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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11476: Notas de leitura (475): Guiné-Bissau - De Colónia a Independente, por José Gregório Gouveia, e O Trabalho de uma Vida - Avelino Teixeira da Mota, por Carlos Manuel Valentim (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Dezembro de 2012:

Queridos amigos,
Mais uma prova de que anda por aí muita documentação dispersa sobre a Guiné que merece a nossa atenção. Desta feita, temos o testemunho de José Gregório Gouveia que foi furriel enfermeiro da CART 1525 e que resolveu dedicar ao povo da Guiné um punhado de considerações sobre a história da presença portuguesa até aos eventos mais recentes, intercalando apontamentos sobre as atividades da CART 1525 que deixou saudades à população de Bissorã.
Ficarei muito grato a quem me facilitar a leitura de documentos como este, que encontrei na Biblioteca da Liga dos Combatentes, todos estes esforços tão meritórios devem merecer-nos respeito.
E junto a referência do importante inventário biobibliográfico de Avelino Teixeira da Mota.

Um abraço do
Mário


Província da Guiné e Guiné-Bissau:
Um longo olhar de um antigo combatente

Beja Santos

José Gregório Gouveia prestou serviço militar na Guiné integrado na CART 1525, nos anos de 1966 e 1967, onde foi furriel enfermeiro. É hoje advogado na Madeira. Procedeu a um estudo sobre a Guiné, desde colónia a país independente. O seu trabalho de pesquisa compreende três partes: enquadramento histórico da presença portuguesa; síntese das atividades da CART 1525 e resumo da vida da República da Guiné-Bissau.

Trata-se de uma edição não comercial que encontrei na Biblioteca da Liga dos Combatentes com a cota 13513. É indiscutivelmente uma iniciativa generosa, um olhar de quem combateu durante 21 meses, sobretudo na região de Bissorã e que entende legar apontamentos a camaradas interessados, é um labor cuidado, despretensioso, pautado pela afabilidade e o amor à Guiné e às sua gentes.

A primeira parte compreende um escorço histórico dos descobrimentos, abarca o território, a população, as atividades económicas, a presença portuguesa com realce a partir do século XIX, a emergência dos movimentos de emancipação e de independência, intercalando a luta armada vista do lado português e do lado e dos guerrilheiros. Como nota de curiosidade, registo que José Gregório Gouveia recorda o significado de dois artigos publicados no jornal “Ponto”, nas suas edições de 4 e 18 de Dezembro de 1980, assinado por Fernando Baginha, que em 1972 e 1973 foi professor e diretor da Escola-Piloto do PAIGC, em Conacri; e foi também o autor e responsável por programas de propaganda dirigidos aos militares portugueses, através das emissões da Rádio Libertação do PAIGC. O tema destes dois artigos prende-se ao assassinato de Amílcar Cabral. Vejamos qual a visão de Baginha quanto ao assassinato do líder do PAIGC:
“A esquerda portuguesa adotou, para seu descanso, até ao 25 de Abril e depois, o esquema geral de “É mau? Foi a PIDE”. Isto permitia explicar tudo o que não se sabia explicar. Assim, e neste caso, Amílcar tinha sido morto e só havia uma explicação: foi a PIDE. Este foi, aliás, o sentido do primeiro programa da Rádio Libertação do PAIGC, por mim escrito e lido depois do assassinato. E eu, quando escrevi e li já não acreditava nisso. Sabia tão bem como todos os que estávamos nessa situação, que a PIDE não tinha, diretamente, nada a ver com o assassinato. Penso, com isto, não estar a promover a PIDE, para pelo contrário, estar a retirar-lhe méritos que a esquerda lhe atribuía, acusando-a permanentemente de poderes conspirativos que na realidade não possuía”.

Creio ser útil regressar mais tarde à detalhada argumentação de Baginha, reveladora dos complexos conflitos que existiam no seio do PAIGC e que foram comodamente silenciados aquando da morte de Cabral.

O autor condensa as atividades da luta de contraguerrilha e depois traça um apanhado da vida da CART 1525 que partiu para a Guiné em 12 de Janeiro de 1966, tinham como nome de guerra “Os Falcões”, em Fevereiro, foram colocados em Mansoa e a seguir marcharam para Bissorã, que assim descreve: “Uma casa, coberta de telha, para os oficiais com messe própria; duas casas, cobertas de zinco, para os furriéis e sargentos. Com um frigorifico que funcionava a petróleo – a central termoelétrica não funcionava 24 horas por dia, apenas à noite e pouco mais. O local das refeições funcionava na casa da D. Maria (um casal cabo-verdiano que se distinguia por saber assar leitão). Dois armazéns, tipo colonial, cobertos de telha, serviam de caserna aos soldados. Para servir o rancho geral foi necessário a Companhia construir instalações com toros de madeira e cobertas de capim”. Descreve o centro de saúde, o parque de viaturas e conta a história do jipe do ronco, um jipe aparentemente a abater à carga mas que estava destinado à glória: “Veio um chassis usado, foi trabalhado um tabliê em madeira onde foram colocados todos os instrumentos de bordo, volante à maneira de competição, jantes pintadas, bandas brancas nos pneus, faróis de marcha-atrás, tapetes interiores de palhinha de capim”. O jipe do ronco foi perseguido pela Polícia Militar em Bissau, era tão insólito que toda a gente parava para ouvir. Segue-se uma apresentação da região de Mansoa e a enunciação das principais atividades operacionais da companhia. Depois de um ano em Bissorã, erigiu-se um monumento simbólico, ao que parece ainda está de pé, conseguiu resistir à deterioração do tempo. A CART 1525 distinguiu-se por um admirável conjunto de relações sociais entretecidas com a população local: escolas, criação de um talho, melhoramento dos espaços desportivos, etc.

Com o 25 de Abril, e após a independência da Guiné-Bissau, o autor desfia os dados mais significativos da cooperação portuguesa. Refere o fuzilamento de militares e milícias guineenses que tinham combatido à sombra da bananeira portuguesa, e sumaria os principais acontecimentos da vida político-constitucional da Guiné-Bissau, atos eleitorais, golpes de Estado, assassinato de políticos e militares. No final, relembra o leitor que pretendeu apenas chegar ao povo guineense a quem este trabalho é sinceramente dedicado.

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O trabalho de uma vida: Dados biográficos elementares e resumo da obra monumental do almirante Teixeira da Mota

“O trabalho de uma vida: Biobibliografia de Avelino Teixeira da Mota”, por Carlos Manuel Valentim, Edições Culturais da Marinha, 2007 é um documento que permite conhecer melhor o perfil de um historiador que dedicou alguns dos seus melhores trabalhos à Guiné.

Trata-se de uma biografia elementar, sólida e rigorosamente coligida por um estudioso que preparara o seu doutoramento à volta da historiografia de Teixeira da Mota cuja obra incontornável gira à volta de dois eixos fundamentais: estudos sobre a história de África e a cartografia dos descobrimentos.

Carlos Valentim evidencia o papel de Teixeira da Mota na revolução da historiografia portuguesa e como ele revolucionou a visão global da história das navegações portuguesas. Recorde-se que Teixeira da Mota chegou à Guiné como colaborador direto do governador Sarmento Rodrigues e de seguida viveu 12 anos na Costa Ocidental de África. Atirou-se a fundo ao estudo da descoberta da Guiné, o que deu aso a uma importante polémica com Vitorino Magalhães Godinho. A sua investigação sobre a arte de navegar no Mediterrâneo foi um contributo decisivo para clarificar a navegação gastronómica em Portugal, até então pensava-se que a navegação gastronómica começara no Atlântico. Outro trabalho fundamental foi o seu estudo sobre a viagem de Bartolomeu Dias e as ideias geopolíticas de D. João II. Por fim, contribuiu para clarificar que a Escola de Sagres não passava de uma lenda, devia ser revertida para símbolo dos descobrimentos henriquinos, conceito que veio agitar a historiografia conservadora.
Encontra-se neste meritoso trabalho o levantamento do que mais importante foi assinado por Teixeira da Mota, investigador revolucionário e pai da historiografia do que é hoje a Guiné-Bissau.
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Nota do editor:

Último poste da série de 22 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11444: Notas de leitura (474): Um Império de Papel, por Leonor Pires Martins (Mário Beja Santos)

sábado, 23 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11298: Historiografia da presença portuguesa em África (45): Evolução do estatuto político-administrativo da Guiné, desde 1890 até à independência (José Gouveia, ex-fur mil, CART 1525, Os Falcões, Bissorã, 1966/67)


([Reproduzido com a devida vénia de Dicionário de História de Portugal, coordenação de Joel Serrão, vol. III. Porto: Livraria Figueirinhas, reedição de 1981, p. 180].


1. Com a devida vénia, e devidamente adaptado reproduzimos aqui um texto, interessante, didático, informativo,  sobre a organização político-administrativa da Guiné, desde 1890 até à independência, texto esse disponível, em formato pdf,  na página da CART 1525, Os Falcões  (Bissorã, 1966/67). O documento é da autoria do nosso camarada José Gouveia, madeirense, ex-fur mil, e hoje advogado, fazendo parte de um livro, de mais de 200 páginas,  sobre a Guiné, em pré-lançamento no sítio da CART 1525. Já aqui fizemos referência, em tempos, ao livro ("Guiné-Bissau, de colónia a independente") e ao autor.  Aproveitamos o ensejo para convidar o José Gouveia a integrar a nossa Tabanca Grande, e para mandar  um grande abraço ao Rogério Freire que criou e mantém, com outros camaradas,  o sitio, na Net, da CART 1525, e que é nosso grã-tabanqueiro da primeira hora (, ou seja, da I Série do nosso blogue).

Estatuto político-administrativo da Guiné
por José Gouveia [adaptado]

 Em 1879 a Guiné separa-se de  Cabo Verde. ´

Em 1890,  passa a ter a categoria de Província.O Governador é escolhido pelo Governo de Portugal. O poder autárquico limita-se aos municípios mais importantes (Bolama, Cacheu e Bissau).

Em 1892, passa a designar-se Distrito Militar Autónomo, com maior concentração de poderes no Governador, na sequência da derrota portuguesa face aos Papéis. Apenas Bolama manteve o estatuto de concelho, embora uma Junta Municipal venha substituir a Câmara, e os respectivos membros passem  a ser nomeados pelo governador. Bissau, Cacheu, Geba e Buba tornam-se comandos militares (1).

Em 1895, a Guiné regressa à categoria de Província por um decreto de 18 de Abril. Mantém-se em vigor o estatuto jurídico de 1892. Cabe ao governador João Augusto de Oliveira Muzanty (1906-1909) [, contra-almirante, em 1934, e chefe do Estado Maior Naval, entre 1934 e 1937, tendo nascido em 1872 e morrido em 1937] reorganizar a administração da colónia, mantendo, não obstante, a posição dos militares. Bolama continua concelho, enquanto Cacheu, Farim, Geba/Bafatá, Cacine, Buba e Bissau passam a residências, sedes de destacamento, cujos comandantes assumem as funções militares e civis (2).

