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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23515: In Memoriam (446): Gen João Almeida Bruno (1935-2022), que esteve connosco no CTIG, foi comandante da mítica Op Ametista Real, à frente dos seus bravos Comandos da Guiné, e participou depois no 25 de Abril


Lisboa >  2009 >  Da esquerda para a direita, o cor inf 'comando' ref Raul Folques e o ten general 'comando' ref Almeida Bruno (os dois primeiros comandantes do Batalhão de Comandos Africanos da Guiné, e ambos Torre e Espada) e o saudoso grã-tabanqueiro Amadu Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015).

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




João Almeida Bruno (19935-2022)


1. Mensagem do nosso amigo e camarada Mário Vitorino Gaspar:

Data - 11 ago 2022 9h18

Assunto - Morreu o general Almeida Bruno, capitão de Abril 

Caras Amigas e Caros Amigos

Estive mais uma vez hospitalizado no Hospital das Forças Armadas (HFAR), e tive a companhia, na mesma Enfermaria, do General Almeida Bruno.

Tive Alta a 8 de agosto e o Capitão de abril faleceu a 10.

Paz à sua alma (*)…

Mário Vitorino Gaspar
 

2. Presidente da República evoca General Almeida Bruno

10 de agosto de 2022

O Presidente da República evoca, com respeito, admiração e amizade, o General João de Almeida Bruno, apresentando as suas condolências à Família e ao Exército Português, que serviu com independência, sentido de missão e devoção integral.



3.  Recorte do Diário de Notícia, de  10 ago 2022, às 18h42 (com a devida vénia):

Morreu o general Almeida Bruno, que a PIDE tentou matar a um mês do 25 de abril

(...) Morreu esta quarta-feira o general João de Almeida Bruno, aos 87 anos, no Hospital das Forças Armadas.

Um dos mais condecorados oficiais da Guerra Colonial, participou no Golpe das Caldas, em que se tentou acabar com a Ditadura que vigorava em Portugal, um mês antes da revolução do 25 de abril de 1974. Nessa altura, foi alvo de uma tentativa de homicídio por parte da PIDE.

Almeida Bruno incorporou o Exército em 1952 e serviu as Forças Armadas ao longo de mais de quatro décadas, tendo estado na Guiné-Bissau e em Angola durante a Guerra Colonial e integrado o curso de oficiais da Academia Militar em 1953, ao lado de Loureiro dos Santos, Gabriel Espírito Santo, Ernesto Melo Antunes e Ramalho Eanes.

Após o 25 de abril, o general assumiu o cargo de diretor da Academia Militar. Entre 1994 e 1998, antes de passar à reforma, foi presidente Supremo Tribunal Militar.

Ao longo da carreira foi distinguido com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com as medalhas de Valor Militar e da Cruz de Guerra, e com a Ordem Militar de Avis, entre outras condecorações. (...)



O comandante da mítica Op Amestista Real 


4. Na sua página do Facebook, escreveu hoje, às 8h53,  o Carlos Matos Gomes (ambos participaram na mítica Op Amestista Real, de que o major Bruno Almeida era o comandante, à frente dos seus bravos Comandos da Guiné):

No falecimento do general Almeida Bruno.

Acima de tudo a tristeza de ver partir um amigo, mas depois a de ver partir um ser excecional de generosidade, de coragem e de afetos, Ficarei com a memória de momentos muito difíceis partilhados e da sua atenção para com os amigos.
 
As Forças Armadas perdem um dos seus melhores. A democracia e a nova posição de Portugal no mundo após o 25 de Abril devem-lhe muito (mais do que é comum ser dito).  Um dia será reconhecido.

Eu perco uma voz e uma presença com quem cada momento era de cumplicidade e de respeito.

Até sempre, comandante. Encontramo-nos em Cumbamory, em Madina, no Estoril, na Amadora, em Caxias, em Brá, no Jóquei, na Colina. Uma bela coincidência, esta, a do nome do último restaurante onde nos encontrávamos.


5. Comentário do editor LG:

Não convivi com o gen (capitão no meu tempo, 1969/71) Almeida Bruno. Era então ajudante de campo do gen Spínola (que, entre as várias alcunhas que tinha, também era conhecido como o "Aponta, Bruno").

Para além das anedotas e dos "faits-divers" (e dos pequenos "desaguisados", das "frases menos felizes", etc.) ficam os homens, os portugueses que honraram Portugal, seja nas armas seja nas artes, nas letras, na ciência, no desporto, na política, etc... O Almeida Bruno já lá estará no "céu dos guerreiros" e no "cantinho dos portugueses"...

Que a família, os amigos do peito e os camaradas mais próximos saibam suportar a dor da sua perda.  
A Tabanca Grande, que representa o blogue dos amigos e camaradas da Guiné, apresenta condolências à família e aos camaradas que com ele combateram ou privaram de mais perto. 

sábado, 18 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23364: Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra? (5): um "annus horribilis" para ambos os contendores: O resumo da CECA - Parte IV: Op Ametista Real, de 17 a 21 mai73, destruição da base de Cumbamori, no Senegal


Raúl Folques, com o posto de major foi o último comandante do Batalhão de Comandos Africanos, antes do 25 de Abril de 1974, mais exactamente entre 28 de Julho de 1973 e 30 de Abril de 1974, tendo sido antecedido pelo major Almeida Bruno (2 de Novembro de 1972 a 27 de Julho de 1973), e imediatamente seguido pelo Cap Matos Gomes (1 de Maio a 12 de Junho de 1974). Os dois aparecem aqui na foto, à esquerda, o Matos Gomes, e à direita o Folques.

Foto editada, extraída de Amadu Bailo Djaló - Guineense, comando, português. Lisboa: Associação de Comandos, 2010, p., 240 (com a devida vénia...)

Estes três oficiais, juntamente com o cap paraquedista António Ramos, foram os únicos europeus a participar, com os militares do Batalhão de Comandos Africanos, e o Grupo do Marcelino da Mata, na célebre Op Ametista Real, de assalto à base do PAIGC em Cumbamori, no Senegal, em 19 de Maio de 1973, e cujo sucesso permitiu aliviar a pressão sobre Guidaje. Nessa dramática operação, o major Folques foi ferido. Os números oficiosos apontam para 9 mortes, 11 feridos graves e 23 ligeiros, entre as nossas força.




Lisboa >  2009 >  Da esquerda para a direita, o cor inf 'comando' ref Raul Folques e o ten gen 'comando' ref Almeida Bruno (os dois primeiros comandantes do Batalhão de Comandos Africanos da Guiné) e o saudoso grã-tabanqueiro Amadu Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015).

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

O Amadu Jaló tem onze páginas (pp. 248-258), no seu livro "Comando, Guineense, Português" (edição da Associação dos Comandos, 2010), de grande intensidade dramática, sobre a Op Ametista Real, e nomeadamente sobre a retirada dos comandos africanos até Guidaje e depois até Bigene, com o Raul Folques ferido e amparado pelos seus soldados.



1. Guidaje, Guileje e Gadamael, os famosos 3 G... Daqui a  um ano, em 2023, a "batalha dos 3 G" vai fazer meio centenário...

Será que já está tudo dito, escrito e lido sobre os 3 G ?  Não, ainda há muito coisa para dizer, ler, ouvir e aprender, sobretudo aqueles de nós que não viveram na pele as agruras daqueles longos, trágicos mas também heróicos dias de maio e junho de 1973... Dias que não se podem resumir à contabilidade (seca) das munições gastas ou das baixas de um lado e do outro (e foram muitas, as baixas, as perdas).

