• Simeão Ferreira - Monte Real / Leiria

Esperando a melhor colaboração e compreensão ficamos ao vosso dispor.
A Comissão Organizadora
Luís Graça
Joaquim Mexia Alves
Miguel Pessoa
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11541: VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (7): Estamos a um mês do nosso Convívio e ainda não chegamos à centena de inscrições (Joaquim Mexia Alves / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P11628: Bom ou mau tempo na bolanha (11): Diz-me com quem andas... (Tony Borié)

Décimo primeiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.




Já lá iam quase dois anos de estadia no aquartelamento, já conhecia muita da população nos arredores, convivia com ela, falava um pouco de crioulo, quando falava com essa população, poucas ou quase nenhumas vezes usava as palavras, “que”, “se”, “a”, “o”, “eu”, “por”, “esta”, “toma”, “lá”, “de”, “ou”, “tu”, “para”, “não”, “sim”, “mesmo”, “qualquer”, “um”, “meu”, “teu”, “aquele”, “vai”, “quero” ou outras palavras que eram o complemento de frases. A sua linguagem, talvez derivado à convivência com o Curvas, alto e refilão, continha mais de dez por cento das ditas palavras “obscenas”, e quanto mais mal falasse português, mais bem o compreendiam, embora tivesse que ouvir as repreensões constantes do Mister Hóstia, que a todo o momento lhe dizia, olhando o firmamento, mas com cara de mau:
- Jesus Cristo, lá no céu, tenha compaixão de vocês! É só “Tabanca”, bajudas, bajudas, fumar, beber. Vai ser a vossa perdição, as vossas almas vão um dia arder no fogo do inferno!

Claro, o Curvas, alto e refilão, logo lhe respondia, abaixando-se, e encostando-lhe a cara o mais possível à sua:
- A minha alma, se é que existe, e eu ainda a tenha, desconfio que não, pois perdi-a quando a minha mãe me abandonou quando era criança, vai arder qualquer dia, mas é numa emboscada, crivada de balas, ou na explosão duma granada!

Trazia sempre no bolso, a garrafita da “coca-cola”, com tudo, menos coca-cola.

Alguns seus companheiros, diziam mesmo:
- Já não és da europa, já és “Balanta”, já és “Guinéu”!

Mas vamos continuar, pois já estávamos a ir por outro rumo, que não o de falar mal português. As unhas andavam grandes e sujas, a roupa às vezes rota, pelo menos no local dos bolsos, talvez derivado ao isqueiro e ao maço de cigarros ou talvez à garrafita da coca-cola, e sem alguns botões, o cabelo comprido, e um grande bigode, que lhe encobria os dentes escuros e sujos, e um pouco amarelados do fumo do tabaco, os dedos com uma marca amarela do cigarro, só a barba é que fazia de três em três dias, às vezes de dois em dois dias, pois tinha algum contacto com o comandante, e não queria, que num dia de mau humor, ele o mandasse rapar o cabelo e o bigode, então aí, iria sofrer, e ser motivo para alguns companheiros passarem um bom bocado, rindo-se dele. Andava sempre sem camisa, pois havia uma no centro cripto, que era a chamada “camisa da comunidade”, que todos usavam, especialmente quando iam entregar as mensagens ao comandante, trazia sempre o “quico enfiado nos cornos”, que era como o Curvas, alto e refilão, dizia, que lhe encobria parte do cabelo.

Este era o aspecto do Cifra, que está na foto em baixo, com algumas bajudas, que andavam na idade de quatorze ou quinze anos. O Cifra sempre respeitou a dignidade dos naturais, por tal motivo era sempre bem recebido, não só pelas bajudas, como pelas crianças e pelos “Homens Grandes”, mas segundo o parecer dos “Homens Grandes”, estas bajudas estavam na idade de parir. Não era o Cifra que dizia, eram eles, com toda a sua sabedoria, e já com muitas “chuvas” no seu corpo.