Em 1910, a residência de Buba divide cada um dos seus quatro regulados (Bolola, Contabane, Cumbijã  e Corubal) em chefados, para maior facilidade no cumprimento  de ordens e para reduzir a isenção no pagamento do imposto de palhota (3) aos chefes as povoações.

Anteriormente as isenções excediam as 200 palhotas. Com esta  nova medida exceptua-se do encargo apenas 25 dirigentes indígenas. Algumas dessas residências abrangiam extensas áreas de terreno nem sempre fácil de transpor. Em Dezembro de 1910, Bissau volta a ter comissão municipal nomeada pelo governador, a qual se mantém  em funções até à eleição de 1918 (4).

Em 1912, em plena Repúblcia,  dá-se uma nova reorganização pelo decreto de 7 de Setembro. A Guiné fica dividida em sete circunscrições civis: Bolama, Bissau, Geba, Cacheu, Farim, Buba e Cacine.

Por razões de maior eficiência e falta de disponibilidade dos administradores de Bissau e Bolama, pelo decreto nº 2742, de 7 de Novembro de 1916, há nova reorganização: dois concelhos (Bolama e Bissau) e nove circunscrições civis (Geba, Farim, Cacheu, Buba, Cacine, Bijagós, Brames, Costa de Baixo e Balantas)

Em 1917, a Carta Orgânica mantém a divisão anterior, continuando a reconhecer a autoridade dos régulos e chefes de povoação como delegados dos administradores. Cada um dos concelhos passa a ter uma Câmara Municipal com cinco vereadores eleitos. Cada circunscrição civil conta com comissões municipais, constituídas pelo respectivo administrador e por dois vogais eleitos.

Em 1921 e 1922 já existiam, para além de dois concelhos (Bissau e Bolama), 14 circunscrições:  Domingos, Cacheu, Farim, Costa de Baixo (Canchungo), Brames (Bula), Papéis (Bór), Bissorã, Mansoa, Bafatá, Oco-Babú, Buba, Quinará, Bijagós e Cacine. [Observação: Vê-se que neste período de 1917 a 1922, Geba perdeu importância em detrimento de Bafatá].

Em 1927, já em plena Ditadura Militar, pelo diploma nº 329, de 3 de Setembro, as circunscrições são  reduzidas para sete,  na sequência da  maior facilidade de comunicações, bem como da pacificação da Guiné. Essas circunscrições são: Cacheu, Canchungo, Farim, Mansoa, Bafatá, Buba e Bubaque.

Não obstante algum tempo depois terem sido restabelecidas as circunscrições civis de Bissau e de Gabú Sara e o comando militar de Canhabaque, só em 1928 surge alteração mais pronunciada, justificada quer pela necessária compressão de despesas, quer pela procura de maior qualidade de organização, impedindo a continuação da fragmentação do poder. Desta forma, a Guiné passou a contar com quatro intendências (Bolama, Bissau, Bafatá e Cacheu), subdivididas em doze residências. Localmente há ainda outros órgãos de poder, como por exemplo o juiz do povo (5).

Nos anos cinquenta do Século XX, os principais centros populacionais eram Bissau (capital e sede do Governo), Bafatá, Bolama, Cacheu e Farim. Cada centro com cerca de 5 mil  habitantes.

O Estatuto Político-Administrativo da Província da Guiné, de 1963, vem entretanto introduzir  uma nova reestruturação administrativa. Na sequência da Lei nº 2.048, de 11 de Junho de 1951, que introduz alterações à Constituição da República Portuguesa, inclusivamente na parte relacionada com as colónias que passam a chamar-se províncias, bem como da Lei nº 2.119, de 24 de Junho de 1963, que aprova a Lei Orgânica do Ultramar, é revisto e aprovado o novo Estatuto da Guiné.

Pelo Decreto nº 45.372, de 22 de Novembro de 1963, assinado por Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), António de Oliveira Salazar (Presidente do Conselho) e António Augusto Peixoto Correia (Ministro do Ultramar), é aprovado o Estatuto Político- Administrativo da Guiné, para entrar em vigor no dia 1 de Janeiro de 1964.

 A província da Guiné abrange os territórios indicados na Convenção luso-francesa de 12 de Maio de 1886 e delimitados por troca de notas diplomáticas em 29 de Outubro e 4 de Novembro de 1904 e 6 e 12 de Julho de 1906, tendo Bissau como capital (, tinha sido Bolama, até 1943). Tem órgãos de governo próprios, constituídos pelo (i) Governador (o mais alto representante do Governo da Nação Portuguesa), (ii) o Conselho Legislativo e (iii) o Conselho de Governo.

O Governador tem funções executivas mas também legislativas em certas casos, a saber: a) no intervalo das sessões do Conselho Legislativo; b) durante o funcionamento efectivo do Conselho Legislativo, em todas as matérias que não sejam da competência exclusiva do mesmo Conselho; c) e quando o Conselho Legislativo haja sido dissolvido.

O Conselho Legislativo é constituído por 11 vogais, eleitos para um mandato de 4 anos, tendo como Presidente o Governador. Tem competência legislativa e outras como autorizar o Governador a contrair empréstimos, nos termos da Lei Orgânica do Ultramar.

Também fazem parte do Conselho Legislativo, como vogais natos, o Secretário-geral, o delegado do procurador da República da comarca da capital da província e o chefe da Repartição Provincial dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.

As condições para ser eleito para o Conselho Legislativo são as seguintes: a) ser cidadão português originário; b) ser maior; c) saber ler e escrever português; d) reesidir na província há mais de três anos; e) não ser funcionário do Estado ou dos corpos administrativos em efectividade de serviço, salvo se exercer funções docentes.

Os 11 vogais são eleitos da seguinte forma, num único círculo eleitoral: a) três, por sufrágio directo dos cidadãos inscritos nos cadernos gerais de recenseamento eleitoral; b) sois,  são-no   pelos contribuintes, pessoas singulares, recenseados com um mínimo de contribuições directas de 1.000$00; c) dois, eleitos pelos corpos administrativos e pessoas colectivas de utilidade pública administrativa, legalmente reconhecidas; d) três, pelas autoridades das regedorias, de entre elas próprias; e) um é  eleito pelos organismos representativos dos interesses morais e culturais.

O Conselho do Governo funciona junto do Governador, que preside. Colabora com o governador nas suas funções, nomeadamente na função legislativa. É constituído por:  (i) secretário-geral; (ii) comandante-chefe das forças armadas, quando o houver, ou, na sua falta ou quando o comandante-chefe for o governador, pelo mais graduado ou antigo dos comandantes dos três ramos das força armadas;  (iii) delegado do procurador da República da comarca da capital da província; (iv) chefe da repartição Provincial dos Serviços de Fazenda e Contabilidade; e (v) três vogais do Conselho Legislativo por este eleitos na primeira sessão ordinária de cada legislatura, um dos quais deverá ser sempre um representante das regedorias.

Os serviços públicos de administração provincial compreendem:

a) A Repartição de Gabinete;
b) As repartições provinciais de serviços;
c) Os serviços autónomos;
d) As divisões de serviços integrados em serviços nacionais;
e) Os outros serviços dotados de organização especial.

Quanto a repartições provinciais, há as seguintes repartições provinciais de serviços:

a) Administração civil;
b) Agricultura e florestas;
c) Alfândegas;
d) Economia e estatística Geral;
e) Educação;
f) Fazenda e Contabilidade;
g) Geográficos e Cadastrais;
h) Marinha;
i) Obras Públicas, Portos e Transportes;
j) Saúde e Assistência;
l) Veterinária.

No que respeita à Administração Local, a  Guiné divide-se em Concelhos que se formam, de freguesias. Onde não for possível criar freguesias existem postos administrativos (por ex., Bambadinca). E nas regiões que não tenham atingido o necessário desenvolvimento económico e social, poderão, transitoriamente, os concelhos ser substituídos por circunscrições administrativas, que se formam  de postos administrativos, salvo nas localidades onde seja  possível a criação de freguesias. Os postos administrativos podem dividir-se em regedorias e estas em grupos de povoações. O concelho de Bissau pode ser dividido em bairros.

Concelhos e Circunscrições

O estatuto de 1963 vem criar os seguintes concelhos, tendo a câmara municipal como corpo administrativo:

a) Bissau;
b) Bissorã;
c) Bolama;
d) Bafatá;
e) Catió;
f) Gabu;
g) Mansoa;
h) Farim;
i) Cacheu.

São criadas, além disso, as seguintes circunscrições:

a) Bijagós;
b) Fulacunda;
c) S. Domingos

Compete ao Governo da província criar ou suprimir bairros, freguesias e postos administrativos e fixar as respectivas designações, áreas e sedes. As designações deverão, sempre que possível, basear-se na tradição histórica ou nas consagradas pelos usos e costumes.

A Guiné tem um Boletim Oficial onde são  publicados os diplomas legais que, se nada estipularem, entram em vigor: (i) cinco dias depois, no concelho de Bissau; ou (ii) quinze dias depois, no restante território da província.





As atuais oito regiões da Guiné-Bissau (Mapa: Cortesia da Wikpédia)



Divisão Administrativa após a independência

Após a independência, a Guiné- Bissau institui a divisão administrativa constituída por um Setor Autónomo de Bissau (capital Bissau) e oito regiões:

Bafatá (capital Bafatá) [6 setores: Bafatá, Bambadinca, Contubuel, Galomaro/Cossé, Ganadu e Xitole];

Biombo (capital Quinhamel) [3 setores: Prabis, Quinhamel e Safim];

Bolama/Bijagós (capital Bolama)[ 4 setores: Bolama, Bubaque, Caravela e Uno];

Cacheu (capital Cacheu) [ 7 setores: Bigene, Bula, Cacheu, Caio, Calequisse, Canchungo e São Domingos];

Gabu (capital Gabu) [5 setores: Boé, Gabú, Pirada, Piche e Sonaco];

Oio (capital Farim) {5 setores: Bissorã, Farim, Mansabá, Mansoa e Nhacra];

Quinara (capital Quinara) [4 setores: Buba, Empada, Fulacunda e Tite];

Tombali (capital Catió) [5 setores: Bedanda, Catió, Como, Quebo e Quitafine (Cacine)].

Entre 1970 e 1975, o principal centro continuava a ser Bissau, capital da Província, que reune funções de comércio e administração, sendo servida pelo porto mais movimentado, por onde se faz o comércio externo.

[Texto de José Gouveia, adapt. por L.G.]
______________

Notas do autor, José Gouveia:

(1)  «Nova História da Expansão Portuguesa»,  direcção de Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques.  O Império Africano 1890-1930, coordenação de A.H. de Oliveira Marques, Editorial Estampa, 2001, p.154.

(2) Idem, pág. 155.

(3) «Imposto de palhota»: contribuição predial aplicada pela propriedade das vivendas, baseadas nas casas de colmo que serviam de habitação [moranças].

(4) "Nova História da Expansão Portuguesa», direcção de Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques. O Império Africano 1890-1930,  coordenação de A.H. de Oliveira Marques, Editorial Estampa, 2001, p.157.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10346: Convívios (471): Reunião comemorativa dos 45 anos do regresso da Guiné da CART 1525; Almoço de confraternização do 50.º aniversário da incorporação de Setembro de 1964 do COM e CSM - CISMI/Tavira (Rogério Freire)

1. Mensagem do nosso camarada Rogério Freire (ex-Alf Mil da CART 1525, Bissorã, 1966/67, com data de 24 de Agosto de 2012, para a qual chamamos a atenção da tertúlia pelos assuntos tratados:

Caro Carlos, Camarada da Guiné e Amigo Tertuliano:
Antes de mais, deixa-me aproveitar esta oportunidade para te agradecer e felicitar pelo teu desempenho na árdua tarefa, que parece ser a edição do nosso Blogue.

Tenho três notícias a comunicar-te e a elas darás o fim que achares mais útil para a nossa comunidade:


1) Reunião comemorativa dos 45 anos do regresso da Guiné da CART 1525 (Os Falcões) (www.cart1525.com)


Todos os anos tocamos a reunir no sábado mais próximo do dia 11 de Novembro, dia em que desembarcámos do velho Uíge.

Normalmente juntamos, entre Falcões, familiares e amigos, uma média de centena e meia de participantes, com muita alegria e muito convívio. Porque a maioria de nós é do Norte do País temos realizado as nossas reuniões anuais na região de Coimbra à excepção das reuniões quinquenais que temos vindo a realizar, sempre com o excelente apoio e boas vindas do Exército, na nossa unidade mobilizadora o antigo RAC em Oeiras.

Estas reuniões quinquenais foram realizadas no início na já extinta Bateria da Parede e já vai para 15 anos que a temos realizado no próprio quartel de Oeiras. Em Oeiras, durante a nossa reunião, além do convívio e do "comes e bebes", celebramos uma Missa pelos Falcões que já partiram, deixamos uma coroa de flores no bonito Monumento aos nossos Mortos que foi erguido dentro do Quartel e deixamos na parede da Unidade uma placa evocativa do acontecimento.

É sempre uma reunião muito marcante e normalmente é das reuniões com maior participação.

Este ano, para comemorar os 45 anos do nosso regresso da Guiné, a nossa reunião vai-se realizar no sábado dia 10 de Novembro no Quartel do ex-RAC em Oeiras.


2) Almoço de confraternização do 50.º aniversário da incorporação militar do COM e CSM de Setembro de 1964 - CISMI - TAVIRA (http://www.cismi-setembro-1964.pt)


Um grupo de Camaradas da CART 1525 que terminou a recruta no CISMI em Dezembro de 1964 está a organizar-se para conseguir reunir um grupo de simpáticos septuagenários, "quantos mais melhor", no CISMI em Tavira no dia 20 de Setembro de 2014 - 50 anos depois do "assentar praça".

Neste momento já temos 9 inscritos e gostaríamos de solicitar a divulgação deste evento no nosso Blogue, pois há com certeza muitos Camarigos que passaram pelo CISMI nesta altura.

Para o efeito de informação e inscrições estruturamos o site http://www.cismi-setembro-1964.pt onde esperamos uma visita tua e agradecemos, desde já, a tua colaboração e opinião sobre este assunto.


3) Transcrição de negativos e slides de 35mm para ficheiros .jpg (http://www.lp-to-cd.pt/)


Em determinada altura as minhas fotos reveladas em Bissorã nos idos anos de 1966/67 começaram a perder cor e a pouco e pouco foram-se desvanecendo. Creio que esta situação já deve ter acontecido a vários Camaradas ... o tempo por cima e a qualidade dos químicos usados na fixação das fotos cumpriram a sua tarefa. Mas com alegria descobri vários rolos de negativos e me preparei para rever as minhas fotos com qualidade.

Adquiri o equipamento e o "know how" necessários e comecei a digitalizar os negativos e os meus slides e a transformá-los em ficheiros .jpg, os quais, uns imprimi na minha laser a cores e outros fui a um laboratório do Shopping e transformei-os em fotos actuais.

Claro está que elas todas ficaram devidamente organizadas e arquivadas num DVD que agora posso mostrar à família e aos amigos.

Esta actividade decorreu em 2006/2007 e fez-me muito bem pois, não só me ajudou a passar o tempo fazendo alguma coisa de útil e que me deu satisfação pessoal como também me alertou para a possibilidade/oportunidade de criar/montar uma pequena actividade negocial e passar a oferecer este serviço às pessoas em geral. Foi assim que apareceu em 2009 o site http://www.lp-to-cd.pt/ a oferecer além do serviço de transcrição de negativos e slides para .jpg também a conversão dos "velhos" LP's em vinil para CD´s.

Lembrei-me de fazer uma oferta aos Camarigos, familiares e amigos incluídos, que é a seguinte. No site o preço de conversão de cada negativo ou slide é de 20,4 cêntimos + IVA = 25 cêntimos A minha proposta para os Camarigos interessados em rever/revitalizar/conservar os seus negativos e slides é de 15,45 cêntimos + IVA = 19 cêntimos

Com relação aos LP's, se houver interesse no serviço, a oferta é de 4,06 euros + IVA = 5,00 euros para qualquer quantidade de LP's.

A estes valores só deverão juntar os portes e os custos do suporte seleccionado (CD ou Pen) de acordo com as instruções no site.

Para aceder a este desconto bastará que nas Observações da nota de encomenda que deve acompanhar os negativos/slides/Lp's escrevam "Camaradas da Guiné".

Caro Carlos Vinhal, espero que tenhas aproveitado com a semanita de férias e agradeço a divulgação destes assuntos da forma como entenderes que o deves fazer.

Um abraço do
Rogério Freire
Ex-Alf Mil da CART 1525
Bissorã, Guiné, 1966/67
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10337: Convívios (470): 4ºEncontro de Gerações de Lanceiros Policia Militar/Policia do Exército, Portalegre – 20 de Outubro de 2012 (Nuno Esteves )

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9390: O Nosso Livro de Visitas (124): Relembrando o comandante da CART 1525 (Mansoa e Bissorã, 1966/67), Cap Art Jorge Manuel Piçarra Mourão (Afonso Silva)

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Afonso Silva:


 De: Afonso Silva [ leonel.silva@netcabo.pt]
Data: 23 de Janeiro de 2012 20:05
Assunto: P-9385

Bom dia.


Relativamente  à  noticia relacionada no poste  P9385 existe a seguinte imprecisão:
É mencionado, certamente por lapso mas    indevidamente,   como comandante do BCAÇ 1876 o Ten Cor Inf Jorge Manuel Piçarra Mourão.

Segundo informação que consta no livro   Os Anos da Guerra Colonial, 1961-1975, de  Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, no respeitante às unidades mobilizadas para o TO da Guiné  no ano de 1966,  Jorge Manuel Piçarra Mourão  era  Capitão e comandante da CART 1525 (Mansoa e Bissorã) (*). [, Foto à esquerda, como9 comandante do RI 4, e,m 1989-1991; fonte: Sítio do Exército Português].


Sou  um leitor assíduo da  vosso blogue  e  pertenci a um Batalhão que esteve em Angola de 1973/1975 (COTI-2)   onde o Oficial de Operações do Batalhão era o Capitão Jorge Manuel Piçarra Mourão (já falecido).


Tenho um irmão que também esteve na Guiné   (Bambadinca),  nos anos de 1971 a 1973,  e que,  tendo chegado  pouco tempo antes  de eu partir para Angola  e sabendo que eu era atirador,  que me disse: "Tens sorte,  que vais para Angolam  pois  a  Guiné  está a ferro e fogo"... 


E na verdade quem vai lendo o vosso blogue  confirma tudo isso. (**)


Cumprimentos   
A. Silva
______________


Notas dos editores:

(*) Autor de Guiné, Sempre! Vd. recensão bibliográfica feita por Mário Beja Santos, em 20 de maio de 2010 (Poste P6361).


Nasceu em Vila Viçosa, em 1942. Terminou em 1962 o curso da arma de artilharia, na Academia Militar. Tem a Cruz de Guerra de 1ª Classe como comandante da CART 1525. Fez mais duas comissões, em Angola, em 1969/71 e depois em 1973/75 (a última como major de operações, BART 6322/73). Escreveu ainda o livro "Da Guiné a Angola: O Fim do Império" (2004). Foi comandante do RI 4, de 1989 a 1991. Tinha o poste de coronel quando morreu.
  
(**) Último poste da série > 22 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9386: O Nosso Livro de Visitas (123): Fernando Gomes Pinto da CCAÇ 4945/73 (Guiné, 1973/74)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5764: Recortes de Imprensa (22): Guiné-Bissau de Colónia a Independente, de José Gregório Gouveia no Tribuna da Madeira (José Paradela)




Chegou até nós, via mensagem de 31 de Janeiro de 2010, do Arquitecto José Paradela, ilhavense, amigo do nosso camarada Jorge Picado e do nosso editor Luís Graça, um recorte do jornal "Tribuna da Madeira", fazendo a apresentação, a duas páginas, do livro "Guiné-Bissau de Colónia a Independente" de autoria de José Gregório Gouveia que foi Fur Mil Enf.º da CART 1525.


Foto retirada do site do "Tribuna da Madeira", com a devida vénia


"Guiné-Bissau de Colónia a Independente" de José Gregório, está disponível na página da CART 1525, em: http://www.cart1525.com/


Também, com a devida vénia ao jornal "Tribuna da Madeira", aqui fica a Biografia de José Gregório Gouveia:

Biografia do Autor


José Gregório Gouveia tem 65 anos, é casado, advogado e natural da Calheta. Prestou serviço militar na Guiné, integrado na CART 1525, nos anos de 1966 e 1967, depois de fazer o Curso de Sargentos Milicianos (1964/65) na Escola Prática de Cavalaria de Santarém e o 2.º Ciclo do CSM na Especialidade de Enfermeiro no Hospital Militar de Lisboa.

Após o regresso do ultramar, em 1968, foi sucessivamente funcionário da Câmara Municipal da Calheta, trabalhador bancário, dirigente regional do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, dirigente do PS-Madeira e deputado na Assembleia Legislativa Regional da Madeira.

O advogado tem inúmeras colaborações com a imprensa.
Primeiro no "Jornal da Madeira" com crónicas sobre a Calheta e depois como autor de vários trabalhos no semanário "Madeira Hoje. Seguiram-se colaborações como articulista no "Diário de Notícias" e, actualmente no "Tribuna da Madeira", onde começou por subscrever a rubrica "Período Revolucionário da Autonomia" e agora uma denominada "Rosas e Espinhos da Nova Autonomia". Não é a primeira vez que Gregório Gouveia dedica-se à produção literária. O advogado publicou o livro "Madeira-Tradições Autonomistas e Revolução dos Cravos".
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5107: Recortes de Imprensa (21): Revista da Liga dos Combatentes - Homenagens aos Combatentes (Ribeiro Agostinho)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5688: CART 1525, Bissorã, 1966/67: 1/3 do pessoal frequentou as aulas regimentais (Armando Benfeito da Costa / Rogério Freire)

1. Em homenagem ao Rogério Freire, que faz hoje anos, e à sua CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67), publica-se um texto, retirado - com a devida vénia - da sua página, uma das mais antigas, dedicada à história de uma sub-unidade operacional no TO da Guiné.