Nestes dia que correm de fim de primavera, em que passam 49 anos sobre a Op Amílcar Cabral, em que o PAIGC jogou forte (em termos de meios humanos e materiais mobilizados) contra as posições fronteiriças de Guidaje (no Norte) e Guileje e Gadamael (no Sul), pareceu-nos oportuno repescar alguns postes e comentários que andam por aí perdidos... E publicar novas histórias ou informção de sinpose dos aconteimentos.

Daí esta série "Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra?"...

Felizmente que ainda temos muitos camaradas vivos, que podem falar "de cátedra! sobre os 3 G, Guidaje, Guileje e Gadamael... Outros, entretanto, já não estão cá, que "da lei da morte já se foram libertando"... Do lado do PAIGC, por seu turno, é cada vez mais difícil poder-se contar com testemunhos, orais ou escritos, sobre os acontecimentos de então.

Damos continuação à publicação de um excerto da CECA (2015) sobre estes acontecimentos (*).


CAPÍTULO III > ANO DE 1973 > 2. Nossas Tropas >

 2. 2. Operação Ametista Real - 17 a 21Mai73


(...) A partir da segunda semana de Maio de 1973 a situação na área de Guidaje foi-se agravando, quer pelas flagelações inimigas ao aquartelamento, quer pelos ataques lN às colunas de reabastecimentos vindas de Farim.

Houve a notícia de movimentações de tropas do PAIGC junto à fronteiran com a República do Senegal e existiram dificuldades em evacuar os feridos em combate devido às limitações de emprego dos meios aéreos.

Estes factos levaram o Cmdt-Chefe a decidir avançar com uma operação de grande alcance para conter as forças do PAIGC que atacavam Guidaje e abrandar a tensão sobre este aquartelamento a fim de possibilitar o reabastecimento da guarnição militar e a evacuação dos feridos.

A missão de executar a operação foi atribuída ao Batalhão de Comandos da Guiné.

Transcreve-se o relatório da operação elaborado pelo Cmdt do BCmds em 25Mai73. Estão omitidos os Anexos A, B, C e D.

Relatório da Operação "Ametista Real"

Realizada de 17 a 21Mai73 na Região de Guidaje - Bigene - Binta. Referência: Folhas da Carta de Guiné: Guidaje - Bigene - Binta. Escala 1/50.000

1 - Situação

a. Forças Inimigas

- O mencionado na ordem de Operações "Ametista Real"

b. Forças Amigas

- COP 3 Bigene; Guidage. | COP 2 Binta | BA 12 6 aviões "G-91", alerta em Bissau.

2 -Missão

Aniquilar ou, no mínimo desarticular os elementos ln na região compreendida ntre Guidaje e Bigene.

3 - Forças Executadas

a. Comando: Cmdt/Oper - Maj Cav, "Comando" João de Almeida Bruno.

b. Composição e Articulação de Forças

- Agr Centauro (3ª CCmds a 6 Gr Cmds) | Comandante Cap Inf"Comando" Raul Folques.

- Agr Bombox (2ª CCmds a 6 Gr Cmds) | Comandante Cap Cav "Comando" Matos Gomes.

- Agr Romeu (1ª CCmds a 6 Gr Cmds + 1 Gr COE) | Comandante Cap Para António Ramos.

c. Meios:  13 CCmds; 2ª CCmds; 3ª CCmds; 1 Gr COE; 4 helis ALL III - TEVS; 2 helis ALL III - armados; 6 aviões G-91 - ATIP e ATAP (alerta em Bissau); 4 aviões DO-27 - DCON.

d. Alterações à Orgânica Regulamentar - Nada.

4 - Planos estabelecidos para a Acção

Foram estabelecidos contactos pessoais com a REPOPER, REPINFO, COAT/BA 12 CMDDEFMAR.

5 - Desenrolar da Acção

Dia 17Mai73:  18h00- Saída de Bissau para Bigene em LDG.

Dia 18Mai73: 23H50 - Saída de Bigene para a base de ataque.

Dia 19Mai73

06h20 - Chegada à base de ataque.

08h20 - Início do bombardeamento da FAP e exploração da zona de objectivos.

09h05 - Estabelecido o primeiro contacto com o lN.

14h10 - Estabelecido o último contacto com o lN. ln estimado em 500/600 elementos armados, com apoio de mort 82 mm, canhões s/recuo e foguetões.

14h30 - Início da progressão para a base de recolha.

18h20 - Chegada a Guidaje.

Dia 20Mai73

08h30 - Saída para Binta.

19h30 - Chegada a Binta.

Dia 21Mai73

07h30 - Saída de Binta para Bissau.

16h00- Chegada a Bissau.

6 - Resultados obtidos

(1) Obtidos pelas NT sobre o lN

a. Baixas causadas ao ln

- Mortos (confirmados) 67.

- A FAP deve ter provocado com os seus bombardeamentos elevadas baixas ao lN que se estimam, dado o facto de o último bigrupo lN referenciado ser de efectivo de cerca de 150 elementos, entre 100 a 150 elementos.

b. Material destruído e capturado:

Material destruído

- Depósito de Material 16

- Paiois (bombardeados pela FAP) 6

- Mort AA (bombardeados pela FAP) 2

- Munições de armas ligeiras 50 mil

- Esp aut Kalashnikov 300

- Pist metr PPSH 112

- Gra mão 560

-Minas A/C  505

- Minas A/P  400

- Metr Lig  Degtyarev 100

- Mort 82 mm 11

- Canhão s/r  14

- LGFog RPG-7 138

- LGFog RPG-2 450

- Gran Canhão s/r  1.100

- Gran mort 60 mm 225

- Gran mort 82 mm 406

- Gran LGFog  RPG-7 54

- Rampas de foguetões 122 mm 21

- Foguetões de 122 mm 53

Estes números são estimados, embora tenha havido o cuidado de, tanto quanto possível, contar o material destruído.

Os paióis destruídos pelos bombardeamentos da FAP devem triplicar o material destruído mas não é possível estimar nem o seu volume nem a sua natureza, embora se pense que seriam na sua grande maioria munições de morteiro e de canhão s/r, dados os violentos rebentamentos que provocaram.

c. Material capturado

- Anexo B

d. Documentos

- Nada

e. Objectivos lN destruídos

A FAP e as FT devem ter destruído quase na totalidade a organização militar lN sediada na Zona. No entanto julga-se que o lN ainda ficou com algumas instalações que não poderam ser
referenciados na altura.

(2) Baixas causadas às NT pelo lN

a. Pessoal

- Anexo C

b. Material

- Anexo A

(3) Baixas sofridas pelas NT por outras causas.

a. Pessoal

- Nada.

b. Material

- Anexo A

(4) Munições consumidas

- Anexo A

7 - Serviços

- Ração de reserva para 4 dias | Água para 4 dias.

8 - Apoios

O COATIBA 12 apoiou a Operação em ATAP e ATIP com aviões G-91

9 - Ensinamentos colhidos

a. Referentes ao lN

- Revelou-se muito forte e organizado, defendendo a todo o custo as suas posições.

- Além de enquadramento cubano (?), foram referenciados 4 elementos da Mauritânia (3 mortos e 1 ferido que veio a morrer posteriormente).

b. Referentes às NT

- Necessidade de armas de apoio (mort 81 mm e canh s/r  5,7 cm).

