quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12194: In Memoriam (164): Faleceu o Jerónimo Jesus da Silva, o "rebenta-minas", sold condutor auto da CART 2519 (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71) (Mário Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas


A minha homenagem a um saudoso camarada Morcego de Mampatá, que ontem, 22 de Outubro, nos deixou.

O JERÓNIMO, “O REBENTA MINAS”,  FALECEU 

Para os que nos lêem e não sabem, o rebenta-minas era a viatura que seguia, regra geral, apenas com o condutor, na frente, a “abrir” caminho para uma coluna motorizada.

Jerónimo Jesus da Silva, Sold Condutor da CART 2519,  OS MORCEGOS DE MAMPATÁ, devido à sua sempre disponibilidade para encabeçar a frente das colunas Buba-Aldeia Formosa com a sua GMC, conhecida pela HÉRCULES, foi baptizado e ficou conhecido pelo rebenta-minas.

O Jerónimo era um Minhoto de gema, natural de Guimarães,  e chegou à CART 2519 em Março de 1969, aquando do início do nosso IAO.

Era um mancebo robusto, bem disposto e sempre pronto para realizar qualquer serviço, ou outra eventualidade.

Na Guiné,  e ainda PIRIQUITO, o Jerónimo revelou-se um militar destemido e voluntarioso e foi na construção da estrada nova Buba-Aldeia Formosa, ao encabeçar as colunas que seguiam diariamente de Mampatá para o local de trabalhos, que ele se tornou célebre e respeitado por todos. 

Indiferente ao temível perigo oferecido pelas traiçoeiras minas, que todos dias sabíamos estarem *a nossa espera, colocadas pelo PAIGC todas as noites na estrada, o Jerónimo não deixava, mesmo assim, de ir com a sua viatura a assegurar o caminho a cada coluna motorizada, expondo-se ao eventual rebentamento de alguma delas, ou às balas do IN, que quase todos os dias fazia uma sortida com flagelação e, ou, emboscada. 

Mais tarde, abandonada a construção da estrada nova, o Jerónimo passou a integrar as colunas de abastecimento que iam à LDG, no cais de Buba, pela estrada velha, carregar os abastecimentos para o nosso Sector, nunca deixando de ser o "REBENTA MINAS".

Questionado, dizia sempre com alguma humildade:
- Alguém tem de ser o primeiro e eu,  como já estou habituado,  não me importo!

Foram várias as vezes que o meu Grupo de Combate picou a estrada à frente da sua GMC, tendo ele sempre afirmado que tinha uma confiança enorme nos camaradas que o precediam na picagem.

Tinha razão, pois foram imensas as minas que levantámos naquela estrada.

A sua Hércules era já sobejamente conhecida por todos, não só por encabeçar as inúmeras colunas, mas pelos zumbidos característicos do seu motor, quando em pleno esforço era submetida na frente das colunas, anunciando assim a sua presença aos que faziam as protecções e os trabalhos.

O Jerónimo Jesus da Silva foi louvado por escrito pelo comando devido à sua extraordinária coragem.

Mais tarde veio a sofrer de stress pós-traumático de guerra, com deficiência e incapacidade 36%, resultante dos traumas provocados pela sua continua voluntariedade em enfrentar o perigo.

À sua enlutada família aqui deixo os meus sentidos pêsames, desejando que o nosso Camarada Jerónimo descanse em paz e que um dia, esteja onde estiver, todos nos juntemos novamente.

Preparação de uma coluna

Distribuição do pessoal militar e civil pelas viaturas

Coluna em marcha picada fora

Evolução ao longo da picada

Uma das minas anticarro

 Viatura após explosão de uma mina

Avaliação dos estragos causados


Endireitamento da viatura
Fotos: © Mário Pinto (2013). Todos os direitos reservados 


Um abraço,
Mário Gualter Rodrigues Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 



Guiné 63/74 - P12193: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (2): Escola Prática de Infantaria de Mafra




1. Historial da Escola Prática de Infantaria, localizada em Mafra, trabalho de compilação do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), integrado na sua série Historial das Escolas Práticas do Exército.




















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Nota do editor

Primeiro poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12178: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (1): Preâmbulo

Guiné 63/74 - P12192: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (4): O anúncio,em 4 de janeiro de 1961, do envio para a China, para a Academia Militar de Nanquim, dos futuros dez primeiros comandantes do PAIGC, João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Domingos Ramos, Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa e Hilário Gomes.

