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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20609: Banco do Afeto contra a Solidão (25): Comandei um secção de morteiros em Gadamael Porto, fiquei surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


Cópia do cartão de beneficiário por doença profissional


Foto: © Mário Gaspar  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem,  enviada hoje às 2h45, do nosso amigo e camarada Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:


Caras Amigas e Caros Amigos

Comandei uma Secção de Morteiros em Gadamael Porto, Sul da Guiné, bem perto da fronteira da Guiné Conacri. Fiquei Surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais, mas devia ter esse direito como Deficiência de Guerra.

Foi simples: foram tantos as granadas saídas do morteiro que comandava, descuidei-me e encerrei a boca, e os tímpanos deram sinal.

Já passou… O poema [, que anexo,  já aqui publciado em tempos, ] é de Guerra Junqueiro Ou melhor, "O Morteiro" é um paródia a "Lágrima" de Guerra Junqueiro, incluído no Relatório de combate de 9 a 12 de Abril de 1918 - Lembranças, caderno manuscrito por Raul Pereira de Araújo, alferes de Artilharia, sobrevivente da Batalha de La Lys. (**)

NOTA: De qualquer modo vai em Anexo o Cartão de Doenças Profissionais. Por exemplo – para quem não sabe – governos consideraram que um Combatente é e foi um Trabalhador no Serviço Militar. Enganaram-se decerto… E ninguém deu pelo engano...

Acabaram com o Jornal “Ridículos” e com “Parodiantes de Lisboa”.

E esta?


(...) "O morteiro", paródia à "Lágrima" de Guerra Junqueiro
(Mota, 2006, pp. 104-107)

Noite de frio intenso, uma trincha escavada,
Lúgubre, sepulcral, agoirenta... e mais nada,
Trincheira onde a morte apanha vis pancadas
Em banquetes de sangue arrancado em ciladas
Na trincha oposta, onde o boche reina e impera
Em rasgos e expansões de forte besta-fera.
Um oficial audaz, olho do batalhão,
Descobriu, dum morteiro grosso, a posição,
Maquinismo feroz que se cumpre o dever,
Ao perto e ao longe tudo faz estremecer. (...)


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20444: Banco do Afeto contra a Solidão (24): Calcula-se que só no Ontário, Canadá, existam mais de 20 mil ex-combatentes da guerra do ultramar, e muitos deles passam o tempo sozinhos em casa... (Agência Lusa / Jornal Açoriano Ocidental)

1. A peça é da Agência Lusa e do jornal "Açoriano Oriental", na sua edição digital, de 9 do corrente






Associação no Canadá pretende ‘tirar da solidão’ ex-combatentes da guerra colonial


Uma associação de ex-combatentes da guerra colonial no Canadá pretende "tirar da solidão os seus associados" e vai "criar um centro de dia", disse à agência Lusa uma fonte da instituição.

"O grande problema que está a afetar os nossos associados é a solidão que está a ser muito grande para determinados ex-combatentes e membros da nossa liga", lamentou Armando Branco, de 74 anos, o presidente da Associação do Ontário dos Ex-Combatentes do Ultramar - Núcleo de Toronto.

O dirigente está de partida para Portugal, onde até ao dia 15 de janeiro tem agendadas reuniões com responsáveis de organizações semelhantes.

Armando Branco justificou que os filhos "já não têm muito tempo para despender com os pais", que então "passam grande parte do tempo sozinhos em casa".

O objetivo da instituição criada há 18 anos é de "melhorar o fim de vida dos ex-combatentes", dando-lhes condições para que "tenham mais assistência e apoio social".

"Queremos aproveitar as associações portuguesas de Toronto que já dispõem de cozinha e de infraestruturas. Ao mesmo tempo estamos a ajudar a associação com a venda das refeições diárias, aqueles que estão lá presentes, e desta forma proporcionar convívio aos nossos membros", disse Armando Branco.

O centro de dia, numa parceria com a Casa das Beiras de Toronto, localizada no número 34 da Caledónia Road, deverá entrar em funcionamento no próximo ano, numa data a definir.~

Este ano o sindicato da construção, a Liuna Local 183, atribuiu à Associação do Ontário dos Ex-Combatentes do Ultramar uma viatura que vai ficar "operacional em 2020 para o transporte dos associados com mobilidade reduzida no acesso aos hospitais e médicos".

O dia de aniversário da associação, 4 de abril de 2020, é uma data ambiciosa para o dirigente, esperando que o número de associados atinja os mil com uma quota anual de 30 dólares canadianos (20 euros), uma verba que vai permitir a realização de diversas atividades.

Nesse sentido, o responsável apelou ainda ao governo português o apoio financeiro a "projetos que se dediquem ao bem-estar dos ex-combatentes".

Já na próxima primavera e verão está prevista a organização de uma excursão mensal a vários pontos do Ontário, destinada aos associados.

Calcula-se que existam no Ontário cerca de 20 mil ex-combatentes do Ultramar, segundo a associação.

__________________

Nota do editor:

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20081: Banco do Afecto contra a Solidão (23): o ex-soldado paraquedista nº 04341366, Álvaro Magalhães, eo seu processo kafkiano, que se arrasta desde o início dos anos 90, de reconhecimento de doença em serviço...Camaradas, quem pode ajudar ? (Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72)

1. Mensagem do nosso amigo e camarada Jaime [Bonifácio Marques da] Silva, natural de (e residente em) Lourinhã, ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande, com 60 registos no blogue:


Data: terça, 13/08/2019 à(s) 11:54

Assuntio: Processo do paraquedista Ávaro Magalhães

Caro Luís:

Vê se consegues que algum camarada nosso tem disponibilidade para averiguar se o processo do paraquedista Álvaro Magalhães, combatente em Angola, ainda se arrastará por mais tempo:

O Álvaro, por indicação do seu médico de família, iniciou nos anos 90 o processo para lhe ser reconhecido qe sofre de "stress pós.traumático de guerra".

O processo deu entrada nos Hospital Militar da Força Aérea em Lisboa no início dos anos noventa.
O tempo passou e, quando o Álvaro tenta saber da evolução do processo, é informado que este tinha desaparecido. Por volta de 2008, desesperado, pede-me ajuda e conseguimos que desse entrada um novo processo em 2009..

Tudo volta à estaca zero e entrega novo processo que ainda se arrasta. O Álvaro vive desesperado e necessita de ajuda muito urgente.

Identificação do processo:

Processo de averiguações por doença em serviço N.º 004/ 2018 / AMI / 001 /DS

O último ofício que recebeu foi oriunda do Ministério da Defesa Nacional - Força Aérea - Comando Pessoal / Serviço de Justiça do Hospital das Forças Armadas na Avenida da Boavista,  Porto.

Álvaro Magalhães - Ex. sold. Paraquedista / 04341366

Por favor vê o que podes fazer.
abraço
Jaime
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17427: Banco do Afecto contra a Solidão (22): Notícias do antigo 1º sargento da CCAÇ 1419 (1965/67) e da CCAÇ 2312 (1968/69), e cofundador da ONG Ajuda Amiga, António Joaquim Lageira: deixou de comparecer aos convívios anuais e estava num lar do exército, em Oeiras, em 2015 (Ana Pacheco / Carlos Fortunato)

sábado, 3 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17427: Banco do Afecto contra a Solidão (22): Notícias do antigo 1º sargento da CCAÇ 1419 (1965/67) e da CCAÇ 2312 (1968/69), e cofundador da ONG Ajuda Amiga, António Joaquim Lageira: deixou de comparecer aos convívios anuais e estava num lar do exército, em Oeiras, em 2015 (Ana Pacheco / Carlos Fortunato)


Lisboa > 19/4/2008 > Grupo fundador da ONG Ajuda Amiga (*) :

(i) de pé da esquerda para a direita: Manuel Pais e Sousa (CCav 1650), Rogério Marques Freire (CArAntónio Joaquim Lageira (CCaç 1419 e Caç 2312) [, foto à direita],  Adrião Lourenço Mateus (CArt 1525), António Jesus Picado Magalhães (CArt 1525);
t 1525) Eurico Caeiro Lavado (CCaç 1419), Júlio da Silva Esteves (CCaç 816) Carlos Manuel Rodrigues Bernardes (CCav 1650),

(ii) em baixo da esquerda para a direita: Manuel Joaquim (CCaç 1419), Carlos Silva (CCaç 2548),  José Riço  (CCav 1650) e Carlos Fortunato (CCaç 13).

