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domingo, 13 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15851: Agenda cultural (468): Juvenal Amado apresenta o seu livro "A Tropa Vai Fazer de Ti um Homem! (Guiné 1971-1974)", na sua terra, Alcobaça, na Biblioteca Municipal, sábado dia 19 deste mês, às 16h00. Além do alcobacense José Alberto Vasco, o livro será apresentado também por Belarmino Sardinha, nosso grã-tabanqueiro

1. O alcobacense Juvenal Amado vai apresentar o seu livro “A Tropa Vai Fazer de Ti Um Homem! (Guiné 1971 – 1974)”, em Alcobaça, na Biblioteca Municipal, no sábado, dia 19 de março, às 16h00.

O livro será apresentado pelo alcobacense José Alberto Vasco e pelo antigo companheiro de armas do autor na Guiné Bissau, Belarmino Sardinha, também antigo responsável pela área de autores literários na Sociedade Portuguesa de Autores [, e membro da Tabanca Grande, desde 17 de junho de 2008]. 

Neste seu livro Juvenal Amado conta-nos histórias da sua vivência na Guerra Colonial, partindo das mais de 200 intervenções que desde 2007 fez no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando forte contribuição para a memória de uma época nem sempre fácil de recordar.



2. Juvenal Amado nasceu em 1950 na Fervença, concelho de Alcobaça. Finda a Escola Primária, começou logo a trabalhar, percorrendo vários empregos, até que aos 14 anos se fixou na Crisal- Cristais de Alcobaça [, fundada em Alcobaça, em 1944, hoje Crisal - Cristalaria Automática, SA, com nova fábrica inaugurada em 1970 na Marinha Grande],  onde aprendeu pintura e desenho. Aí esteve até aos 32 anos, apenas interrompidos pelo cumprimento do serviço militar, entre 1971 e 1974.

Quando saiu da Crisal, onde era desenhador, fundou uma empresa de cerâmica com vários colegas, tendo-se seguidamente estabelecido por conta própria, com uma pequena oficina, que encerraria em 1998.

Trabalhou depois como revendedor de remanescentes de exportação no mercado nacional e como chefe de produção em empresas de Ansião e Fátima, tendo encerrado a sua carreira profissional como chefe de produção numa empresa do Juncal. Acabaria entretanto por continuar a estudar, até concluir o 12º ano, estando agora reformado.

Fonte: O Alcoa (com a devida vénia...)  

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Nota do editor:

sábado, 12 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15845: Inquérito 'on line' (42): Eu, como 1º cabo radiotelegrafista STM e chefe de turno, não me podia dar ao luxo de apanhar um pifo de caixão à cova.... Alegre, sim, confesso que muitas vezes estive... (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do Belarmino Sardinha [ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia FormosaBissau, 1972/74; trabalhou na Sociedade Portuguesa de Autores; alentejano, vive hoje no Cadaval]:


Data: 10 de março de 2016 às 16:01

Assunto: Inquérito

Olá, Luis e Carlos,

Tenho respondido a quase todos,  se não mesmo a todos, os inquéritos que têm aparecido no blogue, mas confesso que a este, embora ainda não o tenha visto na página, a não ser o seu enunciado, porque nada me aparece para poder votar, gostava de sugerir uma pequena alteração: é que nunca apanhei nenhuma de caixão à cova pelo simples facto de não poder, caso isso acontecesse via-me a braços com uma porrada que podia levar-me a ainda lá estar a cumprir serviço.

Nós funcionávamos por turnos e individualmente e em caso de não comparecermos era complicado fazer uma substituição imediata, não havia reforços que previssem essas situações e também nem sempre tínhamos hierarquia de vigilância. No meu caso, enquanto estive em Bissau, ainda pior por, sempre que estive de serviço, ser o chefe do turno, sem qualquer autoridade e sem nada poder fazer a não ser informar depois superiormente se isso acontecesse.

Não me recordo de alguma vez ter acontecido. Qualquer bebida a mais tinha que ser curada antes ou marcada a presença mesmo que agoniado, com vómitos e mal disposto, isso sim, acontecia, a qualidade do serviço não sei, não posso avaliá-la.

Sugeria por isso que houvesse diferentes graus na pergunta, pois alegre confesso que muitas vezes estive, mesmo muitas, de caixão à cova só depois de estar cá, já descansado e com outras responsabilidades.

Não vejam aqui qualquer coisa que não esteja escrita, não havia meninos de coro nem éramos diferentes nem melhor que ninguém, acontece é que num grupo ou num pelotão pode faltar um elemento, mas onde um é a totalidade não pode faltar ninguém.

Penso que já em tempos escrevi onde referia que,  durante um período de convalescença de um camarada e amigo, bebíamos diariamente uma garrafa de gin, cada dia pagava um, daí resultar um dos estados de alegre em que me encontrei diversas vezes, mas não bêbado. Ou será que estava e não sabia e por isso não me lembro de muitas coisas hoje em dia?

Espero ter contribuído para poder melhorar o inquérito.

Um abraço,

BS

2. Comentário do editor:

A sugestão é bem vinda e faz todo o sentido. Simplesmente o inquérito já está no ar e o prazo de resposta acaba na 3ª feira, dia 15, às 18h00. Desde o momento que a malta começa a votar, já não é possível corrigir a pergunta ou as hipóteses de resposta, a não ser "remover" o questionário e fazer um de novo, sem possibilidade de recuperação das respostas já dadas...

E depois o inquérito só pode ter uma pergunta... E a pergunta tem que ser fechada (sim, não, talvez, não sei...). Não é nada flexível, mas o objetivo não é "científico": queremos apenas a pôr a malta a refrescar a memória e a escrever sobre  o "in illo tempore",  aquele tempo em que tínhamos idade para ter todos os sonhos e fomos mandados para a guerra...

Felizmente que não vivemos num país puritano (, pelo menos, por enquanto), e não é política, ética e socialmente incorreto recordar em público os "pecadilhos" da juventude passada, incluindo "pifos de caixão à cova" que apanhámos lá na "Guiné, longe do Vietname" (, como eu gostava de dizer, nas minhas cartas, que nunca pus no correio)... Um abraço valente... LG
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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15350: Ser solidário (188): Parabéns, Bambadinca!... Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB) que conta com a minirrede híbrida mais ampla do mundo: notícia e vídeo (Belarmino Sardinha)





Sinopse: 

A inauguração do Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB), que conta com a minirrede híbrida mais ampla do mundo, decorreu no dia 4 de Março de 2015 com a participação do Primeiro-Ministro e de outros membros do Governo da Guiné-Bissau, bem como do Embaixador da União Europeia em Bissau e do Comissário da CEDEAO para Energia e Minas.

O SCEB permite aos 8 mil habitantes de Bambadinca ultrapassar os constrangimentos no acesso à electricidade, beneficiando de um abastecimento permanente de energia renovável, garantido por uma inovadora central fotovoltaica híbrida de 312 kW de potência.


Sobre a promotora do vídeo:

TESE - Associação para o Desenvolvimento: é uma ONGD criada em 2002, que foca a sua intervenção numa abordagem positiva e inovadora, encontrando nas necessidades sociais oportunidades para atuar.

Sede: Av. do Brasil 155 A | 1700-067 Lisboa
Contactos: (+351) 213 868 404 | info@tese.org.pt | http://tese.org.pt


1. Mensagem, com data de ontem, do nosso amigo e camarada Belarmino Sardinha [ (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74; trabalhou na Sociedade Portuguesa de Autores; vive hoje no Cadaval]:


Luís e Carlos,

Através de um antigo companheiro de trabalho e amigo, chegou-me a informação de uma central fotovoltaica em Bambadinca. Julgo interessante, e não tendo visto no blogue nenhuma referência à mesma, admito que poderá ter sido por desatenção minha, parece-me tratar-se de matéria com interesse e envio o endereço do vídeo [, reproduzido acima].


Posso acrescentar que a esposa deste meu amigo viveu na Guiné durante os anos de guerra, o seu pai era militar, andou na escola primária em Gabú.

Vem tudo isto a propósito porque um dos elementos da equipa que integrou o projecto é filho deste casal, não sei se não será o responsável, é engeheiro e a sua especialidade é a energia fotovoltaica, mas não tive ainda tempo nem vi interesse em aprofundar.

Tenho feito tentativas no sentido de colaborarem com o blogue, parece-me haver agora essa disposição, esperemos, pois regressaram recentemente da Guiné-Bissau, onde estiveram em gozo de férias e têm imensas fotos de vários locais.

Um abraço,
BS

2. Resposta do editor LG:

Ótimo, Belarmino, mantemos sempre uma especial relação de carinho pelos sítios da Guiné onde vivemos durante a comissão ou parte da comissão. É o caso de Bambadinca, onde alguns de nós, membros da Tabanca Grandem  estiveram e dela guardam boas recordações.