O pequeno texto que se segue e que gostaria de divulgar foi em tempos enviado ao nosso saudoso coronel Piçarra Mourão, como um pequeníssimo contributo para o seu segundo livro. Nele se refere a acção educativa e de alfabetização levada a cabo pela Companhia durante os 22 meses que permaneceu na Guiné.


GUINÉ 1966/67 > Recordações … contributo para um livro

por Armando Benfeito da Costa, ex-Fur Mil


Da leitura do livro Guiné Sempre - [Testemunho de uma guerra] do mui ilustre coronel Piçarra Mourão, [ Editora Quarteto, 2001,] ressalta toda uma epopeia na qual é descrita a passagem, pela Guiné, da companhia de artilharia 1525, companhia independente adstrita ao Batalhão 1876.

Na resenha histórica, bem documentada naquele livro, o autor descreve histórias pessoais protagonizadas por ele próprio e por outros intervenientes, oficiais, sargentos e praças, ligadas sobretudo aos aspectos de âmbito militar em termos de relevância operacional e pouco mais.

Faltava, porém, algo que completasse essa passagem da companhia 1525 por terras da Guiné [...], o devido destaque e relato de outros eventos que, pelo seu valor e incidência, não deixaram de ser também importantes e marcaram, de uma outra forma, aqueles que estiveram envolvidos num projecto de índole educacional.

Passavam pouco mais de três meses de estada da 1525 na Guiné e já em Bissorã, foi proposto ao comandante de companhia a abertura de aulas regimentais dado que cerca de 1/3 das praças não possuía diploma oficial do ensino primário e, dentre elas, muitos analfabetos.

A proposta foi aceite e as aulas regimentais abriram a 19 de Maio de 1966. Muitos soldados frequentaram essas aulas a partir dessa data, repartindo-se pelas quatro classes que então se formaram, tendo em vista a obtenção do diploma da 3ª ou 4ª classe.

O horário de funcionamento era repartido por dois turnos, 17 às 18H30 e 21 ÀS 22h30, o primeiro dirigido às primeiras classes e o segundo às mais avançadas.

A actividade lectiva desenvolvia-se sempre com normalidade e os "estudantes" procuravam estar atentos e responder às exigências dos cursos que frequentavam. Todo este esforço era muitas vezes interrompido por um outro esforço, muito maior, provocado pelo desgaste físico e moral desenvolvido ao longo das "operações militares".

De qualquer maneira ficou-nos na memória que valeu a pena ter investido num projecto que veio a dar os seus frutos no final do ano lectivo de 1967 quando, após a realização dos exames do 1º e 2º graus (3ª e 4ª classes) os resultados falaram por si:
- Os 44 alunos que haviam frequentado a escola regimental da Companhia de Artilharia 1525, o haviam feito com sucesso, pois tinham obtido aproveitamento (11 da 3ª e 33 da 4ª), conseguindo regressar à metrópole com um diploma que lhes permitia inserir-se muito melhor na sociedade civil e responder melhor às exigências burocráticas dessa mesma sociedade.

Um outro aspecto ligado à influência da Companhia 1525 relaciona-se com a nomeação, por parte dos Serviços de Educação da Guiné, de um furriel miliciano, com o Curso do Magistério Primário, para exercer funções docentes na Escola Primária de Bissorã, onde teve a seu cargo o processo de ensino/aprendizagem das 3ª e 4ª classes, sendo que as duas primeiras classes eram leccionadas por um regente escolar nativo.

Obviamente que a população civil não deixou de reconhecer o facto de a escola primária ter passado a usufruir do trabalho especializado de um professor branco, o que permitiu uma maior procura para a frequência daquele estabelecimento de ensino.

Acresce dizer que, apesar de não ter havido, naquele tempo, qualquer reconhecimento oficial pelo trabalho desenvolvido, foi gratificante ter-se verificado o grau de satisfação dos soldados e alunos autóctones, porque, uns, regressariam à metrópole mais apetrechados e mais aptos; os outros por terem adquirido conhecimentos que lhes permitiu a obtenção de diploma que abria, aos que pudessem, a possibilidade de prosseguirem estudos, em Bissau.

Ainda houve, ligado ao primitivo projecto educacional, um outro sub-projecto que consistia em alguns soldados frequentarem turnos de "explicações" para poderem vir a fazer exame do 2º ano do liceu, sub-projecto esse que não se revelou exequível, mormente por falta de meios.

Importa salientar que todo o trabalho lectivo não prejudicava o esforço de guerra quer ao nível docente como discente, pois na hora da verdade todos eram chamados a cumprir os seus deveres militares operacionais.

Mesmo assim e ainda hoje, passados que foram já 35 anos alguns têm recordado, num misto de saudade e alegria, a sua passagem pela Escola Regimental da Companhia de Artilharia 1525, aquando dos "Encontros" anuais que se vêm concretizando e em boa hora iniciados.

Que este modesto contributo para o novo livro que o coronel Piçarra Mourão pensa escrever sirva para relembrar que a Companhia 1525 não só combateu com valentia no teatro de operações e isso está bem patente no livro "Guiné, Sempre!", mas desenvolveu um outro combate, dirigido ao analfabetismo que grassava no seio da própria Companhia, contribuindo, também, para que um pouco da Língua e Cultura portuguesas fossem divulgadas pelos jovens que então frequentaram a Escola de Bissorã, alguns dos quais conseguiram obter o diploma do ensino primário.

Galifonge, 2002. 12. 03
(Armando Benfeito da Costa)

Imagens: Cortesia de CART 1525 (Bissirã, 1966/67)

Guiné 63/74 - P5685: Parabéns a você (66): Rogério Freire, ex-Alf Mil da CART 1525 (Editores)

1. Hoje, dia 22 de Janeiro de 2010, estamos a festejar mais um aniversário. Desta feita homenageamos o nosso camarada Rogério Freire, ex-Alf Mil da CART 1525, que esteve em Bissorã nos idos anos de 1966/67.

Ao Rogério vimos desejar um alegre e festivo dia, na companhia dos seus mais queridos familiares e amigos.

Que some muitos e bons anos à sua ainda jovem vida, sempre tendo por perto quem mais o ama, são os votos de seus amigos e camaradas do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



2. De Rogério Freire e da CART 1525 encontrei estas referências no nosso Blogue.

Fotografia em que Rogério Freire, assinalado pelo círculo, espreita por cima da cabeça do então Alf Mil Giberto Madail.


Página da CART 1525 que pode ser visitada em http://www.cart1525.com/


Poste da I Série de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

Postes da II Série de:

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail
e
9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1263: Os Falcões de Bissorã, festejando os 39 anos de regresso a casa (Rogério Freire, CART 1525)

Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5684: Parabéns a você (65): Continua livre e feliz, João Graça! (Os editores)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5612: O Nosso Livro de Visitas (79): Conheci e estimei o Ten Cor Pimentel Bastos, 1º Cmdt do BCAÇ 2852 (António Vaz, ex-Cap Mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)

Guiné > Zona Leste > Subsector de Bambadinca > Xime > CART 1746 (1967/69) > 1968 > Destacamento da Ponta do Inglês >  > Foi aqui, neste destacamento, de má memória para muitos de nós, que o Manuel Moreira escreveu a sua Canção da Fome (*)... Por detrás dos militares da CART 1746,  à mesa, partilhando uma refeição, vê-se  uma parede revestída a chapas de bidão... que lá ficaram, quando as NT retiraram do destacamento, por ordens superiores. Seria bom que o ex- Cap Mil António Vaz nos quisesse falar um pouco mais das suas memórias desse tempo... (LG)




Guiné > Zona Leste > Subsector de Bambadinca >  Xime CART 1746 (1967/69) > 1968 > Antes desta unidade de quadrícula, passou pelo Xime a  CCAÇ 1550 (1966/68) (estivera antes em Farim; era comandada pelo Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo). À CART 1746, seguiu-se a CART 2520 (1969/70), CART 2715 (1970/71), CART 3494 (1972/73), CCAÇ 12 (1973) E ccaç 21 (1974)...

Fotos do Manuel Vieira Moreia,  que foi 1º cabo mecânico auto, esteve em Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, entre 1967/69 onde escreveu a Canção da Fome. Pertenceu à CART 1746, encontrou-me no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. Temos  trocado algumas msg. É da zona de Águeda.  Portanto temos aqui o nosso avozinho" (Sousa de Castro, um hhistórico do nosso blogue, criador e editor por sua vez do blogue CART 3494; vd. oste 9 de Novembro de 2009 >  P42 - CART 1746 1967/69 Bissorá, Ponta do Inglês e Xime, de retirei estas duas fotos, com a devida vénia ao autor e ao editor).

Fotos: ©  Manuel Moreira / Sousa de Castro (2009). Direitos reservados



1. Comentário ao poste de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1025: Tenente-coronel Pimentel Bastos: a honra e a verdade (Luís Graça)

Chamo-me Antonio Vaz, tenho 73 anos e fui capitão miliciano, comandante da CART 1746, no Xime, de Janeiro 1968 até ao fim da comissão, em Junho de 1969.

Como companhia independente, conheci vários comandantes de batalhão: primeiro os de Bula e depois de Bambadinca. Dos que me recordo melhor foram o Cmdt do BCAÇ 1904, Ten Cor Branco o Fontoura e o Pimentel Bastos. Todos diferentes, todos iguais.


Do Pimentel Bastos recordo com saudade o espírito, a cultura e a simpatia ingénua de um homem que não nascera para aquilo. Nas muitas conversas que tive com ele compreendi o seu drama. Eu estimei-o.


António Vaz

2. Comentário de L.G.:

Meu caro António Vaz: Julgo que nunca nos encontrámos no Xime. Ou se isso aconteceu foi quando eu e os meus camaradas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), desembarcámos no Xime, de LDG, no dia 2 de Junho de 1969... Tenho ideia que os seus homens, tisnados pelo sol da Guiné e cansados da guerra, ainda nos deram as boas vindas, a nós, periquitos, e nos escoltaram até Bambadinca...Não perderam o bom humor. Acolheram com um pano onde se lia: "Periquitos, bem vindos ao inferno do Xime, o que custa mais são os primeiros 21 meses"... Tenho bem nítidas essas caras, os camuflados já incolores e esfarrapados, os lenços de pescoço de cores garridas, violando todas as normas de segurança... Vocês eram a velhice, por excelência, verdadeiros gigantes, aos nossos olhos de piras miseráveis e insignificantes. Connosco, desembarcavam também os vossos substitutos, a CART 2520 (1969/70)... Seguimos em viaturas Matador até à sede do BCAÇ 2852, Bambadinca, atacada uns dias antes, a 28 de Maio, ataque esse - três meses depois da Op Lança Afiada - que custaria a cabeça e a carreira do Ten Cor Pimentel Bastos (o Pimbas, como era carinhosamente tratado)...

