Mostrar mensagens com a etiqueta Arquivo Histórico Militar. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Arquivo Histórico Militar. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16256: Nota de leitura (853): Notícias da safra de 18 de Junho na Feira da Ladra (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Junho de 2016:

Queridos amigos,

Se é certo e seguro que gosto de desencantar imagens de combatentes, na procura de que fiquem registadas no mais impressionante álbum fotográfico da guerra da Guiné, que é o nosso blogue, não escondo o desconforto destas fotografias e por vezes correspondência comprada pelos feirantes às famílias dos militares desaparecidos ou rejeitados por uma separação, por exemplo.

Sei que o assunto não tem solução, o Arquivo Histórico Militar tem feito apelos à recolha deste preciosíssimo acervo mas a insensibilidade pesa muito mais.

Naquele sábado gostei muito de me reencontrar com o envelope esverdeado da Agência Militar, foi ali que acabei os meus estudos, guardo as melhores recordações da camaradagem e ainda hoje sinto arrepios quando me lembro que saía da porta principal do Banco de Portugal a segurar um malão de couro com três milhões de contos, uma pistola à cintura, o 1.º Cabo Silva com outra mala e sempre a perguntar-me o que é que devíamos fazer se houvesse assalto à mão armada...

Um abraço do
Mário


Notícias da safra de 18 de Junho na Feira da Ladra

Beja Santos


Ainda não desisti de escrever longamente sobre a minha experiência como oficial na Agência Militar. Todos os dias úteis, tinha como uma das minhas obrigações era entrar num jipe aberto, com uma cobertura de lona, acompanhado por um 1.º Cabo que pegava pelo fuste uma G3, ele que nunca tinha dado um tiro depois da instrução, trazia uma mala de couro e ia até ao Banco de Portugal buscar de mil a três milhões de contos. A Agência era o Banco do Exército, pagava religiosamente as pensões aos familiares dos combatentes que vinham à rua D. Estefânia (é hoje uma igreja com um nome estranhíssimo) desciam uma escada de madeira sobre uma rampa e traziam um subscrito igual a este que encontrei na Feira da Ladra, era sempre esta cor, a importância variava, como é óbvio, de acordo com a patente do militar. Podíamos deixar dois terços na metrópole. Vezes sem conta imaginei-me apanhado num golpe de mão com largos milhões de contos, na rua do Comércio. Estes passeios diários eram também educativos: aprendi a comprar moedas comemorativas e a visitar cambistas; e apercebi-me de que havia um desenlace trágico no nosso sistema financeiro quando a partir do último trimestre de 1973 vi uma autêntica multidão a comprar e vender ações a preços irrealistas junto do Banco Totta & Açores, a polícia bem pretendia afugentar as pessoas, sem resultado. Estavam a vender as ações das empresas que apareceram falidas a seguir ao 25 de Abril.




Dois dos meus “fornecedores” combateram na Guiné. Do Eduardo Martinho, que esteve em Bissorã, e é amigo do nosso confrade Armando Pires, já aqui falei várias vezes. Tudo quanto é revista, mapa, publicação avulsa onde apareça a palavra Guiné, é religiosamente guardado para me surpreender, em situação alguma esqueço esta elevada prova de consideração. E quando não trago na bolsa algo sobre a Guiné é muito capaz de virem estudos sobre Fernando Pessoa ou aparentados.

O outro fornecedor combateu em Encheia, prefere o anonimato, está à espera que a ex-mulher lhe devolva o seu património de combatente, quer pôr tudo por miúdos, aceitou o convite que lhe fiz para falarmos da sua comissão. Compra espólios, o mesmo é dizer que traz tudo aquilo que as famílias não querem, incluindo álbuns de fotografias, peças de vestuário, penicos, tenho visto de tudo. Mostrou-me estas duas fotografias, indignado, para ele estas imagens não são comercializáveis.

José Martins Pereira aparece em pose em Bissau, a data é de 15 de Janeiro de 1965. Escreve no verso: “Zé, Como vês, continuo a estar magro mas da maneira que estou a comer espero engordar dentro em pouco. O edifício que vês ao fundo é o mais importante do quartel-general. É o Estado-Maior, sala de operações. Não tem elevador. A pistola está aqui porque tinha chegado de uma reportagem perto de Bissau e fora de Bissau anda tudo armado”. Assina com garatujado.

Temos agora a última fotografia, alguém que se assina “Belo”. No verso escreve-se Bigene e diz-se que é uma imagem do descanso da porrada. E solta-se um palavrão.



Trata-se de uma edição da Afrontamento, Setembro de 1974, trata-se da reedição de uma publicação clandestina policopiada. Diz-se na nota introdutória: compilação de textos significativos, procurando dar uma visão de conjunto sobre o colonialismo português e as guerras coloniais, com o intuito de fornecer um instrumento de trabalha para a luta anticolonial.

Luís Moita e Nuno Teotónio Pereira são dois dos editores, o que faz supor que era uma açã clandestina os católicos de vanguarda. O leitor encontra os seguintes dossiês: a expansão colonial portuguesa com o tratamento do comércio ao longo da costa, a partilha de África e a ocupação militar e um documento sobre a evolução da escravatura aos trabalhos forçados; o segundo dossiê tem a ver com dados coligidos pelos autores sobre trabalho forçado, dados sobre a saúde na Guiné nos anos 1950 e a saúde em Angola nos anos 1960, o ensino e a cultura, o racismo, o papel da igreja católica e o sistema económico; o terceiro caderno, seguramente o maior, tem a ver com a luta pela independência em Angola, Guiné e Moçambique; o quarto prende-se com solidariedade em torno das lutas de libertação, o quinto é dedicado às vítimas de guerra, o sexto perspetiva a luta nos anos seguintes e o sétimo documento comporta anexos, desde mapa cronológico à bibliografia.

Dá relevo às fases da ocupação portuguesa na Guiné entre 1878 e 1936, cita abundantemente passos de livros de Basil Davidson, Gérard Chaliand e relatórios de Amílcar Cabral. O livro tem aspetos muito melindrosos na medida em que apresenta nomes de militares e polícias de segurança política, designadamente em Angola, associados a crimes gravíssimos, trata-se da citação de um documento clandestino que teria sido elaborado por estudantes portugueses. O mapa cronológico dos acontecimentos ligados à guerra parece bem elaborado.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16241: Nota de leitura (852): Relendo uma obra soberba: Vindimas no Capim, por José Brás (2) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15739: Consultório militar do José Martins (17): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Histórico Militar

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 2 de Fevereiro de 2016:

Caros editores
Aqui envio mais um texto sobre Arquivos.
Vou ver o que existe sobre os outras ramos.

Abraço
José Martins

____________

Nota de editor

Último poste da série de 6 de fevereiro de 2016 28 de janeiro de 2016 Guiné 63/74 - P15680: Consultório militar do José Martins (16): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Geral do Exército

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15680: Consultório militar do José Martins (16): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Geral do Exército

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 16 de Janeiro de 2016:

Caros editores
Há dias o Luís pediu que se enviasse uma "prova de vida".
Aqui vai a minha prova "de vida" e "devida".