1. Transcrição de uma carta,  dactilografado, assinada por Amílcar Cabral (nome de guerra, Abel Djassi), datada de Conacri, 4 de janeiro de 1961 (, dois anos antes do início oficial da guerra colonial na Guiné, ou "guerra de libertação", no vocabulário do PAIGC), e dirigida ao secretário geral adjunto do Instituto Popular de Negócios Estrangeiros, em Pequim.  Nessa carta, Amílcar Cabral dá conta do nível de "desenvolvimento da luta de libertação" no interior do país, e anuncia a partida para a China dos dez primeiros militantes do PAIGC que irão receber treino político-militar.

[À direita: foto do secretário geral do PAIGC, incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.]

Uns meses antes, em agosto de 1960. Amílcar Cabral em pessoa tinha-se deslocado a Pequim para negociar o treino dos quadros do PAIGC na Academia Militar de Nanquim.
Sabemos, por outras fontes, os nomes desses militamtes que irão tornar-se nos primeiros comandantes do PAIGC: veja-se aqui, no Arquivo Amílcar Cabral, a foto em que um grupo de quadros do PAIGC que ia receber treino militar na Academia Militar de Nanquim. é recebido pelo dirigente máximo da China, Mao Tse-Tung,  em Pequim, 1961 ... Eram eles: João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Domingos Ramos [, irmão de Pedro Ramos e amigo do nosso Mário Dias], Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa ], irmão de Manuel Saturnino] e Hilário Gomes.

A carta, a entregar por mão própria, está escrita em frâncês, língua em que Amílcar Cabral  era fluente. Tradução de L.G., para efeitos meramente informativos e com destino exclusiva aos leitores do nosso blogue.   Agradecemos, mais uma vez, à entidade detentora do arquivo e dos respetivos direitos,  a amabilidade com que tem atendido os nossos pedidos de consulta de documentos e de cedência de imagens, que de resto estão  disponíveis para o grande pública. A cedência de imagens é condicionada, por razões que nos foram explicadas e que acatamos. (LG).

Fonte:

(1961), "Comunica a situação da luta de libertação na Guiné. Anuncia a partida de dez militantes do PAIGC para a República Popular da China [formação militar na Academia de Nanquim].", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_39330 (2013-10-23)


Portal Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07066.091.019.
Título: Comunica a situação da luta de libertação na Guiné. Anuncia a partida de dez militantes do PAIGC para a República Popular da China [formação militar na Academia de Nanquim].
Remetente: Amílcar Cabral (Abel Djassi), Secretário Geral do PAIGC.
Destinatário: Secretário Geral Adjunto do Instituto de Negócios Estrangeiros da República Popular da China.
Data: Quarta, 4 de Janeiro de 1961.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relações com a China, Coreia, Vietname (anos 60).
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.
Tipo Documental: Correspondencia 


2. Transcrição do documento, traduzido de francês para português por L.G., para efeitos deste poste



Conacri, 4 de janeiro de 1961

Caixa Postal 289 –Conacri


Ao senhor secretário geral adjunto do Instituto Popular de Negócios Estrangeiros da China
Pequim


Caro camarada:

Recebi a sua carta, anunciando o regresso dos meus dois camaradas. Eles chegaram [bem] e estamos contentes. Nunca será demais sublinhar a importância da ajuda fraterna que o povo chinês está a dar ao nosso povo na luta comum pela liquidação total do imperialismo e do colonialismo.

O desenvolvimento da nossa luta de libertação está a decorrer de maneira acelarada, de acordo com o programa que vocês conhecem. Já mobilizámos uma grande parte das massas populares e o nosso povo está cada vez mais ligado ao nosso Partido cujas organizações de base estão presentes em todas as regiões e zonas do país. Estamos em vias de organizar as nossas bases de resistência, elemento fundamental da nossa luta decisiva contra os colonialistas portugueses. Enfrentamos, naturalmente, alguns problemas que gostaríamos de poder discutir convosco. Esperamos poder fazê-lo em breve.

Envio-vos alguns documentos – panfletos – distribuídos no nosso país. Apesar de serem em português, vocês podem ver como nós procedemos à agitação das massas populares, explorando ao mesmo tempo as contradições no seio do nosso inimigo.