O ex-Alf Mil Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70), já aqui tem falado de si, com apreço... Vou-lhe fazer um desafio: fale-nos do Xime do seu tempo, do Seco Camará, guia e picador das NT, dos mandingas do Xime, da Lança Afiada, do Poidon,  da Ponta do Inglês... Foram sítios onde muito penámos, quando depois da instrução de especialidade aos nossos soldados do recrutamento local, fomos colocados como companhia de intervenção ao serviço do Sector L1 (Bambadinca), em finais de Junho de 1969, já vocês tinham regressado à Metrópole...

Temos inúmeros postes sobre o  Xime, talvez mais de uma centena (considerando as duas, a I e II, séries do nosso blogue)... Temos igualmente o mapa 1/50.000 do Xime, que lhe pdoe ser útil para refrescar a memória. Presumo que já o tenha descoberto... A Ponta do Inglês e a foz do Corubal vêm no mapa de Fulacunda. Na coluna (estática) do lado esquerdo do nosso blogue, uam enorme lista Marcadores / Descritores (cerca de 2 mil) que servem para fazer pesquisas dentro do blogue... Experimente clicar CART 1746 (há seis postes ou referências sobre a sua antiga companhia)... Temos inclusive uma foto, de grupo em Bissorã, em que o Cap Vaz aparece, de óculos, ao lado Alf Mil Gilberto Madail, esse, mesmo, o do futebol (**)...

António: Gostaria que se juntasse a nós, nesta Tabanca Grande, sem portas nem janelas... Há muita gente do seu tempo, da zona leste, etc. Apareça quando quiser. Tem os meus contactos: dê-me uma apitadela... Um Alfa Bravo. Luís Graça

3. Dados sobre as unidades aqui citadas:

(i) CART 1746: Teve como unidade mobilizadora o GCA 2, seguiu para a Guiné em 20/7/1967, regressou em 7/6/1969.  Esteve em Bissorã e no Xime. Comandante: Cap Mil António Gabriel Rodrigues Vaz.

(ii) BART 1904: Unidade mobilizadora: RAP 2. Esteve em Bissau e em Bambadinca (11/1/1967 - 31/10/1968). Comandante: Ten Cor Art Fernando da Silva Branco. Companhias: CART 1646 (Bissau, Fá Mandinga, Xitole, Fá Mandinga, Bissau); CSRT 1647 (Bissau, Quinhámel, Bissaum Bibar, Bissau); CART 1648 (Bissau, Nhacra, Binbta, Bisssau).

(iii) BCAÇ 2852:  Unidade mobilizadora: RI 2. Esteve em Bissau e Bambadinca (24/7/1968 - 16/6/1970). Comandantes: Ten Cor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos; Ten Cor Cav  Álvaro Nuno Lemos de Fontoura;  Ten Cor Imf Juvelino Moniz de Sá Pamplona Corte Real. Companhias CCAÇ 2404 (Teixeira Pinto, Binar, Mansambo); CCAÇ 2405 (Mansoa, Galomaro, Dulomb); CCAÇ 2406 (Olossato, Saltinho)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 28 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5557: Cancioneiro do Xime (2): Sangue, suor e lágrimas (Manuel Moreira)

(**) Vd. poste de 21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail

(...) [Diz o Rogério Freire (ex-Alf Mil da CART 1525, Mansoa e Bissorã, 1966/67]:

(...) O Gilberto Madaíl não pertence à CART 1525. Ele era Alferes Miliciano de uma companhia [ CART 1746,] que esteve aquartelada connosco em Bissorã durante um par largo de meses e que era comandada por um Capitão Miliciano que, na vida civil era Despachante Oficial da Alfandega e que por brincadeira se intitulava Despachante Oficial Miliciano. Era o Capitão Vaz, excelente fotógrafo e especialista em macrofotografia. Adorava congelar borboletas e fotografá-las depois quando as pobrezinhas começavam a sentir o calor das lâmpadas de iluminação. (...).




terça-feira, 22 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1778: Álbum das Glórias (13): O que custava mais eram os primeiros 21 meses (Humberto Reis / Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Natal de 1969 > Messe dos Sargentos > Pessoal da CCAÇ 12 (1969/71) e da CCS do BCAÇ 2852 (1968/70) no almoço de Natal: na foto, consigo distinguir, no lado esquerdo, os furriéis milicianos da CCAÇ 12 Marques, Branquinho, Martins (o Pastilhas), o Pina e o Fernandes... No lado direito, assinalados com um rectângulo a amarelo, reconheço o nosso vagomestre, Jaime Santos, e o José F. G. Almeida, de transmissões (1).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.


O Álbum das Glórias (2)

1. O nosso amigo e camarada Humberto Reis estava, há dias, desapontadíssimo porque, pela primeira vez, desde que a malta de Bambadinca, da época de 1968/71, se reune periodicamente para conviver - prática inaugurada em 1994 - vai ter que faltar à chamada (3)... Ou seja, no dia 26 de Maio, sábado próximo, ele estará na Suécia, numa viagem de negócios (o nosso engenheiro está ligado à concepção, instalação, gestão e manutenção de sistemas de ar condicionado), enquanto os camaradas do seu tempo de Bambadinca (CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2206, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 63, etc.) se irão juntar, em Lisboa, na Casa do Alentejo, sob a batuta dos ex-Alf Mil da CCS do BCAÇ 2852 Fernado Calado e Ismael Augusto...

O Humberto fazia questão de dizer-me que ele era um dos quatro 'totalistas' da CCAÇ 12: ele, o Marques, o Fernandes e o Sousa, ex-1º cabo Aux Enfermeiro até à data não tinham falhado um convívio... Vai acontecer desta vez, mas mesmo assim ele faz questão de estar representado pela esposa Teresa (que esteve em todos os encontros, excepto no 1º, em Fão, Esposende, no já longínquo ano de 1994)...

Em jeito de pequena homenagem ao nosso 'cartógrafo-mor' - como eu na brincadeira gosto de lhe chamar -, e desejando-lhe bons ventos e bons augúrios lá por terra dos vikings, vou aqui citar uma das frases que a sua memória de elefante reteve, e que é reveladora do nosso proverbial humor de caserna.

Em conversa, a propósito do Gilberto Madail, conhecido dirigente da Federação Portuguesa de Futebol e da UEFA, lembrou-me o Humberto que foi a CART 1746 (a que pertencia o Madail) (4) quem, estando no Xime, na altura da nossa chegada à Guiné, fez as honras da recepção aos periquitos (nós, os da CCAÇ 12, mas também os da CART 2520, que vieram render os da CART 1746): ao chegarmos ao Xime, em LDG, e ao tomarmos as viaturas que nos iriam conduzir a Contuboel, "eram eles que lá estavam com um grande lençol branco onde estava escrito O Que Custa Mais São Os Primeiros 21 Meses"...




Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da CART 1525 (1966/67) e e da CART 1746 (1967/69) > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz" (RF)... Este último comandava a companhia a que pertencia o alf mil Madaíl, a CART 1746 (que irá acabar a sua comissão no Xime, Zona Leste, Sector L1).

Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública: "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo".

Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67) (com a devida vénia...).



Infelizmente, esse momento [ da troca de galhardetes entre periquitos e velhinhos no Xime] não foi fotografado por nenhum de nós, pelo menos até ao momento não me chegou às mãos nenhuma 'chapa' desse dia e hora... Eu tenho, apesar de tudo, um apontamento desse dia 2 de Junho de 1969 (5)...

Em boa verdade, esse terá sido o primeiro dia dos duros 21 meses que nos esperavam em terras da Guiné... (LG).

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 21 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1773: Lista do pessoal de Bambadinca (1968/71) (Letras C / Z) (Humberto Reis)

(2) Vd. post de 3 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1726: Álbum das Glórias (12): Bissau: Clube Militar, mais conhecido por Biafra (Mário Bravo)

(3) Vd. post de 9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1742: Convívios (2): Lisboa, Casa do Alentejo, 26 de Maio de 2007: Bambadinca 68/71, BCAÇ 2852, CCAÇ 12, etc. (Fernando Calado)


(4) Vd. posts de:


21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail

23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P979: O Gilberto Madail pertenceu à CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69) (Paulo Santiago)




(5) Vd. post de 12 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXLIV: A galeria dos meus heróis (3): A Helena de Bafatá (Luís Graça)


(...) "Como um cão apanhado na rede – repetia eu, nessa manhã de 2 de Junho de 1969, no fundo da LDG Bombarda (6), entre fardos de colchões de espuma, cunhetes de munições, Unimogs novinhos em folha e velhas malas de viagem atadas com cordões, enquanto os fuzileiros, hercúleos, heróicos, em tronco nu, de garrafa de cerveja na mão, assustavam bichos e homens com tiros de morteirete próximo da temível Ponta Varela, exorcizando os diabos negros que infestavam o tarrafe e os cerrados palmeirais que circundavam as margens do Geba, ao mesmo tempo que um solitário T-6, protector como um anjo da guarda, sobrevoava a foz do Corubal, ronceiro, sob um céu de chumbo (ou de bronze incandescente ?), em círculos concêntricos como o voo do sinistro jagudi - que fareja a morte, dizem os guinéus, a quilómetros de distância -, acabando por alijar a sua carga mortífera lá para longe, talvez a norte, em Madina/Belel, talvez a sul, no Fiofioli – após a nossa chegada a bom porto…

"Na circunstância, um porto fluvial, um sítio chamado Xime, sem qualquer tabuleta que o identificasse – um pontão acostável, uma guarnição militar a nível de companhia (com um destacamento no Enxalé, do outro lado do rio e da bolanha), três obuses Krupp, silenciosos mas ameaçadores, meia dúzia de casas de estilo colonial, de adobe e chapa de zinco, e mais umas escassas dezenas de cubatas de colmo, ruínas dum antigo posto administrativo, restos de uma comunidade mandinga, vestígios de um decadente entreposto comercial, cercados de holofotes, arame farpado, espaldões, valas, abrigos, a estrada cortando ao meio a tabanca e o aquartelamento, dois irmãos siameses condenados a viver e a morrer juntos…

"Todo o tráfego para a Zona Leste passava inevitavelmente pelo Xime, sendo o rio Geba (ou Xaianga) navegável até Bafatá, mas apenas por embarcações de pequeno calado, e mesmo era assim uma aventura devido ao risco de emboscadas especialmente no Mato Cão, no troço entre o Xime e Bambadinca quando o rio estreitava e se espraiava pela terra dentro, enroscando-se como uma cobra entre a bolanha e a floresta…

"E como os cães (vadios) que se levam na carroça camarária, lá seguimos a caminho do matadouro ou de um outro qualquer destino cruel, para um sítio no mínimo desconhecido, que sabíamos apenas chamar-se Contuboel, algures no leste da Guiné, a meio caminho entre Bafatá e a fronteira norte, para aí formarmos companhia, transportados em estranhos camiões que habitualmente serviam para reboque de peças de artilharia – por ironia, chamados Matadores! - , entre alas de soldados, tugas, que faziam segurança nos flancos, bronzeados pelos trópicos, de lenços de pescoço garridos – tão garridos como o traje da minhota em dia de arraial, tão desconcertantemente garridos em contraste com o camuflado já comido do sol e da chuva - , alardeando a sua velhice, por gestos que revelavam um misto de paternalismo, sobranceiria, fanfarronice e inconsciência -, esforçando-se por asssinalar, a nós, pobres e assustados periquitos, o buracão da última mina, os vestígios da última emboscada, a curva fatídica onde, por detrás dos morros de baga-baga, a morte podia estar à nossa espreita, sob a forma do lendário Fernandes, antigo futebolista do Sporting de Bissau, de quem se dizia ser capaz de fazer saltar a cabeça dum tuga a 100 metros de distância com um único tiro certeiro de RGP… Pobres periquitos que engoliam todas as patranhas que lhes impingiam desde a chegada a Bissau, propagadas de esplanada em esplanada, do Bento ao Pelicano, como fogo atiçado ao capim…

"Um arrepio de frio percorreu-me o corpo de alto a baixo. Instintivamente tirei os meus óculos, puxei a escassa gola do camuflado para o desguarnecido pescoço, enterrei o quico na cabeça e pus a patilha da G-3 no automático – quebrando assim, pela primeira vez, o juramento que a mim próprio fizera, ainda em Santa Margarida, de nunca mais pôr uma bala na câmara, depois do lamentável incidente com a velha mauser em que, durante um das brincadeiras estúpidas da IAO, no assalto a uma tenda de campanha do inimigo-a-fingir, havia arrancado os fundilhos das calças da farda nº 3 a um cabo miliciano, quase à queima roupa, com uma bala de madeira...