Alguns “homens grandes” já o convidavam quando algum membro da sua numerosa família, fazia “chuvas”, que eram anos, ou em outros dias festivos. O Cifra levava pão do aquartelamento, comida que o sargento da messe lhe arranjava, alguma bebida, e ia. Algumas vezes levava o Setúbal, o Trinta e Seis e o Curvas, alto e refilão, que quase sempre ficava com a “cabeça grande”, e sempre fazia asneira, pois, depois de um copo de aguardente de palma, queria outro, e começava a dizer aquelas palavras obscenas em crioulo, que quase todos os militares sabiam, se não lhe davam outro copo. O Trinta e Seis andava por perto e controlava-o, enfim, era bom e fiel companheiro, pelo menos para aqueles que considerava a sua família. Duma coisa, estava o Cifra certo, quanto mais sujo e mais mal vestido andasse, mais as crianças, em especial as bajudas e os habitantes da tal aldeia que existia perto do aquartelamento, se aproximavam dele e com ele queriam conversar, ficando por vezes horas seguidas, juntos, contando segredos e não só, como se de uma família se tratasse.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11607: Bom ou mau tempo na bolanha (10): A família junta-se (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11627: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (10): Perguntas sem resposta

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 1 de Maio de 2013:

Caros Luis/Carlos,
Desta vez no lugar de memórias vão perguntas (ainda) sem resposta.

Se acharem publicável, podem fazê-lo.

Estava tentando responder a uma pergunta do Camarada Manuel Vaz, sobre um ataque a acampamento em Janeiro 71.

Numa leitura apressada pensei tratar-se de ataque ao quartel, ato contínuo,"vi" a Panhard chegar do fim da pista com o atirador já sem vida (P11033)*. Será assim que funcionam as "madalenas proustianas"?

Fui rever um ensaio sobre as tais madalenas, a cena do bolinho amanteigado que faz o narrador recuperar a memória do passado, a modos de um transe. Memória involuntária ligada aos sentidos, em contraste com a memória racional, voluntária e fragmentada, as duas incompletas, cada a uma à sua maneira, e complementares(?).

Será que a memória racional é a reconstrução de fragmentos do passado à luz de valores presentes?

E a visita dos meus fantasmas que vem lá das margens do Rio Sapo? Ou será que eles estão alojados em alguma "couraça reichiana"?

Qual será a amarga madalena que os chama?

E porque será que a minha memória se "negou" a gravar a palavra INGORÉ (P11302)**, apesar de tudo ter transcorrido em paz por lá?

E estas e outras tantas inúmeras perguntas precisam de resposta, ou será melhor não se levar muito a sério?

forte abraço
Vasco Pires
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11033: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (4): Quem vem lá?

Foi num dia, o que na altura se entendeu como tentativa de invasão do quartel. Lembro que alguém informou que o IN estava no fim (começo) da pista, o Capitão duvidou, contudo, por segurança, mandou uma Panhard fazer um reconhecimento. É um facto conhecido, que o apontador foi morto e o condutor voltou "transtornado"; em seguida, desencadeou-se um dos piores ataques a Gadamael no período (aliás no P7142 e no P7186 tem foto da parede da messe com os estilhaços desse dia). 

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 > Ex-edifício do comando, com vestígios de estilhaços
Foto e legenda: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010). Todos os direitos reservados


(**) Vd. poste de 23 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11302: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (9): INGORÉ... ou os inusitados caminhos da memória

E realmente o Mundo é Pequeno ...e a nossa Tabanca é Grande..

O Major Sampaio, presente no almoço, se identificou e a quase todos os Oficiais da foto.

Na foto, a partir da esquerda: Capitão Saraiva, Comandante da CCAV 3364 (a Companhia do Carlos Nóvoa) e presente no almoço; Major Sampaio, Oficial de Operações; Major (Tenente-Coronel?) Mateus; com barba, Alf Mil Ribeiro da CCAV 3364; de frente, Alf Mil de Transmissões Almeida; com o copo na mão, Alf Mil Agostinho Miranda; o Oficial de óculos não foi identificado; Alf Mil Vasco Pires; o último à direita é o Tenente Nobre da CCS; de costas, Alf Mil Teixeira (?) da CCAV 3364.