Foto (e legenda): Ajuda Amiga [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradasa da Guiné] 



1. A Ana Pacheco (Anita), filha de um camarada nosso, escreveu-nos no dia 1 a seguinte mensagem;

Boa tarde,

Desculpe estar a incomodar, mas precisava da sua ajuda. 
O meu pai, João Gonçalves Pacheco, esteve na Guiné-Bissau entre 1968  e 1970, na Companhia de Caçadores 2312, onde o sr. António Lageira era 1º Sargento.

Sempre participou nos encontros que se fizerem desde há 30 anos para cá, deixando de aparecer desde há uns 6 a 7 anos, não conseguindo nenhum dos camaradas do meu pai nem o meu pai, contactá-lo pois o telefone chama e ninguém atende.

Gostaríamos de saber se tem alguma informação sobre ele (ví que ele aparece numa fotografia numa publicação do vosso blog a 4 de março de 2010) para lhes poder dar, pois têm grande estima por ele.
Grata pela atenção,

com os melhores cumprimentos
Ana Pacheco

2. Resposta do nosso editor:

Anita:
Boa noite, e obrigado pelo seu contacto.

O camarada Lageira, 1º sargento, pertenceu originalmente à CCAÇ 1419 (Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67)... Temos no blogue referências ao seu nome.


 Além disso, integrou originalmente os corpos sociais da ONG Ajuda Amiga, mas já não faz parte da lista eleita para o biénio 2016/17:
 
Talvez os nossos camaradas,  e membros da nossa Tabanca Grande, Carlos Fortunato, Carlos Silva e Manuel Joaquim, também cofundadores e atuais dirigentes dessa ONG, lhe possam dar notícias do camarada António Joaquim Lageira.

E espero que essas notícias sejam boas. Disponha sempre e dê um abraço nosso ao seu pai, João Pacheco, da CCAÇ 2312, subunidade da qual temos infelizmente poucas referências,  e que fazia parte do 
BCAÇ 2834 (Buba, Aldeia Formosa, Guileje, Cacine, Gadamael 1968/69). Tem história da unidade disponível aqui, em sítio criado e mantido pelo nosso grã-tabanqueiro Francisco Gomes.

O nosso blogue está aberto ao seu pai e a outras camaradas da CCAÇ 2312 que queiram partilhar connosco memórias e afetos...

Saudações, o editor Luís Graça
3. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato, presidente da ONG Ajuda Amiga, com data de ontem:


 Bom dia,

A última vez que falei com o António Lageira foi ao telefone, em 2015, na altura ele contou-me que a sua saúde tinha piorado e que estava num lar do Exército que existe em Oeiras, onde cuidavam bem dele e que tinha muita dificuldade em andar.

O ofereci-me para o ir buscar e o levar aos almoços de camaradas da Guiné que organizamos perto de Oeiras, eram pequenas deslocações, recusou disse que os passeios dele eram do quarto para a sala, e apenas por vezes por insistência dos auxiliares dava um pequeno passeio pelo corredor. Também não quis ser visitado, que preferia estar assim sem visitas.

Apesar de achar que lhe faria bem sair e dar dois dedos de conversa com os seus camaradas, respeitei a opção dele de se isolar, se era assim que ele se sentia bem.

Saudações

J. Carlos M. Fortunato

Presidente da Direção
E-mail jcfortunato2010@gmail.com + E-mail jcfortunato@yahoo.com
Telem. +351 935247306
NIF 111853338
Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento

ESCRITÓRIO
Rua do Alecrim, nº 8, 1º dtº
2740-007 Paço de Arcos

SEDE
Rua Mário Lobo, nº 2, 2º Dtº.
2735 - 132 Agualva - Cacém

NIPC 508617910
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Pessoa Coletiva de Utilidade Publica
Site http://www.ajudaamiga.com
E-mail ajudaamiga2008@yahoo.com

Telemóvel +351 937149143

4. Depois de termos dada à Anita, estas últimas notícias sobre o camarada Lageira (e que não eram as mais "encorajantes"), ela respondeu-nos de imediato nestes termos:

Bom dia!


Quero agradecer-vos a atenção e muito obrigado pelas informações.
Agradeço e retribuo os cumprimentos dirigidos ao meu pai.

Tenho muito orgulho nele e em todos os homens que estiveram nesta guerra. Cresci a ouvir falar dela e de há 30 anos para cá tenho conhecido os rostos e as histórias daqueles que durante 2 anos viveram com o meu pai, nas terras de Guiné - Bissau.

Foi, infelizmente, na missão com a companhia do meu pai, que o sr. Lageira se feriu ao pisar uma mina quando ia com dois camaradas apanhar lenha. Um grande homem por quem tenho um profundo respeito. (**)

Obrigado por tudo!
Cumprimentos para todos,
Anita

__________________

Notas do editor:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16952: Banco do Afecto contra a Solidão (21): o lar onde estive... (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

1. Mensagem do Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68

Data: 14 de setembro de 2016 às 02:28 

Assunto: O LAR ONDE ESTIVE

Camaradas

Estou em casa, portanto saí do Lar. Não era o local adequado para  acabar os meus dias. 

O livro que lancei, com o título "O Corredor da Morte", tem a ver com  este período que passei num local isolado. Longe da civilização, tive  saudades da barulhenta cidade.

Cheguei a levantar-me às 02H00, fazer a barba, tomar banho e vestir-me.  Dava umas voltas e tomava o pequeno-almoço às 09H00. Seguia para o Bar  e passados que eram 30 minutos desapareciam todos recolhendo aos seus  quartos – talvez para verem programas de TV. Eu aguentava até o almoço às 12H30.

Voltava ao Bar que fechava por não haver ninguém.  Lanche pelas 16H00 e era esperar pela hora de jantar, às 18H30. Todos  dispersavam, ficava no Bar que já estava fechado, ligava a TV e tinha de ir para o quarto para me darem os comprimidos de antes de  deitar-me.

Por vezes surgiam umas Senhoras que fui conhecendo. Com jogava às  cartas, bebíamos café da máquina. Ela adormecia com as cartas na mão.

Torres Vedras estava a uns 12/13 quilómetros e só via céu e montes. Como também nunca me entendi com o senhor com quem compartilhava o  quarto – um T1, mas tinha somente uma parte de um T0.

Tinha conversas interessantes com Senhoras viúvas de Oficiais  militares, simpáticas e com idades que andavam nos 90 anos.

Uma, a Senhora Fernanda – com a doença do Alzheimer – conversava  comigo perguntando constantemente como me chamava.  O marido um Capitão carrancudo… Vi que se ria vendo a paciência que tinha com a esposa. Professora Primária, Santa Catarina, Lisboa, declamava e bem, um poema  seu que falava do desgosto de nunca ter tido filhos.
Como gostavam de mim, quando disse à Assistente Social que decidira  regressar a casa, pediu-me que pensasse bem por achar que podia ajudar  Residentes do Lar. Estive lá, para lhe fazer a vontade, mais 5 dias.

