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quinta-feira, 28 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19629: Memória dos lugares (389): Ponte do Rio Colufe (que desagua no Rio Geba, em Bafatá), onde houve um acidente com um Unimog 411, em 6/1/1971, em que morreram, afogados, 3 militares, 1 do GAC 7 e 2 da madeirense CCAÇ 2680 (Cabuca e Nova Lamego, 1970/71) (Mário Migueis e José Martins)



Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá > Vista aérea >  Bafatá,  o porto fluvial e o Rio Geba, vistos de oeste; ao fundo, a ponte do Rio Colufe, assinalada a amarelo. Esta ponte era em betão (?), mas havia outra, mais a montante, em madeira, em troncos de palmeira... Ou eu estou confundido ? Já se passaram 50 anos...

O Fernando Gouveia e o Manuel Mata (que lá viveram quase dois anos) podem esclarecer este ponto... Ou o próprio Humberto Reis que andou por lá, pelo ar, a tirar a fotografias da bela e doce Bafatá do nosso tempo... Ou ainda a malta de Galomaro / Dulombi... Na carta de 1955 só parece haver uma ponte a atravessar o rio Colufe, a sul de Bafatá... Quem me ajuda ? (LG).

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70) > Regina Gouveia, esposa do ex-alf mil ex-Alf Mil Rec e Inf, ambos membros da nossa Tabanca Grande: "O  transbordar dos rios na época das chuvas. Na ponte do rio Colufe com a água a chegar aos meus pés." [Não há dúvida, pela foto, que a estrutura é em betão. LG]
Foto (e legenda): © Fernando Gouveia  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bafatá (1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do Rio Colufe que vai desaguar ao Rio Geba, em Bafatá.

[...] "A característica geral da área do Batalhão [BART 2917, Bambadinca, 1970/72, Setor L1] é a planície, onde correm muitos rios cavados num planalto de40 metros de altitude. A rede hidrográfica encontra-se orientada para os Rios Colufe, Geba e Corubal, verificando-se, na época das chuvas e nos baixos cursos destes dois últimos, o nivelamento das águas dos rios e das bolanhas, durante a preia-mar. Na época seca, com excepção dos Rios Geba, Corubal, Colufe,  Gambiel  e Udunduma, todos os restantes são transponíveis a vau. Na época das chuvas, todos os rios do sector são praticamente intransponíveis a vau." [...]

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
Brsaão da CCAª 2680


1. Recuperam-se 3 comentários ao poste P7853 (*)

(i) Mário Migueis [da Silva] 

[ex-fur mil rec info, CCS / Q.G. (Bissau). Colocação: Com-Chefe / Rep-Info (Amura-Bissau) Função: Serviço de Informações Militares (SIM) Unidades em que esteve em diligência: Bart 2917 / Bambadinca (Novembro 70 a Janeiro 71, incl.); CCaç 2701 e CCaç 3890 / Saltinho (Março 71 71 / Outubro 72); bancário reformado, vive em Esposende]

Quando passei por Bambadinca (Nov 70 / Mar71) [, ao tempo do BART 2917, 1970/72],  houve um acidente grave numa das pontes situadas na área de influência do Batalhão instalado em Bambadinca: um "burrinho" desgovernado caiu no rio, tendo morrido vários soldados afogados. Só me lembro de um furriel conhecido por "Fafe" , que também esteve no local, tentando, infrutíferamente, salvar alguns dos sinistrados. 

Não sei se este tema já foi alguma vez abordado no blogue, mas, de qualquer forma, agradeço que, quem souber, me responda a esta simples pergunta: como é que se chamava essa ponte?...


(ii) José Martins

 [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70); nosso colaborador permanente, com mais de 350 referências no nosso blogue; vive em Odivelas]

Tentei encontrar, no periodo indicado pelo Mário Miguéis, mas apenas encontrei um acidente de viação seguido de afogamento, no Rio Colufe, vindo a falecer três militares, sendo um do GAC 7 e dois da CCaç 2680.

Terá sido este?

26 de fevereiro de 2011 às 21:40


(iii) Mário Migueis:

José Marcelino Martins:

Os meus agradecimentos pela atenção que me dispensaste, embora nem o Rio Colufe, nem as unidades indicadas (GAC 7 e CCAÇ 2680) me digam nada. Não faço ideia do local onde estavam instaladas.