10 - Diversos

a. Citações

- Anexo D.

ANEXOS

A - Mat das NT extraviado, danificado e consumido.

B - Mat capturado ao lN.

C - Baixas sofridas pelas NT.

D - Citações [... ]"

Execução"

"As forças do batalhão de comandos saíram em 17 de Maio de Bissau numa LDG, apoiadas por duas LFG, e desembarcaram em Ganturé nessa tarde. 

Depois de briefing em Bigene, saíram pelas 23h50 para norte, pela seguinte ordem: agrupamentos Bombox, Centauro e Romeu.

Pelas 05h30 de 19 de Maio, a testa da coluna alcançou o itinerário que apoiava a base de Cumbamori, objectivo principal da operação. O agrupamento Bombox passou para norte da estrada, o agrupamento Centauro ocupou posições a sul e o agrupamento Romeu instalou-se à retaguarda, numa pequena povoação.

Às 08h20 iniciou-se o ataque aéreo com aviões Fiat G-91, que destruíram os paióis da base, tendo as munições explodido durante algum tempo.

Às 09h05, o Agrupamento Bombox executou o assalto inicial, provocando o primeiro contacto com as forças do PAIGC. Estes combates desenrolaram-se até às 14h10, quando o comandante da operação deu ordem para o Agrupamento Centauro apoiar uma ruptura de contacto entre as suas forças e as do PAIGC.

Foi uma operação de grande dificuldade, porque os combatentes de um e de outro lado se encontravam muito próximos. O comandante do Agrupamento Centauro  [Raul Folques]
 ferido, mas conseguiu realizar essa separação [... ]. 

Às 14h30 o batalhão de comandos iniciou o movimento para a base de recolha e às 18h20 os seus primeiros elementos chegaram a Guidaje. 

Em 20 de Maio, o mesmo batalhão saiu de Guidaje para Binta, a pé, deixando ali os seus feridos e os militares que não se encontravam em condições de prosseguir a marcha. Em Binta, embarcou numa LDG de regresso a Bissau".

[Nota: Aniceto e Gomes, Carlos de Matos, "Guerra Colonial" ... pp. 506-507. ]

(Continua)


Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo ads Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 313/319. (Com a devida vénia...)

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos e itálicos, pata efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]

______________

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23298 Convívios (930): 48.º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 19 de maio de 2022 - Parte II: caras (lindas) que não se viam há mais de 2 anos; outras aparecem pela 1º vez...

  


Foto nº 9 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Caras lindas que não se viam por aqui há mais de 2 amos: primeiro veio a pandemia, depois vieramas  mazelas do corpo e da alma... A niossa Eisabete Silva, por exemplo, quem diz que em 2013 andava pelos matos e bolanhas da Guiné-Bissau, toda fresca, com o marido,  o nosso dr. Francio Silva, cirurgião ortopedista, e que depois passou por um grave problema de saúde... Está de volta aos convívios da Tabanca da Linha e com ótima cara... Que bom, ver-te, Elisabete !




Foto nº 10 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Que bom, rever-te, Francisco!.. Temos andado desencontrados, mas cada um à volta dos seus  problemas de saúde... e lambendo, como o cão do balanta. as suas feridas,   Dizem-me que não tens atendido os telefonemas de ninguém...Grande madeiresne, amigo e camarada, as tuas melhoras!... OLha, eu acabo de fazer uma artoplastia total ao joelho esquerdo, no Hospital Ortopédico de Sant'Ana, na Parede... Agora são dois meses de fisiatria...



Foto nº 11 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Assim de repente estou a reconhecer o meu querido amigo e colaborador permanente do blogue, o José Martins, o homem que conhece o Arquivo Histórico Militar quase tão bem como aos cantos da sua casa em Odivelas.  À sua direita, tem  outro indefetível magnífico, que não costuma falhar os convívios da Tabanca da Linha, o ex-sol cond autorrodas da CCAV 2748, Canquelifá, 1970/72, Fancisco Palma... O terceiro elemento, à esquerda, é o José Manuel Lúcio Inácio (Caxias) que veio pela 1ª vez.


Foto nº 12 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Domingos Robalo: também não costuma falhar, vem da outra banda, é só atravessar o Tejo... Ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71, comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda, tem 27 referências no nosso blogue...Respira saúde, o nosso artilheiro!



Foto nº 13 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Da esquerda para a direita, o Arménio Santos, o nosso ex-deputado  e ex-dirigente sindical, que costumava ir a Monte Real, aos Encontros Naconais da Tabanca Grande, com o seu querido amigo, camarada e professor Jorge Cabral; (ii) o Silvério Dias, 1º srgt art ref, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"; e, à sua esquerda, (iii) a "senhora tenente", a  esposa, outra voz muito popular do Programa das Forças Armadas, em Bissau...



Foto nº 14 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Impecável nos seus suspensórios, o António Ramalho que vem "à Linha" sempre que pode,,, à sua direita, o Joaquim da Cruz Coelho (Lisboa) (1ª vez). Acrescenat o Ramalho eem email posterior: "O camarada que está comigo, é um Periquito nestas andanças, é o Fur. Mil Joaquim da Cruz Coelho, que consegui levar, da CCav 2639. Era do meu Gr Comb e desempenhou as funções de responsável pelo reordenamento de Capunga, foi a este nosso camarada que o Gen. Spínola disse:'Você tem mais cara de alferes do que muitos que por aí andam!'...... Os outros estão muito distantes da Linha, só um golpe de sorte os trará cá à capital"...


Foto nº 15 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 20
22 > Carvalho Guerra (Barreiro), vem pela 1ª vez.


Foto nº 16 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Reconheço à esquerda  o cor inf ref Fernando José Estrela Soares (ex-comandante da CCAÇ 2445, Cacine, Cameconde e Có, julho de 1968 / dezembro de 1970). A seu lado, o António Belo (Cadaval), grande poeta que nos maravilha cos as suas poesias temáticas e publicadas na nossa página, acrescenta o Manuel Resende.

Foto nº 17 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Aspeto geral do último andar do restaurante com magnífica vista sobre o Tejo...



Foto nº 18 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 >  Outra vista da sala..



Foto nº 19 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Zé Carioca, com o seu inconfundível bigode, mais a esposa Ilda (que também é "habituée" da Tabanca Linha, o casal vive em Cascais)



Foto nº 20 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > O nosso querido amigo e camarada Carlos Silva, gondomarense, a viver aqui no Sul, e ligado à ONGD Ajuda Amiga; mais o Zé Rodrigues, de Belas (Sintra), ao meio; e à direita o José Jesus (Trajouce / Cascais), que também raramente falha os convívios da Magnífic.


Foto nº 21 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > À esquerda, o Joaquim Nunes Sequeira, o "Sintra", que vive em Colares... Sempre afável, bem disposto, prestável, prazenteiro... É um dos "mais" da Tabanca da Linha... Ao seu lado, não sei quem seja, mas o fotógrafo logo dirá... O seu companehiro de mesa é o Alpoim Almeida Ribeiro (Algés), vem pela  1ª vez.



Foto nº 22 > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 > Raul Folques, um ds her´pis do CTIG, o cor 'comando' ref, que ostenta o peso (e brilho)  de uma Torre  e Espada, e à sua esquerda o veterano Hugo Moura Ferreira.


Foto nº 23  > Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48º Convívio > 19 de maio de 2022 >  O do meio é segu
ramente o Mário Fitas, um dos fundadores da Magnífica Tabanca da Linha. É nosso grã-tabanqueiro: tem 140 referências no nosso blogue. Os outros dois são o José Dionísio e João Coelho (de bigodito), os dois vêm pela 1ª vez.