Por acaso essa central híbrida fotovoltaica, de base comunitária, já aqui foi referida no nosso blogue em março passado, no poste P14322 [, clicar aqui].

Mas saúdo a tua louvável iniciativa, vamos publicar o teu texto. Diz aos teus amigos que serão bem vindos à nossa Tabanca Grande e esperamos,  com interesse e apreço, as notícias que eles trouxeram dessa terra verde e vermelha que nos une a todos, portugueses e guineenses, de ontem e de hoje.

Um abraço fraterno do Luís

PS - No passado dia 4 de março de 2015, ouvi a notícia da inauguração, através da Antena 1 e deixei este apontamento no blogue:

(...) "Com um clique e faz-se luz por Bambadinca!", relata Sara Dourado, uma "portuguesa no mundo", em entrevista à Antena 1, a 'minha rádio'. Por ela fico a saber do trabalho da ONGD TESE e do projeto-piloto, na Guiné-Bissau, de uma central híbrida fotovoltaica em vias de ser inaugurada, e e pssar a fornecer eletricidade a 6 ou 8 mil pessoas, em Bambadinca...

Hoje, de manhã, na 2ª circular, a caminho do trabalho, ouvi deliciado esta entrevista com esta portuguesa que se deixou encontar pela gente boa de Bambadinca (de maioria mandinga e fula, com núcleos balantas)... Oito mil habitantes, quatro ou cinco vezes mais do que há 45 anos, no meu tempo!

É trabalho de seis anos, se bem percebi, trabalho de gente solidária, muito jovem e qualificada, para quem vão as nossas palmas!... Hoje gostava de estar em Bambadinca para ser testemunha da felicidade dos seus habitantes!... Mesmo não falando, a maior parte, em português (, o que é pena!), é uma delícia ouvi-los em crioulo e ler a felicidade estampada no seu rosto!... Não é preciso muito para os seres humanos serem felizes, na Guiné-Bissau... Basta que sejam donos do seu destino e possam participar na resolução de problemas e na tomada de decisão, relevantes para a melhoria das suas vidas !... Vou querer saber mais sobre o trabalho desta ONGD TESE - Sem Fronteiras" (...)


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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15068: Ser solidário (188): Conseguimos! Campanha de "crowdfunding" completada com sucesso!.. Dinheiro (c. 2 mil euros) para investir em material para a escola e o hospital de Cumura (João Martel e Ana Maria Gala)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14735: Agradecimento: De Belarmino Sardinha à tertúlia, a propósito do seu aniversário ocorrido no passado dia 6 de Junho

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 9 de Junho de 2015:


Caros Luis e Carlos, 
Agradeço o favor de publicarem o texto que segue. 

Embora nem sempre nos conheçamos pessoalmente, quero agradecer a todos quantos se deram ao trabalho de escreverem umas linhas a felicitarem-me por ter cumprido mais um aniversário. 
Sou e quero continuar a ser um homem de palavra, espero não os desiludir e poder continuar a receber, por muitos e longos anos os vossos parabéns e poder retribuir com o meu agradecimento. 
Espero igualmente que cumpram a vossa parte mantendo-se de boa saúde para o fazerem. 

Caros companheiros, o meu muito obrigado. 
Um abraço, 
 BS

sábado, 2 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14554: Tabanca Grande (460): Nuno Nazareth Fernandes, que foi alf mil do BENG 447 e radialista em Bissau, 1972/74... Senta-se à sombra do nosso poilão, cabendo-lhe o lugar nº 684


Capa do livro "A engenharia militar na Guiné - O Batalhão de Engenharia" - Coord. Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar. - Lisboa : Direcção de InfraEstruturas do Exército, 2014. - 166 p. : il. ; 23 cm. PT 378364/14  ISBN 978-972-99877-8-6. Cortesia de Nuno Nazareth Fernandes. Ìndice da obra: ver aqui.


 1. Mensagem do compositor (e nosso camarada da Guiné) Nuno Nazareth Fernandes, com data de ontem:


Meu Caro Luis Graça

Obrigado pela publicação (*). Agradeço me mantenha ao corrente desses encontros [da malta do blogue] pois farei circular a informação pelo pessoal do Beng 447. Aliás também nós nos reunimos uma vez por ano e os ex-oficiais em Lisboa ou no Porto ou a meio caminho e com mais frequência.

Já agora envio a foto da capa do que a Arma de Engenharia publicou o ano passado sobre a Obra que o Beng deixou para trás, por iniciativa do seu último Comandante, o então Ten Cor Alberto Maia e Costa.

Pode ser solicitado á Direcção da Arma de Engenharia no Campo de Santa Clara em Lisboa.
Também agradeço, caso insistam em pôr a minha foto (...) que a substituam pela que mando e que é mais actual.

Parabéns pelo blogue que me parece de muita importância. 

Lembro que talvez a malta se lembre de um programa que fazia na rádio, no Emissor Regional da Guiné, quando eventualmente não estava fora de Bissau e que se chamava "Integral". Era do agrado especialmente do pessoal que estava no mato, quer pela música quer pelas mensagens "subversivas" que deixava...

Um dia destes, com tempo vou ver se localizo algumas gravações e mando. Lembro-me uma vez em que fui chamado à DGS e me "pediram  muito delicadamente" (...) para ter mais cuidado pois eram obrigados a enviar as gravações para a António Maria Cardoso!

Nessa mesma tarde estava eu a fazer fogo com umas
armas apreendidas ao IN com o Chefe deles, o
Fragoso Allas, o que era normal sempre que havia armamento "novo" no "mercado" e ele disse-me : - Ó engenheiro,   então hoje foi lá ao "escritório"?! Não ligue, eles fazem só o que lhes mandam...

É claro que dizer aos microfones "Em Santiago reina a paz dos cemitérios" .. (estávamos em 1973 e Pinochet tinha iniciado a repressão no Chile).

Coisas que hoje são interessantes de recordar  e que nos fazem reflectir sobre o "conhecimento" e relações DGS/Exército no Ultramar mas isso são horas de conversa.

Um abraço amigo para todos
NNF

2. Comentário do editor:

Escreveu ontem, em comentário, o Belarmimo Sardinha, que é membro da nossa Tabanca Grande e amigo pessoal do Nuno Nazareth Fernandes:

Olá Luis,

(...) Várias vezes abordei já com o Nuno a sua entrada na Tabanca Grande, depende apenas dele, mas experimenta tu a convidá-lo, é sempre diferente. Ele é uma pessoa com muito espírito e piada na forma de contar as suas histórias e certamente terá algumas sobre a Guiné e até sobre a rádio da Guiné, onde esteve também. (...)

 Um abraço, BS.

Pois, meu caro Nuno, e meu caro BS: não precisamos de mais convites. O Nuno percebeu logo que estava entre camaradas da Guiné, de gente de boa fé, deu os patabéns pelo blogue, mandou-nos uma foto atual, mostrou-se interessado em saber dos nossos encontros e até nos contou uma história da sua passagem pelo  PFA, o programa de rádio das Forças Armadas, e da sua ida, um dia, ao "escritório" da DGS... Para mim, é a aceitação do convite que lhe fiz para integrar a nossa comunidade virtual de amigos e camaradas da Guiné.  

O Nuno já está, pois,  sentado, e bem sentado á sombra do poilão da Tabanca Grande, cabendo-lhe o lugar nº 684. (depois da entrada do José Sousa e das nossas amigas Graciela Santos e Lígia Guimarães, esposas de camaradas nossoas, totalistas dos dez encontros nacionais que já realizámos desde 2006). (**)

De resto, a malta do BENG 447 [de que temos vários camaradas formalmente registados na nossa Tabanca Grande, com destaque para o ex-cap mil Fernando Valente (Magro), de 1970/72] só pode ser recebida aqui de braços abertos. Já também aqui demos notícia do próximo 32º Encontro Nacional da malta do BENG 447, nas Caldas da  Raínha, no dia 9 do corrente.

Obrigado, Nuno, pela foto da capa da obra "A engenharia militar na Guiné", da qual vamos querer saber mais coisas... E o Nuno já sabe que na Tabanca Grande todos os camaradas se tratam por tu, do engenheiro ao corneteiro, do médico ao auxiliar de enfermagem, do comandanet operacional ao simples soldado atirador...