Vou tentar encontrar alguns elementos entre os meus canhenhos, tais como alguma cópia de cartas topográficas que possa ter ainda em meu poder. Mas, acho estranho que ninguém ligado a Bambadinca se recorde do caso.

Um grande abraço,

Mário Migueis

27 de fevereiro de 2011 às 01:00


2. Comentário do editor Luís Graça:

Mário e José, só ao fim de oito anos (!), é que dei conta  dos vossos comentários, ao reler ontem   o poste P7852 (*), em que se falava da ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, que atravessava a estrada Bambadinca-Xime.

Desgraçadamente só temos uma referência à CCAÇ 2680...Sabemos que:

(i) era uma companhia madeirense, moblizada pelo BII 19, Funchal;

(ii) esteve em Cabuca e Nova Lamego (1970/71);

(iii) era comandada pelo cap mil art Emílio Jerónimo Pimenta Guerra;

(iv) embarcou em 2 de fevereiro de 1970 e regressou a 27 de dezembro de 1971:

(v)  a CCAÇ 280 foi rendida em Cabuca  pela CCAV 3404 (1971/73) e esta pela  2ª CART / BART 6523 (1973/74).

Quanto ao GAC 7, temos pelo menos cinco referências... Sabemos que, por volta de 1970/72, ao tempo do nosso saudoso Vasco Pires (, cmdt do 23º Pel Art, em Gadamael), o GAC7 (GA7) tinha "trinta e dois pelotões espalhados pelo TO da Guiné, apoiando tropas debaixo de fogo IN, atingindo importantes alvos, quer por ordem superior, quer como fogo de contra-bateria, por vezes apoiando outros aquartelamentos, até tiro direto, para impedir supostas invasões do quartel"...

Tenho ideia, sim, desse acidente, referido pelo Mário Miguéis, o qual deve ter sido já no final da minha comissão (que acabava em março de 1971)... Já não me lembro dos pormenores: o Miguéis diz que foi com um "burrinho" (Unimog 411), que caiu ao rio e provocou a morte, por afogamento, de três militares, um do GAC 7 e dois da CCaç 2680. 

Deveria tratar-se de um Pel Art, desembarcado no Xime, em LDG, e que seguia em coluna auto até Nova Lamego ou Cabuca, via Bambadinca e Bafatá, com escolta da CCAÇ 2680 / Comando de Agrupamento 2958.

Nem a data nem o sítio certo, no Rio Colufe, são indicados pelo José Martins... Lembro-me da pomnte, em betão,  sobre o Rio Colufe, afluente do Rio, em Bafatá..., no Rio Colufe [ou Rio Campossa], afluente do Rio Geba. Mas havia outra, nas proximidades, feita em troncos de palmeira. Era utilizada por quem vinha do sul /sudoeste (Setor L5, Galomaro).

Tudo indica, pelas pesquisas na Net, que se trate do acidente, ocorrido em 6/1/1971, de que resultaram a morte por afogamento dos seguintes militares:

1º cabo Arlindo Baptista Loureiro, GAC 7;

Sold Silvano Rodrigues Figueira, CCAÇ 2680 / Cmd Agr 2957; natural do Curral das Freiras, Câmara de Lobos 

1º cabo Armando Martins Simões Melo, CCAÇ 2680 / Cmd Agr 2957.

Havia uma ponte em betão e outra em madeira (que devo ter atrevessado, mas já não me lembro muito bem). Em qual delas se terá dado o acidente ? (**).


Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá  Ponte sobre o rio Colufe, "com a sua célebre estrutura em troncos de palmeira". Em janeiro de 1970, a ponte era guardada por uma força do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) a quem pertencia o nosso camarada Manuel Mata.

Foto (e legenda): © Manuel Mata  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]]


Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá >  Ponte (em madeira) sobre o rio Colufe, vista por quem vinha de Dulombi e Galomaro, com Bafatá em frente.  Vê-se que falta uma secção do corrimão da ponte, do lado esquerdo, sinal de que o sítio era propício a acidentes...

Foto: Cortesia do Ricardo Lemos, ex-fur mil mec, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), que vive em Matosinhos, e a quem já convidámos em tempos para integrar a Tabanca Grande.  Foi publicada no blogue CCAÇ 2700 - Dulombi, 1970/72), criado e mantido desde 2007 pelo nosso grã-tabanqueiro, da primeira hora, Fernando Barata.