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação de um seleção de fotos da reportagem feita pelo Manuel Resende (*). 

Como eu não estive lá, por  ter ainda há dias saído do hospital (onde fui fazer uma artroplastia total do joelho esquerdo), embora tenha sido também  "co(n)vidado",  "co(n)vi (t/d)  que declinei, por razões de saúde, ele há caras que não já não consigo identificar de imediato, tendo que recorrer aos "auxiliares de memória" que são os postes anteriores sobre a  Tabanca da Linha. 

Peço que me perdoem os visados e os nossos leitores. As fotos vão, arbitrariamente, numeradas para ajudar o Manuel Resende  (e outros) a completar, nalguns casos, as legendas. (**). Trabalho, entretanto, já feito...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22959: Agenda cultural (798): Apresentação do livro "Guerra, Paz... e Fuzilamentos - Guiné 1970-1980" da autoria de Manuel Bernardo, dia 15 de Fevereiro, pelas 15h00, na Livraria-Galeria Municipal Verney, Rua Cândido dos Reis, 90 - Oeiras. A obra será apresentada pelo Coronel Tirocinado Comando Raul Folques

C O N V I T E


GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980

Da autoria do Cor. Manuel Amaro Bernardo

BARROSO da FONTE

Por ocasião dos 28 anos da inauguração do Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar, situado junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa, chega aos escaparates das melhores livrarias do país, a obra: GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980.

Assina este livro de livros, o Coronel Manuel Amaro Bernardo que nasceu em Faro, em 1939 e que é «um oficial reformado do Exército Português. Desde 1977, passou a fazer investigação sobre a História Contemporânea mais recente, tendo publicado nove livros até 2013». Extratos desses livros relacionados com a Guiné, mais aditamentos posteriores, reaparecem, em 472 páginas, algumas das quais já faziam parte de outra obra com idêntico título, em 2007.

Não conheci pessoalmente este meu coetâneo, ele do quadro permanente e eu miliciano. Mas a sua vasta obra, coerente, patriótica, disciplinada e rigorosa sempre me alentou a formar e a formatar essas virtudes culturais e cívicas que me nortearam, como jornalista e autor, nestes 68 anos de militância ininterrupta que completo em 24 deste mês. Na minha biblioteca pessoal, exposta ao público, na Cidade Berço, que chegou a ter vinte e três mil títulos, antes de enviar partes para Timor, Câmara de Montalegre e associações periféricas, consegui adquirir, cerca de um milhar de obras de militares de todas as ideologias. Prefaciei várias, editei dúzias (como editor) e como recensor literário, li muitos mais.

Confesso que uma leitora que pessoalmente não conheço mas que me privilegia com a sua amizade e a qual considero, uma espécie de anjo da guarda de todos, frequenta, em Lisboa, os centros culturais recomendáveis para as apresentações de livros.

A Editora Âncora, por exemplo, pegou no programa «Fim do Império» que foi criado pelo Coronel Manuel Barão da Cunha, quando foi funcionário da Câmara Municipal de Oeiras, no sector Cultural.

A maior parte dos livros dos militares de Abril, quer do quadro quer milicianos, primam pela entrega das obras que nos últimos 25 anos se têm publicado. Os amigos do livro, já conhecem os locais das apresentações. E, mal sabem de mais um, logo partilham essa presença, mesmo à distância.

Com mais esta obra assim aconteceu. Acabei de ler, reler e anotar elementos para uma recensão. Manuel Amaro Bernardo, Alberto Ribeiro Soares, Jorge Golias, Jorge Lage, Manuel Barão da Cunha, todos coronéis da Guerra do Ultramar, são figuras de alto nível intelectual e académico que aprecio ter à mão para reconhecer que todos fizemos parte do mesmo ciclo. Esse ciclo prejudicou a todos, quer os profissionais das armas, quer os milicianos. Aqueles viram interrompidas as suas carreiras às portas do generalato. No meu caso que foi o de muitos milhares, que atrasaram os seus cursos superiores o seu casamento, a reconstrução das suas vidas familiares. Nunca, alguém, corrigiu esta aberração. Mas ela existe desde que a democracia ficou institucionalizada. Esse quisto, quicá furúnculo gangrenoso, é irreversível

Compensações? Somente os 310 ex-políticos e juízes que durante toda a sua vida receberão, mensalmente, pensões de luxo, entre 883 e os 13.666 euros. Mas estas verbas, conhecidas por «subvenções mensais vitalícias» nada têm a ver com os restantes rendimentos do trabalho profissional desses sortudos.

Este livro de um comentador bem documentado, obriga a uma reflexão sobre os 48 anos de democracia em construção. Edição da Âncora - programa Fim do Império.

Barroso da Fonte

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22932: Agenda cultural (797): Museu do Aljube, Resistência e Liberdade, Lisboa: exposição temporária, de 13/1 a 20/3/2022: "A Guerra Guardada: Fotografias de Soldados Portugueses em Angola, Guiné e Moçambique (1961-74)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21844: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-fur mil arm pes inf, CCAV 3851, 1972/74) - Parte I: Caldas da Rainha (A chegada às portas da tropa: um fardo pesado); Tavira (Amor, ódio e... trampa)



Guiné > Região de Tombali > CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74) > Nhacobá > s/d > Furriéis Azambuja Martins e [Joaquim]Costa

Foto (e legenda): © Vasco da Gama (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Joaquim Costa, ex-fur mil arm pes inf, CCAV 8351, "Tigres do Cumbijã"  (Cumbijã, 1972/74), membro nº 826 da Tabanca Grande, engenheiro técnico reformado, natural de Vila Nova de Famalicão, residente em Gondomar (*):



Date: segunda, 1/02/2021 à(s) 15:50
Subject: O meu primeiro poste

Meu caro Luís, camaradas e amigos, protegidos por este enorme "Poilão", que é este (nosso ) Blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné (*):

Com a devida permissão, dada pelo Luís, para me encostar a todos vós debaixo deste magnífico poilão, aqui estou, pronto para acrescentar mais uma pequena gota neste oceano de gente "grande" e boa, que por força inexorável da lei da vida vai minguando dia após dia.

Já agora, permitam que me faça acompanhar pelo meu irmão Manuel (infelizmente já falecido), mobilizado para Guiné no início dos anos 60 e também do meu filho Tiago, engenheiro civil, que esteve dois anos na zona do Cacheu na construção de uma ponte sobre o rio com o mesmo nome mais precisamente em S. Vicente (ponte Europa, mais conhecida por Ponte de S. Vicente).

O meu filho e mais 4 colegas da empresa viveram momentos dramáticos enquanto jantavam num restaurante (A Padeira) junto ao local onde foi assassinado Nino Vieira (na altura presidente da da Guiné-Bissau) sentido muito perto o cantar contínuo das Kalachnikov e o rebentar das granadas dos RPG. Foi uma fuga (sem pagar a conta) com a tensão nos limites conduzidos por um trabalhador local, subornando todas as barreiras de militares até chegar aos estaleiros da empresa em S. Vicente. Ou seja: nada mudou desde o meu tempo de Guiné…

O Camarada da nossa tabanca, Hélder Sousa, que amavelmente fez um comentário na minha apresentação (*), que muito agradeço, já fez aqui referência a uma página de internete construída pelo Engenheiro Geógrafo Pedro Moço, amigo e colega de trabalho do meu filho, que conta ao pormenor toda a história da construção da ponte. Dada a qualidade da mesma, sugiro que a revisitem (**).

