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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8950: As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (Parte II) (Luís Dias)



Guiné > Zona leste > Bambadinca > Alf Luís Dias "junto a um Harvard T-6, em Bambadinca Setembro/Outubro 1973".


Guiné > Zona leste > Galomaro > Dulombi > CCAÇ 3491 (1971/74)> "Vista Aérea do Aquartelamento do Dulombi, 1972"


"Se não encontrarmos o caminho, abrimos um" - Aníbal, General Cartaginês, aquando da passagem dos Alpes com as suas tropas para atacar Roma. A OBRIGAÇÃO DE COMBATER: Não foi tanto a bandeira, a farda ou a autoridade hierárquica que nos fez estar ali, nos trilhos, nas picadas, nas bolanhas e no mato denso: foi, antes de mais, os camaradas que estavam a nosso lado, com quem contávamos e que esperavam de nós o mesmo comportamento. 

Luís Dias dixit acerca de ele próprio, no seu perfil no Blogger. É consultor/formador em Ciências Criminais e de Segurança. Gosta de música (rock), cinema e futebol... Foi Alf Mil, CCAÇ 3491 /Galomaro e Dulombi, 1971/74).


Fotos (e legendas): © Luís Dias (2011).  Todos os direitos reservados. 



AS MÚSICAS POP/ROCK ANGLO-AMERICANAS MAIS EM VOGA EM 1972/73 E QUE EU OUVIA NA GUINÉ  (Parte II) (*)

por Luís Dias


Assim, o que estava na onda em matéria de música rock anglo-americana e que, para além das gravações que levei, ouvia com frequência eram:

ANO DE 1972

ALICE COOPER - “School´s out” é uma das músicas que lança a banda de Vincent Furnier para a fama. A banda iniciara o seu percurso em 1969 mas só no ano anterior, com o lançamento do álbum “Killer” que foi um êxito é que se torna internacionalmente conhecida. Em 1973 o seu álbum “Billion dollar babies” é também um êxito.

Cooper é bastante conhecido pelas suas apresentações ao vivo, que tem frequentemente como recurso cenas teatrais violentas e cheias de efeitos de horror, mas também de humor, como forma de chocar o público.

Actualmente, a banda Marilyn Manson, surgida em 1989 é, do meu ponto de vista, a sucessora dos Alice Cooper. Por sinal o líder e vocalista da banda, Brian Hugh Warner, nasceu em 1969, ano do lançamento do primeiro álbum de Cooper.

AMERICA - “A horse with no name”, “ I need you” e “Sandman”, foram êxitos desta banda que possuía uma grande harmonia vocal. O seu estilo folk rock chamou a atenção do produtor dos Beatles, George Martin, que produziu sete dos seus álbuns durante os anos 70. A canção “A horse with no name” fê-los ganhar um “Grammy” para “o melhor novo artista”.

ALLMAN BROTHERS BAND - ”One way out” (um original do cantor de blues, Elmore James) da banda de Southern Rock, Blues Rock e Country Rock Americano, é uma pérola do estilo boogie.

A banda iniciara-se em 1969 e em apenas dois anos eram considerados das melhores bandas de rock norte-americanas. O seu guitarrista Duane Allman (falecido em Outubro de 1971, num desastre de mota) foi considerado pela revista “Rolling Stone” como o segundo melhor guitarrista de sempre. O álbum de 1971, “ Live at Filmore East” é reconhecido como um dos melhores discos de música ao vivo.

BARCLAY JAMES HARVEST – “Medicine man”, da banda de rock sinfónico que dava os primeiros passos a caminho do êxito e que viria a ter o seu auge em finais dos anos 70 e princípios dos anos 80.

ARGENT- “Hold your head up” da banda do teclista Rod Argent (Ex-Zombies).

BEE GEES – “How can you mend a broken heart” e “Run to me”. A banda de origem australiana dos irmãos Gibb, já era famosa desde meados dos anos 60, praticando um som comercial mas de boa qualidade vocal.

Canções como “Spicks and specks”, “Massachussets”, “World”, “Words”, “To love somebody”, “I can´t see nobody”, “I started a joke”, “I just´ve got to get a message to you”, lançadas na década anterior eram conhecidas internacionalmente. No fim da década de 70, com o surgir do Disco Sound, os Bee-Gees alavancados no filme “Saturday night fever”, com John Travolta, atingiriam o cume do sucesso.

BLACK SABBATH – “Changes”, “Supernaut”, “Tomorrow´s dream”. O som hard da banda do vocalista Ozzie Osbourne e do guitarrista Tony Iommy, que juntamente com os Deep Purple e os Led Zeppelin, deram provimento aos estilos Hard Rock e Heavy Metal.

Em 1972 eram já um nome reconhecido na cena musical internacional depois dos álbuns anteriores de 1970 e 1971. O seu som pesado, de temáticas ocultistas e mesmo satanistas, catapultaram esta banda para um patamar de reconhecimento importante, com uma legião de fãs específica e muito fanática.

BOB DYLAN – “Watching the river flow” é um tema refinado do cantor de Folk e Folk Rock norte-americano que desde os anos 60 era considerado uma das figures emblemáticas da cena da música rock. 

Conhecido pelas canções de intervenção e de crítica social, Dylan é efectivamente uma star já bem instalada internacionalmente.

BREAD – “The guitar man”, da banda de Soft Rock norte-americana, que entre os anos 1970 e 1977, produziu 17 êxitos comerciais.

CARPENTERS – “Top of the world”, dos irmãos Richard e Karen Carpenters.

CAT STEVENS – “Cant´t keep it in” do cantor que, em 1977, converter-se-ia ao islão, passando a chamar-se Yusuf Islam e que se tornou conhecido com canções como: “Mathew & Son”, “Father and son”, “Lady d´Arbanville”, “Wild world” e “Morning has broken”.

CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL – “Someday never comes” e “Sweet hitch-hiker” deste grupo norte-americano, que já andava nas andanças musicais desde 1959 (John Fogerty, Tom Fogerty, Doug Clifford e Stu Cook), embora só em 1968 lançassem o seu primeiro álbum. Temas como: ”I put a spell on you”, “Susy Q”, “Proud Mary” (mais tarde um grande êxito cantado por Ike & Tina Turner),“Bad moon rising”, “Green river”, “Down on the corner”, "Travelin' Band", "Who'll Stop the Rain", "Up Around the Bend," e "Lookin' Out My Back Door", foram “smash hits” por todo o mundo.