Como vai adiantada a hora, e estou fora de Lisboa, quero tão só dar as boas vindas ao Nuno e agradecer também ao Belarmino por ter levado a "carta a Garcia", neste caso ter dado a conhecer ao Nuno o nosso blogue. Ficaremos à espera de poder partilhar, uns com os outros, de mais histórias do BENG 447 e dos programas de rádio que se faziam em 1973 e qiue chegavam tanto aos ouvidos da malta no mato como aos agentes da DGS... Temos também vários camaradas que foram locutores do programa de rádio das forças armadas, a começar pelo Silvério Dias!... O Nuno, por certo, que se deve lembrar do Silvério Dias e vice-versa

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de abril de  2015 >  Guiné 63/74 - P14549: (Ex)citações (273): A propósito de "O Vento Mudou".... No Festival RTP da Canção de 1967, o Eduardo Nascimento ganhou com o todo o mérito, porque era a melhor canção, e rompia com o chamado "nacional cançonetismo"... É falso que o Salazar tenha imposto o seu nome para ir ao festival da Eurovisão (Nuno Nazareth Fernandes, autor da música, e ex-alf mil, BENG 447, Bissau, 1972/74)

domingo, 28 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14090: Blogpoesia (398): O Natal Segundo Jesus Cristo (Edgar Mata / Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 26 de Dezembro de 2014:

Caros editores,
Envio este texto que, como sempre, deixo à vossa consideração a sua publicação.

Meus amigos, após todas as mensagens de Natal que vi, li e ouvi, decidi-me enviar-vos este poema, de um nosso camarada que esteve na Guiné e não se decide a entrar pela porta das nossas Tabancas, seja a Grande, a do Centro ou qualquer outra, mas que me concede o prazer da sua amizade e dos seus poemas e me autoriza a enviá-los aos amigos ou a divulgá-los.

Considero este nosso camarada um verdadeiro poeta.
Sempre que abordamos a sua publicação em livro vai dizendo não, embora com superior qualidade, o que se traduz neste poema e reflecte o sentimento de muitos que se manifestam pelo silêncio nesta quadra, sem contudo deixarem de aceitar ou respeitar os que pensam de forma diferente.

BS



O Natal segundo Jesus Cristo

Ao mundo vim entre bosta e urina
E um fedor ao excremento do gado
Ali o meu futuro foi traçado
P’lo capricho da vontade divina.

Depois, Judas, e para meu tormento
Pelas trinta moedas é tentado
Por remorsos acaba enforcado
Numa corda de arrependimento.

Desprezado eu fui p’los fariseus
Suportei toda a casta de maus-tratos
Mãos lavadas, condenou-me Pilatos
Mas, pior, foi o silêncio de Deus!

Sofri açoites, vaias, fui cuspido
Esvaí-me em sangue, exaurido
Condenado de forma amoral

Pelo ouro traíu-me um amigo
P’rá cruz meu Pai mandou-me por castigo
Por isso é que eu não gosto do Natal!

2014 – Edgar Mata

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14076: Blogpoesia (397): O meu Menino Jesus Chinês... com votos de Feliz Natal e um Bom Ano 2015 para todos os camaradas (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12679: Direito à indignação (11): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Belarmino Sardinha / Cândido Morais)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Iemberém > 6 de Dezembro de 2009 > O menino de Iemberém 

Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74):

Meus Caros Editores,
Desculpem se tenho andado ausente e de repente apareço sem mais nem porquê, mas há coisas que, mesmo não sendo engraçadas têm a sua piada, mesmo falando de guerra…

Leitor diário do blogue, nem sempre lhe dou a devida atenção e reconheço que isso leva-me a deixar para trás algumas coisas sobre as quais podia comentar ou até falar, mas está tudo dito e bem, para quê chover no molhado, mas sobre o P12669 achei que me apetecia dizer alguma coisa, por isso, se acharem bem podem publicar, garanto que é verdade e nada mais que a verdade tudo o que aqui escrevo.
Também quero que os meus filhos e os filhos dos outros se regozijem deste pai de família. Sempre achei que este espaço deveria servir para deixarmos um testemunho sério e verdadeiro, relatos dos acontecimentos marcantes de várias gerações de sacrificados pela luta com armas, mas o P12669 explica muita coisa, nunca pensei ter feito parte de um Western Hollywoodesco de Cowboys (o estrangeirismo fica sempre mais bonito na escrita) se escrevesse cinema do oeste português e rapaz das vacas poderiam pensar que estava a falar de alguma casa de alterne.

Tudo parece ter ocorrido em Outubro do ano da graça de 1968, tinha eu então dezoito anitos, mas se não foi em Outubro, foi nesse ano. Não sei se conseguirei escrever tudo que gostava ou quero, só agora me debrucei mais atentamente sobre as intervenções neste blogue e confesso-me de cara-à-banda. Estou feliz finalmente, descobri a razão da minha mobilização para a Guiné em 1972, sei agora, sem margem para dúvidas que foi para limpar a porcaria que lá ficou pelos milhares de mortos inimigos feitos num só dia, por pouco quando lá cheguei já não havia para mim.

Caíam como todos, abanávam as árvores e caíam pelo efeito do shelltox (mata que se farta, passe a publicidade). Lembrei-me até que um deles, meu amigo, ficou cego de uma vista, estava a espreitar num buraco de uma árvore, veio de lá o chefe da família do Pica-pau Amarelo e deu-lhe uma bicada num olho, chamava-se Luiz Vaz de Camões, mais tarde escreveu um livro muito apreciado chamado Lusíadas. 
Desculpem mas estou tão “emulsionado” que vou parar aqui este escrito. Acreditem em mim, ainda ando a bater mal pois conhecia-os a todos, de um e outro lado e até tinha os seus contactos de telemóvel.
Aos que ainda restam e por cá andam, são e vão continuar a serem penalizados, pois além das pensões, se chegaram a este ponto da leitura já levaram comigo, para todos, aqueles que vão escrevendo a história dos acontecimentos e aos que não são maus rapazes, os progenitores é que não deviam ter nascido, o meu abraço.

BS

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1. Mensagem do nosso camarada Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71):

Caro amigo
Considero também que estas iniciativas locais ("recolher história" sobre a guerra colonial), não deveriam ser levadas a cabo de qualquer maneira.
Como militar, estive também na Guiné, na zona leste (Piche, Buruntuma, Canquelifá, Bajocunda, Copá, Tabassai, Amedalai...) e revoltam-me comentários como aquele que tive oportunidade de ler: "despachamos milhares de inimigos"...

Hoje, dada a convivência que recordo ter mantido com a gente das tabancas que o arame farpado e os postos avançados dos quartéis protegiam das incursões do IN, sinto até uma certa repugnância pelos termos em foi descrita uma pseudo-acção militar, algures no território do Senegal. Aliás, mesmo quando refiro algumas das minhas memórias do tempo da guerra colonial, eu confesso que me custa escrever a palavra "inimigo", e quase sempre encontro forma de contornar esse obstáculo, às vezes utilizando o termo "IN".
Eu acho que nós, ex-combatentes, temos um enorme manancial de histórias para contar, mas nem precisamos sair do âmbito das lições de humanidade, de entreajuda, de amizade... que vivemos no teatro da guerra. O soldado português, penso eu, tinha uma inigualável capacidade para se fundir com as populações locais, com quem se confundiria se conseguisse mudar a cor da pele... Violência? Morte? Infelizmente existem em todas as guerras, mas não fomos nós que as inventámos. No entanto, existe na guerra uma quantidade tal de exemplos de grandeza e de elevação, que facilmente fazem esquecer as maiores vicissitudes e os maiores erros.

Sugiro que se recomende ao Sr. Presidente da Câmara um maior cuidado na recolha de relatos da guerra colonial. Primeiro, porque já passou muito tempo e as coisas podem ser deturpadas, depois, porque existem espíritos inquietos que não se preocupam com a exigível fiabilidade dos seus relatos, depois ainda, há quem pense que "matar gente" é a grande missão de um soldado.
Que diabo, por que é que nós, últimos soldados de um Império grandioso que a nossa História descreve e se ufana, mormente quando fala nos Descobrimentos, continuamos a ser massacrados de mil e uma formas?

Penso que, para quem não sabe, há sempre instituições credíveis que podem ler e avaliar textos que farão parte de uma qualquer memória futura. É preciso muito cuidado, e é preciso que prevaleça a verdade.

