segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19207: Notas de leitura (1122): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Setembro de 2016:

Queridos amigos,
Parece-me de grande interesse detalhar as teses que este investigador norte-americano avança quanto à capacidade das etnias fixadas na Guiné-Bissau de manterem um elevado grau de autonomia em todas as fases do pré-colonial, colonial e pós-colonial. É nesse contexto que o autor encontra as chaves explicativas para a fragilidade do Estado, mormente no período colonial e pós-colonial. Ele debruça-se sobre os equívocos que a proposta de unidade e luta, da autoria de Amílcar Cabral, comportam. Amílcar Cabral antevia que todo o processo da luta estava a adensar uma nova base cultural que se plasmaria numa entidade nacional e que o PAIGC iria modelar o Estado. Pelo caminho, os dirigentes do PAIGC pretendiam passar à margem sobre um dado indesmentível: a hostilidade dos nativos guineenses aos representantes da administração colonial, os cabo-verdianos. Tudo correra bem na dimensão da luta, mas nos prolegómenos da unidade os rancores do passado vieram ao de cima.

Um abraço do
Mário

Guiné-Bissau:
O Estado é frágil, as sociedades rurais são a alma da nação (2)

Beja Santos

Referiu-se no número anterior que o título da obra “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest, Ohio University Press, 2003, parece desconcertante e no entanto trata-se de uma arguta e audaciosa investigação de que, incompreensivelmente, não se vê qualquer alusão nos autores de referência. Tratando-se, em minha modestíssima opinião, de um dos mais importantes trabalhos de tese sobre a Guiné-Bissau, só vejo utilidade em repartir a densa e brilhante argumentação deste investigador norte-americano em vários textos.

A tese fundamental de Joshua B. Forrest é de que o território onde hoje situa a República da Guiné-Bissau sempre faz parte de Estados fracos, é uma situação que remonta ao período pré-colonial, tendo daí resultado um modo de desenvolvimento das sociedades rurais que descobrem as suas redes comerciais, estabelecem redes de alianças entre etnias e mesmo em períodos de grande intimidação, em termos coloniais e pós-coloniais, mantêm a sua identidade e autonomia. Esta tese é forçosamente controversa. Basta pensar nas propostas de Amílcar Cabral no tocante à nação guineense e à unidade Guiné-Cabo Verde. O líder do PAIGC declarou e escreveu que a cultura desenvolvida pela luta armada estava a dar uma fisionomia ao novo Estado, as etnias iriam todas confluir numa nação que se pautaria por uma democracia revolucionária. O Congresso de Cassacá, em Fevereiro de 1964, teria marcado a condenação das práticas mágicas negro-africanas e a punição severa de chefes da guerrilha torcionários e crentes nessas práticas mágicas. O PAIGC era apresentado como uma unidade entre cabo-verdianos, luso-africanos e africanos. Sabe-se que o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 liquidou esse sonho. Ficou o verso do hino nacional, escrito por Amílcar Cabral “nação forjada na luta” para significar a importância maior de que a nação deve preceder o nascimento do Estado, este teria de ser moldado pelo partido em convergência com o mundo rural guineense.

Logo no prefácio Joshua Forrest sublinha a natureza do colonialismo português na Guiné: durante séculos, os portugueses selecionavam bases de comércio, de preferência na orla marítima, estabeleciam relações com os chefes locais para acordar os negócios da escravatura, pagavam taxas por tal fixação, tinham que cumular os chefes com presentes; o fim do tráfico negreiro implicou outro tipo de intervenção, a exploração agrícola, mas mantiveram-se os múltiplos conflitos com os chefes locais; a pacificação proporcionada pelas campanhas de Teixeira Pinto abriram espaço para acordos de acordo com a lógica “dividir para reinar”; a Guiné não conheceu industrialização, os negócios, a partir da II Guerra Mundial, significavam arroz, amendoim, madeiras exóticas, curtumes e pouco mais. Criou-se uma administração colonial que recorria ao trabalho forçado e procurava cobrar impostos. Mas as infraestruturas só se realizavam com dinheiro metropolitano. Território incómodo pelo clima adverso, como a presença de população branca mínima, em que o essencial da administração era ocupado por cabo-verdianos, a potência colonial publicitava na metrópole o fascinante do mosaico étnico, os guineenses atraíam o público que frequentava as exposições coloniais e mesmo a Exposição do Mundo Português. A potência colonial tinha uma presença precária e fugia aos conflitos com as sociedades rurais, Bissau era o centro nervoso dos negócios, dos símbolos da civilização, das instituições de educação e saúde e mesmo da cultura.

