segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17917: Notas de leitura (1009): “A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar; Edições Colibri, 2017 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Outubro de 2017:

Queridos amigos,

Há alguns anos atrás, por entreposta pessoa, pedi para conversar com António Fragoso Allas, anunciei previamente a questão primordial para o encontro: as eventuais ligações da PIDE/DGS com o assassinato de Amílcar Cabral. Almoçámos em Algés, numa atmosfera de grande amenidade e saí desse encontro com a garantia de que não houvera um mínimo de envolvimento da polícia política no conflito que separava abissalmente guinéus e cabo-verdianos.
Perguntei a Fragoso Allas por que não escrevia tão importantes memórias e tais aspetos clarificadores. Disse-me que mais tarde ou mais cedo tudo iria aparecer numa entrevista.
Como acaba de acontecer.

Um abraço do
Mário


De leitura obrigatória: o diretor da PIDE/DGS na Guiné, no tempo de Spínola, na primeira pessoa (1)

Beja Santos

“A PIDE no Xadrez Africano, Conversas com o Inspetor Fragoso Allas”, por María José Tíscar, Edições Colibri, 2017, é um documento impressionante, uma investigação de altíssima qualidade, um frente a frente entre uma investigadora de mérito, com obra consagrada, e um inspetor da PIDE/DGS que percorreu os diferentes territórios coloniais em guerra. Entrevista vastíssima, abrangente, abarcando as questões mais controversas desde a Operação Mar Verde até ao assassinato de Amílcar Cabral. Fragoso Allas vai para a Guiné substituir Matos Rodrigues com quem Spínola se incompatibilizara, chegara mesmo a pensar prendê-lo, ameaçara também suprimir a delegação da PIDE/DGS em Bissau se não ocorresse a sua substituição. A pressão é feita a seguir ao insucesso da invasão de Conacri, Allas só toma conta do lugar em meados de 1971.

Deixa bem claro que nunca recebeu diretivas de Lisboa por parte da PIDE/DGS, recebeu instruções muito genéricas do Ministério do Ultramar. Porquê a animosidade de Spínola, que queria terminar com a DGS na Guiné? Allas responde:

“Eu não sei com certeza, mas presumo que o jornal deve ter sabido que a DGS da Guiné fazia relatórios que enviava para Lisboa, dos quais não dava conhecimento ao governador. O General Spínola em várias ocasiões tem falado em desentendimentos importantes com a PIDE/DGS”.

Spínola pretendia que Allas aderisse ao seu projeto “Por uma Guiné Melhor”, e decidiu que ele passaria a assistir ao briefing diário na Amura, o que veio a acontecer. Allas refere as suas primeiras ações na Guiné logo o assassinato de um tenente senegalês por um capitão português, sublinha a recetividade da política da Guiné melhor, o programa da africanização das tropas, e emite parecer sobre a morte dos três majores, em Abril de 1970, dizendo:

“As mortes terão sido executadas por indivíduos vindos de Conacri para o efeito e, pelo menos, os chefes guinéus envolvidos nas negociações terão sido fuzilados. O assassinato dos majores produziu um maior desentendimento entre os guineenses e os cabo-verdianos porque eram guineenses os que estavam a negociar o regresso dos guerrilheiros à revelia dos comandos do PAIGC. Foram denunciadas as conversas com os militares portugueses, o comando do PAIGC mandou matar os majores e depois fuzilar os chefes dos guerrilheiros envolvidos na negociação”.

A sua grande preocupação era montar uma rede de informadores na Guiné, depois de ter avaliado a situação, reorganizou o gabinete do centro de cifra, seguiu-se a rede de informadores, os postos mais importantes da DGS estavam perto do Senegal, era o caso de Pirada, Bigene e Guidage, para a Guiné Conacri só havia o posto de Buruntuma. Explica a importância de Pirada:

“Estava localizado mesmo junto à fronteira com o Senegal. O posto estava dentro da casa de um comerciante. O agente da DGS ali colocado vivia dentro da casa do tal comerciante. Mas o que sucedia na prática era que o comerciante era mais agente da DGS que o próprio agente; 90% das vezes era o comerciante que atendia o rádio. Converteu-se num agente duplo. O comerciante chamava-se Mário Soares. Era habilidoso, tinha boas relações com as autoridades portuguesas e tinha bons contactos, também, com as do Senegal. Teve atuações muito importantes para nós. O Mário Soares era útil como agente de contrainformação. Quando queríamos enviar informações falsas ao PAIGC dizíamos-lhe que era muito secreto e então ele ia logo transmiti-las. As informações que ele fornecia sobre o PAIGC quase não serviam, porque nós sabíamos que ele também trabalhava para eles. Quando cheguei à Guiné, o General Spínola estava muito zangado com ele e queria mesmo expulsá-lo da província, mas isso não seria conveniente porque o posto da PIDE estava dentro da sua casa, pelo que me interessei para que ele continuasse na sua atividade”.