Um grande abraço
Cândido Morais

PS: - Estive na Guiné em 70/71, e passei o meu último mês de comissão em Bafatá (em merecidas férias com o meu pelotão) e a população ainda ouvia com espanto alguns rebentamentos a quilómetros de distância (a Guiné é plana e ajuda nisso), e por isso eu concluo que por ali não havia memórias perceptíveis de guerra. Quanto a Bissau, ouvi falar de um qualquer acontecimento, uma flagelação à distância...
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Nota do editor:

Último poste da série de 4 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12677: Direito à indignação (10): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Luís Graça / Carlos Pinheiro / Sousa de Castro / José A. Câmara)

domingo, 29 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12102: Convívios (534): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013, sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte I) (Luís Graça)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > Na tasca secreta do Belmiro, o bolo do encontr0  > Depois da Mealhada, Peniche, que como é sabido é ponto mais ocidental de Portugal continental a norte do Cabo da Roca.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013  > No Cabo Carvoeiro, junto ao restaurante "Nau dos Corvos",  o Rui Santos (, um  dos veteranos, da 4ª Companhia de Caçadores Indígenas) e o João Martins, artilheiro: ambos passaram pela CCAÇ 6.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 
28/9/2013 >  
Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo: Lassana Jaló, fula, da CCAÇ 6, ferido em combate, a viver em Portugal; o Gualdino José da Silva (fur mil, de 1967/69); e o Rui Santos.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Algures no promontório do Carvoeiro, onde atacámos a sardinhada... Da esquerda para a direita, o Hugo Moura Ferreira,  e o Belmiro da Silva Pereira ( ex-alf mil, 1969/71, hoje médico, e a alma deste encontro na sua adorada terra, Peniche).  Com o Belmiro, está o seu filho.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Em primeiro plano, à esquerda: o ex-cap inf, hoje cor  ref,  com 78 anos (que comandou a CCAÇ 6 em 1967/68), bem como o ex-alf mil médico João António Carapau... 

Em conversa com estes dois camaradas, descobri que o Mundo é Pequeno (e a nossa Tabanca... é Grande): o nosso "mais velho" nasceu na Lourinhã, em Reguengo Pequeno, tendo ido para Lisboa com um ano; aí fez a sua vida, seguiu a carreira militar, com comissões em Moçambique, Angola, Guiné, Timor e Açores... 

O João António Carapau, conceituado pediatra, está reformado do Hospital da Estefânia, vive na Portela, tendo sido amigo e vizinho do Prof Mário Faria, meu amigo e colega na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, e também ele alf mil médico em Moçambique (entretanto já falecido). 

Por nada deste mundo consegui convencer o "nosso capitão" a ir fazer uma visita ao nosso blogue: ele não usa o computador, não tem endereço de correio eletrónico e... "tem raiva a quem tem" (, que é uma maneira airosa de nos mandar à fava...).  De resto, é um homem de espírito e camaradão.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Aspeto parcial  da mesa dos bedandenses e seus amigos... Do lado esquerdo, o Fernando Sousa, o José Guerra (1º cabo,  1971/73) e o João Martins (pelotão de artilharia, 1968/69, o único que esteve ainda com o alf mil Belmiro Pereira da Silva).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "patrão" da casa, Belmiro da Silva Pereira, dando as boas vindas.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Um artista português, do tempo dos Beatles... Ao fundo, ao canto esquerdo, um dos bedandendes de 1972/73, o Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil, hoje advogado.


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Fernando Sousa  (, que é de 1971/73), mais a esposa, atentos à atuação do "one man show" que é o Belmiro  (que já foi diretor do Centro de Saúde de Peniche, e era meu conhecido das lides da saúde). Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Uma  tarde bem passada, garantiram-me o Renato Vieira de Sousa (ex-cap inf) e o João António Carapau (ex-alf mil médico)


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O "alfero" Joaquim Pinto Carvalho (Cadaval), à direita; mais o 1º cabo do SPM, Luís Nicolau, vizinho da Benedita, Alcobaça... São compadres - o Joaquim é padrinho de casamento de um filho do Nicolau. "Cumplicidades" bedandenses...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O Hugo Moura Ferreira, que tomou a peito o desafio de "substituir", à última hora, o Tony Teixeira, que ficou de baixa, em Espinho. Tem página no Facebook.



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > Da esquerda para a direita - Victor da Luz Calado, ex-fur mil do Pel Caç Nat 53 (maio de 1968 a maio de 1970, tendo estado em Bambadinca de novembro de 1968 a novembro de 1969!), o João Martins e o Lassana Jaló, o mais bedandense dos bedandenses... 

O Victor, alentejano de Almodovar, vive em Setúbal, e tem um belíssimo queijo de Azeitão, que eu provei!... O mais incrível é que estivemos juntos em Bambadinca, pelo menos 3 a 4 meses!... E não temos nenhuma ideia um do outro...



Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > As esposas: do Joaquim Pinto Carvalho (à ponta esquerda), do Gualdino José da Silva (ao centro), e do Hugo Moura Ferreira (à ponta direita; a Lorena viveu 4 meses na Guiné, no tempo da comissão do Hugo).


Peniche >  O 1º encontros dos bedandenses, em terras do sul... > 28/9/2013 > A tasca secreta do Belmiro > O nosso querido grã-tabanqueiro Belarmino Sardinha e a esposa, do lado direito... Brincámos com os apelidos: à sardinhada não faltou o Sardinho nem o Carapau... Foto das despedidas... à esquerda, de costas, o Belmiro...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição:   Blogue Lu
ís Graça & Camaradas da Guiné.]


1. O 3º e último encontro do pessoal que passou por Bedanda, com destaque para a CCAÇ 6, tinha sido na Mealhada, no passado dia 29 de junho último (se não me engano).  

Embora sempre gentilmente convidado pelo Tony Teixeira, de Espinho, nunca me foi possível alinhar, a mim e à Alice,  por razões de calendário. Mas desta vez não podia dizer mesmo que não ou arranjar qualquer desculpa: afinal, era aqui em Peniche, ao pé de casa, ou melhor, da casa da Lourinhã (, donde sou natural)... E nesse sábado eu estava lá.

Bom, o 4º encontro foi ontem, em Peniche, sob organização do Belimiro da Silva Pereira que foi alf mil da CCAÇ 6, em 1969/71. tendo juntado três dezenas e meia de bedandenses, familiares e amigos. 

O Belmiro já estava no 2º ano de medicina quando foi chamado para a tropa. Na altura não deu as habilitações académicas corretas, pelo que foi parar ao contingente geral. Mas alguém (creio que o capitão) descobriu  a marosca e o nosso Belmiro lá foi, contrariado, para a EPI, para o COM, em Mafra. Quis o azar que, depois, fosse parar com os quatro  costados ao então tão temido TO da Guiné. De rendição individual, como os demais, lá foi fazer a guerra em Bedanda, na CCAÇ 6.

Quem foi do seu tempo, ou que ainda o apanhou em Bedanda foi o nosso  grã-tabanqueiro João Martins. Dos bedandenses do blogue, ou meus conhecidos, estiveram presentes, além dos já mencionados (Hugo Moura Ferreira, Rui Santos e João Martins), eu, a Alice, o Joaquim Pinto Carvalho (que falta apresentar formalmente à Tabanca Grande), mais a esposa, Maria do Céu.  e ainda o Belarmino Sardinha e a esposa (têm casa no Cavadaval, e vieram com o Pinto de Carvalho). 

O grande ausente, por razões de saúde, foi o nosso querido Tony Teixeira, de Espinho. Para ele vai um especial abraço, com desejos de rápidas melhoras.

2. Entretanto, e em jeito de homenagem aos nossos amigos e camaradas bedandenses, aqui ficam alguns dos versos que improvisei, ontem, em cima do joelho. São quadras populares, de sete sílabas métricas, e onde refiram sobretudo os bedandenses que já conhecia:


Homenagem aos camaradas bedandenses

Se ele há crise, … que se lixe!,
Gritam alto os bedandenses,
Aqui presentes em Peniche,
Quer tugas quer guineenses.

P’ró Belmiro não estar só,
Veio o Sousa, veio o Guerra,
Veio o Lassana Jaló,
E até eu, da minha terra.

Não fui da CCAÇ 6,
Logo não sou bedandense,
Fui da 12, como sabeis,
E por isso bambandinquense.

Tenho-vos a todos no coração,
Mas faltei à Mealhada,
Amigo, camarada, irmão,
Aqui estou p’ra sardinhada.

Ao Tony estou obrigado
P’lo seu gesto de carinho,
Aqui estou eu, convidado,
E ele, retido em Espinho.

Quem faltou à sardinhada,
Foi o nosso amigoTeixeira,
Faltou-lhe a pedalada,
‘Tá desculpado, diz o Pereira.

Saúdo o Pinto Carvalho.
E os demais bravos alferos.
Gente de rimbimba o malho,
Sempre fortes, leais e feros.

O Rui Santos é o mais velhinho,
Da quarta, de caçadores,
De bajuda, foi paizinho.
Na Guiné teve dois amores.

[Ele e a esposa tiveram a primeira filha,
na Guiné, hoje com 50 anos]

Na guerra do anda e desanda,
Foi Martins o artilheiro,
Do grande obus de Bendanda,
E de tiro muy certeiro.

Hugo Moura Ferreira,
Outro grande tabanqueiro.
Tuga com eira e beira,
Foi de Bedanda o primeiro.

[A entrar para o nosso blogue, ainda na I Série, em 2006, portanto um histórico da Tabanca Grande]

Luís Graça

_____________

Vivam todos em geral,
Vivam todos os que aqui estão,
Viva o dr. Belmiro,
Mais o nosso capitão.


