domingo, 30 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12915: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte V: Plantão à caserna e faxinas regimentais... ("Consciente de que entre os soldados se verificava ainda a existência de um grande número de elementos com iliteracia e baixa escolaridade, o Exército, entre 1961 e 1974, utilizou o humor dos cartunistas, de forma pedagógica, para alertar e instruir sobre questões de segurança e sobrevivência ou sobre a regulamentação da disciplina militar.")
























Continuação da reprodução da brochura "Deveres Militares", uma edção do SPEME - Serviço de Publicações do Estado Maior do Exército, 2ª edição, 1969...

A lista dos deveres de um militar é (ou era) longa...Publicamos hoje os deveres de:

(i) Plantão à caserna (nº 4 do art. 81º do antigo RDM - Regulamento de Disciplina Militar, que esteve em vigor até 1977!)... às cavalariças (artº 96º do RDM que estava em vigor do nosso tempo);

(ii) Faxinas regimentais (art. 90º do RDM).

O RDM do nosso tempo, de saudosa memória (!),  foi substituído pelo atual RDM - Regulamento de Disciplina Militar, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 142/77, de 09ABR, com diversas alterações. (Entrou em vigor em 10 de abril de 1977, e foi promulgado pelo então Presidente da República António Ramnalho Eanes),

1. O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias. O Fernando Hipólito [, foto atual à direita, ] é o nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 650...

Recorde-se que ele passou pelo CISMI, Quartel da Atalaia, Tavira, 3º turno, 1968. Foi fur mil, CCAÇ 2544, Angola, 1969/71. Esteve a maior parte do tempo no leste, em Lumege.

Há um blogue sobre Lumege e a malta que por lá passou. E onde o Fernando Hipólitio colabora.  

O nosso novo grã-tabanqueiro mandou-nos, entretanto, e a nosso pedido, a sua foto atual. Auqi temos o Hipólito "de fato e gravata, porque foi a minha farda durante anos, como técnico de vendas de um empresa de tintas de imopressão",

2. O nosso camarada, António J. Pereira da Costa (Tó Zé para os amigos) j´«a nos camou "a atenção para o humor e qualidade dos desenhos. Creio que era de um desenhador que também aparecia no "Século Ilustrado"....Há também uns desenhos destes relacionados com os crimes militares previstos no CJM...

"Creio que [o ilustrador] tinha o apelido ou assinava Benamor. [Sim, Tó Zé, parece-me o traço do cartunista João Benamor].

E havia também um conjunto de quadros murais onde se davam conselhos à malta do tipo:
"Uma palavra a mais, um amigo a menos" e "Ela é toda ouvidos - e tinha umas orelhas enormes - come e cala-te",

(... ) "Pode ser que a Biblioteca do Exército tenha alguns exemplares que, se passados a pente fino, nos deem qualquer indicação. (comentário ao poste anterior, de 26/3/2014).


É possível que a esta brochura, que temos vindo  a pubicar,  faltem folhas.... O César Dias já nos
explicou que este e outros documentos "são fruto duma 'limpeza' que ele [, Fernando Hipolito,] fez na secretaria da 3ª companhia do CISMI, em Tavira... Vê que até as folhas das notas do nosso pelotão nas várias disciplinas ele conseguiu apanhar do cesto dos papeis." (comentário ao poste anterior, de 26/3/2014).

Ao Francisco Baptista, por sua vez, estas  imagens que publicámos no poste anterior, mexeram com as suas recordações de infância:

 "Tu fazes me regressar ao tempo da tropa do meu pai que, soldado em Mafra e por ter batido num cavalo mais bravio, foi punido, penso que com uma repreensão. Há uma foto dele com essa farda antiga do tempo da 2ª Guerra ou anterior na casa da aldeia. Penso que seria de cavalaria. Agradeço-te também por me ilustrares esse passado." (comentário ao poste anterior, 26/3/2014).


3.  O nome de João Benamor é referido aqui,  neste excerto que publicamos, retirado com a devida vénia, da página na Net do Exército:

(.,..) “O HUMOR NO JORNAL DO EXÉRCITO 1961- 1974” resultou de um desafio lançado a dois jovens soldados com o objectivo de pesquisarem, seleccionarem e exporem caricaturas e cartoons que ao longo do período em apreço pudessem caracterizar a expressão desta arte gráfica no âmbito da sátira, da ironia, da irreverência, ou da crítica social que, entre outros aspectos, reflectissem o dia-a-dia de um meio profissional que, particularmente no período em causa, atravessava e participava na designada Guerra Colonial/Guerra do Ultramar.

"Tratando-se o “JORNAL DO EXÉRCITO” de uma publicação periódica direccionada para a instituição militar a sua difusão era significativa nas Unidades, Órgãos e Estabelecimentos militares, sendo lida por oficiais, sargentos e praças. Apesar da abordagem se debruçar no referido período de guerra, ao contrário do que acontecia nos “jornais de quartel” editados nas antigas colónias, a menção a este conflito é subtil, apenas se inferindo o contexto geográfico apresentado nas imagens. De igual modo, não se vislumbra uma clara critica à situação politico-militar. A temática advertia o leitor sobretudo para aspectos do meio que o militar viria a encontrar nas terras de África.

"Conscientes de que entre os soldados se verificava ainda a existência de um grande número de elementos com iliteracia e baixa escolaridade, o humor destes Cartoons era utilizado de forma pedagógica para alertar e instruir, em particular este grupo profissional, sobre questões de segurança, sobrevivência ou sobre a regulamentação da disciplina militar.   

"A organização militar, a hierarquia ou as condições de vida nos quartéis são alguns dos temas abordados com ironia, deixando ler nas entrelinhas a critica mordaz ou a irreverência com que são caricaturadas as situações. Embora o J.E. publicasse alguns trabalhos de origem estrangeira o grosso dos seus colaboradores, militares ou civis, eram nacionais. Com o traço mais ou menos elaborado, com maior ou menor qualidade, com desenhos que só por si diziam tudo, ou mais dependentes do texto, foi vasto o leque de autores como:

Vicente da Silva,
João Benamor
Zé Manel,
José Antunes, 
Higino, 
Cid, 
Baptista Mendes, 
Al-Cid, 
Majcid, 
Samuel 

e tantos outros que ao longo desse período conseguiram, com o seu humor, instruir e arrancar, no mínimo, sorrisos a quantos folhearam as suas páginas." (...)