Sim, os últimos meses da minha comissão foram em INGORÉ, todavia, essa palavra continua "adormecida' no meu inconsciente... Vai saber...!!!

Guiné 63/74 - P11626: In Memoriam (151): À memória do meu companheiro ex-combatente José Carvalho de Sousa do 4.º Pelotão/2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512 (Manuel Luís R. Sousa)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Sousa (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74, actualmente Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma), com data de 21 de Maio de 2013:

Amigo e camarada Carlos Vinhal:
Envio-te em anexo um texto, destinado ao nosso blogue, em homenagem a um companheiro de luta de Jumbembém José Carvalho de Sousa (4.º pelotão).

Gostaria que este mesmo texto tratasse de outro assunto mais alegre como forma de fazer a minha "prova de vida" no blogue, visto que, como sabes, e desde que comecei a escrever o livro "PRECE DE UM COMBATENTE", não tenho enviado "material", embora acompanhe de forma mais ou menos assídua a "literatura" dos nossos camaradas. Porém a vida,ou a morte neste caso, principalmente a partir da nossa idade, prega-nos estas partidas.

Enviando-te este texto, de que darei conta este ano no convívio, dia 1 de Junho em Fátima, aos meus companheiros de campanha, foi a forma que encontrei para exteriorizar o que me vai na alma pela perda deste nosso saudoso companheiro.

Um abraço
Manuel Sousa


À MEMÓRIA DE UM COMPANHEIRO EX-COMBATENTE

No dia 26 de Maio de 2012, teve lugar o último encontro de ex-combatentes, relacionado com a minha 2.ª Companhia do Batalhão 4512, cuja comissão decorreu nos anos de 1973 e 1974 em Jumbembém, Farim, na Guiné.

O evento teve lugar na freguesia de Ruivães, Vila Nova de Famalicão.
O ponto marcado para a concentração da maior parte do pessoal, para seguir depois todo junto até Ruivães, foi no parque de estacionamento do Jumbo da Maia.

À medida que uns e outros iam chegando, sucediam-se os efusivos cumprimentos entre todos os companheiros de luta, uns pela saudade acumulada durante o último ano, outros, pelo menos um, por ter sido a primeira vez que se juntavam a nós.

Nestas alturas é incontornável falar-se de episódios de guerra, e não só, que nos marcaram durante a nossa comissão em campanha durante dois anos da nossa juventude.

Nestas recordações entre todos, fui ficando atento à descrição do Pinto, o padeiro, e o Libânio, o fiel do depósito de géneros, da forma subtil e ardilosa com que apanhavam uns cabritos da população que deambulavam pelas instalações do quartel, para umas “tainadas”, cujo método também era adoptado, segundo me apercebi também no local, pelo nosso “mata e rouba”, o Miranda do 4.º pelotão.

Como parte de vós já sabe, editei o livro “PRECE DE UM COMBATENTE”, que retrata precisamente essa nossa vivência em campanha, que inclui um texto relacionado com outro método de apanhar os cabritos por parte do meu pelotão e pelos condutores, a que dei o título de “O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS CABRITOS”.

Naquela data já o livro estava na fase de edição em Lisboa, o que me levou a telefonar para a editora nos dias imediatos, logo que pude, para ser incluído no livro mais um texto de última hora, com o consequente aditamento que tive de fazer no registo da obra no IGAC (Inspecção Geral das Actividades Culturais.

Precisamente o texto do irresistível relato que decidi fazer destes deliciosos detalhes, do Pinto e do Libânio, com que os bichos, num ápice, desapareciam.
Daí que no mesmo livro eu descreva dois episódios que envolvem os cabritinhos, como, aliás, parte de vós, quem já o leu, se deve ter apercebido disso.