"A meu lado, o pobre do Pastilhas suava por todos os poros, à medida que o gigante da floresta verde abria os seus braços para nos deixar passar… A começar pelo nosso capitão, o afável capitão Brito, veterano da Índia, seguíamos todos tensos e calados, tentando disfarçar o natural nervosismo de quem entrava abruptamente no famoso TO (teatro de operações) da Guiné.

"Pairava ainda na estrada Xime-Bambadinca o fantasma do furriel vagomestre do Xime que em Ponta Coli, antes de Amedalai, tinha por hábito desafiar impunemente o turra, insultando-o de cabrão e filha da puta para cima, turra esse que nós iríamos aprender a respeitar com a reverência temerosoa que é devida a todos os inimigos poderosos, armados ou não de RPG – até que um dia morreu com um tiro na nuca e a bela Helena de Bafatá nos braços" (...).


(6) Não foi a LDG Bombarda mas sim a LDG Alfange que nos levou de Bissau ao Xime: quem o diz é o Manuel Lema Santos, que é o nosso catedrático em matéria de Marinha e Marinheiros:

vd post de 16 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1371: Foi a LDG 101 Alfange que transportou a CCAÇ 2590/CCAÇ 12 até ao Xime em 2 de Junho de 1969 (Manuel Lema Santos)

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1711: Tabanca Grande (7): Rui Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67)




1. Mensagem de Rui Silva:


Santa Maria da Feira, 13 de Março de 2007

Sr. Luís Graça:

Receba os meus cumprimentos e os mais sinceros parabéns pelo seu Blogue (Site?) que tem na Internet.

Sou um ex-Furiel miliciano da Companhia de Caçadores n.º 816 que operou na Guiné no biénio 1965-67.

Tenho-me deliciado com o conteúdo do seu longo mas nunca(!) extenuante Blogue em referência à guerra na Guiné, pois considero-o também um trabalho super-extraordinário. Passados 40 anos reviver o passado é um sonho tornado realidade.

Envio-lhe este e-mail, pois gostava de ver referências à minha Companhia (n.º 816) que operou na zona do Oio (Bissorã, Olossato e Mansoa) sempre em combate. Sem desprimor de muitas outras Companhias, a CCAÇ 816, superiormente comandada pelo capitão Luís Riquito, tem um trabalho meritório naquela ex-província portuguesa. Tenho algumas fotos, caderno de memórias, recortes de revistas, etc. desses tempos.

Se atender à minha petição diga-me como proceder p. f.

Sem outro assunto

Sou, Atenta e respeitosamente
Rui Aníbal Ferreira da Silva
Ex- Furriel miliciano
CCAÇ 816
Bissorã
Olossato
Mansoa
1965/67

2. Rui:

1. Em primeiro lugar, sê bem vindo. Como já percebeste, aqui tratamo-nos todos por tu, como camaradas que somos. Em segundo luigar, peço-te desculpa pelo atraso na resposta! Por fim, deixa-me dizer-te que a tua vinda e a tua contribuição para este projecto colectivo (que é o nosso blogue) são muito importantes.

Já pus os teus dados e fotos na página da tertúlia.És dos nossos, há muito. Já te inclui também na nossa lista de e-mails… De qualquer modo, ficas aqui formalmente apresentado aos restantes camaradas.

Julgo que és o primeiro elemento da CCAÇ 816 a aparecer por estas paragens.

Um grande abraço para ti, camarada Rui. Fico a aguardar os teus escritos e demais fotos.


3. Referências à actividade da CCAÇ 816: vd. página da CART 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67), gerida pelo nosso camarada Rogério Freire. Esta unidade foi comandada pelo capitão de artilharia Jorge Manuel Piçarra Mourão, que já morreu, com o posto de coronel, e é autor do livro Guiné Sempre (2001), além de Da Guiné a Angola (1).

No historial desta unidade, é referida a participação da CCAÇ 816 nas seguintes operações:

Operação Estepe > Morés > 3 de Junho de 1966

Operação Elefante IV > Bará > 13 de Agosto de 1966

Há ainda um referência à CCAÇ 816, no historial da CART 1525, quando um dos seus grupos de combate esteve em actividades de diligência, mais concretamente o 1º Gr Comb, em Bissorã, de 6 a 25 de Fevereiro de 1966:

(...) "20 [de Fevereiro de 1966] - Duas secções, incorporadas nas forças da CCAÇ 1419, realizam a operação CASTOR à base central de Morés. Saindo do Olossato, montam emboscada na região de Cudana, sem incidentes. Reúnem-se depois à CCAÇ 816 que apreendera grande quantidade de material e preparam a evacuação. Foram flagelados com LGFog, sem consequências, pelo que prosseguiram no regresso, transportando o material capturado. Foram então fortemente emboscados junto do cruzamento do caminho de Canfanda com a estrada de Bissorã - Mansabá com Mort 82, armas autom. e granadas de mão, do que resultaram quatro feridos ligeiros. Continuada a progressão foi então evacuado o material já próximo do Olossato, o qual foi atingido sem mais incidentes" (...).

_______

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts de:

18 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXIII: Piçarra Mourão, militar e escritor (CART 1525, Bissorã, 1966/67) (A. Marques Lopes)

19 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXIV: Bibliografia de uma guerra (6) (Jorge Santos)

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1263: Os Falcões de Bissorã, festejando os 39 anos de regresso a casa (Rogério Freire, CART 1525)

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Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 1525 (Os Falcões) (1966/67) > Armamento IN apreendido em 3 de Fevereiro de 1967 em circunstâncias que tem algo de insólito e até de hilariante... A estória está contada na excelente página dos Falcões e merece ser aqui transcrita(1) . Estas fotos foram-me gentilmente cedidas pelo webmaster da página, o ex-Alf Mil Rogério Freire (2).

Texto e fotos: © Rogério Freire (2006). Direitos reservados. Fotos alojadas no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

Caro amigo:

Tenho o prazer de te informar que a CART 1525 (Os Falcões) se vai reunir no próximo dia 11 de Novembro, no Restaurante José Julio, em Santa Luzia, Mealhada para comemorar o 39º ano após o regresso da Guiné que ocorreu em 11 de Novembro de 1967 (Meu Deus, como o tempo passa !!!)

Informações detalhadas estão disponíveis no nosso sítio: Companhia de Artilharia 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67).

Aproveito para te convidar a visitar o nosso site que foi actualizado, com a inclusão do nosso Historial e de muitas fotos do tempo e não só.

Agradeço-te que registes esta reunião e, se possível, que a coloques no painel informativo que regularmente recebo anunciando estes convívios.

Bem hajas.

Cordialmente

Rogério Freire
_______________

Notas de L.G.:

(1) (...) "Na madrugada de 3 de Fevereiro de 1967, um grupo de balantas de Bissorã, no qual iam integrados Milícias e Polícias Administrativos, encontrou-se, em plena escuridão da noite, na região de Conjogude [, vd. carta de Binta], com uma coluna de reabastecimento de material do IN.

"A surpresa foi geral, de parte a parte, sendo contudo os elementos de Bissorã os primeiros a reagir e a aperceber-se da situaçãoo, abrindo, acto imediato, fogo. Desorientados, os carregadores inimigos puseram-se em fugas, abandonando, pura e simplesmente, o material que transportavam.

"O nosso pessoal, ainda incrédulo, mais não teve do que recolher aqueles despojos e regressar à vila [de Bissorã], onde contou o sucedido e apresentou as provas materiais da acção. Tinham trazido consigo 4 ML, 8 Esp Aut e grande quantidade de granadas de Mort 82 e LGFog.

"Calculando-se que no local do encontro, houvesse ainda outro material abandonado, imediatamente saiu o 2º Grupo de Combate [da CART 1525], devidamente enquadrado, em plena madrugada ainda, e, efectivamente, pouco depois, regressava, trazendo consigo mais duas MP, granadas de Mort e LGFog, medicamentos, cunhetes com fitas de ML e material diverso. Esta acção, pelo ineditismo de que se revelou, pelos óptimos resultados obtidos, pela acção decisivamente colaboradora da população nativa que colaborou nela, a todos causou satisfação, merecendo até um Comunicado Especial, por parte das entidades responsáveis" (...).

O autor - estamos a citar a história da unidade que está integralmente reproduzido no site - tece a seguir algumas considerações ambivalentes sobre o imprevisível comportamento do balanta do Óio e a sua mania de roubar gado aos vizinhos das outras etnias:

"Como é do conhecimento geral, o balanta é, por tradição, ladrão de vacas. Esse seu costume, que, para além dos enormes benefícios que trouxe para as NT, se veio também, por vezes, a revelar bem pernicioso, foi para nós motivo de bastantes aborrecimentos. Impossível de controlar nas suas saídas para o Mato, o grupo de balantas, no qual se integravam clandestinamente elementos nativos da Milícia e Polícia armados, arriscava-se em incursões perigosas no seio dos terrenos mais bem controlados pelo IN. Daqui resultou um elevado número de baixas por parte dos balantas, assim como da parte dos Milícias e Polícias que seguiam incluídos no grupo" (...).

(2) Vd. post de 13 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

(3) Tanto quanto eu conheço, é a página mais completa sobre uma companhia individual, no TO da Guiné. Desejo aos nossos amigos Falcões um belíssima festa e dou-lhes os parabéns, pelo aniversário. De facto, 39 anos é obra!... Também já é altura de descansarem.... As estatísticas sobre a actividade operacional dos Falcões é impressionante: 281 acções de carácetr operacional, realizadas, das quais 20% com contacto; quase 3600 km percorridos a pé; mais de 4300 km, de carro... Tiveram 19 mortos (apenas 3 propriamente da CART 1525, sendo os restantes das unidades adidas: mílicias, polícia administrativa e caçadores nativos)...