[Realce a amarelo e negritos, nossos,  editor L.G.]
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Nota do editor:

Postes anteriores da série:



Guiné 63/74 - P12914: (In)citações (63); Senhor Ministro da Defesa, vamos lá falar, com toda a franqueza: dizer-lhe que militar não é, propriamente, um funcionário público. Já lhe ocorreu pensar nesta verdade? (Silvério Dias, ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra; ex-locutor do PFA, QG/CTIG, Bissau, 1969/74)

1. Mensagem, com data de 28 do corrente, do nosso camarada Silvério Dias [, ex-1º srg art ref, com 9 anos de Guiné..., de 1967 a 1976], e que é a última das "aquisições" da nossa Tabanca Grande, onde se sentou, à sombra do respetivo poilão, frondoso, protetor, fraterno e mágico, no lugar nº 651 (*):


Comandante, apresenta-se o 651!

Por essas tuas respeitáveis barbas te direi estranhar que, morando tão perto, andámos tão distantes, tendo tanto para dar, em comum. Moro em Leceia (Barcarena) [, concelho de Oeira], a dois passos da tua "palhota" [, Alfragide, Amadora].

Gostei das palavras que se enunciaram acerca deste "velho combatente". (*)

Prometi voltar com participação activa e nem sei por onde começar, tanto o quanto tenho para dizer.

Começo por um desabafo:

Senhor Ministro da Defesa, vamos lá falar, com toda a franqueza: Dizer-lhe, que militar não é, propriamente, um funcionário público. Já lhe ocorreu pensar nesta verdade?

Eu explico: No tempo da "tal senhora" tão desprezada, fomos os defensores do "coiro" dos bem instalados e seus pertences. Quem sabe, até, se dos seus?!

E note, quando havia eleições, ditas "livres", para que o fossem, nós entrávamos de prevenção nos quartéis. Os "outros", ficavam no morno lar conjugal.

Eram os chamados tempos de paz. Não da nossa! Tínhamos as escalas de serviço. Domingos, feriados, férias a gosto? Nem pensar! O dever, sobrepunha-se a tudo.

Por vezes, morando na Grande Lisboa, se estava destacado em Santarém, Leiria... Casos meus e concretos. Fins de semana com a família, só quando a escala o permitia! Dá para entender?...
Funcionário Público muito especial, portanto.

Depois veio a famigerada Guerra da Ultramar. A partir daí,... Pense, tão somente, os medos que se viveram, as saudades sentidas, os filhos crescendo ou nascendo, longe do pai, casamentos desfeitos por falta de presença, noivados sem efeito por ausência...

As sedes, as fomes, as doenças, tudo em soma e em crescendo. A mutilação, o stress eterno, ou simplesmente... a morte!

Tudo isto, Excelentíssimo Senhor Ministro da Defesa, fez parte do "bornal" de um combatente.

À pergunta, porque exigimos respeito e compreensão, aproveite um domingo solarengo de Primavera e dê um passeio por Belém. No mural do Forte do Bom Sucesso, soletre os nomes dos dez mil que lá
"repousam". Depois, faça um pequeno exame de consciência e diga: "Em verdade, sois diferentes". 

E então, com dignidade e em nome de todos nós, assinale e vinque tal diferença!

De um dos muitos, falando por todos! (**)

Silvério Dias





Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


2. E já agora, aqui vão uns versos, a propósito desta (in)citação (com referência aos nossos dez mil mortos, em combate, acidente e doença), do nosso "poeta todos os dias" [que é o nome do  blogue de poesia do nosso camarada Silvério Dias, beirão, que passou pela Índia, Moçambique e Guiné]: 


RESPEITO...

Andei na guerra, estive na frente:
Índia, Moçambique e Guiné.
Regressei sem mazelas, felizmente,
Mas do sofrimento me dei fé.

Além, na parede do Bom Sucesso,
"Jazem" os dez mil que partiram.
A morte não dá regresso,
Por eles, quantas mães carpiram!...

E os outros, os "nossos feridos"?
Tantos foram, Deus infinito!
Vinte e cinco mil, bem definidos.
Sobre eles, tanto medito!

A dor física, e bem danosa,
Se combate e minimiza.
A da alma, invisível e penosa,
Gasta, corrompe e se eterniza.

Se classifica de trauma,
Provocada por guerra injusta.
Rouba o sossego e a calma,
Num sofrer, que tanto custa!

Mutilações, feridas, incapacidades,
Lhes são comuns, em mau efeito.
E, tão jovens, nas suas idades!...
Hoje, o lamento, do pouco feito.

"Honrai a Pátria". Ela vos honrará.
Onde começa e finda a verdade?
É certo, a História não apagará
Mas anda escondida, a falsidade!

Silvério Dias
15 de novembro de 2013

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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P12913: Parabéns a você (710): António Graça de Abreu, ex-Alf Mil Inf do CAOP 1 (Guiné, 1972/74); Benjamim Durães, exFur Mil Op Especiais do BART 2917 e Rosa Serra, ex-Alf Enf Paraquedista do BA 12 (Guiné, 1969)


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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12903: Parabéns a você (709): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf.º do BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/70; Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA da CART 2732 (Guiné, 1970/72); Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974) e Maria Dulcínea, Amiga Grã-Tabanqueira

sábado, 29 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12912: Bom ou mau tempo na bolanha (50): Para onde se vá, existe um português (Tony Borié)

Quinquagésimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.


Embora já estejamos a viver por aqui há mais de quatro décadas, quando falamos com alguém no idioma inglês, o sotaque denuncia-nos. Ao mantermos qualquer conversação, passados uns segundos, o nosso interlocutor logo pergunta, com aquele ar de curiosidade:
- De onde és oriundo? - Respondendo nós que somos de um país chamado Portugal, logo dizem:
- Eu sei, na América do Sul, ao pé do Brasil. - E nós com paciência, dizemos:
- Não, Portugal está localizado na Europa. - E eles com aquele ar “americanizado”, respondem:
- Eu sei, uma província da Espanha.

Porra, aí a paciência começa a esgotar-se, e somos obrigados a explicar quase toda a história de um país independente, onde houve navegadores que levaram outros costumes e outra civilização pelos quatro cantos do mundo. E eles, tentando restabelecerem-se do impacto que as nossas palavras tiveram, respondem com o ar mais natural do mundo:
- Truth? Very interesting!
Responderam, mais ou menos isto:
- É verdade? Muito interessante!

Enfim, as ditas “americanisses”.
Adiante, vamos falar de uma personagem portuguesa que foi herói, aqui nos EUA, chamava-se John "Portugee (ou Portuguese)" Phillips.