Foto (e legenda): © Ricardo Lemos   (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]]
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Notas do editor:

(*) 24 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)

(**) Último poste da série > 21 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19606: Memória dos lugares (388): Ponta Varela, na margem esquerda do Rio Geba, subsetor do Xime... Mas está por fazer a história das "pontas" (pequenas explorações agrícolas, junto a cursos de água: Ponta do Inglês, Ponta Luís Dias, Ponta João da Silva, no Rio Corubal; Ponta Brandão, em Bambadinca; Ponta Geraldo Landim, no Rio Dingal / Mansoa; Ponta Salvador Barreto, no rio Cacheu, etc.)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18313: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (48): Clube de Cabuca



1. Em mensagem do dia 3 de Fevereiro de 2018, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais uma memória boa da sua guerra, desta vez não dele propriamente dita mas do Ricardo Figueiredo, ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523.


MEMÓRIAS BOAS DA MINHA GUERRA

48 - Clube de Cabuca
 
Sempre que eu e o camarada Ricardo Figueiredo comentamos as “Memórias boas da minha guerra”, ele fala da sua vivência no “Clube de Cabuca “(73/74), onde tudo de bom acontecia, com sério destaque para o caso da Rádio “No Tera”.

Agora, que tive conhecimento desse período admirável, vejo-me na agradável obrigação de registar este pequeno contributo para a História Colectiva da Guerra do Ultramar.

A todos os obreiros daquele louvável trabalho, presto a minha singela e devida Homenagem!

Os militares da 2.ª CART/BART 6523, logo que instalados em Cabuca, destacaram-se pelo seu espírito de camaradagem e solidariedade.



No “Clube de Cabuca”, os seus esforçados associados  assumiram a criação do Jornal, da Biblioteca, da “Tele-Escola” e de muitas actividades de desporto e recreio. Todavia, foi a criação da rádio “No Tera” que teve mais impacto junto dos militares da 2.ª CART.  “Os Abutres”.

Extracto de um texto publicado no Jornal “ O Abutre” 


“Parece-me mentira mas é pura verdade. 
Eu que ando nestas andanças desde 1961 e tendo cumprido duas comissões em Moçambique e uma em Angola, sempre estive no mato integrado em Companhias Operacionais, nunca encontrei um punhado de bons rapazes que em vez de pensarem em si próprios, pensam antes de mais nada nos outros, que, por motivos vários, não tiveram a felicidade de poderem ir mais além na sua cultura. Pois graças a esse punhado de rapazes, que arregaçaram as mangas e sem olharem a sacrifícios de toda a ordem, especialmente pelo isolamento em que vivemos, esses rapazes, dizia eu, já puseram a funcionar aulas para a 4ª Classe e Ciclo Preparatório, uma Biblioteca onde já temos um número de livros muito engraçado e onde todos nós podemos requisitá-los para melhor passarmos os nossos momentos de ócio e iremos ter um Jornal diário do Porto, Jornal de Notícias (não esquecer que 60% do pessoal é nortenho), e três vezes por semana o Jornal A Bola. Montaram um Posto Emissor Interno, que quando só podemos estar nos respectivos abrigos nos proporciona umas horas de boa música, um Campeonato de Futebol inter-Pelotões e ainda o nosso jornal “O Abutre”.

Foi só isto que este punhado de rapazes já fizeram, e segundo parece ainda não querem parar por aqui….”

Adelino A. Monteiro
1.º Sarg. Art.

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Rádio “No Tera” 

GoodMorning Vietnam!

Quem não se lembra deste filme de sucesso, parodiando peripécias da guerra dos americanos em terras do Vietnam? Para nós, os ex-combatentes, este filme sobre a guerra despertou-nos, desde logo, alguma e evidente curiosidade.


Foi o grande actor Robin Williams quem deu vida a esta intervenção permanente junto dos militares, através de uma estação de rádio instalada em Saigão. Embora o filme tenha sido realizado em 1987, o seu enredo diz respeito ao período de intervenção militar entre 65 e 67. 

O que ninguém se lembra é que, quase na mesma altura, na Guiné e, também, em teatro de guerra, se viveram grandes momentos de paródia guerreira, relatados na Rádio “No Tera”.



