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sábado, 28 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5361: Bibliografia (32): Homenagem ao Manuel Maia, autor de História de Portugal em Sextilhas (António Matos)

Retrato a carvão do Manuel Maia, feito pelo nosso amigo e camarada António Matos, a partir de foto tipo passe publicada no nosso blogue (*).


1. Mensagem do António Matos:

Caro Magalhães, aqui vai através de ti, um abraço ao Manuel Maia.


Manuel Maia, ainda que ao correr do carvão, permite-me que te felicite uma vez mais pela tua obra .


Quando a receber, será este o marcador !


Um abraço com votos que este pequeno post possa aparecer à luz do dia na demonstração plena da minha liberdade de expressão.


Desagrade a quem desagradar !
António Matos
  ___________
 
Nota de L.G.:
 
(*) Vd. poste de 27 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5353: Notas de leitura (38): Prefácio ao livro do Manuel Maia, História de Portugal em Sextilhas, a ser lançado na Tabanca de Matosinhos, em 9/12/09 (Luís Graça)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5301: Controvérsias (55): Era só o que faltava. (António Matos)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:


ERA SÓ O QUE FALTAVA

Camaradas,

As nossas idades (a minha, pelo menos), não sendo propriamente provectas, aconselhariam a dar por terminada uma qualquer polémica cujo prolongamento alimentará uma fogueira de fumo sem fogo o que, se por um lado seria saudável, não deixaria, por outro lado, de se comportar como um cordão detonante - ia ardendo em lume brando até à explosão final.

Isto se no fim estivesse um petardo, claro.

Na medida em que me fartei q.b. de colocar petardos quando na Guiné por imposição superior, "reformei-me" dessa actividade quando me libertei do jugo militar e hoje tento apenas localizar potenciais "engenhos literários" que possam ter sido deixados cair inadvertidamente do aparo da caneta e, esmiuçando-os, neutralizá-los.

Tudo isto para dizer que mando este texto aos editores na dupla perspectiva de comentário ou poste, deixando a decisão ao corpo editorial do blogue.

Olá Mexia Alves, é sempre um prazer "falar" contigo mesmo que te rebuce perante o poste 5292.

Era só o que faltava, meu caro Mexia Alves!

Era só o que faltava que seja qual for a afirmação que um qualquer de nós, ex combatente, onde quer que o tenha sido, incrimine, psicologicamente que seja, os restantes camaradas ou até, pasme-se!, a própria instituição militar.

Isso não faz sentido algum!

Não confundamos as afirmações em apreciação do António Lobo Antunes com as do AB onde, objectivamente, classifica os militares (eu, tu, todos, à excepção dos mencionados pára-quedistas e fuzas, suponho) de cobardes, cagarolas, etc.

Querer comparar os dois tipos de afirmações será por demais intolerante, descabido e ignorante!

Considerarmo-nos atingidos na nossa honra e dignidade pelos dislates (?!) de outrem, abonará pouco a favor das nossas consciências.

Também eu assumi a minha quota-parte naquele conflito.

Por esse motivo não posso vir hoje chafurdar nas merdas que se fizeram naquele tempo.

Em termos históricos posso e devo fazer o relato do que vivi (e não do que os outros dizem ter vivido) e partilhar as experiências mútuas.

Todos temos o direito à indignação mas sejamos pragmáticos no que toca ao cerne da questão.

Hoje está na moda dizer-se que também temos o direito à ponderação e essa, salvo raras e honrosas excepções, não têm primado no abordar desta discussão.

Caro Mexia Alves, receio que este texto te possa criar algum descontentamento mas crê que não é essa a intenção. Era só o que faltava!

Como dizia o general Spínola nas suas alocuções à chegada das tropas à Guiné (eu estava lá no Cumeré quando ele no-lo disse): "eu não estou zangado! estou só a defender com muita convicção as minhas ideias".

Só me sinto responsável pelas minhas atitudes e por muito que me revolte a realidade das minas, não posso vir hoje fazer acusações descabidas às circunstâncias que me levaram a instalar milhares delas ( a expressão "milhares" não é uma figura de estilo ...) !!!

Tenho que assumir que o fiz e disso não fujo!