Estávamos nós no estado de Wyoming, mais propriamente nas ruínas do que foi o “Fort Laramie”, apreciando um marco histórico, dentro do forte, onde uma placa em bronze mencionava o nome de John “Portugee (ou Portuguese) Phillips. Falávamos em português com a nossa esposa, orgulhando-nos de ver aquela placa, quando alguém ao nosso lado, ouvindo-nos falar, vem com as tais “americanisses”. Respondemos, sim, sim, não, não, blá, blá, blá, e fomos de seguida à loja de recordações, que existe dentro do forte, saber da sua história que honra os portugueses. Leiam, pois este homem, foi considerado herói por levar a notícia do “Fetterman Disaster”, onde o capitão William Fetterman Judd e seus homens foram aniquilados, pelos índios Sioux, revoltados pela presença e avanço do que consideravam o seu território, pelo homem branco, o chamado “colonizador”, em 21 de Dezembro de 1866.

O português Phillps ofereceu-se para montar o seu cavalo e ir até ao escritório do telégrafo na estação Horseshoe no North Platte com despachos do Coronel Henry B. Carrington, para levar uma mensagem adicional do Tenente-Coronel Henry Wessells para entregar ao coronel Innis Palmer em Fort Laramie, alargando assim a sua obrigação.
Montando o seu cavalo, a quem carinhosamente chamava "Dandy", um cavalo preto, do qual quase nunca se separava, viajou através do hostil território indígena, por uma distância de 236 milhas desde o Fort Phil Kearny até Fort Laramie. Cavalgou essas 236 milhas em território perigoso, indígena hostil, com os “índios em pé de guerra”, para levar a notícia.



A viagem foi feita em temperaturas abaixo de zero e praticamente sozinho. Mais tarde um companheiro de nome Wallace afirmou que deram ao português Phillips, em Fort Phil Kearny, um rifle da marca Spencer, de repetição, e 100 cartuchos de munições, que ele amarrou nos seus tornozelos, fazendo o peso manter os seus pés firmes nos estribos.
A primeira paragem foi no Fort Reno, onde chegou aos correios nas primeiras horas de 23 de dezembro, tendo prosseguido a sua jornada, de acordo com o telegrafista na estação Horseshoe, o português chegou cerca das 10 horas da manhã do dia 25 de Dezembro, quando os despachos foram transmitidos para a sede do Departamento do Platte em Omaha e Washington.


Para entregar a mensagem do Wessells para Palmer, o português Phillips passou no Fort Laramie, chegando às 11 horas, parecendo “uma bola vestida”, em andamento, pois era assim a sua aparência, vestido com um sobretudo de búfalo, calças, luvas e um gorro. O nome do John "Português" Phillips, tem sido celebrado em histórias, romances e poemas, como herói da fronteira do Wyoming. Também nos dizem o John “Português” Phillips, quando transportou o correio de volta para Fort Phil Kearny desde Fort Laramie, em meados de abril de 1867, num qualquer lugar viu-se cercado por cerca de 15 índios Sioux com pinturas de guerra.
Com humor e autodepreciação, ele escreveu num relatório aos seus superiores que tinha escapado, mas observou que "sem a ajuda do meu do cavalo “Dandy”, e este bom revólver, eu teria perdido o meu cabelo, uma parte do meu corpo, pois foi o momento mais ansioso que senti quando viajava naquelas pradarias".



Com o tempo, alguns factos passaram a ser ficção, mas o seu nome continua a ser o de um homem digno de respeito e admiração, exemplificando qualidades pioneiras de auto-sacrifício e resistência.
John Phillips nasceu com o nome de Manuel Felipe Cardoso, em 8 de Abril de 1832, era o quarto de nove filhos de Felipe e Maria Cardoso. Nascido perto da aldeia de Terra, na ilha do Pico, nos Açores, começou a sua vida como um cidadão de Portugal e, com a idade de 18 anos, deixou os Açores a bordo de um navio baleeiro com destino à Califórnia, onde com a sua juventude, pretendia “pesquisar” ouro.

Nos primeiros 15 anos seguiu a atracção do valioso metal amarelo, nos estados da Califórnia, Oregon e Idaho, atingindo os campos de Montana em 1865, sem nunca ter encontrado o “tal filão”.
Na primavera de 1866, talvez um pouco desanimado com a sua sorte, juntou-se a um grupo de mineiros liderados por algumas companhias ou grupos de prospecção, que se deviam chamar Pryor ou Big Horn Mountains, pois era por essa região que andavam na pesquisa, até chegarem os primeiros nevões, no final desse verão.
Sempre sem encontrar o valioso metal, chegou com 42 seus compatriotas ao Fort Phil Kearny, em 14 de Setembro, ele aparentemente trabalhava como carregador de água para um empreiteiro civil.



Mesmo depois de ter sido considerado um herói, o Português Phillips continuou a trabalhar como mensageiro do governo, mas quando o exército abandonou Fort Phil Kearny, mudou-se para Elk Mountain, a oeste da actual cidade de Laramie. Aí, diziam que fornecia, entre outros materiais, traves de madeira para a Union Pacific Railroad e para a linha do caminho de ferro, que estava a ser construída no sul do estado de Wyoming.
Na década que se seguiu, entre outras coisas, ganhava a vida através da contratação, com o exército, para fornecer alguma mercadoria e transporte, em Fort Laramie e Fort Fetterman. Em 16 de Dezembro de 1870, na cidade de Cheyenne, o Português Phillips casou-se com Hattie Buck, uma nativa de Crownpoint, do estado de Indiana, então com 28 anos de idade, tendo o casal tido vários filhos.


Durante o seu casamento, o Português Phillips estabeleceu um “rancho” em Chugwater Creek, como base para suas atividades com o exército, também acomodando viajantes que por ali passavam em viajem para outras paragens. Em 1876 construiu um hotel nessa propriedade, pois a chegada de pessoas tinha aumentado, com a corrida ao ouro nas montanhas de Black Hills.
Um conhecido descreve-o como tendo um grande rebanho de vacas leiteiras, grandes e boas pastagens, abastecidas de água por um desvio de um rio que passava próximo.

Em 1878 vendeu o seu “rancho” e mudou-se para a cidade de Cheyenne. Aí permaneceu até à sua morte, em 18 de Novembro de 1883, onde está enterrado no Cemitério Lakeview.
Hattie Phillips morreu em 1936 em Los Angels, num lar de idosos com a idade de 94 anos.


Um pormenor importante, durante uma sua visita a Milwaukee em 1876, o Português Phillips assistiu a um desfile em homenagem ao general Grant, que estava a concorrer à presidência dos USA. O general, ao ver o Português Phillips no meio da multidão, parou o desfile e insistiu para que viajasse com ele na sua carruagem.
Embora de origem humilde e não especialmente bem sucedido na vida, Phillips era uma figura nacional, e ainda hoje continua a ser um símbolo de coragem e devoção ao dever.

Também visitámos o John "Português" Phillips Monumento, localizado fora do Fort Phil Kearny em Wyoming,  que como o Fort Phil Kearny é um Marco Histórico de Registo Nacional.