O seu grande dinamizador foi o despromovido Carlos Boto, que, condenado disciplinarmente, cumpria a sua 3ª comissão de serviço.

Foi ele quem pediu ao Cap. Vaz o aparelho de rádio RACAL que, devidamente afinado, passou a transmitir em onda curta 25 M, nas bandas dos 12.900 e 13.700 KHZ/s. Transmitia ainda em 31 M na banda dos 9.200, na onda marítima e na onda média.

A rádio era liderada por Carlos Boto (Produção, Direcção e Montagem), e contava com a colaboração de Zé Lopes (Discografia),Toni Fernandes (Sonoplastia), Arménio Ribeiro (Exteriores) e Victor Machado (Locução).



- Ráaadiiiooo… “No Tera”!!! … Boa Tarde… Cabuca! – gritava repetidamente o locutor de serviço, logo após a entrada do sucesso musical - Pop Corn (https://www.youtube.com/watch?v=mBDgfBunNyc). E anunciava:
- Já de seguida: - Múuusicaaa na picadaaa - programa de discos pedidos.
- Mais logo, depois do noticiário das 21,00, teremos: - Resenha desportiva
- E a partir das 22.00: - Concurso surpresa.


Repórteres da Rádio "No Tera" entrevistam o Furriel Quim Fonseca, responsável pela habitual celebração/transmissão da Missa Dominical em crioulo

A Rádio “No Tera” era um orgulho para todos os Cabucanos, incluindo os seus verdadeiros indígenas. Toda a gente acompanhava a Rádio e nela colaborava dentro das suas possibilidades.

A rádio PIFAS, sediada em Bissau, que cobria todo o espaço militar guineense, chegou a fazer referências de elogio ao bom desempenho da Rádio “No Tera”.

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Concurso polémico

Durante uns dias, a rádio anunciou o “Concurso Mama Firme”. Esperava-se, desta forma, classificar e premiar as medidas peitorais das mulheres Cabucanas. Diga-se de passagem que a tropa se esforçou imenso para que as suas conhecidas, especialmente as suas lavadeiras, ali viessem expor o seu porte. O Carlos Boto, que fora o promotor da ideia, esteve quase a levar um enxerto de porrada do corpulento milícia Jeremias, devido às insistências junto de sua mulher.

Quem também não gostou da ideia, foi o Chefe de Tabanca Mamadu, que lembrou os radialistas de que às mulheres de Cabuca estava vedada a participação em concursos de beleza. E justificou:
- Poderíamos premiar a beleza interior porque somos nós que a fazemos e não a beleza exterior, porque essa é um produto de Deus.

Decepcionados pelo fracasso, os promotores da iniciativa, reunidos de emergência, resolveram considerar a informação do Chefe de Tabanca e alterar para um “Concurso de …Piças”.

Naquele dia, a emissão da rádio abriu excepcionalmente às 15H00, por forma a poder publicitar massivamente a forçada alteração do concurso anunciado.

Foi no refeitório, por volta das 17,30, que se iniciou o evento. Para começar, ninguém queria mexer em piça alheia. Teve que ser o Oficial Dia, António Barbosa, a assumir a função de Juiz Árbitro, Decididamente, sacou a faca de mato e traçou sobre a mesa uma linha para servir de medida limite para admissão ao concurso. E avisou:
- Quem não chegar ao traço, fica logo de fora e quem o ultrapassar mais, ganhará uma garrafa de whisky.

Não levou muito tempo a que aparecessem alguns a “experimentar” a medida. Porém, não satisfeitos, voltavam para trás, e exercitavam-se a “tocar ao bicho”, na esperança de que ele crescesse de forma satisfatória. Aliás, ninguém abdicou de se exercitar ali…descaradamente. Numa das mesas viam-se o Matosinhos, o Carvalho e o Maia em acção, ao mesmo tempo que olhavam afincadamente para a mesma revista… erótica.

Quem não se desenrascava era o Zé Faroleiro, cuja fama e porte de machão eram bem conhecidos. Por mais festas que fizesse ao animal, não conseguia despertá-lo.
- Ó filhos da puta! Badalhocos!!!– gritou o Vagomestre, surgindo dos lados da cozinha. E acrescentou:
- Não tendes vergonha de sujar a mesa onde comeis, com pintelhos e pingos??? Francamente!!!