Fala-se de outro comerciante que também prestava informações à PIDE, Rodrigo Fernandes Rendeiro.

A conversa desliza para a infiltração do PAIGC. A rede interna era constituída por informadores e alguns dissidentes. Explica que uns por dinheiro, outros por frustração e despeito com o PAIGC. Eram 20 infiltrados. Não havia em Conacri informadores da DGS:

“Eram os nossos homens de ligação que falavam com elementos da estrutura do PAIGC em Conacri e davam-nos as informações. Aproveitavam-se as dissensões já existentes entre guinéus e cabo-verdianos, os maiores colaboradores eram de etnia Fula. Explica que Inocêncio Cani, tal como Momo Turé, nunca foram colaboradores da DGS, todos os documentos que referem nomes como Aristides Barbosa, Mamadu Turé e outros mais são documentos falsificados. Refere e incompatibilidade entre Rafael Barbosa e Amílcar Cabral. Fragoso Allas diz que nunca subornou Rafael Barbosa. Adianta que havia contactos com Nino Vieira: “Não era um contacto direto, eu nunca falei com ele, tinha pessoas que falavam com ele. Tentava-se trazer de volta. Ele tinha interesse em voltar mas tinha um problema: tinha sido condenado por crime penal e tinha fugido. Aquilo que estava a negociar connosco era voltar, mas não vir para a prisão. Esta ação era tratada através de mensageiros”.

A rede de informações de Fragoso Allas assentava primordialmente em djilas. Aliás, quando o jornalista José Pedro Castanheira consultou os arquivos da PIDE em Bissau à procura de conexões entre a polícia política e os assassinos de Amílcar Cabral não encontrou qualquer documento mas descobriu diversos relatórios de djilas que se movimentavam com grande facilidade sobretudo no Senegal. Com a Guiné Conacri era diferente:

“Havia indivíduos do PAIGC na Guiné Conacri que vinham à Guiné Portuguesa visitar as famílias e diziam que estavam cansados de estar lá. Se depois a família viesse dizer que se tinham apresentado não os prendíamos, mas aproveitava-se o contacto através da família para os captar”.

Afloram-se os contactos com a oposição a Sékou Touré, o agente Marcelo Almeida, os grupos especiais da DGS (GE/DGS), e os esforços para o estabelecimento de contatos com o Senegal. A conversa agora inflete para os encontros de Cap Skirring, Fragoso Allas pretende corrigir que só houve duas reuniões e não três, que nunca se falou em Amílcar Cabral nem em nenhuma hipotética entrevista entre este e Spínola, e antes de abordar o assassinato de Amílcar Cabral faz alusão à proposta feita ao Coronel Vaz Antunes pelo agente “Padre”:

Era já na fase em que os guinéus se recusavam a combater, em Junho de 1973. Em consequência havia umas centenas de guerrilheiros guinéus do PAIGC que se queriam entregar e com os quais foi estabelecido contacto em Farim, na fronteira, através do referido agente”.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17908: Notas de leitura (1008): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (6) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17916: Manuscrito(s) (Luís Graça) (126): O fogo que nos redime

O fogo que nos redime

por Luís Graça


O teu país ardeu

e tu não deste conta.

O pinhal d’El-Rey ardeu
e tu não deste conta.



O fogo devorou a tua casa e o teu quintal
e tu não deste conta de nada.

O pregador da tua igreja
já há muito que te ameaçara, do púlpito e do altar:
que era pelo fogo
que o mundo um dia iria acabar.

Havia o partido do fogo
e o dos que o combatiam,

mas tu nunca deste conta desta bipolaridade.
Como nunca ligaste às profecias antigas
do louco pregador da tua cidade.

Alguém vociferou, nas redes sociais,
que era preciso aplacar a ira de deus
e a do seu povo
e a dos seus demagogos,
mas tu nunca não te deste conta de nada.

