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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20313: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VIII: Fulacunda, usos e costumes... Lembro-me pelo menos de uma menina que foi a Bissau ao "fanado", e não voltou... Não havia, na época, preocupação de maior com a Mutilação Genital Feminina, por parte das autoridades. civis e militares


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  Lavadeiras... Mas aqui também, se praticava a Mutilação Genital Feminina, coisa que nunca preocupou nem Spínola nem Amílcar Cabral...

Foto (e legenda): ©  Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > Parte VIII


[ Foto à esquerda: Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda]



Dentro da população, tínhamos o Alferes de 2ª linha, o Malan, que era um homem sensato e que tinha a habilidade de nos contar histórias/lendas do seu povo.


Recordo que alguns desses contos foram reproduzidos no boletim que a Companhia publicava quase mensalmente e que se chamava “O Boina Negra”. 

Entre muitos dos que colaboravam, estava na linha da frente o Alferes  Barbosa,  e eu próprio escrevi alguns artigos. Recordo-me também de reproduzir situações bem conhecidas do “Zé da Fisga”, na contracapa.

Ao fim da tarde, era frequente ver furriéis e soldados passearem pela Tabanca para gáudio dos miúdos que brincavam ao vento. 


Conhecíamos alguns hábitos e costumes destas gentes e entrávamos nas suas tabancas com alguma frequência apenas com a curiosidade de poder conhecer o seu “modus vivendi”. 

Sabíamos que era frequente terem várias mulheres, de acordo com as suas regras de vivência. O dono da morança dormia numa esteira no quarto que só a ele pertencia e os mais afortunados já tinham uma tarimba no seu quarto. As mulheres, normalmente, dormiam todas em outro quarto e ao chamamento do marido lá eram escolhidas para uma noite de acasalamento. 

Quando um homem pretendia casar com terceira mulher, já deveria ter quase sempre em mente o casamento com a quarta mulher,  o mais depressa possível. É que ter três mulheres em casa provoca um desequilíbrio grave pois uma delas virava quase sempre vítima das outras duas.  Até nesta forma de viver os Africanos tinham as suas regras de vivência pacífica.

Com condições de vida muito precárias, viviam de alguns trabalhos que emanavam do Comando da Companhia. Semeavam mancarra, amendoim, que frequentemente iam vender a Bissau, normalmente à Casa Gouveia, pertencente a (ou contratante de) o Grupo CUF.

Havia, também, outras vivências. Recordo de um ou dois casos de raparigas com os seus oito ou dez anos, terem ido a Bissau fazer a ablação do clitóris. Uma delas não voltou, porque, segundo se constou, não sobreviveu às infeções a que estavam expostas. 


Eram rituais da população que ao que sei, à época, as autoridades não dariam muita importância, assim como a circuncisão dos rapazes.

Hoje, sabemos que se está fazendo um esforço de sensibilização para se evitarem tais atos nefastos para a saúde das raparigas, futuras mulheres. Fazem-se leis, mas de difícil cumprimento porque a África é demasiado grande e os meios de comunicação demasiados lentos e escassos. Os costumes milenares levam sempre muito tempo a serem mudados ou erradicados.


Quando havia disponibilidade e sossego para isso, tinha grandes conversas agradáveis com o Comandante [da CCAV 2482]. 


Era um jovem Capitão, Oficial e Cavalheiro da Arma de cavalaria. Tinha um trato fácil e simpático. Era respeitado pelos seus Homens, por quem estes tinham e demonstravam ter uma estima como se de um protetor se tratasse.

Não me lembro de ordens ríspidas ou despropositadas. Era um “ranger” que também respeitava os seus Homens, embora quase todos a iniciarem a maioridade, que na época se alcançava aos 21 anos, a menos que ingressasse nas Forças Armadas com idade inferior. Hoje a maioridade é reconhecida aos 18 anos, mas de uma imaturidade que brada ao Altíssimo. 


(Continua)
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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20274: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VII: Em Fulacunda, também havia milagres...



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >  A famosa "torre de vigia" que já existia no tempo dos Boinas Negras, a CCAV 2482 (1968/70)


Foto: © José Claudino da Silva (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > Parte VII


[ Foto acima: Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda]





Estou a viver os primeiros dias em Fulacunda e os dias irão decorrer de acordo com a normalidade corresponde às razões da nossa mobilização.

Oficiais e sargentos partilham uma messe conjunta e periodicamente faziam-se umas paródias de confraternização. Cantava-se, improvisavam-se instrumentos musicais e o "Pitchas", como era alcunhado o Zé Luís, arranhava na guitarra. O Comandante acompanhava ao xilofone e eu tinha uma bateria improvisada com os invólucros das munições do obus 10,50cm, que tinham um som estridente e ao mesmo tempo suave. Tocava com umas "baquetas" que um soldado tinha feito de forma artesanal. Havia dois ou três dos presentes que emprestavam a voz e lá íamos comendo uns camarões e bebendo umas "cervejolas".

Periodicamente, o nosso 1º Sargento trazia-nos de Bissau uns camarões que constituía sempre uma noite especial.

Com os meus soldados do 22º PEL 
ART (Pelotão de Artilharia) e a colaboração sempre imprescindível dos meus camaradas e amigos, os furriéis Jacinto e Branco, íamos construindo os espaldões para os três obuses 10,50cm que tinham sido posicionados junto à pista de aviação.

Algumas árvores foram abatidas para permitir a redução do chamado "ângulo de sítio",  sempre que se fizesse fogo com os obuses e, mais importante, podermos fazer tiro direto.



Embora estes trabalhos 
tenham sido levados a efeito pelos soldados da artilharia, não devo esquecer aqui a ajuda de soldados "Boinas Negras” [, CCAV 2482, Tite e Fulacunda, 1968/70], do qual o único que mais me marcou foi um rapaz chamado Lérias. Corpulento de físico, mas com uma disponibilidade para ajuda e uma alma grande como se ajudasse os amigos da paróquia.

Sempre atento, o Comandante [, cap cav Henrique de Carvalho Maia,] indagava-me se tudo estava bem e se precisava de alguma coisa.

Recordo que aos fins-de-semana havia futebolada. Por vezes a disputa era acesa e a luta aquecia. Era o reflexo da adrenalina que vinha ao de cima e que era necessário controlar q.b.