Tenho o prazer de lhe anunciar a partida para a China de dez camaradas do nosso Partido, portadores desta carta, e cuja viagem tem a missão que você conhece. É uma nova grande contribuição para o desenvolvimento e vitória final da nossa luta. Temos pressa, mas caminharemos sempre na base da segurança, por etapas e sobre “os dois pés”.

Agradeço-lhe que apresente aos membros do Instituto os nossos melhores votos de prosperidade e de sucesso na luta contra o imperialismo e na construção do progresso e da felicidade do grande povo chinês.

Esperando notícias suas, peço-lhe, caro camarada, que aceite a expressão dos meus sentimentos muito fraternos.

Amílcar CABRAL (Abel DJASSI)

Secretário-Geral

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Guiné 63/74 - P12191: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (74): José Macedo, ex-1º cabo, CCAÇ 798 (Gadamael, 1965/67), descobre o nosso blogue quando estava a digitalizar fotos do seu álbum... E pede o contacto do ex-alf mil Manuel Vaz


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 798  (1965/67) > O José Macedo  é o primeiro da esquerda, sentado na borda de um barco sintex... O  terceiro é o Capitão Anacoreta Soares, "quando íamos a pesca,. à granada ofensiva, para o rancho e para umas caldeiradas para o pessoal".

Foto (e lgeenda)  © José Macedo (2013). Todos os direitos reservados.



1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Josè Macedo:


Data - 22 de outubro de 2013, 20:51
Assunto - Um abraço do tamanho do Mundo




Caro Amigo e Sr. Luís Graça

Se poder contactar o ex-alferes Martins Vaz, envie-lhe um abraço do tamanho do Mundo, da parte de:

José Macedo ( ex- 1º cabo 3430/64,   CCaç 798,   Gadamael- Guiné 1965/67).

Se tiver o endereço de e-eail dele, muito agradecia que me fosse facultado afim de entrar em contacto com o mesmo. Sucede que,  há dias atrás.  estive a digitalizar todas as minhas fotografias e não sei que me deu  na “mona ", quando estava a introduzir as mesmas no  nosso PC e procurei na Net, "CCaç 798, Guiné",,, para meu espanto,  dei com o vosso blog e com fotos de Gadamael e até uma, na qual estou incluído.

Tomo a liberdade de anexar foto: sou o 1º à esquerda. O 2º á esquerda é  o 1º Cabo 3428/64 Mário, sendo o 3º o capitão Anacoreta Soares, quando íamos a pesca (à granada ofensiva) para o rancho e para umas caldeiradas pró pessoal. 

Acerca do capitão Anacoreta Soares vivi,  com o mesmo, um episódio de Vida, de Homens e de Guerra… Só que por vezes a memoria é curta…

Desculpe-me o incómodo, pelo que apresento as minhas melhores saudações e cumprimentos

Na expectativa de suas prezadas noticias e agradecido

Atentamente

JMacedo

2. Resposta do editor L.G., 
com conhecimento ao Manuel Vaz


Camarada Macedo:

Deixemo-nos de rodeios, os velhos camaradas da Guiné tratam-se por tu. São as regras do nosso blogue para o qual gostaria que entrasses, apadrinhadio pelo nosso Manuel Vaz que está a fazer um trabalho fantástico de recuperação das memórias de Gadamael... 

Aqui tens o mail dele. (...)  Manda-me uma foto tua,  atual, e mais algumas do tempo de Gadamael.

Chamou-me também a atenção um parágrafo da tua mensagem: "Acerca do capitão Anacoreta Soares vivi, com o mesmo, um episódio de Vida, de Homens e de Guerra… Só que por vezes a memoria é curta"…

Pois eu, e os demais camaradas da Tabanca Grande, convidam-te a partilhar essa episódio... Para que a nossa memória de Gadamael e da guerra da Guiné seja cada vez menos curta...

Vejo, pela foto que nos mandaste, que deveria ser prática corrente, em Gadamael e em muitos outros sítios onde havia rios e braços de mar, o recurso à pesca com granadas de sopro... Porque era preciso matar a fominha e diversificar a dieta...Fala também sobre isso, camarada!