Abraço e bom fim de semana.
Zé Martins




************

 Em Tempo:

Mensagem do nosso camarada José Martins, com data de 5 de Fevereiro de 2015:

ADENDA

Quando em 15 de Janeiro passado escrevemos sobre o Arquivo Geral do Exército, cujo texto foi publicado no post P15680 “Consultório militar do José Martins (16): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Geral do Exército” com data de 28 de Janeiro de 2016, permiti-me sugerir que para Patrono do mesmo arquivo Fernão Lopes, cronista e primeiro Guarda-Mor da Torre do Tombo. Porém, e disso me penitencio, a Direcção de História e Cultura Militar tem essa figura das nossa história como seu Patrono, aliás, nas minhas notas existe esta mesma informação.
Como entretanto me tornei visita, mais ou menos assídua, do AGE, em conversa com alguns elementos do mesmo, nomeadamente o seu Subchefe, “veio à baila”, o nome de S. Félix e/ou Santo Adrião. Na realidade a Igreja do Convento de Chelas é de invocação destes dois santos.
Foi a esta igreja que, cerca do ano de 665, durante o reinado do Visigodo Recesvinto, foram confiadas as relíquias de S. Félix. De igual modo, foram entregues à mesma Igreja as relíquias de Santo Adrião e de sua mulher Santa Natália, no século IX, por Afonso III (O Magno), Rei de Leão e das Astúrias, quando tomou Lisboa aos mouros, notas que constam na Página do Exército, que me serviu de guia, com o endereço “http://www.exercito.pt/sites/ArqGEx/Infra-Estruturas/Paginas/2.aspx”.
No que respeita a S. Félix, constatei que existem vários santos com este nome, em várias épocas, mas a literatura consultada é muito sucinta sobre cada um dos santos visados.
Quanto a Santo Adrião, recolhi informação de que foi militar romano, que se converteu ao cristianismo, tendo sido martirizado e executado por decapitação.
Como figura militar, elevada posteriormente pelo exemplo, conversão e martírio à dignidade de santo, é apontado como o patrono dos “velhos militares”.
Ora, sendo o Arquivo Geral do Exército a Unidade em que são colocados os militares quando atingem a idade e completam a obrigação de serviço militar, talvez seja de ter estes factos em consideração.
Espero em breve escrever mais um texto para a série “Patronos e Padroeiros das Forças Armadas e de Segurança”, revelando o Patrono do Arquivo Geral do Exército que, após proposta a apresentar por quem de direito, o Chefe do Estado-Maior do Exercito não deixará de aprovar e mandar publicar em Ordem do Exército.

José Marcelino Martins
5 de Fevereiro de 2016
____________

Nota do editor

Último poste da série de30 de outubro de 2015 Guiné 63/74 - P15306: Consultório militar do José Martins (15): Tabela de vencimentos auferidos (em 1963 e em 1965) pelos militares que cumpriam a sua comissão de serviço mas províncias ultramarinas

terça-feira, 21 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14908: Consultório militar de José Martins (14): Restrições à consulta dos processos de casos disciplinares / justiça militar


O nosso colaborador permanente José Martins no seu escritório em 2006. É um homem organizado, metódico, persistente e um camarada generoso... Foi revisor oficial de contas noutra encarnação. Perguntem-lhe qualquer coisa sobre a vossa história militar, que ele responde... Responde sempre, mesmo que não seja logo, porque são ínvios os caminhos dos arquivos... (LG)


1. Pedido, com data de 17/6/2015 (*):

Zé Martins: Será que os processos de justiça militar existem em arquivo, e nomeadamente no Arquico Histórico-Militar ? E será que podem ser consultados, mesmo com restrições ? Haverá estatísticas sobre a justiça militar no tempo da guerra colonial ?

Vê se me sabes responder... É um pedido para o teu "consultório militar"... 

Um alfabravo. Luis

2. Resposta:

Enviado: terça-feira, 14 de Julho de 2015 23:23

 Viva,  Luis

Só hoje fui ao AHM para consultar alguns documentos:

(i) o pedido do Ley Garcia (**), que tentei aprofundar mais, mas sem resultado;
(ii) uma pesquisa sobre um Cirurgião Militar, que esteve em Leiria no inicio do século XX, no Hospital Militar;

(iii) pesquisa sobre um tia-avô da minha mulher;

(iv) caso dos Processos Disciplinares.

Conclusão: estão no AHM, mas não podem ser consultados se:

(i) se tiverem matéria criminal ou que ponha em causa o bom nome do indivíduo;

(ii) que ainda não tenham decorridos 50 anos após a morte do réu;

(iii) que sejam descendentes do próprio.

Eu próprio deixei, à condição, um pedido para consultar um processo transitado em julgado em Maio de 1923, dum tio. Após de me perguntarem se o réu ainda era vivo (foi há 92 anos), se a esposa era viva ou se tinha filhos, aceitaram o pedido porque, na prática, lhes disse a data do julgamento, o tribunal, o "crime" de que era acusado e a sentença aplicada, assim como a data de execução da mesma.

Resultado: Ainda é TABU.
Abraço
Zé Martins

Guiné 63/74 - P14907: Consultório militar de José Martins (13): Quem procura sempre alcança: aqui vai, camarada Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da LC: o camarada que o Manuel da Conceição Neves, que vive em França, procura, é o ex-1º cabo radiomontador Manuel Avelino Marques Ferreira, EREC 693 (Bafatá, 1964/66)

I. Mensagem de ontem do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Camarigos:

É com grato prazer que respondo a questão formulada pelo nosso camarada Ley Garcia, a quem é enviada também, através da resposta hoje recebida do Arquivo Geral do Exército.

O Manuel Neves já pode tentar encontar o seu amigo.

Numa pesquisa efectuada na Net não encontrei qualquer referência ao "procurado".

Abraço para todos,
Zé Martins

PS - Mais um "caso" resolvido. Que venham mais. Estamos cá para isso. Tenho que revelar que, quer o AGE [Arquivo Geral do Exército] quer o AHM [Arquivo Histórico Militar], me têm ajudado a resolver muitas questões e, sobretudo, pedidos. (*)


II.  Historial (abreviado) da consulta:

(i) Pedido do Ley Garcia [, Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes ]:

Liga Leiria <leiriliga@gmail.com>
Data: 2 de junho de 2015 às 15:28
Assunto: Procura camarada da Guiné

Bom dia caro Luís Graça e camaradas da Guiné,

Um sócio nosso, Manuel Conceição Neves, nº 1049/64, procura um camarada do tempo da Guiné que esteve nos anos 1964 a 1966 em Bafatá, no Esquadrão de Cavalaria 8 - 693.

Não se recorda do nome, mas trata-se do 1º Cabo 1048/64, Rádio Montador que era da Anadia ou de Cantanhede (Ourives). Se por acaso conseguir identificá-lo e obter o contacto, agradecemos.

Um abraço
Ley Garcia
(Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e participo nalguns convívios da Tabanca do Centro) 


(ii) Mail do Zé Martins de 12 do corrente:

Caríssimos

Conforme prometido, estive ontem do Arquivo Histórico Militar, para analisar a História do Esquadrão de Cavalaria nº 693. a que pertenceu o nosso camarada Manuel da Conceição Neves.

Esperava encontrar a listagem de todos os elementos que a compunham, o que não sucedeu, visto na pasta estarem apenas: 9 (nove) páginas sobre situação de material, instalações e informações variadas; 4 (quatro) páginas sobre Baixas, Punições, Louvores e Condecorações; 2 (duas) páginas de operações, mas da autoria do Agrupamento 24.

Não havendo listagens dos elementos ou a listagem de atribuição da Medalha das Campanhas, que seria a alternativa, solicitamos o processo do BCaç 506, Batalhão a que o Esquadrão ficou adido operacionalmente.

Poderia ser que no processo, caso houvesse, que tivesse transcrito o nome dos elementos. Infelizmente não existe História da Unidade. Apenas existe correspondência do Batalhão com outras entidades.

