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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13496: In Memoriam (193): Manuel Vieira Moreira (1945-2014), ex-1º cabo mec auto, CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69), natural de Águeda, poeta e amante do fado


Guiné > Zona leste (Bambadicna) > Xime > CART 1746 (1967/ 69) > O Manuel Moreira (1). Foto do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.


Guiné > Zona leste (Bambadicna) > Xime > CART 1746 (1967/ 69) > O Manuel Moreira (2). Foto do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



Leiria > Monte real > VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 21 de abril de 2012 >Dois camaradas do Xime, o Manuel Moreira, à esquerda, o Sousa de Castro, à direita. Foto: cortesia do Sousa de Castro, editor do blogue CART 3494 & Camaradas da Guiné,


 1. O Paulo Santiago telefonou-me ontem, de  tarde,  e deu-me a triste notícia que já corre pelas moranças da Tabanca Grande: "Morreu o meu amigo e vizinho, e nosso camarada,  Manuel Moreira. Morte súbita. Tinha feito uma intervenção cirúrgica há pouco tempo. Vou mandar um email para o Vinhal" (*)

Manuel Moreira  foi 1.º cabo mec auto, CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69), companhia comandada pelo nosso grã-tabanqueiro António Vaz, com quem acabei de falar por volta das 20h00, estava ele em Canhas de Senhorim, a passar uns dias em casa de um amigo de infância.

Embora fragilizado, física e psicologicamente, o António Vaz recebeu da minha boca a triste notícia de que a família da CART 1746 estava mais pobre, com o desaparecimento do Manuel Moreira. Confidenciou-me que tinha falado com ele há 15 dias. 

É, também ele,  António Vaz, um camarada que está a passar por um momento difícil, mas que tem revelado grande dignidade,  coragem e lucidez... "Luís, não estou nem pior nem melhor... O mais importante é que estou vivo"!...  Enfim, é mais um, de entre  muitos outros camaradas nossos, quie precisa do nosso carinho e alento. De vez em quando telefono-lhe e prometi-lhe reencontrarmo-nos em Lisboa, em setembro, depois das férias.

Mas voltando ao nosso já saudoso Manuel Moreira (que eu presumo que tenha nascido em 1945, a 29 de setembro): era natural de S. Martinho, Aguada de Cima, Águeda, e portanto vizinho quer do Paulo Santiago que do Victor Tavares. Havia  descoberto o nosso blogue há 6 anos, por volta de agosto de 2008. E foi justamente pela mão do seu vizinho Paulo Santiago que ele entrou na Tabanca Grande, três meses depois, em novembro de 2008 (**).

Foi um diunamizador e co-organizador, sempre generoso e entusiástico, dos encontros do pessoal da sua companhia. O último foi em Fátima, em maio último. Troquei com ele diversas mensagens, tendo-o conhecido pessolamente no nosso 7º Encontro Naciional, em 21/4/2012, aliás na mesma altura em que conheci o seu capitão, o António Vaz.

Incentivei-o a publicar algumas letras de fado de que era autor (por exemplo, a célebre Canção da Fome) e que já vinham do tempo da Guiné, dos sítios por onde passou (Bissorã, Xime, Ponta do Inglês). Tinha o gosto pela quadra popular, tendo esccrito uma espécie de diário em verso, com centenas de quadras populares... Infelizmente só publicámos umas tantas alusivas à emboscada, na Ponta Coli, em  14/11/1968, em que morreu o fur muil SAM Fernando Dias (***)., bem como algumas letras de fado.

Fica, aqui, uma das letras com que  o nosso  poeta de Águeda nos  brindou, e para a qual ele arranjou uma música, que vem muito a propósito, o Fado Primavera... (Peço-vos que oiçam a mgiostral interpretação de Amália...). Morreu o poeta e o amante de fado e com ele o projeto de um dia nos encontramo-nos,  ele, eu, e demais amigos e camaradas da Guiné, amantes do fado, para uma noite dedicada ao fado da guerra colonial...Oxalá as suas letras e fotos não se percam. Que a sua memória, essa, ficará connosco!...

Deixa cerca de 30 referências no nosso blogue. Para a família e amigos mais próxiomos, bem como para os camaradas da CART 1746 vão as nossas sentidas condolências. Até sempre, Manel!... LG

2. Sangue, Suor e Lágrimas

por Manuel Vieira Moreira

Adapt do Fado Saudade, silêncio e sombra
Letra: Nuno de Lorena: Música: Pedro Rodrigues: Fado Primavera (, ouvir aqui uma versão na voz ímpar de Amália Rodrigues)


Muitas noites tenho passado,
Na guerra bem acordado,
Por não conseguir dormir.
Com os olhos sempre alerta,
Pois é sempre pela certa
Que os turras cá possam vir. (Bis)

Certa noite fui acordado
E por estrondos alarmado,
Às duas da madrugada.
Mas rapidez é comigo,
Corri logo a um abrigo
P'ra responder de rajada. (Bis)

A nossa bela Nação
Defendo-a do coração,
Estas são as minhas dádivas.
Misturadas com a dor,
Lágrimas, Sangue e Suor,
Suor, Sangue e Lágrimas. (Bis)

Manuel Moreira

Xime, 20 de Dezembro de 1968

___________

Notas do editor:

(**) Vd. postes de:

27 de novembro de 2008 >  Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69


(...)
285

O Novembro de 68
Foi o mês de pior sorte,
A Companhia sofreu,
Em Combate, a única morte

291

Mas 14 de Novembro
É a data mais lembrada,
Morreu-nos o Vaguemestre
Em terrível emboscada.