A seu tempo utilizarei um poste sobre a construção desta ponte.

Aproveito também para agradecer o comentário do meu vizinho, Gil Moutinho, e proprietário do excelente restaurante, Choupal dos Melros, onde já várias vezes jantei muito bem e comemorei com amigos os meus anos.

Embora as nossas casas não distem mais de 500 metros, só o Blogue nos deu a conhecer. Já tive a oportunidade de ver parte do Museu da Tabanca dos Melros, ainda no início, num jantar onde perguntei por ti mas nesse dia não estavas. Obrigado pelo convite e obviamente que responderei à chamada.

Um abraço ao autarca e amigo de Mampatá [, o António Carvalho, o Carvalho de Mampatá], que muitas vezes me convidou para os almoços da Tabanca, creio que de Matosinhos, mas que por vários motivos não pude aceitar.

Aos dois um grande abraço

Como já referi na minha apresentação (*), fiz parte da companhia de intervenção, a CCAV 8351 (Os Tigres do Cumbijã), formada no Regimento de Cavalaria n.º 3 de Estremoz, com comissão na Guiné em Aldeia Formosa e, mais particularmente, e proficuamente, em Cumbijã.

Com a minha passagem à aposentação, na tentativa de me manter ativo, para além de ler parte dos livros amontoadas e da bricolage, comecei a rabiscar um conjunto de histórias, do meu tempo de infância e da vida militar.

Tendo em conta os interesses e objeto do blogue, vou partilhar convosco (se os editores do blogue assim lhe reconhecerem qualidade bastante para aqui ser editado), para já, as minhas vivências desde o dia conturbado da chegada às Caldas da Rainha até ao regresso sui generis da Guiné.

Grande parte da história da companhia já aqui foi superiormente dada a conhecer a todos vós pelo ex capitão da companhia Vasco da Gama (a quem aproveito para mandar um abraço – não cotoveladas,  como agora é uso – assim como aos meus camaradas e amigos da companhia).

A minha narrativa sobre os acontecimentos, embora os factos sejam os mesmos, será obviamente diferente já que as vivi, naturalmente, de forma diferente.

Meu caro Luís, envio para ti este meu primeiro poste, contudo, se outra forma ou meio estiver instituído, agradecia que me desses a conhecer,

Bem hajam e saúde para todos.


2. Comecemos então pelo princípio: Caldas da Rainha e Tavira [, seguindo o índice do livro, em preparação, "Paz e Guerra: de pequeno ao furriel Pequenina"]


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte I
 

[9] Caldas da Rainha: A chegada às portas da tropa – um fardo pesado

Depois de ter ido às sortes e não me ter safado, o meu irmão Manuel, o primeiro a ir para a tropa na família com uma mobilização atribulada para a Guiné (1) (o segundo foi o João com comissão em Angola) (2), passou o tempo a dar-me conselhos sobre como me devia comportar nas lides dos quartéis, não obstante o tempo da chamada para a incorporação ainda vir longe.

Com a chegada da guia de marcha para as Caldas da Rainha os conselhos passaram a ser diários: "Respeita os graduados, o cabelo sempre curto, as botas sempre bem engraxadas, atenção aos amarelos... E a mais importante: nunca te ofereças como voluntário para nada". (Mais tarde constatei que este último conselho me livrou de algumas tarefas complicadas, nomeadamente descascar batatas toda a noite ou despejar fossas.)

Chegado o dia da partida, já devidamente preparado pelo Manel para enfrentar a vida militar, de mala feita e já fechada, chega à minha beira, o meu "padrinho de guerra", com 4 garrafas de vinho verde branco da casta Alvarinho e diz-me: "Abre lá o saco e leva estas quatro garrafinhas de vinho verde que te vão aligeirar a dureza da instrução".... "Como assim?",  digo eu. "Isto é assim", diz ele: "Logo no primeiro dia, com algum recato, ofereces 2 garrafinhas ao alferes e uma a cada cabo miliciano: funcionou comigo, contigo também não vai falhar!"...

O que logo me passou pela cabeça é que nunca teria a coragem de fazer tal coisa, para além de achar aquilo um absurdo, mas vi-o tão entusiasmado que pensei: "Ok, levo o material e encontrarei alguns momentos para confraternizar com os novos amigos de armas".

O meu "padrinho de guerra" foi comigo até ao comboio e ajudou-me a aconchegar a mala de modo a proteger as quatro "granadas".

Em Campanhã, arrastei a mala para fora do comboio e apercebo-me de um razoável grupo de mancebos com o cabelo rapado e com o mesmo ar assustado como o meu. Ao entrar para o novo comboio tive de pedir ajuda e logo surgiram as primeiras "bocas": "Já levas aí material de guerra?".. "São só quatro granadas" disse eu.

Em Alfarelos, onde a linha do Oeste desagua na linha do Norte, a estação ficou completamente inundada de mancebos vindos do Norte e do Centro do país,  mais parecendo um grande grupo de jovens em Interrail

A tarefa mais complicada foi carregar a mala da estação até ao quartel, mas com a ajuda dos amigos da ocasião lá se venceu o caminho.

Chegados à porta do quartel, deparo-me com uma enorme fila de pessoal para entrar. Pelos vistos, e para mal dos meus pecados, havia soldados a revistar minuciosamente todas as malas. Comecei a ver a minha vida a andar para trás. A primeira coisa que me ocorreu foi livrar-me daquele material perigoso, mas com tanta gente ao meu lado tal não era possível, pelo que tentei trazer a roupa toda para a parte de cima da mala tentando camuflar as "botijas" e seja o que Deus quiser.

Chegada a minha vez, com as mãos a tremer e já a transpirar, não obstante o frio que se fazia sentir, o nosso "pronto" começa a fazer a sua minuciosa revista, ficando estupefacto quando se depara com as quatro "granadas". 

Manda-me entrar para a guarita e com um ar sério vai dizendo que estou metido num grande sarilho: é crime levar bebidas alcoólicas para a caserna. Manda-me aguardar um pouco afirmando com algum dramatismo: "Vou chamar o nosso cabo já que só ele pode tratar deste caso". 

Chamou o cabo, mostrando um semblante de quem está a tentar salvar alguém da forca e disse-lhe: "Vê lá o que podes fazer pelo rapaz, não queremos que vá, logo no primeiro dia, dormir na cadeia do quartel!"... 

O nosso cabo olha para mim, fita as garrafas enquanto palita os dentes com a língua e "bota" a sua sentença: 

 "Se o oficial dia encontra aqui estas garrafas estamos todos tramados. Vou ficar com o seu nome, tentar esconder este material e, se tudo correr bem, está safo, se isto for descoberto está com um grande problema". 

A minha chegada às portas da tropa não podia ter começado melhor! Mais parecia a chegada às portas da guerra do Raul Solnado. Já me estava a sentir a pão e água na prisão do quartel!

Com as pernas a cederem e cheio de suores frios lá disse ao homem com a voz embargada: "Obrigado nosso cabo, ficar-lhe-ei eternamente agradecido"... mas receando o pior.