Resta solicitar aos editores a publicação de um apelo, para ver se aparece alguém desta Unidade ou, de um dos batalhões a que esteve ligado operacionalmente, já que, é muito provável que o Rádiomontador do EREC 693, prestasse serviço nas oficinas rádio do mesmo.

Infelizmente são as noticias que tenho.

Abraço
Zé Martins


(iii) Pedido do Zé Martins, de 14 do corrente,  ao Arquivo Geral do Exército (AGE):

Data: 14 Jul 2015 22:37:21 +0100

De: JOSEsmmartins@sapo.pt
Assunto: Consulta de identidade
Para: arqgex@mail.exercito.pt

Exmº Senhor Director

Um conterrâneo meu, residente em França, e combatente na Guiné integrado no Esquadrão de Reconhecimento nº 693, de nome Manuel Conceição Neves e com o número de identificação 1049/64.

O meu amigo pretendia saber o nome do seu camarada de Esquadrão, 1º Cabo Rádio Montador com o nº 1048/64, pois não se recorda do nome, e gostava de o visitar na próxima vinda a Portugal.

Consultei a História da Unidade no Arquivo Histórico Militar, mas a mesma não tem qualquer relação nominal dos militares que a constituíram, assim como não há referências à relação do pessoal deste Esquadrão, nas HU dos batalhões de que esteve dependente.

Suponho que a hipótese que se coloca é a de consultar as Ordens de Serviço do Esquadrão de Reconhecimento nº 693, pois lá deverá constar a listagem de militares apresentados e a passagem à disponibilidade, pelo que solicito o obséquio de mandar proceder a esta pesquisa ou, em alternativa, autorizar-me a consultar as referidas ordens de serviço.

Aguardando as v/ notícias, apresento os meus cumprimentos
José da Silva Marcelino Martins


(iv) Resposta do Arquivo Geral do Exército:

N/Referência: E-mail N.º 066@/P165/SDG/AGE de 20 de julho de 2015.
S/Referência: E-mail de 14 de julho de 2015.

Exmo. Sr. José da Silva Marcelino Martins (JOSEsmmartins@sapo.pt)

1. Através do Sr.º José da Silva Marcelino Martins foi pedido para o Sr. Manuel da Conceição Neves o nome de um seu camarada que tinha o número 1048/64, o qual foi identificado como sendo o 1.º CABO MANUEL AVELINO MARQUES FERREIRA.

2. Mais informa este Arquivo que não dispomos de moradas de antigos combatentes e que a informação aqui prestada tenha como destino, unicamente e exclusivamente, o Sr. Manuel da Conceição Neves que fez parte da Esquadrão de Reconhecimento N.º 693.

Com os melhores cumprimentos,
O Chefe em Exercício de Funções
Marcelo Hernâni de Teves Borges
Maj SGE
__________________

Notas do editor:

Último poste da série > 10 de dezembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P14000: Consultório militar de José Martins (12): Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal

sábado, 18 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13757: Consultório militar, de José Martins (5): Processo do cap mil inf Rui Romero, no Arquivo Histórico Militar.... Algumas "dicas" para a Ana Romero



Fonte: CECA, vol 8



Fonte: CECA, vol 7



1. Mensagem do José Marcelino Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5,  Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70; TOC - Técnico Oficial de Contas, reformado, residente em Odivelas] [, foto atual à esquerda]

Data: 13 de Outubro de 2014 às 18:25

Assunto: Processo do cap mil inf Rui Romero

Caríssima Ana:

Sou um dos colaboradores do blogue e, por "imposição" do Administrador, com o pelouro do "Consultório Militar".

Estou de posse dos elementos essenciais, que o Luís Graça me remeteu, com o pedido de enviar elementos sobre a forma de consultar o processo militar do seu pai. (*)

Como oficial, o processo está à guarda do Arquivo Histórico Militar mas, no caso do seu avô, está à guarda do Arquivo Geral do Exército que tem os processos de sargentos e praças.

Como os processos não estão acessíveis a uma visita inopinada, deverá 
Cap mil inf Rui Romero
 (1934-1966)
contactar o AHM por mail [ahm@mail.exercito.pt] a solicitar a consulta do processo do seu pai. Posteriormente será avisada, pela mesma via, quando estiver à disposição para consulta.

Será na Sala de Leitura,  no Largo dos Caminhos-de-ferro, nº 2, em Lisboa (Museu Militar, entrada pelo lado de Santa Apolónia). Será identificada à entrada. Peça ao soldado que a encaminhe para a sala.

No pedido deve constar o nome do pai, posto, número, para identificação do processo.
Em anexo segue um resumo da história da Companhia [, a CCAÇ 1565,] e o que consta sobre o falecimento do seu pai.

Sinceramente não sei o que poderá encontrar nesse processo. Já consultei mais de dez processos (correspondentes a cinco gerações da minha família) e todos se apresentavam de forma diferente. Uns mais completos que outros.

Falou na consulta da certidão de óbito do seu pai. É provável que esteja no processo, o original ou cópia (ainda não havia fotocópias), mas também pode estar apenso ao Processo de Acidente em Serviço que, provavelmente, não estará apenso.

Poderá solicitar cópia dos documentos que achar conveniente, em suporte papel ou digital, tendo, para isso, de suportar os custos em vigor nos serviços públicos.

Permito-me sugerir-lhe que não coloque s sua expectativa muito alta, apesar de considerar que "está ansiosa por pegar o processo". A causa pode ser mais que suficiente para que "tenha havido muito cuidado a tratar do assunto" e não haver documentação muito esclarecedora.

Receba as minhas saudações "paternais", colocando-me a sua disposição para o que poder ajudar nesta sua cruzada.

José Martins (**)
_________________

Notas do editor:

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10462: Notas de leitura (413): "História da Guiné, Portugueses e Africanos na Senegâmbia, 1841-1936", por René Pélissier (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Agosto de 2012:

Queridos amigos,
Continuamos à volta da história da Guiné, de René Pélissier, seguramente uma das obras incontornáveis para o estudo da Guiné entre 1841 e 1936.
Importa esclarecer que há muitíssimo pouco acerca do período pré-colonial (a grande exceção é a tese de doutoramento de Carlos Lopes intitulada “Kaabunké, Espaço, território e poder na Guiné-Bissau, Gâmbia e Casamance pré-coloniais”, de que falaremos oportunamente), segue-se a história da Guiné de João Barreto (muito ultrapassada), a história da Guiné portuguesa de Teixeira da Mota (obra fundamental), temos depois René Pélissier e haverá que ter em conta os trabalhos de António Duarte Silva e a guerra da Guiné propriamente dita em que o livro do coronel Fernando Policarpo é indispensável.

Um abraço do
Mário


A história da Guiné por René Pélissier (2)

Beja Santos

René Pélissier é seguramente, tal como Teixeira da Mota, a referência obrigatória para o estudo da história da Guiné, no período colonial. É patente que o século XIX foi de grande turbulência: ficou esclarecida a dimensão do território, confinado a uma fração do que fora a Guiné de Cabo Verde dos séculos XVI-XVII, que começava na foz do Senegal e ia até à Serra Leoa; na primeira metade do século, portugueses e lusitanizados vivem junto aos rios, em tensões com as populações nativas e a presença de outros concorrentes estrangeiros; a perda do tráfico negreiro irá alterar a atividade comercial; todo o trabalho de interiorização irá custar sucessivas campanhas que se prolongarão até 1936. Como é óbvio, ainda há outros factos a anotar, como é o caso da separação completa da Guiné de Cabo Verde, a despeito de metade dos funcionários administrativos serem provenientes do arquipélago.