[Um espontâneo, o Gualdino José da Silva, ex-fur mil 1967/69]


De Bedanda para Peniche.
Numa bela sardinhada,
Que tremenda gulodice,
Com uma guitarra a vibrar.
Ó que bela rapaxiada,
Para seu passado lembrar!


Fernando Sousa

[É leitor do nosso blogue, fiz-lhe o convite para integrar a nossa Tabanca Grande, tem histórias para contar]

Vd. mais fotos (e vídeos) no Facebook > Grupo Bedanda / CCAÇ 6
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12062: Convívios (533): Confraternização anual do pessoal da CCAÇ 2797 e Pel Canh SR 2199, dia 5 de Outubro de 2013, na Mealhada (Luís de Sousa)

domingo, 16 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11715: Blogoterapia (228): A todos quero agradecer os votos de parabéns e as palavras que me dedicaram no meu aniversário (Belarmino Sardinha)

1. Com as nossas desculpas pelo atraso, estamos hoje a dar notícia da mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, MansoaBolamaAldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 7 de Junho de 2013: 


Agradecimento

Nunca sei, confesso-o, como agradecer o carinho manifestado e a forma como sou brindado por todos vós.

A todos quero aqui expressar o meu sincero agradecimento pelos votos de parabéns e palavras que me dedicaram na data do meu aniversário, mas gostaria de salientar o trabalho dos editores, sendo que começa neles todo um trabalho de lembrança e apresentação de cada camarada, além do restante diário com a leitura e colocação de novos artigos e temas. Para os editores, homens quase dedicados em exclusividade a aturarem as nossas madurezas voluntariamente dando o seu tempo a esta comunidade o meu muito obrigado.

Quero não deixar esquecidos todos os outros que o não tendo feito por escrito neste espaço estiveram igualmente comigo, por telefone, mensagem pessoal ou pensamento na simples bebida de um copo por lembrança de outros dias e tempos das nossas vidas. Para estes vai igualmente o meu agradecimento.

Há muito que não escrevo umas linhas dedicadas a este espaço, o blogue do Luis Graça, este nosso blogue por ocupação autorizada, julgo que serve também para expor ideias e opiniões, o que a seguir espero conseguir fazer, justificando a ou as razões já apresentadas em conversa com alguns, para que tivesse deixado de mimar os aniversariantes com os meus parabéns quando, agora, parece uma contradição, aqui estar a mostrar-me grato por esse facto.

Nenhuma das razões por mim apresentadas deve ser tomada como crítica negativa a quem o faz, apoia ou defende esse princípio de aqui se expressar nesse sentido, seja este escrito entendido apenas como a minha posição de princípio, de consideração e honestidade para com aqueles com quem convivo neste espaço.

Pode, admito, não ser compreensível para todos, para mim é-o na medida em que considero a todos por igual neste aspecto e o facto de nem sempre estar disponível ou atento ao aniversariante do dia, como obriga o serviço do quartel com oficial, sargento cabo e praças de dia, poderia levar-me a dar parabéns a uns em detrimento de outros e onde o esquecimento ou a falta de oportunidade criaria uma falsa ilusão de apoio, preferência ou simpatia que, no caso, não se aplica nem justifica e poderia contribuir para uma estatística errada dos que têm mais ou menos camaradas a dar-lhes um abraço nesse dia festivo e onde, eu, ajudaria negativamente a engrossar as hostes dos desfavorecidos.

Não sei se estas linhas terão sido esclarecedoras ou terão mesmo alguma importância para os outros, para mim têm na medida em que justifico a minha posição, frontal e sem rodeios ou medo de críticas. Continuo, como sempre, a festejar com todos aqueles que felizmente ainda vão comemorando o seu aniversário entre nós, tal como se fosse o meu, mesmo que em silêncio.

Quanto a outras matérias não se tem proporcionado escrever, talvez por falta de assunto com interesse como aqui e agora se comprova.

Com o sentimento de camaradagem de sempre e para sempre, aqui fica o meu sincero agradecimento e abraço para todos.
BS
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Notas do editor

Vd. poste de 6 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11675: Parabéns a você (586): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74)

Último poste da série de 3 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11668: Blogoterapia (227): É por tu que se entendem os tabanqueiros (Joaquim Cardoso)

domingo, 14 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11390: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (6): Resposta nº 13: Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf (Guiné, 1968/70); Resposta nº 14: Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 12 de Abril de 2013 com a resposta ao questionário sobre o nosso Blogue:

Rewsposta nº 13

(1) Quando é que descobriste o blogue ?  
 - Em Outubro de 2009.

(2) Como e através de quem ?
  

- Através de uma entrevista, na Antena 1, ao Beja Santos.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?  

 - Desde que descobri o blogue em Outubro de 2009.

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ?
  

- Sempre que ligo o PC. Uma ou duas vezes por dia.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
  
- Já mandei quase tudo que tinha para mandar. Em meu nome há 107 referências.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)
  

- Não gosto do Facebook.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
  

- Portanto, só ao blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - No blogue, no geral gosto de tudo, excepto…

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
 

 - O que gosto menos no blogue é de textos que nada têm a ver com a Guiné, como por exemplo os parabéns de aniversário.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
  

- Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
  

- O blogue teve, tem e terá uma importância extrema nesta fase da minha vida. Andei 40 anos esquecido da Guiné, mas depois vim a rever camaradas, que duma maneira ou outra, me proporcionaram momentos inesquecíveis. Foi o blogue que me levou a conviver nos almoços das quartas-feiras na Tabanca Pequena, em Matosinhos. Foi o blogue e esses camaradas que fizeram com que tivesse ido à Guiné. Foi o blogue e a ida à Guiné que me proporcionou rever locais e pessoas que não via à 40 anos, situações que me levaram às lágrimas. Foi o blogue e a ida à Guiné que fez com que acabasse por publicar o NA KONTRA KA KONTRA, o livro da minha vida.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?
  

- Já participei em dois.

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real ?
  

- Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
  

- Claro que o blogue ainda tem muita força anímica. (o regulamento do blogue não exclui a política?)

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
 

- Pelo que disse no ponto 11 tenho muito a agradecer ao blogue, nas pessoas do Luís e do Carlos que me aturou ao longo da publicação dos meus textos.

40 anos as separam
Fotos: © Fernando Gouveia. Todos os direitos reservados

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2. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 14 de Abril de 2013 com as suas respostas ao nosso questionário:

Resposta nº 14

(1) Quando é que descobriste o blogue?
- Não tenho presente a data, mas julgo que em meados de 2009.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
- Através do Germano Santos, camarada que esteve também na Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
Desde a data em que tomei conhecimento deste espaço e das condições necessárias.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

 - Diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
- Já mandei. Não vejo interesse ou necessidade de enviar mais a não ser em casos pontuais.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

- Conheço.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 

- Não.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

- Do Blogue gosto essencialmente da sua existência. Estão de parabéns o autor e os seus colaboradores permanentes. O Facebook não utilizo regularmente.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

- As vaidades individuais e as picardias fora de tom, desnecessárias quando não estão em consonância de opiniões e praticadas por pessoas que dizem respeitarem-se.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

- Se essas dificuldades existem não tenho dado por elas, a não ser quando a velocidade da minha Internet é fraca.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

- Serviu para me reencontrar, suavizar o espírito, lembrar-me a mim e aos outros que não valeu a pena o esforço da guerra, que nunca vale. Serviu e serve para conhecer outros que, como eu, por lá andaram e com quem tenho o prazer de ir partilhando alguns momentos do resto da vida, minha e deles.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

- Já.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 

- É ainda cedo para poder decidir.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

- Se continuar a procurar manter o espírito para que foi criado julgo que sim, caso contrário passa a ser apenas e só mais um Blogue.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer;
- Já dei a minha opinião, nada justifica repetir…
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Nota do editor:

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11388: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (5): Respostas de Gumerzindo Silva (Alemanha), Veríssimo Ferreira, Gilda Brandão

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11061: (In)citações (47): Correspondência de carácter religioso, personalizada, enviada para militar em campanha (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 2 de Fevereiro de 2013:

Olá Luís e Carlos,
À volta com papéis antigos, deparo-me com este aerograma recebido na Guiné e interrogo-me se devo ou não enviá-lo para conhecimento de todos. Decido-me por fazê-lo por achar que faz parte da correspondência que se recebia e como tal é história.

Que fique claro que só o faço por ser o que é, pois não gostaria de ver tratados no blogue assuntos de qualquer religião quando não respeitem à Guiné. Lembrei-me que se tem falado da correspondência das madrinhas de guerra e outra correspondência, entendi por isso que talvez se justificasse este assunto.

Não tenho qualquer ligação religiosa a esta ou qualquer outra irmandade, grupo ou seita, considero-me ainda hoje ateu, embora haja quem diga e me considere agnóstico e laico. Foi e continua a ser para mim desconhecido quem deu os meus dados pessoais - o número mecanográfico está correcto -, bem como quantos militares terão recebido aerogramas deste género.