E foi o que sucedeu, não esqueço os diálogos que tive com a Senhora  que escreveu um poema "Ao filho que nunca teve". Pedi-lhe que me desse  o poema escrito. Escrevo-lhe brevemente.

Agarrei-me ao computador, tudo errado.  Continuei a reescrever o livro, mas nada sai. Mas acabou por ser uma experiência positiva. Logo me arrependi daquilo que fizera. Terei de  dar-lhe a volta, ia sair asneira.

Poesias nascem e morrem… Escrevo esta experiência que tive no Lar.

Encontrei-me com camarada da minha Companhia, José Salvador Pinto  Aires que contactou o Blogue.

Abraço,
Mário.
_____________

Nota do editor:

domingo, 20 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16738: Banco do Afecto contra a Solidão (20): últimas... mas poucas.. Estou sem computador... Camaradas, sou vítima daquilo que criei (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

1. Mensagem do Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68]

Data: 15 de novembro de 2016 às 00:14
Assunto: ÚLTIMAS... MAS POUCAS

Camaradas

Estou sem computador. Caiu água na minha secretária e fiquei sem computador. Só na casa do meu filho tive acesso ao Blogue.

Estranho ter enviado mensagens para o Luís e Carlos e não me terem respondido.

Estou numa fase confusa da minha vida. Não perco batalhas. Naquelas em que me envolvi saí sempre vencedor.

Verdade que nada tirei de partido. Desde estudante; fundador de um jornal estudantil; crítico de cinema; Ajudante de padeiro (com carteira profissional) - meu pai depois de trabalhar para patrões com a profissão de padeiro, saiu-lhe a Sorte Grande e tornou-se Industrial de Panificação; fui para o Serviço Militar OBRIGATÓRIO - nunca fui voluntário. Era contrário a essa guerra, podia dizer que era padeiro mas não o fiz, essa não era a minha profissão.

Fui um vagabundo na Recruta, Especialidades - mas essas guerras, por serem guerras perdi-as todas. O pior foi saber dos milhares de jovens que morreram e ficaram deficientes. Morreram muitos amigos. Todos os militares merecem a minha consideração.

Na guerra perdida fui um bom militar. Não fui medalhado, também por não querer. Salvei de morte certa o Capitão e Alferes, entre outros e outras. Fui professor de adultos; construtor civil entre aqueles atributos. Comandei 90 militares africanos (Praças "U" e Caçadores Nativos). Tive 4 comandantes de pelotão, no meio de tudo comandei eu.

E as minas. Dos 4 especialistas, morrem numa granada armadilhada o maue amgo,  furriel miliciano Vitor José Correia Pestana e o soldado Costa.

Outro Amigo de MA [Minas e Armadilhas], António Magalhães Maia cia num aramadilha e fica ferido e o alferes milicianp Sousa Teles apanha tamanho susto que nunca mais pega em MA. Resto eu...

Safei-me e regresso diferente. Tanta merda fiz. Cumpri sempre. Nunca enganei ninguém. Baldar-me. Paludismo e vezes e foi o amigp furriel miliciano Durães que me safou. Estava dispensado, mas não houve saídas para Operações.

Regressei e fui um bom Profissional - Lapidador de Diamantes. Passaram pela DIALAP 1000 e muitos, talvez mais perto dos 2000 trabalhadores, alguns pouco tempo. Juntos mais de 600. Fui sindicalista; estive numa greve em janeiro de 1974 como delegado de sector. Eleito no pós 25 de
Abril, delegado de sector e entre os delegados fui dos 3 executivos da Comissão de Reestruturação.

Fui Cooperativista, estando na origem da COOP LISBOA (acho que ainda existem uns restos). Andei metido no 25 de Abril até às raízes dos cabelos. Era outra história.

Fiquei até à última meia centena de Trabalhadores da DIALAP. Gostaria de saber de quem é o Património da DIALAP - onde se encontram a RTP e RDP.

Fui Autarca. Fundador e membro da Comissão de Moradores do Campo Grande. Ocupei o Asilo D. Pedro V. Foram lá colocados umas 50 pessoas sem posses.

Despedido aos 53 anos. Fundador e Dirigente da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra. Foram 11 anos. Fui uns meses vogal da Direcção Nacional, substituí o secretário. 4 anos vice-presidente e 6 presidente e responsável por toda a Legislação. Destaco o trabalho do 1º Presidente da APOIAR, Jorge Manuel Alves dos Santos
(curiosamente também colaborou com o Blogue). Foi ele a escolher-me para fundador e 1º director do Jornal APOIAR. Vários anos no cargo.

Cheguei a escrever artigos para quase todos jornais.

Tinha ideias e avançara no terreno, era só assinar Protocolos para que a Rede Nacional de Apoio às Vítimas do Stress Pós Traumático de Guerra funcionasse em todo o Território Português.

Fui um dos 3 presidentes a assinar Protocolo com o Ministério da Defesa Nacional.

Ainda sou dirigente da Academia de Seniores de Lisboa e fundador do Jornal "Olhar do Mocho" e 1º director.

É de pasmar... Cortam-me o apoio, primeiro o Psicológico, depois o Psiquiátrico, no momento mais grave de saúde da minha vida. Já viram,  camaradas, sou vítima daquilo que criei.

Escrito no computador do meu filho. Estou sem computador.

Tenho imensos problemas de saúde. Estou vivo. Passei por um outro "corredor da morte".

Nem tive tempo de rever o que escrevi. Já passa das 24h00

Cumprimentos,
Mário Vitorino Gaspar
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16698: Banco do Afecto contra a Solidão (19): Carlos Filipe Coelho (ex-soldado radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74): está hospitalizado, com graves problemas de saúde... Vamos mandar-lhe uma palavrinha solidária (Juvenal Amado)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16698: Banco do Afecto contra a Solidão (19): Carlos Filipe Coelho (ex-soldado radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74): está hospitalizado, com graves problemas de saúde... Vamos mandar-lhe uma palavrinha solidária (Juvenal Amado)




Hoje e ontem... Mais de quatro décadas passadas... O Carlos Filipe Coelho (ex-soldado radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74) enfrenta graves problemas de saúde, está internado no Hospital Pulido Valente (*)...Vai gostar de receber uma mensagem  solidária dos seus amigos e antigos camaradas da Guiné que o conhecem. Vamos mostrar-lhe que a palavra "camarada" não é uma palavra vã e que a Tabanca Grande é também de gente com o coração grande, ontem com o hoje (**).

Fotos:  © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagemdo Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74; autor de "A Tropa Vai Fazer De Ti Um Homem - Guiné, 1971 - 1974" (Lisboa: Chiado Editora, 2015, 308 pp.)

Data: 3 de novembro de 2016 às 22:52
Assunto: Carlos Filipe

Caros camaradas

Hoje, como tinha adiantado ao Luís, fui visitar o Carlos Filipe ao Hospital Pulido Valente.

Fiquei agradavelmente surpreendido pela boa disposição, força anímica e retórica durante o bom pedaço de tempo, que passei com ele.

Não pára de me surpreender e, embora muito fraco, estava todo satisfeito por ter sido capaz de fazer o corredor a caminhar nos exercícios de terapia, que executou de manhã.

Também estava todo satisfeito por o Luís lhe ter telefonado.