O pinhal d’El-Rey,
cheio de bidões de gasolina,
estava pronto para arder
no verão quente de 1975,
e tu na altura até te deste conta.

Hoje sabes, como nas tragédias da Grécia antiga,
que é preciso que alguém morra,
física e simbolicamente falando,
para que tu possas por fim fazer o luto
e dormir tranquilo
sem a maçada de teres que chorar,
nem que sejam lágrimas de crocodilo.

Chorar pelos nossos mortos,
hoje, os de Pedrógão Grande,
ontem os da guerra colonial,
mais os de sempre, os do mar salgado,
todos os mortos de Portugal.

Chorar pelo teu país que ardeu,
pelo pinhal d'El-Rey,
pelo verde pinho, ai, ai,
pelo teu vizinho que ficou carbonizado.

Não vês televisão,
o teu país ardeu,
e tu não deste conta,
mas, apesar do teu autismo,
tu sabes que somos um povo de santos inquisidores,
de encenadores de autos de fé,
de ateadores de fogueiras,
de plantadores de eucaliptos,
somos, enfim,  um povo antigo e trágico e exangue
que periodicamente se redime pelo fogo e pelo sangue.

Alfragide, 22/10/2017

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domingo, 29 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17915: Fotos à procura de... uma legenda (94): O emboscador emboscado... Ou então: que pena eu não ter sido antes repórter de guerra...










Sem legenda... ou à procura de uma... Avance.se com esta; O emboscador emboscado... Ou que pena eu não ter sido antes repórter de guerra...Teria sido um bom repórter ? Não me parece: fui um mau soldado, seria um pior repórter de guerra...

Fotos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
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Guiné 61/74 - P17914: Blogpoesia (535): "Ao ritmo das marés...", "O lobo-pastor..." e "Nunca arrefeça...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Mar ao largo da Praia da Boa Nova - Leça da Palmeira
Foto: © Carlos Vinhal

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Ao ritmo das marés…

(ouvindo Frederico Chopin – valsa da Primavera)

Meu pêndulo está no mar....
Me dita o ritmo.
Cadência milimétrica infalível dos meus passos.
Nele ficam contidas as alegrias e tristezas
Com os limites da razão.
Me espraio ao sol no mar da liberdade.
Aspiro a brisa suave e ardente que me enleva e leva às alturas, donde a terra e o mar se assemelham a um par apaixonado.
Ali crio os meus sonhos.
Meu alimento inesgotável do dia-a-dia.
Quem me dera deles nunca acorde…

Berlim, 24 de Outubro de 2017
8h25m
Jlmg

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O lobo-pastor…

Chegam dos astros baladas tão tristes.
Sobem aos ares preces de paz.
Reina por cá a total confusão.
Dum dia para o outro,
Surpresas cortantes rasgaram certezas.
Golpes fatais trucidaram os sonhos.
A esperança crescia prometendo riqueza.
Estatelou-se no chão a fé no pastor.
Pregava concórdia, espalhava abraços.
Brindava com todos, vestido de príncipe.
Se banhava no mar ignorando as ondas.
Limpava os sapatos à vista de todos.
O engraxa a seus pés sorria feliz.
Andava de noite distribuindo o caldo.
O sem-abrigo ficava a olhar.
Foram tamanhos e tantos os gestos que engaram a todos.
Tresmalhou-se o rebanho.
Afinal, a hora pensada, ainda estava p’ra vir.
Do lobo-pastor.

Berlim, 26 de Outubro de 2017
16h38m
Jlmg

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Nunca arrefeça…

Não morra a chama que te ascendeu e arde.
A fé crescente no dia D.
O sonho lindo que despertou um dia
e prendeu a mente.
Sem sonho, a vida é noite.
O sol não nasce.
O dia é triste.
Viver é fel.
Arrefece o corpo.
O amor não vem.
Sem luz nem cor.
A alma gela.
Para quê viver?
Viver é morte.
Para que nasce um rio
Se não chega ao mar?...

Ouvindo Out of Africa de A.Mozart
Berlim, 29 de Outubro de 2019
8h13m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17893: Blogpoesia (534): "O que vejo da minha janela..."; "Os vira-casacas" e "O Tratado da Insolência", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17913: (Ex)citações (326): CCAÇ 17, uma companhia da "nova força africana", baseada em pessoal manjaco


Guiné > Região do Cacheu > Binar >  CCAÇ 17 )1972(74) > O cap mil Antómo Acílio Azevedo onversando com o major Dick Daring, responsável pela base do PAIGC no Choquemone, localizada cerca de 5/6 quilómetros a noroeste de Binar e que ali veio várias vezes.