Tony Borie, 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12884: Bom ou mau tempo na bolanha (49): Tira-me o retrato (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial

Nota de leitura >

Ana Vaz Milheiro – 2011: Guiné-Bissau. Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp.  (Viagens, 5)




1. Foi pena que tenha passado despercebida, a muitos de nós, ex-combatentes da Guiné, ou que se interessam pela historiografia da presença portuguesa em África, a xposição "África - Visões do Gabinete de Urbanização Colonial", que esteve patente ao pú8blico, no CCB, em Lisboa, de 7 de dezembro de 2013 a 2 de março de 2014.

Passei por lá em 26 de janeiro, com um amigo meu, arquiteto, o José António Paradela, de Ílhavo  (que fez, aos 16 anos, a "guerra colonial" na pesca do bacalhau,  na Terra Nova...) e tinha a intenção de fazer uma poste no âmbito da série "Agenda Cultural"...

Paciência.. Não se pode "ir a todas"... De qualquer modo, tomei  a liberdade de recolher algumas imagens e tomar algumas notas... que apresentarei mum próximo poste.




Cartaz promocional > CCB - Centro Cultural de Belém > Garagem Sul > Exposições de  Arquitectura >  "ÁFRICA – VISÕES DO GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL"

Foto de Luís Graça (2014).


A curadoria foi da Ana Vaz Milheiro (com Ana Canas e João Vieira). A exposição esteve aberta ao público de 7 de dezembro de 2013 a 28 de fevereiro de 2014  [com prolongamento até 2 Março].

Segundo o programa, "África – Visões do Gabinete de Urbanização Colonial propõe um percurso por uma paisagem africana desenhada (e inventada) a partir do coração da metrópole, em Lisboa, no período final da colonização portuguesa (1944-1974).

O texto é da investigadora e docente do ISCTE-IUL, curadora desta exposição, Ana Vaz Milheiro. A exposição resulta de um projeto de investigação, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e que decorreu entre 2010 e 2013: "Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Práctica Arquitectónica"

(...) "Inicia-se com imagens de edifícios públicos fortemente marcados pela tradição portuguesa do sul, fixa-se numa arquitectura oficial do Estado Novo, e abre a possibilidade de ensaiar uma primeira expressão de 'nativismo africano', através do conhecimento progressivo que os arquitectos portugueses vão adquirindo das diferentes culturas locais, antecipando visões de autonomia e de independência."

Pela primeira vez mostrados em público, a exposição, que se realizou na Garagem Sul do CCB,  era enriquecida por  "um conjunto de desenhos, relatórios, fotografias, actualmente à guarda do Instituto de Investigação Científica Tropical".

Mas hoje do que vos quero falar é de livrinho que comprei lá, por 10 euros, e que é uma espécia de guia de bolso, um roteiro de visita guiada à Guiné-Bissau e ao património arquitetónico que os portugueses lá deixaram.  E que merece ser melhor conhecido, estudado, divulgado e protegido. O livro tem a assinatura da incontornável  e voluntariosa Ana Vaz Milheiro.

2. Ana Vaz Milheiro (n. 1968, Lisboa) é licenciada e mestre em arquitetura pela Universidade Técnica de Lisboa, e doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2004). Docente do ISCTE-IUL, prepara o seu pós-doutoramento em arquitetura lusoafricana da época do Estado Novo.

Este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora,  a cores, resulta de uma singular viagem,  à Guiné-Bissau,  de 2 arquitetos e de 1 sociólogo,  durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011.

O sociólogo, ou melhor, antropólogo social é nem mais nem menos do que o Eduardo Costa Dias, do meu tempo do ISCTE, e nosso grã-tabanqueiro, que serve de “cicerone”, nesta viagem, a dois colegas, também do ISCTE-IUL, a autora da brochura, e o Paulo Tormenta Pinto.

O Eduardo, que vai à Guiné-Bissau, quase todos os anos, desde 1980,  foi desta vez, como especialista da cultura e história guineenses, integrado no projeto de investigação “Os Gabinetes Coloniais da Guiné-Bissau – Cultura e Prática Arquitectónica”, de que a Ana Vaz Milheiro é a responsável principal.

Como ele nos conta no curto texto que escreveu à laia de prefácio (p.7), rapidamente passou de “cicerone” para “ciceroneado”, de tal maneira foram as descobertas feitas, no terreno, a partir das “novas leituras” que lhe proporcionaram, em matéria de arquitetura e urbanismo coloniais, os seus dois  colegas, arquitetos… Para mais, “num terreno que eu pensava que puco de novo ainda tinha para me dizer” (p. 7).

Como leitor, entusiasta, do livrinho, também partilho do mesmo sentimento que o nosso amigo Eduardo. Basta, de resto, ler-se  o guião da viagem (e agora índice da publicação, enter parênteses a página):

Guiné-Bissau (7), Missão arquitetónica (9), Bissau, cidade da I República (11), A cidade jardim dos trópicos (13), O futuro de África é a China (15), Ruínas pós-colonais (17),  Arquiteturas maneiristas (19), Estação metereológica de Bissau (21), O bairro de Santa Luzia (23),  o bairro da Ajuda (25), O melhor edifício da cidade (27),  Geometrias (29), Migrações africanas (31), Mais mundo houvera (33), Bafatá (35), Um hospital com vista sobre a cidade (37), Contuboel (39), Mercados (41), A escola primária do Cacheu (43), Cine-Canchungo (45),  A estação dos CTT do Gabú (47), Ponte sobre o rio Mansoa (49), Bibliografia (50), Biografias (51).

“Last bu not the least”, neste conjunto de 2 dezenas de fontes de documentação consultadas e citadas pela autora, sabem qual é a última que vem na lista, na página 50 ? O nosso blogue, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné que cumpre, assim,  um dos seus  propósitso, que é o de também ser uma fonte de informação e conhecimento relevante no que diz respeito à documentação da presença portuguesa na Guiné-Bissau (*)… De resto, como eu gosto de dizer, os ex-combatentes da Guiné "não querem morrer sem deixar rasto"... E o rasto são as "as nossas memórias e afetos"...

