quinta-feira, 7 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16282: Blogpoesia (459): "Palavras que o vento eleva" (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381)

1. Em mensagem do dia 6 de Julho de 2016, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos "Palavras que o vento eleva".

Caríssimos!
Creio que este poema que envio para ser publicado, tem razão de ser no nosso blogue.
A liberdade de expressão e o pluralismo são fundamentais para que se faça história, mas as palavras têm de ser “medidas” para não ferirem susceptibilidades e sobretudo refletirem a verdade e não uma carga de sentimentos e emoções.

Abraço fraternal do
Zé Teixeira

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"Palavras que o vento eleva"

Palavra solta não volta atrás.
Uma vez lançada, voa –
É irreversível.
Tem a leveza do vento
E a força da tempestade,
É como ave que voa em plena liberdade,
E leve barco perdido nas correntes de um rio.
Incontrolável.
E se é de ternura ou amizade,
Pode ser curta ou condensada,
Mas tem um eco infindável.

Palavra puxa palavra –
Uma ideia e outra ideia, e faz-se livro,
Ou poema, ou canção –
E a palavra amável torna-se favo de mel,
Uma oração –
Adoça o espírito e alimenta a vida.
A palavra é a sombra da ação
E também revolução.

A palavra é como o espelho da alma,
E se cheio está o coração,
Perde a luz e adensa a escuridão,
Pois não pode ditar-se com calma.
– Não há espelho que reflita melhor o homem
Que as palavras vindas do coração.

José Teixeira
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16274: Blogpoesia (458): Deram-me um par de botas e um número (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto do BCAÇ 3872)

Guiné 63/74 - P16281: Agenda cultural (495): O filme "Cartas da Guerra", de Ivo M. Ferreira, baseado na obra de António Lobo Antunes, tem estreia comercial em 1 de setembro próximo


Fotograma do filme "Cartas da guerra", do realizador Ivo M. Ferreira, a estrear em setembro próximo.

 Ficha técnica > Realizado por Ivo M. Ferreira • ​baseado no livro António Lobo Antunes, D’Este Viver Aqui Neste Papel Descripto, Cartas da Guerra, de organização Maria José e Joana Lobo Antunes • Argumento Ivo M. Ferreira, Edgar Medina • Fotografia João Ribeiro • Som Ricardo Leal • Decoração Nuno G. Mello • Guarda-roupa Lucha d’Orey •Caracterização Blue • Montagem Sandro Aguilar • Mistura Tiago Matos • Correcção de cor Paulo Américo • Direcção de produção Joaquim Carvalho • Co-produtores Georges Schoucair, Michel Merkt • Produtores Luís Urbano, Sandro Aguilar

P&B | 105’ | DCP • © O SOM E A FÚRIA 2016 | Vendas Internacionais The Match Factory

Fonte: O som e a fúria > Filmes > Cartas da guerra



1. Mensagem de Marta León, da produtora O Som e a Fúria

Data: 30 de junho de 2016 às 16:17

Assunto: Filme CARTAS DA GUERRA - Estreia em Setembro

 Boa tarde Sr. Luís Graça,


Vi que tem um blog Luís Graça & Camaradas da Guiné , que escreve também sobre a Guerra Colonial.

Contacto-o porque o filme CARTAS DA GUERRA de Ivo M. Ferreira, apresentado em estreia mundial na Competição Oficial da Berlinale 2016, terá estreia comercial em Portugal no dia 1 de Setembro 2016, e achamos que o filme é do interesse dos ex-combatentes do Ultramar.

Gostaria de saber se posso contar com a sua colaboração para divulgar o filme?

O filme estará em várias salas pelo país fora, portanto o mais simples será enviar-lhe uma lista das salas, assim que ela estiver fechada (julgo que será apenas durante o mês de Agosto).

Deixo-lhe abaixo todas as informações sobre o filme:

Sinopse: CARTAS DA GUERRA adapta uma obra do escritor António Lobo Antunes, composta por cartas que este escreveu à mulher, Maria José, durante o período em que esteve em serviço na Guerra Colonial [, em Angola,, 1970/72].

Longe de tudo que ama, escreve cartas à mulher à medida que se afunda num cenário de crescente violência. Enquanto percorre diversos aquartelamentos, apaixona-­se por África e amadurece politicamente.

A seu lado, uma geração desespera pelo regresso. Na incerteza dos acontecimentos de guerra, apenas as cartas o podem fazer sobreviver.

Link do trailer e imagens do filme:

http://osomeafuria.com/films/3/70/

Agradeço desde já a sua atenção e fico a aguardar o seu feedback. Se tiver alguma dúvida ou alguma sugestão, por favor, não hesite em contactar-me.

Cumprimentos,

Marta
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Marta León

O SOM E A FÚRIA
Av. Almirante Reis, 113 – 5º, Esc. 505
1150-014 Lisboa, PORTUGAL

tel +351 213 582 518  tel +351 919 299 133  fax +351 213 582 520
www.osomeafuria.com


2. Comentário de LG:

Olá, Marta, obrigado. Iremos dar o devido destaque ao filme... Vá estando em contacto connosco. Saudações. LG

3.  Resposta de  Marta León, com data de 1 do corrente:
 

Boa tarde, Luís Graça,

Obrigada pela sua rápida resposta e colaboração.

Assim que vá tendo novidades, informo-o! Peço-lhe que, se por acaso colocar alguma informação no seu blog ou na página facebook, me envie o link. Assim posso igualmente divulgá-lo nas nossas redes sociais.

Mais uma vez, muito obrigada pela sua disponibilidade.

Até breve, Marta

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de junho 2016 Guiné 63/74 - P16252: Agenda cultural (487): Mercado oitocentista e recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808): Lourinhã, Vimeiro, 15-17 de julho de 2016 (Eduardo Jorge Ferreira, sargento do RI 19, Vimeiro, 1808; ex-alf mil, PA, BA 12, Bissalanca, 1973/74)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16280: Convívios (760): Almoço/Encontro do pessoal da CART 564 (Guiné, 1963/65), dia 16 de Julho de 2016, em Paramos - Espinho (Júlio Santos, ex-1.º Cabo Escriturário)

1. A pedido do nosso camarada Júlio Santos, ex-1.º Cabo Escriturário da CART 564, estamos a divulgar o próximo Encontro do Pessoal da sua Unidade, a levar a efeito no próximo dia 16 de Julho de 2016, em Paramos - Espinho.




Almoço convívio dos ex-militares da CART 564

16 de Julho de 2016

Paramos - Espinho

O almoço decorrerá no Restaurante "Casarão do Emigrante", em Paramos, Espinho. (Junto ao Regimento de Engenharia 3).

Preço €16,00 por pessoa 

Marcações até 11 de Julho. 