Um grande abraço. E se me permiites vou publicar a tua mensagem. Luis Graça

PS - Camarada Macedo, sabemos que o teu capitão miliciano Anacoreta Soares, de seu nome completo Luís Filipe Anacoreta Soares vivia em Matosinhos em 1967/68... Para além da CCAÇ 798 (Gadamel Porto, 1965/67) , comandou também a CCAÇ 1498 (Có, Binar, Bissau, 1966/67). Não sabemos se é vivo. E se continua a viver em Matosinhos. Se sim, um Alfa Bravo para ele.____________

Nota do editor:

Último poste da série > 7 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11913: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (73): Como o Micaelense Carlos Cordeiro, encontra Henrique Matos, um jorgense em férias na sua Ilha. (Carlos Vinhal / Carlos Cordeiro)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12190: Agenda cultural (289): Programa do Curso livre de história local: "O Concelho de Fafe e a Guerra Colonial (1961-1974)", a realizar-se às quintas feiras, das 18h30 às 20h30, de 24 de outubro a 21 de novembro de 2013 (Jaime Silva)













Programa do Curso Livre de História Local: O Concelho de Fafe e a guerra colonial (1961-1974), organizado pelo Núcleo de Artes e Letras de Fafe, com o apoio de diversas entidades, entre elas a Câmara Municipal de Fafe e o Museu da Guerra Colonial, com sede em  V. N. Famalicão.

O folheto foi enviado em 18 do corrente, com pedido de divulgação, pelo nosso amigo, conterrâneo e camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, ou Jaime Silva, lourinhanse, a viver em Fafe, ex- alf mil paraquedista (BCP 21, Angola, 1970/72), professor do ensino secundário reformado, e antigo vereador da CM Fafe, com o pelouro da Cultura e Desporto.

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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12183: Agenda Cultural (288): Sessão de lançamento do livro de viagens "Toda a China", 1º volume, de António Graça de Abreu... Museu do Oriente, Lisboa, Sala Beijing, 3ª feira, 22 do corrente, 18h30. Apresentação do embaixador João de Deus Pinheiro. Entrada livre

Guiné 63/74 - P12189: Os meus (des)encontros com a PM - Polícia Militar (1): João Paulo Diniz (ex-locutor de rádio (PFA, Com-Chefe, Bissau, 1970/72); Henrique Cerqueira (ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74)



Guiné > Bissau > Polícia Militar > 1971 > O José Basílio Costa, alf mil, mais o sold cond auto Diamantino Romão, que é o autor da foto. O nosso camarada José Basílio Costa tem página no Facebook, é natural de Vila Nova de Famalicão, e vive em Santo Tirso. (Foto reproduzidas com a devida vénia, e um abraço aos dois e convite para se juntarem a este "batalhão" da Tabanca Grande; edição de L.G.).


1. Mensagem do João Paulo Diniz [, ex-locutor do PIFAS, Com-Chefe, Bissau, 1972/74] , em resposta ao poste P12184 (*)

Caro Luis Graça,

Com a sinceridade de sempre, devo confessar que não me recordo da estória do nosso Zé Basílio (um abraço!) comigo (mas acho que me recordo da sua cara na foto...). 

Da malta da PM [ Polícia Militar,] recordo-me do Raul Castanho, com quem tive o grande prazer de falar há meia dúzia de semanas após longa ausência. 

E recordo ainda que, tal como ele, muitos camaradas passavam pelo Pifas para fazer companhia e tomar um copo, no pequeno bar de entrada, superiormente 'comandado' pelo Morais (que é feito de ti, amigo?).

Já agora: o Pifas não era só eu, mas sim uma equipa: dedicada, voluntariosa, com grande 'amor à camisola', com a perfeita consciência da importância das nossas emissões para animar todos os nossos camaradas das FA, independentemente dos locais onde se encotrassem na Guiné.

Posso contar uma coisa?

Um dia um tenente-coronel, comandante de um batalhão estacionado numa zona sensível, fez questão de visitar o Pifas, antes de regressar a Lisboa. E, após uma breve 'visita guiada', esse nosso camarada do Exército disse mais ou menos isto: 
Querem saber? Para os meus homens, muitas vezes é mais importante uma hora de emissão do Pifas do que receberem uma carta da família!

Com todo o respeito, creio que a maior parte de nós pensou que o nosso tenente coronel já estaria 'apanhado pelo clima'... Mas as suas palavras foram bem sentidas!

Por estas e outras, permitam-me uma confissão: como profissional, o Pifas foi uma das mais belas experiências da minha carreira!