 Foto do álbum do António Acílio Quelhas Antunes Azevedo, ex-cap mil, cmdt  da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 (Bula) e da CCAÇ 17 (Binar), 1973/74.


1. Uma das mais antigas (e raras) referências à CCAÇ 17, no nosso blogue, remonta a 2006!...

Ficamos a saber que era uma companhia de manjacos e que em 1970 foi posta a fazer segurança aos trabalhos de construção da estrada Mansabá-Farim, portanto fora do seu "chão"... Estiveram em Bironque e houve um princípio de motim, obrigando à intervenção do Spínola...

Aqui vai um excerto do poste do Vitor Junqueira [, ex-alf mim

(...) A primeira aproximação que tivemos com a guerra a sério e àquilo que iria ser o nosso estilo de vida nos meses vindouros, ocorreu a partir de um ponto localizado no mapa entre Mansabá e o K3, onde antes da guerra existira uma pequena povoação, chamada Bironque.

Para o Destacamento Temporário do Bironque segue em 1 de dezembro de 1970 um Gr Comb da CCAÇ 2753, tendo os restantes chegado a intervalos de uma semana e ficando a operação concluída em 21 de dezembro de 1970. Com a chegada da CCAÇ 2753, a CCAÇ 17 retirou!

Algum tempo antes, tinha havido uma espécie de motim com cenas de tiros entre os oficiais e sargentos daquela Companhia e os seus elementos nativos, de etnia maioritariamente manjaca. Estes, fartos de bordoada, recusaram-se a sair para o mato, alegando que a terem de levar porrada forte e feia, preferiam apanhá-la defendendo o seu Chão. O general Spínola resolveu o contencioso através de umas despromoções e da transferência da Companhia para Bula. (...)

Falta-nos a ficha de unidade desta companhia, falta-nos gente desta companhia, faltam-nos fotos e histórias,

2. Comentário do nosso editor:

Até há pouco, não tínhamos qualquer referência à CCAÇ 17!... Graças ao António Acílio Azevedo, o último ou um dos seus últimos comandantes, sabemos um pouco mais do seu historial. Mas é insuficiente... Nâo há história da unidade ? Por exemplo, não sabemos   os nomes dos militares desta companhia africana que foram fuzilados depois da independênc

É um serviço útil que o Acílio nos podes prestar a todos!...

As companhias africanas, baseadas no recrutamento local (enquadradas, em geral, por metropolitanos) têm um tratamento desigual no nosso blogue, a avaliar pelo nº de referências ou de marcadores (a seguir, entre parêntesis):

CCAÇ 3 (46)

CCAÇ 5 (133)

CCAÇ 6 (98)

CCAÇ 11 (37) / CART 11 (83)

CCAÇ 12 (380)

CCAÇ 13 (42)

CCAÇ 14 (18)

CCAÇ 15 (18)

CCAÇ 16 (26)

CCAÇ 17 (5)

CCAÇ 18 (26)

CCAÇ 19 (24)

CCAÇ 20 (4)

CCAÇ 21 (23)


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sábado, 28 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17912: Recortes de imprensa (89): A Guiné na revista Panorama, pelo escritor Castro Soromenho, 1941 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 10 de Outubro de 2017:

Queridos amigos,
António Ferro concebeu a revista Panorama para revelar aos portugueses os portentos artísticos, as belezas naturais da metrópole e do império.
A Guiné suscita muita curiosidade, até os livros escolares falam na babel negra, numa colónia rasgada por cursos de água, verdejante; os estudos não escondem a terra luxuriante, as aptidões agrícolas, mas continuam a faltar investidores, os empreendimentos agrícolas, regra-geral, soçobra, é o que leio em toda a documentação emanada do BNU na Guiné.
Soromenho conhecia a Angola, ficará com uma referência literária e os seus trabalhos de etnógrafo ainda guardam alguma frescura.
Este seu aprontamento guineense revela o seu talento jornalístico, deixou um soberbo convite a turistas e aficionados da caça.