Um dia sou convidado para jogar. Recusei, porque não era dotado para aquela prática, ao contrário do Jacinto que era um craque e por isso sempre disputado para a equipa A, ou B. Havia também um rapazito africano, o Seco, nome de um jovem de Fulacunda que trabalhava na messe conjunta dos Oficiais e Sargentos, servindo à mesa.

De vez em quando éramos alvo de umas rajadas de "costureirinha" [ A irritante Shpagin PPSH 41, de calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha", de origem soviética]. Embora o aquartelamento fosse defendido segundo o método de "postos avançados" e com a artilharia sempre a postos, normalmente não se respondia ao fogo IN, por ser de fraca in
tensidade. 


Se bem me lembro, enquanto eu estive em Fulacunda, teremos respondido ao fogo uma ou duas vezes. Da que tenho mais presente, mas cuja data não menciono aqui, deu-se ao fim da tarde de um determinado dia, com morteirada forte.
Perto da hora do jantar estamos na messe.  Com o fogo intenso, o Comandante sai para subir à "torre de vigia" para tentar referenciar a origem do fogo e por analogia a posição do IN. Sigo o Capitão e,  na subida à torre pela escada exterior, passa-nos um rocket, que de raspão bate na parede da torre e não explode. É aí que sinto ficar ferido muito ligeiramente no braço esquerdo.

- Vem do lado da pista! -  grita o Comandante.

Desço da torre de vigia com a intenção de me deslocar rapidamente para os obuses.  Um dos alferes dá-me a chave de um dos jipes e vou acelerando para junto da pista onde estavam os 10,50cm.

Junto à casa do antigo Chefe de Posto, uma morteirada cai a uns 80 metros à frente do jipe. Um clarão que não impediu que o jipe se desviasse do trajeto. Sigo em frente e, já junto aos obuses, dou instrução de tiro:

- Vamos apontar para a orla da mata, rápido, rapazes, vamos lá mostrar como se faz fogo.

Os três obuses continuam a fazer fogo por cima da pista para a orla da mata. O IN, entretanto, tinha cessado o fogo.

Passados uns minutos, tudo fica em silêncio. A tensão mantém-se, o alerta é total.

Já não tenho presente o detalhe da situação, mas lembro-me de o Comandante ter chegado junto dos obuses um pouco "exaltado", por não estarmos a fazer fogo para o local que ele tinha identificado quando fez a observação da torre de vigia. Teríamos feito tiro na direção correta, mas para a orla da mata, estando o IN, entre a orla e a pista de aviação. O tiro passou por cima.

Ainda estamos nesta fase de tensão e eis que chega junto dos obuses o alferes que me tinha dado a chave do jipe. Ele estava confuso e confuso eu fiquei quando me diz que a chave que eu trouxe não era do jipe que eu tinha 
conduzido. Que teimosia se estabeleceu... Fomos experimentar.

Na verdade, a chave que eu tinha não entrava na ignição do jipe que eu tinha trazido. Experimentou-se com a chave que o alferes trazia na algibeira e foi uma "palhinha",  entrou na ignição e o jipe começou a trabalhar que nem uma máquina de costura.

Curiosidades destes aspetos da guerra. Afinal, não deve haver milagres, mas na ânsia de pôr aquele jipe a trabalhar devia ter enfiado a chave com mais pressão que a normal. Suavemente não entrava.

Mas..., ainda estávamos no rescaldo do ataque IN.

Pela manhã cedo do dia seguinte, um pelotão sai do aquartelamento e vai em reconhecimento ao local de onde se supunha ter vindo o ataque no dia anterior. Solicito autorização ao Comandante para acompanhar o pelotão de reconhecimento, que me foi concedida.

Após alguns minutos de marcha com a cautela que as condições recomendavam, lá encontrámos, em frente á pista de aviação, os vestígios do grupo terrorista atacante de véspera. Várias "camas" no chão sobre o capim vergado, com invólucros de munições espalhadas e vestígios diversos de que houve ali gente.

Passámos pela orla da mata e verificou-se a zona de fuga do IN.

De volta ao quartel, passámos pela pequena capela existente no aquartelamento onde os crentes podiam fazer as suas orações e assistir à realização da missa.

Um grupo de soldados está junto à capela,  o que revelou que algo se passava aos que se aproximavam. A Capela tinha sido construída sem a parede frontal e o telhado era de zinco. Na parede de topo da Capela, havia um nicho, estando nela colocada uma imagem de Nossa Senhora. Mas qual o espanto e a justificação de tantos à volta e dentro da capela, naquele preciso momento?

É que a capela tinha sido atingida com mais do que uma morteirada, a avaliar pela picagem das paredes e do estado das chapas de zinco que constituíam a cobertura. Perante tais morteiradas, tudo pareceria normal, não fosse o facto de o nicho e a imagem de Nossa Senhora estarem intactas. Isto é, sem o mais pequeno vestígio de estilhaço. Na prática, o telhado de zinco quase tinha ficado desfeito, as três paredes de suporte da Capela todas picadas pelos estilhaços da explosão das morteiradas.

A perplexidade de todos era, sem dúvida,  a circunstância da imagem de Nossa Senhora e o nicho onde esta se encontrava estarem incólumes.

Milagre, clamavam alguns..., mas, a vida é o que é e a crença pertence a cada um. O respeito por situações não compreensíveis ou inexplicáveis à luz da razoabilidade é o mínimo que se deve ter.

Os "Boina Negras" tinham uma relação fácil, amistosa e recíproca com grande parte da população de Fulacunda. Havia muitas crianças que, no tempo de "inverno", corriam contra o vento com uns panos passados pelos ombros acompanhando os braços, parecendo "Ícaros" a pretenderem levantar voo. 


No período em que eu estive em Fulacunda estes meninos não tinham escola. Porém, pouco tempo depois da minha saída passaram a ter aulas com a chegada de professoras primárias, naturais da Província. 

(Continua)
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Nota do editor:


ÚLtimo poste da série > 20 de outubro de  2019 > Guiné 61/74 - P20260: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VI: Eusébio, um preso que eu mandei tratar com dignidade e que me vai ficar reconhecido

domingo, 20 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20260: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte VI: Eusébio, um preso que eu mandei tratar com dignidade e que me vai ficar reconhecido




Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Cerimónia do içar a Bandeira Nacional.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > Parte VI


[ Foto à esquerda: 

Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda]





[Imagem à direita, guião da   2482, "Boinas Negras", subunidade que esteve em Fulacunda,  entre 30 de junho de 1969 e 14 de dezembro de 1970, regressando nesta data a Bissau; esta subunidade foi  mobilizada pelo RC 3, pertencia ao  BCAV 2867 (Tite,1969/70); partida: 23/2/69; regresso: 23/12/70; antes de Fulacunda, esteve em Tite; comandante: cap cav  Henrique de Carvalho Mais]

Fonte:   Cortesia de © Carlos Coutinho (2007).
 



Já não sei precisar, mas uns dias depois da minha chegada a Fulacunda (*), em finais de setembro de 1969, o Comandante [, do CCAV 2482,] vai de férias à Metrópole. Entretanto, eu sou escalado para “sargento de dia”.

Efetuou-se o ritual militar para a rendição e o içar da Bandeira Nacional. Recebi a braçadeira de “sargento de dia” do furriel que tinha feito o serviço antecedente.

Terminada a cerimónia/ritual, há um soldado “Boina Negra” que me diz que havia que tratar do preso.

- Do “preso”?! - retorqui.

- Sim, meu Furriel, temos ali (, apontando para um edifício,) um preso.

Na altura fiquei lívido. O Furriel que me tinha passado o serviço não me avisara de tal situação e é um soldado que me informa que há um preso para tratar? Terá pensado que eu tivesse conhecimento?!...

- Vamos lá!... E a chave da prisão?

- Está aqui, meu Furriel.

Abre-se a porta e lá estava o prisioneiro que se encontrava deitado no chão térreo amarrado pelos pulsos. Os soldados mostraram alguma agressividade e descarregaram no coitado.

Rapidamente tive de intervir e ordenei que cessassem de imediato tais atos. Eu não tinha sido militarmente preparado para aquelas situações e os negros não eram para ser tratados daquela forma. Esta era a realidade que o general Spínola nos incutia, para além de que os meus soldados eram africanos e alguns estavam presentes comigo

Estava em curso por toda a Província a “Psico”, uma ação que tinha em vista “que para se ganhar a guerra tinha de se ganhar a adesão da população”.

Os soldados tentaram reagir à ordem,gritando;

- Meu Furriel, por causa destes turras, “filhos da puta”, é que nós estamos aqui.

Eu percebi que aquela reação era do foro íntimo e pessoal, porque sabia que também eles não tinham sido preparados para terem aquela reação. Só que eu não podia permitir tais atitudes, mas compreendia perfeitamente aqueles soldados. Eram contra tudo o que o Governador da Província e Comandante-chefe pretendia. A "Psico" estava por todo o território. Havia necessidade e era imperioso que o Povo Guineense fosse recuperado para a nossa bandeira. O General Spínola estava a iniciar um trabalho de fundo.

Fui ajudado por dois ou três soldados “Boinas Negras” que colaboraram na minha posição de acalmar a situação.

No fim desta confusão toda, deparo com o “turra” que estava simplesmente de boca aberta. Alguém o tinha safo de ser pontapeado e sei lá o que mais poderia ter acontecido. Eu próprio desamarrei os pulsos e requeri a presença do enfermeiro para que o “preso” fosse tratado. Mandei providenciar o pequeno-almoço junto da cantina e o “preso” nem queria acreditar no que estava acontecendo.

Entretanto, aproximaram-se mais uns soldados juntamente com soldados do meu pelotão testemunharam os restantes factos. Perguntei ao preso o nome, o que este respondeu:

- Eusébio.

Os pulsos já tratados pelo enfermeiro, e com o pequeno-almoço tomado, davam algum conforto ao Eusébio. Aí, o Eusébio pede para fazer chichi. Apercebendo-me eu que existia uma lata onde este urinava e defecava, percebi que aquilo não eram as condições mínimas para tais necessidades. Tomo a iniciativa de o deixar ir aos urinóis ali ao lado da prisão.

- Furriel, ele vai fugir - alguém questionou.

Mentalmente apercebi-me do risco que eu estava a correr. Virei-me para o Eusébio e com voz autoritária disse-lhe:

- Tu vais aos sanitários, mas vão dois homens atrás de ti, com G3 em punho e prontos a disparar se tentares fugir.

Cabisbaixo, foi aos sanitários, regressou e permaneceu o dia fechado na prisão com banco, almoço e jantar. Tinha diariamente as refeições, não apresentando sinais que indicassem o contrário. Durante o dia e à noite não ficou com os pulsos amarrados. Os pulsos foram tratados novamente ao fim do dia e colocados dois sentinelas posicionados à porta da prisão.

Passados estes momentos de tensão, tudo se acalmou. Os soldados perceberam que não tinham agido corretamente e a situação não mais se repetiu.

- Mas, porque estava o Eusébio preso? - comecei eu a questionar-me a mim próprio.

Perguntei aos meus camaradas, que me contaram:
O Eusébio fazia parte de um grupo de milícias que colaborava com a Companhia. Antes de eu ter chegado a Fulacunda, havia na prisão uma “turra” que terá sido apanhado. Numa noite chuvosa, estando o Eusébio de sentinela ao “turra” preso, este foge. As condições meteorológicas terão ajudado a esta situação. A forma como tudo ocorreu, ao certo, nunca soube.

Porém, o Eusébio afirmava que o “turra” tinha fugido aproveitando a noite de chuva e trovoada, mas é a ele que é imputada a responsabilidade e a “facilidade” concedida para a fuga do “turra” preso.

Por algum tempo o Eusébio continua preso e periodicamente lá vou fazer o meu “Sargento de Dia”. O Eusébio estava bem, fisicamente, já que psicologicamente “sentia-se preso”. Pouco tempo depois foi enviado para Bissau, debaixo de prisão.

(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo

sábado, 12 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Foto nº 2 > "Porto fluvial", no Rio Fulacunda > Chegada de uma LDP.

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



[ Domingos Robalo:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;

(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iv) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]




Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1/ CAC 7, 1969/71) > Parte V


Ah…já sabia pelo Jacinto onde era Fulacunda, e quem estava por lá. Os Boininhas. Mas o lugar não era dos mais pacíficos...

Cerca de cinco (5) dias depois, não dois como estava previsto, preparamo-nos para embarcar em três LDM (Lancha de Desembarque Média), 3 obuses 10,5cm, 27 soldados, três cabos, dois furriéis e eu próprio como Comandante de Pelotão. Para além destes militares, íamos acompanhados das mulheres dos soldados e dos respetivos filhos. Cada soldado tinha em média duas ou três mulheres, filhos já não sei. 


No dia da partida aportámos a Bolama, onde o pessoal pernoitou o melhor que pôde e eu fui também dormir a uma pensão, cheia de Cabo Verdianos que não se calaram durante toda a noite. 


No dia seguinte e após ter “matado o bicho”, cruzei-me com um amigo e colega de escola, o Abel. Abraço para aqui, abraço para acolá, que fazes por aqui? Vou para Fulacunda, e tu estás aqui em Bolama? Sim, vou entrar de serviço. Vou agora á prisão; anda daí. Fez questão que visitasse o local.

Por fora parecia uma pequena prisão. Quando se abre a porta, meu deus!... Grades de ferro separavam muitas celas, assemelhando-se á jaula dos “macacos” no jardim zoológico. Presos, eram às centenas; uns novos outros mais velhos. Percebi logo que aquelas pessoas estavam presas, não por terem cometido crimes cíveis, mas por serem “terroristas”. Estavam simplesmente a ser tratados “abaixo de cão" ou pior. Não encontro outro qualificativo.

Cerca das 10 horas da manhã,  zarpámos de Bolama com destino a Fulacunda. Trinta a quarenta minutos depois estávamos a ser atacados da margem à morteirada.

Eu ia na LDM que fechava o comboio. A primeira morteirada cai ligeiramente à proa por estibordo, a segunda morteirada cai à nossa proa em alinhamento com o nosso rumo. O intervalo do tiro não foi cadenciado, pelo que a terceira morteirada caiu a ré da LDM, sem nos ter atingido.

Entretanto o patrão da lancha, pede instruções a Bissau se pode bater a zona com as “Boffers”. Pedido recusado,  e lá vamos navegando sem ter respondido com um tiro. Estranha guerra esta, pensei para com os meus botões, agachado entre o resguardo da “Boffer” e a borda falsa da zona da ponte.

Ao princípio da tarde, aportámos ao porto improvisado de Fulacunda, a alguma distância, por caminho de picada e envolto por capim que assustava.

Tenho a imagem de ter sido recebido de forma simpática e informal pelo jovem Capitão, vestindo uma T-shirt branca e com boina na cabeça.

Já não me recordo quem o acompanhava, mas vi, na forma disciplinada e organizada, que aqueles soldados tinham estima pelo seu Comandante.

Como no início referi, desde muito novinho que aprendi, na vivência com o meu pai, que comandar implicava cumplicidade com os subordinados, não só no tratamento e no trato, sem se perder a disciplina e a hierarquia.

No dia seguinte apresentei-me bem uniformizado ao Comandante, com a formalidade que um militar deve ter ao apresentar-se a um seu superior:

-Apresenta-se o Furriel Miliciano, Domingos Robalo, 192618/68, que por estar mal uniformizado não o pude fazer ontem.

O Comandante ficou algo surpreendido, pois certamente não era isto que esperava quando solicitei ao 1º Sargento para ser recebido pelo Comando.

Decidiu-se o local para a posição dos três obuses 10,5cm, recaindo a escolha junto à pista, com espaldões por construir e com algumas árvores a abater para minimizar o “ângulo de sítio” durante o tiro. Daquele local, haveria decerto, algum dia, a necessidade de fazer tiro direto.


(Continua)

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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20222: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art



Guiné > Bissau > BAC 1 > Dezembro de 1967 > Obuses 10.5 cm-

Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012). 
Todos os direitos reservados. {Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]



RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > 

Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art


por Domingos Robalo (*) 



[ Domingos Robalo:


(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;


(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;


(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";


(iv) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;


(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]




Durante cerca de quatro (4) meses permaneci em Bissau[, no BAC 1], participando nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província. 


O Governador da Província, General António de Spínola, estava criando condições para alargar a ação da artilharia a todo o TO (Teatro de Operações). 

Sendo eu um “maçarico” (, nome dado aos recém-chegados à Província), porque fico em aparente posição privilegiada e não ser reencaminhado de imediato para o mato (leia-se interior do TO)?

É que na Metrópole, enquanto colocado no RAL1 (Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, Lisboa) tive funções de monitor em “escola de recrutas e de cabos, na especialidade de artilharia de campanha". Tinha fresca a matéria teórica necessária à especialidade que o Comando necessitava.

Em agosto, sou nomeado para ser o instrutor na formação de artilharia de obuses 10,5cm e a 14,0cm, a furriéis, sargentos e a oficiais subalternos, oriundos de pelotões de morteiros. 


Qual a razão desta necessidade, porque não vinham militares formados e preparados da Metrópole com as respetivas especialidades?

O Governo de Portugal tinha acedido ao pedido do General Spínola no envio de mais material de artilharia. Os obuses chegaram, mas sem acompanhamento de sargentos e oficiais para se poderem constituir os Pelotões, esse teria o General de arregimentar na Província. 


Estávamos levando a cabo a formação de cabos e soldados artilheiros, no seguimento da recruta que estes tinham concluído em Bolama. Como não havia sargentos e oficiais para formar os pelotões que as circunstâncias obrigavam, o General recruta-os dos vários pelotões de morteiros espalhados pelo TO. 

Sou então nomeado para dar formação de artilharia, em "estilo de reconversão", a esses militares "recrutados"

Decorrida a formação com a dedicação de todos os "formandos",  é necessário atribuir uma nota de classificação.

Por minha sugestão, o comando aceita a realização de uma prova prática que consistia na desmontagem e montagem da culatra do obus 10,5cm, cronometrada. Sargentos e Oficiais concordam com o teste.

Como se fosse hoje, lembro-me de um dos primeiros classificados da classe de sargentos, o furriel Jacinto, ser chamado para escolher o aquartelamento para onde desejava ser colocado. De imediato e sem pestanejar, escolhe o aquartelamento de Fulacunda onde vai ser instalado um novo pelotão de artilharia.

- Fulacunda, Jacinto? Tens aqui outros aquartelamentos mais perto de Bissau e mais calmos sem tiros, etc. etc.


- Sim Fulacunda, estão lá os "Boininhas", já meus conhecidos,  e que são uns "gajos porreiros". 

Era a designação oficiosa pelo qual eram conhecidos era "Boinas Negras", dos quais eu nunca tinha ouvido referência.  

- Tudo bem, a escolha é tua. Aguarda instruções para te juntares aos soldados, aos outros furriéis e ao comandante de Pelotão para partirem daqui a dois ou três dias. 

Procedeu-se à colocação dos furriéis, dos sargentos e dos alferes pelos pelotões a criar e a distribuir pelo TO, conforme indicações do Comando. 

Dois dias depois (ou três), sou chamado ao Comandante da Bataria, que me nomeia como comandante do 22º PEL ART. Eu era furriel e estava a ser nomeado comandante de um Pelotão, porquê? 

Havia falta de oficiais subalternos para preencher todos os comandos dos Pelotões de Artilharia e eu tinha o perfil adequado para essas novas funções. 

Recebi a nomeação e perguntei para onde ia o 22º PEL ART: 

- Para Fulacunda...

(Continua) 
____________
 

Nota do editor:
 

Último poste da série >  5 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20206: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969

sábado, 5 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20206: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969


A Conferência de Berlim sobre a Partilha de África (1884), em gravura da época.  Imagem do domínio público. Cortesia da Wikipedia



RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > Parte III: recebido em Bissau, pelos camaradas do BAC 1, de braços abertos, na noite de 12/5/1969

por Domingos Robalo (*)

[, Foto à direita: Domingos Robalo:

Tabanca da Linha > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)


(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71;

(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iv) trabalhou na Lisnave;  é praticante de golfe;

(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]






Guiné > Bissau > Chegada do T/T Niassa, em 12/5/1969. Fotogramas de vídeo da RTP, de 15/5/1969,  de 1'  17'', disponível aqui, em RTP Arquivos. Com a devida vénia...

Se é verdade que o cais da Rocha estava repleto de militares em parada, não tem menos significado a presença dos seus familiares que lhes vêm dar um abraço. Para uns foi o último abraço, foi uma despedida antecipada de uma vida que havia de ser curta para alguns.

O navio “Niassa” dá o seu toque que está pronto para a largada. Os soldados apinham-se do lado de estibordo para um último aceno, alguns mais afoitos sobem pela mastreação, há lágrimas nos olhos de quem parte e inconformismo nos rostos de quem fica.

Saímos a barra a tentar disfarçar as nossas lágrimas. Os nossos entes queridos já estão para trás e em frente temos o oceano. Vamos desbravá-lo como o fizeram os nossos antepassados, os nossos nautas, que trouxeram para Portugal aquelas terras que agora nos incumbia defender.

Porém, a política internacional, terminada a 2ª Guerra Mundial, tinha decretado na ONU, o direito dos povos à sua independência. Era esta aceitação por parte do nosso poder político que não estava a ser aceite e nos estava a obrigar a defender chão onde portugueses tinham relações comerciais, de amizade e familiares, desde o século XV. A conferência de Berlim [, 1884/1885,]  também obriga Portugal a ter outra atitude para com as populações dos territórios que ocupava.

Estamos a bordo do navio de passageiros, até então designado por “paquete”, chamado “Niassa”.
Não posso deixar aqui de referir, as condições degradantes e sub-humanas da forma como os nossos soldados iam alojados. Camas e camas encimadas sem condição digna, denotando uma autêntica falta de humanidade para com estes jovens agora feitos soldados, em ambiente insalubre e muito pouco ventilado.

A juventude do meu país estava disponível para lutar pela sua Pátria, mas a Pátria não lhes retribuía com dignidade essa entrega. À época, a pobreza do interior do país refletia-se no baixo nível de conhecimento e cultural de toda esta juventude. Para uma grande maioria, saíam das suas aldeias pela primeira vez.

Ao fim da manhã do dia 12 de maio, o navio “Niassa” está ao largo de Varela,  aguardando a ida a bordo da Autoridade Marítima. Ao fim da tarde do mesmo dia está a acostar ao cais de Bissau.

Sacos e malas prontas para o desembarque, empurrão daqui e dali todos queria olhar pela borda para verem gentes que não estávamos habituados a ver. Mas, o que se vê ali é chocante; não estávamos habituados, nem tínhamos sidos preparados para tal.

“Pretos” em tronco nu, calças, calções, ou camisas rasgados e a disputa pelas moedas que alguém começou por deitar para o cais. Fazia lembrar as festas das aldeias em que os rebuçados eram lançados para o terreiro e a miudagem em completo atropelo procurava apanhar alguns.

Sou dos últimos militares a desembarcar, por ser de rendição individual e por o meu destino ser o quartel da BAC 1 [Bataria de Artilharia de Campanha nº1, sediada junto ao QG (Quartel General)].

Cai a noite e dou comigo dentro de uma carrinha com destino à BAC1. Mal tínhamos percorrido 300 metros a carrinha parou e imobilizou-se. Cinco minutos depois estávamos rodeados de milhares de velas empunhadas por mãos de gente africana, homens, mulheres e crianças, com a cabeça coberta com véu semelhantes ao que a minha mãe e avós usavam quando participam nas procissões na terra. Olhando bem através da janela, as fisionomias pareciam-me todas iguais. Eu não conseguia diferenciar a feição das pessoas. Rezavam o terço e as ave-marias como se estivessem em Fátima [, na  procissão das velas de 12 para  13 de Maio]. Ficámos imobilizados no meio da procissão cerca de meia hora. Homens de olhar sério e compenetrado, mulheres com o véu branco na cabeça seguiam em silêncio alternadamente aos cânticos.

Chego finalmente ao aquartelamento da BAC1, onde me espera um quarto com cama feita.
Sou recebido por Furriéis e Sargentos e Oficiais que me aguardavam com amizade e simpatia. Ainda hoje me encontro com alguns desses meus camaradas, o Mendes, o Glória, o Faro, o Chaves, o Correia, o Mendes de Almeida e outros tantos, e até o meu Comandante, à altura o Capitão M. Soares.

Nunca deixei de lhes ficar grato pela calma que me transmitiram na civilidade que senti naquela receção. No fundo eu estava a render um camarada que lhes era muito querido. Senti a responsabilidade da amizade que tinham para com aquele camarada. Ainda hoje sinto que não os deixei ficar mal e não deixei de olvidar a camaradagem e amizade que sempre me dispensaram.

(Continua)
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Vd. poste de 26 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20178: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte I: Apurado para todo o serviço militar

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20202: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte II: recruta no RI 5, Caldas da Rainha, na 5ª companhia, comandada pelo ten inf Vasco Lourenço

RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > Parte II:  recruta no RI 5, Caldas da Rainha, na 5ª companhia, comandada pelo ten inf Vasco Lourenço

por Domingos Robalo (*)



[, Foto à esquerda: Domingos Robalo:

(i)  tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7

(ii)  filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; 

(iii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; 

(iv) trabalhou na Lisnave: é praticante de golfe; 

(v) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]

(Continuação)


Durante três meses e uns dias [, desde o início de janeiro de 1968] vamos aprender . [, no RI 5, Caldas da Rainha,] a “ordem unida”, o manejo da G3, fazer fogo em carreira de tiro e toda a teoria necessária e aplicável á época para se preparar um sargento para a “guerra colonial”. Mergulhar no tanque da merda, ou mesmo atravessar o cano dos esgotos sanitário era prática de alguns pelotões na recruta das Caldas, porém tenho de referir que a minha Companhia de instrução, a 5ª, não nos fez passar por estas situações.

Conhecer a hierarquia militar, a forma como no devíamos dirigir a um sargento ou a um oficial, fosse ele subalterno ou superior, fazia parte do conhecimento básico da instrução militar. Marchar bem e com garbo, manejar a arma; tudo fazia parte do nosso quotidiano.

Estou colocado na 5ª Companhia, tendo como comandante o tenente Vasco Lourenço, que em 25 de abril de 1974 viria a fazer parte do Movimento dos Capitães.

Não era um Comandante acessível. Militar oriundo da Academia Militar, chegou a castigar-me com cinco dias de detenção, embora a infração, disciplinarmente, e de acordo com o RDM, daria 3 dias de prisão. “Apenas porque me desenfiei de domingo para segunda, para poder participar no casamento de uma amiga da minha namorada que sendo Luso-Americano, obteve autorização dos seus superiores para vir dos USA casar a Portugal, mas já com guia de marcha para o Vietname." (Recordam-se do que era a guerra naquele território?). Mas isto dava outra história que agora não vem a propósito.

[Um ano depois,] em março/abril de 1969, sou mobilizado para a Província da Guiné. Dois cursos de CSM a seguir ao meu já tinham sido mobilizados e um terceiro a terminar a especialidade na EPA [Escola Prática de Artilharia], Vendas Novas. Estava com planos de casório, pois já estava na expectativa de não vir a ser mobilizado, resultado também da minha boa classificação de curso na Arma de Artilharia na especialidade de Campanha.

Lembro-me que o mundo desabou sobre os “noivos”. A guerra do Ultramar tinha este efeito devastador sobre a vida dos jovens do meu tempo. Interrompiam-se casamentos, carreiras profissionais e estudos académicos. Mas,  apesar de todos estes contratempos, a juventude dizia sim a Portugal, embora poucos ainda se questionassem sobre as motivações da guerra. 

Grande parte da juventude do meu país vivia longe das cidades, eram iletrados e muitas vezes ávidos de sair da casa dos pais onde trabalhavam de sol a sol e sem independência. Ou fugiam a salto para a Europa do pós-guerra, ou vinham à aventura da vida militar, muitos deles como voluntários, quer para a força aérea, quer para a marinha.

Cascais > Monumento aos Mortos do Ultramar > Guiné.
Foto: Cortesia do Blogue Povo de Portugal, 31/3/2016

A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [,  António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa],  São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje.

Merecem, entre muitos outros, serem aqui referidos porque o seu sacrifício resultou de um ato heroico, não por falta de discernimento ou inconsequente, mas, na sequência da intensidade do fogo IN terem querido proteger os seus soldados, todos negros e do recrutamento da Província. Ordenou o Alferes que todos se recolhessem no abrigo. O Furriel Batista manteve-se a seu lado respondendo ao fogo IN, como se de um duelo de artilharia se tratasse. Mas a má hora chegou. Uma morteirada cai sobre o ferrão do lado esquerdo do obús 10,5cm e ali morrem os dois. 

Guileje era uma povoação a sul da Província da Guiné e sobejamente conhecida de todos os militares mobilizados para esta Província Ultramarina.

A sete de maio de 1969, embarco no “Niassa” com destino a Bissau.

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Nota do editor:

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20178: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte I: aurado para todo o serviço militar

O Domingo Robalo, no BAC1, 
Bissau, 1969
RECORDAÇÕES E DESABAFOS DE UM ARTILHEIRO > Parte I: apurado para todo o serviço militar

por Domingos Robalo (*)




Durante o mês de junho de 1967, á beira de fazer 20 anos de idade, estou a viver na cidade de Almada.

Estou na inspeção médica para ingressar no serviço militar obrigatório. (A ida às sortes, como se dizia na época.)

Muitos dos meus colegas de escola e de trabalho, já tinham seguido “a salto” rumo a França ou à Alemanha.

A inspeção médica decorria no antigo quartel da GNR de Almada. Pergunta o médico, ladeado de dois enfermeiros mal-encarados e embigodados com “torcidinho”:


- Então rapazola, vês bem? És saudável?

- Sim, Sr. Doutor,  está tudo bem  
respondi eu com as pernas ligeiramente trémulas e com ar enfezado.



Domingos Robalo (2019). 
Foto de Manuel Resende
- Bem!.... vamos lá ver isso.

- Que letras vês ali ao fundo naquele painel?

- A, B, X, V…..

- Agora as de baixo...

Rapa de um carimbo e estampa num papel: “Aprovado para todo o serviço militar”.

Esta cena foi comum a milhares de jovens, meus compatriotas,  que vieram, nesta ambiência, a ter o seu primeiro contacto com a tropa.

Para mim já não era assim tão estranho. Por força da profissão do meu pai, já sabia, desde tenra idade, o que era um soldado, um sargento ou um oficial.

E esta hierarquização levou-me desde muito cedo a saber responder à pergunta que se faz a todos os jovens: "O que queres ser quando fores grande?"... Quero ser capitão!" 
- respondia,  garboso.

Não era tolo,  não senhor; é que eu via o capitão ser obedecido pelos soldados, cabos e sargentos a quem todos tinham respeito e alguns até subserviência.

Se os havia absolutistas e disciplinadores ou sem condescendência, também havia capitães corretos e respeitadores da dignidade dos seus comandados. Por isso uns eram “amados” pelos seus subordinados e outros odiados,  como de fossem filhos do diabo. 

Domingos Robalo: foto do BI militar (1969)
Esta diferença comportamental marcou toda a minha vida e mais ainda o período em que fui militar como tantos jovens do meu tempo.

Num amanhã dos primeiros dias do mês de janeiro do ano de 1968, saio de casa pela primeira vez,  deixando em pranto a minha mãe e com o peito esmagado pelo abraço do meu pai. Do meu irmão já me tinha despedido na véspera, já que, por se encontrar a trabalhar,  tinha saído mais cedo de casa.



Apanho o comboio em direção às Caldas [, linha do Oeste], onde vou fazer a recruta para o CSM (Curso de Sargentos Milicianos). Era o primeiro recrutamento de CSM, em que todos os mancebos possuíam, como habilitação académica, o 5º ano. (Entenda-se como equivalência ao atual 9º ano.)  

(Continua)
_________

Nota do editor:

(*) Vd.. poste de 25 de setembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20175: Tabanca Grande (484): Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; senta-se à sombra do nosso poilão sob o nº 795

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20175: Tabanca Grande (484): Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; senta-se à sombra do nosso poilão sob o nº 795


BI Militar do Domingos Robalo, ex.fur muil art. BAC1 / GAC 7, Bissau, 19659/71, novo membro da Tabanca Grande


Guião do BAC [Bataria de Artilharia de Campanha] nº 1: Lema: "Os olhos na Pátria e a Pátria no coração"


Guião do GAC [Grupo de Artilharia de Campanha], nº 7. Lema: "De armas fortes e gente apercebida"

Fotos (e legendas): © Domingos Robalo 2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Domingos Robalo, membro da Tabanca da Linha, 
a partir de 19/9/2019. Foto de Manuel Resende (2019)


1. O Domingos Robalo tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo  Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;  filho de militar, foi fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; trabalhou na Lisnave: é praticante de golfe; e passou  a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795,  desde 21 do corrente, a par do Carlos Marques de Oliveira (nº 796) (*) e do António Manuel Carlão (nº 797), este a título póstumo. (**)


Recebi, há dias, a sua resposta, por mail, ao nosso convite

Data: sábado, 21/09, 20:27
Assunto: envio de fotos [37 anexos]

Olá, camarada e amigo Luís Graça.

Em primeiro lugar, o agradecimento pelo convite para estar presente no 45.º convívio da Tabanca da Linha, na quinta feira passada, dia 19.

Gostei de te conhecer assim como ao Manuel Resende, sem esquecer outros camaradas presentes, nomeadamente o Diniz Sousa e Faro, o António Marques Duque, o José António Chaves e o João Martins que foram meus camaradas da artilharia.

Foi também com grande satisfação que reencontrei o amigo Carlos [Marques de] Oliveira, que conheci há 50 anos, faz agora em setembro. Fez parte da artilharia, por força da formação que foi necessário levar a feito na Guiné, para complementar o quadro de sargentos e oficiais subalternos para operarem com os obuses 10,5 cm que havíamos recebido da "Metrópole".

Anexo algumas fotos que são uma pequena amostra da minha passagem pelo TO. Anexo, também um texto, um pouco extenso (14 pp.), que preparei o ano passado para ser incluído na publicação de um livro alusivo à passagem da CCAV 2482 (Boinas Negras), sediada em Fulacunda, e que a artilharia reforçou com 3 obuses 10,5 cm. É um pouco extenso, mas descreve vivências da minha vida enquanto militar miliciano.

Agradeço que confirmes a receção deste e-mail

Com um abraço,
Domingos Robalo


2. Resposta do editor Luís Graça, no passado domingo, dia 20:


Domingos, já recebi o teu "material", tudo em boas condições: imagens e texto em pdf... E já li, na vertical, com muito entusiasmo, as tuas"recordações e desabafos de um combatente."... Vou abrir uma série com este título adaptado, depois de te apresentar à Tabanca Grande... O teu texto é muito bom, e espero que venhas a contribuir com mais "recordações e desabafos" do nosso tempo de tropa e de guerra, para o blogue de todos nós... Vais sentar-te à sombra do poilão da Tabanca Grande no lugar 795, ao lado do Carlos Marques de Oliveira (nº 796).

Também passei pelas Caldas (e depois por Tavira), num curso a seguir ao teu. Para já, ficamos em contacto. E espero que o Jorge Araújo um belo dia destes nos convoque para a inauguração da tão prometida Tabanca de Almada...

Um alfabravo fraterno do Luís 

3. Mensagem anterior, com data de 19,  do editor Luís Graça, endereçada ao Domingos Robalo e ao Carlos Marques de Oliveira, na sequência do 45.º Convívio da Tabanca da Linha:

Tive pena de ser tão curto o tempo para a conversa, mais longa, que gostaria de ter tido convosco. Mas deu para nos conhecermos um pouco melhor. Ficamos em contacto uns com os os outros. Eu fico a aguardar as vossas prometidas fotos do "antigamente"... Podem também mandar fotos, bonitas, de hoje, tipo passe... E contarem as "histórias" que quiserem: se der para uma série de meia dúzia ou mais, abrimos uma série especial para cada um de vocês... Tipo "Memórias do BAC 1 / GAC 7" ou "Memórias do Pel Mort 2115"... Se houver história da unidade, podemos publicá-la em sucessivos postes...

Quanto aos vossos CV militares, creio que já sei o essencial para vos poder apresentar à Tabanca Grande (onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar).. Mas nada melhor do que um textozinho da vossa lavra...

Os vossos lugares, numerados, à sombra do nosso poilão (não há tabanca sem poilão...) estão reservados e já são vossos, de pleno direito: 795 e 796, respetivamente... Como veem, estamos a chegar aos 800 camaradas e amigos da Guiné, em quinze anos de existência do nosso blogue...