Na primeira parte do seu trabalho, o autor elenca as sociedades pré-coloniais, designadamente os Balantas, Papéis, Manjacos, Felupes e Bijagós. Quando os portugueses arribaram à Costa da Guiné o império do Gabu decompunha-se e os Mandingas, então etnia profundamente guerreira, chegada ao território no século XIII, tinha um papel primordial. O autor destaca um território povoado por animistas (Felupe, Beafada, Brame-Papel, Balanta, Cobiana, Banhum, Baiote, Nalu, Mancanha e Bijagó). Os Mandingas terão ocupado parte do Gabu e estabeleceram uma federação de Estados satélites. Datam desta fase relações entre etnias e a prática de trocas comerciais entre as etnias de interior com as da costa. Tem o maior interesse a análise que o autor faz à evolução de todas estas etnias entrelaçando-as inclusivamente com a economia do Gabu.

De seguida, Forrest dá-nos um panorama das relações luso-africanas entre o século XV e o século XIX. Destaca a natureza contratual em que os mercadores e a administração colonial ficavam dos chefes locais. O quadro de exceção era dado pelos lançados, que contestavam os negócios da coroa e se lançavam por contra própria em negócios com os africanos. É-nos dado um quadro do funcionamento da Guiné das praças e presídios e da crescente importância do crioulo, a língua veicular, salientado o papel dos grumetes, a aceitação e rejeição dos missionários. O papel precário da administração e do poder político colonial é-nos dado por Ziguinchor e Bolama. Perto de 1730, as populações do rio Casamansa pretenderam repudiar na só os comerciantes portugueses como todos os outros, foi necessário uma conjugação de forças que levaram a uma maior influência dos franceses. Os ingleses pretenderam Bolama, fizeram negócios com os chefes locais, maltrataram os representantes portugueses, a situação atenuou-se porque Honório Pereira Barreto interveio e reestabeleceu uma nova aliança com as chefias locais, e mais tarde a questão de Bolama foi dirimida pelo presidente Ulisses Grant, dos EUA, que deu razão aos argumentos portugueses. Mas Forrest escalpeliza a situação das outras praças e deixa claro que havia uma resistência ativa à volta das praças e dos presídios.

O período de 1840 a 1910 é ditado pela chegada de um novo poder local, os Fulas, que vão ocupar uma área vastíssima do antigo Kaabú, desfeitearam os Mandingas, submetendo-os, e obrigaram as sociedades rurais a novas migrações, por exemplo os Beafadas ocuparam Tombali e Quínara, o que implicou que outras etnias se aproximassem e fixassem no mar ou junto do mar. No final do século XIX, a potência colonial estabelecerá acordos com os Fulas, estes tinham feito alianças com os Beafadas e os Mandingas, o que contribuiu a prazo para o desenvolvimento do islamismo do território guineense. Esta a primeira parte do trabalho de Joshua Forrest onde se relevam as identidades étnico-políticas e a sua origem, a fragilidade das relações luso-guineenses até ao final do século XIX e o modo como os reinos africanos reagiram quando foram confrontados com a crescente presença colonial portuguesa. Para Forrest, este é o principal ingrediente que leva a que a Guiné-Bissau possua um cimento nacional assente nas sociedades rurais a despeito de um poder central ausente. O próprio PAIGC que montara uma estrutura orgânica para se fazer representar no interior do território como um partido-Estado, primou pela sua ausência, cedo se desmotivou e de um modo geral o mundo rural recebeu-o com indiferença, mesmo com o papel aterrorizante da segurança do Estado.