292

Ia em muitas colunas,
Comprar gado era a missão,
Pois ele era o responsável
Pela nossa alimentação.

293

Fernando Dias, de seu nome,
Furriel era o seu Posto,
Era muito popular,
Sentimos grande desgosto. (...)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13210: Manuscrito(s) (Luís Graça) (30) "Bem vindos, piras, ao primeiro dia do inferno que vai ser o resto das vossas vidas!"... Parabéns, capitão António Vaz!

1. Antóno Vaz, valoroso capitão de Bissorã e do Xime, comandante da CART 1746... Hoje fazes anos, de acordo com o nosso poste da série "Parabéns a você"... Mas eu tenho estranhado o teu silêncio... Os médicos dizem que o silêncio dos órgãos é sinal de saúde... Na realidade, é mau sinal quando eles começam a "falar"... Mas eu refiro-me ao silêncio... das nossas comunicações bloguísticas, . Há mais de um ano que não mandas um ALFBRAVO à gente...

Pergunto; o que é que se passa contigo, comandante ? A última vez que te vi, na Praça do Comércio, tinhas ido à faca...Mas senti-te em boa forma!

Hoje é dia de festa, de aniversário... Eu e o resto da malta estamos contigo para te cantar os "parabéns a você" debaixo do poilão da Tabanca Grande!... Lembras.te dos poilões do Xime, a última tabanca de que foste o "régulo!" ? Levaram morteirada e canhoada em cima, mas ainda lá estão, dizem... Pois é isso que a gente te deseja: aguenta, capitão, força, António!


[foto à esquerda, cap art mil António Vaz, CART 1746, Xime, c. 1969]

2. Nunca esquecerei a minha chegada ao Xime, vindo de LDG pelo Geba acima... Foi na manhã de 2 de junho de 1969, 2ª feira... Estávamos no início do tempo das chuvas, a pior época para um pobre tuga acabado de chegar do primaveril Portugal continental ...E logo ali soubemos que a sede do batalhão, Bambadinca, tinha sido atacada em força, na 4ª feira, dia 28 de maio... Soubemos pela boca dos "velhinhos" da tua CART 1746... Queríam-nos claramente acagaçar...

Tenho um longo poema ("Por esse Geba acima"), de que vou reproduzir um excerto, em tua honra e dos teus bravos da CART 1746 que nos abriram alas, quando a gente desembarcou o leste, a malta da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12), a caminho de Contuboel... LG




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1969/70 > Vista aérea (parcial) da tabanca do Xime, onde estava sediada uma unidade de quadrícula...  No dia 2 de junho de 1969, era a CART 1746, comandada pelo cap art mil António Vaz.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]

Por esse rio Geba acima...

(...) E aqui estás, neste caixote flutuante,
sem colete nem salvação,
sem bode expiatório, nem álibi,
sem uma simples palavra de explicação,
sem razão para matar ou morrer,
de morte matada,
de G3 na mão,
porquê eu, porquê tu, meu irmão,
mas com cinco litros de sangue no corpo,
a derramar pela Pátria, se for preciso,
em rega gota a gota,
ou até em bica aberta,
que a Pátria não se discute,
a Pátria, a Fátria ou a Mátria
que te pariu,
meu safado,
meu javardo,
a caminho da guerra,
que não sabes nem onde começa nem onde acaba.
E sobretudo quando acaba…
Recapitulas:
–Tite, Porto Gole, Ponta Varela…
E registas no teu caderninho
os primeiros termos da gíria de caserna:
embrulhanço, turras, gosse-gosse, djubi
mancarra, bunda, macaréu,
bolanha, irã, jagudi

E eis que chegas agora,
ao primeiro porto, seguro,
um porto fluvial,
num sítio chamado Xime,
sem qualquer tabuleta que o identifique,
um pontão acostável,
meia dúzia de estacas no lodo,
caranguejos de um só pata
devorando a íris dos pobres dos mortos
arrastados pela fúria do macaréu,
uma guarnição militar a nível de companhia
com um destacamento no Enxalé,
do outro lado do rio e da bolanha.
Aqui começa o Geba Estreito, o Xaianga,
avisam-te,
e mais à frente é o Mato Cão,
que irás conhecer como a palma da tua mão,
um leito de rio incerto, sinuoso, viscoso,
como o corpo de uma serpente,
em que ficas ao alcance de uma granada de mão,
nas curvas da morte…
Xime, meu amor!
nunca o dirás
em nenhum aerograma,
pela simples razão
de que nunca escreverás
nenhum aerograma a ninguém,
o Xime é uma bandeira das cinco quinas ao vento,
descolorida,
esfarrapada,
gente brava, lusitana,
três obuses Krupp, alemães, 
de 10 ponto 5,
do tempo da II Guerra Mundial,
silenciosos mas ameaçadores,
meia dúzia de casas de estilo colonial,
de adobe e chapa de zinco,
e mais umas escassas dezenas de cubatas de colmo,
por entre poilões e mangueiros,
ruínas dum antigo posto administrativo,
restos de uma comunidade mandinga,
gente que não é de inteira confiança,
dir-te-ão mais tarde os teus soldados fulas,
vestígios de um decadente entreposto comercial,
cercados de holofotes,
arame farpado,
espaldões,
valas,
abrigos,
a estrada cortando ao meio a tabanca e o aquartelamento,
dois irmãos siameses condenados a viver e a morrer juntos…