Parece-me ter definido bem a minha posição, muito embora pudesse dar opinião ou fazer alguns comentários por não me rever, ainda hoje, em nenhuma religião, escuso-me a fazê-lo para evitar más interpretações e eventuais conflituosidades.

Junto a transcrição do texto do aerograma por facilitar a leitura se eventualmente acharem que deve ser mostrada.
Deixo assim ao teu/vosso critério a publicação deste documento.

Um abraço,
BS
(02Jan2013)





Cova da Piedade 31/12/73 
Prezado Jovem 
Que neste momento, quando receber este aero, esteja de boa saúde junto dos seus amigos, são os nossos votos. 
Somos como já deve saber, pelo carimbo que está na parte de fora, “O Correio Áureo”.
O Correio Áureo é um departamento das Assembleias de Deus, formado por dezenas de jovens que pretendem que os militares possam receber através do serviço de correspondência, apoio moral, revistas “Novas de Alegria” e “Caminhos”, literatura, Bíblias, Novos Testamentos etc.
A criação deste departamento foi ideia de um furriel miliciano, membro da Assembleia de Deus de Lisboa, quando prestava a sua comissão na província da Guiné.
A missão do “Correio Áureo” é além de tudo, a de edificar espiritualmente os militares incrédulos. Isto é, aqueles que ainda não andam neste maravilhoso caminho.
Talvez o jovem esteja agora a pensar a que caminho eu me estou a referir. 
Este caminho é Jesus. Jesus é o único caminho que nos conduz ao céu. 
Foi Jesus que nasceu à quase 2000 anos lá em Belém, para depois morrer na cruz do calvário por mim, por si e por todos. 
Foi Jesus que com o seu sangue, que ele lá verteu, naquela amarga cruz, conseguiu ganhar para nós a maravilhosa salvação para a nossa alma. 
Talvez o jovem já tenha pensado, que quando, está longe da família, como acontece agora, não tem ninguém que olhe por si. 
Mas esse pensamento está totalmente errado. 
Há alguém que está sempre a seu lado. 
Há alguém que segue todos os seus gestos, todas as suas acções. 
Deus ama-nos , a todos com um amor tão grande, que ninguém pode explicar esse amor. 
Ele deu-nos o seu único filho Jesus para morrer por nós (como eu já disse ali atrás). 
É por isso que Deus nunca nos deixa só, embora você pense que não tem ninguém que o guarde, nem ninguém que olhe por si. 
Mas nunca se esqueça: Deus vê tudo Deus está sempre ao seu lado. 
Deus quer ajudá-lo, Deus está interessado na salvação da sua alma. 
Ficamos à espera da sua resposta. 
Despedimo-nos com votos de felicidades. 
Que Deus o abençoe. 
(Assinatura ilegível)
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Nota do editor

Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10890: (In)citações (46): Em louvor das canoas nhomincas... e a propósito da notícia do trágico naufrágio de 28 /12/2012, ao largo de Bissau (Patrício Ribeiro)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10436: Notas de leitura (411): "Rumo a Fulacunda", de Rui Alexandrino Ferreira (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 21 de Setembro de 2012:

Luís e Carlos,

Junto envio a minha opinião sobre o que li e achei que devia partilhar com o blogue, do livro Rumo a Fulacunda do Rui Alexandrino Ferreira.
Se entenderem que devem publicar, força.

Um abraço,
BS

Começo por dizer que não conheço pessoalmente o Rui Ferreira*, melhor dito, ainda não o conheço, espero em breve poder ultrapassar essa situação e poder dar-lhe um abraço, agradecer-lhe e trocar com ele algumas palavras, até porque a minha curiosidade, depois de ter lido este livro, leva-me a procurar saber a verdadeira razão que o levou a enveredar pela carreira militar, mesmo dizendo ele não se ter adaptado à vida civil.

Há muito que procurava encontrar este livro e confesso, nem no círculo de amigos o consegui. Contrariado, por dar a entender o que não era, vi-me forçado, perdi a vergonha e escrevi-lhe dando-lhe conhecimento do meu interesse e dos intentos frustrados na aquisição do livro. O Rui Ferreira, assim quer que o trate, de pronto respondeu e disse-me estar o livro esgotado, ter apenas alguns exemplares, mas mostrou-se logo disponível para o enviar gratuitamente por correio e assim fez.

Passemos então ao livro.

Começa a narrativa contando como foi parar ao serviço militar na Metrópole (na altura), diga-se já que o Rui é nascido em Angola, Sá da Bandeira, como cadete e depois aspirante a oficial miliciano que se vai remetendo a dar instrução a novos recrutas até ao dia em que a sorte lhe reserva o prémio de ser eleito a ocupar um lugar numa das frentes da batalha de então, a Guiné.

Mas não se pense que o autor descura pormenores. Conta-nos como são distribuídas as condecorações e os louvores e como eram atribuídas as antigas colónias aos militares, como a política se fazia e ainda hoje se faz sentir. Cuidado e minucioso, não deixa para mão alheia e lembra o passado e o presente, quer dizer, o antes e o após 25 de Abril de 1974.

Sem rodeios ou “papas na língua” não omite e critica severamente a incompetência e o comportamento de responsáveis e decisores da vida ou morte dos seus subordinados, sem se esquecer de enaltecer aqueles que para ele o merecem.

É neste contexto que nos relata a sua mobilização para a Guiné, a ele, nascido e criado em Angola, onde esperava poder regressar e dar o seu contributo como militar, pois tendo-se oferecido nunca foi aceite o seu pedido.

Após o desembarque, descreve-nos como vê ou era o movimento da cidade de Bissau, dependente dos militares e por força destes o Hospital Militar, o seu pessoal, dedicando-lhe palavras de apreço e reconhecimento, o seu verdadeiro e essencial papel nas vida de todo o militar que teve a infelicidade de ter que por lá passar (infelicidade termo da minha responsabilidade, por entender que, por muito bem tratado, o necessitar-se foi uma infelicidade).

Na continuação da sua viagem por terras da Guiné, conta-nos como foi parar a Fulacunda e o que diziam. Descreve-nos o que se via antes e depois de aterrar. Fala-nos da sua aceitação num grupo desfalcado pela perda do seu comandante e os laços que envolviam e fortaleciam as ligações do grupo e o quanto eram/são importantes e necessárias.

Uma vez mais não se escusa a confrontos e emite a sua opinião sobre aqueles com quem conviveu e partilhou missões e decisões ou a falta destas.

Sem fazer a sua defesa ou estimular esse tipo de procedimentos, descreve de forma soberba sentimentos e formas de sentir, estar e até proceder, perfeitamente desumanas, só possíveis em determinadas alturas e perante situações vividas (chegadas ao conhecimento de quem não as viveu, ou que, sem escrúpulos ou por outros interesses utilizam a exceção para denegrirem tudo o que lá se fez ou aconteceu ao longo de treze anos de guerrilha. Nota da minha responsabilidade), após a morte de um furriel que tentava desativar e levantar uma mina.

Aproveitando as narrativas sobre o desenrolar da sua atividade operacional, não esquece e individualmente dedica uma palavra de apreço, gratidão ou de simples amizade a todos que fizeram parte do seu grupo de combate.

Relembra-nos com era o sol e o calor, a humidade e as baixas temperaturas noturnas, os mosquitos, a transpiração, o mato e o seu emaranhado de árvores e vegetação, as trombas de água e os seus relâmpagos, dignos de filmagem para qualquer espetáculo, enfim, descreve tudo por que muitos foram obrigados a passar e viver durante 24 meses, meses que pareciam não ter fim.

Sendo estas notas escritas de acordo com a narrativa do Rui no decorrer do livro, tomo a liberdade de aqui com ele concordar inteiramente sobre o que diz acerca dos militares em convalescença e lembrar que já nessa época, da sua primeira comissão, era arrepiante o depósito de indisponíveis, de feridos e estropiados que passavam ou eram deixados na Rua Artilharia 1, em Lisboa, e que devia fazer envergonhar qualquer ser humano, mas assim continuou mesmo depois de 25 de Abril de 1974 até há poucos anos…

Aquando das suas férias, faz-nos uma descrição minuciosa da sua terra, Angola, mais propriamente de Sá da Bandeira, onde nasceu e viveu até à vida militar, uma vez que não conseguiu ali fazer a sua comissão como oficial miliciano cujo destino foi a Guiné.

Já para o final conta-nos umas histórias que servem para nos distraírem e aliviarem a pressão com que estas obras nos carregam, na procura de uma melhor disposição para de novo regressarmos à Guiné a sabermos como foi o final da sua comissão.