No próximo texto, abordam-se a resistência das etnias à progressiva presença portuguesa depois da conferência de Berlim, o que aconteceu na campanha de pacificação de Teixeira Pinto e o equívoco que se instituiu na administração colonial de que controlava o território, isto quando era patente que as sociedades rurais mantiveram a sua organização à margem da presença portuguesa.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 12 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19187: Notas de leitura (1120): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 16 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19200: Notas de leitura (1121): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19206: Parabéns a você (1528): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 18 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19204: Parabéns a você (1527): António Mateus, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

domingo, 18 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19205: Blogpoesia (595): "Fardas e batinas...", "Romagem a Lisboa" e "Olho daqui Lisboa...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Fardas e batinas...

Fardas e batinas,
Vestes chiques,
Fraques de cerimónia,
Lunetas e óculos escuros,
Lantejoulas,
descem vaidosos as calçadas de Lisboa,
Chiado e Madragoa.
Espiolham as vitrines,
Mercam cravos e flores,
Tragam bicas e fumegam cigarros e cachimbos, pelos cafés,
Bons vivants,
Uns snobs.
E, na esquina,
empertigado,
Um homenzarrão,
Corda ao ombro,
É só chamá-lo,
Um bruta-montes,
Carrega às costas
O que for preciso,
Por uma migalha.
Pelas valetas dos passeios,
Escorre a chuva, leva tudo adiante,
Até ao Tejo.
E, na Praça nobre, dos ministérios,
Um Arco triunfa aos tempos,
Canta glórias e desditas,
Feitos idos.
Umas escadas leves, em mármore eterno,
Desce ao rio e lava os pés,
Olhando além.
Incansáveis, os eléctricos amarelados,
Trilham as linhas de aço,
Brilhando ao sol.
Fervilham de gente que não quer ficar.
É asim Lisboa, enquanto Deus quiser...

Ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 14 de Novembro de 2018
7h15m
Jlmg

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Romagem a Lisboa

Afastaram-me de Lisboa as forças cegas do destino.
Vagueio perdido neste mundo.
Minhas raízes estão bem vivas.
Meus pés sangram de saudade.
Só de longe a longe lá regresso.
Nem chego a aquecer-me nos seus lençóis.
Tomo as malas e me ausento angustiado.
Foi assim traçado meu destino.
Desvarios de quem comanda nosso barco,
Atirando para o infortúnio da emigração,
Negando-lhe o direito de permanecer no seu torrão natal.
Só os desterrados sabem quanto dói
E a só temos uma vida para viver...

Ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 17 de Novembro de 2018
8h7m
JLMG

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Olho daqui Lisboa...

Aqui de longe, olho para Lisboa e sinto saudades.
Daquele amanhecer suave ao sol nascente glorioso vindo do além.
Daquele manto extenso de casario em ondas largas de colinas.
Aquele formigar de gente pacata pelas ruas e avenidas descendentes e sinuosas,
de autocarro ou eléctrico, a caminho do trabalho.
Daquele espelho azul do magno rio, em constante correria que, prazenteiro, nos leva ao mar.
A incessante procissão de barcos-cacilheiros abraçando as duas margens.
As duas pontes longas levando e trazendo, num instante, gente nova.
Os braços divinos de Cristo-Rei a abençoar Lisboa e Almada.
Aquelas noitadas longas no mistério cativante das guitarradas.

Ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 16 de Novembro de 2018
8h5m
JLMG
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19184: Blogpoesia (594): "Vasos de barro", "As notas da guitarra" e "Com granizo e trovoadas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P19204: Parabéns a você (1527): António Mateus, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19198: Parabéns a você (1526): José António Viegas, ex-Fur Mil Art do Pel Caç Nat 54 (Guiné, 1966/68) e Ten-Coronel Art Ref José Francisco Robalo Borrego, ex-Fur Art do 9.º Pel Art (Guiné, 1970/72)

sábado, 17 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19203: Efemérides (296): No 1º centenário da Grande Guerra: fomos revisitar o Diário de Lisboa, de 5 de abril de 1924: a mediatização do herói. o Soldado Milhões













Diário de Lisboa, 5 de abril de 1924, p. 1












Diário de Lisboa, 5 de abril de 1924, p. 5

Excertos editados pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Fonte: Fundação Mário Soares > Casa Comum >  Pasta: 05741.005.01198 > Título: Diário de Lisboa > Número: 918 > Ano: 3 > Data: Sábado, 5 de Abril de 1924 > Directores: Director: Joaquim Manso > Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos


Citação:
(1924), "Diário de Lisboa", nº 918, Ano 3, Sábado, 5 de Abril de 1924, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_31651 (2018-11-16)


1. Já esquecido, depois do regresso à terra, em Trás-os-Mintes,  a história de heroísmo do soldado Milhões, condecorado com a Torre e Espada, coisa rara para um soldado raso, por ter salvo dezenas e dezenas de camaradas na batalha de La Lyz, é resgatada pelo jornal "Diário de Lisboa", em 1924. 