Grande abraço! JPD

2. Henrique Cerqueira [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74],

Na verdade, verdadinha,  a malta na Guiné e que vinha do mato à cidade,  não morria de amores pelos PM [, Polícia Militar].  E na realidade a malta dessa força punha-se a jeito para não ser muito "querida". Mas isso são águas passadas e,  mais tarde,  até fiquei cheio de orgulho quando o meu filho Miguel foi para a PE [, Polícia do Exército,] em Oeiras e por lá andou a fazer serviço na NATO.
Bom,  eu até tenho um episódio engraçado, hoje claro, com os PM em Bissau.

Numa ida minha a Bissau,  e ao me encontrar com amigos, era inevitável o apanhar uma "carraspana", tanto de comida como de bebida. Vai daí,  e depois de muitas andanças pelos caminhos de Bissau,  acabámos (eu e mais dois amigos) a simular que conduzíamos um automóvel pela avenida principal de Bissau. Isto de noite. 

O inevitável aconteceu e lá apareceu o jipe da PM. Recordo-me que,  mesmo com a carraspana (se calhar,  já em curva descendente), a PM,  após os habituais ameaços e outros afins,  lá nos mandou embora. Só que eu,  armado em engracadinho,  disse:
Desculpem lá,  senhores polícias,  mas tenho que deixar aqui o carro porque não estou em condições de conduzir.

Comecei então a simular o fecho do carro e todos aqueles gestos que temos ao deixar um carro estacionado. Então nessa altura o Alferes mandou que nos metessemos no jipe e levou-nos para o QG que era onde estávamos "hospedados". Quando saímos do jipe,  o aferes,  alinhando na brincadeira,  disse-nos  que para a próxima não seríamos apanhados se tivessemos ligado as luzes do carro. 

Boa, alferes! Os PM nem sempre eram tão arrogantes como às vezes queriam dar a  entender.

Henrique Cerqueira

3. Nuno Esteves [, nosso estimado leitor, ex-Polícia do Exército, ex-Lanceiro, ex-Soldado PE do 1º Turno 94, do Regimento de Lanceiros nº 2, hoje a trabalhar em segurança privada]
Saudações Lanceiras!... Caros camaradas da Tabanca Grande, os PM cumpriam ordens como certamente cada um de vós as cumpriu. A PM não era adorada pois,  como autoridade militar,tinha de fazer cumprir a lei militar que,  como todos nós sabemos, quando assim é, geralmente qualquer Policia nunca é bem vista ou acarinhada.

Mas,  na história destes camaradas Lanceiros, também constam várias custódias (protecção) dadas a militares em sarilhos, entre variadissimas coisas.

Muito me orgulha ter sido sucessor destes homens mas,  no meu tempo, envergando o distintivo da Policia do Exército [PE].

Um forte abraço Lanceiro para toda a Tabanca.

Nuno Esteves


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68)> Alguns dos quadros da companhia, vestidos com trajes fulas... Presume-se que fosse uma brincadeira de Carnaval... Dois militares parodiam a PM- Polícia Militar... O Cap Corvalho pode ser o terceiro a contar da esquerda, pelo menos é alguém que ostenta as divisas de capitão. "Aqui de certeza é o Corvacho, um bom amigo", garante-me o Nuno Rubim ... (LG).

Foto  © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). (Do álbum do José Neto † ,  fotos reeditadas por Albano Costa). Direitos reservados.

4. Comentário de L.G.:

Histórias com a/os PM ? Encontros, desencontros... quem os não teve ? Cá e lá, em Bissau... (Nunca vi os PM fora de Bissau, a não ser "mascarados", em Guileje, no álbum fotográfico do nosso  saudoso Zé Neto...).

Toca, por isso, a puxar da memória!... Hoje publicamos mais duas pequenas histórias, do nosso tempo de Guiné... O objetivo não é, de modo algum,  desenterrar velhos machados de guerra, mas apenas relembrar tempos passados que... não voltam mais!

Como diz o povo, "quem vai à guerra, dá e leva!"... Em Bissau, à falta de guerra a valer, parece que fazíamos,  às vezes, guerra uns aos outros... Numa ou noutra ocasião, perdemOS mesmo as estribeiras... E não houve PM que nos salvasse!...