Com a mesma frontalidade com que nos brinda ao longo das páginas do seu livro, dá-nos a sua opinião sobre o 25 de Abril de 1974 e sobre alguns dos envolvidos, bem como o que achou da forma como foi feita a descolonização e as pessoas que ocuparam os lugares de responsabilidade na condução dos povos tornados independentes.

Assim conclui a leitura de Rumo a Fulacunda. Entendo-o como uma autobiografia da sua primeira comissão na Guiné, com algumas variantes sobre a sua origem e recordações, mas onde nunca ficam esquecidos o coletivo e menos ainda a amizade estabelecida por força das circunstâncias, laços de amizade que são, segundo o autor, mantidos até hoje.

Em condições tão adversas como a guerra, onde impera a necessidade de unir esforços, acontecia, por vezes, com alguns, lembrarem-se disso apenas e só enquanto metidos no mesmo inferno, imediatamente a separação de classes se fazia serenados os ânimos. Parece não ser o que se passou com o Rui, agraciado pelos militares do seu próprio grupo, distinção a que ele dá o máximo valor, muito embora tenha recebido muitas medalhas e louvores ao longo da sua carreira que, não menos importantes e até mais sonantes, relega para segundo plano.

Resta-me agradecer ao Rui Ferreira ter-me proporcionado a leitura do seu livro e dar-me a oportunidade de dizer-me seu amigo, depois de o conhecer um pouco melhor através da sua escrita.

Um abraço,
BS
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Notas de CV:

(*) Rui Alexandrino Ferreira foi Alf Mil Inf.ª na CCAÇ 1420, Fulacunda, nos anos de 1965 a 1967 e Cap Mil Inf.ª na CCAÇ 18, Aldeia Formosa, nos anos de 1970 a 1972. 

"Rumo a Fulacunda" de Rui Alexandrino Ferreira, foi editado por Palimage Editores

Vd. último poste da série de 25 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10431: Notas de leitura (410): "A Viagem de Tangomau", de Mário Beja Santos, ou um livro de afectos e de plena reconciliação (Armor Pires Mota)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO






Lisboa > Av Fontes Pereira de Melo > 15 de setembro de 2012 > Arte urbana (ou "street art"), pintura mural em prédios devolutos... Dizem que ajuda a "climatizar" os nossos pesadelos, medos, ansiedades, perplexidades, incertezas, angústias, individuais e coletivas... Lisboa é já uma cidade de referência para os fãs da "arte urbana"... que não deve ser confundida com o "vandalismo" de alguns grafiteiros...

Fotos: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados


1. Continuação dos depoimentos dos membros da nossa Tabanca Grande sobre a questão O Que Fazer Com Este Blogue ? (*)... 

Recorde-se aqui algumas das regras básicas do nosso convívio bloguístico, á sombra do simbólico poilão da Tabanca Grande: por exemplo, (i) não nos insultamos uns aos outros; (ii) não usamos, em público, a 'linguagem de caserna'; (iii) somos capazes de conviver, civilizadamente, com as nossas diferenças (políticas, ideológicas, filosóficas, culturais, étnicas, etc.); (iv) somos capazes de lidar e de resolver conflitos 'sem puxar da G3'; (v) todos os camaradas têm direito ao bom nome e à privacidade; (vi) não trazemos a "actualidade política" para o blogue, etc. 

Recorde-se ainda mais algumas ideias da nossa "política editorial": (vii) O blogue não é nenhum porta-estandarte, nenhum porta-voz, nenhuma bandeira de nenhuma causa... (viii) Somos independentes do Estado, dos partidos políticos e das associações da sociedade civil que de uma maneira ou de outra possam representar e defender os direitos e os interesses dos ex-combatentes portugueses (ou guineenses); (ix) Somos sensíveis aos problemas (de saúde, de reparação legal, de reconhecimento público, de dignidade, etc.) dos nossos camaradas e amigos, incluindo os guineenses que combateram, de um lado e de outro, mas enquanto comunidade (virtual) não temos nenhum compromisso para com esta ou aquela causa por muita justa ou legítima que ela seja... (x) Em todo o caso, a solidariedade, a amizade e a camaragem são valores que procuramos cultivar todos os dias.

Mais comentários, sugestões ou críticas  serão bem vindos! (LG). 


(xii) Armando Pires, 12/9/2012 


Percebo o estado de alma do Henrique Cerqueira. É em tudo igual ao meu. Todavia, ainda que sendo "relativamente" novo nesta casa, deixem-me dizer que, se já despejamos bombarda, uns sobre os outros, quando o filme da guerra não tem o guião do nosso acordo, no dia em que aqui trouxermos a politica, matamo-nos.
Abraços, armando pires



(xiii) Carlos Pinheiro, 12/9/2012 

Caros camarigos: Penso que os dois, cada um à sua maneira, estão cheios de razão. O blogue tem regras que devem ser cumpridas ou então,  se houvesse um consenso alargado, essas regras poderiam vir a ser alargadas, o que será sempre dificil de concretizar consensualmente. Mas enquanto as regras forem as que são, devem ser cumpridas.

Mas de facto, os governantes, todos, que nunca nos respeitaram, que nos souberam mandar para a guerra como carne para canhão, sem condições, basta lembrar como eram feitas as viagens nos porões, sem água para se tomar banho, sem qualquer tidpo de conforto, etc., e depois aqueles 25 meses cumpridos também sem condições desde ofardamento até às instalações militares que não existiam e foram sendo construidas à mão, como era possivel, que até os restos mortais dos nossos camaradas que por lá tombaram tinha a familia que pagar o seu transporte para que eles também pudessem regressar e por isso é que por lá ficaram muitas campas, a maioria delas ao abandono - é bom lembarmo-nos destes pormenore - que viemos e nunca ninguém nos ligou patavina e a prova é a provocação do complemento de pensão que um senhor, que era falador e agora anda calado, inventou, complementp este, se calhar,com estes apertos todos, também irá acabar, se calhar está a chegar a hora para dizermos, alto e bom som, que afinal ainda há muitos sobreviventes que também têm direito a opinião e acima de tudo a ser respeitados.

Não sei se entendi bem a "provocação" para que fossem feitos comentários à conversa entre dois amigos, mas de momento, é o que se me oferece dizer nesta altura em que o país deveria ter a Bandeira Nacional à meia haste por tanta patifaria que muitos têm vindo a fazer, ao longo dos anos, a este País à beira mar encravado, nomeadamente a quem menos tem e mais precisa.

Um abraço solidário para todos, mas, perdoem-me, especialmente para aqueles que estão mesmo a psssar as passas do Algarve, que são cada vez mais. Carlos Pinheiro

(xiv) David Guimarães, 13/9/2012

Entendendo e comungando do espirito do nosso camarada na revolta que se gera e com razão - afirmo -, acho que estes comentários contudo não cabem no nossoblogue... Ele tem a sua definição inicial, não tem tido grandes desvios do essencial e do que se pretende e isso para mim tem rido todo o valor. 

Nunca nos ultrapassamos para além do que se pretende - MEMÓRIAS E RELATOS DA "NOSSA" GUERRA (Guiné)- , sendo que embora sempre um motivo político foge totalmente do âmbito do espírito que nos fez estar aqui a todos...

A indignação ou protestos contra o governo - podendo ser justos, acho que não cabem de todo no nosso canto, portanto tenho uma opinião bem formada de que - nada seja aflorado nesse sentido aqui, na nossa caserna.

Esta minha opinião tem a força que tem, mas que não veja eu isto aflorado no blogue- aí então pensarei que não estou enquadrado e que se desvirtua os princípios aceites por quem cá entrou e faz parte desta grande caserna..

Todos temos as nossas opiniões e concretas sobre o assunto Governo sendo que uns concordam, outros duvidam e outros acham mal - mas não cabe escrever isso no nosso blogue que é pluralista, respeita o pensar de cada cidadão e essencialmente faz o relato da guerra na Guiné e só.... 

Um forte abraço David, ex Furr Mil At. Art e Minas e Armadilhas, Cart 2716 do Bart 2917 - 1970 1972 (...)

(xv) Lázaro Ferreira, 13/9/2012

Luis, sem ler o que o Henrique escreve, deixar implícito na tua resposta de opinião sábia; na verdade, o blogue não pode ser um espaço de ideias, nem uma cartilha de religião e política; será um espaço imaterial de memórias! Como referes, somos um povo bipolar …, e também muito rico, muito pobre, muito culto e muito analfabeto ou num linguagem erudita, ausência de literacia. …, apesar de tudo gosto muito deste meu nosso Portugal;

Como te referi num email atrás, estou com um projeto ao nível profissional que me obriga a alargar horizontes em face da grave crise que há alguns anos assola este no Portugal e que não se vê a última ondulação calma deste nosso mar tenebroso, em que os nossos marinheiros, na linguagem dos Lusíadas, não conseguem dobrar o cabo das tormentas e passar para além da Taprobana (ilha de Moçambique: como não tenho em mão os Lusíadas não sei se a palavra está bem escrita). (...)

Um abraço amigo e bom ano. Lázaro.

(xvi) Beja Santos, 13/9/2012




Luís, Este blogue, tanto quanto sei, propicia as condições para se falar da Guiné, do passado ao presente. Como todas as arenas onde não há pensamento único, enriquece-se os mais desvairados contributos. Há blogues para tratar os problemas atuais, relacionados com a crise que nos assola e muitos outros. 

Graças às facilidades do digital, podemos saltar de blogue em blogue, consoante as matérias. Não estou nada arrependido de me cingir à Guiné, terra que amo profundamente. Não tenho angústias em demarcar as minhas preocupações, utilizando as diferentes redes sociais e outros meios de comunicação. 

O que fazer com este blogue? Mantê-lo disponível para todos os que combateram na Guiné, naquele tempo. E também refletir sobre a Guiné de hoje, com base em princípios. Nada mais tenho a responder-te, tal e tanto gosto do que contribuo a teu lado, e pondo a circular para centenas de confrades, aberto ao mundo. Recebe um abraço de um amigo que te estima profundamente, Mário.

(xvii) Carlos Rocha. 13/9/2012 [, foto não disponível; penso que é apenas nosso leitor, não estando formalmente registado na Tabanca Grande; entrou aqui neste debate pro mão do Manuel Luís Sousa, salvo erro]

 (...) Em relação ao que diz o Henrique, e para ser muito rápido porque neste momento não tenho grande disponibilidade para me alongar, acho que ele tem toda a razão e não vejo qualquer carácter intempestivo na mensagem/alerta que ele faz. Acho até bastante pertinente. 

Têm de se dar umas pedradas nos charcos. Basta de sermos os carneirinhos mansos que vamos para onde nos empurram. O caminho que as coisas levam só pode conduzir a que amanhã os nossos, filhos já não, porque esses também já têm obrigações de cidadania e por isso devem estar ao nosso lado, mas os nossos netos com toda a razão possam dizer: “que covardes que os nossos avós foram ao terem-nos deixado o país que deixaram, ou se quisermos ir mais além, com toda a legitimidade e num âmbito mais alargado, dizer: “que porcaria de europa nos deixaram” ou porque não até: “que merda de mundo é este em que nos deixaram”. 

Neste momento penso que já ninguém tem dúvidas que a origem de tudo isto está na globalização (chinisação) sem regras que os mesmos, e sempre os mesmos que todos conhecemos e não o podemos negar, e que estão sempre na origem do quede mal acontece para viverem à tripa forra, nos impingiram.

Posto isto e dado realmente não ter na minha mão a solução, porque essa está nos poderes, só tenho qu eme disponibilizar, seja pela escrita, seja mesmo pela vinda para a rua, por vontade própria e por convicção, juntar-me aqueles que me convencerem de forma honesta a actuar junto com eles para tentar que as coisas mudem em vez de ficar comoda e covardemente instalado de pantufas na minha zona de conforto à espera que os frutos me venham ter à mão sem eu fazer o que quer que seja para isso, porque é o que acontececom os acomodados que “pensam” que estarão sempre muito bem na vida e por isso não se dispõem afazer o que quer que seja e quando abrem a boca é só para defenderem o seu status quo. 

Mas,  atenção,  que não é vir para a rua gritar “a luta continua”, mais outras frases feitas e gastas e acabar com uma sardinhada, uma churrascada, uns copos e os bombos dos zés pereiras a animar a festa. Tem de ser assunto mais sério e nós, como ex-combatentes,  sabemos que… quem vai à guerra dá e leva, mas também sempre foi assim.

Atentem no que foi a Primavera dos Povos em meados do século XIX. Tenho pena de não ter o endereço do Henrique para lhe transmitir um abraço de solidariedade. Abração a todos, CR  


(xviii) Fernando Súcio, 13/9/2012

O que devemos fazer é e dar-lhe continuidade, não desistir de forma nenhuma, pelo contrário devemos-nos empenhar, ainda com mais força,e avançar, sempre em frente, deteminados.

um grande abraço a todos. 

fernando súcio,


(xviii) Belarmino Sardinha, 15/8/2012


(...) O blogue, tal como o vi e vejo ainda, serve para os militares que estiveram na Guiné como combatentes ou os seus familiares, por lhes terem feito companhia, ou trazerem à nossa memória a lembrança daqueles que já nos deixaram. Serve para que se contem as suas histórias e passagens mais ou menos romanceadas. Serve para se falar da Guiné, das suas gentes e culturas. Serve para lembrar a este povo que ainda existem pessoas vivas quelutaram pela Pátria. Serve para mostrar que nos encontramos unidos por uma mesma causa…
Quanto ao tornar este blogue como um movimento político onde se discutem opiniões estritamente políticas, demagógicas, com interesses partidários e outros que se escondem por detrás, sou frontalmente contra, seria acabar com o que temos, pese o facto de nem sempre estarmos de acordo. Não será já isso suficiente? Não existe já bem definida a política na forma como cada um se expressa?

Na verdade e para ser sincero, não aprecio minimamente qualquer partido político ou qualquer político profissional. Quando se deixa de ser livre para respeitar as decisões dos órgãos de um qualquer partido, mais não se é que uma marioneta à procura de uma oportunidade, perdeu-se a liberdade, aquela por que todos dizem ansiar e nada tem isso que ver com solidariedade ou espírito de grupo, companheirismo ou o que lhe decidam chamar…

Acredito cada vez mais nos homens, sejam de direita ou esquerda, naquilo que fazem e nãonaquilo que dizem querer ou prometem fazer. Acredito no serviço público praticado sem contrapartidas, por aqueles que a ele se dedicam sem fazer dele carreira, apenas como missão de serviço a que todos estamos obrigados…

Enfim, havia aqui conversa para um sem número de horas, dias, meses ou até anos… Voltando ao teu blogue, ao nosso blogue, volto a referir que estou contigo, não vejo como bom alargá-lo à política pura e dura, existem entre aqueles que nele estão, por certo, elementos disciplinados partidariamente e outros que levaria a fricções insanáveis. A nossa política, onosso espírito de grupo, a nossa solidariedade, a nossa missão deverá ser levar a cabo a lembrança de que houve guerra, o registo para memória futura, como é moda dizer-se, a Guiné foi o nosso centro e os nossos camaradas, vivos ou mortos são e devem ser a nossa razão.

Espero ter sido suficientemente claro, desculpa se me alonguei. Um abraço, BS


(xix) Torcato Mendonça, 18/9/2012  [, comentário ao poste P10402 *]


(...) Por razões pessoais, não relevantes para o Blogue, não tenho seguido com a habitual atenção o que aqui se escreve. Sinceramente espero vir a fazê-lo. Sem me adiantar muito, sem esperar pela parte II, penso que este tema já foi aqui suficientemente debatido.Há regras e há a vontade colectiva de dar continuidade ao "escrito" primeiro, á base que lançou este projecto. Já estou por aqui há mais de seis anos, muitos sabem o meu pensamento politico e muitos sabem também que tento ao máximo respeitar a pluralidade opinativa.

Falar de politica aqui? NÃO ! Menos agora nestes tempos de pouca serenidade. O objectivo do Blogue está definido, quem aqui está conheço-o. Pois sigamo-lo então.

Nada mais ou vou dizer só: a Net está cheia de blogues que tratam desses assuntos, de assuntos de ex-combatentes e de politica e saudosismos,  etc. Quem quiser pode participar neles. Contudo respeito opiniões diferentes da minha e fico por aqui. (...),

(xx) JERO [, aliás, o último monge de Alcobaça...], 19/9/2012   [, comentário ao poste P10402 *]

 (...) Em minha opinião o nosso Blogue não deve encaminhar-se no sentido de ser um fórum político. Poderia, em pouco tempo, perder-se um património único de memórias que custou tanto a recolher. E a esse extraordinário trabalho de recolha seguiu-se uma notável divulgação graças a uma extraordinário conjunto de boas vontades.

Como refere o Hélder Sousa …«para expor teses político-partidárias existe o Facebook. É de leitura mais rápida, pode-se 'amandar' bocas à vontade e há à disposição para todos os gostos».  Neste ponto estou particularmente à vontade para opinar pois tornei-me nos últimos tempos um “face-ò-dependente”.

Vamos manter este nosso espaço isento e apolítico. Digo eu com inteiro respeito por outras opiniões que não coincidam com a minha. (...)
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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10402: O Nosso Livro de Estilo (5): O que fazer com este blogue ? (Parte I) : Depoimentos de H. Cerqueira, L. Graça, A. Branquinho, J. Manuel Dinis, J. Mexia Alves, J. Amado, Manuel L. Sousa, José Martins, Hélder Sousa e Eduardo Estrela