A partir daí, com a sua mediatização, transforma-se num símbolo nacional, usado e abusado pela propaganda tanto da I República, como do Estado Novo. Achámos que valia a pena reproduzir este nº histórico do "Diário de Lisboa"  (pp. 1 e 5), até como exemplo do estilo jornalístico que se praticava há mais de 90 anos. É uma delicía o diálogo entre o jornalista e o soldado Milhões... (LG)

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Guiné 61/74 - P19202: Os nossos seres, saberes e lazeres (293): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (12): O esplêndido Museu Arqueológico Saint-Raymond, em Toulouse (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Setembro de 2018:

Queridos amigos,
Agora, estou na fase terminal desta viagem inesquecível, resolvi descer às catacumbas, antes de tomar o avião de regresso, aqui se fala da visita ao Museu Arqueológico, uma instituição vibrante, como pude testemunhar.
A série fica definitivamente arrumada com as últimas imagens de Toulouse e um retorno a Toulouse-Lautrec, era doloroso não partilhar convosco a beleza que nos legou este génio albigense.

Um abraço do
Mário


Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (12): 
O esplêndido Museu Arqueológico Saint-Raymond, em Toulouse

Beja Santos

Não há hoje museu que não procure incentivar a diversidade de públicos mediante propostas de eventos, concertos, conferências, atos culturais extraordinários. Antes do viandante entrar propriamente na exposição do faustoso acervo, onde prima a Roma das Gálias, procurou inteirar-se do que se oferecia naquele preciso instante. Logo chamou a atenção a proposta de distinguir o objeto genuíno da cópia, réplica ou imitação, o museu expunha mensalmente um objeto falso no meio de obras da coleção permanente, convidando o visitante a despistar o verdadeiro do falso. Chamou igualmente a atenção as jornadas nacionais de arqueologia, as visitas guiadas, a noite europeia dos museus, o acervo de conferências. Inclusivamente a inter-relação entre o museu e os sítios arqueológicos de Toulouse.






Aqui só se confronta o mundo antigo, o que se expõe é sobretudo a época galo-romana, já não cabe nestas coleções a arte visigótica, atingida pelo período medieval. Tolosa teve circo, e há monumentos posteriores que têm nos seus fundamentos os tempos da presença romana. O Museu Arqueológico Saint-Raymond incita o visitante a procurar a Igreja Saint-Pierre-des-Cuisines, ali bem perto, onde há uma necrópole romana. Nesta igreja eram sepultadas crianças nas ânforas e os adultos em urnas de tijolo cobertas por telhas ou madeira, aqui se implantou o cemitério da primeira basílica funerária.






Qualquer uma destas imagens fala por mil palavras, quem se interessa pelo estudo da escultura romana, tem aqui exemplares de primeiríssima água, não se ignora que os romanos, em termos da escultura, procuraram evoluir face aos gregos, mas faltou-lhes a delicadeza, aquele golpe de asa que separa, por exemplo, aquilo que aqui vemos da escultura da Vitória de Samotrácia, hoje no Louvre, ou a Vénus de Milo. Mas não deixa de emocionar a vitalidade das formas e perceber-se com meridiana clareza que se caminha para uma nova etapa, a Idade Média, na sua dimensão singela, um tanto tosca.