As insurreições à volta de Bissau são uma constante, ainda na primeira metade do século XIX; mas também em Cacheu e mais esporadicamente no Geba. O autor documenta rigorosamente todos estes conflitos, hostilidades e insubordinações, deixa bem claro como é frágil e poroso o domínio territorial. Por vezes, os contingentes militares têm que pedir auxílio às forças estrangeiras.

“À imagem das suas superfícies contraditórias e imaginárias, a Guiné de Cabo Verde, antes de 1879, é o império das incertezas. Incertezas não só na sua extensão, mas na sua própria existência. Como, efetivamente, conservar feitorias que se esboroam e cuja vida económica está dependente, exclusivamente do estrangeiro, a sobrevivência política dos socorros pedidos ao exterior e a identidade de uma crioulização de geometria variável?”. A tão inquietante pergunta procura responder o historiador. Queixa-se da falta de documentação, mas é possível identificar os vários nomes de maior influência história: Caetano José Nosolini e Honório Pereira Barreto, não se poderá entender a diplomacia a apagar fogos juntos dos grumetes de Bissau e de Farim, a travar as perturbações no Geba, nos conflitos internacionais que vão envolver Bolama e a região do Casamansa, a intervenção francesa em Bissau, o florescimento do amendoim no rio Grande de Buba, sem a atividade destes dois proprietários, que muito provavelmente tiveram comércio negreiro. A segunda metade do século XIX, eles vão estar presentes no combate às perturbações, de Norte a Sul da colónia, e fazendo frente à avidez de franceses e britânicos. Até agora acantonados à volta de Bissau, Cacheu e Geba, os portugueses lançam-se no Geba e hasteiam bandeira em Bambadinca, Fá e Ganjarra, isto a um tempo em que os Papéis se vão sublevar no Norte e que surge outro fenómeno inquietante que as autoridades portuguesas não têm capacidade para controlar, as invasões Fulas no Gabu (a grande batalha de Kansala ou Cam-sala terá ocorrido em 1864 e representa a perda de poder dos Mandingas a favor dos Fulas.

Entrou-se assim num período de ameaças estrangeiras, da exploração económica do Rio Grande de Buba (comércio do amendoim), de expedições contra os Papéis do Norte e de uma clarificação dos estabelecimentos portugueses. Em 30 de Dezembro de 1878 ocorre o desastre de Bolor, uma significativa derrota do exército na Guiné e em que os vencedores são os Felupes de Jufunco. Em 18 de Março de 1879 o distrito da Guiné será desafetado da província de Cabo Verde. Dali em diante, a Guiné torna-se numa verdadeira província com um governador totalmente independente do governador-geral na Praia. A lição tirada do desastre de Bolor é de que as autoridades têm mesmo de avançar e ocupar território. O autor recorda que em 468 meses (1845-1878) o Exército e a Marinha portugueses combateram pelo menos 9 vezes, não tendo aí resultado o domínio do território. Se até agora o importante era manter a alfândega, a ideia de ocupação é um princípio vital, segue-se um período em que a Guiné está permanentemente em armas. Já não chega as concentrações comerciais em Ziguinchor, Cacheu, Farim, Bissau, Geba e Bolama, a fronteira francesa parece querer asfixiar tudo. Enviam-se destacamentos para os Bijagós, para o Rio Grande de Buba, para o Geba e mais acima, no Casamansa. A despeito desta ofensiva, da procura de ganhar posições no Sul da Guiné, haverá uma vitória dos Beafadas contra os portugueses em Jabadá, os incidentes franco-portugueses no Casamansa será uma constante e é neste período que ganha notoriedade o alferes Marques Geraldes, um militar que terá sido o primeiro a percorrer a Guiné desde o centro até ao Casamansa, praticamente sozinho, o que lhe granjeará um enorme prestígio. Ao tempo surge um problema inesperado na fronteira do antigo Gabu, ocupado pelos Fulas-Pretos. Um insurgente, Mussa Molo, começa a praticar razias junto dos Beafadas, toda a região do Geba vai entrar em convulsão. É por esta época também que a região do Cuor passa a ter importância dado que aqui se assegura ou se corta o trânsito com Bissau.

E ao tempo em que se celebra a Convenção Luso-Francesa de delimitação de fronteiras (Maio de 1886) que as forças militares espadeiram em todo o território: no Rio Grande de Buba, no Cubisseque, junto ao Casamansa, no Mansomine. Portugal terá cedido à França o Casamansa para obter apoio ao projeto da imensa faixa inter-oceânica entre Angola e Moçambique. Como observa Pélissier, em troca daquilo que nada lhe custa (a concessão a Portugal da sua liberdade de ação na África centro-austral), a França vai engolir as duas margens do Casamansa e levar as suas posições até à proximidade do rio Cacine. Concretamente, a Guiné portuguesa perdeu profundidade continental. Após um período de vitórias, a que se pode associar o nome de Marques Geraldes, entra-se numa fase que Pélissier classifica de anos medíocres, a Guiné é no essencial uma colónia fluvial.

Começa um novo período, que se estenderá até 1908, prosseguem as campanhas, na maioria dos casos bastante tímidas, deu-se a liberalização alfandegária, previram-se grandes sociedades interessadas em explorar a Guiné, falou-se em capitalistas franceses (caso do conde de Butler) e de um consócio ítalo-português, envolvendo o marquês de Liveri de Valdausa e António da Silva Gouveia, facto é que se irá criar a Companhia de Comércio e Exploração da Guiné, a Casa Gouveia que só se extinguirá em 1974.

Prosseguem à guerras à volta de Bissau, os papéis estão mais renhidos do que nunca, e Mussa Molo continua a ser uma dor de cabeça sobretudo no Gabu e em Pachisse. Em 1895 consegue-se obter uma posição no Forria. Dá-se uma inversão da preponderância dos franceses no negócio do amendoim, os alemães continuam muito ativos. O imposto de palhota continua a ser praticado em Farim. Aos poucos, sente-se que as populações nativas estão cansadas de se revoltar contra os portugueses mas é exatamente neste período que começam as guerras luso-mandingas, que se estendem de Farim, passando pelo Oio, até ao Geba. A Pax Lusitana, a despeito de um estado latente de insubmissões e guerras de fisco, é quase uma realidade.

(Continua)



____________

Nota de CV:

Vd. poste de 28 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10447: Notas de leitura (412): "História da Guiné, Portugueses e Africanos na Senegâmbia, 1841-1936", por René Pélissier (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10189: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (14): Dos planos de evacuação do território aos graves acontecimentos de Bissorã, em junho de 1974 (Paulo Reis, jornalista, freelancer / Luís Gonçalves Vaz)



A. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Luís Vaz [, foto à direita]:

Data: 28 de Junho de 2012 23:19
Assunto: Sobre os "Planos de Evacuação da Guiné" (Abril/Outubro de 1974)



Caros camarigos.


Para vosso conhecimento:


In: http://guineidade.blogs.sapo.pt/8234.html;


Luís Vaz

B. Reprodução, com a devida vénia, do poste publicado no blogue do nosso camigo e grã-tabanqueiro Leopoldo Amado, Guineidade (que, embora disponível na Web, já não é atualizado desde setembro de 2006):

Quarta-feira, 7 de Junho de 2006 > Ainda sobre a descolonização da Guiné-Bissau: uma esclarecedora carta de Paulo Reis

Caro professor Leopoldo Amado:

Li a sua exposição com muito interesse. E aproveito para salientar alguns aspectos curiosos.