Recorde-se, entre outras, as "guerras" entre páras, comandos e fuzos, as três tropas especiais..., a que se vieram juntar, mais tarde, os "comandos africanos" e os "fuzileiros especiais africanos"... Uma das dessas "guerras" (que provocaram mortos e feridos graves!), ficou conhecida como a "batalha de Bissau" (**)...

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Notas do editor:

(*) Vd,. poste de 21 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12184: Facebook...ando (29): Uma cena, bem humorada, passada entre a ronda da PM e o locutor do PIFAS, João Paulo Diniz, Bissau, c. 1971 (José Basílio Costa, ex-alf mil, PM, hoje a residir em Santo Tirso)

(**) Sobre a "batalha de Bissau" (3 de junho de 1967) entre fuzileiros e paraquedistas, vd.:


11 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1515: Antologia (58): A batalha de Bissau em Janeiro de 1968: boinas verdes contra boinas negras... Saldo: 2 mortos (Carmo Vicente)



(...) Considero bastante conforme à verdade (com excepção da data, que foi o dia 3 de Junho de 1967 e não Janeiro de 1968, conforme a História oficial do BCP 12, da autoria do Tenente-Coronel Luís Martinho Grão) a versão apresentada pelo 1.º Sargento Carmo Vicente, inclusive no que respeita às responsabilidades dos graduados pára-quedistas, que pouco fizeram para evitar o infeliz desenlace duma jornada que devia ser lembrada apenas como desportiva. (...) 

(...) Na noite de 3 de Junho de 1967, no final dum jogo que parecia ter decorrido de forma idêntica a tantos outros, entre o ASA – acrónimo de Atlético Sport Aviação, o clube dos militares da Força Aérea – e a equipa onde alinhavam os marinheiros, sucedeu o inesperado: estes, depois de trocarem insultos e provocações com os pára-quedistas, como era hábito, abandonaram o recinto desportivo, numa atitude pouco consentânea com os seus comportamentos recentes.

Os páras correram atrás deles pelas ruas da cidade, não imaginando que, algumas centenas de metros à frente, emboscado num prédio em construção, um grupo de fuzileiros armados com G-3 se preparava para os atacar a tiro. Custa a entender onde aqueles homens foram buscar ânimo para levar a cabo semelhante acto, mas a verdade é que foram capazes de abrir fogo à queima-roupa sobre camaradas de armas desarmados, matando de imediato o 1.º cabo Ismael Santos e o sold. Fernando Marques, para além de terem provocado ferimentos noutros soldados. (...) 


(...) Segue-se a “batalha de Bissau” que ocorreu durante um campeonato de andebol de sete, entre a UDIB e a ASA Clube. Havia duas claques, a primeira, composta pelos civis e alguns marinheiros, era apoiada pelos fuzileiros e por todo o pessoal da Armada; e a segunda, inteiramente formada por militares da Força Aérea, com destaque para os pára-quedistas. 

Segundo Carmo Vicente páras e fuzileiros eram amigos, mas na ocasião quiseram provocar-se mutuamente. Porquê, fica-se sem se saber. No BCP 12 todo o pessoal foi dispensado para poder assistir ao encontro e apoiar a equipa. Durante o encontro, boinas verdes e boinas negras apoiaram ruidosamente as suas equipas. Súbito, começaram os incidentes e cerca de 400 militares envolveram-se num corpo a corpo incontrolável, derrubaram-se as portas do recinto, a luta generalizou-se pelas ruas da cidade, tudo à cinturada, murro e pontapé. 

Parecia que os fuzileiros batiam em retirada quando de um prédio em construção saíram seis fuzileiros armados de G3 e de granadas de mão, começando a disparar indiscriminadamente. Dois pára-quedistas ficaram ali mortos. Para Lisboa transmitiu-se às famílias que tinham morrido num acidente com armas de fogo (...).

Guiné 63/74 - P12188: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (26): Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros

1. Mensagem do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 14 de Outubro de 2013:

Olá amigos Luís e Vinhal!
Vai tudo bem no reino do Blogue?
Bem me parece que sim!
Para além de vocês Luís e Vinhal, aproveito também para saudar o meu amigo (nosso) Magalhães Ribeiro.

Em anexo aí vai mais um “salpico”.
Rui Silva


Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.


Do meu livro de memórias “Páginas Negras com Salpicos cor-de-rosa”

26 - Como se faz acabar o vício de cravar cigarros aos outros e aproveita-se até para lhe dar a alcunha duma marca de cigarros muito em voga na Guiné, na altura, e que veio mesmo a calhar: “CRAVEN A”

Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal, na Casa Pintosinho, haviam as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistors, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.
Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.

Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.
A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida.
Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão.

Na mesma rua e mais para o lado da Amura, na loja Taufik Saad comprava-se, principalmente, entre outras, louças decorativas, vulgo bibelots, louças de servir à mesa, faianças e porcelanas, louça fina, entre esta bonitos Serviços de chá e café que vinham da China. Louça “casca d’ovo “, louça de fina espessura para não fugir aquele nome, onde no fundo se podia ver recortada na própria louça o rosto de uma linda chinesa. Ainda hoje guardo um serviço destes. Era uma casa requintada ao nível das melhores de Lisboa.



Vendo uma das montras do Taufik Saad. Muita cabeçada ali no vidro. As grades, no lado de dentro do vidro enganavam e a curiosidade levava a bater com a cabeça no vidro. Foram muitos os cabeçudos, daí a curiosidade de incluir isto no texto. Ah(!), o rapazinho a ver a montra sou eu! Turista? Se calhar ao outro dia já estava a atirar-me para o chão, lá bem para dentro do Oio. Engraçado (!) ali vivia-se as duas faces da moeda.

Mais à frente e já virada para a Avenida principal, o Café Bento. Mesas cá fora, em jeito de esplanada e sob árvores bem frondosas. O ponto de encontro da malta da tropa, com boas bebidas e para todos os paladares e com boa vista para a avenida principal.

Em Bissau vendiam-se também Whiskies das melhores marcas, algumas nunca vistas na metrópole, quando muito só faladas: Vat 69, Black and White, o Johnnie o preto e o vermelho, Dimple, o Ballantines, etc, etc. Bons Scotches, bons Licores. O Licor Drambuie que era muito procurado pela malta.

Marcas que nunca tinha ouvido, e eu que não tinha chegado propriamente de um colégio de freiras. Brandies, tabacos, tudo da melhor marca. Terra pobre, muito pobre, mas onde as bebidas espirituosas os apetrechos eletrónicos, os melhores tabacos, os melhores chocolates belgas e holandeses, se viam em algumas casas comerciais. Camisas muito bonitas e adequadas para aquele clima. Dizia-se que vinham da China (ou Taiwan?). Muito contrabando se calhar….
Deu para ver com algum espanto que a Guiné tinha mesmo do melhor para a malta dos vinte anos. Se calhar foi esta que fez trazer as coisas. Sobretudo boas bebidas, do melhor tabaco, e outras coisas, outras coisas.

E na Avenida, também passavam bajudas bonitas e formosas. Mais as cabo-verdianas, de olhos grandes claros e expressivos, mas havia nativas que não ficavam atrás, pelo menos nas três medidas standard para a harmonia feminina. Os bifes na casa de uma senhora mulata que me esqueci do nome, o frango assado no Tropical, etc, etc.

Se lhe juntarmos o bom e diversificado marisco, isto já produto do domínio e captura doméstica, não era preciso mais nada. A guerra, essa podia esperar… Na altura era preciso sair 20 ou 30 Km. de Bissau para entrarmos em contenda. No meu tempo e para o norte, esta só andava para lá de Mansoa. No Sul não seria preciso andar tanto depois de atravessar o Geba. Para Este e Oeste havia já alguns arrufos e não muito longe.

Bom, eu estou a dizer isto do bom de Bissau mas, cuidado, estávamos em trânsito para o mato. Ali em Bissau, melhor, em Brá, estivemos apenas 13 dias. O nosso destino estava traçado: Alancar para o OIO, pois a Ópera era para esses lados. Houve quem fizesse a comissão inteira em Bissau e que nunca tenha ouvido um tiro, mas convém dizer que não faziam nem mais nem menos do que cumprir ali a sua missão porque fora essa a destinada. Sortes!!...

Ainda me lembro e pegando na moda de uma cantiga na altura, que, e quando chegamos ao mato (Bissorã), cantávamos : “beijinhos com beijinhos pra cá… bazocadas e granadas pra lá”. Deixem que digam (!), que pensem(!), que falem (!)… deixa lá”…

Ainda em Bissau começava-se pelas ostras e acabava-se, se é que percebo, isso mesmo, em perceves (!) passando por outros mariscos de nomeada. Nisto de marisco a barriga desligou-se de misérias. O Tropical ali tão perto. E isto a pensar que marisco, na metrópole, só um camarão escanzelado ali pr’as Portas de Santo Antão em Lisboa. Salvo a Solmar, mas aí era preciso mais dinheiro. Aí,“cá tem”.