CHICAGO – “Saturday in the park”, tema do ano para a banda de Chicago/Ilinois, que praticava um rock de Jazz fusion/rock progressive/Soft Rock e que era muito apreciada em Portugal, onde os temas “Does anybody knows what time it is?”, “Colour my world”, “Make me smile” e “25 or 6 to 4” e o álbum ao vivo, “Chicago Live At Carnegie Hall”, de 1971, tinham sido grandes êxitos junto da juventude.

DAVID BOWIE - “Starman” e “Ziggy stardust”, são os temas de viragem deste cantor inglês para o denominado Glam Rock, que ficara conhecido quando em 1969 lançou o tema “Space oddity”, que atingiu o top cindo dos “UK Singles Chart” e que viria a ter grandes sucessos nos anos 80.

DEEP PURPLE – “Higway star”, “Never before”, “Lazy”, “Space truckin´”, “When a blind man cries” e o excepcional “Smoke on the water”. Quem não conhece uma das bandas principais da cena Hard rock/Heavy Metal ?! 

O som da banda e as suas principais músicas são reconhecidos pelos amantes do género. Como esquecer o espantoso “Riff” da entrada de “Smoke on the water”, do guitarrista Ritchie Blackmore e aquela batida do baterista Ian Pace...

Este grupo já havia espantado toda a gente com o álbum “Deep Purple In Rock”, de 1970. Nesse álbum há um solo de guitarra que, a meu ver, é um dos mais especiais de toda a história do rock, pela beleza da sua concepção e execução, consagrando Ritchie Blackmore como um dos portentos mundiais do uso da guitarra, refiro-me, é claro ao tema “Child in time”. A banda ainda anda por aí e já actuou diversas vezes em Portugal, mas a força com que actuavam naqueles tempos era impressionante (Ian Gillan, voz, Jon Lord, teclas, Ritchie Blackmore, guitarra, Roger Glover, guitarra baixo e Ian Paice, bateria).

DIANA ROSS – “God bless the child”, do filme “Lady sings the blues”, foi uma das canções que sobressaiu do filme sobre a diva cantora (Billie Holliday) e que consagrou Diana Ross, que já nos anos 60 brilhava nas Supremes e com as Supremes.

DOOBIE BROTHERS – “Listen to the music” foi um dos grandes sucessos da banda do cantor Michael McDonald, que tiveram uma carreira interessante nos Estados Unidos durante a década de 70.

EAGLES – “Take it easy”, foi o seu primeiro sucesso tirado do álbum homónimo de 1972, mas outros se seguiriam em especial o tema “Hotel California”, de 1976. Uma das grandes bandas de Country Rock. Produziram 7 álbuns de estúdio, 2 álbuns ao vivo, 9 álbuns de compilações e 29 singles. Dos singles, 5 estiveram no top do “Bilboard Hot 100” e 17 foram top hits nas tabelas classificativas americanas. 

O álbum “Hotel California” recebeu 16 discos de platina e o single com o mesmo nome obteve também o disco de platina. Receberam 6 prémios “Grammy” e estão no “Rock and Roll Hall of Fame” desde 1998. Músicos como Glenn Frey, Don Felder, Don Henley, Joe Walsh, Timothy B. Schmidt e Randy Meisner, ficam indelevelmente ligados ao melhor que a música rock produziu.

EMERSON, LAKE & PALMER – “From the beginning” do álbum “Trilogy” foi um dos temas mais conhecidos desta banda de Rock Progressivo/Rock Sinfónico, que na década de 70 obteve bastante sucesso. 

Era composta por três excelentes músicos: Keith Emerson, nas teclas (Ex-The Nice); Greg Lake, no baixo e na voz (Ex-King Crimson) e Carl Palmer, na bateria (Ex-Atomic Rooster).

ELTON JOHN – “Rocket man” e “Honky cat”, eram os temas conhecidos deste conhecido cantor, depois dos sucessos de “Border song”, “Your song”(1970) e “Friends”(1971). 

Elton John era uma estrela em ascensão que iria atingir o zénite nos anos seguintes, em termos comerciais.

ELVIS PRESLEY – “Always on my mind”, um dos últimos sucessos comerciais do King, aquele que deu o corpo e alma ao Rock and roll, iniciando a sua carreira em 1954, que terminaria com a sua trágica morte, em 16 de Agosto de 1977.

GENESIS – “Get ´em out by Friday” e “Watcher of the skies”, do álbum “Foxtrot” vinham na continuidade iniciada em 1970 com “The knife” (álbum “Trespass”) e a sensacional “The musical box” (álbum “Nursery Cryme”, de 1971) e projectavam o que iria ser o tremendo sucesso desta banda de Rock Progressivo e dos seus músicos: Peter Gabriel, vocalista, Michael Rutherford, no baixo, Steve Hackett, na guitarra, Phil Collins, na bateria e Tony Banks, nas teclas. 

De facto, nos anos seguintes, a banda iria atingir um estatuto enorme. Em 1975 estive presente no concerto que os Genesis deram no Pavilhão de Cascais, onde tocaram o álbum por inteiro “The lamb lies down on Broadway” e outros temas já conhecidos. Um dos mais belos e fantásticos concertos que tive oportunidade de ver.

GILBERT O´SULLIVAN – “Alone again (naturally)” e “Claire” deste cantor irlandês eram a continuação do êxito conseguido em 1970 com “Nothing Rhimed”. No ano seguinte Gilbert ganha um “Grammy”, relativo à canção “Alone again (naturally)”. Não obstante a sua longa carreira (o último single foi editado em 2008), o sucesso não lhe voltou a sorrir como nos anos 70.

HAWKWIND -   “Silver machine” é, seguramente, o tema mais conhecido desta banda inglesa que praticava diversos estilos: Space Rock/Hard Rock/Acid Rock/Progressive Rock e Psychedelic Rock, mas que nunca alcançou um lugar no pódio internacional. 

