terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16888: Camaradas da diáspora (14): Amigos, por aqui, aos trancos e barrancos mas metendo o peito... (Augusto Mota, Brasil)

1. Mensagem de Augusto Mota, com data de 22 do corrente:



[foto à esquerda: ex-1º cabo, Grupo Material e Segurança Cripto (Bissau, QG, CTIG, 1963/66); viveu em Bissau até 1974,  e depois no Brasil, até hoje; natural do Porto, tem a dupla nacionalidade: é o nosso grã-tabanqueiro nº 6«726, desde 6/9/2016] (*)

Amigos, por aqui, aos trancos e barrancos mas metendo o peito.

Quero apenas agradecer a paciência que tiveram comigo ao longo do ano que agora se vai.
FELICIDADES para vocês no ano que se avizinha.
Dos alforges em um velho baú, mando alguns rabiscos...

Um abraço para todos! (**)
Mota

O SERTANEJO

por Augusto Mota

Lá na casa de taipa onde nasceu,
grosseira, velha,
triste,
poeirenta,
parida pelo chão seco,
nativo...

Nada de pilão.
Pau-a-pique nu,
suado
por mãos calejadas,
rudes,
duras,
sofridas,
mãos cansadas...

à porta, dizia,
dessa casa miserável,
isolada,
espraia o olhar pela imensidão
despida,
aguardando a noite

- ASSUSTADORA!

Pavorosa!
Noite de preces,
de murmúrios,
de silêncios que
gritos esfrangalham,
arautos da morte
e sua corte,
clamores desvairados
de impotência,
brados de insanidade,
uivos de agonia...

Naquela condição de
alma perdida,
aborto inesperado,
assustador,
submisso ao cansaço,
à desilusão,
pensa e repensa
em seus pedaços perdidos
por entre duendes,
relíquias,
fantasias,
orgasmos desvairados.

                                         - TUDO EM VÃO!

Ali
sepultou o pai, amargurado,
ali, também,
aquela a quem rasgou o ventre minguado...


- MAS MINHA MÃE, DEUS!
SUBLIME, ABNEGADA...
QUANTOS PECADOS DELA,
SIM!...
SÃO SEUS?...


Mais além,
naquele mato ressequido
de pontas para o céu
vermelho brasa,
jaz o filho famélico,
mirrado,
que o sol inclemente despia,
enlutava os olhos desmedidos,
quebrava a pele,
escravizava,
dominava...
até quedar de mãos abertas,

- SUPLICANTES!

apanágio desta terra madrasta de seus filhos.

A mulher o sepultou,
muda e mecânica,
guardando a dor no olhar
desesperado,
desvairado,
acusador...

Olha as gretas no solo
como veias...
são toalhas rendilhadas no capricho
por bruxas que pululam sorridentes.

- AQUI SATÃ FESTEJA SEUS DELÍRIOS
E DEUS RECOLHE AS PRECES DOS FINADOS!

Tudo quanto é vivo se apressa neste
satânico terreiro
onde mirabolantes vultos dançam,
pulam, festejam um
momento derradeiro...

Morreu a plantação
já faz tempo.
tinha um bode que vendeu,
chorou o jumento...
a léguas a caveira da vaquinha...

Xiquexique não tem mais.
Macambira,
Mandacaru,
Palma,
qualquer raiz...
a seca matou rato e urubu,
calango,
porco espinho e tatu...
restou sua loucura para alimentar
a teimosia
e a boca de palavras entupida.
Dizem velhos vizinhos de infortúnio:


- DEUS ASSIM O QUER.
                                          É NOSSO DESTINO.

                                          - QUE JUSTIÇA GRANDIOSA SERÁ ESSA
                                          QUE DÁ VIDA,
                                          QUE MATA,
                                          FAZ SOFRER?!...

QUE PAI É ESSE DE UM FILHO INOCENTE
QUE AFINAL NEM PEDIU PARA
NASCER?!...
QUE SÁDICO IMPRESTÁVEL
SE SATISFAZ
SOBRE A BRUTA NATUREZA?!...

Ao despertar,
sol matinal,
cenário de Dali.
Tela grotesca,
mágoa ,

- HUMILHAÇÃO.

Segue arquejando
pelo caminho imenso
tal braseiro inclemente,
tenebroso.
Sobraçando a enxada,
ossudo,esquálido,
esfarrapado,
sujo, 
débil,
pálido,
busca um local onde cavar.
Não a última morada de seus ossos
mas uma cova de onde brote
a vida.
Um barreiro milagroso
em que gente e bicho
comunguem na terra.

Pertinho dum juazeiro paladino,
senhoril,
seco mas imponente,
majestoso,
que ninguém sabe como ali nasceu...
vovô dizia:
- aqui corria um rio...

lança o ferro ao solo.
Cava, esburaca,
fura sem parar.
Ao lado,
de olhar mortiço,
lazarento,
o cachorro.
Um amigo da infância,
fiel até nas desventuras.
Alimenta-se com a própria fome...

enquanto o sol
hercúleo, vil, gigante,
aquele mesmo que mata e consola,
que nos alegra,
humilha,

- VIOLA...


brutal e fero cobre suas costas...


- NERO RESSUSCITOU NESTE SERTÃO!


desfere golpes, golpeia a terra
seca.
Há labaredas no aço da enxada...

Esta terra que tanto tem de valioso,
petróleo,
ouro,
turmalina,
água-marinha,
feldspato,
lítio e diamante ,
não tem, afinal, nada.
Não tem da vida o mais

- IM – POR – TAN – TE!!!...

E quando o desalento
o toma de loucura,
desnorteia
a mente conturbada,
surge então uma gotinha
que a terra sorve,
pingo de suor,
sangue,
até de lágrimas...
num frenesim de raiva,

- DESVARIO,

Cava mais forte,
cava mais profundo,
teimoso
sem parelha neste mundo,
quando então, o barreiro

- NASCE,
CHORA!

Por entre aquela terra
calcinada,
aparece uma sombra de umidade
que lentamente veste a cor do barro.

Cai de joelhos
e, molhando a boca
sôfrega, gretada,
aquele herói
surrado do sertão
apenas balbucia:

- Á G U A ! ! !


augusto mota
Vertentes do Lério

11/1990 
_______________

Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

6 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16452: Tabanca Grande (493): Augusto Mota, grã-tabanqueiro nº 726... Especialista em material de segurança cripto (Quartel General, CTIG, Bissau, 1963/66), gerente comercial da Casa Campião em Bissau, agente do Totobola (SCML), agente e correspondente do "Expresso" e de outros jornais e revistas, livreiro, animador cultural, português da diáspora a viver no Brasil há mais de 40 anos...

8 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16465: Tabanca Grande (493): Augusto Mota, nascido no Porto, a viver no Brasil há mais de 40 anos, grã-tabanqueiro nº 726: "Não fui Cabo Cripto, fui sim do Grupo de Material e Segurança Cripto: éramos cinco a trabalhar num 'cofre' [bunker], no Quartel General, em Bissau (1963/66)... Já não me lembro do nome desses camaradas"... (E, depois como civil, até 1974, foi o homem dos sete ofícios!)

12 de setembro de 2016 >Guiné 63/74 - P16477: História de vida (11): Augusto Mota: nasceu no Porto, começou a trabalhar aos 10 anos, foi 1º cabo do Grupo Material e Segurança Cripto (Bissau, 1963/66), foi homem dos 7 ofícios em Bissau, como civil, foi para o Brasil em 1974, tem hoje dupla nacionalidade, tendo-se formado em ciências económicas... Trabalhou como gerente de empresas, foi empresário, entrou por concurso para a função pública, está reformado...

7 de outubro de  2016 > Guiné 63/74 - P16570: Blogpoesia (473): Peregrinação (Augusto Mota, camarada da diáspora no Brasil; ex-1º cabo, Grupo Material e Segurança Cripo , Bissau, QG, CTIG, 1963/66)

(**) Último psote da série > 23 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16874: Camaradas da diáspora (13): O ativista João Crisóstomo (EUA) visitou a nossa Tabanca Grande... e já tem causas para o ano de 2017... Um delas é a continuação das celebrações dos 225 anos do Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque... Para ele e a Vilma, desejamos "Merry Christmas and Happy New Year".. Mas também para o Eduardo Jorge e a São que desta vez foram consoar para Londres...(O que os pais fazem pelos filhos, camaradas!)

Guiné 63/74 - P16887: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (22): Anabela Pires, amiga grã-tabanqueira e "globetrotter"


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 22 de Janeiro de 2012 > A Anabela Pires, bendita entre as mulheres...

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento / Pepito (2012). Todos os direitos reservados [ Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem natalícia da nossa amigfa grã-tabanqueira Anabela Pires [nascida em Moçambique, técnica superior de serviço social no Ministério da Agricultura, reformada, amiga dos nossos grã-tabanqueiros Jero (Alcobaça) e Alice Carneiro (Alfragide/Amadora), "globetrotter", esteve três meses, entre janeiro e março de 2012,  integrada, como voluntária, no projeto do Ecoturismo, da AD - Acção para o Desenvolvimento, e a viver em Iemberém; foi o golpe de Estado de 2012 que a obrigou a sair da Guiné-Bissau]


Assunto - O Amor no Natal e no Ano Novo


Queridos familiares, amig@s, ex-coleg@s, vizinhos,

O Natal está a chegar! Para mim o Natal é, ou deve ser, uma época especial dedicada ao AMOR pelos outros. Por isso nestes dias há temas que não me saem do pensamento:

(i) Aleppo, atentados, refugiados, guerras ....

(ii) corrupção, ganância, falta de vergonha, a grande desigualdade social atribuída às diferentes profissões, discussão do salário mínimo nacional comparado com os salários usufruídos por outros, a pobreza mesmo de muitos que trabalham todo o ano ....

(iii) depreciação constante de valores fundamentais tais como a Honestidade, a Educação (não a escolaridade, mas sim a correção com que tratamos os outros), a Sinceridade, a Humildade, a Gratidão, a Bondade, a Generosidade, a Igualdade, a Paz ....

(iv) o tão imperfeito apoio dado pelos nossos governantes às pessoas portadoras de deficiência ..... onde encontramos tant@s heróis e heroínas.

Porque os meus pensamentos andam por estes temas e porque penso que é disto que o nosso país e o mundo precisa, os meus votos de Natal e para o Ano Novo são para que cada um de nós se esforce por ser mais honesto, mais humilde, mais grato, mais generoso, mais pacífico e mais defensor da igualdade social.

Votos pessoais de um Natal e Ano Novo harmoniosos, para vós e vossas famílias, onde não falte a Coragem aos que estão a viver momentos difíceis.

Abraço cada um de vós em particular, com muita força, e quero expressar a minha gratidão a todos aquel@s que me manisfestaram o seu carinho no ano que agora termina.

Anabela Pires

__________________

Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16884: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (21): José Carlos Mussá Biai, José da Câmara, Aires Ferreira e José Lino Oliveira

Guiné 63/74 - P16886: Parabéns a você (1184): José Pedro Neves, ex-Fur Mil Op Especiais da CCAÇ 4745/73 (Guiné, 1973/74)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 25 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16879: Parabéns a você (1183): Ismael Augusto, ex-Alf Mil Manut do BCAÇ 2852 (Guiné, 1968/70)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16885: Manuscrito(s) (Luís Graça) (106): Que 2017 seja, para os jovens idosos da Tabanca Grande, um ano de prática do envelhecimento ativo, saudável e produtivo, a exemplo dos meus amigos caminheiros do Parque da Quinta das Conchas, Lumiar, Lisboa


Lisboa 18 de dezembro de 2016 >  Lisboa > Jardim Olavo Bilac,  Largo das Necessidades >  A Lisboa ribeirinha ao lusco-fusco. Lisboa  (e o resto do pais ..) é cada vez mais uma cidade de... jovens idosos (e de adultos idosos e de idosos-idosos) que aprendem a viver e a envelhecer de maneira ativa e saudável.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]




As janeiras dos caminheiros da Quinta das Conchas


por Luis Graça






Anda o poeta desinspirado
Nesta quadra de natal,
Mais que triste, desassossegado,
Quando no mundo triunfa o mal.


Mas hoje de conta façamos
Que a quadra vai ter magia,
E a todos vós desejamos
Bom almoço e alegria.

Natal é consumição,
Mas não p’ra estes caminheiros,
Tratam bem do coração,
Na saúde são os primeiros.

Fazem guerra ao colesterol,
Os das Conchas, gente amiga,
Gostam de apanhar sol
E fazem guerra à barriga.

Também gostam de blá-blá,
Os donzéis e as donzelas,
São inimigos do sofá,
Tanto eles como elas.

Aqui respiram bem fundo,
Desligam o complicómetro,
Depois de viajar p'lo mundo,
E fazer muito quilómetro.

Ninguém chateia ninguém,
Nem ninguém se atropela,
Sabe-se o gosto o que a vida tem
E anda-se com mais cautela.

Neste almoço de Natal,
A amizade estreita laços,
Que esta gente quer, afinal,
É beijinhos e… abraços!

Boas festas, queridos amigos,
Mais um ano está passado,
Com fintas a alguns perigos, 
Mas por certo bem gozado.


Lisboa, Quinta das Conchas,

20 de dezembro de 2016 (*)

Comentário de LG:

Já aqui falei deste de grupo de gente senior (**), que inclui alguns amigos e camaradas da Guiné, membros da nossa Tabanca Grande (Alice Carneiro, João Martins, Joaquim Pinto de Carvalho e esposa Maria do Céu, bem como outros antigos combatentes) e que se juntam todas as terças feiras de manhã para conviver e fazer duas horas de caminhada no Parque da Quinta das Conchas, no Lumiar, em Lisboa (vd. aqui o sitio da Camara Municipal de Lisboa).

De tempos a tempo fazem uma visita lúdico-gastronómico-cultural, geralmente de dois dias, fora de Lisboa... E almoçam juntos, em certas datas marcantes. Antes da partida para as férias de verão, fazem uma celebração gastronómico-tertuliana no restaurante O Arranhó, ali perto da Quinta das Conchas. Fazem também um almoço de Natal.

São todos ou quase todos (e são mais as donzelas do que os donzéis) gente reformada,  das mais diversas profissões, magistrados, advogados, professores, engenheiros, médicos, enfermeiros, jornalistas, topógrafos, técnicos de serviço social, etc. Gostam de viahar pelo mundo fora, e alguns já conhecem, os quatros cantos do planeta,,,

É a tertúlia da Quinta das Conchas, como eu lhes chamo, mas à qual eu ainda não pertenço,  formalmente... Acolhe-me com simpatia e amizade, sempre que por lá apareço... Uma vez por outra, sento-me à mesa com eles e elas, os/as caminheiros/as da Quinta das Conchas, para dar dois dedos de conversa, almoçar, tomar um café, ... Digamos, três ou quatro vezes por ano... Costumo levar para a "sobremesa" uns versinhos, de fabrico próprio,,, Estes foram os últimos que fiz (e que a Alice "declamou"), há dias, no almoço de Natal, a que eu não pude ir.

Regressam no início do novo ano de 2017... E oxalá / inshallá / enxalé o seu exemplo frutifique, nomeadamente entre os nossos grã/tabanqueiros.., que são mais "sedentários".

Porqu~e destacar este grupo de am,igos/as ? Os caminheiros da Quinta das Conchas promovem o envelhecimento ativo, e saudável, através da atividade física e do convívio, importantes para a gente se manter á tona da vida, com saúde e qualidade de vida,,, E são, de facto,  um exemplo a seguir... Quem quiser lá aparecer às 3ªs feiras, às 10h00, será bem vindo. Reunem-se a essa para tomar café (, entrada pela Rua da  Tobis Portuguesa), antes de darem início à caminhada de duas horas... Cada um ao seu ritmo, pois claro... Não há metas nem pódium...

Recorde-se que a OMS (Organização Mundial de Saúde) define envelhecimento ativo como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.

Que 2017 seja, para os jovens idosos da Tabanca Grande,  um ano de prática do envelhecimento ativo, saudável e produtivo, a exemplo  dos nossos  amigos caminheiros do Parque da Quinta das Conchas, Lumiar,  Lisboa.  (LG)
______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16846: Manuscrito(s) (Luís Graça) (105): Natal de 1955 (... quando ainda o Pai Natal não tinha sequestrado e morto o Menino Jesus)

Guiné 63/74 - P16884: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (21): José Carlos Mussá Biai, José da Câmara, Aires Ferreira e José Lino Oliveira


Lisboa, Avenida da Liberdade, 18 de dezembro de 2016 > Iluminações de Natal

Vídeo (1' 00'') > alojado no You Tube > Luís Graça


1. Mais algunas mensagens natalícias de amigos e camaradas da Guiné:


 (i) José Carlos Mussá Biai   [o nosso "mininu do Xime", membro da nossa Tabanca Grande, desde longa data, hoje engenheiro florestal, a viver e a trabalkhar em Portugal]


Caros Luís e Camaradas da Guiné,

Mais um ano prestes a terminar e um outro que se aproxima a grande velocidade...
Faço votos que o próximo ano seja melhor do que este que está a terminar, tanto em termos pessoais, familiares e profissionais (para aqules que ainda estão no ativo).

Um Natal muito Feliz e com muita saúde.

(ii)  José da Câmara  

[ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73]

Para os meus fmiliares e amigos um Feliz e Santo Natal. Que o Menino vos traga muita saúde.

(iii)  Aires Ferreira

[ex-alf mil, CCAÇ 1686 / BCAÇ 1912; Mansoa, 1967/69)}

Feliz Natal e um Novo Ano com muita saúde e alegria.

Um abraço


[ex-Fur Mil Amanuense da CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 1974]

Bom dia, feliz Natal, muita saúde  e um bom Ano de 2017.

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16882: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (20): Boas festas com água...Em 2016 ajudámos cerca de 100 mil pessoas a ter água potável junto das suas casas (Patrício Ribeiro, Bissau)


Guiné 63/74 - P16883: Notas de leitura (914): “Guiné-Bissau, das Contradições Políticas aos Desafios do Futuro”, por Luís Barbosa Vicente, Chiado Editora, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
Não se pode ficar insensível à natureza das análises que Luís Barbosa Vicente faz ao seu país, é corajoso ao pôr em cima da mesa os custos da política sem regras, as intrigas institucionais, a falta de solidariedade entre os órgãos de soberania e o tremendo impasse político em que vive a Guiné-Bissau. Aponta remédios, socorre-se da sua profissão de gestor de projetos e de formador e consultor para sugerir uma reforma da Administração Pública que dê segurança e competência aos quadros e administrativos, dignidade para que a Função Pública e a vida das autarquias ganhe vivacidade; por outro lado aponta novos caminhos para a participação pública. Observações rigorosas, contundentes, de um guineense que vive em Rio Maior, sem descurar a sua pátria.

Um abraço do
Mário


Olhares sobre a Guiné-Bissau depois das eleições de 2014, até hoje (2)

Beja Santos

A obra intitula-se “Guiné-Bissau, das Contradições Políticas aos Desafios do Futuro”, por Luís Barbosa Vicente, Chiado Editora, 2016. O autor é guineense e desenvolve ampla atividade como gestor de projetos e desenvolvimento e, igualmente, como formador e consultor da União Europeia.

No texto anterior, deu-se conta da sua análise sobre as profundas contradições existentes ao nível das instituições de soberania guineenses, e como é que elas têm sido marcantes depois das eleições de 2014, até à atualidade.

Luís Vicente entende que todos estes desencontros permanentes em que a Guiné-Bissau incorre também derivam do abandono do legado político do PAIGC, e que foi a alavanca da luta pela independência. E explana o tema da unidade, as propostas programáticas de Cabral, a dinâmica da organização política e a vontade de mobilização interna para progredir para o desenvolvimento e para novas patamares da civilização e da cultura dos homens livres, pós-colonialismo.

O autor atribui uma enorme importância a um desligamento entre a entidade política que é o PAIGC com os grupos constituintes da sociedade civil, é como se a entidade política vivesse num circuito fechado, em que cada um militante aspira a uma fatia maior para a consumação dos seus interesses.

E assim se retoma a questão da unidade. Quando o autor regressou à Guiné depois das eleições de 2014, sentiu que os seus interlocutores tinham uma preocupação comum: unidade, coesão e urgência no estabelecimento das prioridades para o arranque do país, bem como com a reorganização do aparelho de Estado. Seguidamente, analisa os constrangimentos e desafios que se põem à Administração Pública e lembra que todo o enviesamento procede do período subsequente à independência da Guiné-Bissau.

Um membro do PAIGC, logo a seguir a Outubro de 1974, deu conta da relativa indiferença por parte dos membros do governo quanto à necessidade de estabelecer procedimentos administrativos para uso da máquina do Estado. Naquele primeiro governo de Luís Cabral nada estava escrito sobre a sua estrutura e muito menos quanto aos titulares dos seus diferentes órgãos. Sabia-se apenas quem estava em determinado cargo, o resto era mistério. Extrapolando para os dias de hoje, observa o autor: “A maior parte dos serviços funcionam por autorrecriação dos seus dirigentes, funcionários e técnicos, sem quaisquer normas de procedimentos administrativas e de controlo previamente definidos, daí existirem falhas de comunicação entre as administração do mesmo serviço público e serviços diferentes incluindo a relação entre o cidadão, o Estado e a Administração Pública”. Em cada governo, quem chega altera a sua maneira a estrutura do cargo que vai desempenhar, seja assessor-conselheiro, diretor de gabinete. Vive-se a instabilidade crónica.

Todas as críticas dos cidadãos ao funcionamento da Administração acabam por ter fundamento: a justiça continuar a funcionar mal, não garante ao indivíduo o seu papel de defensor da causa pública; existem funcionários públicos a mais e sem qualificação, isto num estado que consome mais de metade da riqueza nacional com os encargos com a Administração Pública. E finaliza o autor: “Não existe um diploma que regule de forma global, sistemática e coerente, o modo de proceder da Administração Pública perante os particulares, o que se traduz na vigência de ambiguidades que prejudicam os particulares e põem em causa um bom e regular funcionamento da Administração”. Ele defende um plano de modernização administrativa e governação eletrónica da Guiné-Bissau e explana abundantemente sobre o modelo, dando como exemplo o que fez no quadro da cooperação entre o município do Rio Maior e a Câmara Municipal de Bissau – é nos termos de uma experiência uma matéria digna da maior intenção dos quadros políticos guineenses.

Por fim, o autor faz propostas para o novo paradigma do desenvolvimento assente nos pilares da ética, da responsabilização dos agentes públicos, na valorização da diplomacia económica e numa nova dinâmica da cooperação, detalhando as potencialidades do setor mineiro na Guiné-Bissau.

Olha-se para este ensaio como uma indesmentível prova de boa vontade de um guineense que pretende ver a Guiné-Bissau trilhar caminhos mais largos na boa governação, no exercício da cidadania, na ética política e na valorização dos mercados, em nome de uma riqueza melhor distribuída.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16872: Notas de leitura (913): “Guiné-Bissau, das Contradições Políticas aos Desafios do Futuro”, por Luís Barbosa Vicente, Chiado Editora, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

domingo, 25 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16882: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (20): Boas festas com água...Em 2016 ajudámos cerca de 100 mil pessoas a ter água potável junto das suas casas (Patrício Ribeiro, Bissau)



1. Mensagem de ontem, do Patrício Ribeiro, que veio passar o Natal com a família em Portugal, e nos mandou esta mensagem de esperança e de alegria:

Neste NATAL, ajudamos cerca de 100.000 pessoas a ter água potável junto das suas casas.

Patricio Ribeiro


IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com

_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 25 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16881: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (19): amiga grã-tabanqueira Alice Carneiro

Guiné 63/74 - P16881: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (19): amiga grã-tabanqueira Alice Carneiro


Foto: LG (2016)

Amigas/amigos:

Neste Natal de 2016,
Queria ter uns braços mágicos,
Suficientemente compridos
Para vos poder juntar a todas/todos,
Numa praça bonita e grande
Como a do Terreiro do Paço da minha Lisboa,
E dar-vos um abraço gigantesco
Com muita corda para os vossos corações,
Sob a forma de energia anímica,
Suficiente para encher,
Por mais um ano,
Os ventrículos do amor, da amizade e da solidariedade
E as aurículas da liberdade, da justiça e da alegria de viver.


24 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16880: Blogpoesia (486): "Para lá das cortinas..." e "Suave milagre...", poemas de Natal de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. O nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) vai-nos enviando ao longo da semana belíssimos poemas da sua autoria, dos quais publicamos estes, ao acaso, com prazer:


Para lá das cortinas…

Lampejam de noite,
Luzinhas às cores,
Pelas janelas das casas.
É a alegria que vem
Pelo Natal de Belém.

Pinheirinhos com bolas,
Presépios deitados,
Anunciam a festa
Do menino Senhor.

Brilham olhares, à volta das mesas.
Os pais e avós saboreiam os netos,
Brincando contentes,
Jogando as cartas,
Depois às escondidas.

As horas mais belas
Que vêm pelo natal.
Trazem as prendas
E apertam os laços,
Multiplicam-se abraços,
Arde a lareira.
Se acende o fogão.

Se brinda em paz
A união da família,
A fonte de amor,
Sem princípio nem fim…

Ouvindo a sexta sinfonia de Beethoven

Berlim, 15 de Dezembro de 2016
9h0m
JLMG

************

Suave milagre…

Eis que no céu,
Uma estrela brilhou
E o Rei apareceu nas palhinhas deitado,
Um simples bebé,
Chorando e mamando
Nos peitos da Mãe,
Ao pé do seu Pai,
Ninguém mais o cuidou.

Cresceu e brincou,
Correndo e caindo,
Esmurrando os joelhos,
Tal qual como nós.

Sorrindo para a Mãe,
Durante seu banho.
Se amodorrando ao peito,
Embrulhado num pano.

Suas vestes vestindo
Sempre a brincar.

Menino ladino
Sem manhas,
Almoço à espera,
Fingindo não ouvir
O Pai e a Mãe…
E demorava a chegar.
Aprendeu um ofício
Se preparando para a vida,
Ajudando seu Pai.

Até que um dia,
Homem já feito,
Se deu conta.
Seu rumo era outro.
Cumprir a missão,
Inscrita no peito:
Salvar todo o mundo,
Pregado na cruz.
Torná-lo perfeito,
Com vida imortal…
Seu nome Jesus!

Ouvindo Rachmaninov, concerto nº 3
Por Kathya Buniatishvilli

Berlim, 12 de Dezembro de Dezembro de 2016
18h7m
JLMG
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16845: Blogpoesia (485): "Um lema para toda a vida"; "Arrosto o mar das emoções" e "Salão do café", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16879: Parabéns a você (1183): Ismael Augusto, ex-Alf Mil Manut do BCAÇ 2852 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16875: Parabéns a você (1182): Fernando de Jesus Sousa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 (Guiné, 1970/71) e João Rebola, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2444 (Guiné, 1968/70)

sábado, 24 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16878: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (18): José Inácio Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 e Arminda Castro, filha do nosso camarada já falecido Manuel Moreira de Castro

1. Mensagem do nosso camarada Leão Varela, ex-Alf Mil da CCAÇ 1566 (Jabadá, Pelundo, Fulacunda e S. João, 1966/68):

A todos os amigos "tabanqueiros" e camaradas da Guiné desejo um FELIZ NATAL e um ÓPTIMO NOVO ANO , ​
Para ti amigo Carlos Vinhal um forte abraço
José Inácio Leão Varela




2. Mensagem da nossa amiga Arminda Castro, filha do nosso camarada, já falecido, Manuel Moreira de Castro (ex-Soldado Atirador de Infantaria da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835, Bula, Binar, Mansoa, Bissorã e Mansabá, 1968/69):

O meu pai já não está entre nós mas, quero em meu nome e em nome dele desejar-lhes um Feliz Natal, e um óptimo ano 2017 com saúde acima de tudo!

Arminda Castro

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16877: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (18): Mensagem de Natal e anúncio do XXXIII Convívio do pessoal da CART 3494 (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P16877: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (18): Mensagem de Natal e anúncio do XXXIII Convívio do pessoal da CART 3494 (Sousa de Castro)



1. Mensagem do nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), com data de 22 de Dezembro de 2016:


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Nota do editor

Último poste da série de 24 de dezembro de 2016 Guiné 63/74 - P16876: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (17): Cartão de boas festas do nosso veteraníssimo Alberto Nascimento (ex-sold cond auto, CCAÇ 84, Piche, Buruntuma e Bambadinca, 1961/63)

Guiné 63/74 - P16876: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (17): Cartão de boas festas do nosso veteraníssimo Alberto Nascimento (ex-sold cond auto, CCAÇ 84, Piche, Buruntuma e Bambadinca, 1961/63)



Cartão de Boas Festas  (*) do nosos veteraníssimo  Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 84,   Piche, Buruntuma e Bambadinca, 1961/63). Recorde-se por one andou o nosso caramara, que tem 25 referências no nosso blogue (**):.

(i)  é uma testemunha privilegiada do início da guerra do setor leste;

(ii)  a CCAÇ 84, três meses depois de aterrar no aeroporto de Bissalanca (, não veio portanto de barco), foi literalmente fragmentada e enviada para os mais diversos pontos do território, tendo o meu pelotão, o 1º,  tido como último destacamento, entre Novembro de 1962 e 7 ou 8 de Abril de 1963, Bambadinca, sob o Comando de Bafatá;

(iii)  o primeiro destacamento, ainda em Julho de 1961, foi para Farim, após os primeiros e ainda pouco violentos ataques a Bigene e Guidaje;

(iv) seguiu-se o destacamento de Nova Lamego (...)  onde o pelotão foi dividido por Buruntuma, Piche e Canquelifá;

(v) à grande maioria dos camaradas dos outros pelotões, o Nascimento  só voltou a a vê-los  nos dias que antecederam o embarque para a Metrópole.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 22 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16870: "O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017" (16): BOAS FESTAS (Jorge Araújo)

(**) Vd. aqui alguns dos postes de Alberto Nascimento:

11 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2930: Bambadinca, 1963: Terror em Samba Silate e Poindom (Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84, 1961/63)

10 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3044: Estórias avulsas (16): Os cães de Bambadinca (Alberto Nascimento, CCAÇ 84, 1961/63)

14 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3059: Memórias dos lugares ( 9): Bambadinca , 1963 (Alberto Nascimento, CCAÇ 84, 1961/63)

7 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3181: História de vida (17): A falsa Mariama, mandinga de Bambadinca, a sua filha, e o seu amigo... (Alberto Nascimento)

16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3459: Histórias da velhice (1): Eu e o 1º Pelotão da CCAÇ 84 em Farim, em Julho de 1961, em socorro de... Guidaje (Alberto Nascimento)

21 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3492: Controvérsias (9): Eu fui para Farim, em Julho de 1961, com a G3, com o 1º Gr Comb da CCAÇ 84 (Alberto Nascimento)

2 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3964: Nuvens negras sobre Bissau (6): O Nino morreu vítima de si próprio (Alberto Nascimento)

18 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4049: As abelhinhas, nossas amigas (5): As abelhas e a NEP (Alberto Nascimento)

8 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4796: Estórias avulsas (47): O enfermeiro Lomelino (Alberto Nascimento)

Guiné 63/74 - P16875: Parabéns a você (1182): Fernando de Jesus Sousa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 (Guiné, 1970/71) e João Rebola, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2444 (Guiné, 1968/70)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16871: Parabéns a você (1181): Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150/73 (Guiné, 1973/74); Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS dos STM/QG/CTIG (Guiné, 1968/70); Felismina Costa , Amiga Grã-Tabanqueira e José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679 (Guiné, 1970/71)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16874: Camaradas da diáspora (13): O ativista João Crisóstomo (EUA) visitou a nossa Tabanca Grande... e já tem causas para o ano de 2017... Um delas é a continuação das celebrações dos 225 anos do Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque... Para ele e a Vilma, desejamos "Merry Christmas and Happy New Year".. Mas também para o Eduardo Jorge e a São que desta vez foram consoar para Londres...(O que os pais fazem pelos filhos, camaradas!)


Torres Vedras > Praia de  Santa Rita > 15 de dezembro de 2016 > Eduardo Jorge e João Crisóstomo


Torres Vedras > Praia de  Santa Rita > 15 de dezembro de 2016 > Luís Graça e João Crisóstomo


Torres Vedras > Praia de  Santa Rita > 15 de dezembro de 2016  > Alice Carneiro e João Crisóstomo


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados



1. Na véspera de Natal, o João Crisóstomo, nosso grã-tabanqueiro da diáspora, deu um saltinho à sua terra, vindo de Nova Iorque, onde vive, e onde esteve com o seu amigo e conterrâneo Padre Melícias, bem como outras personalidades que acompanharam o eng António Gueteres, no dia da tomada de posse como secretário geral das Nações Unidos... 

(Refira-se, a propósito, que a SIC e a TVI que fizeram a cobertura deste histórico acontecimento, estiveram depois,  no dia seguinte, de manhã, na casa do João e da Vilma, fazendo um reportagem, paralela,  sobre este nosso camarada e amigo a viver em Nova Iorque desde 1975, e que, apesar da dupla nacionalidade, continua a fazer o melhor que sabe e pode pela sua Pátria, tendo-se tornado  um conhecido ativista de causas sociais como a defesa das gravuras rupestres de Foz Coa, a independência de Timor e a reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes).

Como quase sempre que cá vem, dá uma apitadela aos amigos. Dez vez, foi possível reunimo-nos ao fim da tarde do dia 15 de dezembro, para dar dedos de conversas e matarmos saudades. O Eduardo Jorge Ferreira  foi o anfitrião (, sempre generoso e solidário, apesar de partir no sábado para Londres para poder passar o Natal com filhos e netos). Eu e a Alice viemos de Alfragide. O João, da casa da irmã em Santa Cruz. O dia era de inverno, mas o Eduardo já nos tinha marcado encontro num barzinho da praia de Santa Rita, mesmo em cima do areal.

O João deu-nos notícias, boas e más, da sua segunda terra, falámos ao telefone com a Vilma e naturalmente partilhámos os desejos de "Merry Christmas and Happy New Year".

E falámos de outros projetos em curso: o João tem, já de há algum tempo, a ideia de juntar os camaradas do Oeste (Estremadura) que passaram pelo TO da Guiné. A questão é a oportunidade da realização de um convívio, em 2017 ou 2018, num dos concelhos mais centrais (Lourinhã ou Torres Vedras) dos ex-combatentes do Oeste.  Em 29 de abril de 2017 o João estará presente no encontro anual da sua CCAÇ 1439  (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67). Gostaria também de poder ir ao XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, mas que em princípio já está  marcado para esse mesmo dia em Monte Real... (Não tendo ele o dom da ubiquidade, vai estar com os camaradas da CCAÇ 1439,  na Foz da Arelho,  Caldas da Raínha,)

Õutro dos seus projetos, que quis compartilhar connosco é a comemoração dos 225 anos do Consulado Geral de Portugal  Nova Iorque (cuja origem histórica remonmta a 1791). A ideia é continuar a celebrar esta efeméride, em 2017,  para mais num ano em que há mudança de inquilino da Casa Branca.

Recorde-se que "em 15 de Fevereiro de 1783, o Governo de D.Maria I reconheceu a independência dos EUA, figurando Portugal, juntamente com a França e Holanda, entre os 3 únicos países que reconheceram a independência dos EUA antes do Tratado final de Paris." (Fonte: Portugal, Instituto Diplomático, Ministério dos Negócios Estrangeiros).

 Por outro lado, oss pais fundadores da América celebraram a indepência do seu país com vinho... da Madeira!,,,

O João, em, articulação com a cônsul, açoriana de origem e sua amiga, tem  ideias originais para comemorar condignamente, e com o devido mediatismo,  este evento... a que o nosso blogue se associa,ndesde já, com todo o entusiasmo.

Para o João e a Vilma um feliz Natal em Nova Iorque, Para o nosso Eduardo Jorge Ferreira, esposa São e filhos, desta vez em Londres, idem aspas... Que os nossos bons encontros se continuem a realizar para o ano. (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16032: Camaradas da diáspora (12): Notícias da América: "Luso-Americanos que morreram ao serviço das Forças Armadas dos USA", último livro do jornalista e escritor Fernando Santos (João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Portogole, Missirá, 1965/67)

Guiné 63/74 - P16873: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (7): o destacamento de Mato Cão - Parte III: a construção da tabanca




Foto nº 1 > Psico 1> Crianças balantas


Fopto nº 2 > O fur mil João Santos na psico > Crianças balantas

Foto nº 3 >  Construção da tabanca (1)


Foto nº 4 > Construção da tabanca (2)

Foto nº 5 >  Construção da tabanca (3)



Foto nº 6 >  Construção da tabanca (4)


Foto nº 7 >  Construção da tabanca (5)


Foto nº 8 >  Construção da tabanca (6)



Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nat 52 (1973/74) > O nosso destacamento e tabanca


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luis Mourato Oliveira, nosso grãtabanqueiro, que foi alf mil da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/73) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)

O lisboeta Luís Mourato Oliveira, com família materna na Lourinhã,  era de rendição individual... Veio de Cufar,  no sul, região de Tombali, para o CIM de Bolama, por volta de julho de 1973, para fazer formação antes de ir comandanr o Pel Caç Nat 52, no setor L1, zona leste (Bambadinca), região de Bafatá. 


Foi  o último comandante do Pel Caç Nat 52. Ele irá terminar a sua comissão em Missirá e extinguir o pelotão, em agosto de 1974,

Eis algumas fotos do tempo em que o alf mil Luís Mourato Oliveira passou no destacamento de Mato Cão, cuja principal missão era proteger as embarcações que circulavam no Rio Geba Estreito, entre o Xime e Bambadinca.

Nestas fotos (3 a 8), regista-se a construção da tabamcva de Mato Cão. Além das famílias do pessoal do Pel Caç Nat 52, também havia uma família (ou mais) de balantas (fotos 1 e 2).

Sobre o Mato Cão, que era um lugar mítico, temos já mais de 70 referências... Pertencia ao subsetor do Xime. Por lá passaram diversos camaradas nossos, membros da Tabanca Grande...
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P16872: Notas de leitura (913): “Guiné-Bissau, das Contradições Políticas aos Desafios do Futuro”, por Luís Barbosa Vicente, Chiado Editora, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
Luís Barbosa Vicente é um gestor e um associativista que, mesmo vivendo em Portugal, acompanha dia-a-dia as questões matriciais do seu país. Recomendo a todos esta análise sobre o Estado, o modo de fazer política, o viver de costas voltadas entre os órgãos de poder e as sociedades civis guineenses. O autor adianta propostas da reforma do Estado e modernização da administração pública e abona dados para um paradigma de desenvolvimento que exige uma clara reformulação dos órgãos do poder, está convicto da mensagem certeira de Cabral de que o reconhecimento da luta de libertação não seria ganha pela sua geração mas sim pela geração seguinte, ele confia que há uma geração seguinte que recolocará a cidadania guineense no mapa de África e do mundo.

Um abraço do
Mário


Olhares sobre a Guiné-Bissau depois das eleições de 2014, até hoje (1)

Beja Santos

A obra intitula-se “Guiné-Bissau, das Contradições Políticas aos Desafios do Futuro”, por Luís Barbosa Vicente, Chiado Editora, 2016. O autor é guineense e desenvolve ampla atividade como gestor de projetos e desenvolvimento e, igualmente, como formador e consultor da União Europeia.

As eleições de 2014 trouxeram uma vaga de esperança num país desolado que saía de uma ditadura militar encabeçada por narcotraficantes. Em pouco tempo, surgiram contradições, questiúnculas e tensões insanáveis nos diferentes órgãos do poder. A Procuradoria-Geral da República emite logo nesse ano um parecer sobre a inconstitucionalidade de um decreto presidencial, o Supremo Tribunal de Justiça delibera no mesmo sentido, o Tribunal de Contas aprecia o primeiro Relatório de Contas do Estado referente ao ano de 2010. O Procurador-Geral e o Presidente do Tribunal de Contas foram prontamente demitidos, era o princípio da confusão.

Observa o autor que “A garantia de desempenhar cargos altamente remunerados associados aos privilégios da função é a mistura explosiva para as disputas intestinas pelo poder. É importante realçar que o exercício desses cargos, nomeadamente de ministros, secretários de Estado, assessores, conselheiros e até de presidentes ou vogais de conselhos de administração de empresas públicas garantem um salário líquido mensal de 2,5 milhões de francos CFA, que corresponde a cerca de 3700 euros, num país onde o salário mínimo é de cerca de 46 euros”. E há um pano de fundo que não se pode descurar: o miserabilismo da função pública, a existência de um número muito elevado de serviços e imprecisão relativamente às atribuições dos mesmos, a não oficialização de leis orgânicas, desarticulação entre as estruturas e os postos de trabalho – a máquina da administração pública vive emperrada, os técnicos esmifram-se por fazer serviço externo e obter ajudas de custo, vão em missões que na maioria dos casos nada traz de tangível ou de palpável, já que os serviços públicos continuam ineficientes e inacessíveis à generalidade da população.

E há a existência de um governo que produz legislação em circuito fechado, a reforma do Estado é sistematicamente adiada. Dentro dessa confusão e inércia, depois das eleições de 2014, no período de um ano assistiu-se à formação de quatro governos, com situações caricaturais, veneno mortal para o descrédito dos órgãos de soberania. Refere igualmente o autor que em Junho de 2015 foi nomeado um governo liderado por Baciro Djá, um dos 15 dissidentes expulsos do PAIGC, com o apoio parlamentar do Partido da Renovação Social. Como numa obra cómica, o recém-governo teve que se reunir no Ministério da Administração Interna, uma vez que o Palácio do Governo continuava ocupado e sitiado, o PAIGC recusara a nomeação de um novo primeiro-ministro.

Luís Vicente debruça-se sobre os custos da política sem regra, mostra os indicadores económicos e recorda que em cada ciclo de crescimento há uma rutura que deita por terra o trabalho antecedente. Os políticos permanecem indiferentes à turbulência: “De 1984 e posterior abertura democrática até à presente data, nenhum governo conseguiu concluir o seu mandato, o que só por si inviabiliza o cumprimento de qualquer programa de desenvolvimento económico ou orçamento de Estado".

Há que ponderar o que está subjacente à crise encetada em 2014: os principais protagonistas provêm do PAIGC, parecem atuar em grupos, ignoram a solidariedade política, as fragilidades institucionais, descuram as consultas públicas e o contacto estreito com os eleitores das diferentes regiões de onde provêm. O Presidente da República devia ser o garante da concertação estratégica, o símbolo da unidade, o rosto da independência nacional, árbitro e defensor da coesão nacional. Pela Constituição, tem o poder de presidir ao Conselho de Ministros e solicitar informações sobre atos de governação e matéria do debate político na Assembleia da República. Tudo emperrou logo com o governo de Domingos Simões Pereira, o autor detalha as principais peças de tragicomédia. Numa fase crucial de negociações com a comunidade de dadores para se obter apoios fundamentais, consubstanciadas na Mesa Redonda de Bruxelas, agravou-se a crise política, José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira davam a imagem pública da desavença e incompatibilidade com o relacionamento institucional. O Presidente da República discursou em Agosto de 2015 e lembrou a incapacidade do Primeiro-Ministro para a coabitação institucional, faltavam informações básicas, faziam-se nomeações sem ouvir o Presidente da República e este lembrava um estado de dissolução em que o governo se mostrava impotente: exploração desenfreada dos recursos naturais, em particular as areias pesadas de Varela; corte abusivo de árvores; delapidação dos recursos pesqueiros; corrupção, peculato e outros crimes económicos no exercício das funções públicas; falta de transparência na adjudicação de contratos públicos. O Primeiro-Ministro demitido procurou justificar-se, e contra-atacou dizendo que podia provar objetivamente as informações inverídicas do Presidente da República. De acordo com a constituição, o partido vencedor das eleições, o PAIGC foi convidado a apresentar um nome para o cargo de chefe do Governo, tendo o mesmo recaído no presidente do partido, o mesmo Domingos Simões Pereira, houve pronta rejeição com o Presidente da República. O PAIGC entendeu publicamente criticar o Presidente José Mário Vaz, acusando-o de querer chamar a si todas as competências do governo, que estava a desencadear uma crise que levava as receitas fiscais a cair a pique, alegando que a evolução da situação económica do país era bastante encorajadora e que toda esta crise política podia levar ao cancelamento de apoios prometidos na mesa redonda de Bruxelas.

É neste ponto expositivo que o autor entende retomar o legado político do PAIGC, porventura para encontrar os porquês desta crónica falta de lealdade política, de ética no exercício das funções político-partidárias, do amiguismo. Recorda o entendimento de Amílcar Cabral quanto ao sentido de unidade: “quaisquer que sejam as diferenças que existem, é preciso ser um só, um conjunto, para realizar um dado objetivo”. Só que tal mote foi sempre objeto de grandes contradições internas. Como suporte básico para essa unidade, Cabral delineou dois programas de ação: um programa maior, que passava pelo desenvolvimento socioeconómico do país; e um programa menor que tinha por objetivo a libertação do país do jugo colonial. Na arrancada da independência, com ajuda internacional formaram-se guineenses com cursos superiores, com curso técnico médio, com cursos profissionalizantes e quadros políticos e sindicais. O PAIGC perdeu a linha revolucionária, desligou-se das sociedades rurais, concentrou-se na mera gestão da continuidade do poder, houve a crise de 1980, a unidade Guiné-Cabo Verde volatizou-se e os problemas da cidadania, do desenvolvimento e da educação entraram em refluxo, tudo se agravou com o chamado plano de ajustamento estrutural, aos poucos os homens da luta foram dando lugar a uma nova classe de profissionais na obtenção de financiamento para projetos, ponteiros, importadores, tudo dentro de um vasto círculo de oligarcas amigos, com contas bancárias no estrangeiro.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16849: Notas de leitura (912): Reflexão sobre os 30 anos de independência da Guiné-Bissau, por Leopoldo Amado, na revista Africana Studia, n.º 8, 2005, publicação do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16871: Parabéns a você (1181): Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150/73 (Guiné, 1973/74); Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS dos STM/QG/CTIG (Guiné, 1968/70); Felismina Costa , Amiga Grã-Tabanqueira e José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679 (Guiné, 1970/71)




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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16866: Parabéns a você (1180): Miguel Vareta, ex-Fur Mil Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16870: "O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017" (16): BOAS FESTAS (Jorge Araújo)

1. O nosso Camarada Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CART 3494, (Xime-Mansambo, 1972/1974), enviou-nos a seguinte mensagem. 

BOAS FESTAS 

AO COLECTIVO TERTULIANO DA «TABANCA GRANDE»

- BOM NATAL E UM ANO DE 2017 COM MUITA SAÚDE -

BOAS FESTAS 

1 – INTRODUÇÃO

- Uma viagem; duas efemérides

Camaradas; estamos numa quadra em que a grande maioria do colectivo da CART 3494 comemora duas efemérides. A primeira, relacionada com o início da sua experiência africana. A segunda, com a consoada de 1971 a ter lugar num contexto atípico, no Alto-Mar, rodeado de água por todos os lados - o nosso Oceano Atlântico.

Esses dois episódios ocorreram faz quarenta e cinco anos [inacreditável… como o tempo passa!] quando cerca de um milhar de jovens milicianos se encontraram em Lisboa, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, para darem início a uma viagem muito especial nas suas vidas, após se constituírem em contingente militar para cumprirem a sua missão ultramarina no CTIGuiné [Comando Territorial Independente da Guiné]. Esse contingente era o do Batalhão de Artilharia 3873, mobilizado pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 [RAP 2], organizado e preparado nas instalações do Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, e constituído pelas CART’s: 3492, 3493, 3494 e CCS, e ainda pela CART 3521 [Independente].

Estávamos, então, a 22 de dezembro de 1971, uma 4.ª feira, e no Cais da Rocha, num ambiente carregado de emoção e na presença de uma moldura humana de familiares e amigos acenando com lenços brancos, que serviam também para secar as suas lágrimas, a tripulação do N/M NIASSA aguardava que todos os actos de embarque ficassem concluídos para que o Navio pudesse zarpar até ao Cais do Pidjiguiti, em Bissau. Esta viagem era só de ida, pois o regresso não tinha data marcada. Era uma incógnita, e a acontecer só lá para o ano de 1974.

Ainda que estas duas efemérides se reportem a um contexto restrito de ex-combatentes, entendemos que as poderíamos partilhar com todos aqueles que durante treze anos viveram situações semelhantes. Unindo as memórias de tempos idos e a presente quadra natalícia tomei e iniciativa de vos enviar o meu cartão [desejo] de BOAS FESTAS, recorrendo a imagens da minha/nossa presença no Xime [Ponta Coli - 1972] e no Destacamento da Ponte do Rio Udunduma [1973]. 


Na oportunidade, aproveito também para enviar a todos os leitores assíduos deste blogue uma MENSAGEM DE BOAS FESTAS. Para os que se encontrem com alguma maleita envio votos de rápidas melhoras.

Para os camaradas Luís Graça, Carlos Vinhal e Magalhães Ribeiro [os nossos Editores permanentes] ficaram reservadas as últimas palavras que são de gratidão pelos seus empenhos e desempenhos em trazer-nos informados, ordenando as diferentes memórias que lhe chegam… e não são poucas!

QUE TENHAM UM BOM NATAL 

E UM ANO DE 2017 COM MUITA SAÚDE E SEM STRESS

Com um forte abraço e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P16869: "O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017" (15): Um Dia da Minha Infância (Mário Vitorino Gaspar)

1. O nosso Camarada Mário Vitorino Gaspar, enviou-nos a seguinte mensagem. 



Um Dia da Minha Infância 


“Mundo para todos, com searas e pão.
É esse o Natal que trago no coração”.
Mário Vitorino Gaspar
(Baseia-se em factos reais, é da minha autoria) 

A História passa-se na primeira rua
Rua Direita – Rua Salvador Marques

Natal Estamos em 1954 tinha 11 anos. 

Na minha chaminé, numa casa muito velha, mas limpa, estava o meu presente do dito Pai Natal. Até assistira à ida do “Pai Natal, até era a Mãe-Natal” à chaminé. Um lindo cavalo de plástico. Dá-se o caso de ser um grande amigo do animal cavalo. É, na minha opinião, um símbolo da Liberdade. 

A velha Fábrica Cimento Tejo

As pernas articuladas, movimentavam-se. Para a época era mais uma inovação para a “era do plástico”. O brinquedo – de péssimo fabrico - colocado sobre uma tábua, andava. Fui à rua apresentar o meu brinquedo.

Um deserto.

Vi o meu amigo Atilano, neto de um homem e velhote, com semelhanças ao Pai Natal, sem barbas, conhecido pelo nome de “Sete Bigodes”. Bigode branco enorme, talvez a razão do seu nome. Este homem – a pessoa mais conhecida da terra, até mais que o prior – era só o encarregado da recolha diária do lixo da vila de Alhandra. Fazia o seu dia-a-dia com uma carroça. Não recordo se puxado por um burro ou mais. 

O Atilano trazia na mão esquerda um quarto de pão de dezassete tostões. Na direita um pedacito de “queijo da ilha”. Mostrei-lhe o meu cavalo. Amarelo e vermelho. O meu amigo disse:

– O teu Pai Natal deu-te esse cavalo? Pois a mim não. Pus lá o sapato… Olha não sei…

Levava o queijo ao nariz… Cheirava-o. Comia um naco de pão. Perguntou-me antes de levar o minúsculo queijo à boca:

– Queres queijo? – Esticou a mão com o queijo. Acenei com a cabeça.

– O teu cavalo é lindo!

Rapidamente coloquei a minha prenda na sua mão. Recusou…

– Tens Pai Natal… Rancho melhorado! … Vou pelo beco acima. Meu avô e minha mãe devem estar a espreitar para o beco, é mais torto que eu. A minha família é esta. Dizem que hoje é Natal! Estive no Largo da Praça, quase de braço dado com a estátua do Doutor Sousa Martins. O povo é pobre. Via-se um aqui… Outro ali com um embrulho. Eram tipos com “guita”. E as montras?

Nem sequer lhe respondia. Em casa esperava-me cabrito assado no forno, com batatinhas. A minha mãe escolhera-as uma a uma.

Atilano mirou-me silenciosamente. A buza tocava. O relógio da Igreja dava uma badalada. Sorriu:

– Amanhã jogamos à bola. Meu avô escolheu meias velhas no lixo. São muitas. Também os trapos são velhos. Temos brinquedos? Tens tu e outros rapazes. Raparigas com bonecas? Só as filhas de empregados de escritório da fábrica do cimento. Tu Marinho brincas connosco. Muitos pobres… Aquilo que temos é uma mão cheia de nada de nada… Espera lá… Nada?

Nadamos nus no nosso Tejo. Mesmo assim o cabo da GNR rouba-nos a roupa. O Atilano ria:

– O que as mulheres disseram. Envergonhados todos. Os dedos eram poucos. Tapar o quê?

Ó pá, descansa que há montes de brinquedos para os pobres. Para além daquilo que o meu avô me traz, encontro bugigangas para inventar um brinquedo. Um pau é uma espada. Um saco uma túnica de cavaleiro. Com canas e paus de vassouras se fazem cavalos. Caixas de graxa são automóveis. Os vimes que crescem perto da Igreja são arcos para as setas. E as tábuas besuntadas com sabão amarelo que roubas à tua mãe? Montamos nelas. Lá vamos pelas escadas da Igreja para baixo. Caímos os dois. E o sangue. Ricos e pobres, sangue igual. Olha gosto muito de fazer aviões de papel de jornal. Melhor! E pôr uma cana numa lata com sabão e água. Soprar. Os balões que saem da cana são livres. Desaparecem. Estrelas. Sonho que voo. Livre. Operários, avieiros. Que esperas desta terra? A minha casa é um ferro-velho. O Sete Bigodes leva tudo para casa, aliás é mesmo um caixote de lixo. Vou fazer a mais bonita das bolas! Maior que a lua que nos espreita por detrás do Mouchão. Dizem que na lezíria os cavalos correm mais que a bola de trapos. Pudera, estão em liberdade. Cheirou o naco de queijo. Comeu o restante pão e, pela primeira, única e última vez, comeu queijo. Saboreou finalmente:

– É dos melhores petiscos. Tão bem que cheira!

É raro o dia que não me lembre Sempre me do meu amigo Atilano. Juntos frequentámos a Escola do Castelo. Após cumprir a Recruta, como trabalhava nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), logo que teve oportunidade emigrou. Passaram anos. Nunca mais o vi.

Todos os Natais para mim são iguais. Generoso seria o mundo para todos se os dias fossem iguais.

Os últimos Natais passei-os no Hospital. O de 2015 fui para a Clínica João de Deus e logo transferido de ambulância para o Hospital de Santa Maria. Daqui para o Hospital Pulido Valente. Diagnóstico: Pneumonia… Cuidados Intensivos.

Passei o Ano-Novo, tive alta a 6 ou 7 de Janeiro.

“Um mundo para todos, carregado de searas e pão. É esse o Natal que trago no coração”.

Com um forte abraço e votos de muita saúde.

Mário Vitorino Gaspar