São impressionantes estas imagens, o viandante olha para o relógio, ainda tem que atravessar um parque e ir buscar a bagagem para partir para o aeroporto. Na noite anterior, andou a espiolhar as imagens que tirou, já eliminou o que tinha a eliminar, para sua surpresa guardou um número elevado de imagens das obras de Toulouse-Lautrec, seria uma dor de alma não as partilhar com quem nos acompanha neste andarilho. É o que acontecerá na narrativa do derradeiro episódio desta viagem que teve o seu epicentro na cidade de Toulouse, viagem inesquecível.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19182: Os nossos seres, saberes e lazeres (292): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (11): A grandiosidade dos Augustins, um convento gótico, um soberbo museu (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19201: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LI: Sentado à sombra do grande poilão...


Foto nº  1 > Arredores de Nova Lamego >  Janeiro/fevereiro de 1968. Um gigantesco poilão. Eu mais outros camaradas.


Foto nº 2  > Nova Lamego >  Janeiro/fevereiro de 196 > .Um grupo de camaradas, em dia de descanso, domingo, à civil, já em cima do poilão. 


Foto nº 7 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Um poilão ou outra grande árvore, com o camarada Furriel Rocha, o Algarvio.


Fpoto nº 6 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Dormindo a sesta, num ramo de uma grande árvore, protegendo-me do sol ameaçador.  


Foto nº 10 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Junto com pessoal administrativo e intendência. Da esquerda para a direita: Alferes Carneiro, eu (alferes Teixeira), o Furriel Riquito, o Furriel Paiva Matos (Vagomestre), o Cabo Seixas.  


Foto nº 8 > Nova Lamego > Novembro de 1967 > Dois meses depois de ter chegado... Eu e outros camaradas, numa mata próxima, numa tentativa de caça com lanças, como fazia a população local. Não se apanhou nada.  


Foto nº 4 > Nova Lamego > Na sombra de um arvoredo, protegendo-me do sol, em hora de sesta, na companhia do camarada Alferes (aqui ainda aspirante) Mesquita,  das Transmissões.


Foto nº 5 > Nova Lamego > Outubro de 1967 > Protegendo-me do sol, sozinho, num arvoredo dos arredores, em hora de sesta. Tínhamos chegado há pouco.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Virgílio Teixeira, natural do Porto,
a viver em Vila do Conde
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 


NOS TEMPOS EM QUE AINDA NÃO SABIA QUE PASSADOS MAIS DE 50 ANOS, IRIA SENTAR-ME (VIRTUALMENTE) À SOMBRA DO GRANDE POILÃO DA NOSSA TABANCA GRANDE…


T066 – À SOMBRA DO GRANDE POILÃO 



I - Anotações e Introdução ao tema:


Esta peça faz parte de um conjunto de mais de 200 fotografias – todas a preto e branco – dos tempos em que passei no leste da Guiné – Sector L3, Gabu - Nova Lamego.

Cheguei a esta zona em 23 de Setembro de 1967, e saí juntamente com o meu batalhão, no dia 26 de Fevereiro de 1968. Fomos render o BCAV 1915, e fomos substituídos pelo BCAÇ 2835.

Tentei passar todas estas fotos para um ou dois Postes, mas eram tantas as fotos, que nunca foi editado, e ainda bem que não.

Organizei esta fase da minha estadia, isto é, as fotos, em 10 Temas mais pequenos, que estão já numerados e legendados desde o T060 a T069.

Escolhi este para dar a conhecer o que era a cidade de Nova Lamego, conhecida também como Gabu, ou Gabu-Sara, nome do dialeto Fula.

Vão ter temas sobre os arredores de NL, os passatempos, as várias colunas para diversos outros aquartelamentos, na maior zona do Leste da Guiné, o que existia para conviver, os muitos petiscos e aniversários com festas, o Natal e Ano Novo de 1967, e tantas outras variadas coisas, como esta, por exemplo que escolhi para este arranque, sob a designação que arranjei oportuna, face à primeira foto, de “À Sombra do Grande Poilão”.

Depois são outras fotos e as legendas de cada uma, alguns comentários, para quem estiver interessado, pois há vários camaradas que me pedem para mandar fotos de Nova Lamego, sitio que, par quem lá esteve, nunca vai esquecer. É preciso ter em conta, para não cair no ridículo, que são as primeiras fotos de militares periquitos, acabados de chegar a um mundo que lhes era totalmente estranho, e com o tempo a ‘endurance’ foi aparecendo.