O concurso ficou pontualmente suspenso, precisamente quando havia algumas dúvidas quanto ao vencedor. Furioso, o Vagomestre chamou o básico Pequenitaites, ajudante da cozinha:
- Ó Faxina, vem cá. Traz um pano húmido e limpa esta mesa.

Quando este se aproximou, tomou conhecimento das medidas que apontavam para o possível vencedor. De repente, exclamou:
- Se é assim, eu podia ganhar!

A gargalhada foi geral. Mas o básico aproximou-se e, um tanto envergonhadamente, abriu a braguilha, sacou o marmanjo e, meio encoberto pelo pano da limpeza, pousou-o sobre a mesa.

Como o Pequenitaites parecia que não atingia a medida maior, logo alguns intervenientes (os mais avantajados) tentaram afastá-lo. Porém, o básico subiu para um pequeno tijolo de barro para poder chegar com os testículos ao tampo da mesa e poder competir em condições de igualdade.
- Ei pá!!! Foda-se!!! Mas que grande piça!!! – exclamaram abismados, os presentes.

Todas as outras murcharam e… ficaram desclassificadas.

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Notas:

1 - A Rádio “No Tera” veio a ser suspensa por ordem do Capitão Vaz. Quando esteve programada a visita de Spínola a Cabuca, a Rádio “No Tera”, além de anunciar essa deslocação do Governador-Geral da Guiné, incentivava os militares a limparem as instalações e a esmerarem-se na sua apresentação. Ora, como é de calcular, esta incúria foi manifestamente prejudicial em termos de segurança e bastante comprometedora junto das Forças Inimigas.

2 – Doze anos depois do regresso, o Ricardo Figueiredo teve a oportunidade de saber da boca do Pequenitaites que o tamanho do seu pénis só lhe trouxera dissabores. Confessou-lhe que as namoradas se assustavam e que a mulher que mais amara trocou-o por um lingrinhas que era conhecido por “Pilinha de Gato”.
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18251: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (47): O Zé Manel de Mampatá - Poeta da Régua (2)

sábado, 16 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17773: (D)o outro lado do combate (10): um contributo histórico para o 'achado macabro' em 23/3/1970 em Cabuca, região leste, ao tempo da CART 2479/CART 11 (Jorge Araújo)







Mensagens do Jorge Araújo:

(i) 17 de junho de 2017_



Caro Luís, Boa Noite!

Eis o meu contributo sobre as "fotos à procura de...uma legenda" ('achados macabros' em Cabuca), que o camarada Valdemar Queiroz tomou a iniciativa de as partilhar connosco. (*)


Que ele tenha alguma utilidade é esse o meu objectivo.


Bom domingo. Um abraço, Jorge Araújo.


(ii) 7 de julho de 2017:

Caro Luís,Bom dia.


Ainda que não esteja curado da minha maleita (não tenho memória da última vez que estive tão atacado), vou-me chegando à linha da frente pois as tarefas e responsabilidades têm que entrar na normalidade.


Li as últimas notícias do blogue e cada uma delas abre novos caminhos de aprofundamento histórico.

Por exemplo, a referência à emboscada do dia 26.10.71, ocorrida na Estrada Piche-Nova Lamego, indicada no endereço do aerograma do P17550, com quatro baixas das NT, sinaliza/confirma a estratégia do PAIGC nessa zona e que, a propósito dos "achados macabros em Cabuca, que o camarada Valdemar Queiroz nos deu conta, me levou a elaborar mais um escrito que no passado mês de Junho te enviei.

Para além do texto, a infogravura que elaborei a partir dos documentos consultados, permite-nos visualizar os esquemas de funcionamento da mobilidade dos bigrupos/grupos IN no terreno.

Seria interessante, digo eu, divulgar este esquema, pois acredito que ele ajudará a tornar mais perceptível outras ocorrências negativas que infelizmente fazem parte da historiografia de algumas Unidades que passaram por aquela região.

Tenho uma fezada de que este tema pode ter algum desenvolvimento e, quiçá, surgirem mais algumas imagens como as do Camarada Valdemar Queiroz.

Bom fim-de-semana... com saúde.