Para além de ser especialista num domínio como este o das arquiteturas lusotropicais, e mais exatamente coloniais, a Ana Vaz Milheiro  tem a vantagem, nesta viagem, de ser uma “estreante”, embora  de modo algum “virgem” no que diz respeito à arquitetura e urbanismo  da Guiné-Bissau da época colonial.  O seu olhar não era, pois, o do “leigo”, muito menos o do “turista à força” que fomos nós, os ex-combatentes, que foram  desembarcando  em Bissau, aos milhares, entre 1961 a 1974…

Ela não deixou nada ao acaso ou ao improviso: tinha feito o seu trabalho de casa, e compulsado vasta documentação:

(i) livros e opúsculos  (a maior parte da Agência Geral do Ultramar);

(ii) desenhos, projetos e documentos (do Arquivo Histórico Ultramarino  e do Centro de Documentação do IPAD);

 (iii) fotografias registadas pelo arquiteto Luís Possolo, nos anos 60, ao serviço do Ministério do Ultramar;

 (iv) fotos do Eduardo Costa Dias,  tiradas em  2009, de acordo com uma lista de edifícios públicos construídos em Bissau depois da II Guerra Mundial, amostragem de obras estado-novistas;e , por fim,

(v) cruzamento das imagens com os projetos arquivados em Lisboa…

De acordo com o roteiro da viagem, os primeiros dias foram passados em Bissau e arredores, seguindo-se:

(i) no dia 6/10/2011 Safim, Empada, Nhabijões [mas imediações de Bambadinca], Bafatá, Gabú, Sonaco, Contuboel;

 (ii) no dia 8, Bula, Canchungo, Cacheu;

e  (iii) no dias 9/10, Mansoa.





Guiné-Bissau > Bissau, capital do país. Planta da cidade, pós-independência.  C. 1975. Escala 1/20 mil  Pormenor

Imagem © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]



Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea parcial e Ilhéu do Rei. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 142". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).




Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea de Bissau. Ao centro, o Palácio do Governo e a a Praça do Império. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 118". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).


Guiné > Bissau > s/d > Sem legenda: A antiga Av 31 de Janeiro, hoje, Av Amílcar Cabral > Ao fundo, o Palácio do Governador, e a Praça do Império; do lado direito, a Catedral de Bissau (Edição Comer, Trav do Alecrim, 1 -Telef. 329775, Lisboa).

Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar / Digitalizações: Luís Graça & Camaradas da Guiné

Imagens: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010). Todos os direitos reservados.


3. Bissau, uma cidade da I República

É o Estado Novo [, e nomeadamente  com Sarmento Rodrigues como governador, 1945-1949] que vai ter, para a cidade, uma intervenção pensada e estruturada. Até então o “making of” do espaço urbano resultara de um “processos de adição” (p. 10):

(i) a construção da fortaleza de São José da Amura, na margem direita do estuário do Geba;

(ii) a Bissau Velha, que nasce fora de muros, e que é o primeiro assentamento urbano;

(iii)  o esforço para estabilizar a presença portuguesa na então ilha de Bissau, na sequência da “guerra de pacificação”,  levada a cabo sob o comando de Teixeira Pinto (1913-1915);

 (iv) a chegada, em 1919, do engenheiro de minas José Guedes Quinhones, da Repartição de Fomento, Direção de Agrimensura,  e com ele o propósito republicano de “embelezar a cidade”.

Cito a autora:

“O plano de 1919 (…) não só dá início ao processo de minumentalização  do espaço urbano,cmo corresponde à expansão para lá do primitivo perímetro. Cruza a baixa densidade da Garden City [Cidade Jardim, movimento de planeamento urbano iniciado em 1898] com as ideias culturalistas do City Beautiful movement [Movimento  da Cidade Bonita, dos anos 1890-1900], propondo uma praça radial, implantada na cota mais elevada, ligando-se, através de um boulevard, à zona baixa e portuária [imagem da Av 3 de Agosto].”

Recorda a Ana Vaz Milheiro que a atual Av Àmílcar Cabral era a Av 31 de Janeiro [, uma data grata aos republicanos, por recordar a  primeira tentativa de derrube da monarquia, a revolta do Porto, em 1891]. “Os limites da cidade são assegurados por uma ‘Avenida de Cintura’, que faz a fronteira com os ‘Subúrbios’, onde a população africana se irá fixar. Identificam-se os lotes das instalações  de energia elétrica e de abastecimento de água, do Pal´«acio do Governo, do Novo Hospital e do Banco Nacional Ultramarino”…

Trata-se, enfim, de um programa mínimo, de equipamentos, acrescidos em 1922 com a escola primária, e  que o Estado Novo  vai reforça depois de 1945. “A estratégia estado-novista passa por diminuir os vestígios deste urbanismo de perfil republicano, apropriando-se dos seus símbolos” (p,. 10), conclui a autora. (**)

(Continua)

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Notas do editor

(*) Sobre a cdiade de Bissau, temos inúmeros postes, vd. por ex.:

10 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1264: Postais Ilustrados (10): Bissau, melhor do que diz o fotógrafo (Beja Santos / Mário Dias)


sexta-feira, 28 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12910: Convívios (575): 27º Encontro Convívio da CCaç 2382, 3 de Maio de 2014, em Fazendas de Almeirim (Alberto Silva)

1. O nosso Camarada Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2382, Buba (1968/70), solicitou-nos a seguinte divulgação da próxima festa da sua Unidade.


27º ENCONTRO CONVIVIO - CCAÇ 2382 (1968/1970)

Camaradas, realiza-se no próximo dia 3 de Maio de 2014, em Fazendas de Almeirim (Quinta da Feteira), o 27º Encontro Convívio da CCaç 2382.

A concentração é feita junto à Praça de Touros de Almeirim, entre as 10h00 e 10h30.

EMENTA:
- Sopa da Pedra / Creme Legumes
- Bacalhau
- Bifinhos de Porco c/ Cogumelos
- Pudim / Salada de Fruta
- Sumos, Águas e Vinhos
- Café e Digestivos
- Lanche
- Bolo da Companhia e Espumante

Preços: Adultos - 26€, Crianças de 6/11 anos -13€

Organizadores: António Freitas Caniço e António José Zola 

Alberto Silva
Sold TRMS da CCAÇ 2382
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Nota de MR:



Guiné 63/74 - P12909: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XI): Em Paunca, onde irá ser extinta a CCAÇ 11 (herdeira da CART 11) e onde se irão passar acontecimentos graves, em agosto de 1974, na sequência na retração do nosso dispositvo militar


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >  
Filhos dos nossos soldados


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) > Miúdfos da tabanca

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >
Aspeto parcial da tabanca


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >Miúda, filha de um dos nossos soldados

Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >Bajuda, lavadeira (1)


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >Bajuda, lavadeira (2)


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) > > Penteado de bajuda



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) > Rua principal e quartel (1)


 Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) >
Rua principal e quartel (2)



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71 > Porta d'armas do quartel ... Em primeiro plano,o Valdemar Queiroz



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71) > Abertura de valas ao longo do perímetro interior do quartel e tabanca



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paunca > CART 11 (1969/71)  > Pormenor da abertura de valas, com o concurso dos soldados guineenses da CART 11... [Trabalho violento, executado em condições muito duras, no intervalo da atividade operacional, e que os soldados fulas faziam com grande relutância e sob protesto... É certo que ninguém gostava de abrir valas, a pá e pica... Em boa verdade, os comandos de batahão tendiam a olhar para os soldados do recrutamento local com alguma sobranceiria colonial... O mesmo se passou connosco, CCAÇ 12, em Bambadinca...LG]


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. L.G.]