JETHRO TULL – “Thick as a brick”, é o tema mais conhecido do álbum com o mesmo nome da banda inglesa nascida em 1967. Este era o seu quinto trabalho, sendo que o álbum anterior, de 1971, “Aqualung”, ainda é uma das melhores obras da música rock, com músicas excepcionais como: “Aqualung” e “Locomotive breath”.

A sua música caracteriza-se também e muito pelas histórias que apresentam. A apresentação ao vivo desta banda era muito bem conseguida, em especial devido à exuberância do seu líder, vocalista e flautista, Ian Anderson, bem acompanhado pelo guitarrista Martin Barre. O som era uma mistura de Folk Rock com Progressive Rock, Jazz Rock e Hard Rock.

JOHN DENVER – “Rocky mountain high” foi uma das mais importantes músicas apresentadas por este cantor/compositor/activista político/poeta/fotógrafo e piloto norte-americano, falecido aos 53 anos, quando pilotava o seu próprio avião e se despenhou no Oceano Pacífico, em 12 de Outubro de 1997. A sua carreira ficou recheada de excelentes canções, nos estilos Country, Folk e Pop.

LOU REED – “Vicious”, “Satellite of love” e “Walk on the wild side” foram dos temas mais importantes deste cantor, membro fundador da banda dos anos 60 Velvet Underground. O seu estilo insere-se no Rock Psicadélico, temperado também pelo Art Rock, Glam Rock e o Rock Progressivo.

MOODY BLUES – “For my lady”, “Isn´t life strange” e “I´m just a singer in a rock´n´roll band”, foram os temas que esta banda, nascida para a música em 1964, em Inglaterra, colocou na ribalta musical neste ano.

A banda praticava um som de fusão de Classical Music, com a inovação da introdução do Mellotron e de acompanhento por uma Orquestra Filarmónica e são inesquecíveis os temas dos anos 60: “Nights in white satin”, “Tuesday afternoon”, “Voices in the sky”, “Ride my see saw”, “The Actor”, “Lovely to see you”, “Lazy day”, “Candle of life”, “Watching and waiting”, “Question”, “Melancholy man” e “Story in your eyes”. 

O grupo terá vendido ao longo dos muitos anos que tem de carreira perto de 70 milhões de álbuns, por todo o mundo e foram premiados com 14 discos platina e ouro. Acresce que a banda ainda mexe em 2011, mantendo um dos músicos originais da linha de 1964 e ainda três dos músicos originais da linha de 1967.

MOTT THE HOOPLE – “All the young dudes” foi o tema mais conhecido desta banda de Glam Rock, escrito por David Bowie.

NEIL DIAMOND – “Song sung blue” do cantor e compositor norte-americano é uma entre muitas das suas composições que tiveram assinalável êxito. Os seus temas retratam muitas das vezes aspectos da sua vida. Compôs a música para o filme de 1973, “Fernão Capelo Gaivota” e foi o actor principal do filme “Jazz singer”.

NEIL YOUNG – “Heart of gold”, “The needle and the damage done”, são dois importantes temas do álbum de 1972 “Harvest”, deste cantor e compositor canadiano. 

Neil iniciou a sua carreira musical em 1960 no Canadá, mudando-se em 1966 para a Califórnia, onde fundou a banda de Country Rock, Buffalo Springfield, juntamente com Stephen Stills, vindo a integrar em 1969 (como quarto membro) o grupo, Crosby, Stills, Nash & Young. Guitarrista com grande versatilidade,  percorreu durante a sua longa carreira a solo um grande número de estilos e tendências, sendo reconhecido como um excelente performer.

PAUL SIMON – “Me and Julio down by the schooll yard” é um dos temas do 1º album a solo deste excelente cantor/compositor norte-americano. Paul é mais conhecido por ter integrado o famoso duo Simon & Garfunkel, de “Folk Rock”/”Soft Rock”, que ao longo de vários anos lançaram diversas músicas que ainda hoje são ouvidas com interesse, porque marcaram uma época. 

O duo separou-se em 1970, mas de quando em vez juntam-se para reaparições ao vivo. Os temas “The sound of silence”, “Mrs. Robinson”, “Scarborough Fair”, “I am a rock”, “The boxer”, “The bridge over troubled water”, “Homeward bound”, “A hazy shade of winter”, “At the zoo”, “Cecília”, “El condor pasa”, e “America”, foram estrondosos êxitos, que fizeram elevar este duo a um nível de reconhecimento ímpar.

ROBERTA FLACK – “The first time ever I saw your face” foi disco de ouro desta cantora negra norte Americana de “R&B”/”Soul”/Jazz que recebeu um “Grammy” no ano seguinte, por esta canção.

ROXY MUSIC – “Virgin plain”A banda do cantor Bryan Ferry iniciara os seus passos em 1970 e esta música pertencia ao seu primeiro álbum, saído em 1972. A banda inseria-se nos estilos Art Rock/Glam Rock/Psychedelic Roc e mais tarde na New Wave, onda que lhes daria o sucesso internacional. Tive o grato prazer de os ver ao vivo no Estádio do Restelo, julgo que no Verão de 1982, juntamente com o grupo King Crimson e a banda portuguesa Heróis do Mar.

STEVIE WONDER – “Superstition” e “You are the sunshine of my life” do cantor de R&B/Soul Music/Jazz/Funk e Pop eram os sucessos da altura, de um artista que se iniciou muito cedo na música (11 anos) e já tinha muitos êxitos na carreira surgidos na década anterior, tendo o seu primeiro sucesso surgido aos 13 anos, “Fingertips (Pt.2)”. 

Temas como: “Hi-heel sneakers”, “For once in my life”, “My Cherie amour”, “Yester-me, yester-you, yesterday”, “Signed, sealed, delivered, I´m yours”, “Never dreamed you´d leave in summer”, “”Master blaster”, “Ebony and Ivory”, ”I just call to say I love you”, “That´s what friends are for”, “Part time lover” e “Overjoyed”, projectaram Stevie como um dos mais importantes músicos do século XX. 

Durante a sua já longa carreira, Stevie Wonder produziu, até ao ano de 2009, 23 álbuns de originais, 3 álbuns de músicas para filmes, 4 álbuns ao vivo, 10 álbuns de compilações de êxitos, 1 colectânea box e 98 singles.

TEMPTATIONS – “Papa was a rolling stone” – Tema desta já muito experiente banda vocal que se iniciou nos anos 60 e que já tinha êxitos importantes como: “My girl”, “Don´t look back”, “Get ready”, “Ain´t too proud to beg”, “I wish it would rain”, “Cloud nine”, “I´m gonna make you love me (com as Supremes)”,”Runaway child, running wild”, “I second that emotion” e ”Ball of confusion”. A sua longa carreira perdurou até ao ano 2000.

URIAH HEEP – “Easin´livin´”, “The wizard”, “Circle of hands”, “Sunrise” e “Sweet Loraine”– Alguns dos melhores temas desta banda inglesa de Hard Rock/Heavy Metal, que se iniciara na cena musical em finais dos anos 60 e que já contavam com um álbum em 1970, dois em 1971 e dois em 1972. A banda prosseguiria o seu caminho por muitos e muitos anos, mas sem alcançar os êxitos obtidos nos primeiros anos da década de 70.

YES –“I get up, I get down/Close to the edge”, desta banda de Rock Progressivo /Rock Sinfónico, é um dos temas do excelente álbum “Close to the edge”. O grupo foi fundado em 1968 e no ano seguinte surgia o seu primeiro álbum com o título “Yes”, onde se destaca o tema “Survival”. 

Em 1970 surgia o álbum “Time and a Word”, com os temas principais “Time and a Word” e “Sweet dreams” e em 1971 o “Yes álbum”, com destaque para as músicas “I´ve seen all good people” e “Yours is no disgrace” e também o álbum “Fragile” com os brilhantes temas “Roundabout” e “Long distance runaround” (temas que eu ouvia com muita particulariedade já em 1972 na Guiné). 

A banda continuou a produzir excelentes álbuns e conseguiu sucesso com muitas outras canções, em especial: “Soon” de 1974 e “Owner of a lonely heart” de 1983, mas também “Going for the one”, “Wonderous stories” e “Onward”. A produção de álbuns manteve-se até 2001 e a banda continua activa, embora os seus membros tenham mudado diversas vezes em relação aos músicos originais.

Yes (1969), Time and a Word (1970),The Yes Album (1971),Fragile (1971),Close to the Edge (1972), Tales from Topographic Oceans (1973), Relayer (1974), Going for the One (1977),Tormato (1978), Drama (1980),90125 (1983), Big Generator (1987), Anderson Bruford Wakeman Howe (1989), Union (1991), Talk (1994), Open Your Eyes (1997), The Ladder (1999) e Magnification (2001).

Músicos mais importantes que passaram pela banda: Jon Anderson e Benoit David (vocalistas principais), Chris Squire (guitarra baixo), Steve Howe, Peter Banks, Trevor Rabin e Billy Sherwood (todos guitarristas), Rick Wakeman, Tony Kaye, Patrick Moraz, Geoff Downes, Igor Khoroshev e Oliver Wakeman (todos teclistas), Bill Bruford e Alan White (bateristas).

(Continua)

[Imagens: Capas de discos, do domínio público, selecionadas por L.D.]

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8932: As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (Parte I) (Luís Dias)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8932: As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (Parte I) (Luís Dias)


Guiné > Zona leste > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > Janeiro de 1974 > Dulombi > O Alf Mil Dias,  à porta do quarto de oficiais


Guiné > Zona leste > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > 1972 > Comissão de Recepção ao General Spínola, na inauguração do Quartel do Dulombi, em 27 de Abril de 1972: da esquerda para a direita, Alf Mil Dias,  Cap Mil Pires e
Pires e Alf Mil Farinha


Fotos (e legendas): © Luís Dias (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



AS MÚSICAS POP/ROCK ANGLO-AMERICANAS MAIS EM VOGA EM 1972/73 E QUE EU OUVIA NA GUINÉ  (Parte I)

por Luís Dias (*)



Todos os que me conhecem sabem do meu amor pela música, em especial pela música rock e que ao longo da vida tenho acompanhado sempre este tipo de música e as suas variantes. Cheguei a dar uma aula sobre as origens do Rock´n´roll, seus principais intérpretes e as implicações sociais que produziram.

Ainda hoje, em que por indicação médica efectuo pelo menos três caminhadas por semana de cerca de 60 minutos, em passo largo (sem olhar para as montras), levo sempre comigo o MP4 que me foi oferecido pelo meu filho com diversas músicas, desde os primórdios do Rock´n´roll até 2011.

Este meu amor musical iniciou-se nos princípios dos anos 60, em resultado do surgimento do twist (ao que me lembro tinha mesmo muito jeito para esta dança) e tinha como ídolo Victor Gomes e os Gatos Negros (que venceu um concurso no Teatro Monumental, em Lisboa, tendo sido apelidado de rei do twist), tendo eu participado num espectáculo por ele dado no Coliseu dos Recreios, onde dei o gosto à perna dançando com muita malta a acompanhar o ritmo imposto pelo Victor.

Fui sempre acompanhando as músicas que se iam fazendo lá fora, em especial a anglo-americana, e frequentava os bailaricos das sociedades lisboetas e as festas de finalistas dos estudantes. Assim lembro-me de ver e ouvir o Quarteto 1111, Quinteto Académico, Plutónicos, Ekos, Sheiks, Fernando Conde, Diamantes Negros, Demónios Negros, Daniel Bacelar e os Gentlemen, Claves, Vodkas, Pop Five Music Incorporated, Objectivo, Sindikato, etc.

Outra fonte muito importante para mim era a rádio. E programas como a 23ª Hora,  da Rádio Renascença (Joaquim Pedro, João Martins), a Página Um, também na Rádio Renascença (José Manuel Nunes, Adelino Gomes), "Em Óbitra", do Rádio Clube Português (Pedro Soares Albergaria) e a Rádio Universidade tinham em mim um ouvinte sempre atento.

A música levou-me a conhecer a repressão em Agosto de 1970, aquando de um concerto que iria ter lugar no Colégio dos Salesianos, no Estoril, onde esperávamos, segundo o cartaz do festival: "Quarteto 1111 ",  os "Chinchinlas" e os "Sindikato".

 José Cid integrava o "1111", Jorge Palma o "Sindikato" e o Filipe "Mendrix" Mendes, os "Chinchilas". Também para este festival estavam anunciados os nomes de Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira e tinha havido esperança na participação da banda internacional do momento – Chicago (Transit Authority). 

No Estoril, uma multidão de jovens aguardavam o inicio do Festival, o que não chegou a acontecer, pois em vez da música surgiu uma violenta carga da polícia de choque com cães sobre uma multidão jovem que, em pânico, fugiu ao longo da marginal do Estoril. Eu e um amigo refugiámo-nos numa loja de venda de óculos, junto da estação de comboios, após ter sido perseguido por ter tirado uma foto aos polícias.

A paixão pela música levou-me a Vilar de Mouros em 1971, estando de licença militar do RI2, para ouvir os ingleses Elton John e  Manfred Mann, entre outros grupos portugueses.
Em 2005 o meu filho tocou também com a sua banda (ASIDE) naquele mítico local, com Joss Stone, Joe Cocker, Robert Plant e Peter Murphy.

Quando fui mobilizado para a Guiné [, foto à esquerda], não sabia o que ali me esperava, mas tinha de ir acompanhado de boa música, essencialmente de música rock. Adquiri um gravador de bobines, de quatro pistas,  e toca de gravar álbuns diversos (Moody Blues, Yes, Beatles, Jethro Tull, Rolling Stones, Deep Purple, Doors, Led Zeppelin, etc.) e até música de intervenção portuguesa de José Afonso, Luís Cília, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Adriano Correia de Oliveira).

Recebia também mensalmente a revista inglesa New Musical Express, através de assinatura feita pelo meu pai na Livraria Bertrand, cassetes com músicas que iam saindo nas nossas rádios e que estavam na "berra" na altura, que me eram enviadas pela namorada e amigos (comprei, já na Guiné, um leitor de cassetes, sem grande qualidade, mas que serviu para ouvir as gravações que me enviavam da metrópole).

Isto era para mim uma forma de me descontrair e de manter o contacto com este tipo de música. Deste modo, para além dos livros que lia, a música constituiu ao longo da comissão uma forma de compensação e de paliativo para o tempo que andava sim, mas de forma lenta, num devagar muito próprio, muito africano.

Antes do regresso livrei-me dos gravadores (vendi-os aos piras), porque necessitava de espaço para trazer outras coisas.

A chegada à Guiné deu-se ainda em 1971, na véspera de Natal, e o regresso já foi em finais de Março de 1974, mas falo, essencialmente, das músicas surgidas nos anos 72 e 73 e que alcançaram os tops e foram importantes e conseguiram também o sucesso comercial.

No entanto, ainda ouvia e muitos dos meus camaradas as fantásticas músicas dos anos 60, em especial aqueles temas mais conhecidos quer:



(i)  dos Beatles (um largo leque e muito variável, mas onde pontificavam: Yesterday, Eleanor Rigby, Yellow submarine, Come together, Back in USSR, With a little help from my friends, Lucy in the sky with diamonds, Penny lane, When I´m sixty four, Get back, Across the universe, etc.),




(ii) e dos Rolling Stones (I Can´t get no - satisfaction, Honky tonk women, Jumpin´Jack flash, Lady Jane, Let´s spend the night together),

(iii() mas também dos  Animals (The house of rising Sun),

(iv) Beach Boys (Good vibrations, Surfin´USA, I can hear music, Sloop John B, Barbara Ann),


(v) Bee Gees (First of May, I´ve got to get a message to you, Words, I Started a joke, To love somebody),

(vi) Byrds  (So you want to be a rock´n´roll star, Mr. Tamborine Man, Turn!Turn!Turn!, Jesus is just allright, the ballad of easy rider), Procol Harum (Whiter shade of pale, Conquistador),

(vii) Bob Dylan (Like a rolling stone, Lay lady lay, The times they are a-changing),

(viii) Creedence Clearwater Revival (Susie Q, Bad moon rising, Down on the corner, Proud Mary, Fortunate son),

(ix) Chicago (25 or 6 to 4, I´m a man, Make me smile), Cream (The sunshine of your love, Crossroads e White room), Doors( Hello I love you, Light my fire, Break on through),

(x) Herman´s Hermit´s (There´s a kind of hush, No milk today), Hollies (Bus stop, He ain´t heavy he´s my brother), 

(xi) Manfred Mann (Ha ha said the clown, Mighty Quinn),  

(xii) Jimi Hendrix (Purple haze, Hey Joe), 

(xiii) Steppenwolf (Born to be wild), 

(xiv) Santana (Black magick woman, Samba pa ti) e tantos e tantos outros que seria moroso estar aqui a enumerar.

Nos programas de discos pedidos na Guiné ouviam-se ainda algumas músicas francesas (Adamo, Christophe, Michel Polnareff), italianas (Gianni Morandi) e brasileiras. Uma constante era uma música dos anos 60, dos norte-americanos Rightous Brothers – Unchained melody – que traduziam como a "Melodia do desespero".

Outra que estava na berra e, não sei porquê, me irritava solenemente era um tema brasileiro "Mãe-Ié (O Tonico me bateu), de Sérgio Mallandro, com esta "linda" letra:  

Mãe-iê sabe o que me aconteceu?
Mãe-iê o Tonico me bateu
(Ma ma ma ma ma ma ma mãe-iê sabe o que me aconteceu?
Mãe-iê o Tonico me bateu)
Roubou meu saco de pipoca
Meu pirulito e picolé
E ainda por cima mamãezinha
Deu uma pisada no meu pé
Ai, ai, ai.


(Continua)


Capas: Imagens do domínio público, selecionadas por L.D.
________________

Nota do editor:

(*) Luís Dias, ex-Alf Mil  da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74); webmaster do blogue  Histórias da Guiné 71/74 - A CCAÇ 3491, Dulombi; reformado da Polícia Judiciária

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8835: (Ex)citações (149): Riscando os dias do calendário e ouvindo, até à exaustão, o Mendigo do José Almada, nos em bu...rakos do Cantanhez (Manuel Maia)



1. Comentário,  ao poste P8828,  do Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74; nosso bardo do Cantanhez. foto acima, em Cadiquel; autor da única história de Portugal em sextilhas que eu conheço):

Camarigo Juvenal,

Este é o segundo comentário que faço, uma vez que o anterior, inexplicavelmente, decidiu fazer pirraça e na hora de aparecer editado,fugiu algures para o éter...  Consequências da minha nabice informática ? Mais que provável, apesar de por vezes me apetecer dizer que há censura na blogosfera...

Pois este teu texto teve o condão de fazer "acordar" algo que estava hibernando, faz tempo, nas gavetas da memória (*)...

O toque de alerta foi Carlos Santana, que quando ouvia me fazia sonhar vir a ser um executante quase mago como era o seu estatuto de instrumentista...

Na minha juventude,certamente como muitos milhares, andei "armado" em guitarrista em conjuntos (de pseudo-música...) aqui pela terra.

Um dia acordei, e entendi que me devia penitenciar pelo mal que fiz aos ouvidos de quem me via e ouvia "arrancar",  na EKO vermelha e preta, uns ruídos que pretensamente, na altura, poderiam ser confundidos com música.

Decidi "ir tocar para outra freguesia", beneficiando assim quem tivera a infelicidade de assistir (sem arremessar objetos...) àquilo que pretensamente achávamos ser arte (eu e os outros iludidos músicos,obviamente)...

Mas dizia eu que, nessa altura, ouvia Santana, Rolling Stones, Beatles, Credence Clearwater Revival, Hollies, Hermans Hermits, Shadows, e tantos, tantos outros...

"Embebedava-me" (de tanto as ouvir) com as canções do Zeca, Adriano, Cília e outros baladeiros da contestação da épocal, para além de um que tinha uma particularidade,  que era o facto de falar "axim" como em "Bijeu" (essa bela Viseu que me fascina). Chamava-se José Almada e tinha um single gravado que nunca me cansava de ouvir aquando da minha presença no Cantanhez (**).

Um dos títulos era "Mendigos" [, vd. aqui vídeo no You Tube]... É que o nosso ar miserável, de barba por fazer, roupas já rotas, e esfaimados, poderia perfeitamente ter servido para capa do disco.

A cassete (que de tanto uso envelhecera) fora-me enviada pela namorada, hoje mulher, e veio a acompanhar o calendário que fizera em papel quadriculado, que enviava em cada carta, que era devolvido na resposta e onde riscava os dias entretanto passados.

O prazer de fazer essas cruzes, muitas de uma vez, riscando os dias,  dava-me alento para os que faltavam riscar...

Obrigado por teres feito acordar este momento.

abraço
Manuel Maia [, foto atual, à esquerda]


[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]


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Notas do editor:

(*) Último poste da série > > 12 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8665: (Ex)citações (148): Licenciamento e desmobilização dos Comandos Africanos (Joaquim Sabido)

(**) Sobre o cantor português José Almada (n.1951):

José de Almada Guedes Machado nasceu em Guimarães no dia 6 de Setembro de 1951. Gravou, em 1970,  o LP "Homenagem", com arranjos e direcção de Pedro Osório, para a editora ZIP-ZIP. É editado ainda o EP "Mendigos" (1971).

Grava, em 1971,  o EP "Vento Irado" [, foto da capa, à esquerda, cortesia do blogue Ié-iéque,],  logo proibido pela Censura. Mobilizado para o ultramar, regressa após o 25 de Abril.

Em 1975 grava o álbum "Não, Não, Não Me Estendas a Mão" para a Decca (Valentim de Carvalho).

Para saber mais sobre o José Almada, hoje, clicar aqui.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7774: Memória dos lugares (137) : Do Mindelo a Bissau, aos bailes da UDIB, do Benfica e da Associação Comercial... Sonsene un vex era sabe (António Estácio)

1. Gentilleza do nosso camigo (e camarada) António Estácio, nascido em Bissau, no tchom de papel, engenheiro técnico agrícola,  escritor, autor de Nha Carlota, sinólogo, amigo do Zé Neto, do Mário Dias, do Pepito, da Dra. Clara Schwarz (sua professora, em Bissau, que faz amanhã 96 anos!), e ainda do Paulo Santiago e do Graça de Abreu, 

Data: 4 de Fevereiro de 2011 00:14

Assunto:   SONSENE UN VEX ERA SABE

 Amigas e Amigos:

Convosco tenho o prazer de partilhar trechos musicais de Cabo Verde, que talvez vos tragam à memória saudosas lembranças dos bailes, da nossa juventude, que tiveram lugar na UDIB, no Benfica de Bissau ou até da Associação Comercial.


Bons tempos em que eu saí do baile aí pelas 06H30, ia ouvir a missa das 07H00, à capelinha da irmãs no Hospital e seguia para casa a fim de me recompor da noitada.

Mesmo os que lá não estiveram não poderão ficar indiferentes.

É que isto, é música...

António J. Estácio

http://www.youtube.com/watch?v=R7Xg_buQ5vE&feature=email

[Vídeo de tchapsu, que vive nos EUA, colocado no You Tube em 18 de Outubro de 2010... Tem já mais de 3100 visualizações...  "Um video com imagens e vivências antigas da Cidade do Mindelo, São Vicente, acompanhado com a morna 'Tempe De Caniquinha' de Sergio Frusoni, interpretada por Bana"]

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Nota de L.G.:

  

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Circunscrição de Bafatá > Rio Beba > 1931 > ""Jangada no Rio Geba. Passagem entre Bafatá e Contuboel"... Imagem reproduzida em O Missionário Católico, Boletim mensal dos Colégios das Missões Religiosas Ultramarinas dos Padres Seculares Portugueses, Ano VIII, nº 81, Abril de 1931, p. 169 (Exemplar oferecido ao nosso blogue pelo camarada Mário Beja Santos). 

Imagem digitalizada e editada por L.G.


1. Contuboel,  20/6/69 (*)

Algures 
No lugar mais frio 
Da memória 
(Carlos de Oliveira: Micropaisagens). 


…Ou no lugar mais desconfortável da terra!  A paisagem barroca dos trópicos não é menos desoladora do que as ilhas caligráficas do poeta: sob a tela luxuriante da natureza, os homens recortam-se, quais sombras chinesas, numa fundo aridamente linear. Eu diria: pateticamente, de pé, no limiar da História.

Aqui a consciência humana tem a dimensão da tribo, do grupo étnico ou até da aldeia. Uma precária serenidade envolve a azáfama quotidiana destes povos ribeirinhos do Geba que, no meu eurocentrismo de viajante, recém-chegado e distraído, descreveria como felizes, gentis e hospitaleiros.

O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens grandes, sempre eles, a tagarelar uns com os outros sentados no bentém, mascando nozes de cola…

Em suma, um fim de tarde calma numa tabanca fula de Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI). E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...).


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590, mais tarde, CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479, mais tarde CART 11 e depois CCAÇ 11). Na Guiné nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro. Já muito depois do 25 de Abril,  descobri que ele era co-autor de um livro que li e apreciei sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha: Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp). Entretanto, aparece o blogue e, entre outras, publico esta foto... Em 4 de Julho de 2005, recebi a seguinte mensagem, assinada pelo Renato Monteiro:

"Amigo Luis: Muito surpreendido por me rever numa piroga no rio Geba. Na verdade, não me lembrava desse episódio. Não menos espantado por rever a picada do Xime e outros locais que, passado tanto tempo, ainda se encontram bem presentes na minha memória...

"Lamento, ao contrário, não ter reconhecido ninguém nas fotos nem, sequer, te referenciar. Não sei a explicação. Sou, na realidade, co-autor do livro que referes. Fico ao teu dispor para o caso de quereres comunicar, e feliz pela Internet ter possibilitado este reencontro".

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.


2. Contuboel, 15/7/69

Capri, c’est fini!... Ainda te lembras da velha canção do verão de há três anos, em Lisboa (i) ? Pois é, estão a chegar ao fim as férias de Contuboel, o dolce far niente da tropa tropical... Cheguei à Guiné há  mês e meio. E ainda não vi, não senti nem cheirei a guerra (a não ser talvez no percurso, em LDG, no Rio Geba, a caminho do Xime e depois no troço Xime-Bambadinca, no dia da nossa partida de Bissau para Contuboel: confesso que havia alguma tensão nos rotos dos periquitos...).

Acabámos os exercícios finais da instrução de especialidade, que decorreram entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel. Recebemos a visita do homem grande de Bissau (ii). Consta que já nos deu destino, a nós e aos nossos queridos nharros (iii).

Acabaram-se os passeios tranquilos pelo Rio Geba, de piroga. As idas a Sonaco, à civil. As conversas, ao fim da tarde, debaixo do poilão, com os
djubis, as bajudas e as mulheres grandes e os homens grandes. As conversas intelectuais com o meu amigo Monteiro (iv). Os meus vizinhos aldeões com quem gostava de conversar. As pacatas idas às hortas das proximidades para comprar bananas e abacaxis...

Vou ter saudades de Contuboel, das frondosas margens do Geba, da paisagem luxuriante, das amáveis lavadeiras mandingas, de mama firme, que encontrávamos pelo caminho. Mas, como diz a canção, é muito pouco provável cá um dia voltar. Em contrapartida não penso neste momento em Lisboa nem no meu regresso. Contuboel acabou: há agora muitos milhares de quilómetros para palmilhar, numa prova que é, para mim, para todos nós, o grande teste de resistência... e de sobrevivência.

Vou ter saudades das histórias que a
velhice de Contuboel nos contava. Madina do Boé, Fiofioli… Nós, os periquitos, ouvíamos com respeito a velhice e é, com natural apreensão, que nos preparamos para montar a tenda algures no chão fula. Dizem-me que marchamos, dentro de dias, para Bambadinca. Não gostei do sítio quando por lá passei, há um mês e meio. Ainda cheirava a pólvora... Em contrapartida, o aquartelamento é novo, oferecendo boas condições de alojamento, pelo menos para os oficiais e sargentos.

Março de 1969. Durante dez dias e dez noites, de 8 a 18 de Março, o triângulo Xime-Bambadinca-Xitole é passado a pente fino: 1300 homens, entre militares e carregadores civis, além da aviação e da artilharia, estão empenhados na grande operação de limpeza a que foi posto o nome de código de Lança Afiada (não tenho ideia se a marinha esteve envolvida, e em especial o corpo de fuzileiros, cortando a possível retirada do IN pelo Rio Corubal).

Estava-se então em plena época seca: o capinzal já não resiste às granadas incendiárias e as clareiras, abertas pelas queimadas na savana arbustiva, deixam entrever a imensa mole de vegetação tropical para além da qual fica
tabanca di bandido, em florestas sombrias onde coabitam dginé e najoré, e que na algaraviada dos meus nharros quer dizer irãs, diabos, diabretes, duendes e toda a espécie de espíritos (bons e maus)…

O objectivo da operação é, como sempre, aniquilar, capturar ou, no mínimo, expulsar o IN, destruir todos os seus meios de vida e recuperar a população sob o seu controlo... (À força, se a dita população não quiser voltar a viver sob a nossa bandeira e a nossa soberania).

A ideia de manobra é simples: da Ponta do Inglês (antigo aquartelamento das nossas tropas, abandonado em finais de 1968, se não me engano) à mata do Fiofioli, da estrada Mansambo-Xitole à Ponta Luís Dias (outrora um florescente entreposto comercial à beira rio) um enorme cilindro compressor irá empurrando tudo o que for balanta, beafada e bicho do mato para o Rio Corubal onde os esperam os pássaros de fogo dos tugas, os hipopótamos, os jacarés, as formigas carnívoras, os jagudis...

Oficialmente o dispositivo do IN na área compreendida entre a linha geral Xime-Xitole e a margem direita do Rio Gorubal foi desarticulado — um eufemismo, de resto, muito utilizado nos nossos relatórios militares para justificar resultados mais morais e psicológicos do que materiais em operações desta envergadura, e que quando muito só se realizam de dois em dois anos (Na verdade, não é todos os dias que nos podemos dar ao luxo de mobilizar o equivalente a um agrupamento, ou seja, dois batalhões).

Na prática, os roncos não foram espectaculares: para além de algumas toneladas de arroz destruídas, de muitas cabeças de gado mortas, de muita criação pilhada,  e de umas tantas casas de mato ou cubatas queimadas, enfim, para além de alguns contactos com o IN, sempre à distância, “o que contou sobretudo foi termos penetrado em santuários do IN tão míticos como a mata do Fiofioli” (diz-me um furriel da
velhice com quem gosto de conversar do passado recente). Fico a saber que o Fiofioli é um sítio tão temível para os tugas da Zona Leste como, noutros sectores, o Boé, o Cantanhez, o Morès, o Choquemone, o Caresse ou a ilha do Como.
- Afinal, nem hospital nem enfermeiras cubanas nem sequer o fantasma do Nino vestido à cowboy - comentava, entre irónico e desapontado, à mesa da lerpa, um outro furriel da
velhice de Contuboel - Foi só por dizer que estivemos na mata do Fiofioli… Nem sequer fiz o gosto ao dedo!

O que eu posso concluir destas conversas entre
periquitos e velhinhos, no meio de rodadas de cerveja e de uísque, é que depois do inferno de Madina do Boé, a Lança Afiada teve um certo sabor a vitória para as NT.

0 que se passara, entretanto, é que, na impossibilidade de resistir abertamente à contra-penetração das NT, a guerrilha ensaiara algumas manobras de diversão pelo fogo, enquanto as populações sob o seu controlo, previamente alertadas, se metiam na arca de Noé (quiçá com toda a bicharada do mato, os porcos, as galinhas), cambando o Rio Corubal e pondo-se a salvo na outra margem... Em suma a velha táctica dum conhecido mestre escola chinês: “dispersar quando o inimigo ataca, reagrupar quando o inimigo retira”…

Um mês depois, e quando os
tugas voltavam a dormir de cu para o ar, preparando-se para hibernar nos seus campos fortificados durante a estação das chuvas, os diabos negros da floresta desencadeavam uma série de acções que culminariam no ataque em força, inesperado e espectacular, a Bambadinca, a sede do comando do sector L1 até então inviolável...

Foi a 28 de Maio de 1969, à noite, estávamos nós a chegar a Bissau. Quando passámos por Bambadinca, oito dias depois, a caminho de Contuboel, não se falava de outra coisa… "Podíamos ter sido todos mortos ou apanhados à unha, tal era a bandalheira em que estava o quartel" - confidenciou-me o meu conterrâneo e amigo, o Agnelo, 1º cabo de transmissões da CCS... De facto, faziam-se quartos de sentinela... sem armas!

Ao que soube mais tarde, o comandante e o seu adjunto (v) apanharam uma porrada do Spínola /("levaram com os patins", na gíria de caserna)  e seguiram com guia de marcha para Bissau...

[ Excertos do
Diário de um Tuga. publicados na I Série do Blogue, e agora revistos



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte sobre o Rio Geba na estrada Bafatá-Contuboel > 16 de Dezembro de 2008, 13h41... > Nunca mais voltei a Contuboel nem passei sobre esta ponte (que, entretanto, deve ser sido reconstruída)... Mas o meu filho, João Graça, fê-lo por mim, sem eu sequer lhe ter pedido... Provavelmente por sugestão do Pepito, que trabalhou como engenheiro agrónomo em Contuboel depois da independência e por cujo círculo eleitoral foi inclusivemente deputado à Assembleia Nacional... 

Gostava que o Renato Monteiro, que é hoje um grande fotógrafo (com direito a entrada na Wikipédia...) comentasse esta foto... Debaixo desta ponte, num mergulho refrescante mas temerário para as águas do Geba, num dos nossos passeios de piroga, em Junho/Julho de 1969, ele poderia ter aqui encontrado a morte... Relembrei-lhe essa cena, para mim dramática (e que ele varreu completamente da memória, como todos nós fazemos com pesadelos e os acontecimentos de vida traumáticos),  quando nos reencontrámos, pela primeira vez em 2005, graças a este blogue... (LG)

Foto: © João Graça (2009). Direitos reservados


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) >  "Cais do Xime, a cores já esbatidas" (RM)…Atracagem de uma LDG - Lancha de Desembarque Grande... Em primeiro plano, o Fur Mil Renato Monteiro, meu amigo de Contuboel, que foi parar ao Xime (e depois ao Enxalé, destacamento do Xime, no outro lado do Rio Geba) por não morrer de amores pelo comandante da sua unidade de origem, a CART 2479 (1968/70)... Conheci-o em Contuboel, em Junho/Julho de 1969. Nunca mais o vi... Só há poucos anos nos reencontrámos... Graças ao blogue... É a história de um feliz acaso, já aqui contada . Ele era(é) o misterioso homem da piroga (**), fotografado comigo no Rio Geba, em Contuboel, uma das poucas fotos que tenho da Guiné.

 Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI).

E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Pitche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...)

Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.

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Notas  de L.G.:

(i) Canção, romântica, então em voga, nos idos anos de 1965/66, do francês Hervé Villard (n. 1946). A letra era típica da época, delicodoce, inócua, pacífica, para consumo de adolescentes apaixonados, quando ainda se ouviam canções francesas românticas na nossa rádio e os

 "Nous n'irons plus jamais,/ Où tu m'as dit je t'aime,/ Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années, /Nous n'irons plus jamais, /Ce soir c'est plus la peine, /Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années; Capri, c'est fini, /Et dire que c'était la ville / De mon premier amour, /Capri, c'est fini, /Je ne crois pas /Que j'y retournerai un jour" ...

Vd. vídeo no You Tube.

(ii) Forma carinhosa ou reverente como era tratado o general Spínola pela NT e pela população local que convivia connosco.

(iii) Termo algo depreciativo (tal como
tugas, sinónimo de brancos, portugueses) com que tratávamos os africanos da Guiné. Não se pode dizer que o termo fosse explicitamente racista. Era uma expressão de caserna.

(iv) Furriel miliciano Monteiro, da CART 2479 / CART 11, que seguiu para Piche, a nordeste de Nova Lamego (ou Gabu), com os seus africanos, na mesma atura em que nós (CCAÇ 12) seguimos para Bambadinca. Estes africanos fizeram a recruta e a instrução de especialidade juntamente com os nossos. Na altura Contuboel funcionava como um centro de instrução militar, tal como Bolama. Nunca mais o tornaria a ver, ao Renato Monteiro. Graças a este blogue,  ele localizou-me em 2005 e acabámos por nos (re)encontrar.

(v) BCAÇ 2852 (1968/70)
copains e as copines da França do acordeão e do Charlles de Gaulle preparavam para incendiar Paris:
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