Portanto, para quem não conhece o livro, aí vai este episódio, o último texto que ali escrevi:

“CABRITO À PADEIRO" 
UMA ESPECIALIDADE GASTRONÓMICA EM JUMBEMBÉM

Uma das principais actividades na economia de subsistência da Guiné, entre a produção de arroz, mancarra, milho, extracção de alguma madeira, pesca artesanal etc., era a pastorícia de animais das espécies bovina e caprina.
Era o principal suporte alimentar da população, e refiro-me particularmente à de Jumbembém, já que lhe proporcionava o abastecimento diário de leite e de alguma carne.

Além disso, como já referi no “MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS CABRITOS”, a posse do maior número possível de cabeças de gado conferia aos seus detentores um destacado estatuto de poder económico.
Constituía, pois, o pecúlio dos “homens grandes” da tabanca, não só na área da alimentação, como servia também de moeda de troca nas suas transacções comerciais.
Eram também esses animais utilizados, em número negociado, como dote a entregar aos pais das bajudas que os referidos “homens grandes” adquiriam até disporem das sete mulheres que a sua cultura lhes permite.
Todo este gado era ciosamente preservado pelos seus proprietários que, por muito que se lhes pedisse, dificilmente alienavam um animal aos militares ali estacionados, um cabrito, por exemplo, para fazer parte da ementa numa festança de aniversário, de qualquer outra comemoração ou mesmo para suprir a fome nos dias em que o rancho não era substancial.

Como já tenho referido, muito a custo vendiam um bovino ou outro ao vagomestre responsável pela logística alimentar da companhia para o rancho geral.
Só cediam porque tinham necessidade que este lhes fornecesse alguns produtos alimentares, nomeadamente, entre outros, arroz, farinha, feijão, óleo.
Assim, diariamente, manadas e rebanhos destes animais eram vistos em liberdade na periferia do quartel e da tabanca da população anexa, a alimentarem-se no abundante pasto que lhes proporcionava a época das chuvas.
No tempo da seca, com mais escassez de pasto, entravam no interior do quartel, principalmente as cabras e os cabritos, à procura de restos da nossa alimentação.

A actividade dos padeiros da companhia, o Nicha, o Brito e o Pinto, desenvolvia-se, normalmente, durante a noite a cozerem o pão para o dia seguinte. Porém, algumas vezes, em circunstâncias excepcionais, durante o dia coziam algumas fornadas lá no forno rudimentar, instalado num rústico barraco coberto de chapas de zinco, aliás, era a cobertura comum a todas as instalações.
Quando os mesmos padeiros decidiam comemorar entre si fosse o que fosse, e porque, como já referi, havia dificuldade em que lhes fosse vendido um cabrito para o efeito, punham em prática um método muito peculiar e eficaz para suprirem esta contrariedade.

Uma estratégia muito mais avançada do que o amadorismo que foi utilizado pelo meu pelotão e pelos condutores a que já me referi no “MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS CABRITOS”.

Os cabritos, juntamente com as cabras, diariamente deambulavam ali pelo quartel.
Para os atraírem ao forno, colocavam pedacinhos de pão, como isco, alinhados ao longo de alguns metros para o exterior, a partir do interior das instalações do forno, cuja porta ficava aberta e atrás da qual ficavam os mesmos padeiros de vigia pelas frinchas a aguardarem pelo momento certo. Os cabritos, uma vez atraídos pelo cheiro, ávidos, em competição uns com os outros, rapidamente abocanhavam a enfiada dos pedaços de pão, o que os levava a precipitarem-se no interior das instalações do forno.

Era-lhes fatal!
Rapidamente a porta se fechava.
Num ápice o animal seleccionado, visto que às vezes entrava mais do que um, era sacrificado e preparado, cujas vísceras e a pele, para não ficarem visíveis os vestígios do “crime”, eram incinerados nas chamas de aquecimento do forno.
O resto, ou seja, o fornecimento das batatas, dos temperos e dos condimentos, era “requisitado”, à socapa, ao fiel do depósito de géneros, ao Libânio, que, claro, também participava depois no festim.