Assim faço um apelo a todos que se relacionaram de alguma forma com o Carlos, que lhe telefonem, ou mandem uma mensagem no telemóvel, uma vez que ele lá não tem internet.O nº dele é o

934 981 819   (Peço desculpa, na 1ª versão estava errado)

Um abraço para todos

Juvenal Amado

________________

Notas do editor


(*) 19 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16615: O que é feito de ti, camarada ? (6): Carlos Filipe Coelho (ex-Soldado Radiomontador, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)... Um resistente, duplamente resistente... Faz hoje anos... Parabéns, amigo, e até sempre! (Juvenal Amado)


(**) Último poste da s+erie > 11 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16588: Banco do Afecto contra a Solidão (18): Regressei de Runa.. e velhos são os trapos !... (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16588: Banco do Afecto contra a Solidão (18): Regressei de Runa.. e velhos são os trapos !... (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

1. Mensagem de Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659,Gadamael e Ganturé, 1967/68]


Data: 5 de outubro de 2016 às 23:48
Assunto: VELHOS SÃO OS TRAPOS
  
Caras Amigas, Amigos e Camaradas


Ignoro se sabem que regressei do Centro de Apoio Social de Runa – IASFA, Ministério da Defesa Nacional.

Houve informação para umas e uns e falhou para outras e outros. Inclusive fui chamado para entrar no Centro de Apoio Social do Porto. Visitei.

Escrever e passar o tempo… Mas como se o meu relógio biológico deixou de actuar. Perdi-me num vazio. Fico deveras danado por verificar que o ser humano não se prepara para atravessar o tal "corredor – o da morte", que vi bem ao vivo em Runa. Nem se fala lá em Lar. Talvez com
razão. Parece não fazer sentido discutir e falar da morte.

Ingmar Bergman, grande realizador sueco que ficará com o seu nome vincado na História, não só do Cinema como do Mundo, num dos seus filmes coloca na boca de uma sua personagem uma explicação para esse final de vida – antes e sabendo que vai morrer. Talvez depois de ver
bem nos seus olhos:
– A Morte é… – E cai em terra.

Pois ela é o fim. Antes dela? Velhice. Ser velho? Direi e convicto:
– Velhos são os trapos. Não sou velho!
– Mau agouro. Nem sequer vou pensar nisso! – Dizem por aí.

Pois esse período que a antecede. Nem sequer temos pesos e medidas – gosto muito desta afirmação: "Pesos e medidas" – nem sei o autor.

Queda!

Há, nos dias de hoje,  velhice? É uma doença! Só se for na província, lá para o interior! – Palavras ditas…

Mas é o ciclo natural da vida. Principalmente as mulheres disfarçam ao retirarem de um lado… Pondo noutro.

Bisturis retira anos. Matematicamente retiram uma, quem sabe… Duas décadas. Além de operações, tatuagens. Vestidos berrantes e largos, para esconderem a barriga e seios descaídos.

Julgo ter sido Cícero – se não foi ele fui eu ou alguém:
– Somente os idiotas se lamentam em envelhecer…

Destaco, para terminar por hoje algo escrito pelo Poeta do Mundo, é a minha enciclopédia:
– "O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela".

Um abraço

Mário Vitorino Gaspar

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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16446: Banco do Afecto contra a Solidão (17): Regressei do Lar de Runa... ap

domingo, 4 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16446: Banco do Afecto contra a Solidão (17): Regressei do Lar de Runa... Um lar é um lar, por muito bom que seja... Aquilo para mim era já Gadamael (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


Instituto de Ação Social das Forças Armadas > Centro de Apoio Social de Runa (CASR), Runa, Torres Vedras


Foto: © Mário Gaspar  (2016). Todos os direitos reservados



1. Duas mensagens de hoje, do Mário Gaspra, enviadas às 3 e tal da manhã:

[foto à esquerda, Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68]


(i) Assunto - Regressei do lar de Runa

Caros Camaradas

Mário Vitorino Gaspar regressou de Runa. Estou em Lisboa,  o Lar Militar em Runa fazia-me lembrar a Guiné.

Julgo estarem a confundir tudo. Sempre julguei que todos fossemos capazes de fazer um pouco de História – neste caso da guerra na Guiné – mas é mentira.

Cada um conta a sua verdade, parece mais que o Blogue não é necessário. Tenho a certeza que todos temos necessidade da importância do mesmo. Não pode ser um meio de se entreterem. Estive no Lar em Runa, sem computador e praticamente sem  contactos.

Quando uma parte se afasta há uma “história” ou “estória” mais, e cometem-se erros, para não dizer que se deturpa a verdade. O Camarada Coutinho e Lima tem razão, em Gadamael antes da CART 1659 tiveram a sua História a CART 494 e CCAÇ 798.

A CART 1659 era comandada pelo Capitão de Infantaria – e não de Artilharia, como alguém afirmou – Manuel F. F. de Mansilha.

A foto que consta do mesmo a cortar o bolo no Almoço de Confraternização na Batalha foi por mim enviada. Assim como o emblema da CART 1659 também fui eu que o fiz chegar ao Blogue.

Para saberem algo mais sobre o período de Janeiro de 1967 a Outubro de 1968, podem ler o meu livro “O Corredor da Morte”, estou a tratar de terminar uma 2.ª  edição, onde não vão existir omissões – omitir é mentir – não sou mentiroso…

Voltarei… Cumprimentos


(ii) Assunto: Um lar é... para além de tudo, um lar  – ou devia ser


Caros Camaradas e Amigos

Decerto não interessa a ninguém o que se passa num Lar. Eu estaria sempre interessado, sou curioso.

Podem crer ser pior um Lar – seja ele o melhor, tenha tudo aquilo que julgamos ser do melhor – só o sabemos quando lá estivemos.

O pessoal, todo ele compreensível, educado, trabalhador, simpático… Não tenho adjectivos para descrever, não existem palavras, mas é um Lar. Um Lar não pode ser isolado e afastado. Tem de possuir movimento de pessoas e movimentação.

Runa para mim já era Gadamael, na Guiné, no mato. Até os amigos se esquecem que existimos.

Falarei do assunto noutra altura.

Um abraço

Mário Vitorino Gaspar
_________________

Nota do editor: 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16211: Banco do Afecto contra a Solidão (16): Destino marcado: camaradas, sucede que, tendo sido um combatente e depois um grande lapidador de diamantes, esgotei as minhas baterias... Estou doente... Aguardo a guia de marcha para o Lar de Runa!... (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

1. Mensagem,  de 11 do corrente, enviada, por Mário Gaspar (ex-Fur Mil At Art,  Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68),  e que estranhamente nos soou a "despedida"...  

O Mário arranjou, ao fim de vários anos de espera, uma vaga no Lar dos Veteranos Militares de Runa, mais conhecido por Asilo de Inválidos Militares de Runa.no concelho de Torres Vedras: 

Caros Camaradas da Tabanca

Após a ter partido para aquelas terras, lá no fundo do horizonte, tive de caminhar para a outra linha. Com a mão estendida consigo alcançá-la. Mas é guerra, o único tremor de terra que me quebrou. Parti… Feito em cacos. Com arame e cola pensei vir a ficar... como era… Estúpido que fui.

No dia 6 de novembro de 1968, acendi um fósforo, outro de seguida e queimei os sonhos. A nuvem parecia inicialmente ser cor-de-rosa, ficou como alcatrão, e foi nessa escuridão que permaneci. Atravessei o mundo, de uma ponta a outra. Eu que lera bibliotecas, nem uma linha de escrita a uma amiga ou amigo. 1969… 70… 71… 72… 73, e… alegria das alegrias: – O meu filho Carlos Pedro já não vai para a guerra.

Nunca desistira da luta. Já em janeiro de 74 havia estado numa greve. Escrito no Caderno Reivindicativo: – Considerando que o preço das batatas é de 4$00, valor igual para a Empregada de Limpeza; para o Serralheiro; Escriturário; Lapidador de Diamantes ou mesmo Director da Empresa. Primeiro: 2.500$00 de aumento “per capita”!

