domingo, 25 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18458: Blogpoesia (560): "De mim ao infinito...", "As ladeiras...", e "A Praça do Giraldo", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


De mim ao infinito…

Vejo tão alto as estrelas brilhantes,
Parecem distantes,
Pertinho dos céus.
Tão pequeno eu sou.
Que sabem de mim?
 Olho o mar, de olhos fechados,
Imenso e profundo,
Parece sem fim.
À sua beira o que sou.
Que sabe de mim?
Me banho ao sol, ao nascer da manhã.
Fico pensando na hora, quem é que mo dá.
Por vezes, me sinto aflito,
Morrendo de sede.
Absorto comigo, não vejo
Um rio correndo, diante de mim.
Perdido no mundo,
Me vejo sozinho.
Tão surdo e tão cego,
Não oiço nem vejo:
Quem tudo criou
Habita em mim.

Berlim, 23 de Março de 2018
11h1m
Jlmg

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As ladeiras…

Gostava das ladeiras de barro.
Das mais longas.
Expostas ao sol.
As havia na minha aldeia.
Escorregava nelas.
Com vertigem.
Corpo estreme,
Cara ao vento,
Rente ao chão.
Até que a pele
Sangrasse ao sol.
Sensação bem cara,
Quando chegava a casa
E prestava contas,
Mais uns calções…
Bastava a noite.
Tudo esquecia.
No outro dia,
De novo a farra,
Depois da escola.
Mas agora,
Lição sabida,
Sobre uma tábua.
Na barroca funda
Que lá havia.

Berlim, 24 de Março de 2018
8h47m
Jlmg

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A Praça do Giraldo

Me parecia bela
aquela praça ampla,
vetusta em Évora,
pelas tardes quentes de Agosto livre.
Naquela esplanada à sombra,
Nos anos verdes da minha juventude.
Muito finas, de porte fino,
Cirandavam moças, sob as arcadas velhas.
Buscando adornos,
Aquelas penas de anjo
Que nos faziam sonhar,
Tão puras.
Era linda a vida a desabrochar em força.
Que lindo céu, na terra doce.
Quimera azul dum futuro negro.
Só a esperança em réstea,
Nos acalorava a alma.
Qual caravela livre,
Que só a brisa beija.
Ficaram só saudades ao findar da vida
Que só a morte apaga…

Berlim, 24 de Março de 2018
12h31m
Ouvindo Kaufmann
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18431: Blogpoesia (559): "As cores da verdade", "Folha seca...", e "As lágrimas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18457: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXII: Phuket, Tailândia, 12-13 de novembro de 2016


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Tailândia > Phuket > 12 e 13 de novembro de 2016

Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu, 

Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 200 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, estimanos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; 

(vi) visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;

(vii) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;

(ix) visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); 

(xi) Phuket, Tailândia (12-13 de novembro).

3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Phuket, Tailândia,  12-13 de novembro de 2016 (pp. 48-53, da Parte II)


Imaginava Phuket como uma praia, ou uma sucessão de praias bordejadas por hotéis e resorts para turista abancar e mergulhar em mares de tom azul turquesa. Afinal trata-se de uma ilha grande com 600 mil habitantes e 580 quilómetros quadrados, quase o dobro de Malta, no Mediterrâneo.

Chegámos à baía de Chalong, com a cidadezinha e a praia do mesmo nome, ao fundo. Não existe cais para a acostagem de navios de cruzeiro e o Costa ficou a descansar aí a uns dois quilómetros de terra, tendo o transfer dos passageiros sido feito por lanchas, tipo mini-cacilheiro.

Passeio por Chalong. Hotéis baratos, restaurantes de estranhas comidas e uma praia com água nem sempre limpa a que não dou mais de três estrelas. Sentados em bancos altos, em cafés e esplanadas na avenida à beira mar, há uns tantos travestis, homens façanhudos transformados por mil artifícios em esbeltas damas, de grossos lábios vermelhos, seios protuberantes e rabos empinados. São as, ou os ladyboys que sorriem até às orelhas, até à nuca, na procura simpática de clientes. Centros de massagens também enxameiam a malha urbana de Chalong. Dizem-me que se a massagista não estiver pintada, trata-se de massagem de verdade, se a rapariga ou o travesti aparecer para o trabalho decorado a preceito, haverá massagem e depois um final feliz.

De autocarro, passo para o outro lado da ilha para assistir a um nada entusiasmante espectáculo de música e dança à moda da Tailândia. Os bailarinos são desconchavados e feios – por onde andarão as tailandesas bonitas?  –, as marcações do bailado são elementares, a música é para ouvir e esquecer. Ao sair do teatro, há um grande grupo de turistas chineses à porta da sala aguardando a entrada. Não lhes gabo o gosto. Penso que a pesadona dança tailandesa, a funcionar em sessões contínuas, não agradará aos filhos do dragão que vão levar outra vez com aquelas figuras de pechisbeque, meio coloridas, tipo bonecos de cera em movimento. Jamais se devem tirar conclusões apressadas, sobretudo numa aproximação célere a realidades que desconhecemos. Alguém me explica que os turistas chineses vão assistir a algo completamente diferente, um show erótico apresentado por travestis, esfuziante de ritmo e movimento, a culminar com nus integrais e talvez sexo ao vivo, coisa nunca vista nos teatros em terras da China.

Mudando completamente de objectivo, o nosso destino é agora o templo budista de Chaithararam ou Wat Chalong, nos arredores sul da cidade de Phuket [Foto nº 1]. Os cinco pavilhões que constituem o âmago do templo são todos do início do século XIX e foram recentemente restaurados. Aqui venho encontrar, creio, o que de melhor identifica a arquitectura budista tailandesa. Os pavilhões estilizados, impecavelmente trabalhados, com colunas brancas ou creme sustentando os telhados sobrepostos, muito inclinados e levemente revirados, os budas dourados em oração em nichos e balaustradas no frontispício dos edifícios, a harmonia das cores no equilíbrio da brisa, tudo no fundo de um vale verdejante. Um fim de tarde mágico. Dentro do pavilhão principal, há mais budas e arhats, estes os discípulos de Sakyamuni, e guerreiros, e mestres sábios, divindades femininas de mãos postas em oração. Quatro budas jazentes aguardam, à beira da morte, a iluminação suprema. As figuras estão pintadas em dourado forte contrastando com as paredes brancas onde aparecem painéis multicoloridos com figuras associadas à vida de Buda, com os fundos verdes e azuis de florestas, rios e lagos.