Um abraço do
Mário


A Guiné na revista Panorama, pelo escritor Castro Soromenho, 1941

Beja Santos

Panorama, revista portuguesa de arte e turismo, foi empreendimento de António Ferro com a colaboração de grandes artistas do seu tempo, como Almada Negreiros, Bernardo Marques, Ofélia Marques, Tomás de Melo, Paulo Ferreira. A revista iniciou-se em 1941 e acompanhou a vida do regime, mas de facto o seu período áureo teve a chancela de António Ferro e o grafismo das grandes figuras do modernismo, com Bernardo Marques na proa. Bernardo Marques além de grande gráfico, e de ter deixado capas de livros de grande gabarito, ganhou a vida a fazer publicidade, como tantos outros artistas. Panorama vendia-se por dois escudos e meio ao número, tinha publicidade de prestígio: Livraria Luso-Espanhola, a Kodak, o Hotel Suisso Atlântico, o Avis Hotel, as canetas Sheaffers, a chapelaria Lord, a Mobiloil, e muito mais.

Castro Soromenho foi um jornalista e escritor de percurso muito curioso. Nascido em Moçambique, foi em criança para Angola, veio estudar para Lisboa, aqui se lançou no jornalismo, publicou nos principais jornais e publicações da época. Crítico do Estado Novo, partiu para o exílio em França, foi professor nos Estados Unidos e viveu os seus últimos anos no Brasil. Considerado um escritor angolano de referência, as suas obras de etnografia são ainda hoje de leitura obrigatória.

Este seu artigo sobre a Guiné é meramente divulgativo, ninguém espera encontrar aqui novidades, veja-se logo o arranque:  
“No cabo do Golfo, em jornada no Atlântico africano, sob céu de fogo, estende-se a terra vermelha da Guiné. Fica lá no fundo da boca que o mar cavou, em recortes caprichosos, na terra coberta de vegetação luxuriante – chão raso até às colinas de Bafatá, alteadas a 300 metros no Boé, onde começa o maciço de Futa Djalon, que só ganha caminho de águias, a desdobrar-se em montanhas, na Guiné Francesa. E em frente, pouco além dos lábios vermelhos da terra, 50 ilhas e ilhotas, tufos de verdura, labirintam caminhos de águas negras que os rios vomitam ininterruptamente. Foi ali, na terra húmida e quente, xadrezada por canis e rios, que o destino das guerras e migrações escolheu fronteiras para albergar 17 raças, vindas, com Alá na boca, dos sinos de África”.

Há que gabar a escrita, sim senhor, e provavelmente quem o leu na panorama ia aprendendo muito, a Guiné era uma colónia triste coitada, para ali não se emigrava, só se degredava, e Castro Soromenho exaltava-lhe as belezas e incitava os amantes da caça a vir conhecer a abundante e variada fauna da Guiné.

Faz jus ao sangue derramado na ocupação efetiva, que ele data da seguinte maneira:  
“E só quando o sol espelhou, em toda a terra guineense, a espada de Teixeira Pinto, e a sua bravura entrou na lenda, e Abdul Indjai, o seu melhor colaborador, trocou o alcorão pela bíblia e se enredou em traições à sua raça, para mais tarde regressar ao mesmo seio, já cansado e murcho de sangrar padecimentos, sorvado por azares da guerra, e se rebelou num gesto que lhe deu penas de cativeiro em Cabo Verde – é que o indígena trocou a lança pela enxada”.


Quem o lê, pensa que por golpe mágico se espalhou a pacificação e a civilização triunfou, como ele diz “a certeza do triunfo da civilização da raça branca no país dos africanos”. Agora vencia-se a selva, reverdeceram as lalas de arroz e mancarra, tínhamos a Guiné de porta abertas, e ali a África está toda representada na sua paisagem humana. E sempre a pensar na caça termina assim o seu texto: “Os olhos do turista que vêm do correr do mundo, ante as paisagens da natureza e a humana, belas em toda a Guiné, queda-se em contemplação – e, na sua memória, jamais se apagará esse forte, e belo, e exótico espetáculo”.

Para não deixar dúvidas, a imagem do caçador triunfante junto ao seu magnífico espólio.
Que melhor feitiço africano que aqueles triunfos de caça?

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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17460: Recortes de imprensa (88): O nosso amigo capitão Valdemar Aveiro, em Vigo, Galiza, defendendo os pergaminhos da história da pesca do bacalhau ("Faro de Vigo", 10.06.2017)

Guiné 61/74 - P17911: Parabéns a você (1332): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Cor Inf Ref Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 20 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17884: Parabéns a você (1331): Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor Auto do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74) e Rogério Cardoso, ex-Fur Mil Art da CART 643 (Guiné, 1964/66)

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17910: Agenda cultural (601): A festa do José Saúde: apresentação do seu último livro, na Casa do Alentejo, no sábado passado, dia 21: fotos


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Lisboa  > Casa do Alenteho > 21 de outubro de 2017 > Sesssão de apresentação do livro do José Saúde, "AVC- Recuperação do Guerreiro da Liberdade" (Lisboa, Chiado Editora, 2017). 

Fotos: ©  Luís Graça(2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O  nosso camarada José Saúde, ex-fur mil op esp/ranger, CCS / BART 6523, Nova Lamego/Gabu, 1973/74,  natural de Vila Nova de São Bento, Serpa, a viver em Beja, é uma figura popular na sua terra e na sua região, é um amigo do seu amigo, um camarada do seu camarada.  Não admira, por isso, que ele tenha conseguido, mais uma vez, encher o salão da Casa do Alentejo, no passado dia 21, sábado, na sessão de apresentação do seu último livro (fotos nºs 3, 4, 5, 6).

De Serpa e de Beja trouxe também dois grupos que animaram a festa: o Grupo Musical Os Alentejanos (foto nº 7) e o Grupo Coral Os Desassossegados (fotos nºs 13 e 14).  Da sua atuação, temos registo em vídeo, que apresentaremos noutro poste.

Dos nossos camaradas presentes, recordo-me de ver e de estar com o José Martins, o José Colaço, o Juvenal Amado, o Luís R. Moreira e a sua companheira, Irene (foto nº 9, em segundo plano), o Manuel Joaquim e esposa, o Fernando Calado e a esposa (Dra. Rosa Calado, da direção da Casa do Alentejo, com o pelouro da cultura) (foto nº 8), e ainda o Manuel Oliveira Pereira, que veio de propósito, de comboio de Ponte de Lima: é amigo da Luisinha, a esposa do José, antigos colegas de trabalho  (foto nº 10)... Além da Alice Carneiro, que acompanhou o Luís Graça, nosso editor [foto nº 2, de costas, vendo a exposição de Silva Júnior (1868-1937), o arquiteto da remodelação e decoração do Majestic Club, antepassado da Casa do Alentejo (foto nº 1).

Estava longe de imaginar que iria encontrar, aqui, na Casa do Alentejo, o  Manuel Oliveira Pereira (ex-Fur Mil da CCAÇ 3547 - "Os Répteis de Contuboel", Contuboel, 1972/74). Foi um dos participantes do histórico I Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2006, na Ameira, Montemor-O-Novo, e não sabia que ele era de Ponte de Lima e vizinho do também nosso camarada e amigo, Mário Leitão.

A apresentação do livro esteve ao cuidado do nosso editor Luís Graça. A sessão foi presidida pela dra. Rosa Calado que aproveitou o ensejo para nos dizer duas palavras sobre a história daquela casa, que é o orgulho dos alentejanos.
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Nota do editor:

Último poset da série > 25 de outubro 2017 Guiné 61/74 - P17904: Agenda cultural (600): lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes: memórias de um neto", de António Moncada S. Mendes. Lisboa, 31 do corrente, 3ª feira, às 18h30, no Salão Nobre do Palácio da Independência. Apresentação a cargo da historiadora Irene Pimentel.

Guiné 61/74 - P17909: Os nossos seres, saberes e lazeres (236): Alguns dos últimos trabalhos de pintura do nosso camarada e amigo Dr. Adão Cruz


1. Em mensagem do dia 21 de Outubro de 2017, o nosso camarada Adão Pinho da Cruz, Médico Cardiologista, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), enviou-nos fotografias de alguns dos seus último trabalhos, que aqui reproduzimos com a sua autorização.

Lembramos que o Dr. Adão Cruz, além de um excelente Cardiologista, compõe poesia e é um pintor de nomeada, já com algumas exposições colectivas e individuais[1].

Ver no Blogue "Jardim das Delícias" um apontamento biográfico deste artista.

Ficamos à espera de notícias sobre próximas exposições de que daremos notícia com todo o gosto.