Passados uns dias (vividos com alguma ansiedade pelo desfecho do incidente das garrafas) tenho em cima da minha cama, depois de um dia duro de instrução, uma caixa com as quatro garrafas vazias e com a seguinte mensagem: 

"Podes ficar descansado. Assunto encerrado. Aqui estão as quatro 'granadas' já sem espoleta" (espoleta é um mecanismo que provoca a explosão da granada sem a qual a mesma é praticamente inofensiva)... "Sempre às ordens. Aguardamos, impacientes, a nova remessa"…
 
 _________

Notas do autor:

(1) Chegou a Bissau com uma grande pneumonia contraída durante a viagem, tendo quase de seguida regressado ao continente, com passagem à reserva, sem nunca ter visto Bissau.

(2) A sua comissão em Angola, como Furriel Miliciano, foram 2 anos de férias, numa zona junto a Luanda, onde nunca se sentiu a guerra e onde comprou carro e alugou casa…

No regresso embarcou ele (juntamente com a sua companhia) e o seu carro, um Ford Taunos, uma grande e espetacular "limousine" à americana dos anos 50 (a circular ainda hoje nas ruas de Havana), que fez parar a aldeia à sua chegada vencendo os caminhos, só frequentados até então por carros de bois, para chegar a casa...



Tavira > CISMI > Julho de 1968 > A chegada ao quartel da Atalaia dos novos instruendos do 1º Ciclo do CSM, vindos de todo o país. Fila do pessoal para receber fardamento, Foto do Fernando Hipólito, gentilmente cedida ao César Dias e ao nosso blogue.

Esta cena podia passar-se também à porta do RI 5, nas Caldas da Rainha. Esta rapaziada, chamada pela Pátria para cumprir o serviço militar obrigatório (, em tempo de guerra...), em finais da década de 1960 já tem um outro "look", a começar pelo vestuário... Tem outras habilitações literárias, outra  postura...

Presume-se que as belas cabeleiras, à moda dos "Beatles", já tinham ficado ingloriamente no chão do barbearia lá da terra ou de Tavira... Muitos fotam tosquiados à máquina zero, suprema humilhação para um jovem da época!... Não, já não é a mesma malta que parte, de caqui amarelo e mauser, para defender as Índias & as Angolas, uns anos antes ... O velho Portugal onde tínhamos nascido, estava a mudar, lenta mas inexoravelmente. E a nossa geração já não estava disposta a suportar os mesmos sacrifícios dos seus pais.

Foto (e legenda). © Fernando Hipólito (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: logue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



[10] Tavira: com amor, ódio… e trampa


Já na altura, a tropa estava muito à frente! – eram distribuídas as especialidades de uma forma cientificamente infalível, através de testes ditos psicotécnicos que na altura, creio eu, só o exército utilizava.

Era recorrente ouvirmos que escriturários iam para mecânicos, mecânicos para escriturários, enfermeiros para transmissões e técnicos de rádio para enfermeiros...

Dado este rigor científico, tinha a expectativa, dada a frequência do 3.º ano em engenharia eletromecânica (Curso de Eletrotecnia e máquinas), que me sairia em sortes, no mínimo, a especialidade de transmissões!

Enfim: Armas Pesadas!... e "ala" para Tavira.

Só mais tarde, depois de uma análise mais fina aos psicotécnicos e ao constatar que a maioria dos meus camaradas do pelotão de armas pesadas tinham, alguma, formação em engenharia mecânica e eram todos "roda 26", (todos com pouco mais que metro e meio de altura), compreendi a justeza e o valor científico dos mesmos. Montar e desmontar os canhões sem recuo e as metralhadoras pesadas só alguém com alguns conhecimentos de mecânica.

Já a "roda 26" era muito importante (como é que eu não pensei nisso?) para se poder operar dentro do espaldão, de pé,  continuando protegidos já que não atingíamos a altura dos bidões de proteção! A tropa estava mesmo muito à frente!

Gostei, e gosto, muito da cidade, das praias, das igrejas, das gentes, das esplanadas, das chaminés. Detestei a instrução de "mata cavalo", não pela dureza, nem pelo rigor da disciplina militar, mas pela brutalidade gratuita de alguns graduados já com várias comissões no então ultramar.

Gostei do espírito de grupo e camaradagem do pessoal daquela incorporação.

Estes 3 meses em Tavira escancararam-me a porta para o novo mundo, já ligeiramente entreaberta no ano do curso antes da incorporação (tinha o "Canto e as Armas" de Manuel Alegre e uma cassete com os Vampiros e o Menino do Bairro Negro do Zeca Afonso e já me sentia um revolucionário!), fazendo de mim um cidadão mais informado e consequentemente (e conscientemente) mais disponível para abraçar causas, que no contexto da altura só podiam ser as da liberdade.

Foi uma verdadeira escola de vida. Não pela instrução, contraproducente, mas pela densidade cultural e política de alguns dos intervenientes nas tertúlias e reuniões, supostamente, clandestinas.

Discutia-se e questionava-se a guerra, a ditadura, o embrutecimento da instrução militar, as péssimas condições das casernas e a péssima alimentação e também... futebol (aqui as divergências eram claras)… e as lindas algarvias (aqui havia mais consenso), etc.

Nesses três meses fizeram-se dois levantamentos de rancho (decididas em reuniões clandestinas restritas e com a informação a circular de boca em boca). Nenhum instruendo cedeu. A todos estes acontecimentos não é alheio o facto de fazerem parte desta incorporação dois filhos de altos dirigentes do MDP/CDE, que obviamente eram os líderes e promotores das tertúlias e reuniões clandestinas e de quem perdemos o rasto dias antes do fim da especialidade...

Na altura o então capitão Raúl Folques (militar altamente prestigiado) comandava, se a memória não me falha, uma das companhias de atiradores. A sua presença impunha respeito (na altura mais medo). Militar irascível, mas com comportamentos fora dos cânones militares ao terminar um levantamento de rancho, dando voz aos instruendos, deitando para o lixo toda uma refeição e ter mandado preparar uma nova, de qualidade aceitável, voltando, contudo, tudo ao normal nas refeições seguintes.

Toda a instrução era estúpida, contraproducente e desajustada tendo em vista o objetivo principal que era a criação de um corpo de militares preparados física, psíquica e tecnicamente para uma guerra de guerrilha num ambiente hostil e completamente desconhecido.

O objetivo principal da instrução foi sempre e só a humilhação pessoal:

  • Rastejar do quartel até ao local de instrução, com paragens para ler o RDM (Regulamento de Disciplina Militar) com um pé do instrutor em cima das nossas costas;
  • "Chafurdar" nas salinas abandonadas, de águas podres, pelo simples prazer de humilhar;
  • Fazer a entrega da correspondência, em formatura na parada, fazendo comentários brejeiros e mesmo obscenos sobre o que seria o conteúdos das mesmas enxovalhando todo aquele que recebia uma carta perfumada ou com "coraçõezinhos"...

Chegou-se ao ponto de se abrir uma carta (com muitos coraçõezinhos) e ler o conteúdo da mesma para todo o pelotão. Tal só aconteceu uma vez dado a ameaça, levada muito a sério, que se voltasse a fazer o mesmo o autor levaria um tiro.

Bastou uma semana passada em Tavira para compreender porque toda a gente chamava Hotel das Caldas ao quartel das Caldas da Rainha...

Tendo em conta as experiências do dia a dia e as histórias contadas por militares que por ali tinham passado, a semana mais temida era a da "nomadização". Éramos lançados, em pequenos grupos, na serra do Caldeirão, com ração de combate apenas para um dia, com um conjunto de pontos onde éramos obrigados a passar, regressando ao pondo de partido, no 4.º dia, onde éramos recolhidos.