1 - Os acordos de Argel são assinados em 26 de Agosto de 1974, certo? Ora nos documentos que encontrei no AHM [, Arquivo Histórico-Militar,] há referências concretas a um 'Planeamento de redução de efectivos' já em curso em Julho de 1974, que incluiu a desocupação das localidades de Pirada, Bajocunda, Piche e Paunca;

2 - O documento mais completo que encontrei, até agora, é também anterior a 26 de Agosto e nele se utiliza a expressão 'Plano de Evacuação'(4AGO74);

Portanto, a ideia que tenho, neste momento, e baseado nos dados que coligi é a de que o processo de retracção do dispositivo militar português se iniciou e processou, numa primeira fase, completamente à revelia das negociações/instruções resultantes dos encontros de Lisboa, entre o Governo Português e o PAIGC.

Pelos dados que me adianta – nomeadamente os encontros de Cantanhez – julgo que isso terá servido para enquadrar o tal plano de evacuação. Ou seja, tanto a iniciativa política como militar, da parte portuguesa, parece não ter existido e ter andado a reboque das exigências do PAIGC.

Encontrei documentação da 2ª Rep interessante, onde se fala dos problemas de disciplina das unidades do exército português e das dificuldades em fazer a simples rotação de efectivos, já prevista há muito tempo. A partir de certo momento, a própria cadeia de comando estaria em risco, uma vez que os soldados portugueses só queriam ir para Bissau e embarcar para a Metrópole.

A ponto de em Junho de 1974, tropas do PAIGC terem entrado em Bissorã, a propósito de confraternizar. Depois de algumas cervejas, com os soldados portugueses, espalharam-se pela vila e capturaram o Cabá Santiago, um chefe de milícia muito conhecido, desertor do PAIGC, o Bajeba e o Sitafa Camará (ou Quebá), ambos chefes de milícia. Levaram-nos e fuzilaram-nos sem que as forças portuguesas reagissem, de acordo com o testemunho de habitantes locais e soldados portugueses.

Como lhe disse, ainda estou a 'arranhar' a documentação do AHM e pretendo ir mais longe – porque tenho a certeza que haverá outros arquivos (no própria Estado Maior do Exército e talvez na CECA) (*) de documentação do QG do CTIG. Não é possível que a documentação do Quartel General do Comando Independente da Guiné Bissau se resuma à que está nos arquivos do AHM.

Resumindo: é óbvio que a retirada militar foi feita como o PAIGC quis – ou melhor 'sugeriu' – em Cantanhez, que essa retirada já estava em curso em Julho de 74 e que o Governo português se limitou a dar o seu sim a uma situação que já existia, de facto. E que já não tinha capacidade militar para alterar, o que era do conhecimento de ambos os lados.

Por outro lado, já na altura no poder em Portugal se dividia, com Mário Soares e Almeida Santos a serem ultrapassados pelas estruturas do MFA, com Spínola em confronto directo com os sectores mais radicais e Fabião e Spínola em rota de colisão. Enfim...

Procurarei fazer uma listagem mais detalhada e descritiva da documentação com que me tenho cruzado. Uma vez que tenciono pedir cópias de muita dessa documentação, poderemos combinar um encontro, mais tarde, e terei todo o prazer em fornecer-lhe cópias daquilo que for útil.

Para já, na segunda-feira irei pedir cópias do tal 'Plano de Evacuação' e da listagem intitulada 'Desocupação de localidades' . São os documentos mais explícitos que encontrei, reveladores de um plano de retracção das forças militares portuguesas, mas que não fazem uma única referência ao PAIGC, aos encontros de Cantanhez, ou a qualquer outro aspecto político. Se estiver interessado em ter cópia desta documentação, para já, diga-me. Não sei quanto tempo eles demoram a fazê-lo, no AHM, mas logo que os tiver basta combinarmos e entregar-lhe-ei uma cópia.

Agradeço-lhe a gentileza sobre os contactos do lado do PAIGC. O único que consegui até agora, foi o do comandante Lúcio Soares, de que tenho o nº de telefone na Guiné. Mas nesta primeira fase, a hipótese de uma deslocação minha à Guiné ainda é apenas uma hipótese. Este trabalho de investigação está a ser feito à minha custa, sem qualquer financiamento. Só depois de concluída a fase da recolha de depoimentos e documentação disponíveis em Portugal é que me poderei abalançar a tentar obter financiamentos para uma deslocação à Guiné-Bissau, a fim de fechar o círculo desta História.

Com os meus melhores cumprimentos,

Paulo Reis

(Jornalista/investigador português)

2. Comentário de L.G.:

O autor da mensagem, dirigida ao Leopoldo Amada, era (é) membro da nossa Tabanca Grande desde meados de 2006. Aliás, ele continua a receber a correspondência (interna) da Tabanca Grande, embora não  nos  dê quaisquer notícias. Em junho de 2006, o Paulo Reis quando nos contactou andava a fazer um trabalho de investigação sobre os comandos africanos. O que levou, naturalmente, ao Arquivo Histórico-Militar. Nessa altura colaborou no nosso blogue com um texto sobre a retração das nossas tropas, a seguir ao 25 de abril de 1974.

Desse texto só se publicou uma primeira parte (**). Possivelmente, por alteração do respetivo endereço de email, perdemos o seu contacto. Não sei se ele chegou a terminar o seu trabalho sobre os comandos africanos.  Possivelmente não, por falta de financiamento. Encontrei o seu rasto na rede LinkedIn, com morada em Macau [.vd.. foto acima].

Tem um "site" em inglês, com o título Madeleine McCann Disappearence. Gostavamos que ele nos voltasse a contactar, até para saber do seu prometido livro sobre os comandos africanos. Também gostaríamos de saber pormenores sobre os graves  acontecimentos ocorridos em Bissorã, em junho de 1974, em que elementos do PAIGC, iludindo a boa fé dos militares portugueses, terão raptado e depois fuzilado chefes das milícias locais. Tem um novo endereço de email.
__________________


Notas do editor:

(*) CECA = Comissão para o Estudo das Campanhas de África. Direcção de História e Cultura Militar.  Repartição de Documentação e Bibliotecas. Estado Maior do Exército.

(**) 9 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P858: Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I Parte (Paulo Reis)

Texto do Paulo Reis, jornalista freelancer que está a fazer um trabalho de investigação sobre os comandos africanos, e membro da nossa tertúlia:

Caros tertulianos:

Tenho andado a analisar documentação diversa sobre a guerra da Guiné, no Arquivo Histórico Militar. Enconteri alguma informação que poderá ser do interesse de muitos de vocês, embora não esteja relacionada directamente com o tema que estou a investigar - os Comandos Africanos. Enviei este conjunto de info's ao Luís Graça, caso ele considere de interesse, a sua publicação no blogue. Aproveito para vos enviar o mesmo texto, pode ser que tenha também algum interesse para vocês. Com os meus melhores cumprimentos. Paulo Reis, jornalista. Telemóvel > 918627929

Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I

O material disponível, no Arquivo Histórico Militar, é escasso e a sua classificação ainda não está completa. No entanto, consegui encontrar algumas informações sobre a maneira como se processou a retirada das tropas portuguesas e o desmantelamento nas unidades de recrutamento local, nos arquivos do CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné). A documentação é, como disse, escassa e dispersa, com muitas lacunas. Assim, num despacho (nº5054/B/74) de 4AGO74, assinado pelo Comdt Militar e Adjunto-Operacional, Brigadeiro Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo, escreve-se:

“Por determinação do Brig. Comdt. Chefe:

"a. Serão extintos todos os Pel Caç Nat [Pelotões de Caçadores Nativos] com excepção daqueles que por serem as únicas forças que guarneçam uma determinada localidade não seja aconselhável extinguir.

"b. As praças da PU (#) dos Pel extintos reverterão para a CCAC da PU mais próxima.