Bem vindos, piras,
camaradas,
amigos,
ao primeiro dia do inferno
que vai ser o resto das vossas vidas!
Alguém, um velhinho, cacimbado,
da CART 1746,
apanhado do clima,
desgraçado,
que ouves com temor e reverência,
escreveu numa daquelas paredes de adobe,
desboroadas,
de cores desbotadas…
Ah! Como tudo isto é tão triste, meu Deus!

Duvido que tenhas dito Meu Deus!,
como não dirias turras,
que aos vinte e dois anos,
não evocavas o nome de Deus em vão,
e sentias-te órfão,
sem pai nem mãe no mundo,
nem tinhas carta de condução,
nem bússola,
nem nenhuma ideia definitiva sobre o sentido da vida
mas achavas ainda romântica a ideia
daquela maldita guerrilha…
E ali vais tu,
meio acagaçado, meio curioso,
disposto a salvar o coiro, o corpo,
mesmo perdendo a alma,
alinhado ma non troppo,
desformatado,
violentado na tua consciência,
o quico bem enterrado até às orelhas,
entre filas de velhinhos, brancos e pretos,
de lenços garridos ao pescoço,
com ar de fadistas,
a palhinha de capim ao canto da boca,
como o estereótipo do chulo do Bairro Alto,
fingindo fazer um cordão de segurança no mato,
até à famigerada bolanha de Madina Colhido,
a caminho de Bambadinca,
a próxima paragem (...)

Luís Graça - Por esse rio Geba acima [excerto],
poema inédito,
v8 23 mai 2014
_______________

Nota do editor:

Último poste da série >  27 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13199: Manuscrito(s) (Luís Graça):(29):  "A boda e a baile mandado... não vás sem ser convidado"... E os bailes que organizávamos, na tabanca do Bataclã, nos intervalos da guerra ?

Guiné 63/74 - P13206: Parabéns a você (740): António Gabriel R. Vaz, ex-Cap Mil, CMDT da CART 1746 (Guiné, 1967/69)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13197: Parabéns a você (739): António Manuel Salvador, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 4740/72 (Guiné, 1972/74)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11522: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (3): A emboscada de Ponta Coli, em 14 de novembro de 1968, em que morreu o fur mil SMA Fernando Dias, e sofremos 15 feridos









Guiné > Setor L1 (Bmabadina) >Xime > CART 1746 > Copia do relatório da emboscada, realizada em 14 de novembro de 1968, em que morreu o fur mil SAM Fernando Maria Teixeira Dias. Documento da autoria de António Vaz, e por ele digitalizado.

Fotos: © António Vaz (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem de 18 de abril último, enviada pelo nosso camarada António Vaz, ex-cap mil art, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)  [, foto atual, à direita]

Olá,  camaradas

Quando estive no almoço anual da Tabanca em Monte Real em 2012,  tive, entre outros bons momentos, a oportunidade de conhecer o camarada Jorge Araújo,   também ele militar que passou pelo Xime e que sofreu, como eu e a minha CArt, a passagem pela Ponta Coli que ao longo da guerra se revelou um sítio nada recomendável.

Além da colaboração no Blog de J. Araújo,  teve ele naquela ocasião a amabilidade de oferecer dois textos de sua autoria em que relatava minuciosamente e saborosamente as duas emboscadas no trajecto Xime/ Bambadinca. Nomeadamente entre Ponta Coli / Taliuara, podemos considerar sem grande erro, zona onde muitos de nós sofreu alguns dos maus momentos na Guiné.

Embora já tenha ouvido críticas à descrição de emboscadas como se de casos menores se tratassem, coisa que eu não acho, não quero deixar de dar o meu testemunho da que a CArt 1746 sofreu em 14 de Novembro de 1968 naquele local,  cerca de 4 anos antes. Embora já tenha sido abordado pelo camarada Moreira este relato apenas o completa e confirma.

O relatório que junto foi o único documento que trouxe da Guiné e isso quererá dizer alguma coisa…

Passo assim a abordar o tema:

(1)  Durante a permanência da CArt 1746 no Xime, de Janeiro de 68 a Junho de 69,  fizeram-se, no mínimo, 820 vezes o percurso Xime/ Bambadincaa e volta no qual tivemos oito flagelações, sendo a citada de 14 de Novembro a mais grave.

(2) Este percurso nunca foi feito "à borla", tendo a Companhia, desde o princípio, tido a consciência que aquele era o percurso terrestre que nos ligava ao "resto do Mundo". Não houve dia nenhum em que o pessoal não o tivesse feito,  sobrepondo-se à Milicia de Amedalai, à época comandada pelo Carfala, indivíduo em quem tinha a maior confiança, tendo sido esse pessoal que detectou uma mina junto ao pontão na extremidade da bolanha ao alvorecer do dia 1 de Janeiro de 69.

(3) No dia 14 de Novembro nada se fez de muito diferente pois só a hora de saída mudava, mas não muito. O pessoal a pé composto por 2 Secções acompanhava o grupo dos picadores, seguiram até Ponta Coli, sem nada detectar, tendo montado a segurança.




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > A  sempre temível Ponta Coli, à saída do Xime...O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em dezembro de 1970, ainda estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil... Será inaugurada em 1971 ou 1972, já não no meu tempo...(Saí em março de 1971) (LG).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).



(4) Algumas considerações:

(i) Os primeiros tiros foram de armas ligeiras,  logo seguidos por rockets. Saltei do Unimog (ou foi cuspido pela travagem brusca, seguindo eu sempre no "lugar do morto" normalmente com o pé direito no retrovisor) tendo um desses primeiros tiros atingido o condutor, comigo já no chão, o alvo portanto foi ele. A bala trespassou-o lado a lado sem atingir a coluna nem qualquer órgão vital.


(ii) A reacção do pessoal foi imediata,  tendo alguns dos feridos sido atingidos por estilhaços dum rocket que acertou na longarina da viatura em que vinha. Lembro-me, ainda, da onda de choque do calor e do cheiro do explosivo, tendo as minhas calças a ficar ensanguentadas embora nada me doesse.

(iii) Algumas imagens que recordo: o bazuqueiro ( Ramos ?), de pé, a disparar enquanto teve granadas disponíveis; o Caç Nat. Tcherno Baldé com um ferimento na cara segurando o globo ocular; ouvia os tiros na Ponta Coli,   o que significava que havia um grupo que atacava a segurança; a lama da laterite feita com o sangue dos feridos.

(iv) Com a chegada, precedida de tiros do pessoal do Xime que acorrera, à frente dos quais vinha o soldado Deodato apenas em cuecas, com a bazooka disparando sobre elementos que estavam na orla da mata tendo os tiros terminado.

(v) A lamentar acima de tudo os ferimentos em vários locais do corpo que vieram a causar a morte ao Furriel Fernando Dias, já no Xime enquanto aguardava, ele e os outros, pelos Helis para a evacuação. O Fur Dias,  depois de já estar no chão e para se proteger,  levantou-se, provavelmente para se abrigar melhor, e teve o azar de ser atingido. Contaram-me posteriormente outros Furrieis que a namorada que deixara na Metrópole, não quis acreditar na morte dele.

(vi) A batida feita à zona da parte da tarde pelo Pelotão do Alf [Gilberto] Madail encontrou do lado direito dum enorme baga-baga cartuchos vazios de G-3 e do lado esquerdo e oposto cartuchos vazios de 7.72 Soviet.

(vi) Junto ao sítio onde" aterrei " encontrou uma granada de mão de fabrico chinês, por rebentar, que ficou até ao fim da comissão em cima dum armário frente à minha mesa de trabalho.

(vii) Sem ser os casos anteriormente, todos lamentáveis, outro houve que teve grande gravidade: o Alferes António Teles não recuperou daquela acção. Manteve durante algum tempo um mutismo que não augurava nada de bom. Sendo uma pessoa reservada, essa reserva a meu ver tornava-se patológica. Respondia por monossílabos e tinha terrores por vezes nocturnos que punham em perigo a recuperação do pessoal. Contou-me o Furriel Martins que a meio da noite apareceu no abrigo empunhando a G-3, indagando onde estavam os aviões que não o deixavam dormir. Convenci o Alf Teles a ir comigo a Bambadinca falar com o médico Aferes David Payne, que merecia páginas de elogios, que o aconselhou a ficar lá uns dias até ir para Bissau. Daí foi evacuado no mesmo dia para Lisboa para o HMP que os soldados Antunes e Oliveira feridos na mesma emboscada. Só o voltei a ver no dia da chegada a Lisboa onde nos foi esperar e acompanhou até Torres Novas.

(viii) De notar que que da viatura em que seguia, apenas eu não fui evacuado.

(ix) Para finalizar: os minutos que durou a emboscada foram poucos mas os segundos pareciam não ter fim. Ainda hoje estou para saber porque escrevi no relatório ter sido atingido de raspão por um estilhaço quando, embora pequeno, se encontra ainda na minha perna. Mistério.

António Vaz
ex-cap mil art,
cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11442: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (2): Op Pedra Rija (Poindom / Ponta Varela, 19-20 de maio de 1969): Há aí algum graduado do Pel Caç Nat 63 que tenha estado comigo quando fomos violentamente emboscados por um bigrupo IN, durante 40 m ?

1. Mensagem, com data de 16 do corrente, enviada pelo do António Vaz, ex-cap mil, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) [, foto à esquerda]


Assunto: Pedido de informação


Olá, Camaradas: Primeiro que tudo os meus parabens com a promoção do inquérito, que pelo que tenho lido,tem sido um sucesso. A malta responde e corresponde. Parabens!

Agora vem o pedido, socorrendo-me da verdadeira Torre do Tombo que tambem a Tabanca é:É cnhecido algum graduado do Pel CaçNat 63 que tenha acompanhado a Cart 1746 na Operação "Pedra Rija" realizada em 19 de Maio de 1969 ? Se sim, gostava de saber se está lembrado pois gostava ter contacto com ele.

Um abraço para todos do

António Vaz


2. Comentário de L.G.

António [, foto atual, à direita]: 

 Aqui tens o "relatório" da Op Pedra Rija... (Fonte: História do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70)...

Deve ter sido a última ou uma das últimas operações que vocês fizeram no subseto do Xime, antes da vossa rendição pela CART 2520 (1969/1970)...Dois meses depois da Op Lança Afiada e 10 dias antes do ataque a Bambadinca, a 28 de maio de 1979... (O PAIGC devia estar a preparar a "vingança"...).

Como sabes, eu passei pelo Xime a 2 de junho de 1969, a caminho de Contuboel... Foram vocês que fizeram a segurança na estrada Xime-Bambadinca,,, E depois fiquei (ficámos, a nossa CCAÇ 2590/CCAÇ 12) no setor L1, a partir de finais de julho. já voc~es tinham regressado ao doce lar...

Não me lembro do antecessor do Jorge Cabral no comando do Pel Caç Nat 63. Mas ele sabe quem é... O António Branquinho, furriel, não sei se estava lá nessa altura... Para já, são estes os dois homens do Pel Caç Nat 63, meus contemporâneos, "afliados" na Tabanca Grande. 

Aproveito o teu pedido para fazermos um poste sobre esta operação, a pensar na tua nova série...  Boa continuação das tuas melhoras. Treinar a memória faz-te bem... Um abraço. Luis



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > o "alfero Cabral", ao meio, de pé... O 1º Cabo Rocha é o primerio da esquerda, na primeira fila. Jorge Cabral veio substituir o alf mil Almeida, em junho de 1969,  no comando do Pel Caç Nat 63. O que será feito do Almeida ?

Foto: © Jorge Cabral (2005). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


3. Esclarecimento prestdo pelo Jorge Cabral, cmdt do pel Caç nat 63 enter 1969 e 1971:

Cheguei 20 dias depois. Naquela altura os Alferes e os Furriéis dos Pelotões Nativos só faziam um ano de mato, indo depois para Bolama ou Bissau.

Fui substituir o Alf Almeida, que era transmontano e amigo do Beja Santos. Os Furriéis só estiveram comigo dois ou três meses...O primeiro Furriel substituto foi precisamente o Branquinho, que deve ter chegado em Setembro.

Mantenho contacto com o 1º Cabo Rocha, que acaba de passar um mau bocado no Hospital de Coimbra. Ele participou de certeza nessa operação. Não tem correio electrónico.

Abraço.

J.Cabral

4. Relatório da Op Pedra Rija:


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Carta do Xime (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do Xime, Pon ta Varela, Poindom, Gundagué Beafada, Gidemo e Chacali.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné






Fonte: Excertos de História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), cap II, pp. 82-84.



5. Comentário final do António Vaz:


Olá,  Luís Graça.  Muito obrigado palas informações prestadas. Esta foi efectivamente a ultima operação que fizemos e para a qual eu dei. para futura mensagem, o título "Quem engana quem". O meu interesse de falar com alguém do Pel Caç Nat  63 prende-se com o que se passou ANTES,  no Xime. Os meus camaradas que me acompanharam nesta situação no Xime já morreram ou não estão disponíveis.

Na mensagem que enviei sobre e nossa emboscada em Ponta Coli (foi uma entre oito, embora a mais grave) em Novembro de 68 gostava de ter incluido, como curiosidade, que a 29 de Maio de 69, dia do ataque a Bambadinca, foi a nossa coluna alvejada com um roquete que passou sob um Unimog sem causar danos. Mais terde atribui isto a um tiro inopinado dum elemento IN que já estava a caminho do eaquema de ataque a Bambadinca.

Não foi ainda publicada a mensagem respeitante este acontecimento mas espero que a tenham recebido.
Um abraço do António Vaz.

_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 20 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11429: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (1): os meus picadores e guias, Seco Camará e Mancaman Biai

sábado, 20 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11429: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (1): os meus picadores e guias, Seco Camará e Mancaman Biai




Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > António Fernando Marques e Arlindo Teixeira Roda, dois camaradas. furrieis,  da 1ª geração da CCAÇ 12 (1969/71), junto ao monumento da CCAÇ 1550 (1966/68), unidade de quadrícula do Xime que antecedeu a CART 1746 (1968/69), a CART 2520 (1969/70), a CART 2715 (1970/71), a CART 3494 (1972/73) e a CCAÇ 12 (1973/74)... A CCAÇ 12 conheceu bem e duramente, o subsetor do Xime, entre 1969 e 1974, primeiro como  subuniddae de intervenção ao setor L1 e depois, no final da guerra, como subunidade de quadrícula...  Não sei se a CCAÇ 1550 foi a primeira  subunidade de quadrícula do Xime: estivera antes em Farim,  era comandada pelo cap mil inf Agostinho Duarte Belo; no monumento estão inscritos os lugares (de diferentes setores) por onde passou: Binta, Guidage, Xime, Ponta do Inglês, Galomaro, Candamã, Taibatá, Farim, Dembataco, Samba Silate, Bissau... (LG)


Foto: © Arlindo Roda (2010)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos 



reservados.

1. Texto enviado pelo nosso camarada António Vaz, ex-cap mil, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69), com data de 18 do corrente:

 Assunto: Seco Camará

Olá,  Camaradas Tertulianos

Depois da minha ausência prolongada,  já contada anteriormente,  e ao reler páginas antigas do Blogue,  nomeadamente o poste P5578 (*), ocorreu-me relatar o seguinte:

Quando cheguei ao Xime, em Janeiro de 1968,  na "passagem do testemunho" que a CCAÇ 1550 fez da situação material e do pessoal adstrito (Pel Caç Nat, Milícia e picadores), foi-me dito que o picador Seco  Camará era o melhor da zona e que, nessa época, já levava 56 minas detectadas,  o que para mim, nessa altura, era um número respeitável pois até à data, vindo de Bissorã, não tinha tido contacto frequente com tais engenhos.

Fiquei sabedor e considerei que a chefia do grupo de picadores estava, continuaria, bem entregue. Assim sucedeu durante alguns meses e o Seco era sempre convocado para as operações que pareciam mais complicadas.

Numa delas, em Julho de 68, talvez a Op Golpear, com a paragem da coluna veio-me a informação:  MINA!!!

Ao chegar-me aos ouvidos,  avancei para junto do Seco pois fora ele que a tinha detectado e operava. Aproximei-me dele com o cuidado requerido e fiquei a observar o seu procedimento. (Será que que a adrenalina que se liberta tem cheiro? O mato molhado parecia-me sempre adocicado mas naquela altura tinha mudado).

Estava o Seco semideitado no chão e com a "pica" fazendo perfurações quase horizontais no terreno pois achava que este estava mais brando que o normal. Os gestos comedidos, o cuidado imenso e a tensão elevada ao máximo contagiaram-me. Tentava perceber se aquela textura do terreno correspondia ao que pensava ser uma "caminha" de mina.

Não mais esqueço a transformação que nele se operou:  o seu semblante e a própria cor mudaram; o Seco estava cinzento de tão pálido que estava. Levantou-se lentamente dizendo:
– É mesmo mina,  Capitão!

A minha norma foi sempre "Mina rebenta-se, não se levanta". Arriscava contudo a perca do segredo da progressão mas era assim. Assim se procedeu mas o Seco teve o seu prémio pecuniário.

Vieram mais operações e num delas um Alferes nomeado veio dizer-me que havia problema com a escala dos picadores, não queriam que o Seco fosse naquele dia e nos subsequentes porque não o queriam como chefe.
– Grande berbicacho –  pensei eu.




[Foto à esquerda: Seco Camará, em Mansambo. Foto:  ©Torcato Mendonça (2007) ]

As razões que me apresentaram não me convenceram, invocavam que aquele posto - chefe dos picadores - devia ser desempenhado por alguém superior na hierarquia tribal. Prometi que resolveria o assunto depois daquela operação pois não era altura de estar com mais conversa. O Seco foi como estava determinado mas com os resmungos dos outros picadores que acalmaram, talvez por eu ir nessa operação. Esta como outras foi "sem contacto, com vestígios" e num dos dias seguintes falei com o Seco que me disse que ele próprio não estava interessado em viver no Xime e preferia ir para outro lado.

(Eu à época não estava a par de eventuais "trabalhos sujos", já invocados neste blogue, que Seco desempenhara anteriormente. O comandante que me antecedeu nada me referiu, embora quando arrumava as minhas coisas tivesse encontrado,  na secretária a mim atribuída,  um objecto formado por um cabo de madeira com 40 ou 50 centímetros ao qual estavam presos 3 ou 4 pedaços de arame farpado de idêntico comprimento formando sinistro chicote. Destruí-o,  pois não tinha como conduta torturar prisioneiros e achei que tal objecto prefigurava situações que sempre repudiei por princípio. Nos primeiros meses da comissão, em Bissorã, tive de travar, nem sempre com êxito, atitudes condenáveis por parte de milícias que facilmente se propagavam pelo pessoal da Companhia.)

Quanto ao Seco, não consegui arrancar-lhe mais explicações e,  falando no Comando do Batalhão, em Bambadinca [, CCAÇ 2852], consegui arranjar-lhe um sítio para morar e que ele seria o Picador do Capitão e que seria convocado de vez em quando por mim, coisa que lhe agradou. Depois,  falando com os picadores,  vim a saber que, embora já desconfiasse, o chefe por eles desejado era o filho do Chefe da Tabanca,  o Mancamam Biai, que desempenhou o papel até ao fim da comissão.

O Mancaman foi sempre uma pessoa reservada, discreta, embora entre o pessoal existisse certa desconfiança que me foi transmitida por diversas maneiras. O mesmo se passava com o Chefe da Tabanca que na noite do ataque ao Xime,  na passagem do ano 68 para 69, que foi o mais forte da minha época, foi trazido para dentro do "quartel" por haver fortes suspeitas a seu respeito (não esquecer que a morte do Furriel Dias e os muitos feridos na emboscada passara-se 1 mês antes). As coisas serenaram mas a desconfiança com altos e baixos.

No dia da minha retirada, já com a LDG atracada no Xime, veio o Mancamam ter comigo se eu não lhe deixava uma recordação:
 –Não, Mancamam,  não tenho nada para te dar, mas já dei a ti e ao teu pai a possibilidade de não terem sofrido represálias que numa certe altura pareciam mais que prováveis.

Compreendia que as populações estavam divididas com a guerra e que era natural que familiares ou antigos amigos seus vivessem naquilo que à época eram bases In e que isso era agora a realidade.
 –  Adeus,  Mancamam.

Ele percebeu.

Um abraço do
António Vaz
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Nota do editor:

(*) 2 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5578: Memórias de um alferes capelão (Arsénio Puim, BART 2917, Dez 69/Mai 71) (7): Mancaman, mandinga, filho do chefe da tabanca do Xime, um homem de paz
(...) era um homem algo complexo e não facilmente transparente aos nossos olhos europeus, atraindo mesmo algumas suspeitas, para as nossas tropas, de que mantinha contactos com o «outro lado» e dizendo-se, até, que tinha «arroz turra» a vender na tabanca.

Nunca galgou a graduado de 2.ª linha; negou-se, certa vez, a ir numa operação para além de Ponta Varela; odeia os militares portugueses que maltrataram prisioneiros «turras» para obter declarações; condena com grande revolta as chacinas praticadas pelas tropas prtuguesas nos primeiros anos da guerra; e sempre que os oficiais de artilharia fazem fogo para o acampamento do Poidon, que ele deu a entender estar muito fraco e já não ser o que foi em tempos atrás, ele olha-os com uns olhos de fúria, o que poderia sugerir a presença de membros da tabanca ou mesmo de pessoas de família naquela área.

(...) não aprecia Amílcar Cabral nem Sekou Touré, da Guiné ex-Francesa. Tem consideração, porém, por Senghor, do Senegal, porque «ele não quer um Estado só de pretos, mas tem muitos brancos a ajudá-lo», referiu.

(...) Para Mancaman, certamente com uma dose de idealismo, mas não sem uma visão, na essência, válida e humana, o processo para a consecução da paz na Guiné passava pelas conversações directas com os turras - importante para ele, que se realizassem através de elementos da população da mesma etnia - e a aplicação de tácticas defensivas, evitando todas as acções violentas e arrasadoras da parte do exército e das forças portuguesas. (...)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11383: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (4): Resposta do António Vaz [, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69] , que sobreviveu a uma recente "emboscada" na estrada da vida...



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Duas imagens do Xime, c. 1970: (i) em cima, vista aérea do quartel e tabanca do Xime (c. 1969); (ii) o cais do Xime: um enorme desembarque de cibes,. com destino (presumo) ao reordenamento de Nhabijões (c. 1970); em segundo plano, de perfil, o Humberto Reis, ex-fur mil op esp, 2º Gr Comb da CCAÇ 12.

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]



A. Resposta do nosso querido amigo e camarada, António Vaz [, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69, ] ao nosso questionário de opinião sobre o blogue:

Meus caros Camaradas da Guiné: estive afastado da vida normal dois meses e meio e, sem grandes e escusados pormenores,  direi que,  tendo saído de casa às 04.00 do dia 17 de Janeiro, INEM passei pelos Hospitais de S. José, Santa Marta e Clínica S. João de Ávila (para recuperação) e só voltei a casa no dia 4 deste mês (faz hoje 6 dias). Tive AVC (cerebelo), enfarte e aguardo cirurgia cardíaca nos próximos meses.

Durante estes dois meses e meio não gozei a sombra do Grande Poilão, não tive acesso ao computador e, do Blogue,  "nicles"

Para o meu reatamento aqui envio as respostas ao inquérito de 8 do corrente em que o Luís Graça (nas suas palavras encontrei, e não é a primeira vez , uma certa e a meu ver escusada, inquietação pelo futuro do Blog) faz um desafio que aceito de boa vontade, e ao qual passo a responder:

1.Tardiamente. Talvez em 2011

2. Descobri o Blog a partir dum pesquisa no Google sobre a Guerra Colonial.

3. Sou membro da nossa Tabanca a partir das vésperas no almoço de 2012 onde conheci ou revi pessoas que hoje considero meus amigos.

4. Em certas épocas, no princípio todos os dias, depois semanalmente.

5. Mandei poucas coisas e provavelmente talvez tivesse mandado mais se tivesse conhecido o Blogue há mais tempo. Penso que ao iniciar-me tardiamente iria repetir opiniões já manifestadas anteriormente.

6. Não frequento o Facebook neste assunto nem qualquer outro.

7. Só conheço o Blogue.

8  Idem.

9. Por vezes não aprecio certo material e penso que tal só interessa ao autor e ao seu ego, mas se isso lhe é importante é de respeitar.

10. Não tenho qualquer dificuldade com o Blogue [, em termos de cesso]

11. Para mim o Blogue  é um exercício de memória, nostalgia (saudades da idade em que andei na Guiné e da excepcionalidade da situação),  repositório de experiências vividas que poderão servir, no futuro, assunto de estudo e conhecimento.

12/13. Estive com prazer no almoço de 2012.

14. O blogue terá fôlego bastante desde que exista UM antigo combatente da Guerra da Guiné vivo e esteja pronto a colaborar.

Um abraço para todos do António Vaz


B. Comentário de L.G.:

Meu caro António, não posso deixar de aqui, publicamente, me alegrar pelo teu regresso ao convívio da nossa Tabanca Grande, depois da grande "emboscada" de que foste vítima, e que te madou para o "estaleiro" durante dois meses e meio...

Quem está vivo e pertence ao Clube dos SExas, como todos nós, está sujeito a apanhar uma "roquetada" dessas. Grande capitão, vamos rezar, crentes e não crentes, pelas tuas rápidas melhoras. Vai-nos dando notícias da boa recuperação da tua saúde. Vai correr tudo bem. Pela leitura da tua resposta ao nosso questionário, passas com distinção no teste da prova de vida!..

Quanto ao futuro do blogue, bom, estou de acordo contigo: o seu futuro a nós... pertence!
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11381: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (3): Resposta do Torcato Mendonça, ex-alf mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69, e nosso colaborador permanente

(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?


(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Obrigado pela tua resposta, que será publicada, com direito a foto. O editor, Luís Graça. (...)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10861: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (9): Mensagens de Natal da Tertúlia (3)

MENSAGENS DA TERTÚLIA (3)


Mensagem do nosso camarada Artur da Conceição, ex-Soldado de Transmissões da CART 730, BissorãFarim e Jumbembem1965 a 1967:

Para todos os “Grã Tabanqueiros” e suas famílias, votos de um Feliz Natal e um Novo Ano com muita Paz e Saúde.
Um abraço
Artur Conceição




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Do nosso camarada Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69: 


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Do nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412, BigeneGuidage e Barro, 1968/70

Ilustrado com algumas imagens da paradisíaca Madeira (algumas das quais fazendo lembrar o presépio), envio-vos o meu desejo de Santo Natal, com paz, saúde, harmonia e esperança.

Boas Festas.
Afonso Manuel Sousa


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Mensagem do nosso camarada Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67: 


Para a grande família do Blogue composta por camaradas ex-Combatentes da Guiné e outros amigos(as) que se nos juntaram, hoje todos tidos como camarigos, venho expressar o maior desejo de que este Natal o passem com muita felicidade, e que o Novo Ano vos traga muita saúde, bem-estar e paz de espírito.
E, se me permitem, envio-vos o “postal” seguinte, que simboliza também paz e amor e que se trata de um presépio feito em barro por mim (coisas de reformado)

Um abraço para todos.
Rui Silva

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Mensagem do nosso camarada Henrique Cerqueira, ex-Fur Mil da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74:

Camarada Carlos Vinhal,
Envio em anexo o meu velhinho postal de Natal.
O mesmo já foi publicado no ano passado portanto não tem nada de novo a não ser o facto de termos sobrevivido mais um ano. Daí eu o repetir com votos de Boas Festas e Um Bom Ano Novo, dirigido a todos os Camaradas do blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné” e uma saudação muito especial aos Editores deste blogue, porque mais que nunca provaram que criaram um espaço que no mínimo nos deu a possibilidade de nos comunicarmos e principalmente “Vivermos” neste mundo que ultimamente tem criado uma sociedade que só olha para o próprio “Umbigo” e caminha drasticamente para o isolamento social.

Um Santo Natal para todos.
Henrique Cerqueira e NI


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Mensagem do nosso tertuliano e amigo Carlos Manuel Valentim, Oficial da Marinha, licenciado em História Moderna e Director da Biblioteca da Escola Naval


Boas Festa e um Feliz Ano de 2013
Carlos Manuel Baptista Valentim

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Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte, ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67:

Caro Camarada Carlos Vinhal Homem Grande da Tabanca
Com alegria desejo para ti e para os teus
Um bom Natal e
Um Bom Ano novo
Com Muita Alegria
Muita Paz
Muita Saúde
Muito Amor e
Guerra Nunca Mais

Igualmente os meus desejos de Bom Natal a todos os que fazem o grande favor de manterem o blogue de pé a funcionar. Era impensável um espaço a onde os abandonados, ou esquecidos, pudessem pensar em voz alta livremente, encontrar amigos de há 50 anos.
Isto não tem preço, para um antigo militar, foi uma dávida muito grande e generosa.
O generoso tem uma importância muito grande e estou certo tem a gratidão de todos nós.
O serviço que o blogue nos prestou, livre e sem qualquer encargo era impensável.

Mais uma vez obrigado Carlos
Um muito Grande abraço e tudo de bom
Ernesto Duarte
1965 / 1967
BC 1857 CC 1421
Mansabá – Oio – Morés

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Mensagem do nosso camarada Idálio Reis, ex-Alf Mil At Inf da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835 (Gandembel e Ponte Balana, Nova Lamego, 1968/69: 

Caro Vinhal
Os meus mais veementes desejos de Boas-Festas a todos os membros da Tertúlia, assim como a todos os seus mais queridos.

Um afectivo abraço do
Idálio Reis


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Mensagem do nosso camarada António Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69:

Desejo a todos os Tabanqueiros e em especial aos Editores do Blogue, um Feliz Natal com saúde na companhia de quem mais gostarem e uma boa passagem para 2013, apesar do bombardeamento diário das morteiradas que teem vindo a cair no nosso quotidiano.

Um grande abraço do
Antóvio Vaz
Ex- CMDT da CART 1746

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Mensagem do nosso camarada Victor Garcia,  ex-1º Cabo da CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71:

Para vós amigos Luís e Carlos, e para todos os Tabanqueiros.
Victor Garcia e família desejam-vos um Santo Natal cheio de harmonia e felicidade.
Que o próximo ano não seja tão doloroso.

Um abraço
Victor Garcia

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10856: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (8): Mensagens de Natal da Tertúlia (2)