Para o bem e para o mal!

António Lobo Antunes (ainda ele...) divaga (vamos admiti-lo) sobre um procedimento utilizado na sua unidade.

Caberá aos seus "bélicos-contemporâneos" virem a terreiro esmiuçar o que tiverem e quiserem esmiuçar.

Eu não fui tido nem achado "nessa guerra" pelo que não quero nem posso sentir-me insultado!

Dever-me-ei sentir um assassino pelas tropelias que foram feitas por todos os militares que de facto as fizeram?

Será necessário escarrapachar os nomes sonantes do nosso exército no rol das barbaridades perpetradas pelas NT nesta guerra?

E vou-me sentir enxovalhado porque um dia também fui militar?
Essa não, caro Mexia Alves!

Era só o que faltava!

Como corolário a esta novela, deixemos às entidades / instituições competentes a incumbência de dirimirem o problema em sedes próprias, sejam elas do foro jurídico (se de crime se tratar) ou do foro literário (se os arbítrios linguísticos estiverem feridos de morte).

Em prol da continuação das boas polémicas que este espaço tem proporcionado (está perfeitamente coerente com o âmbito do blogue) aqui deixo o meu abraço.

António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5204: Controvérsias (41): Os guineenses têm uma esperança de vida de 47 anos! (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:



Os guineenses têm uma esperança de vida de 47 anos!

Camaradas,

Aqui fica uma reflexão minha:

Não sei se hoje é noite de luar mas as imagens ontem transmitidas no programa "Dar a vida sem morrer " da Catarina Furtado, suscitaram-me a sensibilidade e levaram-me a ouvir Moonlight Sonata de Beethoven que recomendo vivamente (ver link abaixo).


Infelizmente, aquela é a realidade guineense e, julgo, todos nos deveremos ter sentido espezinhados nos nossos íntimos, amarfanhados nos nossos corações, sem que, contudo, esses tão cristãos sentimentos resolvam, por si sós seja o que for.

Aquelas caras daquelas mulheres-meninas;

Aquelas caras daqueles meninos(as) num inqualificável abandono aos mais elementares direitos à saúde;

Aquele médico "louco" que vai batalhando num campo de batalha onde o inimigo é incomensuravelmente mais poderoso;

A ternura que a repórter-embaixadora ia lançando em pequenos carinhos às crianças e às mães sofredoras;

Todo aquele cenário enfim, é demasiado indigno do séc. XXI, e a proximidade que mantivemos em tempos com aquela terra torna-nos mais ávidos de justiça e clamorosos por dignidade humana tão ausente na Guiné.

Em tempos de guerra assiste-se, por vezes, a verdadeiros actos de grandiosidade moral. Porém, são momentos raros pois aquela realidade sobrepõe, as mais das vezes, a preservação da integridade física do beligerante às necessidades primárias das vítimas inocentes.

Fica-me esta reflexão no intuito de provocar outras e outras e outras...

Abraços,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790

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Nota do editor

Vd. último poste desta série em: 30 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5184: Controvérsias (33): Carta Aberta ao Senhor Ministro da Defesa Nacional (José Martins)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5183: Notas de leitura (31): Notícias da Pátria e dos que a invocam, em vão ou não (António Matos)

1. Texto do nosso camarada, de cepa transmontana, apreciado e regular colaborador do nosso blogue, ex-IBM, António Matos, ou António Garcia de Matos, ex-Alf Mil, CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, onde foi especialista em minas e armadilhas (no TO da Guiné, deve ter visto e manuseados muito mais engenhos explosivos em dias de pesadelo do que carneiros em noites de insónia: 16 mil, contou-as ele, que nem sequer consta do Guiness, no livro dos recordes) (*)... Nota de apontamentos e de leitura a propósito do lançamento do livro de Brandão Ferreira, Em Nome da Pátria (Lisboa, Livros d' Hoje, 2009, 557 pp., c.16 €)(**):


Ainda que esta sempre apaixonante questão de guerra ganha-guerra perdida já tenha sido alvo das opiniões de todos que a quiseram manifestar, a verdade é que, mais ou menos esporadicamente, ela volta à ribalta e presenteia-nos com as habituais cobardias de quem comenta escondido atrás do biombo do anonimato em plena demonstração da falta de hombridade, de verticalidade de respeito por si próprio.