"c. Os graduados e as praças europeias dos Pel Caç Nat extintos serão aproveitados para recompletamentos".


Uma circular (nº 2012/C) da 3ª Repartição do QG, datada de 5AGO74 e assinada pelo Chefe de Estado Maior Interino, António Hermínio de Sousa Monteny (Ten Cor do CEM), remete para ordens do Brig Comdt Chefe, segundo as quais deveriam ser “desde já desactivados os seguintes Pel Art [Pelotões de Artilharia], sendo a situação do pessoal e do material definidos por determinação administrativo-logística a emanar pelas repartições competentes”.

A lista dos Pel Art a desactivar é a seguinte:

1º Pel Art - Cacine
5º Pel Art - Bissau
15º Pel Art - Bissau
25º Pel Art - S. Domingos
28º Pel Art - Piche
31º Pel Art - Bajocunda
33º Pel Art - Ingoré
Pel Art Ev - Binta

Em documentos dispersos, sem sequência, encontrei algumas referências a CCAÇ [Companhias de Caçadores] a desmantelar ou desmanteladas. Assim, num documento intitulado “Planeamento de redução de efectivos – alteração nº 1 (23 Julho de 74 – assinado pelo chefe da 3ª Rep, Mário Martins Pinto de Almeida, Tem Cor CEM, doc. Nº 558/INF/C) refere-se a “desocupação das localidades de Pirada, Bajocunda, Piche e Paunca (?). A CCAÇ 11 será desactivada em virtude da passagem à disponibilidade de grande parte dos efectivos”.

O documento mais completo data de 20 de Agosto (de recordar que o Acordo de Argel foi assinado a 26 de Agosto de 1974) e consiste numa acta de reunião das chefias militares e do Brig Comdt Chefe, onde é definido o "Plano de Evacuação". O oficial relator é identificado apenas como Fernando José Pinto Simões. A reunião terá sido realizada alguns dias antes, no dia 15 de Agosto. A data de 20 de Agosto é a data de registo de saída do documento, com carimbo da Repartição de Operações.

No texto refere-se, entre outras coisas, que “todas as tropas africanas têm que estar pagas até 31AGO, incluindo as que estão em Bissau”. Esse pagamento, como se refere mais adiante abrange os meses até 31DEZ74.

Outra nota diz respeito às CCAÇ Africanas: “O pessoal europeu pertencente às CACÇ Africanas vai para o Depósito de Adidos até à liquidação das contas”. Nessa mesma reunião é nomeada uma Comissão de Transportes, para coordenar a retirada e transporte para Portugal, presidida pelo Cor Tir CEM Santos Pinto.

Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comdt Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado Maior Henrique M. Gonçalves Vaz, Ten Cor CEM.

Paulo Reis, Jornalista (Cart Prof nº 734),
Telemóvel > 918 62 79 29

Nota de P.R.:

(#) Ignoro o que PU, neste contexto, possa significar. Elementos do AHM adiantaram-me duas hipóteses: Polícia de Unidade (pouco provável, dizem) ou Província Ultramarina (mais provável...)

(***) Útimo poste da série > maio de 2012 > 13 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9892: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (10): Em Bambadinca, em agosto de 1974, eu (e outros camaradas) fui sequestrado, feito refém e ameaçado de fuzilamento por militares guineenses das NT... Cerca de 40 horas depois, o brig Carlos Fabião veio de helicóptero com duas malas cheias de dinheiro, e acabou com o nosso pesadelo (Fernando Gaspar, ex-Fur Mil Mec Arm, CCS/BCAÇ 4518, 1973/74)

sábado, 17 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9619: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (6): A propósito da autenticidade da ata da reunião de Cacine, de 29 de julho de 1974, entre uma delegação das NT e um delegação do PAIGC, onde se decidiu da sorte dos nossos camaradas guineenses (António J. Pereira da Costa)

1. Texto de António J. Pereira da Costa [, Tozé, para os camarigos,], elaborado a pedido dos editores. Tem data de 14 do corrente, e é relativo ao assunto versado no poste P9602 (*):

Camaradas (**):


Este documento parece-me o rascunho da acta da reunião [, em Cacine, entre uma delegação portuguesa chefiada pelo brig grad Carlos Fabião e uma delegação do PAIGC]. Parece-me ser "autêntico", isto é, produzido em 29 de julho de 19744. Não estando assinado, é difícil ir mais longe.

Como nele se vê, são tratados diversos temas e não apenas a questão do Batalhão de Comandos Africanos.


O PAIGC parece querer assumir o controlo do Batalhão e saber, de antemão, que a FLING não é nada mas interessa-lhe que ela seja qualquer coisa...

É evidente o clima de desconfiança reinante no Batalhão. Uns ainda pensavam que o PAIGC estaria disposto a integrá-los na sociedade e a esquecer o sucedido. Daí a referência aos cursos de formação profissional acelerada (impossíveis, como se sabe). Outros adivinhavam que isso não sucederia e que maus tempos estavam para chegar.


O PAICG assume realmente que alguns elementos do Batalhão eram socialmente irrecuperáveis. Para além do Marcelino [da Mata] (***) [, aqui, à esquerda, em foto do nosso camarigo José Casimiro Carvalho],  não há mais nomes, talvez porque tinha havido uma reunião como os oficiais do BCmds e o Partido não se quereria referir a eles abertamente.

Contudo, como se vê, não há a menor intenção do PAIGC de que os constituintes do BCmds fossem considerados como portugueses, o que implicaria a sua expulsão imediata do país e, mais que provável, perda de nacionalidade.

Por mim, e doa a quem doer, o PAIGC agiu de má fé. Ao pretender desarmar o BCmds queria simplesmente anular uma muito possível rebelião (muito sangrenta, mas destinada ao fracasso), atitude que se pode considerar como normal numa força política que ascende ao poder, descobrindo que agora é que os seus problemas iam começar, a sério.

Numa segunda fase trataria - como o fez - de os eliminar, social ou mesmo fisicamente. Não creio que "a população" estivesse interessada em hostilizar ou maltratar o pessoal do BCmds. A generalidade da população tinha mais em que pensar do que andar à "caça ao comando". Só excepcionalmente poderiam surgir situações de violência entre elementos do BCmds e pequenos grupos ou elementos isolados da população.

Para mim, esta foi uma consequência (sempre previsível) da "guineização da guerra". Em qualquer situação semelhante, há sempre uma boa parte da população de um país que está na oposição à força vencedora, ou porque "colaborou com o inimigo" ou "recebeu apoio dele". São os vencidos das guerras civis ou os colaboracionistas. Mesmo quando há uma "reconciliação" (e tantas tem havido), há sempre "dificuldades de integração" que a historiografia normalmente esquece, por não merecer investigação e ter pouco valor como tema para a literatura...

Finalmente acho estranhíssimo que este documento tenha sido encontrado no emissor da Buraca da Rádio Renascença [, dinamitado por forças da CCP 121, em 7 de novembro de 1975]. Como terá ele ido lá parar? Com que fim? Simples curiosidade do possuidor que, depois, sentiu os dedos a queimar e largou? Foi bom que não se tenha perdido. Creio que o AHM [, Arquivo Histórico Militar,] deverá ser depositário deste e doutros documentos similares que por aí andam.

Quando penso na quantidade de arquivos das companhias e batalhões que hoje não conseguimos localizar, pergunto-me para onde poderão ter ido. Posso admitir que a documentação das ultimas unidades se possa ter "perdido" ou ter sido elaborada com muito menos cuidado, mas relativamente às mais antigas, não entendo. De posse dessa documentação poderíamos desenvolver estudos que nos permitiriam reconstituir coisas tão complexas como a evolução táctica no "nosso" sector. Enfim procuremos...

Um Abraço e peço desculpa por me ter alargado
António José Pereira da Costa

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de março de 2012 >
Guiné 63/74 - P9602: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (4): Documentação referente a negociações entre Portugal e o PAIGC com vista à desmobilização das tropas africanas que combateram por Portugal (Carlos Filipe)

(**) Último poste da série > 15 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9612: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (5): Lista de oficiais CEM do QG do CTIG (Luís Gonçalves Vaz)

(***) De acordo com Carlos Fabião no seu depoimento sobre a descolonização da Guiné, de 11 de abril de 2002, no âmbito dos Estudos Gerais da Arrábida, Marcelino da Mata, embora comando, não pertencia formal ou organicamente ao Batalhão de Comandos Africanos (Fabião refere-se a dois BCmds, certamente por lapso, ao julgamos saber): 

(...) Manuel de Lucena: Portanto, as milícias viviam no seio das populações. Mas Spínola também fez comandos especiais negros.

Carlos Fabião: Sim, sim, mas esses comandos é uma coisa à parte. Tropas africanas havia: primeiro a guarnição normal, eram quatro companhias de caçadores. Tudo o resto era reforço. Tínhamos quatro companhias de caçadores normais. Tínhamos dois batalhões de
comandos africanos, tínhamos uma bateria de artilharia.

Manuel de Lucena: Os dois batalhões de comandos africanos eram tropa especial?


Coronel Fabião: Tropa especial. E então havia uma outra tropa muito mais especial, que eram gajos que combatiam à paisana e em grupos muito pequeninos, comandados pelo Marcelino da Mata, de quem eu sou muito amigo. O Marcelino da Mata, que era um
guerreiro como eu nunca vi, pegava em quinze homens e ia com eles. Estava aqui um acampamento, e a gente dizia assim: «Vocês vão ser lançados aqui, destroem o acampamento e fogem para ali. Ali estão os helicópteros a recolher. Quem não chegar, não chegou». O Marcelino ia com os seus homens, desembarcavam aqui, entravam
por aqui, limpavam isto tudo, depois iam para ali, os helicópteros iam chegando. Esta era a tropa especial para acções especialíssimas. Iam à República da Guiné com a maior facilidade, como um tipo vai aqui à esquina beber café.


Luís Salgado Matos: A logística dessa tropa era a dos comandos africanos?


Carlos Fabião: Era. Havia um posto de comando que orientava aquilo tudo, que era o Marcelino da Mata. Não. Era o Almeida Bruno e o António Ramos. Depois, eram as tropas especiais, eram companhias de caçadores com indivíduos vindos da metrópole.(...)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8295: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (8): As nossas correspondentes e o nosso volume de correio semanal... (Luís Graça)





1. Aproveitando a onda provocada pelo documentário de Marta Pessoa, Quem Vai à Guerra,  podemos perguntar aos camaradas que nos lêem: 

(i) Quantas cartas e aerogramas se terão escrito de e para a Guiné, no período entre 1961 e 1974 ?  E sobretudo, qual era o volume (médio) da nossa correspondência semanal ? Além disso, com quem nos correspondíamos, e nomeadamente com que mulheres ? (*) 


(ii) Para além das nossas mães, irmãs, amigas, esposas, namoradas, etc., qual foi a presença (e o papel) das madrinhas de guerra ? (**)... 


(iii) Por outro lado, qual era o conteúdo das missivas enviadas e recebidas pelos nossos militares ?  De que falavam as cartas e aerogramas em tempo de guerra ? 


Enfim, questões a que interessaria responder para melhor se conhecer o nosso quotidiano. Questões que um dia poderão interessar os nossos historiógrafos. Questões que, para já, suscitam a nossa própria curiosidade... Daí termos realizado estas duas singelas "sondagens", tirando partido das funcionalidades disponibilizadas pelo nosso servidor, o Blogger.


Segundo a biografia de Cecílio Supico Pinto, fundadora, ideóloga e líder do Movimento Nacional Feminino (MNF), criado em 1961,  a  campanha das Madrinhas de Guerra data de 1963, e foi uma das mais bem sucedidas iniciativas do MNF (Vd. Sílvia Espírito Santo - Cecília Supico Pinto: O rosto do Movimento Nacional Feminino.  Lisboa, Esfera dos Livros, 2008).

Qual era o papel socialmente desejado da madrinha de guerra ?


"A madrinha de guerra escreve ao seu afilhado pelo menos todas as semanas. E, ao passo que as cartas de casa são tanta vez deprimentes e lamentosas (a queixarem-se das saudades que têm, das dificuldades que passam, do receio que sentem pela segurança do rapaz), as cartas da madrinha de guerra procuram ser sempre agradáveis, versando os assuntos que mais possam interessá-los. A madrinha de guerra sabe que é importante distrair o seu afilhado.

"E sabe que não basta distraí-lo: que é tanbém necessário fortificar-lhe a coragem, transmitir-lhe confiança, torná-lo psicologicamente mais apto para bem cumprir - e cumprir com satisfação"
(Presença, revista do MNF, nº 1, 1963, pp. 36-37, citado por Espírito Santos, 2008, pp. 78).


Segundo a biógrafa da Cilinha, o MFN terá mobilizado o esforço de cerca de 82 mil voluntárias (número que é difícil de confirmar na ausência do arquivo do movimento, que terá desaparecido em 1974). Já quanto ao número de raparigas e mulheres que terão respondido ao apelo do MNF para dar apoio moral, material e psicossocial aos combatentes da guerra do ultramar, Sílvia Espírito Santo escreve que a estimativa feita - cerca de 300 mil - parece ser verosímil.

Um outro dado interessante era o número de areogramas ou "bate-estradas" (32 milhões) disponibilizados anualmente pelo MNF aos nossos soldados e suas famílias... Era, pelo menos, este o número que constava, como dotação anual, no orçamento ordinário previsional do MNF para o ano de 1974, ascendendo então as receitas (e as despesas) aos 10 mil contos (op. cit., p. 87).

2. Num total de 101 respondentes à nossa sondagem nº 1/2011, apenas um em cada três de nós teria madrinha de guerra... Quatro em cada cinco correspondia-se regularmente com a mãezinha. E sete em cada dez, com a "esposa, noiva ou namorada com quem veio a casar"...  

Fica-se também a saber, apesar de se tratar de uma amostra de conveniência (e seguramente "enviesada", já que a maior parte dos ex-combatentes não têm acesso regular à Internet e não são, portanto, leitores de blogues de ex-combatentes, como este...), que um em cada quatro de nós também se correspondia, regularmente, na Guiné, com "amigas, vizinhas e colegas"... (Vd, Gráfico acima - Sondagem 1/2011).

Uma pequeníssima minoria (como eu...) não escrevia a ninguém (ou a quase ninguém)...Um terço recebia, em média,  por semana, "uma a duas cartas e/ou aerogramas"... Os campeões do correio (os que recebiam mais de dez cartas por semana) não passariam de uma minoria (cerca de 6%), a ter confiança nesta amostra dos nossos leitores (n=95) (Vd. Gráfico acima - Sondagem nº 2/2011)... 

Claro que ficamos sem saber muita coisa: Afinal, quem escrevia mais ? O corneteiro ? O escriturário ? O soldado ? O furriel ? O alferes ? O miliciano ? O operacional ? ... E em que altura da comissão: no princípio, no meio ou no fim ?... Quem estava no mato ou em Bissau ?

Enfim, estes dados valem o que valem, dão pelo menos algumas pistas para "refrescar" as nossas memórias, e sobretudo - espero - são um incentivo para se valorizar os famosos bate-estradas que ainda guardamos no sótão das nossas velharias e que um belo dia destes, quando batermos a bota, correm o risco de ir parar ao cesto dos papéis, ao contentor do lixo, ao fogo da lareira (se for inverno)... quando o seu lugar deveria ou deverá ser o Arquivo Histórico Militar.

O meu/nosso Oscar Bravo (OBrigado) a quem teve a gentileza de responder a estas duas pequenas sondagens... L.G.

____________

 Notas do editor

(*) Último poste da série > 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8289: As mulheres que, afinal, foram à guerra (4): Mais fotos da rodagem do filme "Quem vai à guerra"...

(**) Vd. por exemplo postes como este:

27 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3803: As nossas mulheres (8): As minhas correspondentes e a minha mulher (José Colaço)


(...) Recebia as cartas da namorada, das duas madrinhas de guerra, duma correspondente espanhola e mais o correio da família que por motivo de vida e saúde estava um pouco dispersa, pois no Hospital do Rego, hoje Curry Cabral,  tinha deixado o meu irmão agarrado aos ferros de uma cama, devido a acidente de moto do qual ficou paraplégico.

(...) Primeiro, a da madrinha de guerra residente em Lisboa que nunca cheguei a conhecer por culpa minha, pois quando faltavam duas semanas para o meu regresso, deixei de lhe dar resposta. Razão nenhuma. Só o que ainda existe aqui em casa, que pode confirmar o que digo, esta foto [, à esquerda,] que tem a dedicatória ao afilhado da madrinha amiga Helena, que envio para embelezar a mensagem [, vd. imagema a seguir].

Da namorada e a outra madrinha que sabiam da existência uma da outra, com as visitas a ambas tudo se desmoronou.

Com a correspondente, também houve um interregno entre 1966 e 1969, mas,  como 1969 estive na Alemanha e sabendo que ela lá se encontrava, resolvi recomeçar a troca de correspondência no que fui bem recebido. Encontrei-me com a Paquita algumas vezes na cidade de Mainz, onde a visitava aos fins de semana, já que eu estava em Dusseldorf. Se já éramos amigos, mais amigos ficámos.

Após o meu regresso a Portugal, ainda esteve combinado um encontro, que devido a um acidente quando a Paquita se dirigia ao nosso País, [não se chegou a realizar]. Desfez o coche e assim se desfez o encontro, possivelmente também por culpa minha,  por se aproximar a data do meu casamento, os contactos tiveram fim. (...)


Outros postes sobne este tema, a título meramente exemplificativo:


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7867: Projecto Recolha do Arquivo Histórico-Militar: salvaguardar o precioso património documental da guerra colonial (António J. Pereira da Costa)


Sítio A Nossa História, da Liga dos Amigos do Arquivo Histórico-Militar.


1. Mensagem do nosso camarigo António José Pereira da Costa (Cor Art na reserva, na efectividade de serviço, que foi comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74):


Data: 18 de Janeiro de 2011 21:32
Assunto: Faltam Detalhes


Boa noite, Camarada

Julgo que deveríamos divulgar um pedido a todo o universo tabanqueiro para que não se desfaça das recordações que possa ter da sua passagem pel Guiné.

O projecto "Faltam Detalhes" pretende concentrar no Arquivo Histórico Militar toda informação disponível: fotos (mesmo as mais doidas), slides, mapas, aerogramas, desenhos, esquemas e até documentos oficiais como, por exemplo, relatórios, notas, etc.


Os contactos são:



Arquivo Histórico Militar
Largo dos Caminhos de Ferro, 2
1100-105 Lisboa.


LAAHM - Liga dos Amigos do Arquivo Histórico-Militar
Estrada de Chelas,
Antigo Convento (Anexo) 1949-010 Lisboa

Remessa Livre (grátis)

Remessa livre 8802 EC Cabo Ruivo
1806-960 Lisboa


Linha Verde (grátis): 800 205 938
Fax:218842514
Telefone: 21 884 24 92
Endereços Electrónicos:
projectorecolha@hotmail.com
recolha@anossahistoria.org
URL AHM: http://www.exercito.pt
http://www.anossahistoria.org




 É essencial fazer a História antes que outros escrevam:

Camarada, faz isso por ti, pelos teus filhos e netos, por todos nós!
Faz isso, por ti, por todos nós... Pelas razões que entenderes...
É necessário que nada se perca!
Um Alfa Bravo


António J. Pereira da Costa


2. Projecto Recolha

O Arquivo Histórico Militar [, criado em 1911, na sequência da reforma do Exército,] tem em execução, desde há alguns anos, um Projecto Recolha visando localizar, recolher e guardar espólios documentais particulares com interesse para a história do Exército. 

Agora, um grupo de cidadãos integrando a Liga dos Amigos do AHM (em organização) propôs ao Arquivo lançar uma campanha a nível nacional, de forma a recuperar essa documentação dispersa e muitas vezes em risco de perder-se. O AHM aceitou e apoia com muito entusiasmo o projecto e congratula-se por esta iniciativa de grande valor cultural.

De uma forma geral, a documentação que o AHM possui é documentação oficial, produzida e recebida pelas unidades do Exército. Tem também algumas dezenas de espólios pessoais, entregues por militares dos quadros permanentes. Infelizmente, o Arquivo não possui documentação de oficiais e sargentos milicianos ou soldados, a não ser raros documentos produzidos durante os períodos de campanhas militares – as Invasões Francesas, a I Guerra Mundial e a Guerra Colonial. 

Todos sabemos que um grande número de homens (pode dizer-se uma geração inteira) esteve na Guerra Colonial, nos anos sessenta e setenta do século XX. Calcula-se que tivessem estado nos teatros de operações cerca de 800.000 homens. Muitos destes homens escreveram cartas às suas famílias e receberam as respectivas respostas (normalmente em aerogramas). 



Também fizeram muitas fotografias, slides e mesmo alguns filmes, com os meios que havia na época. Outros escreveram diários, memórias ou simples apontamentos. Podem ter na sua posse também outros documentos, como cartazes, postais, autocolantes, desenhos, documentos oficiais, etc. Podem ainda ter guardado jornais e revistas da época


Toda esta documentação interessa salvaguardar. Estes espólios, assim como outros semelhantes de outras épocas, constituem o objecto do Projecto Recolha.



Durante a I Guerra Mundial foram escritas, aproximadamente, trinta e dois milhões de cartas, das quais restam agora cerca de meia centena à guarda do Arquivo Histórico Militar. Perdeu-se irremediavelmente um canal privilegiado de observação da história dessa época: o contar dos acontecimentos na primeira pessoa. Muitos destes despojos perdem-se nas casas sem espaço e com eles a memória de cada tempo. Pela consciência que temos desse destino e porque faz falta reflectir sobre a nossa identidade, não queremos deixar de estar disponíveis, como nos pertence. Por isso aqui repetimos a mensagem da nossa campanha: “Para que nenhum detalhe importante fique a faltar à nossa História, o Arquivo Histórico Militar precisa da sua ajuda. Faça-nos a doação ou deixe-nos guardar as suas cartas, diários, fotos e filmes sobre Portugal no Século XX. Desde a Monarquia à nossa entrada na CEE, sobre questões militares ou não, preservar o máximo é o grande objectivo. Contrapartidas para si? A certeza de que as suas recordações ficam bem entregues e o orgulho de contribuir para que nada se perca. Contacte-nos pela linha verde 800205938 ou em www.anossahistoria.org