Esta unidade foi condecorado com 9 cruzes de guerra. O Cap Piçarra Mourão (hoje coronel) é autor do livro Guiné, sempre: testemunho de uma guerra (2001), já qui recenseado no nosso blogue: vd. post de 19 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXIII: Piçarra Mourão, militar e escritor (CART 1525, Bissorã, 1966/67) (A. Marques Lopes)

(...) "Não conheço o coronel Piçarra MOURÃO, mas li o livro. A companhia com que foi inicialmente, uma CART, foi colocada em Bissau às ordens do Comando Chefe (noto que ele nunca diz o nome das companhias, é cumpridor das normas, não é como eu).

"Conta que uma vez a companhia foi mandada para o Queré com um pendura, um tenente-coronel americano que vinha ver como era a guerra na Guiné e que, parece, iria depois para o Vietnam. Conta a sua atrapalhação, pois que o deram à sua responsabilidade pessoal. Acabaram por cair numa emboscada e o pendura desatou a tirar fotografias e a filmar de máquina em punho, em vez de usar a G3 (a melhor da companhia) que lhe fora distribuída. Não aconteceu nada e ele pergunta-se se aquelas imagens lhe terão valido alguma coisa no Vietnam.

"A sua companhia ficou, depois, adida a um Batalhão colocado em Mansoa, colocada no Olossato. Diz que durante 1966 foi quatro vezes ao Morés, com o apoio de outras forças. Da primeira vez conseguiram capturar material. Na segunda, em Junho, o guia fugiu na altura decisiva e valeu-lhe um segundo guia para indicar o caminho da retirada. A terceira investida foi em Setembro, com o apoio dos páras e de artilharia; tiveram dificuldades, levaram porrada antes de lá chegar, e os páras não quizeram mais e retiraram para Mansabá. Em Outubro chegaram a Morés, mas a base estava abandonada (...).

"Em resumo, gostei do livro escrito por este militar de carreira. Tem um olhar crítico sobre a preparação antes de ir para a Guiné. Curiosamente, fez o IAO, como eu, na serra de Sintra e na Carregueira. Foi uma lástima para ele, como foi para mim. Como profissional fez a guerra, mas reconhece que esteve envolvido num processo sem saída. O livro, com um traço de humanidade sentida, procura transmitir os sentimentos dos intervenientes, tem relatos de actividade operacional, tem um perspectiva correcta sobre o povo da Guiné, o IN é um combatente sério e motivado. Vale a pena ler.

"Curiosamente (para mim), quem assina o texto do prefácio é o Gen Octávio de Cerqueira Rocha, que era Oficial de Operações do BCAÇ 1857, o tal para onde a companhia do coronel Piçarra Mourão foi como adida. O Vidrão (a alcunha que foi dada ao Gen Cerqueira Rocha quando foi Chefe do Estado-Maior do Exército) diz que a companhia do coronel Piçarra Mourão era a CART 1525" (...).

sábado, 23 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1107: O álbum do PAIGC (1): 'roncos' da CART 1525 (Rogério Freire)




Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 1525 (1966/67) > Diverso armamento apreendido ao PAIGC.
Fotos: © Rogério Freire (2006)


Texto e notas de L.G.

A CART 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67) (1) têm uma excelente página dedicada à sua história, mantida pelo nosso amigo e camarada Rogério Freire (ex-alf mil). Em tempos ele mandou-me três fotos com armamento apreendido pelos Falcões ao PAIGC. É altura de as divulgar, pedindo ao mesmo tempo a colaboração dos especialistas da nossa tertúlia para a legendagem das fotos.

É também um exercício de memória e um passatempo... Aqui fica o rol dos roncos, feitos pelos Falcões, e que abrem este álbum de fotografias dedicadas ao PAIGC (vd. com mais detalhe o resumo do material capturado pela CART 1525).
Já em tempos escrevi que fiquei impressionado com o curriclum vitae dos Falcões: nada menos do que 10 (dez) cruzes de guerra!... E manga de ronco, pessoal, lá para os lados do Morés (mítico, no nosso tempo, 1969/71), Iracunda, Cambajo, Jugudul, Iarom, Bará, Quéré, Biambe, Conjogude, Uenquen, Tiligi, Rua...

Os Falcões eram mesmo uns verdadeiros... predadores, a avaliar pelo material capturado por eles naquele tempo (o que para uma companhia de artilharia era obra, embora o PAIGC ainda estivesse longe do seu auge, em termos de sofisticação do seu armamento e experiência dos seus combatentes ):

52 armas (incluindo metralhadores, ligeiras e pesadas);

39 granadas de morteiro;

33 granadas de canhão s/r;

14 granadas de LGF

10 minas (a/c e a/p)

15 granada de mão,

7000 munições, mais documentos, medicamentos, etc.
__________

(1) Sobre os Falcões, vd. ainda os seguintes posts:

16 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1080: Uma nota de tristeza, nostalgia, desencanto e revolta (Rogério Freire, CART 1525)

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail

14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

sábado, 16 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1080: Uma nota de tristeza, nostalgia, desencanto e revolta (Rogério Freire, CART 1525)

Foto: © Rogério Freire (2006)

O Rogério Freiree foi alferes miliciano, na CART 1525 (Os Falcões), esteve em Bissorã (1966/67) e vive hoje em Lisboa.

A propósito de um post sobre o futebol e a passagem, pelo Oio, do Gilberto Madail (ex-alf mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)(1), escreveu-nos ele, já há umas largas semanas, a seguinte nota por onde perpassa tristeza, nostalgia, desencanto e revolta:

Luís:

Sabes, quando no e-mail sobre o Madaíl caí em mim, com mais 40 anos me lembrei de que... O que é triste é que após 40 anos....

Na foto, da esquerda para a direita:

(i) Alferes Miliciano Rui Chouriço (já falecido) ;
(ii) Alferes Miliciano Rogério Freire (o escriba);
(iii) Capitão (posteriormente Coronel) Jorge Mourão (já falecido);
(iv) Alferes Miliciano Manuel Eduardo Oliveira ;
(v) Alferes Miliciano Germano Silva.

Em resumo, dois dos cinco oficiais da Companhia [, a CART 1525], já faleceram e já não vão ser mais uma encargo para a Nação Portuguesa ... Com este rácio realmente daqui a mais 20 anos já poderão passar a pagar as pensões.

É só um desabafo ... Não quero entrar em polémica, mas ... já no tempo da outra senhora se dizia que cada País tem o Governo que merece. Pergunto-me muitas vezes se será que nós ex-combatentes (eu incluído, claro está) temos o que merecemos ou será que, desde há muito, deveríamos ter feito [algo] e nunca fizemos nada ou quase nada?

Será que ainda podemos fazer?

Fui informado recentemente pelos jornais que alguns ditos antifascistas começaram a receber uma pensão mensal pela sua luta pela liberdade ... mormente membros do Partido Comunista que começaram a lutar pela Liberdade na Sibéria e em Cuba. É a vida!!!

De momento, aos meus netos só posso dizer que, se na vida deles vier a acontecer uma situação semelhante [à nossa], que fujam para o estrangeiro .... Pode ser depois que, depois de passada a borrasca, se tornem heróis sem nunca terem dado o corpo ao manifesto.

Vou também dizer-lhes que isso de Nação, de Governo, de Pátria, é tudo balela e que o bom mesmo é dar de frosques enquanto podem e de preferência para um País agradável.

Rogério Freire (2)
__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de

21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail

(2) Vd. também post de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail


Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da Companhia de Artilharia nº 1525 (1966/67) e de outra unidade > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz"... Este último comandava a companhia a que pertencia o alf mil Madaíl (RF)...

Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública (1): "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo".

Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67)


Guiné > Bissorã > 1969: Campo de futebol de Bissorã, e a equipa maravilha da CCAÇ 13 - Os Leões Negros, constituída pelos seus oficiais, sargento e furriéis. O Carlos era o guarda-redes (camisola preta e calções brancos), na ponta esquerda da 2ª fila. A CCAÇ 13 foi a herdeira de uma rica tradição de futeboilistas e de equipoas de fuitebol, a começar pela CART 1525, ao que parece a melhor de todos os tempos que passou pelas terras do Oio... Esta unidade tinha nada mais nada menos do que dois futebolisats profissionais, o Candeias e o Testas...

Foto: © Carlos Fortunato (2005)



1. Há dias (10 de Julho de 2006) mandei a seguinte mensagem ao nosso camarada Rogério Freire, ex-alf mil da CART 1525 (Os Falcões), que esteve em Bissorã (1966/67):

Antes de mais, os meus parabéns pela tua excelente página para a qual criei um link no nosso blogue, quando tu apareceste e passaste a fazer parte da nossa tertúlia (2)… Não tens dados notícias mas espero que estejas a receber regularmente a nossa correspondência interna…

Escrevo-te a perguntar duas ou três coisas:

(i) se me permites que utilize duas ou três fotos do teu site, quando um dia destes dedicar um post à tua companhia e às terras por onde vocês andaram (o mítico Oio);

(ii) se o Gilberto Madail era da tua companhia;

(iii) se vocês se têm encontrado;

(iv) se era possível publicar a foto em que ele aparece na messe de oficiais…

O pretexto poderia ser o Campeonato do Mundo de Futebol, o nosso honroso 4º lugar, a carreira dele como dirigente federativo e da UEFA (1)… Para todos os efeitos, “é um dos nossos” e, em altura de festa, não será mal lembrá-lo…De qualquer modo, é uma figura pública… Eu vi-o uma vez, foi-me apresentado na Costa Nova por um amigo comum, de Ílhavo, o Arquitecto José António Paradela… O que é que tu achas ? Ele tem aparecido nos vossos convívios ou “já não vos conhece” ?

Se quiseres ser tua a escrever uma legenda para a foto, também pode ser… Eu depois acrescento-lhe duas linhas, a justificar a nossa lembrança

2. O Rogério Freire respondeu-me logo a seguir nestes termos:


Caro Luís:

Sou sem dúvida um atento receptor e leitor da correspondência tertuliana.

Respondendo às tuas perguntas:

1) Claro que ficaremos (eu e toda a rapaziada da CART 1525) muito satisfeitos pelo post a publicar sobre nós. Tenho muitas fotografias para ir publicando no site, algumas delas muito interessantes e curiosas e, claro, que as podes publicar quando quiseres. As que já lá estão e as que por lá venham a aparecer.

2) O Gilberto Madaíl não pertence à CART 1525. Ele era Alferes Miliciano de uma companhia que esteve aquartelada connosco em Bissorã durante um par largo de meses e que era comandada por um Capitão Miliciano que, na vida civil era Despachante Oficial da Alfandega e que por brincadeira se intitulava Despachante Oficial Miliciano. Era o Capitão Vaz, excelente fotógrafo e especialista em macrofotografia. Adorava congelar borboletas e fotografá-las depois quando as pobrezinhas começavam a sentir o calor das lâmpadas de iluminação.

3) O número da companhia do Madail foge-me neste momento mas já pus a polícia em campo e talvez amanhã já tenha a resposta.

