quarta-feira, 12 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17238: Tabanca Grande (434): Mário Magalhães, ex-2.º Sargento Miliciano da CCAV 252 (Bafatá, Bula, Mansabá e S. Domingos, 1961/63), 742.º Grã-Tabanqueiro


2.º Sarg Mil Mário José Magalhães da CCAV 252 (Guiné, 1961/63)


1. Mensagem do nosso camarada, e novo amigo tertuliano, Mário Magalhães, 2.º Sargento Miliciano da CCAV 252, Bafatá, Bula, Mansabá e S. Domingos, 1961/63, com data de 11 de Abril de 2017:

Caros Camaradas

Na sequência dos contactos estabelecidos convosco, venho reiterar o meu maior interesse em ADERIR à Grande Família "TABANCA GRANDE" para o que junto o meu CV e duas Fotos.

Igualmente, agradeço terem já considerado as N/ inscrições no Convívio do próximo dia 29.

Grato pela a V/ Atenção, apresento os meus melhores cumprimentos.
Mário Magalhães


Curriculum Vitae

- Nome: Mário José C R Magalhães
- Data Nascimento: 13 Set. 1937
- Estado Civil: Casado
- Habilitações Literárias: 7.º Ano Liceu
- Serviço Militar: (1.º) - 07ABR59 a 07MAR61 (EPC – CSM)
- BA 4 – Açores: Polícia Aérea
- Reintegrado em 06JUN61 – CIOE (Lamego)
- Serviço Militar: (2.º) - Guiné: AGO61 a NOV63 : Furriel Miliciano Un. Op. Cav. 252 
- Aquartelamentos Temporários: Bafatá, Nova Lamego, Buruntuma, Bula, Caió e S. Domingos.
- Múltiplas Actividades Operacionais nas Zonas de: Bula, Binar,Caió, Mansoa, Farim, Olossato, Oio/Morés, Susana, Varela, S. Domingos, Ingoré, etc.
- Promovido a 2º Sarg. Miliciano com data de 28FEV63.
- Carreira Profissional COMPAL: Gestor do Comércio Externo; Soc. Ind. ALIANÇA: Idem; Coordenador do Projecto OM (Adesão à UE); PANIBÉRICA: Director Comercial; Direcção / Administração de Firmas Familiares da Área de Combustíveis.
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2. Comentário do editor CV:

Caro Mário Magalhães, seja bem-vindo à nossa tertúlia.

O Mário pertenceu à primeira Companhia de Cavalaria a partir para a Guiné, cumprindo uma comissão de serviço de 27 meses (AGO61-NOV63), isto após ter cumprido, antes, 23 meses de tropa na Metrópole, entre Abril de 1959 e Março de 1961. Convenhamos que 50 meses de tropa, 27 dos quais na Guiné, é um castigo muito duro.

De todo este tempo há-de ter recordações, boas e más, que talvez queira partilhar connosco. Estamos ao seu dispor para recebermos o seu material e dar a conhecer à tertúlia. Se tiver fotos do tempo em que ainda se andava, digo eu, um pouco mais à vontade pelas lindas matas da Guiné, mande-as pois serão bem apreciadas por todos nós, os ligeiramente mais novos e que vivemos outro tempo e outro estágio de guerra.

Não sei se também lhe tocou estacionar em Mansabá, eu estive lá 22 meses, entre Abril de 1970 e Fevereiro de 1972. Era mau, mas não tanto como no seu tempo, quando aquela maldita estrada, a partir de Mansoa, era em terra batida. Só aquele itinerário é responsável por muitos mortos ao longo da guerra. A CART 2732, a minha Companhia, deixou lá dois.

Vai ser um prazer conhecê-lo em Monte Real, assim como a família que o acompanhar.
Até, deixo-lhe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Se precisar de algum esclarecimento, tem o meu telefone ao dispor.
Carlos Vinhal
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3. CCAV 252 -  Síntese da actividade operacional

Do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), com a devida vénia:


Refira-se que o primeiro Batalhão de Cavalaria a ser mobilizado para a Guiné foi o BCAV 490, que desembarcou em Bissau a 22JUL63, composto pelas Companhias operacionais: CCAV 487; CCAV 488 e CCAV 489, tendo esta última também estacionado temporariamente em Mansabá.

CV
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17237: Tabanca Grande (432): Mário Leitão, ex-fur mil farmácia. Luanda, 1971/73, passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 741... Está a ser um trabalho de grande mérito ao resgatar a memória dos 52 camaradas de Ponte de Lima que morreram nos 3 teatros de operações da guerra de África, do Ultramar ou colonial (como se queira)... e que estão na "vala comum do esquecimento"!

Guiné 61/74 - P17237: Tabanca Grande (432): Mário Leitão, ex-fur mil farmácia, Luanda, 1971/73, passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 741... Está a fazer um trabalho de grande mérito ao resgatar a memória dos 52 camaradas de Ponte de Lima que morreram nos 3 teatros de operações da guerra de África, do Ultramar ou colonial (como se queira)... e que estão na "vala comum do esquecimento"!


Mário Leitão, farmacêutico reformado, natural de Ponte de Lima,



BI Militar do Mário Leitão, ex-fur m,il de Farmácia,  Luanda, 1971/73


1. Mensagem do António Mário Leitão (*), com data de 8 do corrente

Amigo e Camarada Luís!

Obrigado pelas notícias! De facto, não quis forçar a entrada de um "angolano" na Tabanca Grande, por ter pensado (erradamente) que o Régulo só deixaria entrar na aldeia veteranos "guinéus"!

Aqui vão duas fotografias e um grande OBRIGADO pela tua amável insistência! Envio também o meu sentimento de HONRA por passar a pertencer a essa fraterna Família de Veteranos, guardiões das mais sagradas memórias que a Pátria produziu no século vinte! 

Sabes bem que o V. trabalho é de uma importância cósmica! Graças a vós, muitos de nós, ex-combatentes adormecidos pela balada perversa do regime que nos esqueceu, acordamos desse torpor e apressámo-nos a confiar as nossas vivências da guerra ao V. blogue, para que perdurem eternamente! Muito do espólio que iria ser queimado ou amarelecido pelo tempo ficará agora na Net, constituindo uma inigualável fonte de informação para os vindouros e permitindo desde já a todos nós, usuários da actualidade, cruzar dados, completar relatos e reconstituir acontecimentos já toldados pela poeira do tempo. 

Bem hajam pela vossa odisseia!

Querido amigo, se te aproximares de um raio centrípeto que te arraste até Ponte de Lima, trata de me avisar porque gostaria de te conhecer e dar um grande abraço!
Muita Força e determinação para o V. trabalho!
Obrigado, Luís!

PS - Caro Luís Graça, creio que precisas destes dados para o "ficheiro":
- Nascimento: 17 Fev 1949;
- Naturalidade: Ponte de Lima (freguesia de Correlhã);
- Residência: Sabadão - Arcozelo. 4990-256 Ponte de Lima;
- Farmácia MIlitar de Luanda (71-73);
- Participei no XI volume da obra "Guerra Colonial - a História na primeira pessoa" (QUIDNOVI, 2011 a pág. 18 a 28), com o artigo "A farmácia militar".

Espero que as fotos sirvam! Um abraço e obrigado!


2. Comentário do editor LG:

Meu caro Mário: já estás mais do que apresentado à Tabanca Grande, no último poste que te dediquei, anteriormente (*). Para já tinha a obrigação moral de te "tirar o quico" e de te "bater a pala" pelo teu trabalho de 25 anos em prol das lagoas de Bertiandos e S. Pedro d' Arcos, que é um património de todos nós, como também, e sobretudo, pelo amor à tua terra e aos teus conterrâneos que deram o melhor de si, a sua vida, na guerra de África, guerra do Ultramar ou guerra colonial, como se queira. Andas a arrancá-los, um a um, da "vala comum do esquecimento", e a escrever as suas pequenas/grandes biografias. Neles se incluem os nossos camaradas da Guiné. É um gesto de grandeza de alma a que não podemos ficar indiferentes. É por isso que tens lugar, e lugar de honra, na nossa Tabanca Grande. De resto, já cá temos alguns angolanos, cada um deles também por razões singulares: estou-me a lembrar de alguns camaradas como o António Rosinha, o Patrício Ribeiro, o Carlos Cordeiro, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, e outros que agora não me ocorrem, e que integram a nossa tertúlia de há longa data...

Como deves calcular, só não abrimos o  nosso blogue a toda a gente que combateu nos 3 teatros de operações, por razões de economia de meios. Não teríamos capacidade técnica e humana para lidar com tão gigantesca tarefa. 

Por outro lado, falta-nos o "conhecimento do terreno" de Angola e Moçambique. A Angola já fui, várias vezes, a partir de 2003, em missão de cooperação. Em boa verdade, só estive em Luanda, uma meia dúzia de vezes, em ações de formação na área da saúde (administração hospital, gestão de serviços de saúde, medicina do trabalho). 

Não conheci Luanda, como tu conheceste em tempo de guerra. Em suma, não tenho nenhuma autoridade e competência para criar e gerir um blogue que integre os camaradas que estiveram em missões de serviço em Angola e Moçambique, dois territórios gigantescos comparados com a Guinézinha, como diria a Cilinha... 

Em suma,  meti-me nesta "história", em 2004, porque a Guiné era "maneirinha", e a guerra lá marcou-me para o resto da vida... 

Passas a ser o membro da Tabanca Grande nº 741, com os inerentes direitos e deveres de qualquer outro "camarada e amigo da Guiné". Sei que tens histórias para nos contar, e fotos para publicar, até porque também estamos curiosos em saber o que é que um furriel miliciano de farmácia fazia em Luanda, em 1971/73...

Pronto, já podes ver o teu nome, Mário Leitão,  na lista alfabética da Tabanca Grande, na coluna do lado esquerdo... Espero que fiques por cá por muitos e bons anos. Vamos tomar boa nota da tua data de nascimento: queremos comemorá-la todos os anos...
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 11 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17235: E as nossas palmas vão para... (13): Mário Leitão, farmacêutico reformado, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, delegação nº 11 do Laboratório Militar, autor de "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012, 295 pp, mais de 500 fotografias), um homem de causas, agora empenhado em resgatar da "vala comum do esquecimento" os 52 bravos do concelho de Ponte de Lima que morreram na guerra do ultramar, 11 dos quais no CTIG

Guiné 61/74 - P17236: Parabéns a você (1238): Francisco Alberto Santiago, ex-1.º Cabo TRMS do BART 3873 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17231: Parabéns a você (1237): Jorge Félix, ex-Alf Mil Pilav Alouett III da BA 12 (Guiné, 1968/70); Jorge Picado, ex-Cap Mil da CCAÇ 2589, CART 2732 e CAOP 1 (Guiné, 1970/72) e Manuel Marinho, ex-1.º Cabo At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

terça-feira, 11 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17235: E as nossas palmas vão para... (13): Mário Leitão, farmacêutico reformado, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, delegação nº 11 do Laboratório Militar, autor de "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012, 295 pp, mais de 500 fotografias), um homem de causas, agora empenhado em resgatar da "vala comum do esquecimento" os 52 bravos do concelho de Ponte de Lima que morreram na guerra do ultramar, 11 dos quais no CTIG

 

Capa do livro


Dedicatória manuscrita ao editor do nosso blogue


Ficha técnica












Contracapa


Dedicatória de Mário Leitão ao nosso editor:


"Ponte de Lima, 28/3/2017: Ao prof doutor Luís Graça com a minha homenagem pelo seu incansável trabalho pela conservação das memórias da guerra do Ultramar! Com um abraço do Mário Leitão".



1. Mensagem do António Mário Leitão, um limiano de alma e coração, com data de 6 do corrente:

Caro Luís:

As minhas renovadas felicitações pelo V. magnífico trabalho! São incontáveis as buscas bem sucedidas que realizo no vosso  Blog para os meus livros. Obrigado!

Como não encontro o teu nº telefónico, queria saber se recebeste o meu livro sobre as Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d'Arcos, que enviei para a tua Universidade.

Um abraço!

Mário Leitão


2. Resposta do nosso editor LG, na volta do correio:

Querido amigo e camarada, recebi (e estou maravilhado com) o teu trabalho. Obrigado pela dedicatória. Prometo fazer uma recensão do livro, agora nas "férias" da Páscoa, que vou passar ao Norte, como de costume.

Quando voltar a Ponte de Lima, apito. Amanhã, telefono-te. O meu nº de telemóvel é o (...).

Tínhamos combinado, há uns tempos atrás,  se bem me recordo, que irias integrar a nossa Tabanca Grande (*). Acho que só faltavam as tuas duas fotos da praxe, uma do antigamente e outra atual. O convite continua de pé. Será uma honra ter-te cá, ao pé dos camaradas da Guiné, sentado sob o poilão mágico e sagrado da nossa Tabanca Grande.

Um, alfabravo, Luís


3. Comentário de LG:

O Mário Leitão já me mandou, entretanto,  todos os elementos para eu o poder apresentar, condignamente,  à Tabanca Grande como o grã-tabanqueiro nº 741.

O Mário Leitão não esteve na Guiné, esteve em Angola. Tem três ou quadro referências no nosso blogue. É  farmacêutico reformado. Foi furriel miliciano na Farmácia Militar de Luanda, delegação n.º 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Angola, 1971/73.

O que é que ele tem feito, em prol da nossa causa comum, que justifique a sua entrada, pela porta grande da Tabanca Grande, honra essa que só é devida aos combatentes que passaram pelo TO da Guiné, de 1961 a 1974 ?

Muito simplesmente, o Mário Leitão é um homem de grandes causas: tem estado empenhado nestes últimos anos em honrar e preservar a memória dos 52 camaradas limianos que morreram (em combate, acidente ou doença) nos três teatros de operações, em África, seis dos quais ainda por resgatar (*).

Este homem, este camarada, farmacêutico reformado, antigo director técnico da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo (, à frente da qual estão agora os seus dois filhos), podia estar quietinho nas suas tamanquinhas,  a "viver dos rendimentos", na sua bela terra, Ponte de Lima... Mas não, não é dessa têmpera, é um minhoto, é um limiano, é um poço de energia, tendo-se abalançado agora a resgatar da vala comum do esquecimento os seus camaradas que morreram na guerra do ultramar.... Ele está a recolher elementos para um livro e é, no que respeita ao TO da Guiné, um leitor apaixonado do nosso blogue... Quer, em outubro próximo, fazer uma grande homenagem aos bravos limianos, entre os quais se contam os nossos malogrados camaradas da Guiné:

António da Silva Capela (que morreu no decurso da Op Ostra Amarga),
Armando Ferreira Fernandes,
Celestino Gonçalves de Sousa,
Damásio Manuel Fernandes Cervães,
João Alves Aguiar,
João da Costa Araújo,
João Fernandes Caridade,
João Vieira de Melo,
José Pereira Durães,
José Rodrigues Barbosa,
Júlio de Lemos Pereira Martins.

Last but not the least, por fim e não menos importante, o Mário  Leitão é autor de um  livro  de referência, "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (Ponte de Lima: Lions Clube de Ponte de Lima, 2012, 295 pp.), de que se fizeram mil exemplares, e está hoje praticamente esgotado. Ele teve a gentileza de mandar um exemplar autografado, sabendo da minha admiração por esse rincão maravilhoso da nossa terra que é o concelho de Ponte de Lima e a Área Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d' Arcos

O que muita gente não sabia (incluindo eu próprio) é que o nosso camarada Mário Leitão foi um dos pioneiros (se não mesmo o mais antigo) dos estudiosos daquela que é hoje uma Paisagem Protegida,
reconhecida nacional e internacionalmente como um importante zona húmida, rica pela sua biodiversidade, "ponto de partida para o lançamento de um grande projeto de conservação da natureza, de construção social, desenvolvimento rural e territorial, que nasceu das possibilidades dum espaço singular, mas também da visão e do esforço coletivo de diversos agentes, na sua relação próxima com a população e proprietários locais"...

O Mário Leitão teve, neste projeto, uma quota-parte do grande mérito, eu acho que ele merece uma estátua, na sua terra, pelo trabalho excecional que fez, ao longo de duas décadas e meia, e ele toda um equipa de gente jovem, apaixonada pela ciência e pela natureza, incluindo o levantamento, a a identificação e a caracterização da fauna e flora, bem como a educação ambiental das populações.

Por tudo isso, e não é pouco, o Mário Leitão merece que a gente lhe tire o quico!... As nossas palmas desta vez vão para ele! (**)... Num próximo poste iremos apresentá-lo como o nosso novo grã-tabanqueiro, como o nº 741.

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Notas do editor:

(*)  Vd. postes de:

26 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17180: In memoriam (281): João Vieira de Melo, 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAV 1485, falecido, vítima de ferimentos recebidos em combate, no dia 20 de Fevereiro de 1966, um herói limiano que tarda em ser homenageado (Mário Beja Santos / Mário Leitão)

15 de fevereiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15749: (De)Caras (29): Tentativa, frustrada, de criação do Dia do Combatente Limiano... Assembleia Municipal de Ponte de Lima chumbou a proposta (Mário Leitão, farmacêutico, ex-furriel mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Luanda, 1971/73)



(**) Postes anteriores da série >

10 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16189: E as nossas palmas vão para ... (12): Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas", empresário em Bissau, português com P grande, que esperamos um dia destes ver condecorado no 10 de junho pelo presidente da República Portuguesa de todos os portugueses

1 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15694: E as nossas palmas vão para... (11): Catarina Gomes, a nossa amiga jornalista do "Público" que venceu o Prémio Rei de Espanha, na categoria imprensa escrita, com o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra?"... (Trata-se da segunda parte de um trabalho, iniciado em 2013, sobre os "Filhos do Vento")

30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14420: E as nossas palmas vão para... (10): João Crisóstomo e António Rodrigues, amigos da causa de Aristides de Sousa Mendes (Parte II)


17 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13299: E as nossas palmas vão para... (8): Nuno [José Varela] Rubim, autor de vasta obra sobre a nossa história militar, com destaque para "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580"

7 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13252: E as Nossas Palmas Vão para... (7): José Carmino Azevedo, autarca de Vila Frechoso, Vila Flor, que quis doar à Tabanca Grande 0,5% do seu IRS de 2013... Que gesto magnânimo!!!... Infelizmente não temos estatuto jurídico...nem sequer número de identificação fiscal (NIF) e, como tal, não existimos face ao Estado Português...


1 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11176: E as Nossas Palmas Vão Para... (5): Daniel Rodrigues, 25 anos, português, fotojornalista, que ganhou o "óscar" da melhor fotografia, na categoria "Vida Quotidiana", do concurso de 2013 da "Word Press Photo", com um belíssima foto de uma jogatana de futebol entre miúdos de Dulombi, março de 2012 (Luís Dias)

18 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6424: E as Nossas Palmas Vão Para... (4): O Município de Vila Nova de Famalicão no Dia Internacional dos Museus, a que se associaram dez museus, públicos e privados, incluindo o Museu da Guerra Colonial

24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5005: E as Nossas Palmas Vão Para... (3): Medalha de Prata de Serviços Distintos, com Palma (José Martins)

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2316: E as Nossas Palmas Vão Para... (2): Os que lutam, na Guiné-Bissau, contra a Mutilação Genital Feminina (MGF)

Guiné 61/74 - P17234: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XI: trinta e nove anos depois, homenagem aos mortos, em 1981, em Setúbal





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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943). Faria depois da Escola de Sargentos de Águeda. Promovido a alferes, comandou a GNR em Tavira, até 1968. Colaborava com regularidade, no jornal "Povo Algarvio", onde o nosso camarada Manuel Amaro o conheceu, pessoalmente. Em 1969, já capitão, sendo o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa-

Não temos mais informações atualizadas sobre este nosso velho camarada (e nomeadamente, por onde andou depois do 25 de Abril). De qualquer modo, é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. Se for ainda  vivo, e oxalá que sim, terá então a bonita idade de 96 ou 97 anos. Cabe-nos em,todo o caso honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.

A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

[Foto, à direita, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]

Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

As páginas que publicamos hoje [cap XIV, de 46 a 50, cap ] não vêm numeradas no livro.  
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Guiné 61/74 - P17233: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (5): Listagem actualizada dos inscritos (115). Lotação máxima: 200. Atenção que só faltam duas semanas para fecharmos as inscrições


Infogravura: © Miguel Pessoa (2017)





Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné



XII ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE 

PALACE HOTEL DE MONTE REAL

29 DE ABRIL DE 2017


Caros camaradas e amigos

Não parece, mas estamos a duas semanas de fechar as inscrições. 

Relembramos que o prazo limite é o fim do dia 23 - domingo

Mais uma vez pedimos às pessoas que não se deixem para o fim, especialmente quem quiser reservar dormida no Palace. Como têm visto, há outros eventos em simultâneo no Hotel, o que poderá impedir de satisfazer a procura.

Camarada e amigo, verifica aqui o teu nome. Não está? Devia estar? Não te inscreveste pela certa. 

Conforme gráfico que reproduzimos acima, o sul do país (do Tejo para baixo...) ainda não está representado no encontro onde vamos comemorar os nossos 14 anos de existência!... 14 anos a blogar é obra, são pelo menos seis comissões na Guiné!,,, 

Nem muito menos as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores... Da diáspora, e neste caso, dos EUA,  temos dois ilustres representantes... que já nos deram a honra da sua presença o ano passado.  Com o Zeca Macedo, que foi fuzileiro, temos as 3 armas representadas (Exército, Força Aérea e Marinha)... Ainda nos faltam 85 inscrições para atingir o pleno (200 lugares).


LISTA DOS 115 INSCRITOS ATÉ AO MOMENTO


Abel Santos - Leça da Palmeira / Matosinhos
Agnelo Macedo e Delfina - Lisboa
Agostinho Gaspar - Leiria
Albano Costa e Maria Eduarda - Guifões / Matosinhos
Almiro Gonçalves e Amélia - Vieira de Leiria
António Arcílio Azevedo e Maria Irene - Leça da Palmeira / Matosinhos
António Dias Pereira e Teresa Maria - Tomar
António Duarte e Conceição - Linda-A-Velha / Oeiras
António Fernando Marques e Gina - Cascais
António José P. da Costa e Maria Isabel - Lisboa
António Luís e Maria Luís - Lisboa
António M. Sucena Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Maria Silva e Maria de Lurdes - Sintra
António Martins de Matos - Lisboa
António Vieira - Vagos
Armando Nunes Carvalho e Maria Deolinda - Sintra
Arménio Santos - Lisboa

Carlos Alberto Cruz, Irene e Paulo - Paço de Arcos / Oeiras
Carlos Cabral e Judite - Pampilhosa
Carlos Vinhal e Dina - Leça da Palmeira / Matosinhos
 
David Guimarães e Lígia - Espinho
Diamantino Ferreira e Emília - Leiria

Eduardo Campos - Maia
Eduardo Jorge Ferreira - Vimeiro / Lourinhã
Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Eduardo - Porto
Ernestino Caniço - Tomar

Fernando Jesus Sousa e Emília Sérgio - Lisboa
Francisco José F. Oliveira - Lisboa
Francisco Palma - Cascais
Francisco Silva e Maria Elisabete - Porto Salvo / Oeiras

Hernâni Alves da Silva e Branca - V. N. Gaia 
Idálio Reis - Sete-Fontes / Cantanhede

Isolino Gomes e Júlia - Porto

Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
Joaquim Gomes Soares, Maria Laura e Aurora Brito - Porto
Joaquim Mexia Alves, Catarina e André - Monte Real / Leiria
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão e Maria de Lurdes - Oeiras
Jorge Ferreira - Lisboa
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Pinto e Ana Maria - Sintra
Jorge Rosales - Monte Estoril / Cascais
José Almeida e Antónia - Viana do Castelo
José Barros Rocha - Penafiel
José Casimiro Carvalho - Maia
José Eduardo R. Oliveira - Alcobaça
José Ferreira da Silva e Maria Vergilde - Crestuma / V. N. Gaia
José Francisco Macedo Neves e Rosa Maria - Guifões / Matosinhos
José Macedo e Goreti - Estados Unidos da América
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Manuel Lopes e Maria Luísa - Régua
José Miguel Louro e Maria do Carmo - Lisboa

Luís Graça - Alfragide / Amadora
Luís Moreira e Irene - Sintra
Luís Paulino e Maria da Cruz - Algés / Oeiras

Manuel Augusto Reis - Aveiro
Manuel Gonçalves e Maria de Fátima - Lisboa
Manuel José Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Manuel Lima Santos e Fátima - Viseu
Manuel Lopes e Hortense - Monte Real / Leiria
Mario Magalhães, Fernanda e Afonso - Sintra
Mario Vitorino Gaspar - Lisboa
Miguel Pessoa e Giselda - Lisboa
 
Ricardo Figueiredo - Porto
Rogé Guerreiro - Cascais
Rui Pedro Silva - Lisboa

Silvino Correia d'Oliveira - Leiria

Virgínio Briote e Maria Irene - Lisboa
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A Comissão organizadora

Carlos Vinhal
Joaquim Mexia Alves
Luís Graça
Miguel Pessoa
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Nota do editor

Poste anterior de 5 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17208: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (4): Temos até hoje de manhã 93 inscrições... Ainda faltam 107 para fazermos o pleno... Vamos festejar os 13 anos de existência do blogue!

Guiné 61/74 - P17232: Convívios (793): XXII Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, dia 20 de Maio de 2017, em Coimbra (César Dias, ex-Fur Mil Sapador)



1. Mensagem do nosso camarada César Dias (ex-Fur Mil Sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71) com data de 2 de Abril de 2017, anunciando o XXII Encontro do pessoal do seu Batalhão:

Boa noite Carlos, saudações camarigas 
Venho mais uma vez pedir-te, caso seja possível, que publiques mais este alerta ao BCAÇ2885. Reunir das tropas. 

Convocam-se todos os elementos do BCAÇ2885 para mais um almoço de confraternização que terá lugar no próximo dia 20 de Maio em Coimbra, conforme anexos com localização e ementa. 

Então? "NÓS SOMOS CAPAZES" vamos estar presentes. 

Um forte abraço do amigo
César Dias






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Nota do editor

Último poste da série de 4 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17206: Convívios (792): Encontros com e para a história - O caso do camarada Manuel José Janes - "O Violas" da CCAÇ 1427 (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P17231: Parabéns a você (1237): Jorge Félix, ex-Alf Mil Pilav Alouett III da BA 12 (Guiné, 1968/70); Jorge Picado, ex-Cap Mil da CCAÇ 2589, CART 2732 e CAOP 1 (Guiné, 1970/72) e Manuel Marinho, ex-1.º Cabo At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)



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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17223: Parabéns a você (1236): Jorge Canhão, ex-Fur Mil Inf do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74); Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art MA da CART 1659 (Guiné, 1967/68) e Coronel Pilav Ref Miguel Pessoa, ex-Tenente Pilav da BA 12 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17230: Agenda cultural (553): Convite para sessão de apresentação do livro "Exílios: testemunhos de exilados e desertores portugueses na Europa (1961-1974)". Lisboa, Museu do Aljube, 3ª feira, dia 11, às 18h00. Apresentação de Carlos Matos Gomes, e intervenções de 2 dos 21 autores. (Confirmar presença.para info@museudoaljube.pt)






1. Mensagem de Helena Pinto Janeiro, com data de hoje, às 20h15

Estimado Luís Graça e amigos do blogue «camaradas da Guiné»

O coronel Carlos Matos Gomes, um dos vossos ilustres camaradas na Guiné, vai amanhã apresentar um livro sobre deserção e exílio na guerra colonial. Aqui fica o convite para um evento que demonstra como, em democracia, mesmo os temas incómodos podem ser discutidos com a elevação que o nome dos intervenientes promete.


​ No Museu do Aljube, à Sé, pelas 18h de 11 de Abril.

Com os melhores cumprimentos,

Helena Pinto Janeiro, PhD 


Museu do Aljube - Resistência e Liberdade & Instituto de História Contemporânea, FCSH/ Universidade NOVA de Lisboa
helenajaneiro@egeac.pt
https://fcsh-unl.academia.edu/HelenaPintoJaneiro


[O livro é editado pela Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEP61-74), com sede em Carcavelos. Vd aqui o respetivo sítio na Net bem como o índice da obra.]


["A AEP61-74, Associação de Exilados Políticos Portugueses reúne um conjunto de antigos desertores, refractários e exilados políticos portugueses na Europa. Tem por objectivos, publicar o livro Exílios, testemunhos de exilados portugueses na Europa (1961-74); recolher e divulgar memórias do exílio dos anos 60/70 do século XX; criar, produzir e apoiar comunicação multimédia sobre o mesmo período; apoiar e desenvolver iniciativas pela paz, pelos direitos humanos, contra a guerra. É uma organização sem fins lucrativos e está aberta a iniciativas, defensores e activistas destas causas." ]


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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17213: Agenda cultural (552): Lançamento do livro de Sérgio Neto, "Do Minho ao Mandovi: um estudo do pensamento colonial de Norton de Matos" (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016): 10 de abril, 2ª feira, às 17h., Casa Municipal da Cultura, Coimbra. Apresentação: professores doutores Luís Reis Torgal e Armando Malheiro da Silva

Guiné 61/74 - P17229: Notas de leitura (945): “La Guine Bissau D’Amilcar Cabral à la reconstrution nationale”, por J.-CL. Andréini e M.-L. Lambert, Éditions l’Harmattan, 1978 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Janeiro de 2016:


A Guiné-Bissau três anos depois (1)

Beja Santos

A obra intitula-se “La Guine Bissau D’Amilcar Cabral à la reconstrution nationale”, por J.-CL. Andréini e M.-L. Lambert, Éditions l’Harmattan, 1978. É curioso como uma obra declaradamente apologética insere elementos pertinentes para a compreensão do novo país, ficamos a saber mais sobre o que motivava a liderança do PAIGC a partir de Outubro de 1974, como o país se pretendia organizar, quais as estratégias de desenvolvimento que se puseram desde a primeira hora. Os autores justificam o seu trabalho alegando que a experiência de Guiné-Bissau é de um grande interesse para aqueles que seguem as tentativas revolucionárias em África, justificam-se com a apresentação de elementos sobre as atividades socioeconómicas e políticas, o que parecia ir bem, o que inquietava o PAIGC naqueles primeiros anos.

Não vale a pena determo-nos na apresentação de Cabral, na história do PAIGC, na natureza da luta nacional, respetivas estruturas políticas e participação, composição do partido, o lugar do Estado, vamos dar voz ao que parecia ser o projeto político do PAIGC quando a Guiné ficou independente de facto. Segundo estes dois autores o movimento libertador reagrupava camadas sociais em torno do nacionalismo anticolonialista. Não havia nenhum projeto, quando chegaram a Bissau para motivar e dar confiança a toda a população que aguardava o vencedor na maior das expetativas. A direção política do PAIGC terá tido a ilusão de que podia adaptar mecanicamente a natureza da participação existente durante a luta armada, que seria simples instituir comités de bairro, nas cidades, e comités de tabanca, no meio rural. A divisa inicial era “paz e progresso para o povo”. Segundo os autores, Luís Cabral terá dado provas inequívocas de lutar contra a inércia e as tendências oportunistas. Veremos adiante que estes primeiros anos de reconstrução e de “reunificação” não foram particularmente felizes em explicar a todas as populações o que se entendia por etapas do desenvolvimento, como todos podiam vir a usufruir gradualmente de serviços públicos e se envolverem na modernização económica e social.

Os autores alegam que a herança colonial foi tremenda. Claro que foi, mas a liderança do PAIGC sabia o que vinha depois de ter contribuído para desmantelar o mundo da produção agrícola, fazer reduzir as exportações, etc. uma guerra daquela natureza teria que implicar importações de arroz na medida em que um número elevadíssimo de bolanhas ficaram improdutivas, a pequena indústria, sobretudo no campo das serrações, volatizou-se, ao tempo eram as exportações de amendoim que contribuíam para que a balança de transações estivesse menos desequilibrada. Havia os refugiados que estava nomeadamente no Senegal e na Guiné Conacri, como na Gâmbia, estimam-se em cerca de 150 mil. O alto comissariado para os refugiados das Nações Unidas desenvolveram um enorme esforço para trazer esses seres humanos, dando-lhes artefactos, sementes, etc. Amílcar Cabral agrónomo de profissão, conhecia profundamente a natureza dos problemas agrícolas que iriam surgir após a independência, fora ele que aprovara o plano de sabotagens económicas para inativar as relações coloniais existentes.

Os responsáveis guineenses diziam que o domínio prioritário do programa económico da reconstrução nacional era a agricultura. Como se compreenderá, não é fácil instalar 150 mil cidadãos, assegurando-lhe a terra para cultivar. Havia que recuperar as bolanhas, refazer as proteções contra as águas salgadas, erguendo diques e outras infraestruturas. Falava-se entusiasticamente que viriam técnicos cooperar na extensão rural, falou-se mesmo na participação dos jovens militares e dos militares das FARP. As granjas do Estado pareciam também destinadas a campos experimentais para encontrar novas explorações intensivas, por exemplos no campo dos hortícolas. Havia mesmo uma fatia importante da ajuda internacional que iria ser canalizada para o financiamento de projetos agrícolas, vieram técnicos de Cuba e da China para contribuir para o reflorestamento e para a melhoria das técnicas orizícolas, a Argélia contribuía com uma unidade avícola impressionante, a França prontificou-se a financiar um projeto de desenvolvimento agrícola em Bafatá, tomaram-se mesmo medidas para melhorar os preços à produção do amendoim, garantindo-se o escoamento, enviaram-se técnicos para debater com as populações novos hábitos alimentares, incitando os agricultores a diversidade das culturas, foi uma tentativa de mudar a alimentação guineense, subtraindo-a à monotonia do arroz. Os autores acham que era muito difícil avaliar a política agrícola dos três primeiros anos, limitaram-se a apresentar estatísticas alegando que se caminhava para o melhor dos mundos possíveis. Já se sabe que não foi assim que as coisas se passaram: baixou a produção, houve que importar mais arroz, baixaram as exportações, agravou-se o défice externo.

Apostando na coletivização do comércio, nacionalizaram-se os estabelecimentos da Casa Gouveia e da Ultramarina, parecia que tinha desparecido a base da exploração colonial, que os Armazéns do Povo iriam ter agora facilidade em organizar os circuitos de distribuição, tal como tinham feito nas chamadas zonas libertadas. Começaram as carestias, os produtos a faltar nas cidades e os Armazéns do Povo praticamente vazios, eram os djilas quem ganhavam com o caos instalado, comprovam o que podiam e iam vender às pequenas localidades a preços exorbitantes. Em 1977, face às continuadas roturas de stock, o governo decidiu normalizar a atividade dos djilas, mas não se resolveu o problema de fundo. Todo este sistema estatal desaparecerá nos anos 1980, revelara-se inoperante, houvera imensa corrupção, a população estava farta de procurar óleo e sabão e ele não aparecia.

Mas o investimento na agricultura foi mínimo, a liderança do PAIGC apostava forte no desenvolvimento industrial, acreditava-se piamente que o país enriqueceria com as suas indústrias extrativas, se o país era agrícola bem podia tornar-se agroindustrial, sonharam-se com complexos agroindustriais, com serviços de energia e de água, infraestruturas, etc. O país endividou-se mais, sobrevieram maus anos agrícolas, o descontentamento era enorme.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17218: Notas de leitura (944): “O país fantasma”, de Vasco Luís Curado, Publicações Dom Quixote, 2015 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17228: (D)o outro lado do combate (Jorge Araújo) (7): as más notícias de Amílcar Cabral (1924-1973): a mina accionada pela viatura de Pedro Pires, em 17 de março de 1972, na estrada Sansalé-Boké, em território da Guiné-Conacri



Infogravura: Jorghe Araújo (2017)



Colaborador permanente do nosso blogue, Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Especiais da CART 3494. Xime e Mansambo, 1971/74) é professor universitário, doutorado em ciências do desporto.  Este texto foi nos  enviado a 17 de março último, com a seguinte nota: "passam hoje 45 anos em que o Pedro Pires caiu numa mina em território da Guiné-Conacri, conforme é referido por Amílcar Cabral", pretexto para maia um poste para a série "(D)o outro ladoc do combate (*).


Sobre o comandante Pedro Pires. recorde-se aqui o seguinte:


(i) de seu nome completo Pedro Verona Rodrigues Pires, nasceu na ilha do Fogo, Cabo Verde, em 29 de abril de 1934:

(ii) em Lisboa, a partir de 1956. frequenta a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e é membro da Casa de Estudantes do Império;

(iii) chamado a cumprir o serviço militar obrigatório, foi alferes miliciano na FAP - Força Aérea Portuguesa.

(iv) com o início da luta armada em Angola em 1961, saiu clandestinamente  de Portugal em junho desase anop no meio de uma leva de 8 dezenas de estudantes africanos que foi a salto para França (entre eles, estavam os angolanos Iko Carreira, Gentil Viana e Daniel Chipenda e os moçambicanos Joaquim Chissano e Pascoal Mocumbi):

(v) de França seguiu para Marrocos, onde colaborou com o dirigente da Frelimo, o moçambicano Marcelino dos Santos, na Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas:

(vi) em 1963, já está em Dacar, Senegal, de onde transita depois para Conacri, antes de seguir para Cuba e para a URSS, onde frequentou cursos de guerrilha;

(vii) sabe-se pouco sobre a sua vida como combatente; na sequência do assassinato  de Amílcar Cabral em janeiro de 1973. torna-se  um dos protagonistas do II Congresso do PAIGC, que criou uma Comissão Nacional para Cabo Verde;

(viii) foi depois escolhido para comissário adjunto (secretário de Estado) das Forças Armadas, quando o PAIGC proclamou a independência da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973; nessa altura, Pires aparecia como n.º 2 de Nino Vieira, que acumulava as funções de comissário (ministro) com as de presidente da Assembleia Nacional Popular.

(ix) chefiou a delegação do PAIGC que negociou com o Governo português, o reconhecimento da independência da Guiné: assinou o Acordo de Argel, em agosto de 1974: dirigiu a delegação que assistiu ao acto de reconhecimento da independência da Guiné-Bissau, em Lisboa, a 10 de setembro de 1974:

(ix) depois da Declaração de Independência de Cabo Verde em 5 de julho de 1975, foi designado ministro-presidente, cargo que ocupou até 1991, quando — como resultado de sua iniciativa junto com outros — o sistema multipartidário foi introduzido no país e o MpD - Movimento pela Democracia, de Carlos Veiga, conseguiu a maioria.

(x) com o advento da democracia e do multipartidarismo, em 1991, o comandante Pedro Pires substituiu Aristides na liderança do partido (já designado por PAICV após a cisão de 'Nino' Vieira):

(xi) eleito Presidente da República em 2001 e reeleito em 2006:

Outras fontes: vd. também, Expressp das Ilhas e o arquivo Pedro Verona Pires no portal Casa Comum / Fundação Mário Soares.


1. INTRODUÇÃO

Antes de mais, cumpre-me referir que tinha intenção de adicionar o meu modesto contributo a um dos temas mais sensíveis desta semana no blogue, apresentado no P17138 pelo nosso camarada António Martins de Matos (ten gen pilav ref), em particular sobre o seu ponto 3. «O Strela, a arma que revolucionou a guerra». )*)

Porém, por ter em mãos a divulgação de uma ocorrência (efeméride) verificada há, precisamente, quarenta e cinco anos, em 17 de março de 1972, igualmente uma sexta-feira como a deste ano, esta acabou por se sobrepor à anterior, por opção, prometendo no entanto recuperá-la oportunamente.
A presente narrativa nasce, uma vez mais, de uma nova visita aos arquivos da Casa Comum, Fundação Mário Soares, onde encontrei uma outra má notícia divulgada por Amílcar Cabral (1924-1973), esta relacionada com o accionamento de uma mina, colocada em território da Guiné-Conacri, no itinerário entre Sansalé e Boké, por uma viatura (pesada?) onde seguiam entre outros dirigentes do PAIGC, Pedro Pires e Bacar Cassamá, que saíram ilesos, mas onde se registaram algumas perdas humanas que não foram identificadas/referidas nem quantificadas na sua carta.

[Vd, acima o mapa da região sul da Guiné, assinalando-se o local do acidente, no itinerário Sansalé-Boké, em território da Guiné-Conacri.]


2. AS MÁS NOTÍCIAS DE AMÍLCAR CABRAL

2.1. O episódio da mina accionada pela viatura de Pedro Pires

Este episódio ocorreu em 17 de março de 1972, uma sexta-feira, faz quarenta e cinco anos. Partindo do pressuposto de que serão poucos, certamente, os que dele têm conhecimento, tomei a iniciativa de o partilhar convosco.

Nessa sua missiva enviada a Pedro Pires (n. 1934-04-29), lamentando o sucedido, Amílcar Cabral refere que ele é (era) “fruto da traição dos nossos próprios irmãos”, situação que haveria de repetir-se consigo próprio, dez meses depois, em 20 de janeiro de 1973, ao ser assassinado em Conacri por membros do seu próprio partido, facto histórico amplamente divulgado nos mídia, e já do domínio público.

Quanto ao conteúdo transmitido, aqui vos deixo a sua totalidade, transcrevendo-o, e adicionando-lhe pequenos detalhes, colocados entre parênteses rectos.

O original está colocado no final, bem como referida a sua fonte.


2.2. A carta de Amílcar Cabral para Pedro Pires escrita em 18 de março de 1972

[Papel timbrado do PAIGC]

Conacri, 18 de Março de 1972


Meu caro Pires,


Algumas palavras apenas para te dizer que foi para mim uma grande surpresa saber, pela tua carta de 17 de Março [ontem], que tu estavas no carro [provavelmente uma viatura pesada] que caiu na mina na estrada de Sansalé [região de Boké, República da Guiné]. Vi bem que na mensagem [provavelmente telegrama] dizias caímos, mas pensei que fosse apenas maneira de exprimir nossa.

Temos ainda mais razões, portanto – e grandes, meu Deus – para sentir profundamente o que se passou, fruto da traição dos nossos próprios irmãos, ao serviço dos criminosos colonialistas tugas. Compreendo perfeitamente a tua tristeza ou indignação perante o acontecimento, e só agradeço a todos os deuses e irans [irãs] o não termos tido mais perdas [não quantificadas], a tua vida e a do Bacar [Cassamá], e a de outros camaradas terem sido preservadas.



Cortesia da Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Arquivo Amílcar Cabral

Citação:
Bruna Polimeni (Ago’1971), "Amílcar Cabral, Constantino Teixeira e Bacar Cassamá entre outros militares do PAIGC", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43310 (2017-3-16)

Dado a gravida do caso escrevi uma informação ao [Ahmed] Sekou Touré [1922-1984], da qual te envio uma cópia. Hoje, dentro de meia hora, vou falar com ele sobre este assunto, que é do nosso interesse comum e que devemos resolver com urgência.


Bem gostaria de estar contigo agora para falarmos sobre este assunto – e sobre esta condição própria às lutas como a nossa que é a traição daqueles por quem lutamos e sofremos. Espero no entanto ver-te o mais breve possível. Lamentando, é certo, os camaradas perdidos e feridos, cujos nomes espero me indiques, regozijo-me no entanto em saber-te bem, ileso e, como sempre, decidido a dar tudo pela vitória do nosso Partido, ao serviço do nosso povo.


Todos te cumprimentamos com saudade.

Fraternalmente, Amílcar Cabral.


Fonte: Portal: Casa Comum

Instituição: Fundação Mário Soares


Assunto: Manifesta a sua surpresa por Pedro Pires se encontrar no carro que caiu na mina na estrada de Sansalé, colocada pelos “irmãos ao serviço dos criminosos colonialistas”. Refere que escreveu uma informação ao Sekou Touré, dada a gravidade do caso.

Remetente: Amílcar Cabral.

Destinatário: Pedro Pires

Data: Sábado, 18 de Março de 1972

Fundo: Pedro Verona Pires

Tipo Documental: Correspondência
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Nota do editor:

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