Cerca de quarenta anos depois, em 2004, eis o que resta das instalações do forno, invadidas pelo mato, um dos palcos do “extremínio” dos cabritos aqui relatado. 
Foto: © José da Rocha Sousa (ex-combatente)

À parte a macabra sorte dos animais, convenhamos que era notável a estratégia destes militares, cuja especialização não se limitava à de padeiros.
Atentos os contornos desta história, a sua especialidade era muito mais abrangente!
Porém, a mesma técnica era também posta em prática pelo 4.º pelotão ao fazer desaparecer igualmente alguns cabritos, que tinha como executante, entre outros, o Miranda, “ternamente” apelidado, talvez por isso, por “Mata e Rouba”, ficando assim a dúvida a quem pertenciam os direitos de autor de tão avançado método de apanhar cabritos.
Acredito que esses direitos de autor pertenceriam aos padeiros, dado que não deixavam sinais dos despojos dos cabritos ao serem incinerados no forno.

Enquanto que o 4.º pelotão, ao enterrá-los ali próximo da caserna, um dia em que o quartel foi atacado com foguetões, um deles, por coincidência, abriu uma cratera com a explosão precisamente onde os restos dos cabritos foram enterrados, deixando-os a descoberto.
Estava assim, por azar, desvendada a autoria do “crime”.
Todavia, os “acusados”, mesmo perante esta evidência, apresentaram os seus argumentos de defesa, de tal forma eloquentes e convincentes, que nem da cartola de um ilustre e sagaz advogado seria de esperar tão brilhante alegação: 
- Foi o foguetão que fulminou os cabritos!

Com o amadorismo do 3.º pelotão e dos condutores a que antes fiz referência, com o “profissionalismo” e sofisticação dos padeiros e do 4.º pelotão ora relatados e na eventualidade dos 1.º e 2.º pelotões terem feito também a sua parte, dá para perceber que grande parte da população de cabritos de Jumbembém foi dizimada.

Era a irreverência de jovens de 22 anos de idade, associada muitas vezes à fome que se passava, principalmente à noite em que o jantar era invariavelmente arroz com salsichas, que nós passámos a designar ironicamente por “arroz com p… de macaco”.

A necessidade aguçava o engenho. Faziam jus à máxima da época de que “a tropa manda desenrascar".

(Pág. 271/276 do livro "Prece de Um Combatente - Nos Trilhos e Trincheiras da Guerra Colonial" - Edição de Autor - 1.ª Edição-Julho de 2012)

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Depois da concentração, à hora marcada, partimos para Ruivães, onde fomos recebidos pelo anfitrião organizador da festa, na sua própria vivenda, o também ex-combatente, nosso companheiro, José Carvalho de Sousa.

Este nosso companheiro era emigrante na Suíça que, juntamente com a esposa e a filha, D. Goretti e Alzira, respectivamente, ao longo de vários anos em que estes encontros se têm vindo a suceder, viajava expressamente daquele pais para Portugal e vice-versa para se juntar a nós nestes dias.
Era um companheiro alegre e bem disposto que nos brindava e mimava com os chocolates da Suíça que com satisfação nos distribuía, ora no autocarro em viagem para o local previamente estabelecido, ora já no restaurante da festa.

No ano anterior, em 2011, no decorrer do encontro na Mealhada, o nosso amigo José Carvalho de Sousa manifestou o desejo de ser ele o organizador da festa de 2012.
E assim foi.
Esperava-nos então em Ruivães um encontro inesquecível:

A recepção aos ex-combatentes foi feita com a contagiante alegria deste nosso anfitrião na sua bonita vivenda que construíra com as suas poupanças de emigrante em local nobre da freguesia de Ruivães, ali junto ao adro da igreja paroquial.

Fotografia dos ex-combatentes junto à vivenda do anfitrião José Carvalho de Sousa, assinalado pela seta.