Espero que sejam apreciadas e que lembrem a alguns as suas memórias de 50 anos. No total não irei colocar mais de 150 fotos, pois não há espaço no Blogue para mais.



II – Legendagem das fotos:



F01 – Um grande poilão e vários militares, entre eles o autor, parecendo quase formigas, face ao tamanho desta grande árvore, simbolicamente chamada de Poilão. Foto captada em Nova Lamego – arredores, entre Janeiro e Fevereiro de 1968.

F02 – Um grupo de camaradas, em dia de descanso, Domingo, à civil, já em cima do poilão. Foto captada em Nova Lamego – arredores, entre Janeiro e Fevereiro de 1968.

F03 – Sentado na sombra do arvoredo, possivelmente na hora da sesta quando a temperatura está muito alta. Ao meu lado o Furriel Rocha. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de lá chegar.

F04 – Na sombra de um arvoredo, protegendo-me do sol, em hora de sesta, na companhia do camarada Alferes (aqui ainda aspirante) Mesquita das Transmissões.

F05 – Protegendo-me do sol, sozinho, num arvoredo dos arredores, em hora de sesta. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de lá chegar.

F06 – Dormindo a sesta, num ramo de uma grande árvore, protegendo-me do sol ameaçador. Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F07 – Subindo a um poilão ou outra grande árvore, com o camarada Furriel Rocha, o Algarvio.
Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F08 – Junto de um grupo de soldados e camaradas, numa mata próxima, numa tentativa de caça com lanças, como fazia a população local. Não se apanhou nada. Foto captada em Nova Lamego, em Novembro de 67, dois meses depois de ter chegado àquelas paragens. 

F09 – [Não enviada.] Estou subindo uma árvore, mas só vejo a minha mão, eram as primeiras fotos que estavam a ser feitas, sem experiência, quer minha, quer do outro camarada que a tirou. Foto captada em Nova Lamego, no dia 28 de Janeiro de 1968, na véspera do meu aniversário de 25 anos. 

F10 - Junto com pessoal administrativo e intendência. Da esquerda para a direita: Alferes Carneiro, Eu (alferes Teixeira), o Furriel Riquito, o Furriel Paiva Matos (Vagomestre), o Cabo Seixas.  Foto captada em Nova Lamego, em Outubro de 67, poucos dias depois de ter chegado àquelas paragens. 

F11 – [ Não enviada.] Foto no meio de um bananal, já com uma nova carecada, e provavelmente das últimas fotos obtidas em Nova Lamego. Foto captada em Nova Lamego, em finais de Fevereiro de 1968, poucos dias antes de deixar aquelas paragens. 

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-11-12

Virgílio Teixeira

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Guiné 61/74 - P19200: Notas de leitura (1121): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Março de 2018:

Queridos amigos,
São bem pessimistas as informações sobre a vida económica e financeira da Guiné no início da década de 1960. O gerente de Bissau envia os dois panfletos enviados aos funcionários e oficiais do Exército, a autoria teria pertencido ao Movimento de Libertação da Guiné, o seu principal ativista era Rafael Barbosa, nacionalista convicto que estabelecerá um acordo com Amílcar Cabral para a fusão de partidos, existe historiografia que ajuda a compreender este contexto, leia-se, por exemplo, António Duarte Silva ou Leopoldo Amado.
Aproveito a circunstância para lembrar que até esta data não há sinais, pelo menos documentais, do PAI que se transfigurará em PAIGC. Talvez não haja estranheza nenhuma, ao contrário do que diz a mitologia o PAIGC arranca efetivamente em 1959 e torna-se público em 1960, a presença de Amílcar Cabral em Conacri e de Rafael Barbosa na agitação interna até março de 1962, é decisiva.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60)