Contra todas as expectativas foram os melhores dias que passei em Tavira. Tinha eu a ideia que estando nós no Algarve, supostamente uma das regiões mais desenvolvidas do país por força do turismo, ali já massificado, e o contacto com grande número de estrangeiros, que todo o conforto aqui seria possível.

Eu que vinha duma pequena aldeia do Minho, fiquei boquiaberto com o isolamento daqueles pequenos povoados, dispersos, sem luz elétrica, sem vias de comunicação, só trilhos por onde passavam, com dificuldade, animais.

A nossa chegada a estes locais era como a chegada de extras terrestres. Fomos recebidos por estas gentes como família e como familiares comemos à sua mesa. Nos quatro dias sempre jantamos à mesa, em casas diferentes, e dormimos: uma noite num curral dos animais, outra num silo e a terceira noite numa destilação de aguardente de medronho onde acordamos completamente tontos (embriagados) dado a quantidade de vapores etílicos no ar.

Numa das casas uma mulher, já nos seus 60 anos, confidenciou-nos que não obstante ser Algarvia, ainda não tinha visto o mar.

Contudo havia uma pequena escola primária, com meia dúzia de crianças, onde falamos com a professora, ainda jovem, com o namorado na tropa nas Caldas da Rainha, pelo que, não só, mas também, pensando nele, fez questão de partilhar connosco o seu lanche que os habitantes todos os dias lhe preparavam.

Durante a agradável conversa, com os alunos maravilhados com o generoso intervalo, contou-nos a sua aventura diária para chegar à escola. Utilizava 3 meios de transporte: autocarro, bicicleta e um burro nos últimos metros mais acidentados. Despedimo-nos com votos para que o seu namorado jamais viesse parar a Tavira...

Mas, o momento marcante da instrução (para além do tradicional mergulho nas velhas salinas de água podre, a semana de campo e a semana de nomadização) era o dia do fogo real, feito para a ilha de Tavira.

Com a especialidade de armas pesadas tínhamos de manobrar, de olhos fechados, as seguintes armas:

  • canhões sem recuo (cujo disparo tinha de ser feito com o cotovelo, com as mãos a tapar os ouvidos e a boca bem aberta para não darmos cabo dos tímpanos);
  • morteiro 120,
  • metralhadoras pesadas Browning e Breda.

Tudo isto a disparar para a ilha de Tavira metia medo ao susto. E assim foi...

O responsável pela carreira de tiro era um Tenente que tinha chegado recentemente da Guiné (um dos homens mais temidos no quartel a par do capitão Folques), completamente "cacimbado".

No meu pelotão tinhamos um excelente rapaz, grande melómano (moldou os meus gostos musicais que perduram até hoje), que de todo, não atinava com esta "coisa" da tropa. Começado o "fogachame" em simultâneo para a ilha de Tavira com a Breda, a Browning,  o morteiro 120 e o canhão sem recuo (o fogo de artifício das festas da Senhora da Agonia, comparado com isto é uma brincadeira de criança), logo o nosso melómano começou a fugir aos gritos impressionado com todo aquele aparato, convencido que o mundo estava a desabar.

O Tenente obriga-o deitar-se no chão e diz-lhe: "Se levantares a cabeça, um milímetro que seja, és um homem morto"... E começa a disparar com a Breda por cima do rapaz

A todos nós, que estávamos a assistir aquilo, não nos cabia um feijão no "dito", não obstante constatarmos que, pese embora o "cacimbo" da Guiné, o homem apontava as rajadas para uma altura de segurança, nunca pondo em perigo a vida do nosso camarada.

Terminado o filme de terror, fomos a correr ver como estava o nosso homem: branco, branco. Levantamo-lo, com todo o cuidado, e foi então que começamos a sentir um cheiro insuportável e algo a escorrer pelas botas a sair das calças do melómano... e assim passou de melómano a "merdalómano" (um mal nunca vem só…)

Nota: Nessa noite a caserna parecia a "aldeia da roupa branca (neste caso verde)" com toda a gente a estender as suas calças a secar penduradas na cabeceira da cama, ao qual me associei, contudo não tenho memória que tivesse chovido nesse dia!...

(Continua...)

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Notas do editor:

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21779: Notas de leitura (1334): As Grandes Operações da Guerra Colonial, a Guiné, 1972 a 1974, por Manuel Catarino (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Maio de 2018:

Queridos amigos,
O mérito da iniciativa é indiscutível, estes fascículos venderam-se pelo país todo, pode muito bem ter acontecido que os mais jovens tiveram pela primeira vez acesso a imagens da nossa guerra. Houve muito trabalho a angariar os dados, o que se lastima é que a sua apresentação tem tais e tantos ziguezagues que o não iniciado forçosamente anda para ali a dar braçadas em seco, lê-se e o que fica é um produto final difuso, com muitos tiros, mortes e feridos.

Um abraço do
Mário


As Grandes Operações da Guerra Colonial, a Guiné, 1972 a 1974

Beja Santos

Publicada sob a forma de fascículos, em duas séries, os textos de Manuel Catarino contemplaram por diversas vezes a guerra da Guiné. O número 8, a que aqui se faz alusão, inclui na primeira parte uma série de operações (Muralha Quimérica, 1972, Lince Azul, Palanca, Tigre Poderoso e Gato Espantado, 1973) e na segunda parte a viagem de Spínola ao Senegal e o terror dos mísseis.

Há a lamentar que nem sempre as imagens ilustrativas são as mais adequadas para os acontecimentos versados. No caso da operação Muralha Quimérica, foi uma ação militar de envergadura numa zona compreendida entre Ural e Guileje, e que decorreu de 28 de março a 8 de abril de 1972, ao tempo da visita de uma delegação da ONU a outro ponto da região Sul, temos de facto um mapa mas as demais ilustrações nada abonam sobre a operação.

Spínola estava informado da visita da delegação da ONU e pretendeu estragar a festa, contrariando a ideia (comum nos fóruns internacionais) de que a guerrilha controlava a maior parte da Guiné. Três companhias do batalhão de paraquedistas, duas companhias de comandos africanos, a CCAÇ 18, a CCAÇ 3399, a CCAÇ 3477 e um grupo do Centro de Operações Especiais, cerca de 500 homens, organizados em 14 agrupamentos operacionais sob o comando do Tenente-coronel Araújo e Sá. Foi apreendido muito material, houve mortos e feridos de parte a parte, mas a operação foi considerada um êxito.

José Tavares, do Destacamento de Fuzileiros Especial 4, descreve a sua vida em Ganturé (“Não havia lá nada. Fomos nós que construímos o aquartelamento, numa das margens do rio Cacheu, a cerca de 5 quilómetros de Bigene”). Descreve o inferno de Guidage (“A nossa sorte piorou quando ficámos sem comunicações. A minha família pensava que eu tinha morrido. Não morri porque não calhou. Em Guidage já não tínhamos para comer. Sobrevivemos com carne de crocodilo”).

A obra colhe o depoimento do nosso confrade Eduardo Magalhães Ribeiro sobre o último arrear da bandeira portuguesa. Creio haver ali um lapso tratando a viúva de Amílcar Cabral por Luísa Cabral, a viúva chama-se Ana Maria Cabral. 