Seguiu-se a homilia habitual naquela igreja em homenagem aos nossos companheiros já falecidos e, à saída, para nossa surpresa, assistimos à exibição da fanfarra dos Bombeiros Voluntários locais.

Entrámos depois no salão paroquial, paredes-meias com a mesma vivenda, onde nos foi fornecido um lauto banquete por uma empresa de restauração, abrilhantado, para mais uma surpresa nossa, por um conjunto musical lá da terra.
Seguiram-se algumas intervenções de camaradas que, invariavelmente, aludiam à excepcional organização da festa por este nosso companheiro, perante a sua esfuziante alegria e alguma emoção que nos contagiou a todos.
Eu próprio intervim, revelando a todos o projecto em curso do meu livro, prestes a ser concluída a sua edição, cujas histórias ali relatadas eram comuns a todos nós.

O nosso amigo anfitrião comeu, falou, dançou, transpirou, emocionou-se, distribuiu os habituais chocolates, ofereceu lembranças, entre as quais umas garrafas de bom vinho.
Enfim, era manifesta a felicidade que lhe ia na alma pela festa que nos proporcionou, totalmente a expensas suas, pois não aceitou um cêntimo que fosse de ninguém.

Terminada a festa, nos dias imediatos, regressou à Suíça com a família de onde tinha vindo propositadamente para organizar a festa, embora com o apoio de dois camaradas, o Bastos e o Carneiro.

Volvidos cerca de dois meses, nos primeiros dias do mês de Agosto, voltávamos a Ruivães em circunstâncias bem diferentes!:
Fomos despedir-nos do nosso inesquecível camarada José Carvalho de Sousa que acabava de ser “mobilizado”, desta vez para integrar o exército de Deus lá no Céu.

Ele tinha-se despedido de nós, de facto, conscientemente ou não, há dois meses atrás quando, rejubilando de alegria, nos recebeu.

Já não tive oportunidade de lhe oferecer um livro, visto que o primeiro que recebi foi precisamente no dia do seu funeral, quando regressei a casa.
Fiz questão de o oferecer mais tarde à família.

A sua figura ficará gravada de forma indelével nas nossas memórias enquanto por cá andarmos.

Até um dia companheiro.
Maio de 2013
Manuel Luís Rodrigues Sousa
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11578: In Memoriam (150): Henrique Rosa (1946-2013), ex-fur mil inf, Op Esp., CCAÇ 2614 / BCAÇ 2892 (Nhala e Qubeo, 1969/71), e ex-presidente da República da Guiné-Bissau, interino (2003/05) (Francisco Barroqueiro / Manuel Amaro)

Guiné 63/74 - P11625: Agenda cultural (275): O livro "Guiné - Terra que aprendemos a amar", de Manuel Maia foi lançado no passado dia 22 de Maio em Monte Real (Miguel Pessoa)

1. No passado dia 22 de Maio foi apresentado, em Monte Real, o livro "Guiné - Terra que aprendemos a amar" de autoria do nosso camarada Manuel Maia, (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum NagaCafal Balanta e Cafine, 1972/74), escrito em sextilhas, como ele tão bem se expressa.

O evento decorreu durante o habitual almoço mensal da Tabanca do Centro.

Aproveitando o trabalho do nosso camarada Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado) [foto à direira], aqui fica a sua reportagem, já publicada no sítio da Tabanca do Centro.

Guiné 63/74 - P11624: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (56): Convite aos membros da nossa Tabanca Grande e demais leitores do blogue para nos responderem

1. Como é sabido, o nosso editor Luís Graça elaborou um questionário a que poderão responder todos os nossos leitores, façam parte ou não da tertúlia do Blogue.

Até ao momento recebemos 124 respostas, ainda uma percentagem pouco significativa, cerca de 21%, tendo em conta que só na tertúlia somos 593. 
Entre os 312 seguidores (membros) haverá muita gente que não participando activamente, poderia também emitir a sua opinião.