Ab. Jorge Araújo. (**)


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17471: Fotos à procura de...uma legenda (86): um achado macabro em 23 de março de 1970, depois do ataque a Cabuca (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

(**) Último poste da série > 3 de julho de  2017 > Guiné 61/74 - P17537: (D)o outro lado do combate (9): Regime de Sékou Touré e PAIGC: propostas de reforço da cooperação militar, elaboradas por Amílcar Cabral, 4 meses antes de ser assassinado (Jorge Araújo) - Parte II

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17471: Fotos à procura de... uma legenda (86): um achado macabro em 23 de março de 1970, depois do ataque a Cabuca (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)



Foto nº 1


Foto nº 2 A 


Foto nº  2

Guiné > Região de Gabu > Cabuca > CART 2479 / CART 11 > 23 de março de 1970 >  Material do PAIGC abandonado (morteiro 82, completo, e granadas) e um morto


Fotos: © Valdemar Queiroz (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] 

Data: 4 de junho de 2017
Assunto: Muito mais que fotos à procura duma legenda ou o macabro acontecimento


Luís Graça:

Ando, desde que entrei para o nosso grande blogue/convívio da rapaziada que esteve na Guiné, para publicar/apresentar estas fotos de quando o meu 4º Pelotão da CART11 foi, de Nova Lamego a Cabuca, em 23 de março de 1970, acudir, ao que tinha sido um grande ataque a Cabuca, no dia, tarde ou  noite anterior, não sei ao certo, e levar munições e mantimentos.

Foi o meu 4º Pelotão que saiu muito cedo de Nova Lamego para Cabuca [, a sudeste de Nova Lamego, e a nordeste de Canjadude], já com a estrada picada pela milícia, era sempre assim, para podermos avançar, quem não se lembra destas picagens ?!

Lá fomos estrada/picada fora, nunca dantes vista por nós, deveria ter sido a nossa primeira intervenção, até Cabuca,  levar reforços em munições e mantimentos. Sem problemas chegámos a Cabuca que tinha sido fustigada no dia ou noite anterior.

Não conheço testemunhos descritos no nosso blogue do que aconteceu em Cabuca, no dia 21 ou 22 de março de 1970. [Sobre Cabuca há 3 dezenas de referências no nosso blogue.]

Quando lá chegámos, verificámos que tinha havido um grande ataque à tabanca e instalações da tropa e até a Capela tinha sido destruída com morteirada.

Não percebo, ou melhor eu agora não percebo, como é que foi feito o contra-ataque da tropa de Cabuca para o IN ter sido desbaratado, deixando grande quantidade de material de guerra (foto nº 1) e um morto no terreno (foto nº 2).

O que estas fotos, que remeto em anexo, têm de macabro, é eu a olhar para o homem do IN, morto em combate, atingido por vários tiros ou estilhaços e, também, ter ficado sem um pé (ver caixa metálica, em cima, com o pé dentro) (foto nº 2A).

Valdemar Queiroz



Guiné > Carta da Província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: o triângulo Nova Lamego - Canjadude > Cabuca.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


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Nota do editor:

Último poste da série >  7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17326: Fotos à procura de uma... legenda (85): Nossa Senhora de Fátima de Guileje... a propósito do lançamento do livro de Luís Branquinho Crespo, "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16789: Inquérito 'on line' (89): Batota havia, ponto assente: Dancei conforme a música e, quando fui maestro, assumi... Dou três exemplos: a CCAÇ 12, no tempo do cap mil inf José António de Campos Simão; o CIM de Bolama; e a CCAV 3404, em Cabuca (João Candeias da Silva, ex-fur mil, CCav 3404, Cabuca, 1972, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1973, e CIM Bolama, 1973/74)


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Cabuca > Brasão da CCAV 3404 / BCAV 3854... Este batalhão embarcou em 4 de julho de 1971 e regressou à Metrópole em 5 de outubro de 1973... Esteve sediado (comando e CCS) em Lamego (Comandante: ten cor cav António Malta Leuschner Fernandes). A CCAV 3405 esteve em Mareué e Nova Lamego. A CCAV 3406 em Madina Mandinga.   O João Candeias, fur mil, pertenceu originalmente a esta companhia, a CCAV 3404, antes de ingressar, em rendição individual, na CCAÇ 12.

Foto: Cortesia de Os Abutres de Cabuca


1. Comentário de João Candeias, nosso leitor e camarada (a quem já dirigimos, em vão, convite para integrar a Tabanca Grande):


Batota havia,  ponto assente.