No segundo dia, a Haiyuan quis ficar na praia de Chalong e para mim é tempo de partir à desfilada, cavalgando os mares da Tailândia.

Quase uma hora de autocarro, de novo para o outro lado da ilha até chegar a uma cuidada marina onde nos esperam lanchas rápidas que nos vão levar oceano fora até prodigiosos destinos. A barca está pronta para partir, leva quinze passageiros todos espanhóis, excepto eu, companheiros do cruzeiro, e conta com três motores Honda de 225 cavalos cada um [Foto nº 2].

Saímos da marina e logo estamos em pleno mar. Vou sentado na popa da lancha junto aos três motores que trabalham quase na rotação máxima. A barulheira dos hélices mais a larga esteira de espuma branca levantada pelo barco fazem-me pensar que participo, por especial graça, num grande prémio de motonáutica. A lancha salta e voa sobre as ondas a uns setenta quilómetros por hora. Que sensação boa, galopar um rapidíssimo corcel do mar sobre a prata e turquesa das águas, depuradas e limpas! Rodeamos ilhas rochosas plantadas ao acaso por deuses de tempos imemoriais, por certo em dia de grande desorientação. Há ilhas espalhadas por tudo quanto é horizonte. Numa delas, a lancha abranda, quase pára, para nos mostrarem a erosão do mar e uma espécie de estalactites gigantes caindo sobre as águas.

 Mais alguns quilómetros, ou milhas marítimas, e estamos ao lado de outra ilha em volta da qual passeiam turistas em pirogas manobradas por um seguro remador tailandês. Algumas canoas desaparecem ao entrar por grutas escavadas pela natureza no interior do monolito calcário.

Os motores aceleram de novo, mais uns dez quilómetros desembestados pelo mar e chegamos à ilha de Panyee, motivo para alguns assombros e uma bonita fotografia de uma avó com a sua neta [Foto nº 3]. 

Há mais de duzentos anos, algumas famílias muçulmanas abandonaram a ilha de Java, num barco, e acabaram por se fixar neste lugar, na pequena enseada onde decidiram continuar as suas vidas. Porque o terreno de Panyee era quase inexistente, construíram um amontoado de casas sobre plataformas de madeira apoiadas em troncos a funcionar como pilares cravados no fundo do mar, uma espécie de sistema de palafitas. A aldeia cresceu, os muçulmanos, quase todos pescadores, multiplicaram-se. Serão hoje umas centenas largas de pessoas, têm escola, uma clínica, até um pequeno campo de futebol e, claro, uma mesquita porque todas as pessoas que habitam na ilha são muçulmanas. Jamais havia visto um aldeia assim, mas creio que existem pequenas povoações semelhantes na baía de Halong, no Vietname. De resto, estas ilhas tailandesas têm parecenças com as que enxameiam Halong.

Partimos céleres para outra ilha, de nome Kao Tapoo mas conhecida, para entreter o turista, como “James Bond Island.” O nome advém-lhe de aqui ter sido rodado, em 1975, parte do filme “O Homem das Pistolas de Ouro”, com o então, ainda em bom estado, Roger Moore a fingir de James Bond. A ilha, muito visitada, é um lugar sombreado por algumas magias, tudo meio surreal, a vegetação trepando pelo alcantilado das encostas, pedra e grutas recortadas no interior da falésia. Diante da pequena praia, com águas cristalinamente verdes, há um enorme rochedo que parece crescer no mar, na base gasto pela erosão dos séculos, encalhado na luminosidade de terra, água e céu. Muita gente aproveita para o banho, para caminhar pelas veredas pedregosas que circundam a ilha, para tirar fotografia [Foto nº 4].

Partimos outra vez no desenfreado galope pelas águas. Mais umas dezenas de quilómetros e estamos na ilha de Lawa. Há um almoço buffet de razoável comida tailandesa à nossa espera num improvisado restaurante com cadeiras e mesas que quase entram pelo mar. Um banho, umas braçadas valentes na leve ondulação do oceano azul. Petisco as iguarias numa mesa na companhia de dois casais de Valhadolid e Madrid que argumentam bem sobre a qualidade de vida em cada uma das cidades. Olham para mim, esperam a minha opinião mas eu sorrio e permaneço calado quase até ao fim da conversa. Para espanto dos quatro que quase caem das cadeiras, de surpresa, digo que sou português, não entendo tudo o que dizem mas que “me gusta las dos ciudades.”.

Depois de almoço, dou um passeio ao longo da praia. Poucos turistas, a imensidão do céu estendendo-se triunfante sobre o verde do mar, o branquear das nuvens, um pobre português que às vezes quase fala espanhol, feliz, de passagem.

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Guiné 61/74 - P18456: Parabéns a você (1408): Rui Silva, ex-2.º Sarg Mil Inf, CCAÇ 816 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Março de 2018 > Guiné 61/74 - P18453: Parabéns a você (1407): Braima Djaura, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 19 (Guiné, 1972/74)

sábado, 24 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18455: Os nossos seres, saberes e lazeres (259): Em Bruxelas, para comemorar 40 anos de uma amizade (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 22 de Dezembro de 2017:

Queridos amigos,
Assim acabou a tournée, 10 dias repimpados, rodeado de amigos do coração.
Tratava-se de um acontecimento singular, uma amizade que fazia 40 anos. E sem qualquer sopro de melancolia percorreu-se o que tinham sido os primeiros percursos, 40 anos atrás havia o edifício icónico da Comissão Europeia (que depois foi sujeito a obras de fundo para remover o amianto), o Parlamento Europeu tinha então instalações minguadas, saía-se na Gare Central e em frente deparava-se um descampado. Tudo mudou mas ficou o culto dos parques e jardins, e há bairros que conservam um enorme caráter, hoje já não se pode destruir à toa como no passado recente.
É esta a cidade que me continua a enfeitiçar, suspiro sempre por ali regressar.