Beja Santos

A partir de 1960, o gerente de Bissau não mais deixará de dar notícias sobre “acontecimentos anormais”, forma adocicada de indiciar que já se vive em agitação e há iniludíveis sinais ou pré-avisos da luta armada. Mas a vida continua. Dentro desta documentação avulsa encontra-se uma carta da Procuradoria das Missões Franciscanas endereçada à Administração do BNU solicitando um crédito para a construção de biblioteca e fornecimento de livraria, como se verá, o Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Tardini é favorável a que se contraia tal empréstimo. De outro lado, e com data de agosto e setembro de 1961, a Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné solicita ao BNU a concessão de créditos aos pequenos “comerciantes do mato”.
Atenda-se aos argumentos da carta expedida pelo gerente de Bissau:
“O interesse destas operações, no actual momento, reside essencialmente na utilidade de fixarmos elementos brancos no interior por forma a não darmos ao indígena a ideia do ‘abandono’, não lhe criando dificuldades ou perturbações nas suas tradicionais relações de troca.
Acrescente-se que as chamadas casas grandes, ao que parece, não têm facilitado a estes comerciantes os adiantamentos que era uso conceder-lhes e, também ao que parece, estão seguindo uma política de retracção que, a ter as cores que certas fontes me têm descrito, suscitaria amargos comentários…
Mas porque se trata de pequenos comerciantes, isolados no interior, com uma estrutura económica extremamente frágil não se vê como seria possível ao Banco conceder-lhes crédito, tanto quanto ao aspecto técnico das operações como no que se refere à sua garantia.
Analogamente ao processo que, na Metrópole, temos usado com os Grémios da Lavoura, poderá aceitar-se aqui um crédito indirecto, por intermédio do organismo que legalmente representa esta actividade. Assim e se a Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné tiver personalidade jurídica e capacidade para se obrigar, fica a Dependência autorizada a abrir a favor da mesma associação uma conta-corrente, com garantia de livrança, até ao montante de 3 mil contos”.

A Inspeção do Ultramar pronunciou-se dias depois:
“Deve escrever-se à Dependência no sentido de a instruir para que no eventual arranjo a fazer com a Associação Comercial estude uma fórmula que permita ligar mais directamente os comerciantes do interior à acção do Banco. Isto é, pretende-se que os benefícios a conceder o sejam claramente pelo Banco, embora através da Associação Comercial”.

Dirigindo-se em setembro ao Governo do BNU, o gerente da Filial de Bissau acrescenta novos dados:
“O Sr. Governador da Província, conhecedor do assunto por intermédio do nosso Exm.º Administrador confessou-nos estar bastante interessado na operação, que considera, sob o ponto de vista económico, contributo valioso para a prosperidade dos pequenos comerciantes e agricultores. Voltaremos à presença de V. Exas. logo que a Associação Comercial conclua a elaboração do sistema de funcionamento de crédito a dispensar aos pequenos comerciantes e agricultores”.

Regressemos aos “acontecimentos anormais”.
Tem inequívoco interesse o que Bissau envia para Lisboa logo em 21 de fevereiro de 1960:
“Há cerca de 10 dias todos os Directores de Serviço e Oficiais de Exército receberam, pelo correio, lançados na central desta cidade, dois miseráveis panfletos de ataque à nossa soberania na Guiné. Todos os funcionários os foram entregar a Sua Ex.ª o Governador, o mesmo fazendo os oficiais ao seu comandante. Mas conseguimos que nos emprestassem um exemplar para tirar as cópias que enviamos. Nos meios responsáveis suspeita-se que os nojentos papéis tenham vindo da Metrópole, pois o seu aparecimento nos CTT coincidiu com o dia da chegada do avião. Atribui-se a sua redacção a um advogado, pela disposição do texto.
Entretanto, a estação emissora de Conacri desencadeou um covarde ataque a algumas personalidades desta terra, ataque que tem lugar nas emissões de domingo, pelas 18 horas. Com a montagem de um posto de interferência no mesmo comprimento de onda, conseguiu-se, ao que consta, anular a recepção.
Não falta na Guiné quem aplauda, com fins nitidamente antipatrióticos, a política do Governo local. Também existe quem discorde dela. Paralelamente, a situação económica não dá indícios de melhoria. A produção de mancarra e arroz estima-se inferior à do ano passado e as três grandes firmas aqui estabelecidas desencadearam uma forte alta nos preços de aquisição ao indígena, indo ao mato competir com os pequenos comerciantes, o que causou descontentamento neste sector. O arroz é insuficiente para alimentação da população. Está em curso uma importação de 3 mil toneladas para cumprir o défice da campanha.
A situação cambial agrava-se, mais por deficiência do sistema. Urge que se adoptem regras rígidas de disciplina nas importações e promover a entrada na Província das coberturas derivantes das taxas de concessão do petróleo.
Este conjunto de acontecimentos e circunstâncias traz a população, especialmente a população europeia, alarmada e inquieta”.

Vejamos agora o teor dos panfletos distribuídos na circunstância:



A 8 de março, o gerente de Bissau volta a informar o governo do BNU sobre essas ocorrências:
“Informamos V. Exas. que já foi preso pela PIDE um dos comparticipantes da miserável manobra do chamado Movimento de Libertação da Guiné.
A máquina de escrever onde foram dactilografados os papéis pertencem à Alfândega de Bissau e o dactilógrafo foi um mestiço, aspirante daquela repartição.
E fora de dúvida que o autor não foi ele, mas alguém de maior envergadura intelectual.
É possível que o malandrim já tenha confessado o nome de quem o incumbiu da tarefa, mas, ou por conveniência da polícia ou por outras razões, o certo é que não se sabe ter sido preso alguma das pessoas julgadas capazes de redigir o triste documento”.

(Continua)


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Imagem esclarecedora do papel que desempenhava a Sociedade Comercial Ultramarina, a grande rival da Casa Gouveia (CUF), que, a partir dos anos 1950 passara a pertencer maioritariamente ao BNU.
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Notas do editor

Poste anterior de 9 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19178: Notas de leitura (1119): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (59) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 12 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19187: Notas de leitura (1120): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19199: Notas de leitura (1121): "Tatuagens da guerra da Guiné", de Capitão Luís Riquito [, cmdt, CCAÇ 818, Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/66) ("Elo", jornal da ADFA, novembro de 2018)


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Recorte que nos acaba de ser enviado pelo nosso camarada A. Marques Lopes , lisboeta que vive em Matosinhos [, cor DFA, na reforma, ex-alf mil,  CART 1690,  Geba, e  CCAÇ 3, Barro (1967/68)], e  que reproduzimos, para divulgação, com a devida vénia ao jornal ELO, órgão de informação, de periodicidade mensal, da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas.


Nota do portal Wook sobre o autor, Luís F. G. Riquito:

 (i) nasceu em Parada de Gonta, no concelho de Tondela;

(ii) fez o curso liceal em Braga, Évora, Coimbra e Viseu; (iii)

(iii) ingressou em 1957 na Escola do Exército, onde se formou no Curso de Infantaria;

(iv) mobilizado para o Ultramar, cumpriu comissões em Timor, Guiné e Moçambique, onde montou e comandou a segurança da construção da barragem de Cabora Bassa;

(v) em 1975, foi considerado Deficiente das Forças Armadas (DFA), por abate do helicóptero onde seguia quando apoiava as populações a realojar pelo enchimento da albufeira da barragem de CB;

(vi) é condecorado com a Ordem Militar de Avis – Grau de Cavaleiro, com a Medalha de Prata de Valor Militar com Palma, com três Medalhas de Prata de Serviços Distintos com Palma e a Medalha de Mutilados e de Inválidos de Guerra;

(vii) licenciou-se no ISCTE em OGE (Organização e Gestão de Empresas);

(viii) em 1980, assessorou o Serviço Nacional de Protecção Civil no apoio a Angra do Heroísmo, atingida pelo sismo;

(ix) continuou nos fogos florestais de 1981 e na seca de 1982- -1983;

(x) dirigiu o CCDPC (Centro de Coordenação Distrital de Protecção Civil) de Viseu, intervindo na seca, nos fogos florestais e nos acidentes rodoviários;

(xi) regressou em 1992 ao Serviço Nacional como Vice-Presidente com o pelouro dos estudos dos Riscos Naturais que promoveu;

(xii) de 1985 a 1992, foi Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal de Tondela, onde organizou e implementou a actividade autárquica; definiu o plano de desenvolvimento para o Concelho, assente em projectos de candidatura a apoios do Governo e da CEE, que elaborou; empenhou as Juntas de Freguesia na resolução dos problemas locais, para quem transferiu meios económicos, técnicos e humanos
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19187: Notas de leitura (1120): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (1) (Mário Beja Santos)