Na esplanada (passeio na rua) do Tropical. No verso desta foto descobri agora que a tinha enviado na altura aos meus pais em correio. Curioso como escrevio ano (MIL 966)

No café Bento pedi uma cerveja, um pão partido ao meio e o chocolate tal.

O empregado pensou que estava a gozar com ele. Perante a cara dele perguntei-lhe se podia ser ou não e ele meio desconfiado foi para dentro e apareceu-me pouco depois com o que lhe pedi. Vá lá… Sabia bem uma sandes de chocolate a puxar pela cerveja. Essa mania trouxe-a do bar do Niassa. Seria pancada? Julgo que não…

Neste bar também se adquiriam coisas curiosas. Comprei ali uma máquina de barbear “Philips” que trabalhava com pilhas. Ainda hoje a tenho.

Falando dos bons tabacos. Os Três Vintes,  o CT, o Português Suave, etc. tinham ficado na viagem. Os últimos foram queimados no Niassa.

Ali na Guiné a fumaça era feita através de tabacos mais finos e requintados, entre eles o “Craven A” (novidade) que é afinal o protagonista desta história e que eu passo a contar:

À mesa no Olossato, ao serão, jogava-se às cartas e começava-se com a sueca (jogo). Lá por o andar da noite passava-se então à lerpa e acabava-se inevitavelmente no abafa e onde de vez em quando saía um ou outro bem (des)abafado.

A história que eu quero contar era ainda à mesa da sueca. Parceiros habituais na minha mesa, eu, o Carneiro, o Piedade e outro que é o centro do episódio e que passo a chamar-lhe o “nosso amigo” (por razões óbvias omito o nome real).
Portanto parceiros certos ali e acolá nas mesas.

Depois (só) de alguns dias é que nos apercebemos que um dos jogadores da minha mesa fumava os nossos - dos outros - cigarros e à vez:
- Dá-me um cigarro se faz favor.

Ao outro:
- Posso?
- Posso fumar um destes? - ao terceiro.

Dava a volta, pelo menos havia o bom senso (e o cuidado) de não cravar o mesmo duas vezes seguidas. Também a tática era logo ali detetada mais facilmente.

Bem, isto não podia ser assim alvitramos nós os três após a constatação, o que ainda levou tempo.

Sentávamo-nos à mesa e cada um punha à sua frente o seu maço e o isqueiro em cima. Primeiro os isqueiros que tinham vindo connosco da metrópole, mais tarde já usávamos os que as senhoras do Movimento Nacional Feminino, que por ali passaram fugazmente, nos ofereceram.
Isqueiros de pedra a fazer faísca e mecha embebida em benzina impregnada numa espécie de algodão e em depósito para o efeito.

Então teríamos de fazer alguma coisa para que os cigarros não fossem assim tão mal repartidos. O tabaco predominante ali era então o “Craven A”.

Pegamos numa embalagem de cigarros vazia e colamos num rótulo que se podia ver, logo mal abríssemos a caixa, com o dizer. "Vai cravar o car(v)alho". Ver, tal e qual, a figura seguinte.



Tinha no meu pelotão um soldado que se chamava Carvalho (que se calhar até nem fumava), mas não era esse o que queríamos apontar. Era o outro, o mais popular, o do léxico portuga, o que até ficou bem explicado na caixa, claro.

O maço ficou dissimulado em cima da mesa e à frente como era habitual de um dos contendores.
- Posso tirar um? - agora já apontando para o maço armadilhado.
- Podes…

Quando calhou de cravar no maço dito cujo, então o nosso amigo abriu, leu, e discretamente fechou. Como nada tivesse acontecido. Também não havia cigarros. Não sei se o maço tivesse cigarros o rótulo passava ao lado.

Bom, acabou ali o cravanço do nosso amigo e começou a risota, dissimulada, ao mesmo tempo que o nosso ilustre camarada logo “ganhou”, (perdeu nos cigarros) dali para a frente, a alcunha do “Craven A”, visto isso, e para memória futura.

Rui Silva
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11658: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (25): Os três Hospitais Militares que conheci