Contacto:
Américo Loureiro - 964 024 918  e 227 330 800. 
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de julho de 2016 Guiné 63/74 - P16273: Convívios (759): Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, no próximo dia 21 de Julho, em Algés (Manuel Resende)

Guiné 63/74 - P16279: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXIII - Memórias do Victor Manuel Pereira Borges, 1º cabo, cantineiro e apontador do morteiro 81




In Histórias da CCAÇ 2533. Edição de Joaquim Lessa, tipografia Lessa, Maia, s/d, pp. 106.





1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas,  com fotografias). (*)

Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de meia centena de fotos). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta.

Temos a devida autorização do editor e autores para dar a  conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

O primeirop poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 25 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Tanto esta companhia como a minha CCAÇ 2590  (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..

Hoje reproduz-se o texto da autoria do ex-1ºcabo ap mort Victor Manuel Pereira Borges, cantineiro e apontador do morteiro 81 (pp. 103-106). Julgamos que as fotos também sejam dele. Recorde-se que a CCAÇ 2533 teve 3 baixas mortais, uma delas a do alf mil António da Fonseca Ambrósio, morto em combate, no corredor de Lamel, em 21/12/1970, e que é aqui evocado no texto a seguir.

Guiné 63/74 - P16278: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte II: Ainda o batizado da criança, de mãe libanesa, cujo almoço de festa foi em Bambadinca, para o qual foram convidados diversos militares da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12: o alf mil manut Ismael Augusto, o alf mil med Joaquim Vidal Saraiva, o alf mil at inf António Carlão, o fur mil SAM Silvino Carvalhal, e outros


Foto nº 1 > Bambadinca, em finais de 1969: almoço do batizado da criança da jovem mãe libanesa... Da direita para a esquerda, o alf mil manutenção Ismael Augusto, da CCS/BCAÇ 2852, o Fernando Andrade Sousa, 1º cabo aux enf, da CCAÇ 12, e o fur mil vagomesrte Silvino Aires Lopes Carvalhal, também da CCS (, vive em Vila Nova de Famalicão). Não sabemos quem seria  o quarto elemento,  civil ou militar. 


Foto nº 2 > O batismo da criança. Em primeiro plano, a professora dona Violete e a avó da criança


Foto nº 3 > Foto de grupo, tirada à porta da igreja de Bafatá: os padrinhos ao centro, nma segunda fila, o alf mil António Manuel Carlão e a prof primária dona Violete da Silva Aires (que segura a criança ao colo), tendo à sua esquerda, os pais. A mãe da criança era de origem libanesa, pertencente a um das conhecidas e respeitadas famílias libanesas de Bafatá. O pai devia ser um dos 7 comerciantes de Bambadinca.  Não sabemos se era português da metrópole. Os avós, não sabemos se maternos ou paternos, estão na última fila,  do direito, de óculos escuros. O padre, missionário, de Bafatá, está na primeira fila, no lado direito. Do lado oposto, estrá o nosso Fernando Andrade Sousa, um dos convidados militares para a festa...   O Joaquim Vidal Saraiva (alf mil médico, da CCS) é o segundo da última fila, de óculos escuros e boné, Há mais 3 militares, fardados, que não identificamos

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Batizado de um filho de um casal de comerciantes de Bambadinca, para o qual foram convidados vários militares da CCS/BCAÇ 2852 e da CCAÇ 12. Por volta de finais de 1969, A mãe da criança era libanesa, o pai possivelmente era dce origem portuguesa,

Foto: © Fernando Sousa (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf da CCAÇ 12, 1969/71), que vive na Trofa, foi futebolista e dirigente desportivo do Trofense,  e já organizou diversos convívios do pessoal de Bambadin ca deste tempo (1968/71). 

Deve ser o único totalista dos vinte e tal encontros já realizados desde o primeio, que foi em Fão, Esposende, em 19994, no restaurante do Carlão e da Helena. 

Está reformado da indústria têxtil. Entrou só recentemente para a Tabanca Grande.

Guiné 63/74 - P16277: Os nossos seres, saberes e lazeres (162): A pele de Tomar (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Tomei a maior parte destas imagens num dia muito especial, dia ensolarado de um Maio florido em que tive a felicidade de no cineteatro Paraíso descobrir a belíssima música do grupo Melech Mechaya.
Andava pelo centro histórico, parei diante da montra onde se anunciam os eventos do cineteatro e alguém recomendou à minha beira: "Se não conhece, é uma boa oportunidade para conhecer um grupo português que procura novos caminhos".
Esse alguém era o João Graça, e não foi necessário nova insistência. Foi uma alegria ver aqueles jovens talentosos premiados por uma sala em delírio, uma assistência que se iluminava com o vigor e a positividade daquela juventude em marcha.
Hoje acaba esta série sobre Tomar, mas estejam descansados que não me encosto às boxes. Tomar é merecedora de olhares poliédricos.

Um abraço do
Mário


A pele de Tomar (12)

Beja Santos

Com esta Primavera em flor, sinto-me revigorar, vou à cata de tecido celular desta cidade evanescente, de ventos uivantes, frios repentinos, calores desabridos. É hoje que ponho o termo a um modo de vistoriar detalhes, fulgências da história, parcelas patrimoniais que a rotina só deixa ver sem olhar. Olhem só esta tarde ainda ensolarada em que fui à Mata do Sete Montes, o passeio só tinha o firme propósito de ver floração, e ali perto de um daqueles tanques, agora vazios, dei-me com este pináculo de outras eras. É viajando na mira de encontrar estes detalhes preciosos que ganhamos para as surpresas. Vejam só outro sinal de outras eras embutido numa parede, quase em frente ao Mouchão, é preciso parar e para ler o que ele assinala. Esta Tomar é uma cidade de rincões ancestrais e, como o hábito faz o monge, não nos apercebemos deste benefício que são as pedras do Tempo.



Desculpem-me a insistência, mas este convento de Santa Iria anda a bulir com os meus sentimentos e, depois de o ter visitado e visto o escombro mas também as potencialidades que ele oferece, ali mesmo a beirar o Nabão, quero também incomodar-vos a consciência pespegando a sua imagem maquilhada, um disfarce para não se verem as mazelas, felizmente que quem escolheu as imagens tem brio tomarense, por ali anda um povo em marcha, vale a pena parar e imaginar o que pensariam estes nossos avoengos que olhassem esta beleza em derrocada.


Pergunto-me muitas vezes por que abrando o passo a namorar tanta porta e portada, não tenho resposta, não sou antropólogo nem urbanista, mas olho para estas portas com imenso elevo, a evidência de uma Tomar habitada, considerada, lugar de orgulho. Repito estas imagens à exaustão, são sempre diferentes, de acordo com a minha imaginação os seus proprietários são curadores, zeladores de um bonito passado indigno de maus tratos.