Escrever; ler; ir ao Cinema e Teatro? Nada disso, estava dedicado somente ao trabalho. Não havia tempo a perder. Era o carrossel. “Olha aquela menina de amarelo… Mais uma volta, outra ainda”. Sem atropelos atinjo o topo da pirâmide em meros 2/3 anos. “Entrava mudo e saía calado. Parei quando o meu amigo Jorge Manuel Alves dos Santos, Presidente da Associação APOIAR – Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra – ambos fundadores, era eu Secretário da Direcção Nacional, me diz: – Vamos fundar um Jornal e vais ser o Director!
Respondi que não, como nunca fui pessoa de desistir, nem de oferecer como voluntário… Aceitei. E fui Director. Deixara de escrever “na queima dos sonhos – em novembro de 1968, estávamos em dezembro de 1995. Vinte e oito anos (28). E não parei de escrever… Até a exaustão e os leitores ficarem fartos… Fartos mas de mim.

E as frases que alguém escrevera: – “Se não fosse eu… Enfim, o que seria de mim” – “A guerra continua dentro de mim” ou, entre outras: – “Uso-me… Mas não sou para usar”!

Já entretanto comprara um novo traje… Não o de luzes, mas o mesmo que ainda visto. Com um sorriso no colarinho, com um nó da teia de aranha no lugar da gravata, aliás esse nojento bicharoco – animal de estimação do futuro – que em garoto me habituei a adorar. E as baratas? Um pontapé e o bicho virado ao contrário – não de avesso – esse é outro bicho. Mas a barata fica assim, dando à perna e…

Mas recordo também outro, o percevejo – para não falar do “chato”. O camarada coronel Matos Gomes deve recordar, julho de 1966 em Lamego, nos Rangers: – “É chato, é chato... Sambinha chato, mas é... chato o sambinha que é mesmo chato.

Não havia quem desse a volta, mesmo que Oficiais e Sargentos Milicianos, dessem com todas as botas e partissem todos os apetrechos que repeliam tais vómitos… Chamavam àquele barulho ensurdecedor de música.

Pois e os “corredores da morte”; “corredor de Guileje”; o outro “corredor que atravessava, também da morte, quando manuseava minas e armadilhas”; o “corredor da morte do meu coma” e este último “corredor da morte – o Lar de Runa”.
Este último não vou perdoar aos Dirigentes Associativos de Combatentes, por não ser local no País onde se coloque alguém, depois de tanto Quartel ao abandono, nunca pediram para acabarem com o Lar de Runa. Fica longe do nada… Mais perto Torres Vedras e são 6/7 quilómetros. Vou acabar por morrer num local bem semelhante a Gadamael Porto… E não há bajudas. Muito teria a acrescentar.

Não falo das condições, mas da localização.

Tinha tanto a acrescentar no Blogue àquele novo desafio que só tardiamente tive conhecimento, do tempo perdido naquela inglória zona de Cacine a Mejo e Guileje – julgo pertencerem ao Sector 2, com sede em Buba.

Não são horas para estar acordado. Estou no final de uma Operação… E estou deveras cansado. Como dizia o meu amigo Raul Solnado:
– “Senhor, estou farto”.
E outra dele: – “Sejam felizes”!

Um abraço para a Tabanca Grande.
Mário Vitorino Gaspar

PS - Ainda não estou em Runa. Aguardo a Guia de Marcha.

Envio um poema meu declamado pelo amigo João Moutinho Soares. [, ficheiro áudio em formato não compatível; terá que ser oportunamente convertido para vídeo;  optamos por reproduzir apenas a letra do poema, que o autor nos mandou, ontem, com uma explicação adicional,  de uma cruel lucidez, sobre as circunstâncias (dolorosas) em que decidiu aceitar a vaga que obteve no Lar de Runa],


Nu

por Mário Vitorino Gaspar

Se ficar nu… Despido.
Tirar a máscara.
Ser rosto esculpido
Na estátua… Que se encara;
Se for diamante polido
E jóia ou moeda rara,
Ser estátua ou diamante
Melhor seria… Amante.

E se for um livro perdido
E a página toda riscada,
A história não faz sentido
E acaba por não ser nada.
Se for sopro de ar vertido.
Vento ou sonora trovoada,
Se for o nu da lágrima só
Caída na gravata com pó
 

E se for o riso da criança
Ou mesmo se for… O choro
Será o sinal da confiança.
Se for lágrima? Eu decoro
Por acaso for… A fiança.
Nota musical solta do coro.
Criança e lágrima é riso,
E neste mundo é preciso
Bebés… 
Nus e choramos
Crescemos… E amamos.



Lar dos Veteranos Militares, Runa, Torres Vedras (foto gentilmente cedida por Mário Gaspar)
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Nota do editor:

Útimo poste da série > 18 de outubro 2011  >  Guiné 63/74 - P8920: Banco do Afecto contra a Solidão (15): O caso do José António Almeida Rodrigues, ex-prisioneiro de guerra (entre Junho de de 1971 e Março de 1974): uma história de coragem e de abandono (José Manuel Lopes)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8920: Banco do Afecto contra a Solidão (15): O caso do José António Almeida Rodrigues, ex-prisioneiro de guerra (entre Junho de de 1971 e Março de 1974): uma história de coragem e de abandono (José Manuel Lopes)

1. No blogue do nosso camarada A. Marques Lopes, Coisas da Guiné [, foto à esquerda, página de rosto], criado em 1 de Setembro de 2010, lemos recentemente a história, contada pelo José Manuel Lopes mas já por nós conhecida através do António Silva Baptista, do infortunado José António Almeida Rodrigues [ou António Almeida Rodrigues] que foi companheiro de cativeiro do nosso morto-vivo do Quirafo, primeiro em Conacri e depois na região do Boé...

Vale a pena seguir este caso, que é de coragem e de abandono, resumindo aqui o essencial da informação, com a devida vénia ao editor do blogue e ao autor do texto (14 de Outubro de 2011 > 277 - Revolta)


2. Tal como o Zé Manuel Lopes (o nosso Josema de Mampatá), o José António Almeida Rodrigues [, foto à esquerda, no almoço semanal da Tabanca de Matosinhos, 12/10/2011, cortesia do blogue Coisas da Guiné] é natural do Peso da Régua.

Em Junho de 1971 assentou praça no RI 13, Vila Real, sendo três meses depois colocado em Abrantes. Integrado na 2ª. Companhia do BCAÇ 4518 [,ou não será antes o BCAÇ 4815 ?], partiu para a Guiné na véspera de Natal desse ano.


"A sua Companhia foi destacada para Cancolim, dela faziam parte um Alferes, natural de Lamego, que me disseram ser actualmente professor, e que não consegui ainda contactar, o Alferes João Pacheco Miranda, actualmente correspondente da RTP no Brasil" - acrescenta o o Zé Manuel Lopes.

Seis meses depois de chegar ao TO da Guiné, o José António é feito prisioneiro pelo PAIGC, em Junho de 1972, e levado para Conacri. Em 1973, após o assassinato de Amílcar Cabral [, que foi em 20 de Janeiro desse ano,], é enviado para a região do Boé, no nordeste da província portuguesa da Guiné.

"Durante quase um ano a sua casa foi em Madina do Boé", diz o Zé Manel (Para sermos mais rigorosos, provavelmente, na região ou imediações, perto do Rio Corubal, já que o PAIGC nunca ocupava efetivamente os quartéis abandonados pelas NT, alvo fáceis da aviação).

Em 7 de Março de 1974, "aproveitando um momento em que a vigilânçia abrandou", o José António tomou a direcção do rio para tentar a fuga.

E se intentou, bem o conseguiu. "Andou 9 dias ao longo do Corubal, até encontrar dois nativos que andavam numa plantação junto ao rio. Um deles, de motorizada, levou o José António até ao Saltinho. Depois foi transportado para Aldeia Formosa, para ser levado para Bissau. Como naquele tempos difíceis a via aérea já não reunia muitas condições de segurança, devido aos Stelas, foi transportado em coluna até Buba e daí, de LDG, para Bissau".

