Carlos, bom dia!
Vou tentar despachar em duas penadas, para evitar críticas contundentes e dolorosas, sobre o elegante acontecimento de ontem, no restaurante de Oitavos, sito numa derivada da estrada do Guincho.
Se tiveres tempo para uma edição especial, esquece, aproveita e vai descansar, que a malta ainda não acordou da digestão.
Um abração
JD
O que se passou foi mais ou menos o seguinte:
Estavam 30 pessoas inscritas, e o restaurante fez a despesa correspondente com generosidade, mas nunca tinha acontecido: faltaram uma data deles.
Uns por doença, já justificada, outros porque se esqueceram, outros, sabe-se lá porquê.
Indigestões benfiquistas? Não creio.
À última da hora ainda foi cooptado o Castanheira, e também apareceu o AGA que já dispensa apresentações e marcações, bem como o Lema Santos, que acompanhou o Carlos Silva. Duas estreias, portanto.
O dia apresentou-se radioso, quente, e limpo, a proporcionar uma excelente vista sobre a paisagem, que do céu azul brilhante, escorria pela encosta escura da serra de Sintra, que de longe deixava espraiar um cenário de pinheiros, bordejados pela espuma do mar, e que ganhava amplitude a partir do ponto altaneiro de Oitavos. O pessoal regalou-se deslumbrado, enquanto fazia tempo para o inicio do almoço.
A ementa foi reforçada nas entradas, que desta vez sobraram e foram a contento. O prato principal foi recordativo da Guiné, e consistiu de bianda com estilhaços. Só que os estilhações eram uma quantidade generosa de gambas, acolitadas por bruxas, pedaços de lavagante, envolvidos por navalheiras, e cobertos por mexilhões da Nova Zelândia.
Quando cheguei, depois de um percalço, já o pessoal tinha despachado as entradas, mas ainda houve sobras para além do que comi. Quando a mariscada foi servida, o pessoal calou-se, serviu-se, repetiu indiscriminadamente, e logo se constatou que sobrava comida do mar, que o pessoal tinha saudades era do arroz.
A acompanhar, havia vinhos brancos e tintos da Ferreirinha (Esteva), e as garrafas secavam perante o agrado geral. Com menos escolha, mas bem servido, seguiu-se o período da sobremesa doceira, com dois bolos de bolacha e outros dois brigadeiros, que chegaram e sobraram para as encomendas.
O Humberto até caprichou com laranja da época, pois parece que anda a privar-se de açucares.
Rematou-se com cafés incluídos e digestivos a pedido. Portanto, nada a apontar, atrevo-me até a dizer, que este foi o melhor almoço e serviço de que já beneficiámos.
Houve tempo para muita conversa, toda a gente mostrou estar em boa forma física e anímica, destacando-se o famigerado fadista ribatejano, Ármando Pires de nome artístico, o qual cirandou por todos os espaços, ora deitando abaixo, ora louvando desembaraços, já que lhe sobrava tempo, talento e venenos variados; no entanto, entre os ausentes, temos que destacar os que não puderam deslocar-se por questões de saúde:
primeiro foi o Veríssimo, a contas com dores na região lombar. Ainda me ofereci para o massajar com óleos perfumados do oriente, mas ele dispensou a boa-vontade.
Depois foi o Marcelino, que me havia referido desejar estar com a malta, pois é grande apreciador destes convívios entre camaradas. Mas ele debate-se com um problema de saúde, e o último tratamento tem-lhe provocado diarreias consecutivas, que o deixam muito preocupado, debilitado, e dependente de uma casinha próxima.
Finalmente, foi o Colaço, que no próprio dia, em consequência de desgraças devidamente justificadas coincidente com a derrota dos passarinhos (apresentou relatório do hospital), acabou por merecer a benevolente justificação do Senhor Comandante, que o anima para a próxima maré.
Não inscrito, mas a alimentar a expectativa, o Senhor Comandante-Chefe também não compareceu, mas ainda recentemente se deslocou à Cidadela, pelo que deve estar a recuperar do esforço, a quem desejamos rápidas e efectivas melhoras.
Em suma, se com o calor chegámos, com o calor estomacal partimos, todos em evidentes manifestações de contentamento.
O último período é dedicado às senhoras, desta vez três heróicas desafiantes da bianda, que não desistem de acompanhar os maridos, e de contribuir para a contenção do comportamento dos veteranos.
P.S.
Por razões de modéstia pessoal, e porque o Senhor Comandante mo determinou, não falo de mim, sempre importante para a fabricação dos relatos, chato, provocador, e catalisador de provocações e ameaças.
JD
(à espera da promoção a coronel)
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2. Segue-se uma selecção de fotos e respectivas legendas da responsabilidade do editor
Quiçá, à espera de mesa mais farta: Luís Moreira, António Maria, Jorge Pinto e Miguel Pessoa
António Graça de Abreu e Manuel Lema Santos em conversa amena
Entre flores, à sombra como convém às senhoras: Gina Marques e Giselda Pessoa
Sorridentes para a fotografia: Mário Fitas, Manuel Resende, Jorge Rosales e um camarada não identificado
José Rodrigues e Carlos Silva
Já instalados à mesa: João Sacôto, João Martins e Manuel Lema Santos
Nesta mesa: Giselda Pessoa, Humberto Reis, António Fernando Marques e esposa Gina
À espera da promoção a coronel, José Manuel Matos Dinis. Será que o camarada do lado poderá mover alguma influência?
Quase que apetece dizer: mesa dos VIP's
Os olhos também "comem"
Armando Pires, o famoso Furriel Enfermeiro da 2861, Ribatejano e Fadista
A amizade é um sentimento muito bonito. Que o digam o Manuel Joaquim e o Manuel Lema Santos
E por fim, porque é o mais importante, El Comandante Jorge Rosales
OBS: - Como se depreende umas fotos são do camarada Manuel Resende e as outras não
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Nota do editor
Último poste da série de 23 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13186: Convívios (600): Encontro do pessoal da CCAÇ 799 / BCAÇ 1861 (Cacine e Cameconde 1965-67), a levar a efeito no próximo dia 14 de Junho de 2014 na Sertã