O episódio seguinte que merece destaque ao autor é a reconquista do Cantanhez, entre dezembro de 1972 e junho de 1973 foram executadas no Sul da Guiné, com especial incidência nas zonas de Cacine, Gadamael e Guileje uma série de ações (com os nomes ‘Lince Azul’, ‘Palanca’ e ‘Gato Espantado’), o objetivo era desarticular e criar forte instabilidade na guerrilha, todas estas ações faziam parte de uma manobra mais alargada designada por Operação Tigre Poderoso. 

Na essência, Spínola estava determinado a transferir para o Sul o principal esforço de guerra na Guiné, seria uma reconquista que tinha como objetivo fazer do rio Cacine a principal linha de defesa do Sul da Província. 

Como observa o autor, era absolutamente necessário que as forças portuguesas ocupassem a Península do Cantanhez, onde instalariam novos quartéis que servissem de apoio aos aquartelamentos de Cacine, Guileje e Gadamael. Foi posta em marcha a Operação Grande Empresa e envolveu-se um formidável contingente. Ao mesmo tempo que se desenvolvia ação militar (na qual participaram duas companhias do batalhão de paraquedistas, dois destacamentos de fuzileiros especiais e um conjunto de unidades de infantaria, cavalaria e artilharia), um outro conjunto de unidades ocupava fisicamente o território. O nosso confrade Vasco da Gama já aqui contou ao detalhe este esforço impressionante.

O fascículo dá permanentemente saltos, é interpolado por depoimentos, chega-se agora à Operação Neve Gelada, que aqui é relatada pelo Coronel Raul Folques, Comandante do Batalhão de Comandos Africanos. Cai imprevistamente no documento uma cronologia de acontecimentos em 1974 e uma análise do que representou a publicação do livro “Portugal e o Futuro”, de Spínola.

A segunda parte retoma de novo o livro que abalou o regime e segue-se a descrição do encontro de Spínola com Senghor, em 18 de maio de 1972, que se realizou em Cabo Skirring, no Senegal, a história é bem conhecida, pelo meio temos o assassinato de Amílcar Cabral, a zanga entre Marcelo Caetano e Spínola. 

E assim se chega ao terror dos mísseis, regista-se a lista dos aviões abatidos pelos mísseis Strela, Spínola descreve a situação como crítica, episódio que está igualmente bem descrito nas páginas do blogue. Salta-se de novo para a reocupação da Península do Cantanhez, vem referência a um nome que nos é muito comum, o então Major Moura Calheiros, Chefe da Secção de Informações e Operações do Batalhão de Caçadores Paraquedistas que tinha referenciado a posição do mais importante quartel do PAIGC na região: 

“A posição inimiga, sensivelmente entre Guileje e Bedanda, foi localizada durante um voo de reconhecimento pelo Capitão Morais e Silva. O êxito da Operação Grande Empresa dependia da capacidade portuguesa para atacar e destruir o quartel da guerrilha”

Três foram as tentativas de assalto, o Capitão Valente dos Santos, ferido na primeira tentativa, recusa a abandonar os seus homens, só à terceira tentativa é que o Oficial aceita ser evacuado. 

“O Chefe de Operações do Batalhão de Paraquedistas, Moura Calheiros, que durante os combates esteve sempre no ar a bordo de um DO-27, respira de alívio. Pode dar início à segunda fase da Operação – a ocupação de Caboxanque, Cadique e Cafine, na margem sul do rio Cumbijá, por paraquedistas e fuzileiros especiais”.

Não se pode minimizar um trabalho de que resulta sempre apreço ao dever de memória. Tem-se, porém, dúvidas sobre a eficácia destes documentos esparsos e onde o pendor cronológico não é consistente, há documentação repetitiva e erros arreliantes que teriam sido evitados em casos de revisão técnica. Mas não se pode deixar de saudar a enorme difusão que o trabalho teve por todo o país.
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21758: Notas de leitura (1333): “De Lisboa a La Lys, O Corpo Expedicionário Português na Primeira Guerra Mundial”, por Filipe Ribeiro de Meneses, Publicações Dom Quixote, 2018 (Mário Beja Santos)

domingo, 24 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19617: Tabanca da Linha (2): 42º almoço-convívio, Algés, 21/3/2019: alguns dos melhores 'apanhados' pela objetiva do grande fotógrafo Manuel Resende (Parte I)


Raul Folques  (Murtal, Parede / Cascais)


Maria Irene (Lisboa)


Maria Irene e Virgínio Briote (Lisboa)


Jorge Araújo (Almada)


Manuel Joaquim ( Agualva-Cacém / Sintra)


Joaquim  Nunes  Sequeira (Colares / Sintra)


Mário Santos (Olhão)


Jorge Pinto (Massamá / Sintra)


Joaquim Grilo (Algés / Oeiras)


Miguel Rocha ( Linda-A-Velha / Oeiras)


Manuel Macias (Linda-A-Velha / Oeiras)



 Adolfo Cruz (Algés / Oeiras)



António Joaquim Alves (Carregado / Alenquer)



José Jesus (Trajouce / Cascais)



Francisco Palma  (Estoril / Cascais)




António Duque Marques (Amadora)



Jorge Canhão (Setúbal, ex-Oeirss)



Oeiras >Algés > Restaurante Caravela de Ouro > Tabanca da Linha > 42º Almoço-convívio > 21 de março de 2019 >  Alguns dos 'apanhados'

Fotos (e legendas): © Manuel Resende  (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada Manuel Resende não é apenas o régulo da Magnífica Tabanca da Linha, por direito sucessório... 

A morte do Jorge Rosales criou um vazio... E como o poder tem horror ao vazio, logo o régulo adjunto se perfilou para suceder ao "comandante" (como ele era carinhosamente  tratado, o Jorge Rosales)... 

Não houve tempo de reunir o conselho dos homens grandes da Tabanca da Linha... O Manuel Resende, sempre discreto, tem dado tantas e tão boas provas, como adjunto ou secretário, que os "Magníficos" logo decidiram, por unanimidade e aclamação, sentá-lo na "turpeça" da Magnífica Tabanca da Linha...

O Manuel Resende, entre muitos outros méritos e talentos, é um grande fotógrafo... É ele que faz a cobertura fotográfico dos eventos da Tabanca da Linha.... Ninguém como ele sabe "apanhar em flagrante" os Magníficos, antes do início das hostilidades gastronómicas...

Desta vez, estava tudo bom, e foi bem servido, os comes e os bebes... Parabéns à gerência do restaurante "Caravela de Ouro". No 42º almoço-convívio, que se realizou na passada 5ª feira, dia 21 de março, estavam presentes mais de meia centena de "Mangíficos" (e apenas duas "Magníficas", a esposas do Virgínio Briote e do Zé Carioca). Destaque para o camarada Raul Folques, que começou a aparecer na Tabanca da LInha, e a quem o nosso editor Luís Graça reiterou o convite para integrar também a Tabanca Grande. Por sua vez, ele ele teve palavras de grande apreço pelo trabalho realizado pelo nosso blogue. (Tem 12 referências no nosso blogue.)

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2. A propósito o Mário Santos, que é membro da Tabanca Grande, escreveu o seguinte na página do Facebook da Tabanca da Linha, com data de 22 do corrente:


O nosso muito obrigado ao Manuel Resende pela esplêndida organização do convívio do dia 21/03/2019. 

Como já é hábito, decorreu sem falhas, e num ambiente cordial entre amigos de longa data. Desta vez, fomos brindados com uma reportagem fotográfica individual de alto gabarito. 

Parabéns a todos os que compareceram, uma saudação especial aos ausentes e um grande abraço a todos...até Maio!!!

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