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Notas do editor

[1] - 20 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16505: Agenda cultural (502): Rescaldo da inauguração da exposição de pintura de Adão Cruz, levada a efeito no passado dia 17 de Setembro de 2016, no Museu de Ovar (Carlos Vinhal)

Último poste da série de 25 de outubro de 2017 Guiné 61/74 - P17903: Os nossos seres, saberes e lazeres (235): De Eskdalemuir para Dumfries, à procura de Robert Burns (6) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17908: Notas de leitura (1008): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (6) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Setembro de 2017:

Queridos amigos,
O texto que ora se remete parece concludente com a análise já feita aos olhares da gerência da filial de Bolama: possuidores de um lastro informativo invejável, passavam inúmeros dados para Lisboa: sobre personalidades controversas, a situação da praça, o funcionamento político da colónia.
Convém não esquecer que o pós-guerra deixo a Guiné em péssimas condições e que o pessoal político escolhido não trazia, regra-geral boas credenciais.
É espantoso a mistura de papéis na mesma pessoa: funcionário e comerciante; produtor e militar; ajudante do governador, podendo estar em múltiplas instâncias, é uma impressionante acumulação de prebendas. E tudo numa atmosfera de permanente intriga, de cupidez, enquanto Bolama já não pode disfarçar a decadência, pelo menos a económica.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (6)

Beja Santos

O processo narrativo do gerente da filial de Bolama é muito abrangente, inclui retratos de figuras controversas, mostra a situação na praça, e no período em curso, estamos em 1919 e vamos considerar factos até 1921, não se omite o estado caótico em que se encontra a administração.

Em 23 de Setembro de 1919, esclarece-se Lisboa, a propósito de um protesto apresentado por Jaime Augusto da Graça Falcão, que foi prestigioso militar, e que se queixou de não ter recebido umas ações do BNU, mandou-se cópia extraída do cadastro de clientes redigido pelo gerente Cabrita e outros, de Bissau. Diz Cabrita:
“Não goza de boa fama e não é bom pagador. É político assanhado e com mania de fazer escândalos e acusações a tudo e a todos, nos jornais. É mau caráter”. Outro gerente presta a seguinte informação: “Não me conformo inteiramente com a opinião acima. Tem inimigos bem colocados na colónia, tem sido perseguido diversas vezes e naturalmente defende-se. Já se propôs a deputado pela Guiné em 1916 tendo sido derrotado para que o governador Sequeira não escolheu meios empregando toda uma casta de pressões, transferências e patifarias. Não é todavia um lídimo caráter”. E depois a informação do gerente Cotter: “Foi oficial do Exército e pediu a demissão; mais tarde pediu para ser reintegrado mas não conseguiu devido a ter más informações, apesar de ser condecorado com a Torre e Espada e ter medalha de bons serviços. É criatura perigosa. É preciso cautela com ele e crédito só por si não o merece. O Governador Manuel Maria Coelho nomeou-o administrador interino da circunscrição dos Bijagós em 1917; dispõe da influência entre o gentio. É mau caráter; não é pagador e tem praticado várias baixezas. Foi este indivíduo quem fez uma emissão de vales de vários tipos para circularem como dinheiro no arquipélago dos Bijagós”. E por último a informação do gerente Lereno: “Amigo do Governador Henrique Guerra. Foi nomeado administrador da circunscrição civil de Bissau deixando os Bijagós”. Se dúvidas houvesse do poder informativo dos homens do BNU na Guiné, elas dissipam-se com o que fica dito do antigo herói Graça Falcão.

Mas esse poder informativo estende-se ao conhecimento profundo dos comerciantes. Vejamos o que diz a filial de Bolama no seu relatório de 1920 sobre um conjunto de comerciantes:
“António Silva Gouveia, esta firma tem agora de lutar com grande concorrência, sendo uma casa muito forte, se for bem administrada deve poder vencer a concorrência ou pelo menos não decair. António Mateus Gomes de Pina, fez bastante negócio e tirou apreciáveis lucros. Não é porém firma que se abalance a grandes negócios.

Sá Leitão e Araújo Lda, ignoramos o resultado do exercício findo, mas não podem ser muito animadores. O sócio Araújo que era ativo e gozava de muitas simpatias na praça, saiu da sociedade. Victor Gomes Pereira vendeu a sua colheita de mancarra e parte de coconote para o estrangeiro, auferindo importantes lucros. Durante o ano adquiriu mais propriedades para a cultura da mancarra. Tem hoje a sua escrita bem montada, à testa da qual está o nosso ex-empregado Salvador Pinto, seu cunhado.

Empresa Comercial da Guiné Lda, o sócio gerente Bull está cumprindo degredo em Angola; esteve aqui, com aquele ainda o sócio Caetano Alves, que assumiu a gerência, retirou depois para a Europa. Compagnie Franco-Écossaise, foi-lhe aberta falência; continua o arrolamento dos bens.
Empresa Agrícola e Comercial dos Bijagós Lda, deixou a gerência desta empresa o gerente Botelho, veio geri-la Daniel Pereira, muito ativo e trabalhador, antigo gerente de António Silva Gouveia, de quem é hoje inimigo”.

Cinema de Bolama em ruínas

Pela primeira vez um gerente de filial diz abertamente que vai fazer apreciações de caráter político e económico. É um documento severo, como vamos ver:

“Poucos são os serviços públicos que sejam sofríveis. Os empregados que alguma coisa trabalham são os naturais da colónia ou os cabo-verdianos. Os que vêm da metrópole, chegam aqui com um único fito: arranjar seja como for algum dinheiro sem trabalhar. Muitos que aqui aparecem como empregados, devemos com verdade dizê-lo, antes deveriam vir como degredados. Os cargos superiores são todo mais ou menos desempenhados interinamente por indivíduos que, na maioria aliam à incompetência a falta de dignidade. A magistratura que deveria ser desempenhada por indivíduos competentes, atendendo à responsabilidade das decisões, vem há tempos sendo estropiada por quem desconhece por completo a legislação e é incapaz de interpretar a doutrina do mais simples artigo. Como Juiz de Direito, tem estado há meses que nada compreendendo do assunto se entregou nas mãos do delegado que estando aqui apenas há uns 18 meses arranjou uma dezenas de contos, tendo em seguida retirado para a metrópole. Na sua vaga foi nomeado o ajudante e sobrinho do governador, um alferes miliciano que basta trocarmos com ele duas frases para concluirmos que estamos na frente de um desequilibrado. Nenhuma noção tem do cargo que exerce.

Em 21 de Junho último, tomou posse do governo o atual governador que na leitura do discurso de apresentação disse coisas agradáveis. A nosso ver, julgamos ter ele vindo animado das melhores intenções, desejando fazer alguma coisa acertada, coibindo abusos e castigando os que prevaricassem. Mas tudo isso poderia ser levado a efeito que no indivíduo independente, o que com ele se não dá, pois um fanático pela política partidária.

Podemos dizer que quem sempre teve um certo predomínio na província foi a colónia de Cabo Verde, que com verdade devemos dizer foi a que colonizou esta província, sendo a ela que se deve algum progresso que esta tenha experimentado. A maioria dos empregados são cabo-verdianos, o comércio em grande parte lhe pertence e entre eles constam indivíduos de bastante valor. Tudo isto tem redundado em prejuízo de uma boa administração. O governador procurando o bem dos seus correligionários tem tirado de lugares indivíduos que regularmente desempenhavam as suas funções, para lá colocar outros que em pouco devem para a sua dignidade e que, tendo em mira ganhar somente conseguiram que fossem aumentados quase ao dobro os vencimentos e pagas as diferenças deles desde Janeiro de 1921.

Os administradores das circunscrições compram automóveis que são para seu uso pessoal. Uma repartição há que não deve ser atingida por estas apreciações, pois que devido ao seu diretor caminha com regularidade e disciplina. É a direção dos Serviços de Marinha. As alfândegas deixam muito a desejar pelo procedimento brusco do seu diretor. Contra ele foi levantado um processo por irregularidades cometidas, mas que, como partidário do atual governador, ficou o processo sem andamento.

O elemento militar é apenas no nome, pois que os soldados não têm a mais leve noção do que valem e os oficiais procuram é de tratar da sua vida particular. Como administrador do concelho está um oficial do exército colonial que tem feito um regular lugar. A ele se deve talvez uma estrada que vai de Bolama a ponta do Oeste, há pouco concluída e única que existe na ilha de Bolama. Falemos da câmara municipal que se distingue pela incúria e negligência. É constituída por indivíduos que não tendo conhecimento algum das necessidades do município ainda menos têm de tacto administrativo, o que dá em resultado caminhar tudo quando depende de serviços da câmara num desleixo imperdoável. Em Bolama há um hospital cujo tratamento é péssimo, o de Bissau é pior. Há perto de seis meses que existe apenas um médico em Bolama.

Sobre o censo da população da colónia não nos é possível com precisão qual seja. São variáveis as opiniões, sendo a mais admissível a de ser a população aproximadamente de 800 mil almas".

(Continua)
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Notas do editor

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