4) Eu sou o de óculos ao lado do Madaíl. Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz.

5) Nunca mais me encontrei com o Gilberto Madaíl. Eu sou da região de Lisboa e o Madaíl do Porto e, como em tantos casos, seguimos as nossas vidas.

6) Não sei se o Madaíl tem uma cópia desta foto que, se não me engano, foi tirada pelo Alferes Jorge Freire, da Companhia do Madaíl. Este Jorge Freire (também ele Freire, como eu) foi o único contacto que tive com os membros desta Companhia nos anos posteriores e mesmo assim por mero acaso.

7) A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo.

8) Deixo à tua veia de escritor/comunicador o texto e/ou legenda que queiras colocar.

9) Fico ao dispor, saúdo-te e agradeço-te pelo trabalho e interesse na manutenção da Tertúlia.

Bem hajas

Rogério

3. Comentário de L.G.

Ainda não descobri o número da companhia a que pertencia o Gilberto Madaíl, a mesma do Capitão Vaz e do Alf Jorge Freire, companhia essa que esteve em Bissorã, alguns meses, com a CART 1525. Pode ter sido a CCAÇ 1419, que deixou Bissorã em Novembro de 1966, segundo pesquisei na própria página dos Falcões. Essa unidade pertencia ao BCAÇ 1857 , tal como a CCAÇ 1420, que a CART 1525 foi substituir em Fevereiro de 1966.

É provável que o Madaíl pertencesse a este batalhão. No entanto houve mais duas companhias que se seguiram e que estiveram em Bissorã, ainda no tempo da comissão dos Falcões: a CART 1612, a partir de Dezembro de 1969; e a CART 1746, já em Julho de 1967, já perto do tão ansiado final da comissão dos Falcões (Outubro de 1967)...

Quando estiveram em Bissorã, a CCAÇ 1419, a CART 1612 e a CART 1746 dispuram, cada uma no seu tempo, renhidas partidas de futebol com a CART 1525 - Os Falcões... Não sei se o Madail se interessou pelo futebol nessa altura... De qualquer modo é um apontamento interessante de que fica aqui o registo, retirado (com a devida vénia) da página que traz o historial da CART 1525:


"6 - ACTIVIDADE DESPORTIVA

"Neste campo desenvolveu a Companhia [a CART 1525] uma actividade intensa, tanto mais de salientar em virtude de, paralelamente, continuar sem quebra de ritmo a ser solicitada operacionalmente pelos Comandos dos Batalhões a que pertenceu, ao longo da sua comissão.

"Bissorã foi e é um lugar privilegiado, nesse aspecto, visto que dispõe de recintos para a prática do futebol, voleibol, basquetebol, andebol de sete e ténis, além de, na sede do seu clube representativo, existir ainda uma mesa de ping-pong. Assim, não podiam os componentes da Companhia permanecer indiferentes a tal convite para a prática do desporto, até por que, desde logo, com o Atlético Clube de Bissorã e as Companhias que por aqui passaram, conjuntamente se estabeleceu uma grande, mas salutar e benéfica, rivalidade.

"Tecidas estas considerações recorde-se, então, mais detidamente, o que foi e conseguiu, nas diversas modalidades.

"FUTEBOL - Considerado o desporto-rei , foi ele que atraiu as atenções e no qual os resultados foram, para nós, mais brilhante. Integrados na Companhia [CART 1515] dois futebolistas profissionais, Testas e Candeias, foram estes os grandes impulsionadores na formação da equipa e na sua orientação. Os restantes, rapazes habilidosos, conseguiram desde os primeiros jogos, um espírito de equipa, alicerçado principalmente na grande camaradagem reinante, que muitas e brilhantes vitórias nos haveriam de dar.

"Quando da chegada a Bissorã, o Atlético local dispunha de uma equipa experimentada e valorosa, cujos componentes de há muito jogavam juntos e a CCAÇ 1419, do mesmo modo, contava com uma equipa razoável e, acima de tudo, já suficientemente jogada.

"Nos vários domingos que sucessivamente se foram passando, efectuaram-se diversos jogos que, apesar de não contarem para qualquer torneio, tinham em vista dirimir uma superioridade que qualquer das equipas, no seu brio muito pessoal, desejava com ardor. Os resultados até Novembro 66, data em que a CCAç 1419 deixou Bissorã, não podiam ser mais favoráveis. Assim, seis dos jogos efectuados com aquela Companhia contam-se cinco vitórias, sendo a mais expressiva por 4 -0 e apenas um empate a 2 bolas.

"Com o Atlético local, em outros seis encontros, conquistaram-se quatro vitórias e sofreram-se duas derrotas. Balanço, pois, positivo, neste período.

"Substituindo a CCAÇ 1419, a CART 1612 dispunha igualmente de uma equipa organizada e que, conhecedora do valor do seu adversário, procurou abalar a supremacia que, neste desporto, o mesmo vinha exercendo em Bissorã. Efectuados cinco jogos a CART 1525 averbou mais três vitórias, sendo uma por 6 -0 e cedeu dois empates, sendo um deles muito forçado, por uma arbitragem muito infeliz.

"Há a assinalar que, durante este período, a nossa equipa foi convidada para efectuar um jogo em Bissau, contra o BatInt. Após vencidas algumas dificuldades organizou-se uma coluna especial e tornou-se realidade tal desejo. O valor da equipa do BatInt, ao que nos foi informado, era bastante, pelo que em vez da equipa da Companhia constituiu-se um misto, actuando quatro elementos da CART 1612. Afinal estes, todos de reconhecido valor, falharam totalmente, sendo um deles o guarda-redes, que consentiu três golos absolutamente defensáveis. Resultado final: 1-4.

"Mas o verdadeiro valor da nossa equipa havia de ficar bem vincado em dois momentos capitais. Num encontro ansiosamente esperado, defrontou uma selecção formada por elementos do Atlético de Bissorã e da CART 1612. Difícil missão lhe estava reservada mas, ao fim e ao cabo, numa demonstração plena de querer, conseguiu um digno empate a três golos, após um jogo que em nível técnico ultrapassou, em muito, a mediania.

"Até que chegou já, no 18º mês de comissão, o 19º aniversário do Atlético Clube de Bissorã. Quis esta agremiação comemorar condignamente a data e, dentro dos vários números do seu programa de festas, contava a disputa da valiosa taça Aguinaldo Salomão , num torneio de futebol, com a participação do Clube em festa, da CART 1525 e da CART 1612.

"Designado o Atlético para a final, uma eliminatória entre as duas Companhias deveria apurar o outro finalista para a disputa da taça. Para a CART 1525 o jogo foi um pouco difícil, em virtude de não contar com alguns elementos indispensáveis, na altura na Metrópole, em gozo de merecida licença. Contudo nunca esteve em dúvida a sua superioridade, traduzida, a poucos minutos do fim por 2-1. Passava já bastante do tempo regulamentar e, num golo validado incrivelmente pelo árbitro, o adversário conseguiu o empate, mas de nada lhe serviu, visto que, em cantos, factor decisivo para a qualificação neste caso, mantinha nove contra e somente quatro a favor. Presente, pois, na final, com todo o mérito e perseguida pela adversidade a CART 1525.

"Contra o Atlético os mesmos problemas do jogo anterior assaltaram a sua equipa, principalmente a falta dos jogadores referidos e tidos como insubstituíveis. Mas, mesmo assim, falaram outra vez a indómita força de vontade de que estava possuída e a fé inabalável na vitória. Nada pôde o Atlético fazer para contrariar a nossa superioridade que se cifrou por 2-0 concludentes, falhando ainda o Testas um penalty. Delírio no final, com todos os componentes da Companhia, incluindo o seu Comandante, festejando tão apetecida vitória. Estava conquistada a taça e não havia reticências a pôr.

"Substituída a CART 1612 pela CART 1746, nova rivalidade se viria a constituir com a equipa desta Companhia. Se bem que já um pouco desgastada fisicamente, enquanto que a adversária acabava de chegar da Metrópole, não deixou a nossa equipa os seus créditos por mãos alheias. Em três jogos efectuados, outra tantas vitórias, sendo duas bastante expressivas: 9-0 e 6-0.

"Cabe aqui referir que, ainda em Bissorã, se defrontou, por duas vezes, uma selecção constituída por elementos da CART 1746 e do Atlético local. Outras tantas vitórias se conseguiram, sendo a última por 5-4, num jogo emocionante e verdadeiramente bem jogado, de parte a parte.

"Já em Bissau não parou, todavia, esta intensa actividade, defrontando-se, por duas vezes, a equipa de Engenharia, conseguindo-se duas vitórias, se bem que tangenciais. O último jogo contra a equipa do Hospital é que não correu muito favoravelmente, pois averbou-se uma derrota por 4-3. Foi pena, realmente, tanto mais que uma vitória, seria o fecho de tão intensa quão brilhante actividade" (...).

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Nota de L.G.

(1) O sítio da UEFA, fornece os seguintes dados biográficos sobre o Gilberto Madaíl:

(i) Nasceu a 14 de Dezembro de 1944, em Aveiro;

(ii) formou-se em economia pela Universidade do Porto;

(iii) foi presidente do Beira-Mar e da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), antes de chegar ao lugar de topo da FPF, como presidente;

(iv) é membro cooptado do Comité Executivo da UEFA desde Maio de 2004, para o quadriénio 2004/07;

(v) da sua carreira po0lítica, destaca-se o facto de ter sido membro do Partido Social Democrata, e de ter exercido o cargo de Governador Civil de Aveiro durante oito anos, bem como de deputado no Parlamento em dois períodos (1987-90 e 1995-97);

(vi) Presidente da Sociedade Euro 2004 SA, na sequência da fase final do UEFA EURO 2004, em Portugal, Madaíl foi o elemento-chave da organização do torneio, para além de ter sido membro do Comité do Campeonato da Europa (1998-2000);

(vii) Colabora no Comité Executivo da UEFA no Grupo de Trabalho para as questões da União Europeia;

(viii) Na FIFA, integra o Comité de Organização do Campeonato do Mundo e o Comité das Federações Nacionais.


(2) Vd. post de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

(...) Dei com o seu site por acaso e nunca me tinha passado pela cabeça que pudesse haver tanta informação disponível sobre a nossa Guiné e sobre Bissorã.

Já anteriormente tinha encontrado o site dos Leões Negros [CCAÇ 13, Bissorã e outros sítios da Região do Cacheu, 1969/71] que muito apreciei.

É com muito prazer que o informo de mais um site de ex-camaradas ligados à Guiné e a Bissorã: Os Falcões - a Companhia de Artilharia 1525 que esteve em Bissorã em 1966 e 1967, um par de anos antes de si...

Pois é, passou muita água sob a ponte para a Outra Banda e os peixes que o Carlos Fortunato lá pescou eram, pelo menos, os tetranetos dos que eu lá pesquei.

Convido-o a visitar a nossa página: Os Falcões - Companhia de Artilharia 1525, Bissorã (1966/67)... Informo-o de que foi com muito prazer que incluimos o seu link no nosso site (...).

Fonte: Extractos de Histórial da CART 1525 > Cap III - Actividade interna >