Confessa o Zé Manel Lopes [, foto à direita, ex-Fur Mil, CART 6250, Mampatá, 1972/74, ] que, "apesar de ser meu conterrâneo, na altura não o reconheci, quando tal me foi comunicado pelo Cabo, do SPM de Aldeia Formosa, Camilo, também natural da Régua". 

E acrescenta:

"Após o regresso em Agosto de 1974, procurei saber da sua situação. Levava uma vida muito complicada, pois se tornou pouco sociável (como muitos de nós). Não teve uma rectaguarda, ou seja, um suporte familar que o protegesse. Os conflitos eram frequentes. Internado várias vezes, de onde fugia sempre que podia (tornou-se um hábito), foi mais tarde colocado numa casa de acolhimento onde agora vive melhor e é bem tratado"...

Este antigo prisioneiro de guerra "sobrevive com uma pensão de incapacidade de apenas 246 €, o que de facto é insuficiente, para o seu sustento", conclui o Zé Manel que aproveita para "agradecer publicamente à família que o recolheu, especialmente à D. Juvelinda que com tanto carinho o trata".

A revolta do nosso amigo e camarada Zé Manel vai mais longe:

"Mas por incrível que pareça, até do miserável suplemento especial de pensão que anualmente é atribuído a antigos combatentes (150 € / ano), [o José António] apenas recebe 75 €, pois como foi capturado com apenas 7 meses de Guiné, o tempo que passou, quase 3 anos, como prisioneiro, não foi considerado!!!"

Quem eram os seus companheiros de cativeiro ? Aqui vai a lista, segundo o Zé Manel:

(i) o nosso morto-vivo António Silva Batista, da Maia;

 (ii) Manuel Vidal, de Castelo de Neiva; 

(iii) Duarte Dias Fortunato, de Pombal; 

(iv) António Teixeira, da Lixa; 

(v) Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho, do Porto; 

(vi) Virgílio Silva Vilar, de Vila da Feira, 

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6635: Banco do Afecto contra a Solidão (14): O caso do Baptista: já está a receber a sua pensão de prisioneiro de guerra, agradece o carinho dos camaradas mas está triste por perder o "grande ronco" de Monte Real, no próximo sábado (Álvaro Basto / Eduardo Campos)


 

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > III Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné >  17 de Maio de 2008 > Depoimento do António da Silva Baptista sobre o seu tempo de cativeiro, em Conacri (1972/74).

Vídeo (5' 44''): Luís Graça (2008). Alojado em You Tube > Nhabijões


1. Têm sido muitas as manifestações de carinho e de solidariedade para com o nosso camarada Antóni, o Baptista, internado no Hospital de Matosinhos, que fica muito sensibilizadado, que agradece (através dos camaradas que o foram visitar, bem como da sua filha Sandra, e que não esconde a sua tristeza por, este ano, ir falhar o "grande ronco" do dia 26, em Monte Real)

(i) Mail do Álvaro Basto,

Data: 22 de Junho de 2010 09:59

Assunto: O Caso do Baptista

Caros amigos:

O Batista agradece reconhecido todas as manifestações de amizade que tem recebido. Ele está com melhor aspecto, graças a uma semana de dieta forçada mas tem ainda os lhos muito amarelos da icterícia. Esta a fazer antibióticos em força, para poder ser operado a uma litíase biliar de alguma dimensão (pedras na vesícula).

Graças ao nosso apelo já começou a receber visitas em profusão e esta muito mais animado.

[Em resposta a uma pergunta do António Costa:] Contou-me ontem que já recebeu os retroactivos da pensão de prisioneiro de guerra, cerca de 500,00 €, e a Caixa Nacional de Pensões já lhe está a pagar a pensão direitinha, cerca de 100 € mensais.

Foi um longo e desgastante processo que chega assim ao fim, mais de 35 anos volvidos sobre os acontecimentos.

Em nome dele um grande obrigado por tudo que foi feito para aqui chegarmos e também pelo vosso cuidado.

Álvaro Basto

(ii) Comentário, de 22 do corrente,  do Eduardo Campos ao poste P6623 (*):

Caros Amigos

Tenho noticias frescas sobre o estado de saúde do Baptista, acabei de chegar do hospital onde o fui visitar e encontrei o mesmo com muita boa disposição.

Depois dos exames efectuados felizmente a gravidade não se confirma, já que é um problema de vesícula e terá de remover umas pedras e em principio será operado na próxima segunda feira.

A esposa e uma das filhas com quem tive o prazer de cavaquear um pouco, confirmaram o diagnóstico que acabo de mencionar. A familia agradece a preocupação dos camaradas, mas felizmente não é nada de grave.

Quanto ao Baptista está triste é porque não poder ir até Monte Real, mas ficará para o ano.

Um Abraço

Eduardo Campos

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6623: Banco do Afecto contra a Solidão (13): O Baptista, o morto-vivo do Quirafo, está internado há uma semana no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos (Álvaro Basto)


Maia > 21 de Julho de 2007 > O primeiro encontro com o António da Silva Batista, por parte do Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CART 3492, Xitole, 1971/74) (que tem sido um verdadeiro pai e irmão para ele, além de amigo e camarada), e do Paulo Santiago (ex-Alf Mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72).

Foto: © João Santiago (2007). Direitos reservados.

 
 
Maia > Moreira > Cemitério local > Foto do Jornal de Notícias, edição de 18 de Setembro de 1974, mostrando o ex-combatente da Guiné António da Silva Batista, a visitar a sua própria campa. A notícia do jornal era: "Morto-vivo depôs flores na sua campa". Na lápide pode ler-se: "Em memória de António da Silva Batista. Falecido em combate na província da Guiné em 17-4-1972". (*)

A foto, de má qualidade, foi feita em 17 de Julho de 2007 pelo nosso camarada Álvaro Basto, com o seu telemóvel, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, e remetida ao Paulo Santiago. O Álvaro Basto, ex-FurMil Enf da CART 3492 (Xitole, 1971/734), mora  em Leça do Balio, Matosinhos.

Recorde-se que o António da Silva Baptista. membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinmhos,  pertencia à CART 3490 (Saltinho, 1972/74)... Foi dado como morto na sequência da emboscada montada pelo PAIGC na picada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972. Vd. post de 20 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1681: Efemérides (4): Lista dos mortos no Quirafo (José Martins)

Foto: © João Santiago (2007). Direitos reservados.


1. Reprodução do poste 448, da Tabanca de Matosinhos

Tal como referi no poste 446 o Baptista está internado no Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos,em Matosinhos, há mais de uma semana. Está internado em Cirurgia,  com problemas graves ao nível do fígado.

Fica aqui o APELO para a solidariedade que tanto nos caracteriza.  É que o Batista sente-se obviamente muito sozinho e abandonado.

Vamos todos criar uma cadeia de solidariedade (**) e vamos visitar o Batista ao Hospital,  com frequência. Somos muitos e por isso de certeza que ele não se há-de sentir desamparado nestes momentos difíceis de solidão e angústia.

Álvaro Basto (foto à esquerda, ex-Fur Mil Enf, CART 3492/BART 3873,  Xitole, 1971/74; co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos)


2. Comentário de L.G.:

Em Abril de 2007, andávanmos (o Álvaro Basto, o Paulo Santiago, o J. Casimiro Carvalho, entre outros) à procura do morto-vivo do Quirafo. Escrevi então em comentário ao poste P1681:

"Amigos &  camaradas: Ainda estará vivo, hoje, o morto-vivo do Quirafo ?  É importante, para todos nós, ajudarmos o Álvaro Basto, o Paulo Santiago e o Casimiro Carvalho a localizar o nosso camarada António da Silva Batista, o morto-vivo da emboscada do Quirafo (em 17/4/72) e que voltou à sua terra, Moreira-Maia, tendo em Setembro de 1974 depositado um ramo de flores na sua própia campa, no cemitério de Crestins, Maia!...


"Uma estória, macabra, de fazer arrepiar os cabelos!... Como é que os burocratas do exército o deram como morto em 17/4/72, sem a mínima preocupação em localizar e identificar o cadáver ?... E como é que mandam para Crestins um caixão vazio ?


"Na realidade, valíamos todos muito pouco, aos olhos da hierarquia político-militar que nos mandou para a guerra... E como é que a poderosa PIDE/DGS não descobriu o seu paradeiro na Guiné-Conacri ?


"O Batista pertencia à CART 3490, do Saltinho (1972/74), a mesma a que pertenceu o nosso camarada, membro da nossa tertúlia, Joaquim Guimarães, hoje a viver nos EUA. O Batista, tal como todos nós, valia muito pouco... Na realidade, ele não valia nada, nós não valíamos nada... Um Alfa Bravo. Luís"

O Baptista foi localizado e reencontrado em 21 de Julho de 2007, foi depois integrado e acarinhado por todos nós... Mas ninguém lhe tira as mazelas, físicas e psicológicas, do cativeiro e das peripécias do regresso à vida civil (depois de ter sido dado como morto e enterrado)... Obrigado, Álvaro, mais uma vez por estares atento e seres um homem solidário. Vamos ver como podemos aliviar mais este pesadelo, que é um internamento hospitalar devido a doença, que parece ser  crónica e pode ser fatal. Álvaro, vê se sabes o serviço e o número da cama onde ele está internado. Vamos acreditar que o Baptista vai superar mais esta crise. Vamos animá-lo.

3. Eis como o Paulo Santiago descreveu o primeiro encontro com o Baptista, num café da Maia, em 21 de Julho de 2007 (*):
 
(...) Batista: Um homem precomente envelhecido, mas humilde e sem rancores



Chegados ao café indicado, eu, o Álvaro e o João, encontrámos o Batista. Quando o cumprimento, domino o sentimento emotivo com alguma facilidade. Estava perante um homem lúcido, de aspecto - é a minha opinião - mais envelhecido que aquele que deveria apresentar, para a idade que tem (58 anos), mas sem apresentar qualquer sintoma de perturbação psíquica, o que vim a confirmar durante a nossa conversa.


É um homem sem rancores, de uma humildade que me tocou profundamente. Levei o meu Portátil com placa de ligação à Net. Falei-lhe no teu/nosso blogue mas, como deves imaginar, é uma pessoa ao lado destas coisas da blogosfera. Perguntei-lhe se poderia mostrar-lhe a foto da GMC, tirada em Fevereiro de 2005, e a foto do Paulo Malu, comandante da emboscada. Quando viu a GMC, vi-lhe qualquer coisa nos olhos, mas dominou essa reacção momentânea. Quanto ao Malu, a cara não lhe diz nada, não é para admirar, passados todos estes anos. (...)

_____________

Notas de L. G.:

(*) Vd. postes de:

17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1959: Em busca de... (2): António da Silva Batista, de Crestins-Maia, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto / Paulo Santiago)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

(**) Vd. último poste desta série  > 11 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6578: Banco do Afecto contra a Solidão (12): Últimas notícias do estado de saúde de Victor Condeço

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6578: Banco do Afecto contra a Solidão (12): Últimas notícias do estado de saúde de Victor Condeço



Caros camaradas e amigos do Victor Condeço

Um dos nossos tertulianos, que esteve hoje em contacto com a esposa do Victor, pede para divulgar a boa novidade de que tudo leva a crer que o nosso doente dentro em breve terá ultrapassado este momento menos bom da sua vida e voltará ao activo no Blogue.

Vamos continuar a torcer para que tudo lhe corra pelo melhor.

É uma sorte o Victor, e cada um de nós, ter esta panóplia de amigos solidários que através da Tabanca Grande podem acompanhar os momentos mais difíceis da vida, que todos, mais tarde ou mais cedo, em maior ou menor escala, acabamos por viver.

Força Victor, tens centenas de amigos que querem o melhor para ti. Volta depressa.
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 9 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6563: Banco do Afecto contra a Solidão (11): Vamos telefonar ao Victor Condeço (que vive no Entroncamento)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6563: Banco do Afecto contra a Solidão (11): Vamos telefonar ao Victor Condeço (que vive no Entroncamento)



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto 11:  "O Fur.Mil. Vitor Condeço sentado na raiz do Poilão, tendo por fundo o edifício do comando".





Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto 13: "Na parada o Alf Mil Barreto e o Fur Mil Gil, tendo por fundo o edifício do comando e a caserna nº 3".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto 14: "Fur Mil Machado,  de serviço, na porta de armas tendo por fundo a ainda em construção camarata dos oficiais, mais ao longe a caserna nº 3.



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > Foto nº 21: "Na arrecadação antiga de material de guerra, o 1ºCabo Camarinha e o Fur Mil Victor Condeço. A motorizada que se vê não eramaterial de guerra, foi comprada avariada ao electricista da central civil sr.Jerónimo por 250 pesos, foi reparada e ainda serviu para dar umas voltas". 

Fotos (e legendas): © Vítor Condeço (2006). Direitos reservados




1. Mensagem do Alcides Silva (*) [, foto à esquerda]:

Data: 5 de Junho de 2010 13:11
Assunto: Solidariedade


Amigo Luís Graça, li a mensagem referente ao Victor Condeço (**), é triste saber estas notícias, nestas circunstâncias é muito difícil dizer alguma coisa.

Eu digo ao Victor que viva um dia de cada vez, não pense no pior, com a ajuda de Deus ele pode vencer, porque por aquilo que conheci em Catió ele sempre foi um vencedor. Victor, não te deixes arrebatar por pensamentos demolidores, pensa sempre que o amanhã será um dia melhor. 

O telefone fixo do Victor é: 249 718 626.

Com votos de recuperação,  um grande abraço.
Alcides






2. Mensagem do Benito Neves  (***) 

Luís, bom dia e obrigado pela informação [sobre os Melech Mechaya], embora nãová poder estar presente. Já vi, no programa das festas de Abrantes, que osMelech Mechaya irão actuar em Abrantes, no dia 10 do corrente mês, às 23 horas.A actuação será na Praça Barão da Batalha, em palco a descoberto. Atendendo aque está anunciado tempo de chuva até ao fim-de-semana, não sei como irá ser,mas vamos acreditar que não vai chover.Pergunta que se impõe: Vais acompanhar a banda até Abrantes? Em caso afirmativonão quero deixar de te dar um abraço. Caso não venhas, o teu filho não me vaiescapar.

[Comentário de L.G.: Benito, obrigado pela tua gentileza e pela tuainformação sobre o concerto na tua terra, que eu desconhecia. Não, não irei atéaí... Vou estar para o sul. Se puderes, dá ao João -  o rapaz do violino -um abraço da malta toda, que está atabancada. Bom concerto, boas festas, diverte-te!]
Outro assunto: Victor Condeço 

Benito Neves


O Victor é meu "amigo do peito" desde há muito tempo, inclusivéestivémos juntos em Catió. E apadrinhou a minha entrada na Tabanca Grande.

A meu convite tem participado nos almoços de confraternização da minha Companhia,que esteve adida ao Batalhão do Victor, embora não eu fizesse parte doBatalhão. Era uma Companhia independente que esteve em Catió em intervenção aoSector.

Entre muitas vezes que nos encontramos, em finais de Abril estive com o VictorCondeço na festa de aniversário do meu "cabo pastilhas" e nada faziaprever que 30 dias depois se viesse a revelar a doença [que ele tem].

Desde que nos reencontrámos há uns anos - e foi através do blogue - que temoscontactado e privado com frequência. Tornámo-nos mais amigos.

Ontem voltei a telefonar ao Victor. Atendeu-me o genro (o Victor sóesporadicamente atende o telefone). O Victor apercebeu-se de que era eu e quisfalar comigo (...).







Victor Condeço



Um camarada nosso, ex-Fur Mil da minha CCav 1484, é médico homeopata e tambémtem estado a acompanhar o Victor com a ajuda possível (...).

Há alturas na vida muito difíceis, tanto mais quando temos apenas palavras parapoder dar força num sofrimento que quereríamos ver atenuado.

Estou triste mas a acompanhar a situação muito de perto e a dar a ajudapossível. No meu intimo temo perder um amigo que ao mesmo tempo é um homem bom,mas ao mesmo tempo quero acreditar em milagres.

 Desculpa este meu desabafo, mas sei que gostas de saber o que se passa com opessoal da tua Tabanca Grande.

Um abraço

Benito Neves
3. Comentário de L.G.:

Alcides, Benito e demais amigos e camaradas que conhecem o Victor: Vamosdar-lhe força,  ao Victor. É importante que ele se sinta rodeado docarinho dos velhos camaradas da Guiné.  Ele vive no Entroncamento comuma família maravilhosa. O telefone fixo dele é o 249 718 626.Procurem saber qual é a melhor hora para lhe darem uma palavrinha...  Umpor todos, e todos por um!
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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste  de 15 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6394: Tabanca Grande (219): Alcides Silva, ex-1º Cabo Estofador (e não ex-Sold Cond Auto...), CCS / BART 1913, Catió, 1967/69


(...) Senti, ao telefone, que o Vitinho não está na melhor forma. Ia começar a radioterapia, esta semana, em Lisboa. Tem um belíssimo genro que o leva e  traz. Uma filha que ele adora. Dois netos. A esposa. Uma família, encantadora, que é um importante esteio e vai ser meia cura. O suporte social, nestes casos de doença crónica, é muito importante. Para além da efectividade, cada vez maior, das terapêuticas, e da competência dos nossos profissionais de saúde que trabalham no IPO, os aspectos não-médicos, psicológicos e sociais, são também decisivos no processo terapêutico. Foi essa mensagem que eu reforcei, ao telefone, ontem, junto do Vitinho.

A Tabanca Grande é também um grupo de amigos e de camaradas que estão aqui para ajudar, apoiar, aconselhar, animar... Vamos torcer pelas melhoras do Vitinho. Vamos fazer-lhe sentir, de preferência de viva voz, por telemóvel (963 139 769) ou telefone fixo (deixei escapar o nº dele....), ou passando pela casa dele, no Entroncamento, que ele não está sozinho, neste momento difícil. (...)


(***) Vd. poste de 18 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1673: O blogue do nosso contentamento (Benito Neves, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)

(...) Mensagem do Benito Neve, com data de 14 de Março de 2007, com o pedido formal de entrada na nossa tertúlia. Começo por lhe pedir desculpa, a ele e ao seu padrinho, o Victor Condeço, pelo atraso. Houve uma engarrafamento de trânsito nas minhas caixas de correio. Ou melhor: tem havido muito embrulhanço, no meu sector...A explicação, um pouco tosca e esfarrapada, está dada e é sincera.
O Benito já é dos nossos há muito. Só espero que por cá se sinta bem. Para já adorei as tuas palavras de grande camarada: que o blogue é mato e bolanha por onde te metes todos os dias, não já com o coração em sobressalto, mas com a emoção do reencontro, da redescoberta, da memória... Espero poder abraçar-te em breve, a ti e ao Condeço. Em Pombal ou noutro sítio. L.G. (...
)

(...) Posto > Ex-Furriel Mil Atirador de Cavalaria: nUnidade > Companhia de Cavalaria 1484 - Guiné 1965/67 (Nhacra e intervenção ao Sector de Catió de 8/6/66 a finais de Julho/67).

Referências ao blogue... quase me dispenso de as fazer. Mas digo que é mata e bolanha onde me meto e atasco todos os dias (com a melhor boa vontade), não por vício mas para continuar a sentir os sons, as cacimbadas, os medos e tudo o mais que faz parte das nossas recordações de há 40 anos. E é também a saudade das gentes, das tradições, dos usos e costumes que nos acicatam a vontade de voltar um dia. (...)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6520: Banco do Afecto contra a Solidão (10): Falar do Cap Eurico Corvacho, é falar de um Homem com H grande (António Gomes da Cunha)

1. Mensagem de António Gomes da Cunha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 1613/BART 1896, Guileje, 1966/68:

Caros Camaradas da Tabanca Grande
Sou um dos 155 homens que durante 20 meses fotam comandados pelo Capitão Corvacho** na Guiné 1966/1968 CART 1613 “Os lenços verdes”.

Falar deste homem com “H” GRANDE, só quem na verdade o conheceu e acompanhou.

É normal que dos muitos camaradas da CART 1613 que felizmente ainda resistem aos fortes ferimentos da guerra neste mundo, não se manifestem nesta ou noutras páginas a falar da guerra, porque como passamos muita, mesmo muita guerra, não nos queremos recordar
dela, porém quando se fala do Corvacho, falamos de um Irmão de armas e aí temos de nos manifestar e tirar o chapéu a este grande homem.

Felizmente, no convívio da Companhia 1613 que organizei em Braga em 2005, depois de lhe telefonar várias vezes, bem como a sua esposa, consegui tê-lo em Braga pela primeira e única vez, foi como se todos nós tivéssemos encontrado o Pai de deixamos de ver desde Agosto
de 1968. Muita coisa poderia dizer-vos sobre o Capitão Corvacho, deixo aqui apenas duas coisas:

1 – Foi em Guilege que pela primeira ouvi músicas que para nós eram normais, mas que mais tarde verificamos que se tratavam de canções políticas como: Ao romper a madrugada no quartel da guarda senhor general, mande embora a sentilela mande embora o seu guarda portal!

2 – O Capitão Corvacho foi o único comandante que no final da comissão, quando chegamos ao quartel dos adidos para aguardar embarque para a Metrópole, reunindo a companhia, lhe apresentou contas do dinheiro que esta recebeu para a nossa alimentação, o que gastou e o
dinheiro que sobrou, depois de todas as explicações, informou-nos de quanto iria distribuir por cada um dos elementos da Companhia.
Com este gesto de grande camaradagem e de honestidade, a juntar à Cruz de Guerra a nível de companhia e cerca de 58% dos louvores atribuídos a todo o batalhão, que mais se pode dizer deste homem!

Capitão Corvacho é sempre recordado nos nossos convívios, e o próximo é já no dia 5 de Junho em Viana do Castelo, local de onde saímos com destino á Guiné.

Força meu grande amigo comandante, continue a lutar pela vida, embora todos já tínhamos morrido em Guilege, na Guiné

Até sempre
Um abraço
António Gomes da Cunha
1.º Cabo Radiotelegrafista
CART 1613 “Os Lenços Verdes”
acunha45@hotmail.com
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 64/74 - P4469: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (1): Já temos três: Patrício Ribeiro, António Cunha e Manuel Reis

(**) Vd. poste de 16 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 – P6161: Banco do Afecto contra a Solidão (7): Um grande capitão da Guiné - Eurico de Deus Corvacho - CART 1613, Últimas Notícias

Vd. último poste da série de 2 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6295: Banco do Afecto contra a Solidão (9): Victor Tavares internado nos HUCoimbra, para uma operação à coluna 2 (Paulo Santiago)