Seja-me permitido também acicatar os ânimos dos que discordam do meu ponto de vista mas direi que há dois momentos absolutamente diferentes nesta discussão que urge chamar a atenção para não estarmos a falar, simultaneamente, de alhos e de bugalhos.
Por um lado, pergunta-se se a guerra estava ou não perdida, ora isso pressupõe uma altura antes da dita guerra acabar. Por outro lado afirma-se que perdemos a guerra e isso dá a guerra já como terminada.

Se quanto ao primeiro ponto sou de opinião que a guerra não estava perdida, já no segundo reconheço que Portugal é que cedeu e aí, a haver a necessária contabilidade, admito que a perdemos.

Continuo, entretanto, a defender que a nós, combatentes, actores vivos dos acontecimentos, não nos cabe fazer a história. Essa será concerteza tema de profissionais ainda que os nossos depoimentos lhes facilitem a tarefa.

Ontem, quarta feira, assisti ao lançamento do livro Em Nome da Pátria (**), escrito por um militar não interveniente naquela guerra (**) mas que nem por isso deixo de lhe reconhecer o direito à opinião com a qual sou livre de concordar ou discordar.

O livro, prefaciado pelo Prof. Doutor Adriano Moreira que abrilhantou a sessão com a frescura do seu pensamento e a clarividência do seu raciocínio, é composto por 551 páginas de texto compacto, estruturalmente bem concebido ainda que o conteúdo possa estar eivado de anti-corpos passíveis de alta contestação.

O ambiente na sala pareceu-me bastante heterogéneo e o modo desabrido e frontal do autor deu azo a vários cruzamentos e descruzamentos de pernas e aos "comprometedores" sons abafados dos rabos a virarem-se nas cadeiras...

Algumas palmas que entrecortaram a sua intervenção pareceram-me demasiado fundamentalistas a darem o ar de contas mal ajustadas com o passado.

Seguiu-se um Porto aquando da sessão de autógrafos durante a qual tive oportunidade de me dar a conhecer ao coronel Coutinho Lima e a quem lhe fiz a pergunta : "Como tem convivido com a sua decisão de então ?", à qual me respondeu "Muito bem, pesem embora as opiniões de oposição, algumas das quais muito violentas".

Mais uma vez tive ocasião de lhe manifestar a minha maneira de ver de que não podemos querer ser senão os relatores da nossa estória para que outros escrevam a História.

[Revisão / fixação de texto / itálicos / título: L.G.]

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 1 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3390 Tabanca Grande (95): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790, Bula (1970/72)

(**) 28 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5173: Agenda Cultural (38): Em Nome da Pátria, de Brandão Ferreira: Hoje, às 18h00, na Academia Militar, em Lisboa

(***) O autor entrou para a Academia Militar em 1971. Foi também comandante de linha aérea. É actualmente Ten Cor Pilav Ref e estudioso de questões de defesa e estratégia, bem como de história militar. Tem 56 anos. A seguir ao 25 de Abril de 1974, esteve nos Estados Unidos em formação.É sócio efectivo da Revista Militar.

"Esteve 27 anos na Força Aérea e foi adido de Defesa na Guiné-Bissau, Senegal e Guiné-Conacri. Nunca combateu na guerra colonial mas os valores que professa no livro (Pátria, um Portugal do Minho a Timor) são os dessa época. Os seus princípios parecem inabaláveis: 'Por aquilo que é secundário, negoceia-se; pelo que é importante, combate-se; pelo que é fundamental, morre-se' " (IOL - Diário > 20-10-2009 > "A descolonização enfraqueceu o país").

A sua editora, a Livros d'Hoje, a acrescenta os seguintes dados biográficos:

"João José Brandão Ferreira é (...) mestre em Estratégia pelo ISCSP.

"Durante toda a sua vida profissional foi colaborador de quase todas as revistas militares portuguesas e de alguns jornais, tendo já publicado mais de 600 artigos e efectuado mais de 50 conferências.

"É ainda autor de vários livros entre eles A Evolução do Conceito Estratégico Ultramarino Português e A Inserção das Forças Armadas na Sociedade".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5168: Convívios (172): Atenção pessoal & Familiares da CCaç 2790 (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 27 de Outubro de 2009 a seguinte mensagem:



Não é sem mágoa que constato, ano após ano, que as hipóteses de juntar à volta de uma mesa os antigos e ainda vivos combatentes da C. Caç 2790, são por demais escassas, fruto do desconhecimento do paradeiro da imensa maioria dos nossos soldados que, por açorianos, aumentaram a diáspora por terras, essencialmente, do tio Sam.


Nunca vamos além da dúzia e recorremos ao alto patrocínio dos cônjuges para "compor" a sala, ou melhor, a mesa.

Desta vez estamos a tentar aliciar filhos com o intuito de se aperceberem destas "banalidades" conhecidas por solidariedade, camaradagem e verdadeira amizade entre pessoas de diferentes origens, estudos e condições financeiras, mas imbuídos do mesmo espírito de corpo tendo como lema o já velhinho "Um por todos, todos por um !"

Vamos reunir-nos no próximo 21 de Novembro e o cenário será um dos salões da Associação Nacional de Farmácias no restaurante "A Ver Navios".

Caso algum camarada daquela C. Caç. ainda não contactado esteja interessado em participar, deverá tão somente, deixar um comentário a este poste manifestando a vontade.

Abraços,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790

Emblema e guião de colecção: Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


domingo, 25 de outubro de 2009

Guiné 63/74 – P5158: Filatelia(s) (8): Envelope comemorativo do 5º Centenário da morte do Infante D. Henrique - 25 de Junho de 1960 (Henrique Matos)


1. O nosso camarada Henrique Matos, foi o 1º comandante do Pel Caç Nat 52, Porto Gole e Enxalé, 1966/68, enviou-me em 21 de Outubro de 2009, um envelope comemorativo do 5º Centenário da morte do Infante D. Henrique, com data do 1º dia de circulação - 25 de Junho de 1960 -, o selo postal e o carimbo alusivo à efeméride:

2. No ano de 1960, apenas foram emitidos e postos em circulação 2 selos postais na Guiné. Um, com desenho de José Moura, litografado na Casa da Moeda, em papel esmalte, policromo, com denteado 13 ½ e o valor facial de 2$50, comemorativo do 5º Centenário da morte do Infante D. Henrique e, um segundo selo, com desenho de Neves e Sousa, litografado na Litografia da Maia – Porto -, em papel esmalte, policromo, com denteado 14 ½ e o valor facial de 1$50, comemorativo do 10º Aniversário da Comissão de Cooperação Técnica na África ao Sul do Sahará (segundo catálogo de selos Postais das Colónias Portuguesas – 2008 - da AFINSA PORTUGAL).

Camarada Magalhães Ribeiro,

Tal como tu, também não sou um coleccionador de selos. Sou mais um ajuntador de selos, hobby que tem andado esquecido.

Em relação à Guiné tenho com interesse o envelope que anexo.

Podes utilizar conforme entenderes.

Abraço,
Henrique Matos

Envelope comemorativo do 5º Centenário da morte do Infante D. Henrique, com selo e carimbo

Selo do 10º Aniversário da Comissão de Cooperação Técnica na África ao Sul do Sahará

Documento: © Henrique Matos (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. poste anterior desta série em:

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5076: (Ex)citações (51): Credibilidade e humildade precisam-se! (António Matos)


1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 7 de Outubro de 2009 a seguinte mensagem:

Camaradas,

Caros editores, aqui vai mais uma pequena colaboração, esta motivada pela inserção dum "testemunho de guerra" a que o Correio da Manhã, pelos vistos, está a dar visibilidade.
Credibilidade e humildade precisam-se!

Domingo,
04 de Outubro de 2009,
Suplemento Correio da Manhã,
Páginas 32 a 35,
Testemunho de Jorge Patrício: "No mato tinha de matar para não morrer".

Com o respeito que me possa merecer o camarada Patrício, as suas recordações, fantasiosas ou nem por isso, pareceram-me, eivadas de um espírito Rambo demasiado marcado e a tirar credibilidade ao discurso.

Não gostei e lamento que este ex-combatente não tenha ainda intervido no blogue para aferir das suas capacidades prosaicas e, simultaneamente, confrontá-lo com alguma crítica à sua beligerante intervenção na Guiné.

..." Foi uma coisa infernal, um tiroteio medonho. Matei muitos inimigos. Ali era assim: no mato tinha de matar para não morrer"...

... "O meu pelotão foi apanhado pelo fogo inimigo e escondemo-nos na água de um rio. Eu só tinha a cabeça de fora de água para poder respirar. As balas assobiavam por cima de mim. Vi a água a fazer salpicos e as granadas a rebentarem por perto. Pensei que ia morrer. No entanto, pedimos apoio aéreo e avançámos com toda a força que tínhamos: fizemos dezenas de mortos "...

... "Numa operação de limpeza com quatro companhias de infantaria, uma de comandos e outra de fuzileiros, matámos e destruímos tudo o que nos aparecia pela frente. Os inimigos pareciam macacos em cima das árvores. Não lhes demos hipóteses"...

Definitivamente, este discurso já não se usa e não fôra o caso de eu não conhecer o Patrício e diria que tinha sido encomendado!

Abraços à tertúlia,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5063: (Ex)citações (50): Vozes de burro não chegam ao Céu? (António Matos)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 29 de Setembro de 2009 a seguinte mensagem:

Camaradas,

Hoje reflicto sobre um pesadelo guineense.
Vozes de burro não chegam ao Céu?
Tentemos, então, o coice!

Esta propensão para testemunhar a vida sob um ponto de vista realista pode dar de nós, a quem nos lê, uma imagem desfocada e, como tal, pouco correcta.

A temática da guerra (com a particularidade da minha guerra, a da Guiné, em seu tempo) é por excelência uma daquelas pródigas ocasiões onde a capacidade (ou a falta dela) de traduzir por escrito as suas conexões físicas e/ou psicológicas, sociais, morais, éticas, políticas, etc., implica algum cuidado no discurso sob pena de permitirmos a formação de um qualquer monstro no ideário dos outros.

Percebo, pois, o comentário do Hélder Valério quando arquitectou o derrotista que seria o António Matos pese embora algumas expressões por mim usadas que o aliviaram (vide comentário ao poste P5042).
Ainda bem, caro Hélder.

Não vou, evidentemente, dissertar sobre a minha personalidade sob pena de cair nos lugares comuns que apontam para que a presunção e água benta, cada qual toma a que quer, e isso, recuso, liminarmente.

O dia-a-dia, contudo, dá-nos largas para apontarmos o dedo ao que vai mal ( no nosso entender, claro ) e os exemplos, infelizmente, são imensos !

Permito-me recordar um pequeno texto que inseri em Março de 2008 no meu blogue, sobre a mutilação genital feminina na Guiné.

Comité Inter Africano de Práticas Tradicionais?

Confesso a minha dificuldade em começar a alinhavar as ideias para expressar o que me vai na alma ao escrever estas linhas.

Após consulta de fim de dia ao Expresso online, páro na notícia com o título: Guiné-Bissau - Parlamento debate fim da mutilação genital feminina.

Depois da sua leitura, ficou-me um asco imenso pela magnânime disponibilidade do parlamento em iniciar uma campanha para esse fim.

Perante os dois milhões de crianças sujeitas anualmente a esta barbárie, o Comité Inter Africano de Práticas Tradicionais, elaborou um plano, imagine-se!, em 2003 para a eliminação da mutilação genital feminina a ter lugar até 2010 !!! Isto é, permite-se que mais 18.000.000 de meninas ainda sejam sujeitas a esta enormidade em nome das práticas tradicionais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Perguntar-se-á a que propósito vem isto agora?

Pois quem ler a imprensa diária de hoje, 06 de Outubro de 2009, vê, em letras garrafais, um artigo sobre esta mesma temática e dizendo o quê?

Incrivelmente, a APF (Associação para o Planeamento da Família) vai lançar uma campanha de sensibilização sobre o assunto a decorrer até Dezembro de 2011!!

Eu pergunto: só agora? O que fizeram estes organismos no entretanto? De que vale vir agora Alice Frade (membro da APF) "exigir" medidas contra os países que utilizam tais práticas?

Será que amanhã virão reivindicar sem qualquer pudor os louros pelo apoio ao fim dessa barbárie?

É preciso muita lata!

A título de curiosidade, é na comunidade guineense muçulmana que mais casos existem embora haja relatos que o mesmo ocorre em Moçambique e no norte de Angola

Hélder Valério, vês como não é fácil ser-se demasiado optimista?

Seja-me permitido, uma vez mais o desplante de, mesmo assim, evidenciar o grande pecador que sou que, não obstante o que relato, continue a tentar saborear a vida no que de melhor me oferece na expectativa que estes gritos abafados que vou dando possam provocar um eco suficiente para incomodar quem de direito.

Abraços à tertúlia,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5042: (Ex)citações (49): Réplica ao camarada José Belo (António Matos)



1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos em 29 de Setembro de 2009 a seguinte mensagem:


Camaradas,

Aqui fica uma réplica ponderada ao camarada José Belo, hoje que vivemos as consequências
dum dia pós eleitoral, onde alguns conceitos adquiriram estatuto de desactualização ainda que os nossos concidadãos ausentes da realidade nacional deles possam não se aperceber.
Nem mesmo Ruy Belo teria razão nos dias de hoje, pese embora o lindíssimo poema que o Luís Graça nos recorda!

Camarada José Belo,

Estou perfeitamente convicto que dizer-se que Portugal é um país de tolerância e humanismo ou, quiçá, de brandos costumes, é chão que já deu uvas e nem a sua repetição à exaustão consegue hoje disfarçar a falácia que se lhe associa.

Percebo que todos aqueles que engrossam a nossa diáspora exprimam essa ideia, mas atribuo-a a um sentimento de saudade e ao fado que a necessidade intrínseca de se perfilarem ao lado da nação-mãe num misto de patriotismo e falta do seu colo implica.

A falta de tolerância está muito bem patenteada neste dia pós eleições onde, não tendo despontado qualquer maioria absoluta, são constantes as declarações dos vários partidos com assento parlamentar na indisponibilidade de viabilização da governabilidade do país.

Aproximamo-nos inexoravelmente dum precipício social de dimensões incalculáveis e onde os brandos costumes já deixaram de ser paradigma de Portugal.

Estamos um país muito moderno;

Já nos matamos nas ruas em tiroteios de fazer calar um qualquer cowboy do farwest americano;

Já silenciamos uma estação de televisão privada onde um governo mexe (ou é mexido?) pelos cordões das marionetas em mãos hábeis escondidas atrás do biombo ;

Já se escuta clandestinamente, dizem, o gabinete do Presidente da República;

Criam-se inventonas e intentonas ao nível de um qualquer Watergate;

Sustentam-se até ao limite da prescrição, crimes tipo Casa Pia onde a culpa só não morre solteira porque havia um estúpido dum Bibi que serviu de cobaia;

Enfim, até tentamos envolver a figura do Santo Padre nas eleições do bairro!

Não queria deixar este texto ao tratamento de mero e singelo comentário mas antes dar-lhe uma exposição de poste ao nível do que melhor se faz neste blog uma vez que discordo da opinião do José Belo ao se confranger com a crítica irónica a que se sujeitam os brandos costumes.

Meu caro, já lá vai esse tempo, mas agora, a globalização que bem conhecerás aí pelos lados nórdicos dos fleumáticos senhores das neves, também nos trouxe a crua realidade da vida moderna com as suas vantagens, é certo, mas com injustiças pungentes que uma democracia permite na sua qualidade da pior forma de governo exceptuando todas as outras já tentadas (Churchill dixit).

Com amizade,
António Matos
Alf Mil Minas Arm da CCAÇ 2790


Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4949: (Ex)citações (43): O exorcismo dos nossos fantasmas... (António Matos)

1. Comentário do António Matos (ex-Alf Mil Minas e Armadilhas,)CCAÇ 2790, Bula, 1970/72), ao poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda

Para ser franco, tenho alguma dificuldade em começar este comentário pela catadupa de sentimentos antagónicos que me assaltam o espírito quer pelo delito propriamente dito, quer pelo desassombro do seu autor quer ainda pelas manifestações de repúdio algumas das quais a merecerem os mais vivos reparos por pessoas de bem.

Ainda que desde 1852 (10 de Março) tenha começado a discussão da abolição da pena de morte em Portugal, a verdade é que só em 1976 (!!) a Constituição (nº 2 do artigo 24) estabeleceu objectivamente o seu fim para todos os crimes. Torna-se, portanto, extemporâneo vir agora acicatar os ânimos com alarvidades de pseudo carrascos !

Do ponto de vista filosófico e ético a defesa da pena de morte enferma da irreversibilidade do acto o que, nos tempos modernos não augura nada de bom para os seus defensores tantos são os casos de, ao fim de 20 ou 30 anos de cativeiro, virem a ser considerados inocentes aqueles que tinham sido considerados culpados.

Peço, pois, e com a autoridade que me confere o estatuto de ex-combatente que nunca pactuou com habilidades que pudessem prejudicar a segurança dos que comigo palmilharam a merda daquelas picadas, matas ou bolanhas, que sejamos suficientemente open minded [, abertos de espírito,] de modo a darmos o nosso veredicto depois de muito bem explicada toda a situação envolvente do Ventura.

A ti, Ventura, dirijo-te agora a palavra em discurso directo: acredito que te safaste de uma boa polinheira em não teres sido descoberto naquela altura! Mas também aceito que, por ingenuidade (independentemente das razões pessoais que omites) ou mera estupidez, não tenhas quantificado minimamente as consequências dessa atitude e isso, não te ilibando, servirá de atenuante. Assim tu assumas com humildade essa postura perante eventuais camaradas sacrificados por via dessa tua acção e eu a levarei a crédito da tua inimputabilidade.

O tão apregoado conceito de roubo do gasóleo que o Ventura oferecia ao inimigo não era mais pecaminoso do que o aproveitamento da dispensa dos víveres que era alvo de desvios para fins inconfessáveis da oficialidade gestora das CCS [dos batalhões] ! E ninguém se manifesta ?

Longe de branquear a atitude do Ventura, julgo poder haver espaço para lhe compreender a tentativa de passar incólume no horror da guerra (outros tentavam baldar-se ao mato besuntando as entranhas anais com alho provocando acessos febris imensos !!! ). O cagaço manifestava-se de muitas maneiras e às vezes até provocava fugas para a frente dando origem a falsos heróis que ainda hoje lhes dão referências honoríficas FALSAS !

E tanto que se poderia dizer, a bem e a mal deste tipo de atitudes e de quem as assume...

Finalmente, acho que a actual atitude do Ventura em vir a terreiro exorcisar a sua culpa (é uma conclusão lógica) é um pouco como o Descascar a Cebola do Günter Grass. Também este mereceu a crítica contundente do mundo mas nem por isso o deixámos de admirar.

Talvez valha a pena pensar nisto.

António Matos


[Revisão / fixação de texto / título: L.G.] (*)

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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 5 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4900: (Ex)citações (41): Resposta ao P4813 (J. Mexia Alves)

domingo, 6 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4909: Blogoterapia (124): Na Guiné também houve sacanas! (António G. Matos)

1. Mensagem de António G. Matos, ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, que nos foi enviada em 6 de Setembro de 2009:

Na Guiné também houve sacanas!

Quentin Tarantino, com a sua mais recente produção - sacanas sem lei -, teve o mérito de me fazer debruçar sobre o layout de comentários/postes do blogue para, ainda que num registo meramente esporádico, vos possa dar conta de ter pegado na minha faca de mato usada na Guiné, amolá-la convenientemente, testar o fio da lâmina no corte longitudinal dum cabelo, e imaginar o "descascar" do escalpe de alguns "basterds" que, felizmente, não tive o desprazer de conhecer naquele tempo ido.
Depois, foi dar largas ao dedilhar no teclado como se de um taco de basebol se tratasse, tendo em falsos e despudorados ex-combatentes da Guiné a cabeça a rachar ao ritmo das potentes cacetadas desferidas pelo Donny Donowitz!

O mundo é redondo e a sacanice é do tipo do azeite na água: vem sempre ao de cima!
Mais cedo ou mais tarde!

A ideia de marcar os nazis a golpes de navalhada, na testa, com a suástica, de modo a não passarem despercebidos depois de despirem a farda, pareceu-me boa para evitar as dezenas de anos que os verdadeiros caçadores da espécie levam a dar com eles.

A nossa guerra também pariu quem merecesse uns mimos semelhantes (a suástica podia ser substituída por um papagaio) o que lhes daria tento na língua e nos livrava do incómodo de os ouvir...

Tarantino dá vida a uma visão alternativa do que podia ter sido o fim do III Reich e, consequentemente, da II guerra mundial.

Eu, numa altura em que já todos temos sensibilização ecológica, contentava-me em separar o lixo que por vezes aparece no blogue e, à falta dum provedor, deitá-lo-ia directamente na trituradora a caminho da incineração.

Porque, diz-se, o blogue é grande, e eu, não deixando de corroborar a ideia, grito que grandes, grandes mesmo, somos todos nós que fomos lá, que provámos o sabor da terra onde caímos muitas vezes, que soubemos o que é sofrer por levar um tiro, um estilhaço, arrancarem-nos uma perna, ver morrer um amigo, etc., etc., etc., volto (com a pouca autoridade que o número de intervenções me confere) a pedir ao Luís Graça, com a ajuda dos seus mais próximos colaboradores que tentem evitar o desalento dos tertulianos de modo a que se não perca a dinâmica do boom de entusiasmo de que ainda goza este espaço.

Aos camaradas Luís Faria, Manuel Maia e José Matos Dinis, agradeço as vossas palavras que muito me sensibilizaram e não poderia deixar de mandar este texto pelo respeito que me mereceram.

Sabe quem melhor me conhece que não sou de voltar a cara a uma boa polémica e não mudo de opinião por força de gritinhos mais ou menos histéricos impregnados que sejam de ameaças veladas.

Para medo, tive-o na Guiné por temer não trazer aqueles rapazes cujas famílias mos confiaram.

Infelizmente, tal aconteceu e, em sua homenagem, permitam-me o nojo por quem se julga intimidador.

Um abraço,
António Matos
Alf Mil MA da CCAÇ 2790
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Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4725: Blogoterapia (120): Como falam as fotografias (António G. Matos)

1. Mensagem de António G. Matos, (*), ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, com data de 20 de Julho de 2009: Caríssimos editores, Assim o considerem e aqui fica mais um dos meus flashbacks a pretenderem ser post. Um abraço amigo, António Matos 2. Como falam as fotografias!... Que clarividência!... Quanta angústia!... Quantas ilusões e desilusões naqueles corações de meninos que se apertam de encontro à carcaça do "Carvalho Araújo" na incerteza do dia seguinte.... E quanta afeição nos agarrou àquele barco para o resto da vida.... Lá dentro, um sentimento indefinido e confuso dum certo dever patriótico que não se ajustava ao desprezo aviltante criado pelas condições em que, principalmente os soldados, eram transportados para uma acção de defesa duma pátria que tudo lhes ficava a dever!... Até a vida !... Como falam as fotografias!... Desde o cais de S. Miguel até ao de Pijiguiti foram 10 dias sofridos, de uma lassidão confrangedora que a calmaria proporcionava, com uma derivação à Ilha do Sal para abastecimento de água (até nisto a ironia do destino...) e regresso ao Atlântico para a recta final... Para além do mais, tivemos que aguentar uma viagem com o barco inclinado (vejam as fotos!) que criava umas dores de costas dos diabos! O "Carvalho Araújo", também ele já entregou a alma ao Criador... Sinal dos tempos... Ficam-nos as recordações fotográficas para memória futura... António Matos Navio Carvalho Araújo > À partida de S. Miguel Navio Carvalho Araújo > À chegada a Bissau __________ Notas de CV: (*) Vd. poste de 12 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4674: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (16): O alvoroço dos (re)encontros: obrigado, malta da CCAÇ 2790 (António Matos) Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4710: Blogoterapia (119): As Fantas, as Marias, as Natachas, ou o amor em tempo de guerra e de diáspora (Cherno Baldé)