Valdemar Queiroz, Contuboel, 1969
1. Continuação da publicação do álbum do Valdemar Queiroz... Desta vez, as memórias fotográficas são de Paunca (sem acento na penúltima sílaba: temos 20 referências sobre Paunca e 35 sobre Paúnca, estando mal grafado o topónimo, que é Paunca e não Paúnca)...

Não sei quantos meses passou lá o Valdemar, entre 1969 e 1970, mas será em Paunca, em agosto de 1974, que se irão passar alguns acontecimentos graves, por ocasião da extinção da então CCAÇ  11 (que sucedeu à CART 11, no nome, uma vez que o pessoal era o mesmo) e da retração do nosso dispositivo militar (vd. Cartas de Punca, do J. Casimrio Carvalho).

Recorde.se o que aqui já escrevemos a esse respeito: a seguir ao 25 de Abril de 1974, fugido do inferno de Guileje e Gadamael, caído de paraquedas em Paúnca, na CCAÇ 11, o Casimiro Carvalhos vai conhecer o desespero e a raiva dos nossos aliados fulas, na fase do cessar-fogo e retração do nosso dispositivo militar no TO da Guiné... Este é um dos episódios mais chocantes da guerra da Guiné, aqui contados pelo nosso herói de Gadamael. Só é pena que ele tenha sido tão parco em palavras, no que diz respeito a este final da sua atribulada comissão, e se tenha extraviado, ainda pro cima,  a carta em que ele relatou os acontecimentos aos pais. Mas noutro documento relatou, em síntese, o seguinte:

(...)  "Fui então para Paunca, CCAÇ 11 – Os Lacraus, onde me mantive até ao fim da minha comissão.  Não sem antes levar um susto de morte, pois os militares africanos da CCAÇ 11 sublevaram-se. Quando eu estava a dormir, ouvi tiros, vim em calções com a Walther à cintura até ao paiol. Quando lá cheguei, eles estavam a armar-se e a disparar para o ar e eu, quando os interrogava pelo motivo de tal, senti o cano de uma arma nas costas, ordenando-me que seguisse em frente (até gelei)...Juntaram todos os quadros brancos e puseram-nos no mato...assim mesmo." (...)
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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de março de 2014 >ão aão do nosso Quando a corte dos Lacraus chegou a Canquelifá...

Guiné 63/74 - P12908: Notas de leitura (576): "Eleições em tempo de cólera", por Onofre Santos (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Outubro de 2013:

Queridos amigos,
Mais uma agradável surpresa, crónicas em português de estilo de um luandense que foi colocado na Comissão Eleitoral da Guiné-Bissau, quase todas elas foram escritas em Bissau e publicadas num semanário de Luanda.
Trata-se de um olhar agudo, cuidado e profundamente afetivo. Despedir-se-á, dizendo mesmo: “A Guiné, vou ter de a amar de longe, mas todos os dias rezarei para o que ficam a amem de verdade, mais e melhor do que eu”.
Ao longo destas crónicas, assistiremos a um golpe de Estado, ao aparecimento de um Conselho Nacional de Transição e a um novo ato eleitoral do qual resultou o regresso de Nino Vieira.
Pergunto-me como foi possível ter até agora ignorado a existência deste talentoso cronista angolano.

Um abraço do
Mário


Um enternecido olhar luandense sobre a Guiné-Bissau (2003-2005) - I

Beja Santos

“Eleições em tempo de cólera”, por Onofre dos Santos, Edições Chá de Cachinde, Luanda, 2006, apanhou-me completamente de surpresa. O autor desempenhou em Luanda o cargo de Diretor-Geral das Eleições e a partir daí andou em trânsito por diversos teatros eleitorais. À República da Guiné-Bissau, onde esteve em 1994 como coordenador das Nações Unidas dos Observadores Internacionais nas eleições que elegeram o Presidente Nino Vieira, Onofre dos Santos voltou em 2003, tendo acompanhado o golpe de Estado que depôs o Presidente Kumba Yalá, e prestou assistência técnica pelas Nações Unidas nas eleições presidenciais de 2005 que consagrou o regresso ao poder de Nino Vieira. É exatamente nesse período de 2003/2005 que Onofre dos Santos foi enviando de Bissau para um semanário luandense (Folha 8) as suas crónicas cujas temáticas por vezes extravasam as realidades eleitorais guineenses.

Havia eleições marcadas para Outubro de 2003, na Guiné, mas um golpe militar derrubou o presidente Yalá, seguiu-se um período de transição moroso e complexo que ele descreve admiravelmente. O livro de crónicas é mesmo uma surpresa, subjacente ao cronista atento está um escritor de primeira água. Basta ver esta descrição junto ao porto de Pindjiquiti: “No cais é a imobilidade total dos barcos presos na lama que a maré vazia deixou a descoberto, quais passarinhos presos no visgo do caçador. Homens e mulheres em pequenos grupos também apenas parecem esperar que as águas subam enquanto um balafon invisível vai ressoando a marcar o tempo que esse não para nunca. Quando a maré lentamente começar a subir a lama verde acinzentada vai-se animar, endireitando pouco a pouco cada uma das embarcações encarapinhadas no molhe. Mais uma partida para longe, para as ilhas, para o paraíso escondido dos Bijagós. Vêm-nos à mente as recordações de enxames de morcegos gigantes volteando ao entardecer entre os telhados arruinados e as árvores frondosas e centenárias de Bolama”.

Explica ao leitor como se está a processar. Entra diretamente nas contradições que envolveram a postura política de Kumba Yalá: é presidente mas não comanda o PAIGC, o seu PRS, partido que o apoiou e apoia, não é maioritário. O presidente parecia apostar numa nova geração de políticos, com formação académica, acreditou ser possível uma governação sobre a égide da unidade nacional. Falhou, foi incapaz de pôr em prática esse sentido da reconciliação. O presidente confia que as novas eleições ratificarão o seu projeto. Num fim de semana, visita os Bijagós, vai até Bruce, a praia mais famosa de Bubaque. Vai numa carrinha carregada de jerricans de vinho de caju: “Lá me enfiei o melhor que pude e seguimos pela única estrada que corta a ilha e vai quase até ao outro extremo. Foi o presidente Luís Cabral que mandou construir esta estrada, explicam-me. Mas depois ninguém mais cuidou dela e veja o estado em que ela se encontra”. E vem o golpe de Estado, os militares deram voz à insatisfação popular, como ele comenta: “Os buracos financeiros cada vez mais profundos e escabrosos deixavam desesperados governantes e governados. Os governantes sem soluções eram despedidos uns atrás dos outros com o rótulo de incompetência com que se pretendia aplacar o descontentamento cada vez menos resignado dos funcionários, militares e trabalhadores sem pagamento desde o princípio do ano. No rol de despedimentos com ou sem justa causa entraram uns Juízes do Supremo e os Deputados da Assembleia Nacional Popular. Como todos os que não têm meios financeiros, Koumba viveu do crédito e acabou quando este se esgotou”. E tece uma consideração sobre a natureza da destituição: “Não tendo sido disparado um único tiro, este golpe não foi um verdadeiro golpe de Estado. De facto, todos o apoiaram, desde os partidos às igrejas e organizações da sociedade civil. Até o próprio Presidente veio a anuir em retirar-se voluntariamente da Presidência (…) Entretanto um governo de transição de unidade nacional está na forja com a provável bênção do Bispo de Bissau”.

O que parecia apaziguador deu origem a desacordos infernais, desentendimento entre os partidos e a sociedade civil. Arranjou-se um Presidente da República de Transição “que goza de uma absoluta e geral confiança pela sua reputação impoluta como um homem de bem”. O autor recorre à figura do jugudés (jagudi) para falar da agitação da classe política, rubricaram um novo pacto, “os representantes dos partidos políticos vão debicando pastas ministeriais e posições na hierarquia do Estado, emprestando a sua legitimidade representativa aos reais detentores do poder. Francisco Fadul protestou. A carta foi assinada na presença de 25 generais ou oficiais superiores das forças armadas, os representantes de 24 partidos políticos e de 8 organizações da sociedade civil. O Bispo de Bissau, D. José Câmanate na Bissign, Balanta, apela à reconciliação e escreve em carta pastoral: “Sonhemos e trabalhemos para que a Guiné-Bissau possa encontrar o seu verdadeiro caminho para o desenvolvimento do exercício das Leis, da Democracia, do Trabalho, da Honestidade, do Diálogo, da Justiça, da Paz, da Credibilidade”. Fica de pé um Conselho Nacional de Transição, uma espécie de Parlamento, emana do Comité Militar, que engloba todos os generais e oficiais superiores revoltosos.

Transição? A Guiné-Bissau nunca saiu da transição, mas agora tem um presidente com um mandato previsto de um ano e meio e um governo que deve administrar o País até que um novo governo constitucional saia das eleições previstas para Março de 2004. E o cronista questiona: “A reflexão que se impõe é a de descortinar a natureza do regime de transição na Guiné-Bissau, depois da eleição dos novos parlamentares. Renovada que esteja a Assembleia Nacional Popular, ou seja, criadas as condições para os representantes legítimos do povo soberano dizerem o que querem como Constituição e como Governo do País, qual o papel que estará igualmente reservado aos autores do golpe de 14 de Setembro, isto é, qual o destino do Comité Militar de Restituição da Ordem Constitucional e Democrática”.

Os militares aparecem pois em força neste regime de transição, misturam-se com todos os partidos políticos (ou quase), com as religiões e com as organizações da sociedade civil. Aprovou-se uma Carta Política de Transição. E o cronista aproveita para fazer uma leve digressão sobre o aparato constitucional guineense. Recorda que só em 1993 é que foi adotada uma Constituição aberta ao pluralismo político. A Guiné consagrou um semipresidencialismo em que o poder do Presidente da República é de algum modo contrabalançado pelo poder do Governo e do seu Primeiro-Ministro. O Presidente da República nomeia e exonera o Primeiro-Ministro tendo em conta os resultados eleitorais e ouvidas as forças politicas representadas da Assembleia Popular. Em 2002, a Assembleia Nacional Popular aprovou alterações constitucionais no sentido de cercear os poderes presidenciais. Kumba Yalá não gostou, não promulgou e dissolveu a Assembleia Nacional Popular. Com este seu gesto, terá porventura lançado uma decisiva pazada de cal na sua sepultura.

(Continua)
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Nota de editor

Último poste da série de 24 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12895: Notas de leitura (575): "Como Fui Expulso de Capelão Militar", por Pe. Mário de Oliveira (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12907: Convívios (574): XXVI Almoço Convívio do BCaç 2884 (Mais Alto), 26 de abril de 2014, em Rio Maior (José Firmino)


1. O nosso Camarada José Rodrigues Firmino (Ex. soldado atirador da Companhia de Caçadores 2585/BCAÇ 2884 Jolmete, Guiné-Bissau 1969/1971), solicitou-nos a seguinte divulgação da próxima festa da sua Unidade.

XXVI ALMOÇO CONVÍVIO do BCAÇ 2884 (Mais Alto)


O BCaç 2884 (MAIS ALTO) composto pelas seguintes companhias: CCaç 2584 - CÓ, CCaç 2585 - JOLMETE, CCaç 2586 e CCS - PELUNDO. 


Terá lugar no próximo dia 26 de abril do corrente ano em Rio Maior, com concentração marcada junto a Igreja Paroquial de Rio Maior, segue-se a apresentação os cumprimentos aqui e ali, umas fotos para mais tarde recordar. 

Por volta das 11h30 será celebrada missa, como vem sendo habitual, pelos camaradas já falecidos, terminada a cerimónia religiosa, segue-se o patrulhamento e reconhecimento pelas tropas destacadas para o efeito, em direção ao complexo turístico Gato Preto, Quinta das Acácias, Estrada Nacional, 2040-335 Rio Maior.

Segue-se as entradas como habitual regando aqui e ali com branco ou tinto, para aqueles que não o possam fazer, não faltará a água, sumos e muito mais, seguidamente será servido o almoço.  

Findo este, segue-se a animação musical por artistas locais, que irão abrilhantar o nosso convívio até à hora do lanche e partilha do bolo comemorativo.

Igreja Matriz de Rio Maior, local da concentração 

Lembrar que a data limite das inscrições termina no dia 20 de Abril do corrente ano, preço por pessoa é de 30 Morteiradas. 

Como habitual os camaradas do Norte terão transporte assegurado a partir de Braga, pelas 07,00 horas, junto ao antigo hipermercado Feira Nova, 07,30 horas em Famalicão, na central de Camionagem e pelas 08,00 horas, no Porto, à entrada do Metro do Estádio do Dragão. 

A organização a cargo dos camaradas MANUEL MARIA PASCOAL, e AMÉRICO ANTÓNIO PINTO DA COSTA, Telm. 919227959 que desejam a todos ex.camaradas e familiares boa viagem seguido de excelente regresso às suas origens com um até para o ano. 

Coordenadas GPS: 39.328945 (W) -8.929728 (N) 

JOSÉ FIRMINO
Sold Atir CCaç 2585/BCaç 2884
(RÉGUA)
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Nota de MR:



Guiné 63/74 - P12906: Agenda cultural (307): Melech Mechaya, novo disco, "Gente Estranha": Apresentação, em Lisboa, FNAC Colombo, 6ª feira, 28, às 22h00, FNAC Chiado, 31, 2ª feira, às 19h00,. (E ainda... hoje, no programa da RTP1, "Portugal no Coração", c. 15h00)



Vídeo  (5' 13''). Alojado em You Tube > Melech Mechaya  (Cortesia dos Melech Mechaya)


O teledisco do single “Gente Estranha” foi escrito e realizado por António Rodrigues e tem a participação de Zé Ramos.


Capa do novo disco "Gente Estranha"...  É o 3º CD do grupo português Melech Mechaya. Editora: Ponto Zurca. Ano: 2014. Preço: € 9,99 ou € 7,99 (FNAC). Da esquerda para a direita: os músicos da banda, Francisco Caiado (percussão) João Graça (violino). Miguel Veríssimo (clarinete), André Santos (guitarra) e João Sovina (contrabaixo). O João Graça é nosso grã-tabanqueiro; tem cerca de 80 referências no nosso blogue.

1. O terceiro longa-duração da banda portuguesa tem a participação especial de Amélia Muge, Jazzafari e Pedro da Silva Martins. A digressão de apresentação deste novo disco inclui espetáculos em Portugal, Espanha, Bélgica, Suécia, Finlândia, entre outros.

Sinope:  O álbum conta com 15 temas de nomes estapafurdios e pândega garantida. Der Nayer Sher, klezmer tradicional que invoca a Alegria, a beleza de Deusa das Calças Amarelas, e o frenesim de Sr. Xispo. O single Gente Estranha com letra de Pedro da Silva Martins e voz de Jazzafari apresenta-nos a tia Bambolina e o seu sonho de dançar em cima das mesas nos casamentos, e o avô e o padre e os noivos rebolando de felicidade. Amélia Muge canta-nos a história de um Querubim Barbudo. Neste álbum Melech Mechaya revelam-nos finalmente a verdadeira Lenda do Homem Testa, dançando à velocidade de um espirro com Gesundheit (santinho).

Faixas do disco: 1. Der Nayer Sher | 2. Gente Estranha (voz de Jazzafari Unit, letra de Pedro da Silva Martins) | 3. Espírito Livre | 4. Khosidl | 5. Malapata | 6. Dromedário | 7. Sr. Xispo | 8. Chegou a Hora | 9. Querubim Barbudo (voz e letra de Amélia Muge) |10. Deusa das Calças Amarelas  | 11. Interlúdio | 12. Gesundheit | 13. Anachnu Ma'aminim | 14. A Lenda Do Homem-Testa | 15. Tudo Está Iluminado


2. Comentário de L.G.

Aportuguesaram o klezmer!... Estávamos mesmo a precisar desta lufada de ar fresco, de alegria contagiante e de humor ternurento...Vai seguramente fazer sucesso este single (e o CD)... Os Melech Mechaya  ficam, bem com o sexto instrumento que é a voz humana e as suas infinitas possibildiades!.. A capa do disco está deliciosa... Por uma música assim vale a pena perder a cabeça!



Página de rosto do Facebook dos Melech Mechaya:  "Temos a enorme felicidade de trabalhar com pessoas maravilhosas. Esta imagem é mais um exemplo do trabalho fenomenal dos mestres Rodrigo Lameiras e Ivo Cordeiro!"

3. Próximos concertos dos Melech Mechaya (até ao início de agosto):

28 Março, 6ª feira • Lisboa, Portugal
Fnac Colombo | 22h00  

[E, à tarde, às 15h00, no programa "Portugal no Coração", RTP 1]

29 Março • Madrid, Espanha
Sala Penelope

30 Março • Medelim, Portugal
Páscoa Judaica

31 Março, 2ª feira • Lisboa, Portugal
Fnac Chiado | 19h00


13 Junho • Córdoba, Espanha
Festival Internacional de Música Sefardí

14 Junho • Vilarinho São-Roque, Portugal
A anunciar

20 Junho • Macedo de Cavaleiros, Portugal
I Festival de Música de Macedo

27 Junho • Glória do Ribatejo, Portugal
A anunciar

28 Junho • Viena, Áustria
A anunciar

10 Julho • Jyvaskyla, Finlândia
Jyvaskyla Festival

11 Julho • Kaustinen, Finlândia
Kaustinen Folk Festival

13 Julho • Lisboa, Portugal
Festa Privada

18 Julho • Alcalá La Real, Espanha
Festival Etnosur

19 Julho • Las Rozas, Espanha
Noches De Verano

2 Agosto • Urkult, Suécia
Festival Urkult

4.  Melech Mechaya, amanhã dia 29, em Madrid. Artigo do El Pais, de 27 do corrente:

... Ou os  nossos portugueses (que vêm do oeste) e que exportam música (Klzemer aportuguesado...) para o leste, para a Europa, Espanha incluída! Amanhã  vão ter "um concerto muito especial em Madrid, na Sala Penélope" (lê-se na sua página do Facebook) , concerto esse que irá ser azpresentado por Fernando Iñiguez, o mesmo que  assina este artigo que a seguir reproduzimos,  no influente El País!


(...) El klezmer es la música tradicional de los judíos del Este de Europa y, curiosamente, la trae esta semana un quinteto que viene de la parte opuesta, de Portugal. Se llaman Melech Mechaya (pronúnciese Melej Mejaya) y la diversión está garantizada con ellos, pues no en vano ese nombre se traduciría como Los Reyes de la Fiesta.

La llegada de los portugueses al  klezmer, poco conocido en su país, y también en toda la Península Ibérica —aquí la tradición judía enlaza más con el legado sefardí—, viene de un dato tan irrelevante como que al clarinetista del grupo, Miguel Verísimo, le pasó su profesor unas partituras antiguas de esa música, y en seguida quedó fascinado.

Y es que el clarinete tiene mucho que ver con ese sonido característico, alegre y dulce, que, junto con el violín —recuérdese la película El violinista en el tejado, con las vicisitudes que pasaron los judíos del Este de Europa entre las dos guerras mundiales del siglo pasado—, servía para divertir en bodas y otras celebraciones.

Melech Mechaya lo junta también con algunas danzas populares portuguesas, creando una suerte de folklore moderno ibérico, muy vivo y dinámico, que ha cristalizado en el disco Strange People (Gente extraña) que presentan mañana. Sus anteriores actuaciones en España se han saldado siempre con un público extenuado que no para de bailar con la alegría de su música instrumental y llena de evocaciones. (...)

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Nota do editor: