quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17762: Os nossos seres, saberes e lazeres (229): Aquele último dia em Bruxelas, já saudoso pelo regresso (9) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 16 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Aqui não se escamoteia que existe uma elevada cumplicidade entre o viandante e uma cidade que o atrai, como onde eletromagnética, vai para 40 anos. Não é só a cidade em si é tudo aquilo que ela proporciona, o viandante é um sénior, pode chegar à gare central de Bruxelas, compra um bilhete por sete euros e pode passar o dia a visitar o país. Por exemplo, apanha aí pelas oito da manhã o comboio para Liége, por ali se passeia e almoça, regressa por Namur, que igualmente tem muito para ver, à noitinha regressa à capital. Ou em vez da Valónia vai para a Flandres, passa o dia em Bruges, em Gand ou Antuérpia ou Lovaina, é o país à carta por uma quantia irrisória, um esplêndido direito para os seniores.
Às vezes não nos atrevemos a estas aventuras porque desconhecemos as boas ofertas que estão ao nosso alcance.

Um abraço do
Mário


Aquele último dia em Bruxelas, já saudoso pelo regresso (9)

Beja Santos

O viandante está refratário em abandonar Bruxelas, temperatura amena, atrações culturais em barda, a cidade permanece no seu coração como uma eterna novidade, passados 40 anos de uma persistente convivência continua de pé o mistério desta relação tão afetuosa, mal sabe que tem dia e hora para aqui arribar e é música celestial que não mais se dissolverá, e parte sempre de orelha murcha, viveria aqui as quatro estações do ano sem grandes vicissitudes. É assim a vida, põe-se ao caminho e antes de partir para o museu de Ixelles grava mais uma imagem destas frondosas cerejeiras ornamentais, estão ao ponto.


A parelha de Pierre e Gilles não é propriamente santo do seu culto, mas tira-lhes sempre o chapéu, há imenso talento nesta arte do retrato altamente sofisticado, entre a fotografia e a pintura, há cerca de 40 anos eles multiplicam-se a dar um toque de humanidade a modelos que são elogios a gente comum e procuram um permanente encantamento do mundo com heróis-modelo arrancados à mitologia e aos contos de fadas. É uma arte que se alimenta de um cocktail de cinema, cultura popular, exibição da transgressão sexual, do questionamento social e político, tudo isto em tonalidades sombrias ou festivas. Há algo que fascina o viandante e que a parelha sabiamente modela nos seus trabalhos: toda esta exibição procura a reconciliação das idades, dos géneros e dos estilos, aqui cada um tem o direito a ser exceção.



O que é mais evidente nestas fotografias pintadas é o encantamento do real, aqui foge-se do que é penoso, o mundo parece ser um grande álbum de família onde se aceitam o diálogo inter-religioso, as construções feéricas, o profundo respeito pela orientação sexual de cada um, os heróis anónimos aparecem suspensos em decorações kitsch; em contrapartida, o espectador é também confrontado com padrões e cânones do classicismo, a imagem abaixo parece ser um bom exemplo. Enfim, uma arte que dispõe bem, muito ao sabor do nosso tempo em que na sociedade líquida tudo é a política, religiosa, social e sexualmente correto.


O museu de Ixelles para além das suas exposições permanentes tem um acervo extraordinariamente rico que vai da pintura a óleo ao cartaz. Fruto de muitas doações, é possível aqui encontrar grandes nomes da arte belga sobretudo dos séculos XIX e XX, como Léon de Smet, Frits Van der Berghe, Emile Claus, Gustav de Smet, Rik Wouters ou René Magritte. Estupenda é a coleção de cartazes onde prepondera um grupo excecional de peças de Toulouse-Lautrec.







E pronto, é o derradeiro passeio. Na véspera, à noite, com o anfitrião, a conversa andou à volta dos belos parques, dos cais com batelões, das calçadas, sim, a Bruxelas que veio da Idade Média estava juncada de calçadas como Ninove, Gand, Mons, Haecht ou Vilvorde, entre muitas mais, eram os eixos radiais de aproximação ou retirada. Escolheu-se então uma visita a obras imparáveis da Arte Deco de que Bruxelas é grande potência. E lá se partiu para o edifício imponente que pertenceu à rádio-televisão belga, na praça Flagey, neste edifício o viandante, há alguns anos viveu uma noite emocionante, um eminente violoncelista holandês executou as seis suites para violoncelo de Bach, coisa mais estafante não podia ter sido, ofereceu a assistência, devido à sua poderosa inspiração, um momento mágico em que a música de um só instrumento assume a plena transcendência.

Não há nada mais a acrescentar, o desejo de regressar já corrói o viandante, é tudo uma questão de disciplina, dar tempo e ajustar calendários para que as expetativas se tornem numa doce realidade.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17735: Os nossos seres, saberes e lazeres (228): De Valeta para Bruxelas: Para participar na Primavera, visitar uma cidade muito amada (8) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17761: Agenda cultural (585): Lançamento do livro "A Última Viúva de África", de Carlos Vale Ferraz, dia 27 de Setembro, pelas 18,30 horas, na FNAC do Chiado


1. Mensagem de Carlos Matos Gomes, Coronel Cavalaria Reformado (ex-2.º CMDT Batalhão de Comandos da Guiné, 1972/74), escritor e historiógrafo da guerra colonial, chegada até nós através do nosso confrade Mário Beja Santos:

Meus caros,
Tendo o prazer de fazer parte da vossa lista dos contactos e de receber através deles textos que me vão mantendo informado, cabe-me hoje enviar um da minha autoria.
Este texto tem duas causas, a primeira é a de que o tema do colonialismo, da descolonização esteve sempre presente com maior ou menor intensidade na minha obra como romancista.
O romance que acabei de publicar - deve estar a chegar às livrarias - "A Última Viúva de África" - aborda-o e fá-lo, julgo, numa perspectiva de reflexão de fim de vida. De interrogação: e se afinal o que tenho dito e o que me têm dito não for e não tiver sido assim? Se o Movimento Descolonizador foi um imenso logro?
Por outro lado têm surgido na imprensa textos sobre o tema, da Fernanda Câncio no DN e de Pedro Schacht Pereira no Público que me parecem um digest de vulgaridades.
Este texto reflete o que escrevi no livro e investe contra o que julgo serem lugares comuns.
Junto segue também o convite para a apresentação do livro.



A descolonização é um absurdo

Por Carlos Matos Gomes

Este é um texto do romancista Carlos Vale Ferraz, porque foi através de um romance do Carlos Vale Ferraz, a “Última Viúva de África” que desenvolvi a ideia do absurdo da descolonização, ou da descolonização como um conceito absurdo. Um absurdo não no sentido de “desagradável ao ouvido”, o seu primeiro significado, mas no sentido de contrário à razão.

O romance desenvolve a reflexão do absurdo como atributo inerente do fenómeno que é habitualmente designado por “movimento descolonizador” de África feita por várias personagens. No início do romance, o narrador, um jovem português, estudante de filosofia na universidade de Lovaina, na Bélgica, fotógrafo por desejo de aventura, confrontado com as notícias e as reportagens dos tumultos que se seguiram à independência do Congo Belga, em 1960, considera como primeira impressão que os europeus andavam por África a extrair o que necessitavam para viverem melhor nas suas terras de origem, aonde regressariam após a campanha, como os pescadores de bacalhau que cumpriam temporadas na Terra Nova. Ou cumpriam penas de degredo longe das suas pátrias. O narrador apoiava as independências porque considerava um anacronismo a exploração direta de África pelos europeus:

“Para mim, descolonizar constituía uma prova de inteligência. Não apoiava as independências das colónias por ser um direito dos povos colonizados. Não me converti ao anticolonialismo por ideologia, nem por moral, mas por pragmatismo. Quis conhecer os mercenários do Congo e Jean Scrame, em particular, para perceber porque lutava depois de administrar uma propriedade da qual já havia tirado o proveito que lhe permitia estabelecer-se noutro país, ou regressar à Bélgica.”

O narrador comete aqui a mais vulgar das confusões: refere-se, não à colonização, mas ao colonialismo. É de colonialismo que fala. O Congo Belga, como toda a África a sul do Sara, nunca foi colonizado, com excepção da Colónia do Cabo, onde os ingleses ensaiaram o que viria a ser o seu modelo de administração colonial (indirect rule). O Congo Belga (que começou por ser propriedade pessoal do rei dos belgas) foi sujeito ao fenómeno do colonialismo e o colonialismo foi um sistema de exercício violento de direitos de exploração de matérias-primas instituído e acordado na Conferência de Berlim, em 1885, entre potências europeias, para satisfazer as necessidades dos complexos industriais desenvolvidos com a energia da máquina a vapor. O colonialismo é um fruto da máquina a vapor e da revolução industrial.

Até à II Guerra Mundial foi indispensável as potências europeias assegurarem a exploração direta das matérias-primas, depois, passou a ser mais rentável delegar essa tarefa em agentes locais, as elites indígenas entretanto assimiladas e integradas na cultura e nos processos europeus.

Mas houve, entre os europeus que foram para África executar tarefas de exploração directa, um grupo que, por razões diversas, assumiu aquelas terras como o seu destino final – que afirmaram ser a África, fosse o Congo, Angola, a Rodésia, Moçambique ou o Quénia, a sua pátria! Em Portugal utiliza-se o termo de “cafrealização” para designar esse processo, na Bélgica ele foi designado por “zairização”. O comandante de mercenários designado no romance como Jean Scrame e a portuguesa Alice Vieira, a última viúva de áfrica, pertencem a esse grupo. O narrador descobrirá, contudo, que nem eles – mesmo assumindo a sua nova identidade de africanos brancos - se opõem ao processo de independência das colónias, a um governo de negros, porque percebem que o sistema de administração e exploração delas se mantem, apenas mudaram os executores diretos, que passaram a ser títeres locais nomeados pelos brancos, europeus e americanos. O colonialismo manteve-se enquanto sistema de exploração de riquezas. O “Movimento Descolonizador” foi apenas uma mudança de tripulação num navio que continuou a realizar as mesmas viagens, transportando os mesmos produtos entre os mesmos portos.

Não existiu qualquer movimento descolonizador, que foi e é apenas uma designação utilizada para referir o movimento de transição da administração das colónias dos funcionários das potências europeias para uma elite de funcionários e políticos negros aculturados – ditos “assimilados” ou evolués, que, no essencial, replicam os métodos dos europeus e servem os seus interesses. Em termos políticos não existe qualquer descolonização. Não existe também qualquer libertação.

Mas não existe também descolonização em termos civilizacionais. Colonizar é a instalação de um grupo de uma dada sociedade no território de outra e implica troca de experiências, saberes, valores, relações comerciais e humanas, de forma mais ou menos pacífica ou mais ou menos violenta. Colonizar é sempre uma exportação de bens civilizacionais, da língua à religião. Entre o colonizador e o colonizado estabelece-se uma relação como a de uma gota de tinta que cai num copo de água. A gota de água dissolve-se e não é possível reconstituí-la, retirá-la da água onde se dissolveu. É por isso impossível reverter a colonização, retirar dos povos colonizados o essencial do que os colonizadores levaram e lhes inculcaram.

Nós, os portugueses devíamos conhecer bem a impossibilidade de descolonizar. Fomos colonizados pelos romanos e pelos árabes, mantemos fortes marcas dessa colonização – não fomos descolonizados até hoje. Colonizámos alguns pontos do mundo, e deixámos lá as nossas marcas, como os romanos e os árabes nos tinham deixado. O Brasil, Angola, Moçambique, a Guiné, Cabo Verde, São Tomé, não foram descolonizados, tornaram-se entidades políticas independentes, estados-nação com bandeira, hino, gravatas de seda ao pescoço dos hierarcas, número de ordem nas Nações Unidas e embaixadores que falam inglês. Tanto o discurso comum da “malvada descolonização”, como da “descolonização possível” são absurdos. O discurso da “entrega” é patológico, com origem na exacerbação de sentimentos que bloqueiam o raciocínio.

As antigas colónias europeias de África não se descolonizaram, não reverteram as instituições de governo introduzidas pelas potências coloniais, retomando as suas tradições do tempo antes da chegada dos colonizadores europeus. Pelo contrário, os dirigentes dos movimentos independentistas, do movimento descolonizador do pós II Guerra, foram particularmente violentos na aniquilação das autoridades tradicionais e dos costumes ancestrais – quase sempre com o aplauso dos antigos colonizadores e das suas instituições, com relevo para a ONU e as suas agências, que os elogiaram pela luta anti-tribalista, tomada como uma acção de modernidade.

O movimento descolonizador dos pós-II guerra é um gigantesco embuste. A descolonização de África foi, de facto, a adopção pelos africanos da “ordem” do colonialismo – constituição de estados-nação com os mesmos princípios dos estados-nação que instituíram o colonialismo, imposição dos seus sistemas políticos e jurídicos, das suas línguas, até dos seus deuses e, principalmente, das suas armas, do canhangulo à AK, do jipe ao Mirage. Não existiu qualquer libertação de África, a África política e a África dos povos está sujeita às mesmas regras e normas dos países que enviaram os seus exploradores ao continente africano no século XIX e que o dividiram em Berlim.

O facto de não ter existido nem descolonização, nem libertação de África não é nem bom nem mau – não existiu Mal, nem Bem, nem desastrosa descolonização, nem criminosa entrega, nem falsa libertação, houve sim uma realidade: a imposição por parte das antigas e novas potências coloniais de uma nova grelha de domínio de África, de uma grelha que facilita a relação e a exploração, pois quer uma quer outra se realizam segundo a regra dominante. O resto, o que subsiste da antiga África antes do colonialismo, das danças às mezinhas dos feiticeiros é folclore que serve de atração turística.

Resta uma pergunta que Alice, A Última Viúva de África e Scrame, o último dos grandes comandantes de mercenários, colocam: Porque não podem e não puderam eles e os europeus manter-se em África como africanos brancos? Porque não pode ser a África uma pátria de brancos, como foram e são as Américas?

O romance ensaia uma resposta. A ficção é mais adequada a abordar questões difíceis que a análise política e histórica…

Carlos Vale Ferraz
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17759: Agenda cultural (584): Lançamento do livro do José Saúde, "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade" (Chiado Editora, 2017, 184 pp. ), no passado domingo, em Lisboa

Guiné 61/74 - P17760: Convívios (825): XVI Encontro dos ex-militares do Hospital Militar 241, de Bissau, dos anos de 1966 a 1972, dia 7 de Outubro de 2017, em Fátima (Manuel Freitas)



DIA 7 DE OUTUBRO DE 2017

FÁTIMA 

XVI Convívio dos ex-militares do HM 241 dos anos de 1966 a 1972


1. Em mensagem do dia 11 de Setembro de 2017, o nosso camarada Manuel Freitas (ex-1.º Cabo Escriturário do HM 241, Bissau, 1968/70), dá notícia do próximo Encontro Anual do Pessoal daquele Hospital.

Bom dia Caramigo, 
Agradecia o favor de, a exemplo dos anos anteriores, publicares na página o nosso encontro de 2017. 

Local: Fátima - Restaurante O Truão 

Dia 7 de Outubro ex. militares dos anos de 1966 a 1972 (podem vir mais) 

Concentração: junto à Cruz Alta - A partir das 10h30 

Contacto: Manuel Freitas tel. 964498832 

Bem haja e obrigado. 

Um abraço 
Manuel Freitas
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17746: Convívios (823): XXXIII Encontro do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha, dia 21 de Setembro de 2017, em Algés (Manuel Resende / Jorge Rosales)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17759: Agenda cultural (584): Lançamento do livro do José Saúde, "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade" (Chiado Editora, 2017, 184 pp. ), no passado domingo, em Lisboa


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >   Na mesa, o autor e a representante da Editora,.


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >   Aspeto da assistência... Na primeira fila, da esquerda para a direita, quatro representantes da  Associação Portugal AVC.


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >  O autor falando do seu livro


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 > O testemunho do autor...


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >  O autor e outro camarada "ranger", o Cláudio Moreira, ex-fur mil da CCAÇ 11, os "Lacraus", que o J. Casimiro Carvalho veio render, em maio de 1974, em Paunca. (Foi convidado a integrar o blogue.)


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >  Dedicatória, com a mão esquerda, dedicada ao Daniel Pereira, outro camarada do curso de Operações Especiais, em Lamego. Em primeiro  plano, a esposa, Sara. O Daniel Pereira, que perdeu a mão direita devido a explosão de granada, na tropa, foi depois embaixador do seu país, Cabo Verde, na Holanda, em Angola e Brasil. Está reformado e é autor de quase um dúzia de títulos ligados à história da sua terra. (É natural de São Vicente. Outro título publicado, já em 2017: Novos subsídios para a história de Cabo Verde, 284 pp., editora Rosa de Porcelana)


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >  Dedicatória, com a mão esquerda, dedicada ao Daniel Pereira, camarada do curso de Operações Especiais, em Lamego... Ambos tiveram que aprender a escrever com a mão esquerda.


Lisboa >  Avenida da Liberdade > Fórum Tivoli nº 180, 1º piso > Chiado Café Concerto > 10 de setembro, domingo, 17h30 / 19h00 >  O autor e o Juvenal Amado (que também foi editado sob chancela da Chiado Editora) (**)

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. As primeiras fotos do evento (*). Publicaremos a seguir um resumo das intervenções do apresentador,  Luís Graça, e do autor do  livro, José Saúde. (**)
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Notas do editor:

(*) Vd poste de de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17738: Agenda cultural (581): "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade", de José Saúde (Chiado Editora, 2017, 184 pp.): sessão de lançamento no dia 10, domingo, às 17h30, com apresentação do nosso editor, prof Luís Graça; e hoje, dia 7, o autor vai estar no programa de Fátima Lopes, na TVI, " A Tarde é Sua", às 16h30, para falar do seu livro e da sua história clínica extraordinária

(**) Último poste da série > 12 de setembro de  2017 > seGuiné 61/74 - P17758: Agenda cultural (583): "Doente mas Previdente", por Mário Beja Santos, lançamento no Museu da Farmácia, dia 27 de Setembro, pelas 18 horas, na Rua Marechal Saldanha, n.º 1, perto do Miradouro de Santa Catarina - Lisboa

Guiné 61/74 - P17758: Agenda cultural (583): "Doente mas Previdente", por Mário Beja Santos, lançamento no Museu da Farmácia, dia 27 de Setembro, pelas 18 horas, na Rua Marechal Saldanha, n.º 1, perto do Miradouro de Santa Catarina - Lisboa


"Doente mas Previdente", por Mário Beja Santos, lançamento no Museu da Farmácia em 27 de Setembro, pelas 18 horas, Rua Marechal Saldanha, n.º 1, perto do Miradouro de Santa Catarina

C O N V I T E

Queridos amigos,
É com a maior satisfação que vos venho pedir a vossa companhia para a sessão de lançamento do meu livro "Doente mas previdente", que será comentado pela Doutora Ana Paula Martins, Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos. 

Para ser mais elucidativo, sintetizo os objetivos deste meu último trabalho:
O tempo do paternalismo em saúde tem os seus dias contados, desde a OMS aos governos, passando pelos profissionais, indústria farmacêutica, fabricantes de dispositivos médicos, gestores hospitalares, e muitos mais, todos são concordantes que o utente da saúde e o doente precisam de maior autonomia, mais informação e uma melhor preparação para lidar com os cuidados de saúde primários, os estilos de vida saudáveis, o bom uso do medicamento e aproveitar o que de melhor a era digital oferece em promoção para a saúde, acompanhamento da doença, associativismo e solidariedade entre utentes e doentes.
Entram em cena novas formulações pedagógicas, novos direitos, novas atitudes de comunicação. Sem exagero, abrem-se potencialidades assombrosas para viver melhor.

Este livro centra-se nas ferramentas da cidadania em saúde, privilegia exemplos de capacitação, literacia e autonomia com base num aconselhamento nem sempre devidamente explorado: o aconselhamento farmacêutico. Aqui se recorda que há males ligeiros (olho seco, gengivite, prisão de ventre, alguns problemas gástricos.) que, quando convenientemente tratados, podem evitar doenças mais sérias. Há muito a potenciar nesta informação que é totalmente gratuita e que nos possibilitar escolhas corretas para o nosso bem-estar. Sim, a cidadania em saúde é o melhor adjuvante que o doente tem para uma vida com qualidade e assegura práticas a todos os utentes para melhorar os estilos de vida na vertente da saúde.

O acesso ao Museu da Farmácia é pelo metro Baixa-Chiado ou elétrico 28, paragem do Calhariz. Quem quiser vir de automóvel, tem acesso gratuito ao parque do edifício, à entrada da rua menciona junto do paliteiro que vem para uma sessão de lançamento no Museu da Farmácia.

Antecipadamente grato a quem me vier dar companhia e queira debater alguns dos problemas centrais da cidadania em saúde, na vertente preventiva e na qualificação do doente, especialmente aproveitando o aconselhamento farmacêutico e a adesão terapêutica, recebam a cordialidade do
Mário Beja Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17745: Agenda cultural (582): Festival TODOS, 9ª edição: 8, 9 e 10 de setembro: Lisboa, Campo de Santana... Lisboa, cidade aberta e intercultural

Guiné 61/74 - P17757: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (22): Págs. 169 a 176

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Penúltima publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17744: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (21): Págs. 161 a 168

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17756: Notas de leitura (994): “a sorte de ter medo”, por Gustavo Pimenta, Palimage, 2017 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Setembro de 2017:

Queridos amigos,
Há anos atrás, aqui se saldou "sairòmeM - Guerra Colonial"[1], de Gustavo Pimenta. É deplorável a ausência do registo desta obra em quem estuda a literatura da guerra, deplorável e injusto. Adiante.
Foi publicado recentemente este livro que impressiona pela singeleza, o discurso próximo e distante, a impressionante capacidade retentiva daquele mais de um ano que ele viveu em Madina do Boé, não conheço outro romance em que se fale com tanto pormenor da retirada dos dois quartéis, Beli e Madina, e que foram determinantes para o evoluir da guerra, quando o Boé se transformou em abandono por falta de presença portuguesa, o que deu ocasião para as grandes mudanças que o PAIGC operou no Norte e no Leste. É indispensável ler Gustavo Pimenta

Um abraço do
Mário


Um impressionante relato sobre a retirada de Béli e Madina de Boé (1)

Beja Santos

Em 1999 Gustavo Pimenta publicou na Palimage “sairòmeM – Guerra Colonial”, aqui foi saudado com entusiasmo a obra, injustamente pouco referenciada. Gustavo Pimenta está de volta com “a sorte de ter medo”, romance, Palimage, 2017. A urdidura não anda muito longe da sua anterior incursão pelas terras guineenses. No caso presente, há um avô que é interpelado do seguinte modo: “Avô, como sobreviveste à guerra?” e começa uma longa viagem de um limiano magricela que recebeu guia de marcha para as Caldas da Rainha, completou a recruta com elevada média e aceitou ir para o curso de oficiais, como atirador. Ainda passou uns dias pela Escola Prática de Administração Militar, depois mandaram-no para Mafra, aplicou-se, já aspirante foi colocado em Penafiel, seguiu depois para Tancos, onde tirou o curso de minas e armadilhas, segue para Tomar, irá combater na Guiné. Em 3 de Outubro de 1967 o navio Timor acostou em Bissau.

Uma pausa para refletir com o leitor sobre a diferença abissal entre o escrever fácil e o escrever simples. Gustavo Pimenta discorre, é como se aquelas memórias que lhe apetecessem romancear, fossem contadas para que houvesse um entendimento absoluto, nunca desce ao facilitismo, à fluência deixada à toa, é uma simplicidade com calibração, em dois tempos, o que se exprime na conversa e uma súmula que volteia em pensamento. É esta construção que torna a leitura credível, sincera, memória que fica para as próximas gerações. Sem fugir aos diálogos brutais, ao enfrentamento, como nos conta de uma ida aos correios, estavam em Fá, foi com o capitão a Bambadinca, e é interpelado pelo comandante do batalhão:
“- Que merda é essa que tens na cara? 
Ele passou a mão pela cara, olhou-a, e disse: 
- Não vejo merda nenhuma. Onde a tenho? 
O capitão interveio de imediato: 
- Meu coronel, o nosso alferes está devidamente autorizado a usar barba. 
- Autorizado? Isso são manias dos marinheiros, que no Exército dispensamos bem. 
Antes que a coisa azedasse, o capitão mandou o alferes para junto do jipe em que tinham vindo e ficou a conversar com o coronel. Quando se lhe juntou, disse: 
- Assunto resolvido, mas veja lá se responde noutros termos a um oficial superior”.

Estão a adaptar-se ao terreno, colaboram em operações, vão ao Xitole, depois Sinchã Jobel, tudo sem contacto mas com muita canseira. Em Novembro seguem para o Poindon, é o batismo de fogo, morre um cabo atingido no pescoço, no regresso ao Xime são várias vezes flagelados por disparos de inimigo, voltam à base, Fá Mandinga. Há, em toda esta singela narrativa, alguém que é permanentemente considerado e respeitado: o comandante de companhia, homem prudente, sempre empenhado em manter a tropa em atividade, ninguém estava autorizado a andar de chanatos, firme e dotado de autoridade natural. Nova operação, desta feita na região de Carese, o objetivo era uma total ruína, não havia um menor sinal de por ali alguém ter estado nos tempos mais recentes. De Fajonquito regressaram a Fá. Ainda estão nos previstos três meses em regime de intervenção, são levados até Bolama e sem razões a operação é cancelada e mandados regressar. Em 8 de Dezembro chega a notícia: a companhia irá entrar em quadrícula em Madina de Boé. Entrementes, saem de Bissau para uma nova investida ao refúgio na mata de Poidon, referência de má memória. Tudo volta a correr mal, são emboscados, as munições escasseiam, voltam ao Xime para se remuniciar, nem novas nem mandados, não se avistou nenhum inimigo. Na véspera de Natal, estão em Porto Gole, em plena confraternização, o PAIGC flagela com armas ligeiras. Saem nesse mesmo dia para uma operação cujo objetivo é Sarauol e Sara, não encontram resistência, regressam a Porto Gole e depois andam a fazer patrulhamentos no rio Mansoa. Até que em 8 de Janeiro voltam a Bambadinca, seguem para Nova Lamego, aqui começam os preparativos para se deslocarem para Madina. Saem manhã cedo, até Canjadude as viaturas seguem a boa velocidade, a partir daí a viagem é a pé, tudo picado; pela mesma hora uma outra equipa de picadores sai do Ché-Ché em sentido contrário ao da coluna. O desconcerto da guerra vai mesmo agora começar:  
“Estabelece-se o contacto: quatro nativos, com Mauser a tiracolo e uma pica na mão, aguardam a coluna sentados na berma à sombra de uma árvore. Escassa e débil força para tão delicada missão. A tropa retoma o seu lugar nas viaturas, a coluna avança pela estrada esburacada de terra batida.
Escassos quilómetros percorridos a viatura que segue na frente – uma GMC, sem capota para evitar traumatismos ao condutor em caso de rebentar alguma mina e com os guarda-lamas cobertos de sacos de areia para amortecer o impacto – é violentamente sacudida pelo rebentamento de uma anticarro.
O major de engenharia, que exigira ir ao lado do condutor na viatura da frente para não apanhar a nuvem de pó que a coluna levanta, fica gravemente ferido.
Parada a coluna, procura-se socorrer o major. O furriel que, a dias do fim da comissão o quis acompanhar, ao precipitar-se para ele pisa uma antipessoal e morre minutos depois.
O enfermeiro fica ferido pelos dois rebentamentos.
Monta-se segurança em volta do local. Picam-se os arredores à procura de mais minas, rebentam duas, uma delas fere mortalmente um soldado do grupo de nativos”.

O contacto rádio falha, surgem dois helicópteros, consegue-se contacto com um deles e pede-se-lhe apoio para a evacuação. Responde que estão a evacuar feridos graves da tropa de Ché-Ché, o melhor é ir até lá.

Já com o Ché-Ché à vista, outra mina anticarro que os picadores não detetaram é ativada pela viatura que segue na frente, o condutor sai inexplicavelmente ileso. Atinge-se o aquartelamento ao fim do dia. Estão junto ao rio Corubal, avista-se a jangada que permite a travessia até Madina. Aqui vai começar a operação para chegar ao mais temido aquartelamento de toda a Guiné.

(Continua)
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Notas do editor

[1] - Vd poste de 17 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6009: Notas de leitura (79): sairòmeM Guerra Colonial, de Gustavo Pimenta (Beja Santos)

Último poste da série de 8 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17743: Notas de leitura (993): “A verdadeira morte de Amílcar Cabral”, por Tomás Medeiros, althum.com, segunda edição revista, 2014 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17755: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (46): A "mindjer grandi" Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que viveu em Bissau e em Bafatá (Ludmila Ferreira, Cabo Verde)

1. Três menagens de Ludmila Ferreira, nossa leitora, que vive em Cabo Verde:

7 set 2017
Boa tarde

Muito obrigada pela vossa rápida resposta (*) espero que o Leopoldo Correia consiga alguma informação. A última que tivemos é que havia também um português em Bissau cuja avós eram de Macau e o apelido dele era Vieira. Mas quem informou não sabe mais nada sobre ele.

Saudações,
Ludmila Ferreira


8 set 2017 12:41

Bom dia

Muito obrigado pelo vosso apoio, tivemos uma última informação de que havia um português em Bissau, de origem asiática (Macau), e ele era Vieira.

Já não estou no Brasil, a minha mãe é cabo-verdiana e o meu pai é guineense. Vivo actualmente em Cabo Verde.

Mais uma vez obrigado pelo vosso apoio.
Ludmila A. Ferreira


09 set 2017 8:12 

Bom dia Sr. Luís Graça

Recebemos uma informação ontem a noite:

Um casal,  Emílio Martins e Eugénia Hopffer Martins,  seriam parentes da Maria da Graça Pina Monteiro.

O informante disse que da última vez que a filha Anna Malaval foi ver a mãe na Guiné, isso em 1948,  ela teria ficado na casa dos tios (os Martins) e estes moravam frente do porto de Bissau. A Maria também morava nessa mesma zona.

O Emílio trabalhava para uma sociedade francesa (não sabe ele dizer o nome da empresa).

Obrigado
Ludmila Ferreira

2. Comentário do editor:

O António Estácio, lusoguineense, nosso amigo e camarada, talvez nos possa dar um ajuda em relação à pesquisa sobre a origem da família Vieira, que teria raízes chinesas (Macau).  O Estácio, escritor e colaborador do nosso blogue, foi nado e criado no chão de papel, em Bissau, em 1947. Está reformado como engenheiro técnico agrário (tendo-se formado em Coimbra, 1964-1967, na Escola de Regentes Agrícolas). Fez a tropa (e a guerra) em Angola, como alferes miliciano (1970/72), tendo trabalhado depois em Macau (de 1972 a 1998). Tem um estudo sobre as famílias guineenses de origem chinesa ou macaense (**)... Talvez ele saiba algo mais sobre os antepassados dos Vieira.

Ele vive há mais de duas décadas em, Portugal, no concelho de Sintra. É membro da nossa Tabanca Grande desde maio de 2010. Tem-se dedicado à escrita, é autor de dois livros que narram as histórias de vida de duas "mulheres grandes" da Guiné, a cabo-verdiana Nha Carlota (1889-1970) e a guineense Nha Bijagó (1871-1959). E publicou mais recentemente um livro sobre  Bolama.

Quanto a casas comerciais francesas, nos finais dos anos 40/década de 50, do século passado... uma delas, creio que a principal,  era a NOSOCO - Nouvelle Societé de Commerce, mas havia ou houve mais: CFAO - Compagnie Française de l'Afrique Occidentale... a ainda a SCOA – Sociedade Comercial do Oeste Africano_

Enfim, Ludmila, vou pô-la em contacto com mais algumas pessoas do nosso blogue que conheceram Bissau desse tempo (***)...

Continuação de boa sorte para as suas pesquisas...
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de setembro de 2017  > Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)

(**) Vd. por exemplo Philip J. Havik e António Estácio - Recriar a China na Guiné: os primeiros chineses, os seus descendentes e a sua herança na Guiné Colonial. "Africana Studia", nº 17, 2001, pp. 211-235. (Revista publicada pelo Centro de Estudos Africanos, Universidade do Porto)

Guiné 61/74 - P17754: Parabéns a você (1314): Adolfo Cruz, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2796 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17750: Parabéns a você (1313): Rui Baptista, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 (Guiné, 1971/74) e Tony Grilo, ex-Soldado Apont Obus 8,8 do BAC 1 (Guiné, 1966/68)

domingo, 10 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17753: Lembrete (26): hoje, domingo, dia 10 de setembro, às 17h30, na Chiado Café Concerto, Avenida da Liberdade, nº 180, Lisboa, lançamento do novo livro do nosso camarada José Saúde, "AVC - Recuperação do Guerreiro da Liberdade"



Convite do autor, editora e do nosso blogue:


Camaradas que residam na grande Lisboa,

apareçam hoje, domingo, dia 10 de setembro, às 17h30,

no Chiado Café Concerto, Avenida da Liberdade, nº 180, 


[ou Tivoli Forum, 180, Piso -1, Sala F], 

na sessão de apresentação do novo livro do José Saúde,

ex-fur mil op esp/rangerl, CCS do BART 6523 

(Nova Lamego/Gabu, 1973/74).

A sessão conta com a presença do nosso editor, Luís Graça,

que é professor, jubilado, da Escola Nacional de Saúde Pública 

da Universidade NOVA de Lisboa. (**)

Guiné 61/74 - P17752: Blogpoesia (528): "Caminheiros..."; "Painel das manhãs..." e "O teu leito...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Caminheiros…

Somos caminheiros, nesta hora subindo,
Horas difíceis. Escarpas rochosas. Íngremes.
Ameaças de feras.
Sem fuga possível.
O caminho é avante.
Alcançar as alturas.
Outro mundo à espera.
Com luz e esperança.
O precipício ficou para trás.
Fases da história.
Alvoroços da vida.
Sempre os houve nas eras passadas.
A nossa é assim.
Há que enfrentá-la.
Não vai só a humanidade.
Insondáveis desígnios zelam por ela.
Não há ponto sem nó…

Ouvindo Out of Africa de A.Mozart
Mafra, 5 de Setembro de 2017
7h34m (dia muito cinzento)
Jlmg

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Painel das manhãs...

Desta janela oval que dá para a rua,
vejo um rio de gente,
pelos passeios e estrada.
Avançam prà vida.
Querem ganhar com vontade de ferro.
As mangueiras da bomba largam gazóleo aos carros sedentos.
Ao balcão da lojeca,
fazem-se as contas do deve e haver.
Uns tentam a sorte no euromilhões.
Partem sonhando enquanto não vem.
Outros mergulham no tabaco mordendo veneno,
na mortalha mortal.
Na rotunda redonda de quatro saídas,
giram com pressa e brilham faróis.
Pintados de verde, com muitas janelas, os autocarros da Câmara resolvem às dúzias e vencem batalhas
à gente sem carro.
Esguias e perdidas nas bermas,
zumbem caladas as scooters e vespas.
Aqui no café, tilintam as chávenas e ressoma a café,
enquanto nas mesas se racham cavacos com língua afiada e fome de gata.

Café Castelão em Mafra, 6 de Setembro de 2017
9h10m
dia cinzento
Jlmg

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O teu leito…

Tem feitiço o teu leito suave e brando.
Me apela forte como a maré-cheia.
Me banho nele, refresco e lavo as minhas mágoas.
Tem perfume das algas verdes e cheira a acre maresia.
Me acalma deste fervilhar de ondas.
E adormece a sono solto nas tardes quentes de calmaria.
Voo nele às alturas sequiosas do universo.
Me apaixona em fogosas cavalgadas
E alcandora às nuvens feito condor dos Andes pairando sobre à solta,
Nas vastas pradarias.
É o altar sublime onde ofereço aos deuses minhas secretas loucuras
De gamo jovem brincando à chuva…

Ouvindo Albinoni
Café Caracol em Mafra, 7 de Setembro de 2017
9h14m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17726: Blogpoesia (527): "Calhamaço..."; "Ricochete da natureza..." e "Desembecilhar a desordem...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17751: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (45): Como se localizava, por exemplo, na Carta de Cacine 1:50.000, a posição CACINE 6 D4/78? - Conclusões do Gen José Nico (Miguel Pessoa)


1. Mensagem do nosso camarada Miguel Pessoa, Cor PilAv Ref (ex-Ten PilAv, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de 6 de Setembro de 2016:

Caros editores
Na sequência do pedido de colaboração do Gen. José Nico publicado no blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" acerca das marcações nas cartas 1/50.000 e dos vários comentários ali reproduzidos, este nosso camarada da Força Aérea decidiu apresentar as conclusões a que tinha chegado, com base na informação prestada. Não vê o Gen. José Nico nenhum motivo que impeça a sua divulgação, pelo que fica à vossa consideração a hipótese de publicação do texto abaixo inserido.

Um abraço.
Miguel Pessoa


2. Texto do Gen. José Nico:

"Aqui vão as minhas conclusões sobre a questão das marcações nas cartas 1:50.000.
No meu tempo o Quitafine era um cavalo de batalha para a Força Aérea porque o PAIGC declarara a zona como área libertada e procurava impedir a liberdade de acção da aviação instalando numerosas armas anti-aéreas (AAA) que nós tivemos que eliminar. O reconhecimento do Quitafine como área libertada era importante para o Comité de Descolonização (Também conhecido como Comité dos 24) porque permitiria reconhecer o PAIGC como efectivo detentor do terreno e assim, não só declará-lo como legítimo ocupante como, simultaneamente, declarar a presença de Portugal como ilegal. Esta manobra política acabou por se concretizar anos mais tarde, em Abril de 1972 [1] , se a memória não me falha, com uma passeata no Cantanhez combinada entre o PAIGC e o Comité dos 24. Nela tomaram parte três embaixadores que, com manobras de diversão, reconhecimentos à distancia e guardas laterais, conseguiram facilmente contornar as forças que tínhamos colocado no terreno para lhes dar caça. Foi assim que a ONU declarou o PAIGC como legítimo representante da Guiné e Portugal como ocupante ilegal. Foi este facto político, ardilosamente construído, que também abriu a porta à declaração unilateral da independência em Setembro de 1973 que foi imediatamente seguida de reconhecimento por numerosos países.

Para não me alongar mais, acontece que a área do Quitafine estava coberta por três cartas diferentes. A do extremo SW é a de Cassumba na qual apenas os dois quadrados superiores mostram terreno. Foi, por isso, fácil encontrar diversas marcações de acções nos quadrados 6 e 9 da carta de Cassumba e aproveito para enviar as marcações retiradas do ZASITREP de 28MAR1968 referentes a uma operação conjunta com a Marinha. Concluí assim que a numeração dos quadrados das cartas 1:50.000 era feita de baixo para cima e da esquerda para a direita, isto é de acordo com o método B. Precisando um pouco mais, os três quadrados de cima, da esquerda para a direita, são o 3, 6 e 9.

Existe ainda uma outra carta que tem uma configuração semelhante à de Cassumba e onde, no meu tempo, a Força Aérea actuava com muita frequência: Madina. Também neste caso existem inúmeras marcações que confirmam o método B, sem margem para dúvidas.

Agradecendo a colaboração prestada, considero assim o assunto encerrado

Um abraço
J. Nico"
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Notas do editor

[1] - Vd. Mission to Guinea (Bissau) - Casa Comum
e
Poste de 20 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5680: Efemérides (41): No 37º aniversário da morte de Amílcar Cabral, recordando o sucesso diplomático que foi a visita da missão da ONU às regiões libertadas, no sul, 2-8 de Abril de 1972

Último poste da série de 20 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17606: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (44): Como se localizava, por exemplo, na Carta de Cacine 1:50.000, a posição CACINE 6 D4/78 ? (José Nico / Miguel Pessoa / António J. Pereira da Costa)

Guiné 61/74 - P17750: Parabéns a você (1313): Rui Baptista, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 (Guiné, 1971/74) e Tony Grilo, ex-Soldado Apont Obus 8,8 do BAC 1 (Guiné, 1966/68)


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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17747: Parabéns a você (1312): Filomena Sampaio, Amiga Grã-Tabanqueira e Raul Manuel Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 2.ª CART/BART 6522 (Guiné, 1972/74)

sábado, 9 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17749: Blogoterapia (288): Quando o tudo não vale nada (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor AR da CART 3493)

Um olhar
Foto: © Dina Vinhal

1. Em mensagem do dia 25 de Agosto de 2017, o nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74) mandou-nos este seu pensamento.


Quando o tudo não vale nada

Todos nós já passamos ou vimos alguém enquanto mais novo, e alguns, mesmo já idosos, a trabalhar sem ter tempo para ver o mundo que o rodeia…
Não ter tempo para a família.
Não ter tempo para os amigos ou para aqueles que necessitavam da sua ajuda.
Não ter tempo para escutar. Na maioria das vezes, apenas ouve.
Não ter tempo para observar atentamente, limitando-se a olhar…
O Pior é com tal comportamento pensa que está a fazer o melhor para si e para os seus e, não raramente, quando vê que afinal estava errado é tarde de mais… Mesmo assim, há sempre um tempo em que é possível mudar, jamais chegará onde com outro comportamento poderia ter chegado, mas entre o tudo e o nada há que aproveitar o que ainda for possível.
Por isso, mesmo que ainda possa andar depressa, procure não andar com pressa… tente observar calmamente o ambiente que o rodeia, e não apenas olhar. Procure escutar sempre, mesmo que lhe pareça não merecer a pena, mas merece sempre, se mais não for permite-nos valorizar aqueles que sabem o que dizem e que gostamos de ouvir, ainda que seja muitas as vezes que não temos oportunidade de lhes dizer.
Ao longo da vida muitos de nós somos confrontados com situações em que o tudo não vale nada, não raramente é a partir daí que descobrimos o caminho que devíamos ter percorrido… mas como o passado não volta mais há que arrumar, porque esquecer é impossível, e procurar novo rumo, parar nunca!

António Ferreira
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17517: Blogoterapia (287): Não é fácil ser português (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas)

Guiné 61/74 - P17748: Manuscrito(s) (Luís Graça) (124): Homenagem aos trabalhadores da vinha e do vinho...


Região Demarcada do Vinho Verde, sub-região de Amarante > Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz, 3 de setembro de 2017

Vídeo  (5' 29'') alojado no You Tube > Luís Graça




Quinta de Candoz > Foto panorâmica da entrada principal, vista da estrada municipal nº 642



Quinta de Candoz > Muros de suporte, que hoje em dia custa milhares de euros (60 euros por metro cúbico, em média, ao preço local)


Quinta de Candoz > Vinha em altitude (c. 250/300 metros), roubada à floresta de carvalho e castanheiro...Acima, são os "montes" (pinhal...). O sobreiro cresce aqui a olhos vistos, embora não dê cortiça de jeito...


Quinta de Quandoz > O "sino" que chama "os trabalhadores da vinha do Senhor" para o almoço...


Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

 

1. Começou ontem a vindima na Quinta de Candoz, e eu tenho pena de lá ter podido estar, até porque fazia anos o José Ferreira Carneiro (um dos meus sócios, meu cunhado, amigo e camarada: o "caçula" fez a guerra do utramar em Angola, em Camabatela, 1970/71, enquanto o mano velho, o Tó,  foi gravemente ferido em Moçambique, sendo hoje DFA)...


Como temos aqui, no nosso blogue, alguns conceituados vitivinicultores (, estou-me a lembrar logo do nosso José Manuel Lopes e da Luisa Lopes, da Quinta da Senhora da Graça), e muitos mais são os "adoradores de Baco", lembrei-me de mostrar-vos este vídeo...

Para a nossa geração, a vinha e a cultura da vinha são-nos familiares... Somos do tempo em que o vinho dava de comer a um milhão de portugueses, mas os nossos agricultores, analfabetos, não sabiam fazer vinho...No espaço de uma geração (!)  fez-se uma revolução em Portugal, em matéria de vitivinicultura... E produzimos já alguns dos melhores vinhos de mesa do mundo... Não falo dos enólogo, das "estrelas"... Há muita gente anónima por detrás desta revolução, de métodos de trabalho, de ténicas, de conhecimentos, de gestão, e sobretudo de mentalidades...

Em suma, é bom que os nossos filhos, netos e bisnetos conheçam um pouco do que é o campo, a agricultura que se faz hoje, donde provém o vinho, o milho, as batatas, a alface, as pêras,  etc.

A Quinta de Candoz situa.-se na região demarcada do vinho verde, sub-região de Amarante. Fomos dos primeiros, na extinta freguesia de Paredes de Viadores (hoje freguesia de Paredes de Viadores e Manhuncelos), a modernizar a cultura da vinha, nos anos 80 do século passado. A quinta, de herança familiar, pertence a 4 sócios (3 irmãs e 1 irmão). Tem meia dúzia de parcelas, em solcalcos, suportados por muros de granito, construidos ao longo dos séculos por gente anónima, à força bruta de braço...

No total, o nº de pés de videira não chegará às 2 mil, metade dos quais estão no "campo" que se mostra no vídeo acima. Só temos castas de vinho branco (arinto ou pedernã, azal, loureiro, e algum avesso e alvarinho).  O essencial da produção é vendido à "Aveleda" (Penafiel).  De dois em dois anos, fazemos vinho e engarrafamos para autoconsumo... 

Com este vídeo, que não é promocional, eu quero apenas fazer uma homenagem aos trabalhadores da vinha e do vinho do meu querido país, em geral, e em muito em particular aos que continuam a manter de pé "a nossa quinta de Candoz": sem eles, o seu amor, inteligência, competência e sacrifício, eu não poderia mostra-vos este vídeo... Um hectare de vinha, num sub-região como esta, dá muito trabalho: pelo menos 2 dias por semana!... Do enxerto à poda, da "pulveriza" à vindima, vão muitos dias, horas, insónias, preocupações, trabalhos, dinheiro...

Não vou entrar aqui em pormenores, técnicos, até porque sou um leigo nesta matéria, sou apenas o "poeta" e o "fotógrafo" da casa... Criei em 2005 o blogue "A Nossa Quinta de Candoz", que é sobretudo um hino a uma família portuguesa, comum, igual a tantas outras, honesta e trabalhadora:

"Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. A casa, as pedras, os muros, o chão, as minas, os carvalhos, os castanheiros, as vinhas... Na posse da família Ferreira Carneiro, há pelo menos dois séculos. Uma estória de loas e cantigas. Mas também de trabalhos (es)forçados. De pão e vinho sobre a mesa. De amor e de amizade. Rosa, Chita, Nitas, Zé, mais as respectivas caras metades (Quim, Luís, Gusto e Teresa). Pais fundadores: José Carneiro & Maria Ferreira."

Tenho uma ligação sentimental a esta quinta onde me casei... com a filha do "patrão" (ou uma das filhas)... Tenho uma bela amizade com os meus cunhados e cunhadas, e rendo-me ao amor com que, há mais de 3 décadas, cuidam deste patrimónuio familiar, como se fosse um jardim, sacrificando muito do seu tempo, dinheiro e, infelizmente, também saúde...

Este vídeo é uma homenagem em especial ao Gusto e à Nitas, ao Zé, ao Adriano, os verdadeiros "trabalhadores da vinha do Senhor"... Daqui, da terra dos mouros, eu tiro-lhes o chapéu!... Muita saúde e longa vida que eles merecem tudo. (**) (LG)

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Notas do editor:

(*) Vd, blogue A Nossa Quinta de Candoz > 8 de setembro de 2017 >  Sessenta e oito mais um... Parabéns, querido mano Zé!


Quem faz anos, hoje, é o Zé,
O nosso mano querido,
Ferreira Carneiro é,
Gente de bom apelido.

Sessenta e oito mais um,
Diz, sem ponta de malícia,
Depois dos setenta, pum!,
É que ele vai ser notícia.

No clube septuagenário,
Estão já as manas e os cunhados,
À espera do centenário,
Serão todos bem festejados.

Toma, Zé, xicoração,
Tão rico como o almoço,
Hoje os parabéns se dão
A ti, menino e moço.

Tua santa padroeira,
Senhora do Castelinho,
Te encha a algibeira
De graveto… e miminho!

Tua mana Alice e teu cunhado Luís

Alfragide, 8 de Setembro de 2017


(**) Vd.  último poste da série > 7 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17741: Manuscrito(s) (Luís Graça) (123 ): Nossa Senhora da Guia nos Valha!

Guiné 61/74 - P17747: Parabéns a você (1312): Filomena Sampaio, Amiga Grã-Tabanqueira e Raul Manuel Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 2.ª CART/BART 6522 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17742: Parabéns a você (1311): Alberto Grácio, ex-Alf Mil Op Esp do BCAÇ 4615/73 (Guiné, 1973/74) e Carlos Alberto Fraga, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74)