Um abraço do
Mário


Em Bruxelas, para comemorar 40 anos de uma amizade (8)

Beja Santos

Tudo o que é bom tem o seu epílogo ou compasso de espera, abre caminho a outras espectativas, até a outros programas de viagem, mesmo que a viagem se volte a centrar nesta cidade, tão pomposamente tratada como a capital do coração da Europa. O que agora finda nada teve a ver com o que se chama turismo, foi uma combinação entre dois amigos, em nome de um encontro que ocorreu exatamente 40 anos antes, bem perto do Palácio da Justiça, que se vê nesta imagem, em pleno bairro de Marolles, estava o viandante longe de saber que cada vez que chega a Bruxelas há um íman que o atrai para as velharias da Place du Jeu de Balle, percorre de alma lavada esses bairros de pujante arquitetura entre a Arte Nova e a Arte Deco, é o que está a fazer exatamente neste momento, na hora da despedida.



Uma das atrações de sempre, e que leva o viandante a ficar especado diante destas fachadas, são os pormenores, o entrosamento entre o azulejo, o ferro e o vidro, as proporções, o equilíbrio dos volumes. E volta-se à litania de que estas fachadas, não sendo propriamente chocantes, contrastam e devia haver uma entidade que fizesse uma paleta de sugestões em conformidade com os estilos desta bela arquitetura. Um dia há de acontecer.



Já que se falou em contraste, vindo do bairro de Ixelles, daquelas artérias onde se misturam as comunidades oriundas do Congo e de outros povos de África Central com classes médias, não resistiu o viandante a tirar esta imagem de um estabelecimento de frutas e legumes, é outra forma de harmonia, trata-se de um escaparate que leva o passante a deter-se perante tanta ordem, tanta cor convidativa. E dali se passou para um outro mundo, a muito chique Avenida Louise, estas formas são pouco frequentes na cidade, mas são seguramente impressionantes, e por estas lojas vende-se ourivesaria, alta costura, pelaria e sapatos ao sabor de milhões e milhões (euros, entenda-se).




Não é a primeira vez que aqui se cantam hossanas a estes parques forjados entre o século XIX e o início do século XX. Certamente que a arquitetura era outra mas estamos em território bilionário, por aqui se espalham escritórios, estamos nos bairros Leopold e Europeu. Oiçamos o que se escreve no livro sobre os percursos de Bruxelas, aqui amplamente citado: “Na Primavera, Verão, Outono, Inverno, percorremos o Parque Leopold embalados pelas variações íntimas dos seus contornos. As árvores altas enxameiam as suas silhuetas pelas encostas de plantas rasas, ligeiramente escarpadas deste território restrito, no interior do qual se repartem diferentes edifícios”. E, mais adiante: “Quando percorremos Bruxelas a pé, acabamos por nos habituar: poucas indicações fora do Centro e, ainda menos, nas cercanias do Bairro Europeu… Siga pelos passeios desta artéria perfeitamente ordenada numa série de blocos de escritórios impecavelmente vestidos de cinzento-escuro. Olhe as montras como se abordasse uma cidade nova… O Bairro Leopoldo perdeu 50% da sua superfície dedicada à habitação entre 1960 e 1981, e mais de 60% do seu comércio a retalho, cafés, restaurantes, para as atividades administrativas e instituições europeias”. Restam os parques para falar desse tempo glorioso do poderoso senhor do Congo, o rei dos Belgas.



Parques formosos, jardins elegantes, uma espantosa serenidade no meio deste bulício das instituições europeias e dos escritórios de advogados e altas representações de interesses. Os que dizem que Bruxelas é uma cidade monótona deviam munir-se do mapa dos parques e jardins, teriam surpresas. A família real vive nos arredores de Bruxelas em Laeken, um subúrbio que não se limita ao castelo da família real e às suas estufas, de renome universal. Os jardins são primorosos, e há curiosidades orientais, trazidas por Leopoldo II, da Exposição Universal de Paris de 1900. Duvido que exista outra cidade europeia com tantos parques e jardins, tanto relvado e arvoredo, isto para já não falar na majestosa cintura da floresta de Soignes.




É o derradeiro passeio, aos jardins que circundam o Museu Real da África Central. O viandante foi lá a primeira vez vai para 30 anos, encantou-se com o acervo, está ali a maior coleção do mundo de objetos e arte africana fora de África. Digamos sem mais delongas: “A maior parte das obras foram pilhadas durante a colonização do Congo por Leopoldo II no século XIX, uma questão incómoda. Este museu é pretexto para um passeio de meio-dia, começando pela própria viagem, pelos trilhos bordejados de árvores do velho elétrico 44, do metro Montgoméry até à vila flamenga de Tervuren, a 14 quilómetros de Bruxelas”. As imagens falam por si, não podia ter o viandante melhor programa naquele dia frio mas devidamente iluminado, agora só resta ir comer uma sopa e uma massa com salmão a Watermael-Boisfort, e seguir dali diretamente para Zaventem, Lisboa já está no horizonte.


Até à próxima, André, foi muito bom conhecer-te vai para 40 anos, tenho para contigo uma dívida impagável do que e ensinaste na profissão, despeço-me calorosamente até ao próximo encontro, estava longe de suspeitar, nesses anos em que Portugal batia à porta da CEE que os grandes espaços também criam grandes amizades. E assim será até ao último dia das nossas vidas.
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Notas do editor

Poste anterior de 17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18428: Os nossos seres, saberes e lazeres (257): Em Bruxelas, para comemorar 40 anos de uma amizade (7) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18449: Os nossos seres, saberes e lazeres (258): Uma viagem a Veneza (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Guiné 61/74 - P18454: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulos 35 e 36: "Capturaram um turra, trouxeram-no aqui para o quartel. O tipo tem mesmo cara de bandido, se eu pudesse dava-lhe uma rajada de G3 que ele nunca mais nos voltava a atacar.”


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CCAÇ / BART 6520/72 (1972/74) >  O pessoal a preparar-se para mais uma "saída para o mato"...

Foto: © Jorge Pinto  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


José Claudino da Silva, o pai da ideiado "Bosque
dos Avós".. Gere a respetiva página no Facebook.
A inauguração do bosque é hoje às 10h00,
na serra do Marão. Apoio da
União de Freguesias de Aboadela,
Várzes e Sanche, conceçlho de Amarante

1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita, "Em Nome da Pátria") do nosso camarada José Claudino Silva [foto atual à direita] (*)

(i) nasceu em Penafiel, em 1950, de pai incógnito" (como se dizia na época e infelizmente se continua a dizer, nos dias de hoje);

(ii) foi criado pela avó materna;

(iii) reside na Lixa, Felgueiras;

(iv) é vizinho do nosso grã-tabanqueiro, o padre Mário da Lixa, ex-capelão em Mansoa (1967/68), com quem, de resto, tem colaborado em iniciativas culturais, no Barracão da Cultura;

(v) tem orgulho na sua profissão: bate-chapas, agora reformado;

(vi) completou o 12.º ano de escolaridade;

(vii) foi um "homem que se fez a si próprio", sendo já autor de dois livros, publicados (um de poesia e outro de ficção);

(viii) tem página no Facebook; é avô e está a animar o projeto "Bosque dos Avós", na Serra do Marão, em Amarante;

(ix) é membro n.º 756 da nossa Tabanca Grande.

Hoje, 24 de março, ele e um grupo de avós e netos vão começar a replantar, às 10h00,  a bela serra do Marão, criando assim o "Bosque dos Avós".

Sinopse:

(i) foi à inspeção em 27 de junho de 1970, e começou a fazer a recruta, no dia 3 de janeiro de 1972, no CICA 1 [Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas], no Porto, junto ao palácio de Cristal;

(ii) escreveu a sua primeira carta em 4 de janeiro de 1972, na recruta, no Porto; foi guia ocasional, para os camaradas que vinham de fora e queriam conhecer a cidade, da Via Norte à Rua Escura.

(iii) passou pelo Regimento de Cavalaria 6, depois da recruta; promovido a 1.º cabo condutor autorrodas, será colocado em Penafiel, e daqui é mobilizado para a Guiné, fazendo parte da 3.ª CART / BART 6250 (Fulacunda, 1972/74);

(iv) chegada à Bissalanca, em 26/6/1972, a bordo de um Boeing dos TAM - Transportes Aéreos Militares; faz a IAO no quartel do Cumeré;

(v) no dia 2 de julho de 1972, domingo, tem licença para ir visitar Bissau,

(vi) fica mais uns tempos em Bissau para um tirar um curso de especialista em Berliet;

(vii) um mês depois, parte para Bolama onde se junta aos seus camaradas companhia; partida em duas LDM parea Fulacunda; são "praxados" pelos 'velhinhos', os 'Capicuas", da CART 2772;

(viii) faz a primeira coluna auto até à foz do Rio Fulacunda, onde de 15 em 15 dias a companhia era abastecida por LDM ou LDP; escreve e lê as cartas e os aerogramas de muitos dos seus camaradas analfabetos;

(ix) é "promovido" pelo 1.º sargento a cabo dos reabastecimentos, o que lhe dá alguns pequenos privilégio como o de aprender a datilografar... e a "ter jipe";

(x) a 'herança' dos 'velhinhos' da CART 2772, "Os Capicuas", que deixam Fulacunda; o Dino partilha um quarto de 3 x 2 m, com mais 3 camaradas, "Os Mórmones de Fulacunda";

(xi) Dino, o "cabo de reabastecimentos", o "dono da loja", tem que aprender a lidar com as "diferenças de estatuto", resultantes da hierarquia militar: todos eram clientes da "loja", e todos eram iguais, mas uns mais iguais do que outros, por causa das "divisas"... e dos "galões"...

(xii) faz contas à vida e ao "patacão", de modo a poder casar-se logo que passe à peluda;

(xiii) ao fim de três meses, está a escrever 30/40 cartas e aerogram as por mês; inicialmente eram 80/100; e descobre o sentido (e a importância) da camaradagem em tempo de guerra.

(xiv) como "responsável" pelo reabastecimento não quer que falte a cerveja ao pessoal: em outubro de 1972, o consumo (quinzenal) era já de 6 mil garrafas; ouve dizer, pela primeira vez, na rádio clandestina, que éramos todos colonialistas e que o governo português era fascista; sente-se chocado;

(xv) fica revoltado por o seu camarada responsável pela cantina, e como ele 1º cabo condutor auto, ter apanhado 10 dias de detenção por uma questão de "lana caprina": é o primeiro castigo no mato...; por outro lado, apanha o paludismo, perde 7 quilos, tem 41 graus de febre, conhece a solidariedade dos camaradas e está grato à competência e desvelo do pessoal de saúde da companhia.

(xvi) em 8/11/1972 festejava-se o Ramadão em Fulacunda e no resto do mundo muçulmano; entretanto, a companhia apanha a primeira arma ao IN, uma PPSH, a famosa "costureirinha" (, o seu matraquear fazia lembrar uma máquina de costura);

(xvii) começa a colaborar no jornal da unidade, e é incentivado a prosseguir os seus estudos; surgem as primeiras sobre o amor da sua Mely [Maria Amélia], com quem faz, no entanto, s pazes antes do Natal; confidencia-nos, através das cartas à Mely as pequenas besteiras que ele e os seus amigos (como o Zé Leal de Vila das Aves) vão fazendo...

(xviii) chega ao fim o ano de 1972; mas antes disso houve a festa do Natal (vd. capº 34º, já publicado noutro poste (**):


2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capºs 35 e 36


[O autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. Esses excertos vêm a negrito. O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. ]


35º Capítulo  > A PASSAGEM DE ANO 72/73


Na passagem de ano de 72 para 73 estivemos de prevenção. Foi grave o que eu e mais quatro fizemos. Leiam:

“À meia-noite em ponto eu juntamente com três amigos e um furriel que é um tipo porreiro, viemos desenfiados ao meu quarto e bebemos champanhe, comemos bolos e bolachas. No posto onde estávamos a fazer serviço, ficaram apenas seis colegas, quando deviam estar dez e um furriel. Foi uma coisa rápida, à meia hora já estava outra vez de G3 na mão a olhar para o arame”

Reconheço que cometi muitos erros em toda a minha vida militar; este talvez fosse o pior e devo mencioná-lo pela leviandade, na maneira de proceder. Felizmente, nessa noite, nada aconteceu, mas tenho de admitir que estar de prevenção numa zona de guerra pressupõe que algo de grave possa acontecer o que se viria a verificar em posteriores ocasiões e eu abandonei o meu posto.
Aproveitei o momento para, às zero horas em ponto, escrever para a minha namorada e para as de mais cinco dos meus camaradas.

“1972
0 HORAS.
Nesta Guiné Portuguesa o ano que agora se inicia será vivido a pensar em ti. Amo-te
1973”


É exacta a mensagem como é exacto tudo quanto acentuo a negrito por muito ridículo que possa parecer.

A prevenção terminou às duas da madrugada. Mais tarde descobrimos que foi uma “diversão” do capitão para mostrar quem manda e nada como o demonstrar na primeira noite do ano.

Sendo longa, esta carta onde conto o que atrás descrevi, aproveito para lhes dizer mais duas ou três coisas, nela mencionadas.

Era impreterivelmente no dia 1 de cada mês que tinha de apresentar as contas dos artigos que estavam sob o meu controle, o que me ocupou parte do 1º dia do ano. Há, contudo, um acontecimento que registei e quero partilhar.

“Às 11H30 veio uma avioneta militar buscar um negro que se magoou não trouxe nada mas levou o ferido e correio”

Não sei que logística foi necessária para que esse transporte fosse efectuado. O que sei é que o nosso médico não se importou com a cor do ferido para accionar um meio aéreo de transporte em condições de guerra. Isso ainda hoje é motivo de regozijo para mim. Talvez, por ter vivido em criança com ciganos, nunca lidei muito bem com atitudes xenófobas.

“Fui receber a oferta do Movimento Nacional Feminino. Deram-me oito livros da colecção R.T.P. logo que acabe de os ler vou enviar-tos; embora me pareça que tu não gostas de literatura clássica. Servirão sempre para passares o tempo. Manda-me dizer se queres que os envie ou não.

Meu bem, após ter recebido os livros tocou para o jantar. Aqui jantamos às cinco horas e sabes uma coisa? Estou em Fulacunda há cinco meses e foi a primeira vez que comemos carne de vaca. A notícia tem pouco interesse mas é para saberes a miséria que às vezes aqui anda. Pois bem hoje comi batatas estufadas com carne de vaca. Até soube demais”. 


Mais adiante na mesma carta:

“Desde o dia 26 de Junho até 31 de Dezembro tenho 130 cartas e aerogramas teus, deves ter mais ou menos a mesma coisa. Olha meu amor estava muito bem na caminha a escrever-te mas o capitão mudou de ideias e pronto, lá vamos nós outra vez estar de prevenção. Parece que os “turras” estão a lançar Very Lights.

Que vida tão complicada a nossa, tenho de me levantar, por isso meu bem quando eu vier às duas horas dar-te-ei as últimas notícias por agora tenho de vestir o camuflado e preparar a minha G3. É assim a vida, aqui somos um simples número, por isso estamos sujeitos a tudo. Até mais logo querida.

São três horas da manhã talvez logo venha uma avioneta, e traga correio teu. Recebe o beijo mais apaixonado que eu possa dar-te.”

Foram noites e noites como estas que milhares de nós tiveram de passar. Fazem ideia do tormento que foi? Explicaria melhor se vos falasse dos very-lights: sempre que um verde era lançado, na meia hora seguinte ninguém se mexia e, quando já estávamos novamente despreocupados, lá vinha outro doutra cor. Por vezes passavam-se noites inteiras nisto até algum dos meus colegas enervado dar uma rajada com a G3.


36º Capítulo > UM ANO NA TROPA


No dia 3 de Janeiro de 1973 completei um ano de serviço militar. O aerograma desse dia tem 90 linhas, em cada linha cerca de sete palavras. Escrevi, então, mais ou menos 630 palavras. A Maioria dessas palavras é de amor, paixão, dor e saudade. Tentei sempre brincar com a guerra e até nos momentos mais críticos os meus comentários foram suaves e com um certo patriotismo. Neste dia, porém, está patente uma tremenda revolta, que espero não se venha a acentuar, quando continuar esta leitura a que me propus 45 anos depois.

Começo por me referir o meu amigo Zé Leal. Estava, neste dia 3, convocado por castigo, para participar numa perigosíssima operação no mato e que felizmente não aconteceu. Quero dizer-lhes: os militares adstritos à formação tinham muito pouca experiencia em combate como era o caso, por exemplo, dos condutores. E o Zé era um o que, em minha opinião, em caso de combate, até era um perigo para os outros soldados especialistas.

Escrevi:

“Para que tu vejas como é perigoso o sitio onde os meus camaradas hoje foram fazer uma operação de combate, basta que te diga que para os apoiar vieram, uma avioneta equipada com metralhadoras e bombas e um helicóptero com canhão. Andam por cima deles para os proteger, mesmo assim foram atacados mas não houve nenhum ferido. Capturaram um turra, trouxeram-no aqui para o quartel. O tipo tem mesmo cara de bandido, se eu pudesse dava-lhe uma rajada de G3 que ele nunca mais nos voltava a atacar.”

No mesmo aerograma:

“Talvez não fosse má ideia pegar na minha arma, e obrigar o piloto da avioneta a levar-me até ti. Fazia como aqueles que desviam os aviões para Cuba. O pior eram as consequências.”

Honestamente, não sei a que consequências me referia. Pior que os castigos que tínhamos eram difíceis de imaginar.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 19 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18433: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulos 32 e 33: E as besteiras que a gente fazia ?!

(**) Vd. poste de 24 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18133: O meu Natal no mato (44): Naquele Natal de 1972, aprendi que os homens não são iguais, apenas porque uma toalha e um guardanapo os separam... (José Claudino da Silva, ex-1º cabo cond auto, 3ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

Guiné 61/74 - P18453: Parabéns a você (1407): Braima Djaura, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 19 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18445: Parabéns a você (1406): José Lino Oliveira, ex-Fur Mil Amanuense do BCAÇ 4612/74 (Guiné, 1974)

sexta-feira, 23 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18452: Convívios (846): Esteve magnífica a Tabanca da Linha: na 5ª feira, dia 22, no restaurante "Caravela de Ouro", em Algés, com a presença de 63 convivas, entre amigos/as e camaradas, uns periquitos, outros maçaricos e, a maior parte, vê-cê-cês... (Fotos de Manuel Resende) - Parte I


Foto nº 1 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > O Jorge Araújo, a última aquisição para a equipa editorial do  blogue...Também novato nas andanças da Magnífica  Tabanca da Linha... Mora em Almada, na "outra banda", mas trabalha em Portimão... Por sorte, conseguimos apanhá-lo desta vez...


Foto nº 2 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36.º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > O  Jorge Araújo e o nosso editor Luís Graça, que apareceu com um "trunfa", não  conforme com o atavio e o aprumo militares...


Foto nº 3 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > Um casalinho ques se estreou nas lides da  Tabanca da Linha: vieram da Lourinhã de propósito... Ela  é a Dina, ele o Jaime (Bonifácio Marques da Silva), nosso grã-tabanqueiro, um dos poucos que não andou no CTIG... Foi alf mil paraquedista, do BCP 21 (Angola, 1970/72).  Tem sido um camarada incansável na preservação e divulgação da memória dos antigos combatentes da guerra do ultramar, independentemente do teatro de operações  onde atuaram... Vive na Lourinhã, depois de quase quatro décadas a viver e a trabalhar em Fafe, onde também foi autarca.


Foto nº 4 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  A  mesa do pessoal da Tabanca de Porto Dinheiro (, faltou o régulo, Eduardo Jorge Ferreira): da esquerda para a direita, a esposa do Joaquim de Carvalho,  Maria do Céu; a Dina e  o Jaime (Seixal, Lourinhã)


Foto nº 5 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  A  mesa do pessoal da Tabanca de Porto Dinheiro: da esquerda para a direita, o Joaquim de Carvalho e a esposa, Maria do Céu (que são do Cadaval, embora também tenham casa em Carnaxide, Oeiras); o Luís Graça e a Alice (Lourinhã e Alfragide /Amadora, conforme os dias da semana). A Maria do Céu, sempre faladora e bem disposta, deve estar a falar de Goa donde acaba de chegar, depois de umas férias deliciosas.


Foto nº 6 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  O "bedandense"  Joaquim Pinto de Carvalho e o Carlos Silvério (Ribamar, Lourinhã).


Foto nº 7 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >   O Carlos Silvério (Ribamar, Louruinhã)  e o Juvenal Amado (que é de Alcobaça, mas mora agora na Reboleira, Amadora). Andamos atrás do Silvério, há anos (!), para ele dar os dados necessários para entrar na Tabanca Grande sem ser pela "porta do cavalo"... Veio de propósito da Lourinhã para estar connosco. 



Foto nº 8 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  O Francisco Silva e a esposa Elisabeth (, que moram em Porto Salvo, Oeiras). É sempre uma prazer vê-los e revê-los.


Foto nº 9 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  Os gondomarenses Carlos Silva e Germana, duas presenças habituais nestes encontros. Através do Carlos, soube que o outro Carlos, o Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga, está em Bissau, em mais uma missão humanitária. Boa saúde e bom trabalho, para ele!


Foto nº 10 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  Um casal que raramente falha estes convívios da Magnífica: o Luís R. Moreira e a Irene. O nosso editor, Luís Graça, estava de piquete, em Bambadinca, quando a viatura, Unimog 411, um "burrinho", em que ia o alf mil sapador (!) Luís R. Moreira caiu numa mina A/C... Uma mina que mudou a sua vida...E duas depois era a vez do "piquete" (uma viatura GMC, com duas secções, em que ia o nosso editor e o António Fernando Marques), cair numa segunda mina, que os picadores não detetaram... Um trágico dia 13 de janeiro que ainda hoje nos persegue!



Foto nº 11 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  Quem diria ? Juntos, o tio (o comandante da TAP,  reformado, João Sacôto) e o sobrinho (João Martins)... Estiveram os dois na Guiné, como alferes milicianos e sítios e épocas diferentes. O tio. o ex-Alf Mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619, esteve sempre na Região de Tombali: Catió, Ilha do Como e Cachil, em 1964/66. O sobrinho João Martins foi alf mil art, BAC1, tendo passado por Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, em 1967/69, com as suas peças de artilharia 11.4 e obuses 14.



Foto nº 12 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > O António Fernando Marques e a esposa Gina (que faz anos no dia 1 de abril, não se esqueçam).


Foto nº 13 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > O Jorge Pinto e o António Fernando Marques, dois bons amigos e camaradas.


Foto nº 14 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36.º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  Giselda e Miguel Pessoa.


Foto nº 15 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > O Zé Carioca fez questão de mandar esta foto ao seu antigo comandante de companhia, o Abílio Delgado, que mora na Ericeira, Mafra... O Carioca aqui com o Miguel Pessoa e o Luís Graça....  Conhecemo-nos na Guiné, em março de 2008, por ocasião do  Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).  Ainda não foi desta que o Abílio Delgado veio "partir mantenhas" ao pessoal.


Foto nº 16 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > Da esquerda para a direita: Jorge Rosales (a contas com uns problemas de visão, e a quem desejamos rápidas melhoras), o José Botelho Colaça, o Armando Pires e o "periquito" Jorge Araújo... E a propósto de periquitos, alguém contou (um dos nossos "velhinhos"...) que na Guiné havia 3 espécies de militares, em função da antiguidade: (i) periquitos (até 6 meses); (ii) maçaricos (de 6 a 12 meses); e (iii) VCC (velhinhos como o c...).


Foto nº 17 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  O Zé Rodrigues, de Belas (Sintra), pensativo.


Foto nº 19 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  O nosso fotógrafo e o organizador destes convívios... É o adjunto do régulo Jorge Rosales. Merece as nossas palmas, pela sua dedicação, generosidade e "low profile".


Foto nº 20 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 > Aspeto parcial da sala (1)


Foto nº 21 > Oeiras >Algés > Restaurante "Caravela de Ouro" > 36º Convívio da Tabanca da Linha > 22 de março de 2018 >  Aspeto parcial da sala (2).

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Fotos acabadas de enviar pelo Manuel Resende:

"Amigos e camaradas, mais um convívio se realizou hoje em Algés, no restaurante Caravela de Ouro, com a presença de 63 Magníficos. Salienta-se a presença de caras novas, como tem vindo a acontecer ultimamente. Desta vez foram o José Mendonça, o Jorge Araújo, o João Rebelo e o Jaime Bonifácio com a esposa Dina."

Abraço.

Manuel Resende
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


17 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18429: Convívios (843): 36º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, 5ª feira, dia 22... Há já 42 inscrições, o prazo termina 3ª feira, 20, de manhã... Recorda-se a ementa: cabrito (, certificado...não, não é o "cabrito-pé-rocha" dos tascos do Pilão!)

Guiné 61/74 - P18451: Notas de leitura (1051): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (27) (Mário Beja Santos)

Uma das plantas para o futuro edifício do BNU Bissau, concebida pelo arquiteto Fernando Schiappa de Campos em Março de 1973 mas que não chegou a ser construído.


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Novembro de 2017:

Queridos amigos,
Estamos no auge da guerra, convém não esquecer, é compreensível que os relatos insistam nos entraves económicos postos pelos ingleses às colónias francesas, pontualmente território inimigo dos britânicos.
O gerente de Bissau não perde oportunidade para expender os seus pontos de vista sobre as potencialidades agrícolas da colónia, deplora a falta de arroz e as importações de milho, tudo produto da desorganização de uma terra tão rica.
Está a chegar muito ouro à Guiné graças aos negócios com estes territórios da África Ocidental francesa de resto a vida da praça não sai da rotina, veja-se a informação sobre o comércio local: "Abriram dois pequenos estabelecimentos de quinquilharias sem valor que mereça especial referência. Um do empregado da Casa Gouveia e outro de Carlos Machado, comerciante de pouco valor que se transferiu de Bolama para aqui".
É por esta altura que se dá uma importante migração de Balantas para a região de Catió, vão para a cultura do arroz. Foram e ficaram, laboriosos, estes Balantas contribuíram para mudar o rosto do Sul da colónia.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (27)

Beja Santos

São merecedores da melhor atenção todos estes relatórios elaborados em plena Segunda Guerra Mundial, todos juntos dão-nos um quadro da vida económica social e financeira da colónia. Logo o relatório da agência de Bissau de 1942, no seu primeiro semestre, começa por dizer que a situação da praça é pouco mais ou menos a que já se registava no fim do último semestre de 1941. Há especulação:  
“O comércio nacional tem mostrado uma actividade interessante, animado, talvez, pelos preços exorbitantes que está conseguindo mercê de uma acção fiscalizadora de fraca intensidade, por parte do competente organismo regulador de preços. Daqui resulta o registo de um aumento de custo de vida pouco compatível com os vencimentos do funcionalismo e da classe comercial”.
Aborda o comércio sírio:
“Pela natureza especial dos seus componentes e até pela sua localização por essa colónia toda, são os comerciantes sírios quem está em condições de melhor trabalhar às claras ou em regime de contrabando com as vizinhas colónias francesas”.
Estas vendas de mercadorias feitas pelos comerciantes portugueses e sírios saldam-se em bom dinheiro, o relatório refere quase 9 mil contos em entradas de euro. E deixa uma observação: “Atingiria este comércio proporções dignas de registo não fora o entrave feroz que lhe opõe o consulado inglês. O comerciante português ou sírio que viva apenas da compra dentro da colónia e não importe directamente, não era até há pouco grandemente afectado pelas acções dos ingleses. Porém, a rede de espionagem destes é grande em toda a colónia e vai apanhando todos os que vendem para o chão francês e apanhados ficam pouco menos que liquidados pois que é imposta ao comerciante grande fornecedor daquele, que não lhe forneça mais e este, seja português ou sírio, tem que se subordinar prontamente. Não se subordinando, nem obtém licenças de importação nem de exportação e vê os seus negócios locais paralisarem também, visto que os outros comerciantes querem fugir à mesma direcção do consulado britânico contra si. E se algum dos renitentes precisa de embarcar para fora da colónia, mesmo que seja português e mesmo que tenha todas as licenças do nosso governo para embarque, este é terminantemente proibido pelo consulado britânico”.

O relatório aponta agora, e uma vez mais, para os problemas da agricultura, o gerente não escusa as suas considerações pessoais:
“Como sempre, a colónia vive da sua agricultura. Mas vive da colheita do que o indígena semeia e não da cultura que resulta de trabalho de europeus, nem da orientação que estes dêem àquele. Assim, o indígena vai suprindo com o viático que lhe fornece a experiência e a rotina aquilo que o europeu não lhe fornece em ciência, e este vai-se limitando à função única de comprador do que aquele lhe vende. Cultura organizada é coisa que não existe na colónia. Em nosso modesto entender, esta falta pode resultar, talvez e pelo menos pelos seguintes factores:
- Nada há estudado sobre climas e sobre terra para melhor se ver o que mais convém aos produtos e aos sistemas de produção e mesmo quando a defesa das culturas contra os seus principais inimigos. Se há, não conhecemos, nem vemos que se pratica;
- Não há mão-de-obra fácil, na educação do preto, por meio de uma sábia política indígena, para este a fornecer no sentido de uma maior valorização económica da colónia que automaticamente lhe traria a ele próprio um enriquecimento de que poderia resultar até, como consequência imediata, a elevação do seu nível de vida;
- Não aparece capital a fomentar qualquer empreendimento que surja, já pelas duas razões atrás indicadas, já pelos insucessos de experiências anteriores em que o arrojo sobrelevou as outras características desses insucessos.

Remediando-se este males, e não vemos que seja impossível dar-lhe remédio, tanto mais que, o maior deles, em nosso modesto entender, é o disciplinar o indígena quanto a sistema de trabalho orientado por europeus, e o indígena é o factor supremo, poderia Guiné vir a ser uma das mais ricas colónias de Portugal.
Fala-se em civilizar o indígena e está bem. Mas civilizá-lo fora do seu conceito de civilização sem lhe dar a necessária riqueza e esta só ele a poder tirar do seu trabalho, não será apenas uma ideia vaga, imprecisa de que não resultarão finalidades práticas?
Não carecemos exemplos de ninguém. Não nos precisa interessar o sistema inglês de passagem da função colonizadora à função administrativa dos povos que submeteu.
Menos nos pode interessar o sistema alemão que faz arrancar em poucos anos 5 mil toneladas de cacau aos Camarões ou 20 mil toneladas de fibras ao Este Africano (é provável que o relator estivesse a pensar no império alemão da África Oriental constituído pelo Tanganica, Ruanda e Burundi, que se extinguiu com o Tratado de Versalhes).

Temos os nossos próprios métodos que servem de sobejo para o caso em questão e temos aqui ao lado uma colónia onde se morre de fome de vez em quando e cujo excesso populacional talvez visse até com agrado a sua transferência para aqui, onde a terra lhe daria tudo e onde eles criariam riqueza que não existem agora (…) 
Temos tido sempre em mira o fito de criar riquezas melhorando a condição de tantos milhares de homens que nos estão sujeitos, livrando-os daquela inferioridade económica que fatalmente arrasta a inferioridade moral.
Com esta autoridade, que é preciso reforçar na Guiné, trabalhando mais e melhor, temos fé em merecer o respeito alheio, no apuro final a que vai dar lugar o fim da guerra quando chegar”.