Inicio de 1973,  estando a [CCAÇ] 12 sediada em Bambadinca e depois no Xime, nas operações comandadas pelo capitão Simão [, cap mil inf José António de Campos Simão],  não houve batota e sofremos duas emboscadas num curto espaço temporal. 

Quando o capitão não participava ficávamos recorrentemente "acampados" a uma distância relativamente curta do arame. Não vi nenhum sinal de desagrado tanto pelos quadros como pelos militares da província. Esta situação sempre foi aceite como "normal" e não era objeto de conversa nem de censura.

Em Bolama todos os dias saía uma secção comandada por um furriel para uma operação de 24 horas, 365 dias por ano. Era utilizado um Unimog 411. O furriel recebia um envelope onde estavam as instruções para essas 24 horas. Confesso que poucas vezes as cumpri na totalidade. O serviço terminava com a picagem da pista de aviação,  o que cumpri sempre a 100%.

Também em Bissau uma vez estive de sargento de piquete no Depósito Adidos e não cumpri o "programa" estabelecido que incluía uma inspeção à cadeia de Brá, que não fiz.

Em Cabuca, na Ccav 3404, comandada pelo capitão Moura, todas as operações eram cumpridas à risca.

Dancei conforme a música. E quando fui maestro assumi.

Tive várias experiências porque fui em rendição individual.

João Candeias, 
Ccav 3404, Ccaç 12, CIM Bolama
[Cabuca, Bolama, Bissau, Bambadinca, Xime, 1972/73] (**)

segunda-feira, 7 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15827: (De)caras (35): Quem nunca apanhou um pifo, de caixão à cova, que levante o primeiro copo!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)





Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  > Nova Lamego > c. 1969/70 >  O Valdemar Queiroz, de ter "dado de beber à dor"...

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz  (2016). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem de anteontem, do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]


Assunto: Quem nunca apanhou uma bebedeira, que levante o primeiro copo.

Em Nova Lamego, depois de receber notícias, embebedei-me.

Já estava na varanda do  refeitório (oficiais e sargentos) a beber uns uisques, à espera de notícias (aerogramas).

Beber uns uisques é diferente de beber uma garrafa de Antiquary (*)... E foi uma grande bebedeira.

- Então, Queiroz? Passa-se alguma coisa? - perguntou-me o 1.º Sargento Ferreira Júnior.
- Meu primeiro, isto passa com mais uns copos, isto passa  - respondi, mas já com uma lágrima no olho.

Foi a garrafa toda e que mais houvesse.

Depois levaram-me a tomar banho à fula, num bidão que  havia na nossa casa de banho e deitaram-me dormir, até de manhã.

De manhã, estávamos escalados para irmos a Cabuca levar víveres e munições. E lá fomos, numa manhã fresca do cacimbo... Nada como o cacimbo do leste da Guiné para curar um pifo de caixão à cova...  A caminho de Cabuca senti que já me estava a passar a imagem da Ilda... a minha namorada. (**)

Valdemar Queiroz
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5672: Estórias avulsas (23): Old Parr e Antiquary a 90$00 (Luís Dias)

sábado, 7 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13253: Documentos (28): PAIGC Actualités (António Barbosa) (2): O nº 56, de Dezembro de 1973, dedicado à admissão da Guiné como 42º Estado Membro da O.U.A.


 1. O nosso Camarada António Barbosa (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523, Cabuca, 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem:


Camaradas,

No meu arquivo particular tenho alguns documentos propagandísticos do PAIGC que haviam sido apreendidos pela PIDE, em Cabuca (cadernos e panfletos), e iam ficar abandonados no quartel em 1974, aquando da nossa saída definitiva daquele território.

Hoje envio-vos a segunda digitalização referente ao panfleto PAIGC actualités nº 56, datado de Dezembro de 1973, dedicado à admissão da Guiné como 42º Estado Membro da O.U.A. 

Brevemente enviarei mais algumas digitalizações para publicação, enquanto pensar ser interessante para o blogue este tipo de “material”. 





Cumprimentos
António Barbosa
Alf Mil Op Esp/RANGER do 1º Pel. da 2ª CART/BART 6523.

Imagens: © António Barbosa (2013). Direitos reservados.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: