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terça-feira, 8 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13378: No 25 de abril eu estava em...(24): Xitole, e foi o comerciante libanês Jamil Nasser quem me deu a notícia, ouvida na BBC, na sua emissão em árabe (José Zeferino, ex-alf mil at inf, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves (*).  Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

Foto:  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.

1. O José Zeferino é um camarada que hoje faz anos, e de quem não temos tido notícias nos últimos tempos a não ser hoje (agradecendo justamente os  nossos voros de parabéns e dizendo que não nos tem esquecido, apesar de não se encontrar no melhor das suas capacidades, presumo que ainda na sequência da intervenção cirúrgica a que foi submetido há um ano atrás)... É menmbro da nossa Tabanca Grande desde 20 de fevereiro de 2008.

Estava no Xitole quando soube do 25 de abril de 1974... Três semanas depois, a 15 de maio, a sua companhia sofreria ainda um tremenda emboscada, de que resultaria a morte do  alferes  mil inf Aguiar e do soldado de transmissões Domingos (Houve ainda cerca de uma dezena de feridos do lado das NT).

De acorco com a pesquisa na Net que fizemos, o Luís Gabriel do Rego Aguiar, natural de Ponta Delgada, é dado como morto em 20/5/1974,  segundo a preciosa listagem dos mortos do ultramar, organizada por concelhos, e disponível no portal Ultramar Terraweb;  por seu turno, (ii) o  Domingos da Silva Ribeiro era natural de Vila Real, e a data  do seu falecimenmto é 15/5/1974; é possível que o alf mil inf Aguiar tenha morrido no HM 241, em Bissau, na sequência de ferimentos graves recebidos nesta emboscada, a última, ao que parece, realizada pelo PAIGC no TO da Guiné, ou pelo menos no setor L1, a seguir ao 25 de abril.

O José Zeferino foi alf mil da 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74), o mesmo é dizer que foi um dos últimos soldadoa  do império. Ele já recordou aqui, telegraficamente, alguns das datas-chave da sua passagem pelo TO da Guiné. Vamos reproduzir alguns excertos,  desde a sua chegada a Bissau até à notícia do 25 de abril, ao mesmo tempo que lhe endereçamos os nossos votos de parabéns natalícios e lhe desejamos as melhoras das suas mazelas. (**)

2. Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 - 73-74 (Xitole, 1973/74)  na Guiné (***)

pro José Zeferino [, foto à esquerda]

(i) Bissau – de 20 de Dezembro 1973 a 4 de Janeiro 1974 - Chegada. A maior parte, como eu, a 2 Janeiro por avião.

(ii) Cumeré - 6 de Janeiro de 1974 – Início da IAO [Instrução de Aperfeiçoamento Operacional].

(iii) Mansoa - 18/19 de Janeiro de 1974. Primeira acção do Batalhão. Segurança / emboscada nocturna no itinerário Bissau – Farim.

(iv) Cumeré - 25 de Janeiro de 1974 - Primeira baixa no Batalhão: o Furriel Humberto, madeirense, da 3.ª Companhia que iria para Farim, suicida-se com a sua G 3. Por motivos sentimentais.

(v) Xitole - 11 de Fevereiro 1974 - Chegada da 2.ª CCAÇ .

(vi) Xitole - 19 de Fevereiro de 1974 - Primeiro combate, na mata. Sem baixas. Indícios de baixas no IN.

(vi) A partir desta data deixa de haver dias de semana. Passam a ser contados por blocos de três dias: dois de patrulhamento e um de descanso. Um grupo de combate fixa-se na defesa da Ponte dos Fulas com rotação mensal.

(viii) Mansambo – 3 e 4 de Março 1974 - Grande operação no Fiofioli. Sem contacto IN.

(ix) Xitole – 9 de Abril de 1974 - Segundo combate na mata. Baixas não confirmadas no IN. O alferes Araújo do 2.º GComb é evacuado para a psiquiatria do HMB. O meu GComb, o 3.º, estava na ponte nesta altura. Foi de onde tirei esta foto.

(x) Xitole – 13 de Abril de 1974 - Visita do general Bettencourt Rodrigues. Transportado por héli Allouette IIIG

(xi) Xitole  – 22 de Abril de 1974 - Apresenta-se um guerrilheiro do PAIGC. Má altura, para ele, para desertar das suas fileiras.

(xii) Xitole  – 25 de Abril 1974 - madrugada, cerca das 6 horas:
Zefruíno, alferes Zefruíno!!!

Era o Jamil, comerciante libanês com grande influência política, social e económica, tanto na Guiné como na restante família, árabe, dispersa por três continentes.

Estávamos a iniciar mais um patrulhamento, a dois Gr Comb, talvez à zona do Duá.

Na varanda da sua casa, tipo colonial, claro, estendiam-se fios de antenas que acabavam num rádio antigo, de válvulas, por onde estava a ouvir a BBC em árabe.

Diz-me:
 – Zefruíno, o... (não me lembro, ou não quero, das palavras exactas) do Spínola está a fazer uma revolta.

O Jamil tinha tido um contencioso com o general Spínola: tinha querido transferir as suas casas de comércio na zona, para Bissau, no que foi impedido pelo general. Era uma base de apoio para as nossas tropas e para a população.

Foi assim que tive conhecimento do que se passava em Lisboa.

Regressámos de imediato ao quartel. Ficámos na expectativa nos dias seguintes. Patrulhamentos, só o mínimo indispensável-até Endorna. Montagem de segurança nocturna: poucas. Estávamos literalmente presos pela avidez dos comunicados. Acreditámos que o fim da guerra era desejado pelas duas partes. Pelo menos para a população era-o. E muito.

Entretanto chegou ao nosso conhecimento, não me lembro como, que no PAIGC havia duas correntes: uma para atacar em força aproveitando uma possível desorientação nossa; outra para entrar de imediato em conversações de paz no terreno. (...)

_______________


(...) Deparei-me com a fotografia das ruínas da casa do Jamil Nasser,  do Tio Jamil, como eu lhe chamava, e veio-me uma nostalgia difícil de explicar.

Quase todos os dias, ao fim da tarde, ía a casa do Jamil e no seu alpendre de entrada, bebiamos uns uísques, acompanhados de pedaços de tomate com sal, enquanto ele ouvia as notícias do Libano no seu rádio, em árabe, claro está, e comentava o que por lá se passava.

Para mim era como sair um pouco da tropa e entrar numa vida social, o que dava um certo equilíbrio emocional.

Um dia, quando me preparava para ir ter com o Jamil, apareceu o seu criado Suri, oriundo da Gâmbia, salvo o erro, para me dizer que o Jamil pedia para eu não ir ter com ele naquele dia.
 Fiquei admirado, mas bebi o que tinha a beber no quartel. Mal anoiteceu, houve um tremendo ataque ao Xitole que, graças a Deus, não provocou quaisquer vítimas ou sequer ferimentos, mas destruiu bastante alguns edifícios.

Percebi o recado do Jamil, mas nunca falámos nisso. Tenho algumas histórias com ele e até fotografias, se não me engano, não tenho é muito tempo, mas logo verei o que posso arranjar.

A memória falha de vez em quando, mas penso que ainda me encontrei com o Jamil em Lisboa depois de ter vindo da Guiné. Lembro-me que ele costumava ficar num Hotel, ao lado do Cinema Tivoli, se não me engano Hotel Condestável. (...)


quarta-feira, 6 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11203: PAIGC: Dispositivo militar, antes do 25 de abril (História do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74, ed. revista, melhorada e aumentada por Jorge Canhã0)











N a zona oeste,. e ao longo da fronteira senegalesa, o PAIGC beneficiava das bases de M' Pacck, Campada, Sikoum, Cumbamory, e Hermacono






Na região leste, o PAIGC dispunha das bases,  situadas em território da Guiné-Conacri, de Foulamansa / Kaorané / Missirá, Foulamory, Kambera [, também designada por Madina do Boé]  e Koundara (centro logístico)


Na região sul, o PAIGC dispunha de duas bases fundamentais, situadas na Guiné-Conacri, Kandiafara e Boké (centro logístico).





1. Dispositivo militar do PAIGC. Infografia constante da História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74), conforme versão em formato pdf, revista, melhorada e aumentada por Jorge Canhão, ex-fur mil at inf, 3ª CCAÇ.

Desconheço  a origem deste documento, o mapa  com a distribuição das forças do PAIGC. Mas presumo que seja de meados de 1973, e seja nosso, oriundo do próprio Quartel General (QG).  O mapa, inserido logo no início do documento, ocupa uma página. Foi recortado por mim, em diversas partes (quadrantes), de modo a tornar-se mais legível. È pena que o Jorge não tenha citado a fonte. Mas tudo indica que é, de facto,  um documento nosso,  até pelas  letras desenhadas a escantilhão.(Repare-se que há correções, a "corretor branco",  da responsabilidade do Jorge Canhão):

No início da história da unidade  há uma nota do Jorge Canhão, que diz o seguinte: 

"As páginas deste documento em pdf não correspondem, como é obvio,  às páginas dos documentos originais, devido às alterações de forma, feitas por mim.

Fiz este trabalho no sentido de não se perder através dos tempos como mais facilmente acontece com documentos em papel, fi-lo também e principalmente como homenagem aos camaradas mortos na Guiné, assim como todos aqueles que já não estão connosco, mas que fizeram parte deste grande grupo de camaradas que pertenceram ao Batalhão de Caçadores 4612/72.

Quero também agradecer aos camaradas que nos forneceram fotocópias da História do Batalhão, e aqueles que por outros meios também me ajudaram e deram o pontapé de saída para que este trabalho fosse possível.

Os mapas aqui presentes foram tirados de livros editados, e outros documentos foram conseguidos na internet. Abraços para todos. Jorge Canhão, ex-furriel miliciano atirador de infantaria da 3ª Compª do BCaç 4612/72.

É também chegada a altura de homenagear o nosso camarada Jorge Canhão, que está a recuperar de recentes problemas de saúde. Desejamos-lhe rápidas melhoras e queremos que regresse, em boa forma, ao nosso convívio. Vamos fazer-lhe uma grande receção em Monte Real, no dia 22 de junho de 2013, por ocasião do VIII Encontro Nacional da Tabanca Grande.

2. Uma leitura rápida do mapa permite-me tirar as seguintes conclusões:

(i) O PAIGC nunca conseguiu um presença efetiva, em homens e armas, no chão manjaco (Teixeira Pinto), no chão felupe (São Domingos), no chão bijagó  (Bolama), no chão fula (zona leste, eixo Bambadinca-Bafatá-Nova Lamego, com centro em Bafatá);

(ii) Foram muito importantes, para o PAIGC, ao longo da guerra (1963/74) as suas bases de retaguarda, nos dois países limítrofes, a começar pela Guiné-Conacri, que sempre apoiou abertamente a guerrilha, como no próprio Senegal, que tolerava a presença dos guerrilheiros...

(iii)  Com tempo e pachorra, poder-se calcular os efetivos totais do PAIGC, sabendo-se que, de acordo com o Supintrep 31, as equivalências numéricas eram as seguintes:

Bigrupo = 44
Bigrupo reforçado= 70
Grupo de artilharia= 50
Grupo de morteiros 82= 23
Grupo de canhões s/r= 23
Grupo de foguetões 122= 16
Pelotão de antiaéreas= 16
Grupo de morteiros 120= 40
Grupo de comandos= 50
Grupo especial de bazucas (RPG)=  20

(iv) Na zona do Xime/Xitole,  no final da guerra, parece haver apenas 2 bigrupos de infantaria (= 90 homens) e 2 grupos especiais de RPG (= 40), o que totaliza menos de 130 homens em armas, cerca de metade das forças estimadas no meu tempo, em 1969/71 (, estimativa que apontava para 5 bigrupos + artilharia);

(v) Os grupos especiais de artilharia (míssil terra-ar Strela), estão referenciados nas regiões fronteiriças: Kandiafara, e Kambera (no sul); Foulamannsa e Coumbamory (no norte);  no interior, a exceção parece ser o Morès e Sara, a norte do Geba; e o sul (Regiões de Quínara e Tombali): ao todo 4 grupos...

(vi) Os grupos de foguetões 122 mm (Graad ou "jato do Povo)" também estão localizados de preferência nas zonas fronteiriças; 

(viii) Enfim, esta infografia vale o que vale, sabendo-se que o PAIGC e as NT tinham  estratégias diferentes ao nível da sua implantação no terreno...

3. Reproduz-se a seguir um excerto (pp. 18/19) do relatório da 2ª Rep., já aqui transcrito na íntegra:

Vd. poste de 4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21








[Admitimos que esta estimativa peque por excesso... Em toda a parte do mundo os burocratas militares tendem a revalorizar  poder bélico do inimigo para se valorizarem a eles próprios ou poderem negociar mais meios com o  poder politico... Aliás, foi justamente isso que o PAIGC fez, depois da morte de Amílçcar Cabral, com os seus aliados internacionais...

Mas, ao fim de mais de um a década de guerra, o PAIGC tinha graves problemas de recrutamento humano, tal como nós... Em 1974,  a população civil e a guerrilha (Exército Popular e milícias) estão exaustos, cansados e com graves problemas de saúde, a avaliar por várias fontes internas... O tema do "mútuo cansaço da guerra" é glosado, por exemplo, no notável filme do Flora Gomes, de 1978, Mortu Nega (a morte negada), que passou há dias, em 2 de março,  na RTP África... Diga-se de passagem que se trata da primeira longa metragem do cinema do novo país lusófono... e que me surpreendeu agradavelmente; um grande filme de um grande cineasta, Tenho pena de o não ter visto exatamente desde o início].

sábado, 10 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9175: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74) (2): Tangali, Março de 1974: Senti-me mal, muito mal, quando de repente dei conta que estava ali como mero colector de impostos!... (José Zeferino)


Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 2ª CCAÇ /BCAÇ 4616 (1973/74)  > Com o alferes Simas, à direita, da 1ª CCAÇ do 4616,de Mansambo, em Agosto de 1974. Na cambança... 
.



Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 2ª CCAÇ /BCAÇ 4616 (1973/74) > O Alfg Mil Zeferino, no Rio Corubal, na cambança,  a bordo de uma canoa.




Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 2ª CCAÇ /BCAÇ 4616 (1973/74) > A tabanca de Cambesse, vista da picada.


Fotos: © José Zeferino (2011). Todos os direitos reservados.




1. Mensagem do nosso amigo e camarada José Zeferino, ex-Alf Mil, 2ª CCAÇ / BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/4):


Data: 7 de Dezembro de 2011 19:43

Assunto: Alguns apontamentos sobre a acção da 2ª CCAÇ do BCAÇ 4616 / 73-74 na Guiné (*)

 Caro Luís:


Depois de algum tempo sem estar com os camaradas, só por visitas ao blogue, volto a propor mais um texto sobre situações vividas na Guiné. Não tendo tido grande disposição,por vários motivos, para convívios ,optei por não levar esse meu estado de espirito para a nossa Tabanca.

Espero em breve poder dar um abraço aos camaradas.

Como não concordo nem uso o "novo acordo ortográfico" – penso que a evolução de uma linguagem escrita não deve ser decretada por governantes – peço-te que não o apliques. Arranha-me a cabeça quando leio algo com essa nova ortografia.

Um grande abraço para ti e todos os camaradas da Guiné

José António dos Santos Zeferino



2. Março de 1974


Tangali era uma pequena tabanca, a sul do Xitole, de passagem para o local, no rio Corubal, onde se fazia a cambança de víveres frescos e correio provenientes, em última escala, da Aldeia Formosa. Normalmente duas vezes por mês.

A população parecia-me a menos empenhada, na nossa zona, em ter boas relações connosco. Muito diferente de, por exemplo, Cambesse, com milícia em auto-defesa, onde se vivia uma cooperação excelente.

Ao contrário da zona a norte – Ganha Balanta, Endorna, Galo Corubal e Duá – esta não nos dava grandes preocupações: alguns, poucos, patrulhamentos e ainda uma operação, a nível de companhia,  com duvidoso apoio da aviação.

Nesse dia estava o meu Gr Comb escalado para uma "acção" que pensei ser de teor psicológico junto da população. Contava com a presença do nosso capitão.

O chefe da tabanca recebeu-nos com as suas vestes compridas, brancas. Nas suas mãos uma caixa de metal, calcinada, e com cinzas no interior. Justificava, um pouco exaltado, ao nosso capitão, o não pagamento de um imposto por se terem incendiado os valores que estariam dentro da caixa!

Mais: o incêndio teria sido provocado por uma ponta de cigarro que um soldado teria lançado quando de uma passagem de ou para o ponto de cambança.

Quando me apercebi que, afinal, estava ali como um mero colector de impostos, afastei-me da discussão. 

Não sei como ficou resolvida a questão. Nem procurei saber! Lembro-me que me senti mal. Muito mal!


___________________


Nota do editor:


(*) Vd. poste de 17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4545: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74) (1) (José Zeferino)

sábado, 29 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6490: A minha CCAÇ 12 (3): A única história da unidade, no Arquivo Histórico-Militar, é a que cobre o período de Maio de 1969 (ainda como CCAÇ 2590) até Março de 1971... e foi escrita por mim, dactilografada e policopiada a stencil (Luís Graça)



Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Cambança de uma bolanha, na região do Xime, no decurso (?) da Op Boga Destemida, em Fevereiro de 1970, em que participarama 3 Gr Comb da CCAÇ 12 (Desta A) e forças da CART 2520 (Xime), reforçadas pelo Pel Caç Nat 63 (comandado pelo Alf Mil Art Jorge Cabral) (Dest B). Essa operação saldou-se por 2 mortos e meia dúzia de feridos (entre graves e ligeiros, entre eles o meu amigo 1º Cabo Galvão, que foi ferido na coaxa com um tiro, quando em maca, lesionado, transportado por quatro camaradas, à altura do capim (*)...

Vendo melhor a foto, parece-me improvável que tenha sido no decurso da Op Boga Destemida... Em primeiro palno, vê-se o 1º Cabo Valente, ferido por estilhaços de morteiro em Janeiro de 1970 (Op Borbeleta Destemida)...Depois estamos já na época seca... É possível que a foto (aliás, um diapositivo) tenha sido tirado ainda em 1969, no final da época das chuva, que também de intensa actividade operacional... Infelizmente não tenho as legendas das magníficas imagens que o Arlindo Roda teve a gentileza de me mandar, através do Benjamim Durães (CCS / BART 2917, 1970/72).

Ainda em 2º plano, vê-se o Fur Mil At Inf Roda, o Alf Mil Op Esp Francisco Moreia (comandante do 1º Gr Comb). Atrás deles, descortinam-se ainda as cabeças dos Fur Mil Humberto Reis e António Branquinho.

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Direitos reservados




 1. Realizou-se hoje, em Vila do Conde, o 39º Convívio Anual da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72). Quero dizer aos camaradas que nos substituíram, aos primeiros quadros e especialistas metropolitanos (que integraram a CCAÇ 2590, mais tarde CCAÇ 12), que há uma história da nossa unidade (HU), escrita por mim, respeitante ao período de Junho de 1969 / Março de 1971... É o único período em que há uma HU da "nossa" CCAÇ, segundo o Arquivo Histórico-Militar.

A história da CCAÇ 12 também tem uma história que merece ser contada:

(i) Escrita por mim, contou com a cumplicidade e a colaboração de vários camaradas, milicianos, incluindo um sargento do quadro: já não está no activo, vive em Évora, e faço questão de mencionar seu nome, o Sargento Piça, o Grande Piça, para os amigos!...

(ii) Oficialmente, o documento não tem (nem podia ter) autor, mas é unanimemente reconhecido que foi escrita por mim;

(iii) Mais, foi-me pedida expressamente pelo comandante da companhia, o afável Capitão Inf Carlos Brito (que hoje vive em Braga, e é coronel na reforma, devendo estar na casa dos 77/78 anos; não tem aparecido aos últimos encontros da companhia; não o vejo desde 1994, data do nosso 1º primeiro encontro, em Fão, Esposende;

(iv) O então Cap Brito (em vésperas de ser promovido a major, se não mesmo já major) não autorizou a sua divulgação, nem muito menos o comando do batalhão de quem estávamos hierarquicamente dependentes, o BART 2917, a partir de Junho de 1970 até Fevereiro de 1971); alegava ter informação "classificada" (o que era inteiramente verdade);

(v) Um versão, escrita e impressa à luz do dia, a stencil, na secretaria da companhia, foi discretamente distribuída aos alferes e furriéis milicianos (mesmo assim, não sei se a todos...), numa tiragem necessariamente reduzida, na véspera da partida; como era sabido, os quadros metropolitanos e os especialistas da CCAÇ 12, num total de 50, eram de rendição individual;

(vi) Em 1994, quando reencontrei o meu antigo Capitão, agora Cor Ref, dei-lhe conta desta deslealdade que cometi em Março de 1971 (julgo que foi a única, em relação a ele).



O único louvor que tive na tropa e onde se referência à elaboração da história da unidade... Foi coisa que nunca mostrei a ninguém. Pensando bem, deveria ter razões para sentir-me honrado pela distinção...  Reprodução da página 12 da minha caderneta militar...

Foto: © Luis Graça (2010). Direitos reservados


Na I Série do nosso blogue, fiz questão de dizer que gostaria que aquele documento tivesse podido chegar às mãos de todos os meus camaradas, incluindo os nossos soldados e cabos metropolitanos. E até às mãos dos africanos, embora muito poucos (dois ou três) soubessem ler e escrever. Infelizmente, não chegou. Verifico agora que, no período de 1971/72, em que estiveram à frente da Comopanhia o Cap Inf Celestino Ferreira das Costa e depois o Cap QEO Humberto Bordalo Xavier já havia mais 1ºs cabos, para além do José Carlos Suleimane Baldé, a quem eu ajudei a fazer a 4ª classe, eu e outros camaradas como o Marques.

Sobre a divulgação, aqui, no nosso blogue, de partes desse documento, eu quero de novo declarar que a nossa actuação na Guiné não teve nada de heróico. Como muitas outras subunidades, cumprimos a nossa missão, pese embora o facto de eu julgar que fomos duramente explorados pelos batalhões que estiveram sediados em Bambadinca.

E a releitura da história da CCAÇ 12, sob o comando do Cap Inf Carlos Brito (foto à esquerda)  vem confirmar, à distância de quase 40 anos, essa primeira impressão de quem, como eu, tendo sido actor, não pode ser advogado em causa própria. Procurei, mesmo assim, ser o mais possível objectivo, ou pelo menos factual, e distanciar-me dos acontecimentos que, muitos dos quais, eu próprio vivi como combatente sui generis (não levava granadas à cintura, andava com a G3 em posição de segurança...).

Cumprimos a nossa missão, com sangue, suor e lágrimas (um dos slogans preferidos dos nossos camaradas que faziam tatuagens no corpo). Recordo-me de algumas tatuagens: Guiné 69/71: Amor de mãe ou Guiné 69/71: Sangue, suor e lágrimas (Seria interessante estar esta forma de comunicação...).

Partimos tal como chegámos: discretamente. Na Guiné fomos amigos e solidários uns dos outros. Honrámos a Pátria, mesmo discordando (alguns, como eu) daquela guerra. Batemo-nos com dignidade e até coragem. Um terço dos operacionais foi ferido em combate. Fomos uma das primeiras unidades da nova força africana, criada por Spínola. Deixámos lá a nossa juventude...

Em contrapartida, nunca mais soube nada dos meus, dos nossos, soldados africanos. Soube há dias do José Carlos Suleimane Baldé. Soube há anos que o Umaru Baldé tinha morrido, em Portugal, de doença. (Era o puto da nossa Companhia, o nosso benjamim, não teria mais de 16 anos, quando nos foi entregue em Contuboel). Soube, com tristeza, que o Abibo Jau (entretanto tranferido para a CCAÇ 21, comandada pelo Cap Comando Graduado Jamanca e e onde terminou a sua carreira militar o Aferes Comando Graduado Amadu Djaló, membro da nossa Tabanca Grande) tinha sido fuzilado, com o Jamanca, em Madina Colhido... Portugal abandonou-os à sua sorte depois da nossa saída em Setembro/Outubro de 1974. Nós abandonámo-los à sua sorte. E isso dói-me, isso ainda nos dói...


A partir de 18 de Julho de 1969, finda a instrução de especialidade, a CCAÇ 12 foi dada como operacional, sendo colocada em Bambadinca (Sector L1), como subunidade de intervenção e reserva do CAOP2 (Bafatá), ficando pronta a actuar às ordens de qualquer um dos sectores da Zona Leste da Guiné (em especial dos Sectores L1, L3 e L5). Durante a sua primeira comissão (1969/71), actou sobretudo no Sector L1 (Bambadinca, correspondente ao triângulo Bambadinca-Xime-Xitole, mas incluindo também, a norte do Rio Geba, o regulado Cuor onde começava o famoso corredor do Morès...).

 Em Março de 1973,  rendeu a CART 3494 / BART 3873 (1972/74),  passando a subunidade de quadrícula, aquartelada no Xime, e por lá terá ficado até ao fim da guerra (às ordens do BCAÇ 4616/73). Tal significou que os nossos soldados africanos, ou uma boa parte deles (exceptuando os mortos, os feridos graves, os inoperacionais...), fizeram três anos e nove meses como força de intervanção (andaram no mato com a canhota...) e mais um ano e tal, aquartelados no Xime (de Abnril de 1973 até à extinção, em Agosto de 1974). No mínimo, cinco anos de tropa, ao serviço dos tugas. A esse tempo deveria acrescentar-se os meses e os anos em que, muitos deles, foram milícias nas suas pobres tabancas dos regulados do Cossé, Xime, Badora e Corubal, organizadas em autodefesa...

Em Julho de 1969 (e até Junho de 1970), o dispositivo das NT no Sector L1 era o seguinte:

(i) Comando e Companhia de Comando e Serviços do BCAÇ 2852 (Bamdabinca, 1968/70);
(ii) Forças de intervenção (Bambadinca): CCAÇ 12 (1969/71); Pelotão de Caçadores Nativos 53;
(iii) Subunidades em quadrícula do BCAÇ 2852: CCAÇ 2520 (Xime), 2339 (Mansambo) e 2413 (Xitole)

Havia ainda a considerar o Pelotão de Cavalaria Daimler (Bambadinca), o Pel Caç Nat 52 (Missirá) e 63 (Fá Mandinga), além das forças militarizadas (pelotões de milícias aquarteladas em Taibatá, Dembataco e Finete).

Se excluirmos a população fula armada (nas tabancas em autodefesa), no Sector L1 (mais ou menos equivalente à Região do Xitole ou Sector2, para o PAIGC), as NT poderiam ser estimadas em cerca de 1250 homens, o que nos dava uma vantagem , em relação ao IN, de talvez cinco ou seis para um. De resto, estimava-se que, no final da guerra, o PAIGG em todas as frentes não tivesse mais do que 7 mil homens em armas, cinco vezes menos do que as NT.  Em termos de populações controladas, teríamos cerca de 15 indivíduos no Sector L1, enquanto a população, balanta, beafada e mandinga, sob controlo do PAIGC, era estimada em 5 mil, concentrada sobretudo na margem direita do Rio Corubal e na região de Madina/Belel,  a norte do Rio Geba.
________________

Notas de L.G.


(**) Vd. poste anterior desta série >  25 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6466: A minha CCAÇ 12 (2): De Santa Margarida a Contuboel, 5 mil quilómetros mais a sul (Luís Graça)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4545: Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74) (1) (José Zeferino)



1. Mensagem de José Zeferino, ex-Alf Mil At Inf, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74, com data de 11 de Junho de 2009:


Luís,
Finalmente consegui acabar o texto que tinha prometido.
Foi quase de memória - menos as datas indicadas.
Por isso poderá ser alvo de outras versões.


Envio-te para como é habitual dares-lhe o tratamento que entenderes.


Até dia 20, em Monte Real.


Com os melhores cumprimentos
José António dos Santos Zeferino




Alguns apontamentos sobre a acção da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 - 73-74 na Guiné


(i) BISSAU – de 20 de Dezembro 1973 a 4 de Janeiro 1974 - Chegada. A maior parte, como eu, a 2 Janeiro por avião.


(ii) CUMERÉ - 6 de Janeiro de 1974 – Início do IAO


Foto 1 > Cumeré 1974




(iii) MANSOA - 18 - 19 de Janeiro de 1974. Primeira acção do Batalhão. Segurança\emboscada nocturna itinerário Bissau – Farim.


(iv) CUMERÉ - 25 de Janeiro de 1974 - Primeira baixa no Batalhão: o Furriel Humberto, madeirense, da 3.ª Companhia que iria para Farim, suicida-se com a sua G 3. Por motivos sentimentais.


(v) XITOLE - 11 de Fevereiro 1974 - Chegada da 2.ª CCAÇ .


Foto 2 > Aspecto do Quartel do Xitole




(vi) A partir desta data deixa de haver dias de semana. Passam a ser contados por blocos de três dias: dois de patrulhamento e um de descanso. Um grupo de combate fixa-se na defesa da Ponte dos Fulas com rotação mensal.


Foto 3 > Ponte dos Fulas




(vii) XITOLE – 19 de Fevereiro de 1974 - Primeiro combate, na mata. Sem baixas. Indícios de baixas no IN.


(viii) MANSAMBO – 3 e 4 de Março 1974 - Grande operação no Fiofiol. Sem contacto IN.


(ix) XITOLE – 9 de Abril de 1974 - Segundo combate na mata. Baixas não confirmadas no IN. O alferes Araújo do 2.º GComb é evacuado para a psiquiatria do HMB. O meu GComb, o 3.º, estava na ponte nesta altura. Foi de onde tirei esta foto.


Foto 4 > Fogo do morteiro 10,7 do Xitole, batendo a retirada IN.




(x) XITOLE – 13 de Abril de 1974 - Visita do general Bettencourt Rodrigues. Transportado por héli Allouette IIIG


(xi) XITOLE – 22 de Abril de 1974 - Apresenta-se um guerrilheiro do PAIGC. Má altura, para ele, para desertar das suas fileiras.


(xii) XITOLE – 25 de Abril 1974 - madrugada, cerca das 6 horas:


- Zefruíno, alferes Zefruíno!!!


Era o Jamil, comerciante libanês com grande influência política, social e económica, tanto na Guiné como na restante família, árabe, dispersa por três continentes.


Estávamos a iniciar mais um patrulhamento, a dois GComb, talvez à zona do Duá.


Na varanda da sua casa, tipo colonial, claro, estendiam-se fios de antenas que acabavam num rádio antigo, de válvulas, por onde estava a ouvir a BBC em árabe.


Diz-me:


- Zefruíno, o (não me lembro, ou não quero, das palavras exactas) do Spínola está a fazer uma revolta.


O Jamil tinha tido um contencioso com o general Spínola: tinha querido transferir as suas casas de comércio na zona, para Bissau, no que foi impedido pelo general. Era uma base de apoio para as nossas tropas e para a população.


Foi assim que tive conhecimento do que se passava em Lisboa.


Regressámos de imediato ao quartel. Ficámos na expectativa nos dias seguintes. Patrulhamentos, só o mínimo indispensável-até Endorna. Montagem de segurança nocturna: poucas. Estávamos literalmente presos pela avidez dos comunicados.


Acreditámos que o fim da guerra era desejado pelas duas partes. Pelo menos para a população era-o. E muito.


Entretanto chegou ao nosso conhecimento, não me lembro como, que no PAIGC havia duas correntes: uma para atacar em força aproveitando uma possível desorientação nossa. Outra para entrar de imediato em conversações de paz no terreno.


(xiii) XITOLE – 15 de Maio de 1974 – Violento combate – emboscada. Duas baixas do nosso lado: o Alferes Aguiar e o Soldado de Transmissões Domingos. Cerca de uma dezena de feridos. Sinais de baixas IN.


(xiv) XITOLE – 30 de Maio de 1974 - São detectadas e levantadas várias minas reforçadas com granadas de RPG.


(xv) XITOLE – 5 de Junho de 1974 - Avistam-se grandes queimadas na margem esquerda do Corubal. Prenúncio de preparação do terreno para ataque de canhão?


Sob orientação de Bambadinca, via rádio, procedeu-se a um batimento de zona por morteiros 10,7 e 81.


Ao entardecer o pessoal de Transmissões capta mensagens em francês, creio, através de pequeno um rádio Onkyo que, como sabemos, não tem grande alcance. Sinal que havia movimentos estranhos perto.


As sentinelas são reforçadas. Já de noite uma rajada de G3 na porta de armas leva-nos às valas. Tinha sido avistado um elemento IN a tentar infiltração junto ao arame que nos separava da tabanca. nUma pequena força nossa sai, entra na população e regressa pouco depois, sem resultados. Passámos o resto da noite na expectativa.


(xvi) XITOLE - 6 de Junho de 1974 - Pelas 6 horas, nova rajada. Desta vez de uma sentinela junto ao espaldão do morteiro 81, na zona dos quartos dos oficiais e do abrigo da Breda.
Novamente nas valas avistámos, a umas dezenas de metros, uma coluna IN que se aproximava, vinda da tabanca, pela orla da pista de aviação. Sob o nosso fogo fugiram para o mato do outro lado da pista, deixando um deles ferido. Veio a falecer pouco depois na nossa enfermaria.


Foi este, realmente, o ultimo acto de guerra na zona e ainda hoje não o entendo totalmente.


(xvii) XITOLE – 15 de Junho de 1974 - Na picada, para lá da Ponte dos Fulas, suspensa de uma árvore, é encontrada uma carta com um maço de tabaco Nô Pintcha, e um isqueiro. Convidava o capitão a fazer a paz. O que foi feito no mesmo dia, perto do pontão do Jagarajá.


(xviii) XITOLE – de 16 de Junho a Setembro de 1974 - Começaram então as visitas de comandantes e comissários políticos do PAIGC para combinar a cerimónia da entrega do quartel, com o arrear da nossa bandeira e o hastear da deles. Vinham das matas da margem direita do Corubal – Mina, FioFioli, etc.


Foto 5 > Primeiro encontro no Xitole: de costas um comandante do PAIGC – não me lembro do nome, o nosso médico - Dr. Morgado, eu, o capitão Luís Viegas, o comissário politico Antero Alfama e o 1.º Sargento Pára-quedista Vaz


Houve um jogo de futebol entre nós e os guerrilheiros. Gostavam imenso de falar com o nosso pessoal chegando a trocar impressões sobre o material que tínhamos usado na guerra.

Creio que numa dessas conversas foi dito que quem preparou a tal emboscada de 15 de Maio teria sido castigado. Não aprofundámos a questão, pois se até ao 25 de Abril tínhamos tido alguns encontros, na mata, sem baixas do nosso lado o mesmo não se passava com eles.

Quase todos os dias apareciam guerrilheiros procurando refeições na nossa cantina geral. Aúnica exigência nossa: tinham que deixar a arma à entrada do quartel, no posto de sentinela.


Fazendo-se transportar por camionetas civis paravam sempre na casa do Jamil para o cumprimentar.


Foto 6 > Chegada ao Xitole de forças do PAIGC.


Estava com o Jamil na sua varanda numa dessas ocasiões quando me diz, referindo-se ao comandante de canhões que já se dirigia para o quartel depois de o ter saudado:

- Este… - também não me lembro do termo – foi meu empregado numa das lojas que tinha no Corubal!

Um padre foi até ao Xitole fazer a recolha dos ornamentos de prata e ouro e relógios deixados pelos camaradas das companhias anteriores na capela.

Numa das colunas, e em viatura civil, chegaram também duas prostitutas. Alguns aproveitaram.

Igualmente chegou um individuo com farda a estrear. Não falou com ninguém. Limitou-se a esperar pelo regresso da coluna. Informei-me sobre ele, não me lembro com quem, que me disse tratar-se de um desertor nosso, antigo, e que para limpar a caderneta tinha regressado à Guiné. Na altura um comandante do PAIGC, que estava presente e também interessado em saber quem era, disse, rindo:
- Manga de cu pequenino.

O Saltinho já tinha sido entregue.

Bastou um dia para ficarem sem gerador. Os novos ocupantes pedem ajuda ao Xitole para reparar o aparelho. Nesse dia à noite ficámos preocupados por a equipa que foi não ter chegado. Foram encontrados perto de Cambéssé com o Unimog espetado dentro do mato com vários guerrilheiros a tentar repô-lo na picada. O comandante deles, de nome Claude, ficou irritadíssimo quando nos viu. Já estava todo alterado. E foi a única expressão de ódio que registei em todos os contactos com elementos do PAIGC. Mas a nossa equipa foi muito bem tratada por eles.


Entretanto chegam-nos notícias de problemas em Bambadinca: Com as nossas milícias: queriam alimentos e com a CCAÇ 12 que não queria entregar as armas.


Depois… o tempo passou-se… lentamente. E entregámos o Xitole.


Foto 7 > Formados para a cerimónias : lado a lado


Foto 8 > Creio que , no lado esquerdo, se trata do comandante João Gomes.


Foto 9 > Inicio da saída do Xitole


(xix) BAMBADINCA – 2 de Setembro de1974 - Era o depósito do Leste. Todo o material vinha dar aqui para ser transportado para Bissau. Material e pessoas.


Foto 10 > Material no Xime


Foto 11 > Furriéis da 2.ª CCAÇ no Xime


Conhecemos alguns jornalistas cubanos que se sentavam à nossa mesa de refeições. Brindavam-nos, por vezes, com cantares do seu país.


Trabalho pesado para os soldados que faziam a estiva no Xime carregando as LDG.


Foto 12 > Mais material no Xime - este foi carregado manualmente


Ultima baixa na Companhia. Desta vez por doença: o soldado Vivas da Costa do meu Gr Comb, morre no HMB, vítima de paludismo.


(xx) BAMBADINCA – 7 de Setembro de 1974 - Já tínhamos entregue, também, este quartel quando, um dia resolvi ir até ao cais.


Em frente ao depósito de géneros trava-se uma discussão entre o comandante, guinéu, João Gomes e o comissário político, cabo-verdiano, Antero Alfama. Já os conhecia desde o Xitol e fiquei admirado.


Um queria distribuir os produtos alimentares de imediato pela população - claro o João Gomes. O outro queria controlar essa distribuição. De repente e acabando com a discussão o João Gomes vira-se para a pequena força que o acompanhava, uns dez soldados, e diz:
- Quem está comigo fica atrás de mim, quem não está vai para o lado dele…


No dia seguinte regressava a Bissau e depois a Lisboa. Esta já não era, de certeza, a minha guerra.


Foto 13 > BISSAU – 12 de Setembro de 1974 - Embarque no Uíge, para Lisboa.


José Zeferino
Aos 21 de Maio de 2009
__________


Nota de CV:


(*) Vd. poste de 17 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4425: No 25 de Abril eu estava em... (11): No Xitole, a guerra não acabou no dia 25 de Abril de 1974 (Joaquim Macau)

1. Mensagem de Joaquim Macau, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74, com data de 25 de Maio de 2009:

Camarada Carlos vinhal

É com satisfação que vou responder às questões que me colocavas, mas antes, gostaria de fazer umas pequenas correcções.

Eu e outros camaradas só chegamos à Guiné no último dia do ano de 1973, houve outros que foram chegando até 5 de Janeiro de 1974, se o ingresso na vida militar foi para todos em 1973, alguns de nós só abalaram de Portugal já em 1974. Portanto nós, 2.ª CCAÇ só fomos para Xitole já em 1974.

A entrega do Xitole, não foi feita um mês depois da emboscada, foi muito tempo depois.

A 15 de Junho de 74 foi o primeiro contacto entre (forças inimigas), disso já o Zeferino fez referência anteriormente.

No mesmo dia, um GCOMB já tinha saído do quartel para ir buscar a correspondência, algures, ao rio Corubal, eu, nesse dia, fui com o Grupo como acontecia frequentemente para aquele lugar, onde nunca se consta que tenha havido algum encontro entre as forças inimigas.

Chegados ao local, como era normal, entrei em contacto com o quartel, para anunciar que tínhamos chegado ao destino, sem qualquer problema, foi quando, do quartel, o camarada que comigo trocou de serviço, me informou que o Capitão tinha saído para um encontro com elementos do PAIGC. 

Como devem calcular quando informei o Grupo do que se estava a passar, a alegria e a satisfação de todos era enorme. Assim que recebemos o correio, partimos em festa para o quartel e, quando chegamos, ainda o grupo do Capitão não tinha chegado. Os camaradas que estavam no quartel, também eles estavam em festa. Quando ia a caminho do posto de transmissões, atirei 2 ou 3 tiros de pistola para o ar, eram os foguetes festivos, logo criticados por um sargento do quadro que não me recordo o nome, pensava ele que tinha sido um acidente e não uma comemoração.

Pouco depois chegou o Comandante e seus acompanhantes que nos descreveu como tinha corrido o encontro e que a guerra felizmente tinha acabado.

Nos dias seguintes começamos a receber visitas e a conviver com os, outrora, inimigos. Na altura receava-se que pudesse haver alguma tentativa de aproveitamento por parte de elementos de um grupo há muito inactivo, mas o tempo mostrou que de facto só o PAIGC existia como organização.

Pelo menos uma vez formamos uma equipa de futebol que foi a Bambadinca disputar um encontro na sede do BCAÇ 4616. Na picada onde aconteceu a tragédia de 15 de Maio de 74, combinado com as nossas tropas, estavam os elementos do PAIGC, a fazer segurança para que nada de mal acontecesse.

O convívio com eles foi sempre cordial, nunca houve qualquer tipo de problemas. A única vez que existiu uma situação quase complicada, foi uma tentativa de assalto ao armazém de géneros alimentícios por parte de um grupo de milícias que eram parte integrante das nossas tropas. As nossas forças conseguiram dominar a situação sem incidentes.

Na nossa zona, o primeiro quartel a ser entregue ao PAIGC, foi o do Saltinho. Uma parte significativa do nosso equipamento, ficou nos quartéis, os meios de transmissões ficaram todos, eles, no inicio, tiveram dificuldade em conseguirem utilizá-lo convenientemente. Já depois do Saltinho estar entregue, as baterias dos rádios não recarregavam, as frequências utilizadas não eram as mesmas e logicamente os rádios não funcionavam, foi então enviada uma equipa do Xitole, em missão solidária, ajudar a resolver os problemas que entretanto surgiram. Corrigidas as deficiências, falámos àcerca da guerra já terminada, trocamos peças de fardamentos e fomos ao rio. Terminada a visita, os cumprimentos de despedida e os desejos de felicidade recíprocos, partida de regresso ao Xitole onde chegamos já ao escurecer. Foi uma viagem agradável e a única vez que visitei aquele sítio maravilhoso.

No Xitole tudo corria calmamente, os contactos e o convívio continuavam sem problemas e os acontecimentos menos bons faziam parte do passado, estávamos ansiosos pela nossa vez de partirmos a caminho de Bissau.

A data de partida do Xitole não me recordo, talvez o Zeferino no trabalho que está a preparar, me consiga complementar, mas foi muito tempo depois de 15 de Junho. Estivemos algum tempo em Bambadinca, depois fomos para Bissau, onde estivemos mais alguns dias a aguardar a nossa vez de embarque, o que aconteceu a 12 de Setembro de 74.

Por agora é tudo, se entenderem que alguma parte merece divulgação estejam à vontade.
Gostaria imenso que divulgassem o meu e-mail: joaquimmacau@gmail.com, para possíveis contactos com camaradas da 2.ª CCAÇ 4616, os quais, aguardo esperançado.

Para todos, um grande abraço, até logo.
Joaquim Augusto Pombinho Macau
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4354: Tabanca Grande (142): Joaquim Macau, camarada do último morto em emboscada do PAIGC (2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973)

Vd. último poste da série de 9 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4311: No 25 de Abril eu estava em... (8): Chugué, num buraco com um tecto de quatro toros (José Pedrosa)

domingo, 17 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)



É com todo o prazer que faço o seguinte comentário ao futuro poste do Macau. Se o acharem extenso poderão resumi-lo de acordo com o espaço disponível.

Foi com satisfação que tomei conhecimento do poste do Joaquim Macau, pois não me sentindo, como é evidente, isolado na nossa tertúlia, é bom ter alguém com a mesma origem: a 2ª CCAÇ do 4616.

Tenho só a lembrar ao Macau que a “curva da morte” ficava perto da Ponte dos Fulas e que a emboscada, de 15 de Maio, se deu no limite do nosso sector, com Mamsambo, no pontão do rio Jagarajá.

O Domingos, continuo em crer que foi atingido no peito. A sua G3, toda distorcida, só foi recuperada 15 dias depois, na mesma zona, aquando de uma nova segurança à nossa habitual coluna de abastecimento. Se estava a usá-la com a bandoleira podia tê-la, então, pelas costas - a preocupação dele seria o Rádio - e então o Macau pode ter razão.

O Macau também se deve lembrar que, também o alferes Aguiar faleceu, já no HMB, atingido por uma mina accionada nessa emboscada.

O Allouette III, na foto, fez parte da única formação aérea que pousou naquele heliporto antes do 25 de Abril e no nosso tempo. Tinha transportado o general Bettencourt Rodrigues na visita ao Xitole. O meu GC estava, na altura, destacado na Ponte dos Fulas que o nosso general também foi visitar.

Quanto ao problema da água creio que tem razão. Havia mais dificuldade em manter os níveis no depósito, já que, o mesmo, servia mais pessoal. Pessoalmente, só por ma ocasião tive falta dela, durante um dia , mas o bidão que servia, creio que 2 pessoas, era de fácil enchimento. No entanto não recebi qualquer queixa dos camaradas do meu GC.

Um grande abraço para o Macau e para todos tertulianos.

Com os melhores cumprimentos,

(José António dos Santos Zeferino)

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Nota de M.R.:

Vd. Último poste da série em:



Vd. poste anterior do autor em:



sábado, 16 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4354: Tabanca Grande (142): Joaquim Macau, camarada do último morto em emboscada do PAIGC (2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, Xitole, 1973)

1. Mensagem do nosso novo tertuliano Joaquim Macau, 1.º Cabo Radiotelegrafista da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, que esteve em 1973/74 no Xitole, com data de 11 de Maio de 2009:

Luís Graça, administradores e co-editores do blogue

Em 27 de Março último enviei-vos um e-mail, não sei se chegou ao destino, que agora reenvio um pouco mais desenvolvido e com algumas fotografias que documentam o que falo.

Sou, Joaquim Macau, natural e residente em Santana do Campo, uma pequena aldeia do concelho de Arraiolos, fui 1.º Cabo Radiotelegrafista e pertenci à 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616/73, tal como os ex-alferes Renato Adrião e José Zeferino (*).

Os acontecimentos de 15 de Maio de 1974 (**) foram exactamente como eles descreveram, com uma pequena diferença, a granada de RPG que atingiu o Domingos Ribeiro (Pé de Gesso), como nós amigavelmente o tratávamos, penso que foi nas costas e não no peito, é um pormenor pouco importante ser no peito ou nas costas, recordo-me perfeitamente que a parte do corpo atingida ficou totalmente desfeita.

O Domingos já estava bem abrigado, mas ao procurar entrar em contacto com o quartel para informar do ataque e pedir reforços, o rádio AVP1 que sempre utilizavam daquela zona e em perfeitas condições, naquele fatídico dia não funcionou. O Domingos saiu do abrigo para ir ao carro buscar o RACAL, e quando já estava encostado ao carro e a tocar-lhe, foi quando a granada lhe rebentou nas costas e as desfez completamente.

Foi daquele local que outro camarada que não recordo o nome me informou do ataque que tinham sofrido, da morte do "Pé de Gesso" e vários feridos, alguns bastante graves.

Informado o Comandante da Companhia do ocorrido, partiu imediatamente outro Gr Comb para reforço e socorro das vitimas.

Após o regresso ao quartel, foi decidido pelo Comandante da Companhia, voltarmos ao local fazer o reconhecimento, o Horta e o Lourenço, salvo erro os dois telefonistas que estavam no quartel, depois de verem o estado em que ficou o corpo do Domingos, ficaram ainda mais abatidos que eu. Fui eu no lugar de um deles à zona da curva da morte, local onde aconteceu a tragédia.

Pelo que vi no local da emboscada e pelo estado em que ficou o corpo do Domingos, o Abreu dos Santos não tem razão nenhuma quando fala em precipitação e tiros longínquos.

O Domingos disponibilizava-se com frequência para sair em lugar de outro camarada qualquer, o que aconteceu várias vezes. Era serviço que fazia com algum à-vontade, mas naquele dia parecia pressentir o perigo. Quando estava a preparar o equipamento para sair, dizia-nos:
- Hoje não sei o que tenho, não me sinto bem - Parecia pressentir o que iria acontecer de seguida.

Esta fotografia é do Domingos esta à civil, mas como vêem é no quartel em Xitole. Se entenderem publicá-la, por mim não me oponho, mas não tenho permissão da família nem possibilidade de a contactar.

Fotografia do Domingos Ribeiro, Soldado de Transmissões da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616, morto na emboscada de 15 de Maio de 1974

Recordam-se deste reservatório? Muitas vezes nem água tinha para um pequeno banho, para os soldados. Para Furriéis, sargentos e oficiais havia sempre água disponível, motivo de discordância e atrito sempre que não tínhamos água.

Eu, observado atentamente por um camarada de quem não sei o nome, num sítio que todos vão reconhecer.

Eu, o Horta de camuflado e o Reis de óculos escuros

Das raríssimas vezes, senão a única, que um passarito deste tipo pousou naquela pista durante a nossa curta mas desgraçada estadia em Xitole. Uma parte do pessoal das Transmissões, em primeiro plano.  Da esquerda para a direita, eu, o Reis, 1.º Cabo Cripto, o Martins, 1.º Cabo Cripto e também fotógrafo, o Fur Mil de Transmissões de quem não me recordo o nome. Atrás, não tenho a certeza, mas penso ser o Lourenço Soldado de Transmissões.

Eu, em tronco nu com o 1.º Cabo Telegrafista da Companhia que fomos substituir.

Eu e o Reis junto ao retiro que herdámos.


Aos familiares do Domingos Ribeiro peço desculpa por este pequeno abuso, mas estas fotos fazem parte da história da guerra da Guiné, como tal se entenderem publicá-las estamos certamente desculpados.

Aos camaradas aqui retratados, também peço desculpa por poderem aparecer publicamente sem terem autorizado tal ousadia, mas o tempo já passado, será seguramente o melhor cirurgião plástico do mundo.

Aos administradores, editores e co-editores do blogue, se entenderem haver matéria para tal, por mim, podem usar como quiserem, continuem com o vosso árduo trabalho que ele é bastante importante para o conhecimento público da guerra na Guiné.

Para todos um grande abraço, particularmente para o pessoal da 2.ª CCAÇ do BCAÇ 4616,escrevam, devíamos todos, procurar uma forma de nos encontrarmos e realizarmos o nosso 1.º convívio.

Joaquim Macau


2. Comentário de CV:

Caro camarada Joaquim Macau
Bem-vindo à Tabanca.

Antes de mais, e para ficares bem na fotografia, quando puderes manda uma foto tua actual, e se tiveres por aí alguna das antigas, a partir da qual se possa fazer uma antiga tipo passe, manda-a também.

Infelizmente a tua Companhia ficou tristemente célebre pela morte do nosso camarada Domingos Ribeiro, que perdeu a vida em combate, numa emboscada, já depois do 25 de Abril. Qual era o vosso estado de espírito quando, um mês mais tarde, entregaram Xitole ao PAIGC? Como foram as vossas relações com eles?

Se nos puderes pormenorizar estas e outras interrogações, descreveres como era o dia-a-dia vivido com os nossos ex-antagonistas, como se portavam eles em relação a nós, etc.

Continuamos com poucos relatos do pós 25A. Como viveram vocês os acontecimentos?

Caro Joaquim Macau, tens aqui muito assunto para escreveres as tuas memórias.

Deixo-te, em nome da Tertúlia e dos Editores um abraço de boas-vindas. Contamos contigo.

Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2565: Tabanca Grande (57): José Zeferino, Alf Mil At Inf , 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4616 (Xitole, 1973/74)

(**) Vd. postes de:

27 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2588: Historiografia de uma guerra (3): a última emboscada do PAIGC, na ponte do Rio Jagarajá, em 15 de Maio de 1974 (José Zeferino)
e
2 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2712: O Nosso Livro de Visitas (9): Picada Mansambo-Xitole: a emboscada do PAIGC, em 15 de Maio de 1974 (Renato Adrião, Austrália)

Vd. último poste da série de 15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4350: Tabanca Grande (141): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73)