E postas estas cogitações sobre o modelo de colonização que se deve instituir na Guiné, o relator passa aos aspetos práticos:
“A cultura do arroz, intensificada, é certo de alguns anos a esta parte, mostrou-se este ano insuficiente e Bissau tem assistido ao espectáculo degradante de ver massas de indígenas, até de baixo de chuvas torrenciais, dias e dias à espera de comprarem um quilo de arroz, base essencial da sua alimentação. E, a maior parte, não o obtém.
Registou-se fome. Teve de se recorrer a Angola para mandar milho que cobrisse um pouco esta miséria.
Dois factos positivamente anormais e filhos de uma desorganização de coisas que se repetirá todos os anos se não se lhe acudir.
A falta de arroz atribui-se à falta de chuvas. Mas atribui-se sem elementos sérios.
Diz-se que foi falta de chuvas e tudo fica bem.
Mas, porque não se diz que não se semeou mais para mais se colher?
Mas, porque não se diz que há terrenos e terrenos bons para a cultura do arroz e não são encaminhadas para eles as populações indígenas que os podem cultivar?
Vir milho de Angola para a Guiné!!!

Outra irrisão. A Guiné pode dar todo o milho que se queira. Quando se reconheceu que viria a haver fome por falta de arroz, era altura boa de se fazer semear milho.
Porque assim não se fez?
Porque não se cultiva a mandioca em larga escala se ela fornece uma excelente alimentação ao indígena e pode ser, devidamente seca, um produto importante de exportação?
Tudo interrogações sem fácil resposta e que deixam de estar em equação no dia em que, na colónia, apareçam homens cujo valor real, zelo, senso e boa vontade ofereçam as suas aptidões para a realização que urge fazer da valorização económica da colónia.
Existem serviços agrícolas, dir-se-á.
Existem mas é preciso reorganiza-los para lhes dar eficiência precisa para valorizarem a colónia”.

Retirado do livro “Bijagós: Património Arquitetónico”, por Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia

Esta imagem situada na ilha de Canhabaque, foi retirada do livro “Bijagós: Património Arquitetónico”, por Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia

No relatório completo de 1942 retomam-se matérias do primeiro semestre e adiantam-se novas informações.
Não se esquecem os entraves postos pelas autoridades consulares inglesas e dá-se um esclarecimento:
“Todos os que trabalham com o Senegal estão na lista negra inglesa porque os agentes consulares britânicos enquanto não entraram as tropas americanas no continente africano tinham a convicção – não sabemos se com fundamento ou sem ele – de que alguma parte dos nossos tecidos ia beneficiar as tropas germano-italianas. Mas se não era assim, iam com certeza beneficiar as colónias francesas, ao tempo em regime de franca hostilidade aos ingleses e esta agravada depois do ataque a Dakar.
Apesar de tudo isto, o negócio não parou.
Directa ou indirectamente, o ex-guarda-livros da Sociedade Comercial Ultramarina, Henrique de Oliveira, a quem a inclusão na lista negra não produziu abalo nenhum, passou a ser como que o agente directo dos negócios para o território francês, ganhando, ao que se diz, uns 3 a 4 mil contos, em comissões, transportes, etc.

Presentemente, o governo francês deve ao comércio local cerca de 18 mil contos e procura fazer o pagamento em francos, por nosso intermédio, o que não temos aceitado por ser inconveniente aos nossos interesses, aos interesses dos comerciantes e aos da própria colónia”.

Relata que está a entrar muito ouro em barra, argolas e mesmo em pó. “Particularmente, sabemos que algum desse ouro em pó já foi vendido em Lisboa a cerca de 30 escudos por grama de ouro bruto. Se o ouro que temos comprado por peso de ouro fino, a preço até mais baixo que a cotação que a sede nos dá, pudesse ver vendido àquele preço e por peso bruto, importantíssimo seria o lucro que esta filial teria obtido a favor dos interesses gerais do banco”.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 16 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18423: Notas de leitura (1049): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (26) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 19 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18434: Notas de leitura (1050): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18450: O nosso blogue em números (52): 90 mil visualizações de página / visitas nos últimos 30 dias, 3 mil por dia...



Às 21h50 de ontem, o Blogger, o nosso servidor, dava-nos esta informação (estatística) sobre o movimento do blogue, nos últimos 30 dias  (de 21/2/2018 a 22/3/2018:

(i) tivemos um total de 90158 visualizações / visitas (o que dá uma média diária de 3 mil);

(ii) os valores diários variaram, nesse período,  entre 2222 (mínimo), em 3 de março, e 5379 (máximo),  em 21 de março de 2018;

(iii) 72,5% das visualizações vieram de 5 países: Portugal (28,3%), Reino Unido (16,5%), França (15,2) e EUA (12,5%);

(iv) atingimos ontem os 8,5 milhões de visualizações de página, de acordo com o contador do Blogger (que está ativo desde julho de 2010);

(v) a este valor temos que  acrescentar o "saldo histórico" de 1,8 milhões de visualizações, registadas outro contador (entre abril de 2004,  início do blogue,  e julho de 2010);

(vi) o total de visualizações de página é, pois, de 10,3 milhões, desde o início do blogue;

(vii) com um total de 269 postes publicados, desde o início do ano de 2018 até hoje, a média diária é de 3,3 postes;

(viii) desde o início deste ano, foram feitos cerca de 1150 comentários, o que dá uma média 4,4 comentários por poste... Total (histórico) de comentários: 71 843;

(ix) temos 609 seguidores do nosso blogue;

(x) o número total de membros registados na Tabanca Grande, aqui no blogue, é de 766 (dos quais 61 já faleceram).

Estes números só dizem respeito ao blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, não incluem a página do Facebook, Tabanca Grande Luís Graça (os "amigos facebook...eiros" são 2740).

Recorde-se que temos um "livro de estilo", um conjunto de regras que não se aplicam ao Facebook. Ser "amigo do Facebook" não significa ser membro, automaticamente, da Tabanca Grande.