É por andar com o nariz no ar que ali, à esquina da Várzea Grande, topei com esta bela varanda, a alvura da parede onde se pousou um contrastante gato preto, uma varanda com garbo, diga-se de passagem, e, mais adiante, depois de idas e vindas uma janela bem recuperada um tanto ao jeito daquela urbanização henriquina, que deixou marcas. Digo e repito que me pespego muitas vezes frente a estes edifícios, medindo a largura das frontarias, o volume das janelas e como estas se equilibram harmonicamente com as portas de entrar e sair. Às vezes, noutras paragens, quando quero que Tomar me reacenda a memória tenho a dita de me aparecerem estas janelas, e logo sinto o imperativo de regressar.



Quando por aqui passo, assalta-me a nostalgia e a cobiça, convém esclarecer porquê. Estas gráficas e tipografias são hoje esqueletos, cavernas abandonadas, sinais de naufrágio. Como é que se pode ficar insensível a uma azulejaria tão viva, sabendo depois que é o derradeiro sinal de um cemitério ou barco abandonado? E cobiça, encho-me de amores por aquele prédio Arte Deco, tão discreto e tão pronto a receber obras e ser habitado.


Hoje despeço-me recordando que são os viajantes que acabam, a viagem é intemporal, porque os lugares como estes estão cheios de pele viva, a despeito de alguns sinais de que Tomar é uma cidade cabisbaixa. Despeço-me com uma imagem símbolo, como se estivesse a sair de Tomar e saudasse património mundial, a matriz fundadora da nossa pátria, a morada dos guerreiros monges, vilipendiados e execrados cujos bens reverteram para as naus do sonho henriquino. Por tudo quanto me dás, Tomar, num dia inesperado hei de voltar.


(FIM)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16247: Os nossos seres, saberes e lazeres (161): A pele de Tomar (11) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16276: Em busca de... (267): Alferes mil Serra, do Quartel General (Santa Luzia), com quem eu e outros jovens guineenses fizemos amizade e convivemos em 1972/73 no Café Império... Também trabalhei com (e fui amigo de) o Pepito, no DEPA, Contuboel e Caboxanque, entre 1980 e 1991 (Camilo Camussa, consultor independente, Bissau)


Guiné-Bissau > Bissau > 2001: Antiga avenida do Império (hoje avb Amílcar cabral):  ao fundo, o atual monumento aos heróis da independência (pra aça dos Heróis Nacionais) e, por detrás, o antigo palácio do Governador...  A seguir a este edif´cio. pimtado de vermelha, à direita, ficava o Café Império.

Foto: © David J. Guimarães (2005). Todos os direitos reservados



Guiné-Bissau > Bissau > 2000: Antiga Av do Império;   Café Império, que hoje já não deve existir (ou transformou-se numa padaria e pastelaria, segundo lemos algues). Era local de encontro de muitos militares, durante a guerra colonial.

Foto: © Albano Costa (2000). Todos os direitos reservados

A. Mensagem de Camilo Camussa, com data de ontem (*):


Muito obrigado pela resposta.


1. Quanto ao nosso  amigo Serra, a foto foi tirada na Santa Luzia [, antigo Quartel General,] atual Hotel 24 de Setembro ou Azzalai Hotel. (Quando digo nosso, éramos um grupo de estudantes com o qual ele se encontrava com a gente no Café Império,)

O Alferes Serra era oficial miliciano, conhecemo-nos no Café Império nos meados de 1972/74 e passávamos o tempo em minha casa ou nesse Café, depois saíamos para passear. Éramos 6 colegas;

(i) o Benvindo encontra-se em Argélia, é formado em Química Industrial;

(ii) o Armando Tcherno Djaló, o mais velho do grupo,  está reformado das finanças;

(iii) o Pedro Moreira Saído Embaló foi Governador da Região de Gabu, enfermeiro de profissão; 

(iv) Mamadu Candé, médico; (**)

e (v) Saliu Embaló encontra-se no Porto a trabalhar.




Guiné > Bissau > Santa Luzia > Quartel General > 17/2/1972 >  O alferes miliciano Serra. No verso da foto escreveu a seguinte dedicatória ao seu amigo Camilo Camussá:

" Comussa: Mesmo que um dia odeies o Tuga, recorda sempre este teu grande amigo e logo te sentirás conmtente. A paz é feita de cores e a amizade é composta de amor. Com um abraço do Serra".

Foto: © Camilo Camussa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Dos seis eu era o mais próximo como ativista [político], apoiado por alferes Serra (o nome com o qual era conhecido). Ele regresso no 25 de Abril ou uns meses antes do golpe em Portugal, porque eu e o Benvindo depois desse golpe fomos para o Gabu criar a JAAC [Juventude Africana Amílcar Cabral] e assistir ao hastear da Bandeira Nacional. 

Deixamos de ter contato com o Serra nos finais  de 73.

O Alferes Serra era um amigo, era uma pessoa que nos dava ideias sobre a evolução de outros continentes e outros povos. Daí os livros que eu lia muito e distribuía.

2. Em relação ao Pepito, foi meu Diretor (ele era o Diretor do DEPA Contuboel,  e DEPA Caboxanque onde eu era Diretor da Estação de Pesquisa Agronómica na zona de Mangrove).

Deixei o DEPA em 91 onde me transformei em consultor independente e criei [a ONGD] TINIGUENA com a Augusta Henrique, a AIFAS PALOP com Iancuba Indjai, a ADIM com Cuban Seck, e muitas organizações em Bissau. ´´

O Pepito não só foi meu chefe como foi sempre o meu amigo, o qual conheci em julho de 80, quando acabei a minha formação e regressei para Guiné, fui logo para Caboxanque onde fiquei 10 anos.

Espero ter podido responder as suas perguntas e que Deus nos ajude para que um dia eu possa dizer aos meus amigos de Bissau: “o Alferes Serra tá vivo ou senão é essa a sua família”. 

Um abraço e muito obrigado, Camilo Camussa.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16269: Em busca de... (266): Alferes mil Serra, que estava em Bissau em 17/2/1972, era meu amigo, e que me emprestava livros proibidos pela PIDE/DGS... Deu-me uma foto sua e escreveu no verso: "Mesmo que um dia odeies o Tuga, recorda sempre este teu grande amigo e logo te sentirás contente. A paz é feita de cores e a amizade é composta de amor" (Camilo Camussa, 62 anos, agroeconomista, Bissau)

(**) De acordo com a sua página no Facebook, (i) é Médico no Hospital 3 de Agosto, Bissau; (ii) Chefe da Clínica na Ministério da Saúde; (iii) trabalhou como médico no HNSM - Hospital Nacional Simão Mendes; (iv) formou-se  como médico estomatologista no Instituto Superior de Ciencias medicas de la Habana; (v) andou no Liceu Nacional Kwame N'Krumah; (vi) vive em Bissau; (vii) é casado; e (viii) natural do Gabu.

É amigo, no Facebook, do nosso Cherno Baldé.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16275: Recortes de imprensa (81): Salgueiro Maia (1944-1992) condecorado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (Diário de Notícias, 30 de junho de 2016)


Lisboa > Av Berna > Muro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa (FCSH / NOVA)> Destaque para a figura do cap cav Salgueiro Maia (comandante da CCAV 3420, Bula, 1971/73), nosso camarada da Guiné e que eu conheci pessoalmente no ano letivo de 1975/76 no então ISCPS - Instituto Superior de Ciências Políticas e Sociais, na Rua da Junqueira, onde fomos colegas, por um ano, no curso de licenciatura em Ciências Sociais e Políticas, embora sem qualquer relacionamento pessoal.

Na altura,. estupidamente (!), nem sequer me ocorreu falarmos da Guiné onde estivemos na guerra, embora em alturas e sítios  diferentes, e eu, de 1969/71, em Bambadinca, ele de 1971/73, em Bula ... Das vezes que nos cruzámos, recordo-o como um típico militar do QP,  de cavalaria, distante, reservado, e equidistante dos diferentes grupos estudantis de esquerda e extrema-esquerda que então imperavam no ISCSP. Alguns não lhe perdoavam a sua participação no 25 de novembro, e quase ninguém tinha distância "afetiva e efetiva" para antever o seu lugar na história de Portugal, enquanto operacional do 25 de abril (e do 25 de novembro). A crispação político-ideológica era então muito grande... Por outro lado, os portugueses, têm, de há muito, uma "relação bipolar" com os seus heróis... (mas também com os seus deuses, santos, diabos e diabretes; possivelmente, essa relação "bipolar", senão mesmo "esquizofrénica", é universal, está longe de ser exclusiva dos "tugas")...

Este mural resulta de um desafio  lançado pelo Instituto de História Contemporânea (IHC), unidade de investigação da FCSH/NOVA,  a que respondeu Vhils, co-fundador da plataforma Underdogs... o qual convidou mais quatro artistas (Miguel Januário, Frederico Draw, Diogo Machado e Gonçalo Ribeiro) para, em conjunto, pintarem o muro da Faculdade.  É uma visão (artística) do passado, o presente e o futuro do 25 de Abril de 1974.  O objectivo foi “mostrar como esta nova geração de artistas interpreta o 25 de Abril e como esta data influenciou as suas vidas”, afirmou na altura, em 2014,  Vhils, também conhecido por Alexandre Farto (n. Lisboa, 1987), e hoje já mundialmente famoso como artista da chamada "street art"  (Fonte: FCSH/UNL).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Passou despercebido, a muitos, em pleno campeonato europeu de futebol de 2016, o gesto do Presidente da República que no passado dia 30 de junho, atribuiu, a título póstumo, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique a Salgueiro Maia, "num gesto de 'reconhecimento da pátria portuguesa', dizendo que nunca é tarde para a 'reparação históricap' " (DN - Diário de Notícias, 30 de junho de 2016).

E continua o relato do evento:

"A viúva do capitão de Abril, Natércia Salgueiro Maia, que recebeu das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa esta condecoração, disse estar 'reconfortada pela decisão do senhor Presidente' e agradeceu-lhe, emocionada.

"O filho de Salgueiro Maia, Filipe, e a neta, Daniela, também estiveram presentes nesta cerimónia, que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

"Numa curta intervenção, de cerca de cinco minutos, o chefe de Estado apontou Salgueiro Maia como 0um exemplo' e defendeu que 'Portugal não é avaro em gratidão', embora isso possa acontecer tardiamente." (...)

"Natércia Salgueiro Maia considerou 'muitíssimo justas' as palavras do Presidente da República e recordou que passou com o marido 'momentos de alguma mágoa e tristeza pela forma como era tratado' (...)  'Algumas vezes ouvi-o desabafar: tratam-me como se eu fosse um traidor à pátria, então, que me julguem. Infelizmente, o meu marido já não está entre nós. Por ele, sinto-me reconfortada pela decisão do senhor Presidente em lhe atribuir esta condecoração. Muito obrigada", acrescentou.

 (...) "O chefe de Estado disse que Salgueiro Maia 'era um símbolo daquilo que é o português, cá dentro e lá fora, na sua humildade, na sua simplicidade, na sua abnegação, na sua dedicação à pátria'. (...) 'A excelência de Salgueiro Maia justifica esta homenagem singular. Por isso, vou ter a honra de entregar à sua família, pensando naqueles que são mais futuro do que nós somos, aquilo que é um reconhecimento da pátria portuguesa', concluiu.

"Natércia Salgueiro Maia quis estender esta homenagem a todos 'os implicados no 25 de Abril', utilizando uma expressão do seu marido. 'É um ato de justiça e de gratidão para com aqueles que, num gesto de grande coragem, deram o seu contributo para que hoje possamos viver em democracia. Salgueiro Maia amava o seu país, um Portugal que queria livre, mais justo e em que todos pudessem ter uma vida digna. Foi com este sonho que ele participou no 25 de Abril de 74', afirmou.

"Depois da entrega das insígnias, Natércia Salgueiro Maia e Marcelo Rebelo de Sousa abraçaram-se. O Presidente cumprimentou também de forma calorosa o filho e a neta do capitão de Abril.

"Em seguida, a família de Salgueiro Maia recebeu os cumprimentos do ministro da Defesa Nacional, do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, do presidente da Câmara Municipal de Santarém e de representantes das associações 25 de Abril, dos Deficientes das Forças Armadas, da Liga dos Combatentes e dos três ramos militares, que assistiram a esta cerimónia." 

(Fonte: Salgueiro Maia condecorado em gesto de "reparação histórica". Diário de Notícias, 30 de junho de 2016) (Com a devida vénia...)

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Nota do editor:

Último poste da sértie > 24 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16010 Recortes de imprensa (80): João Paulo Diniz (,que vai estar mais logo no Jornal da Meia Noite, da SIC Notícias, para relembrar o seu papel no 25 de abril): "As minhas melhores amizades são do tempo da Guiné, quando fui locutor do PFA - Programa das Forças Armadas, em Bissau, em 1970/72" (Excerto de entrevista, DN -Diário de Notícias, 30/8/2015)

Guiné 63/74 - P16274: Blogpoesia (458): Deram-me um par de botas e um número (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto do BCAÇ 3872)

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 30 de Junho de 2016:

Caros camaradas da Tabanca Grande
Em 9 de Junho de 1971 apresentei-me no CICA 4 em Coimbra, oito dias antes de fazer 21 anos e lá recebi as botas e o número mecanográfico, que ficou associado à arma, ao fardamento, até à mobilização.
Há coisa não costumamos associar.
Não são como a chuva e o guarda-chuva, nem como o casaco e o frio, mas estão ligadas ao que se passou e o que passámos.

Aproveito para agradecer a todos que me desejaram feliz aniversário.
A minha mudança de residência impediu de agradecer antes. Ainda me encontro sem internet e este email, acaba por ser enviado dum espaço comercial, que por aqui são são como cogumelos.
JA

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Era ainda Primavera
Deram-me um par de botas e um número
As botas eram pretas
O número era mecanográfico
Respondi sempre presente
As botas passaram a ser os meus pés
O número passou a ser o meu nome
111997/71 e botas, o mesmo destino.
Com elas pisei muitos caminhos
Combati o frio
Chafurdei na lama
Calquei torrões
Com elas galguei rios e mares
Saltei por cima da sorte macaca
Travei a fundo no medo
Saltei para chão desconhecido
Calquei o desespero
Pisei mato
Esmaguei insectos
Desci e subi porões.
3 anos depois, numa manhã radiosa
Com elas regressei,
Paguei ao sargento 5$00 para abater as botas ao efectivo.

O número mecanográfico, esse?
Simplesmente esqueceram-no para sempre

JA
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16266: Blogpoesia (457): Dois poemas sobre Aveiro (Francisco Gamelas, autor de "Outro olhar - Guiné 1971-1973", Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp.)

Guiné 63/74 - P16273: Convívios (759): Mais um Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, no próximo dia 21 de Julho, em Algés (Manuel Resende)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Resende (ex-alf mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71), com data de 2 de Julho de 2016:

Caro amigo Vinhal,
A pedido de Sua Exª. o nosso comandante Rosales, e dada a época de férias, cá estou eu a pedir o favor de publicares, logo que possível, o texto e a foto que seguem em anexo.
Desta vez convém substituir a foto do costume por esta, para evitar confusões.

Um abraço
Manuel Resende

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Pois é! Apesar do período de férias há sempre um grupo de indefectíveis que não larga o tacho. Em ouvindo falar de morfes, até são meninos (e meninas) para abandonarem a praia algarvia, ou a serra estrelada, ou ainda as colinas verdes do Minho que delimitam as margens de frescos rios, mesmo que sejam só regatos.

Num destes dias de recente data, em solicitação ao desejo antigo de uns confrades da região de Algés, S. Exa. deslocou-se àquela localidade para experimentar os sabores e a qualidade do serviço almoçareiro em conhecido estabelecimento que domina o jardim. E não almoçou só, pois foi acolitado por alguns magníficos da melhor estirpe, segundo uma informação secreta que me chegou ao conhecimento. Compunha-se a comitiva, de S. Exa., obviamente, do Manuel Resende, que é homem de grandes recursos tecnológicos; do Armando Pires, que ganhou justa fama nas lides radiofónicas e nas profundezas onde se canta o fado; o Zé Rodrigues e o Luís Paulino que funcionou como condutor desta tropa ao lugar do armistício.

É que segundo a mesma notícia, S. Exa. gostou do que comeu e do que viu (embora não se tenha pronunciado sobre esta última vertente), e quando S. Exa. gosta, ai de quem não goste, de quem se atreva a fazer-lhe oposição, e eu concordo, porque um chefe é um líder, e todos sabemos que a liderança não se discute, engraxa-se.

Ora, decidida a escolha de um prato com afinidades ao que se comeu na Guiné durante os longos meses ali passados, e porque S. Exa. já não mostrava paciência para ler e confrontar a lista refeiçoeira, ficou decidido que vai ser servido um extraordinário arroz de garoupa.  

Será no dia 21, pelas 12H30 no local representado por uma fotografia publicitária, na Praça de Algés, onde dão a volta os eléctricos que não prolongam a viagem. O preço ajustado é de 18,50 euros, já com o IVA reduzido. 

Morada completa: CARAVELA DE OURO - Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés)

As inscrições estão abertas, e devem ser feitas através de:
jorge.v.rosales@gmail.com;
manuel.resende8@gmail.com;
através do grupo do Facebook: A MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA;
em comentário aqui neste Blog: Luís Graça .....;
telefone: 914 421 882 - de S. Exa. o Senhor Comandante;
telefone: 919 458 210 - do chefe dos recursos tecnológicos;

Eu, moi, vou de férias, e já estou a tentar renegociar esse justo período de descanso, com vista ao prolongamento até ao fim do mês.

Abraços fraternos, e bom apetite.
JD
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de Julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16270: Convívios (758): Encontro do pessoal das CCAÇ 16 e CCAÇ 3461, com imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas, levado a efeito no passado dia 25 de Junho, nas instalações da Brigada de Intervenção de Coimbra (António Branco)

Guiné 63/74 - P16272: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte V: (Des)encontros... E em louvor das velhas Daimlers, que a sorte protege... quem tem olhinhos!



Foto nº 26 > Fevereiro de 1973 – Chegada de Caió. Na segunda fotografia é visível o 1º cabo apontador Manuel Lucas.


Foto nº 25 > Fevereiro de 1973  A chegada de Caió


Foto nº 25  > Fevereiro de 1973  A chegada de Caió


Foto nº 29 > Outubro de 1972  – Uma nativa manjaca que encontrei a caminho da bolanha

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Foto nº 30 > Outubro de 1972  – Uma nativa manjaca que encontrei a caminho da bolanha.


Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73)


Fotos (e legendas): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73), adido ao BCAÇ 3863 (1971/73) [foto atual à direita] (*).

Francisco Gamelas, que é engenheiro eletrotécnico de formação quadro superior da PT Inovação reformado, vive em Aveiro, e publicou recentemente "Outro olhar - Guiné 1971-1973" (Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust;  p.reço de capa 12,50 €).

Os interessados podem encomendá-lo ao autor através do seu email pessoal franciscogamelas@sapo.pt. O design é da arquiteta Beatriz Ribau Pimenta, a partir da foto. nº 29. Tiragem: 150 exemplares. Impressão e acabamento: Grafigamelas, Lda, Esgueira, Aveiro.


Poema >"Tarefas do Pelotão Daimler"


Rolando sobre a estrada
a abrir e a fechar
colunas civis ou militares,
éramos a força esperada,
metralhadora pronta a cantar
ao desafio os seus cantares.

Impunham algum respeito
estas massas de ferro circulante
armadas e brutas
nem que fosse pelo efeito
grotesco de velho ruminante
sobrevivente de esquecidas lutas.




Nos caminhos com tapete de alcatrão
rumo ao Cacheu e ao Pelundo,
por vezes até ao João Landim,
exibíamos o nosso vozeirão,
rouco, feroz e profundo,
num faz de conta de interim.

Nas visitas dos senhores do pdoer
às terras das redondezas
éramos presença obrigatória
não fosse chegar e não ver
o aparato a garantir certezas
dum final feliz para a sua estória.

Durante a noite, após o pôr do sol,
todos os dias do ano
fazíamos a ronda ao povoado
em passo de caracol«.
Por vezes, e não seria por engano,
a inquietação subia pelo grupo apeado.

Em situações menos comuns,
aataques e flagelações a aldeamentos,
recuperação de mortos e feridos,
pesem embora todos os zuns zuns,
lá íamos acudir aos sofrimentos
dos irmãos de armas combalidos.

O pelotão era da arma de cavalaria.
Foi integrado, adjunto à CSS,
num batalhão de infantaria.
A sua relativa independência,
graças à sua competência,
foi mantida sem grande stress.

"A sorte protege os audazes".
Assim rezava a divisa dos comandos.
A sorte protege quem tem olhinhos,
respondiam, entre dentes, mordazes,
os soldados de costumes brandos,
para quem os tomavam por anjinhos.

In: Francisco Gamelas - Outro olhar: Guiné 1971-1973. 
Aveiro, 2016, ed. de autor, pp. 29-31
(Reproduzido com a devida vénia).

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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16271: (Ex)citações (311): A Guiné, a sua circunstância e a minha resposta à “porrada” do António J. P. Costa*… (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705,  Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), com data de hoje, 4 de Julho de 2016:


A Guiné, a sua circunstância e a minha resposta à “porrada” do António J. P. Costa*…

Começo por declarar que qualquer semelhança entre o meu “saber” militar e o do camarada Pereira da Costa será pura coincidência. Esta controversiazinha, não obstante algo acalorada, constitui uma espécie de jogo floral, mesclado de amador, profissional, divisas, galões, teses e antíteses românticas e racionalistas, sem infringir o “RDM” da nossa Tabanca Grande…

Assentei praça no CISMI, em Tavira, em meados de Agosto e sai em 20 de Dezembro de 1963, com o posto de cabo miliciano de Infantaria, aprovado pelo Exército como tirocinado nas ciências e artes da guerra - em apenas 4 meses! - e de patente superior ao do nosso bem conhecido Hitler, que andou 5 anos na tropa e não passou de 1º cabo “chico” – “conhecimento” suficiente para se alcandorar a patrão da maior guerra sofrida pela Humanidade e a seu comandante supremo…

Pela contumácia em recorrer aos seus milicianos como “meninos-prodígio”, mas apenas para efeitos da guerra do Ultramar, o Exército comprará uma guerra à sua numerosa e “ciumenta” classe dos capitães…

Dos meus 3 anos de vida gastos na grandeza e servidão militar, 2 foram consumidos na guerra da Guiné, recorrente no desempenho das funções de oficial (os inferiores eram obrigados a desempenhar funções dos superiores e os superiores não eram obrigados a desempenhar as funções dos inferiores…), sem nunca me rever nem na profissão militar nem na de funcionário público. Feitios.

Fui terminar no Leste a minha guerra na Guiné, a comandar a guarnição do pontão de Camajabá (um “corpo de exército” com uma dúzia de metropolitanos e alguns naturais milícias…), enquanto o camarada Pereira da Costa, julgo eu, terá terminado a sua a comandar o efectivo de 2.170 militares das Forças Terrestres, embarcados em Bissau, em Outubro de 1974, nos navios UÍGE e NIASSA -, “os últimos dos moicanos”, a cumprir, com 10 anos de atraso, a profecia de Amílcar Cabral, que em 1965 ouvira em Cufar, da boca radiofónica do Manuel Alegre, de que a soberania portuguesa na Guiné estava limitada a Bissau e Safim – à ilha de Bissau…

Meia dúzia de anos após a província ter mudado para República da Guiné-Bissau, o destino fez-me voltar a pisar o seu chão avermelhado da Guiné, admirar o seu manto de verdura tropical, cores comuns às bandeiras dos dois países, e repetiram-se os arrepios na espinha, ao ver em carne e osso os que nos haviam infernizado a vida…

Olhe, quanto às dificuldades em Portugal manter o “espaço estratégico” conquistado, documentadas pela história, evoco o caso dos “velhos do Restelo”: tiveram de esperar 500 anos para ter razão…

Quanto à “rija têmpera” dos portugueses de outras eras, sobre a terra e sobre o mar, atente-se nas suas consequências, pelas margens do Atlântico, do Índico e até do Árctico; além de Os Lusíades, li o aludido livro do Coronel Sales Golias, a sua substância recomenda-o, e vou lendo os livros que lhes vêm sendo dedicados por reputados académicos e historiadores estrangeiros, fascinados pela coragem e ousadia deles (que partilho) - “nunca tão poucos fizeram tanto” – ante a sua grandeza humana e de militares portugueses, como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Nuno Tristão, Bartolomeu Dias, Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque…

Quanto da decadência de Portugal de Império a “Pobregal”, do nosso resgate como país devedor e falido, imposto pelos seus credores, da nossa sujeição a “programas de assistência externa”, não a repercutem o tempo e o modo do abandono do Ultramar?

Ouçamos os números e a sua eloquência: o Banco de Portugal atesta que 1974 foi o ano do pico das nossas reservas de divisas (12 meses de cobertura das importações) e de ouro (900 T). E ainda havia as reservas do saco azul do “Fundo do Ultramar”, cujo dinheiro vivo o tornará suspeito de provocar a queda do avião de Sá Carneiro e Amaro da Costa, tendo financiado a manobra que redundou na “cilada” aos malogrados três majores, tombados inermes no chão manjaco (16.000 contos! e também financiado a separação de Cabo Verde de Portugal …

De facto, os ingleses vieram em nossa ajuda, em 1385 e em 1640; mas quanto às invasões francesas, não só exorbitaram na conta dos serviços prestados, como também o seu comandante-chefe em Portugal, general Darymple, - que se relacionara com a Guiné, quando da tentativa da usurpação de Bolama pela Inglaterra – premiou a invasão de Soult com o saque dos nossos tesouros, autorizando a sua estiva nos barcos que cedera para se pirarem daqui, no contexto dessa cínica “Convenção de Sintra”. Só na Sé de Braga roubaram 14 carroças de ouro e prata! E continuaram por cá a exigência dos seus interesses, para impedir que fossem excluídos da Europa por Napoleão – um “brexit” ao contrário. E sob o seu protectorado, com D. João VI emigrado em Copacabana, o marechal Beresford, nosso “protector” residente, não quererá que a Espanha nos devolva Olivença, uma pendência a servir de contrabalanço à situação de Gibraltar…

Eu invoco a longevidade de Portugal, o seu reconhecimento secular como país, a sua aceitação e participação em todas as instituições de Direito internacional, em reiteração da minha indignação dirigida ao Major Melo Antunes e incertos (curvo-me à sua memória), por, enquanto ideólogo do MFA, haver discriminado o seu país pela negativa. Enquanto o Programa do MFA outorgou a liberdade ao Ultramar com a retirada simples e rápida das nossas armas e barões, sem outros condicionalismos ou formalidades, condicionou a sua outorga a Portugal europeu, fazendo-nos esperar um ano para esta assembleia, outro ano para aqueloutra assembleia e ao tutelá-la por um Conselho da Revolução – uma espécie de “troika”, do Exército, Marinha e Força Aérea.

A insustentável leveza ou a verdura política do MFA? …

Sendo a Democracia grande e o MFA o seu profeta, nesse ano libertador de 1974, quantos estados, da centena acreditada pela ONU, contava como democráticos? E, para alinhar com o PAIGC, MPLA e FRELIMO, alguma vez viu consignado nas suas cartilhas constituintes o direito dos seus povos – uma cabeça, um voto?

Quando senhores absolutos da independência, como únicos beneficiários de uma cedência pura e simples, esses partidos-armados ultramarinos mostraram a sua alergia à essência democrática e desembaraçaram-se pela transubstanciação das guerras coloniais dos portugueses nas suas guerras civis. Porquê? A “Descolonização exemplar”, enquanto geringonça, não tecera as malhas da liberdade…

Chegados a 1973, o desgaste físico e psicológico, consequência da usura combativa, atingira o pico, nos dois campos da guerra da Guiné e a desistência do PAIGC tornara-se expectável, não por indigência de armamento, mas pelo seu acumular de cansaço, frustrações e escassez de recrutamento. Os seus quadros militares carregavam 12 anos de luta ininterrupta no mato, na total indigência de conforto, sem escalas de rotatividade ou de comissões de serviço, ao passo que, do lado contrário, muito mais numerosos, poucos ultrapassariam as três comissões. Foi nessa conjuntura que o MFA veio em sua salvação…

Intuitivo e oportuno, o golpe do MFA de Bissau, em 26 de Abril, naquele momento crucial da guerra? Claro, como “corda para se enforcar” ou como tributário da derrota, comprovadamente.

Foi golpe, mas executado com elevação, e se a História lhe negar a razão, concede-lhe uma atenuante: a cabeça do General Bethencourt estava condenada a rolar, por haver elaborado um relatório nada abonatório para o desempenho do General Spínola, a partir das eleições presidenciais de 1972, que explicaria a escalada atingida pela guerra. Mas tanto vale o diabo como a mãe: gerado pela guerra e nascido na Guiné, o MFA tinha como pai nutrício o General Spínola…

O IN é sigla de guerra e não de política, a independência será o óptimo, mas o bom teria sido que o seu caminho fosse progredindo pela autodeterminação. Mas o bom teve sempre o óptimo como inimigo.

A guerra da Guiné não passava de confrontação das incompatibilidades político-ideológicas da época. Como a guerra é a realização da política por outros meios, a missão cometida às NT na Guiné exterminadora, o PAIGC era o seu IN, apenas para lhe obstar a sua expansão, por ser partido-armado, de matriz marxista, estereótipo da destabilização do ideário conservador do regime e do “status” geoestratégico da guerra fria. O MFA fez baixar as espadas e o contrário acontecerá em todo o lado, Lisboa incluída, entre Setembro de 1974 e 25 de Novembro de 1975.

Os tácticos e os treinadores de bancada acertam os resultados após os desafios, limito-me a evocar a alegoria da autoria de Napoleão: - As baionetas servem para tudo, menos para nos sentarmos.

No respeitante ao Portugal imperial e colonialista, os portugueses devem orgulhar-se de criadores do primeiro império global do mundo e eu orgulho-me de seu cidadão. Até neste blogue são revelados africanos e das quatro partidas do mundo, a manifestar orgulho de colonizados pelos portugueses. Também fomos colonizados e os nossos antepassados terão sido mais felizes sob o colonialismo grego, romano e mouro que sob o dos suevos e visigodos…

As ondas de refugiados evidenciam um dos muitos efeitos para a descolonização da África, no tempo e pelo seu modo, ser escrutinada como o maior erro político da Europa.

Pessoa comum, nas minhas andanças pelo mundo das pessoas comuns, o motejo de “colonialista”, por parte dos invejosos, por não o terem sido, nunca me magoou; magoava-me sim, e muito, o motejo vindo dos que o foram (espanhóis, franceses, ingleses, belgas, holandeses e alemães), por distinguir a Descolonização portuguesa como de… idiotas!

Claro que os actores do aludido golpe de Bissau teriam sido arguidos de “desobediência grave” e de “usurpação de funções” se o caso fosse sujeito ao escrutínio de um tribunal; ele fora executado sem mandato, nem cobertura da nova ordem. O MFA, enquanto enformado de eficiência, na tarde desse mesmo dia 25 empossou o PR e seu comandante supremo (Spínola), o seu Chefe máximo profissional (Costa Gomes) e os seus Chefes operacionais (JSN/chefes dos EM´s dos 3 ramos). Estou a avocar acontecimentos e juízos de valor e não a “escrutinar” a integridade e a rectidão de intenções da gloriosa malta do MFA.

Portugal tem responsabilidade no caminho que a Guiné-Bissau foi fazendo, até chegar a Estado falhado? Sim, mas repartida com Amílcar Cabral e com o seu PAIGC, em razão das suas utopias genesíacas e criatividade fantasista, com a Comunidade internacional, que as alimentou e engordou, e com o seu processo de descolonização que, talvez por deformação profissional dos seus promotores e actores, apenas deu ouvidos aos que a disputavam a tiro. Até Salazar descera da sua tradicional casmurrice, para dialogar a futura autodeterminação da Guiné com Benjamim Pinto Bull e a sua FLING!

São as nações que fazem exércitos e não o inverso, jurisprudência emitida por outrem. O PAIGC apregoava ter libertado “dois terços” da Guiné, logo no primeiro ano da guerra, mas os indicadores dizem, a quem quiser, que a Guiné continuou a progredir social e economicamente, em todo o seu território, como nação, sem registar colapsos nem vacaturas na sua orgânica funcional. Deixou de funcionar, com o abandono dos portugueses? O senhor de La Palisse deduziria: se ficou o vazio, é porque o PAIGC nunca ocupou…

Para onde queria ir a Nação portuguesa com o Exército que produziu? Que este não falhasse, nem na realização da sua secular vocação, nem no cumprimento do seu dever. Como caçador inveterado, se me perguntar como é que um bando de perdizes, na serra de Mértola, consegue escapar a uma linha de 5 perseguidores armados, apoiados pela matilha de uma dúzia de cães, eu saberei explicar; mas, como “militar amador”, já não saberei explicar como é que cerca de 4.000 militares do PAIGC, controlando cerca de 10 º/º da população, conseguiriam correr a tiro cerca de 45.000 militares portugueses, que controlavam os 90 º/º!

A História demonstrará que, relativamente à guerra do Ultramar, ao 25 de Abril e à Descolonização, só os soldados é que não falharam …

Sobre a crise de Guileje, o blogue constituiu-se manancial de testemunhos vivos, feitos pelos que a protagonizaram.

Como se reage ao fogo da artilharia do IN, de alcance superior ao nosso? Contra os canhões abrigar! Abrigar! Abrigar!...

O que impiedoso conterá a curiosidade em saber da falta de exploração da água, no perímetro de segurança daquele aquartelamento, em cuja demanda o IN se foi saciando de vítimas? Desde os tempos imemoriais que os exércitos só se instalavam em locais com água. Veja-se os castros do Calcolítico (de há 5 mil anos), cujos vestígios chegaram até nós: todos levantados na proximidade à água...

A crise de Gadamael e a sua circunstância: neste blogue abundam registos vivos das grandezas e misérias da condição militar de protagonistas desse acontecimento. No referente à crise de Guidaje, “a mãe de todas as batalhas” que o PAIGC falhou no seu rumo a Bissau, não resisto a evocar, “ad homine”, o exemplo ético-militar de um futuro operacional do MFA - o Tenente-coronel Correia de Campos.

Na Guiné não viu os 500 anos da sua construção, à portuguesa? Então, a sua realidade geográfica, social e administrativa? O crioulo e a sua língua oficial? Os seus equipamentos sociais de raiz? Os seculares fortes da Amura e do Cacheu? Os mulatos e as “cabritinhas” de invenção portuguesa? E o próprio Amílcar Cabral, fruto da nossa colonização ou do nosso colonialismo? Quanto ao nível dessa colonização, deveremos ter em conta os factores da sua fama de cemitério de colonos, que Portugal privilegiava as descobertas e o comércio à ocupação, e só entrou no “Colonialismo moderno”, por imposição da famigerada Conferência de Berlim. Sou um rural minhoto e, para além dos tiros, minas e granadas, vi uma Guiné mais modesta que pobre, com salários mais elevados, o seu nível de vida equiparável, mas uma ambiência de liberdade muito superior ao do Minho, com os seus 900 anos de portugalidade.

Quantos países da Europa têm mais de 500 anos? Julgo que apenas Portugal e a Inglaterra. Portugal não contraíra compromissos com os guinéus? No meu tempo, pelo menos estes: a sua protecção e defesa; a sua elevação a portugueses; e a sua educação e desenvolvimento, segundo os padrões europeístas.

Felizmente, subsistem testemunhas vivas e registos dos que já partiram, desses monólogos impositivos de “negativo, vão-se embora da Guiné!”, de José Araújo e Pedro Pires, no papel de negociadores plenipotenciários, ao mesmo tempo que este último sancionava humilhantes ultimatos às NT das guarnições fronteiriças. Relativamente à alteridade da conta do MFA, o Coronel Sales Golias explicita no aludido livro, com sinceridade: os partidos/correntes de opinião, MDG, do dr. Baticã Ferreira; LPG, do dr. Nicolau Gomes; a FLING, do dr. François Mendes; o movimento CJUPP, do dr. Francisco Fadul e o movimento cívico e sem sigla do dr. Gardete Ferreira, apressaram-se a requerer a sua legalização junto do MFA. O PAIGC não só não requereu a sua legalização como, arrogado em virgem pudica, imporá o encerramento das sedes e a sua dissolução, acusando-os de receber apoio do Senegal…. E, logo que recebeu o poder, meteu na cadeia de presos de delito comum o dr. Gardete Correia, médico muito estimado pelos guinéus e autoridade mundial no combate à tripanossomíase, assim como algumas dezenas de guinéus notáveis, sem qualquer processo de acusação nem julgamento.

Aparte a idade dos países, além de ter sido “militar amador” ocupo-me agora como “amador de história”, Portugal “legal” tem 1200 anos idade e sou a partilhar o seu “cartão de país”. Ganhamos a entidade política e administrativa no tempo do rei de Leão Ramiro II, como “Terra Portucalense”; a de “Condado Portucalense”, no tempo do imperador Afonso VII de Leão e Castela; a de “Condado de Portugal”, com a sua doação à filha D. Teresa; ascendemos a Reino de Portugal, pela revolução do “25 de Junho” de 1128, de D. Afonso Henriques; ganhamos o reconhecimento de Direito internacional em 1179, pela bula papal “Manifestis probatum”... Portugal apoiou a fundação da ONU, em 1945, que, por ter sido formatada à medida dos “4 Grandes”, viu a sua admissão postergada pela URSS, durante 10 anos, sob o pretexto de haver interagido com Mussolini, Hitler e interagir com Franco. Ora, o sócio de Hitler e de Mussolini, no desencadeamento da II Guerra mundial e da destruição da Europa foi Estaline e a sua URSS! Salazar apenas fizera um negócio com Franco: - Ajudo a tua guerra civil e devolves Olivença. - Salazar cumpriu, mas Franco roeu a corda. E entrou para a NATO ao mesmo tempo dos Estados Unidos.

Relativamente à alta, média e baixa densidade dessa guerra, voltamos à eloquência das estatísticas: nos seus 12 anos de guerra, o total das baixas na Guiné correspondem a cerca 1/7 das baixas sofridas pelo CEP, logo no primeiro dia da Batalha de La Lys; para lançar os cercos e as 220 flagelações aos “3 Gs”, o PAIGC recorreu à “retracção” dos seus militares e, durante esse período, os seus actos bélicos no interior passaram da média mensal de 220, visando 225 objectivos, para 20, visando os outros 221; a reacção das NT não afectação os efectivos do seu dispositivo, além do azar da CCav. 3420, do capitão Salgueiro Maia, que viram cancelado o embarque e foram dar com o costado a Guidaje – outro factor genesíaco do MFA.

As NT actuavam globalmente, pela interacção do Exército, Marinha e Força Aérea. O PAIGC dispunha de bom e diversificado armamento, designadamente pesado, uma eficiente e operativa guerrilha no terreno, meia dúzia de “corpos de exército”, em regra acantonados no estrangeiro, mas não tinha aviação e, terra de rios e ilhas, não tinha marinha, afundada pela malta da Operação Mar Verde, tendo de ser refundada pelo Comodoro Almeida d´Eça, comandante da Defesa Marítima da Guiné Portuguesa, em Outubro de 1974, dotada com meios navais cedidos pelo MFA…

Quanto à comunização da Língua portuguesa, evoco Amílcar Cabral: - Dos portugueses não precisamos de nada; apenas a sua a Língua…

Falta-me uma declaração: avizinhei-me do MFA com o Congresso dos Combatentes e distanciei-me, com a descolonização da Guiné, e manifesto o meu apreço à corajosa autocrítica de muitos dos seus actores.

Retribuo o abraço de camarada ao Tozé, faça o favor de ser feliz e desculpe lá qualquer coisinha…

Manuel Luís Lomba
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 29 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16248: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (18): Resposta ao Manuel Luís Lomba

Último poste da série de 1 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16257: (Ex)citações (310): Apreciação do texto do Poste 16248 de António José Pereira da Costa (José Manuel Matos Dinis)