Vamos recuperar parte da mensagem que o nosso editor Luís Graça fez circular entre a tertúlia no passado dia 15:

[...]Estamos a comemorar os 9 anos de existência. 
A vossa resposta é a melhor prenda que podemos receber. 
Até ao dia 8 de junho, data do nosso VIII Encontro Nacional, em Monte Real, ainda queremos publicar as respostas em atraso... 
Arranjem 5 minutinhos para nós... E devolvam-nos por email as vossas opiniões e sugestões. 
São apenas 15 perguntinhas simples. 
A quem já respondeu, a nossa gratidão. 

Um Alfa Bravo
Luís Graça 
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 Questionário ao leitor do blogue: 

(1) Quando é que descobriste o blogue? 
(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?  
(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?   
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)  
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje para ti? E a nossa página no Facebook? 
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Responder por email para: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Lista dos camaradas que já responderam ao questionário:

Abel Santos; Abílio Magro; Adriano Moreira; Agostinho Jesus; Aires Ferreira; Albano Costa; Alberto Antunes; Alcides Silva; António Barbosa; António Branco; António Eduardo Carvalho; António Eduardo Ferreira; António Estácio; António José Pereira da Costa; António M. Sucena Rodrigues; António Matos; António Melo; António Rosinha; António Sampaio; António Vaz; Armando Faria; Armando Fonseca; Armando Pires; Augusto Silva Santos

Belarmino Sardinha; Bernardino Parreira

Cândido Morais; Carlos Fraga; Carlos Pedreño Ferreira; Carlos Pinheiro; Carlos Sousa; Carlos Vinhal; César Dias; Constantino Neves

Delfim Rodrigues

Eduardo Campos;  Eduardo Estrela; Ernestino Caniço

Fernando Chapouto; Fernando Costa; Fernando Gouveia; Fernando Macedo; Fernando Súcio; Ferreira Neto; Filomena Sampaio; Francisco Gomes; Francisco Henriques da Silva; Francisco Palma

George Freire; Gilda Brandão; Gumerzindo Silva

Hélder Sousa; Henrique Cerqueira; Henrique Matos

J. Casimiro Carvalho; J. Crisóstomo Lucas; J.L. Vacas de Carvalho; JL Mendes Gomes; João Lourenço; João Martins; João Melo; João Paulo Diniz; João Rebola; Joaquim Carlos Peixoto; Joaquim Cruz; Jorge Cabral; Jorge Coutinho; Jorge Picado; Jorge Pinto; Jorge Teixeira (Portojo); José Alberto Pinto; José Augusto Ribeiro; José Barros Rocha; José Carlos Neves; José Carlos Pimentel; José Colaço; José da Câmara; José Eduardo Oliveira; José Ferraz; José Figueiral; José Firmino; José Francisco Borrego; José Manuel Cancela; José Manuel Carvalho; José Manuel Matos Dinis; José Marques Ferreira; José Martins: José Martins Rodrigues; José Ruivo Fernandes; José Santos; José Teixeira; José Zeferino; Juvenal Amado; Juvenal Candeias

Luís Borrega; Luís Fonseca

Manuel Carvalho; Manuel Castro; Manuel Dias Pinheiro Gomes; Manuel Joaquim; Manuel Luís Lomba; Manuel Luís N. Sousa; Manuel Maia; Manuel Marinho; Manuel Moreira; Manuel Reis; Mário Beja Santos; Mário Bravo; Mário Pinto; Mário Serra de Oliveira

Paulo Salgado; Paulo Santiago; Pepito

Raul Albino; Ricardo Almeida; Rogério Freire; Rui Felício; Rui Santos; Rui Silva

Sousa de Castro

Tony Borié; Torcato Mendonça

Veríssimo Ferreira; Victor Garcia
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11623: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (55): Respostas (nºs 122/123/124): José Carlos Pimentel (CCAÇ 2401, Pirada, Paunca e Buruntuma, 1968/70); Agostinho Jesus (CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74); e Manuel Castro/Arminda Castro (CART 6254, Olossato, 1973/74)