Na coluna estática do blogue, do lado esquerdo, já constam os vossos nomes enquanto "marcadores" ou "descritores"... O número de referências vai aumentando com os vossos contributos (textos, fotos...).

As nossas "regras editoriais" (, ou sejam, as normas de são e bom convívio entre nós, amigos e camaradas da Guiné), constam aqui-

Uma boa noite para os nossos dois novos grã-tabanqueiros. Mantenhas. Boa saúde e longa vida.
Luís 
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Notas do editor:

(*) vd. poste de 4 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20120: Facebook...ando (53): Grande foi a abnegação dos artilheiros no CTIG, a avaliar pelo que lá vivi e testemunhei (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau e Fulacunda, 1969/71; reside em Almada)

(**) Último poste da série > 2 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20027: Tabanca Grande (483): Lúcio Vieira, ex-fur mil, CCAV 788 / BCAV 790 (Bula e Ingoré, 1965/67), natural de Torres Novas, jornalista, poeta, dramaturgo, encenador: senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 794

Vd. também poste de 21 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20158: Convívios (908): Os "meninos da Linha": estão bem e recomendam-se... Parabéns ao José Miguel Louro e ao João Pereira da Costa, a quem se cantou hoje os parabéns (Luís Graça)


Oeiras >  Algés > 19 de setembro de 2019 >  Estação de comboio > A caminho do 45.º convívio da Magnífica Tabanca da Linha, vejo este grafito e registei-o em fotografia: "Quando eu partir, Algés, reza por mim!"... (Autor desconhecido).

"Partir", verbo intransitivo e verbo pronominal, quer dizer: (i) pôr-se a caminho, seguir viagem; (ii) ir-se embora, retirar-se, sair de cena; (iii) (em sentido figurado) morrer...

Qualquer um de nós, camaradas e amigos da Guiné, tabanqueiros da Tabanca Grande e da sua rede de tabancas (Matosinhos, Centro / Monte Real, Melros / Gondomar, Maia, Lapónia, Porto Dinheiro / Lourinhã, Ferrel / Peniche, Algarve...) têm legitimidade para "grafitar" as  paredes das nossas tabancas: "Quando eu morrer, não chorem por mim, mas não me deixem ir para a vala comum do esquecimento"...

É essa, afinal, a  nobre missão das nossas tabancas: exercer o nosso direito à memória, lutar contra o nosso Alzheimer coletivo, contestar o politicamente correto... E não temos que pedir desculpa por  ainda não termos morrido, "lerpado" (, no nosso calão de caserna)... A elite dirigente deste país  já está farta de nós: porra, estes gajos nunca mais morrem, nunca mais desamparam a loja, nunca mais se calam, nunca mais viram a puta da página da História!... Querem dizer, os senhores ministros da defesa e os senhores generais da guerra, que estamos a mais, a estragar a festa da História... A sua festa, a festa deles...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O José Miguel Louro, ao centro, o terceiro a contar da esquerda, alvo de manifestações de carinho: festeja o seu aniversário natalício; teve um grupo de 4  camaradas que vieram expressamente do Norte (Vila Nova de Famalicão e Maia) para passar o dia com ele... Ao grupo juntou-se o Jorge Pinto... São da esquerda para a direita: (i) Joaquim Pinto (em primeiro plano, de costas,  (ii) José Manuel Santos; (iii) Carlos Camacho Lobo; e (iv) Costa e Silva (entre o Louro e o Pinto).

Fiquei a saber que o José Louro pertenceu à 3.ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74). Por lamentável lapso, ainda não pertence à Tabanca Grande: é presença assídua na Tabanca da Linha e participou diversas vezes no nosso encontro anual em Monte Real... Enviuvou recentemente. É o primeiro ano, como aniversariante, que passa sem a sua querida Maria do Carmo. Encontrámo-la,  juntamente com o Miguel Louro, pela última vez. no Hospital da Luz, há mais de um ano.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Em primeiro plano, à direita, de perfil o João Martins associando-se aos brindes de parabéns ao José Louro. Na outra ponta, à esquerda, de pé, outro camarada que veio do Norte, com o dr. Carlos Camacho Lobo, o José Manuel Santos.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  Os dois aniversariantes do dia, João Pereira da Costa (Lisboa) e José Miguel Louro (Algueirão / Sintra).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Camacho Lobo, médico dermatologista  (Maia), e o José Miguel Louro, aniversariante...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O Jorge Pinto (Sintra), com mais um camarada da sua 3.ª CART/BART 6520 (Fulacunda, 1972/74), o Costa e Silva, natural de Vila Nova de Famalicão (, radicado no Brasil, no Estado de São Paulo, há muitos anos, vem a Portugal com regularidade; foi convidado por mim para a integrar a Tabanca Grande, tendo como "padrinho" o Jorge Pinto).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Joaquim Pinto, outro dos camaradas que vieram do Norte, neste caso de Vila Nova de Famalicão, para cantar aos parabéns ao José Louro; esteve em Mampatá é cunhado do Costa e Silva.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Dois almadenses que não se conheciam: o nosso coeditor Jorge Araújo, à esquerda, e o Domingos Robalo, novo na Tabanca da Linha e próximo membro da Tabanca Grande.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Manuel Macias (Linda a Velha / Oeiras) e o João Rosa (Lisboa)... O Manel Macias, da Aldeia de São Bento, Serpa, pediu-me para mandar um "alfbravo" para o seu conterrâneo, amigo e camarada José Saúde... Ambos são sentam-se à sombra do poilão da Tabanca Grande.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > À direira, o Luís Paulino (Algés); o camarada da esquerda, não o consigo, de imediato, identificar.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica  Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O António Maria Silva (Cacém / Sintra) e o Carlos Silvério (Ribamar / Lourinhã)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > As únicas senhoras presentes: Alice Carneiro (esposa do Luís Graça), a Gina (esposa do António F. Marques) e a Irene (esposa do Luís R. Moreira)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O Luís R. Moreira e o Manuel Joaquim, dois fiéis tabanqueiros e bons sintrenses.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O cor inf ref João Ares, ex-cmdt da C557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), e o Mário Fitas (Estoril / Cascais). O coronel Ares é a primeira vez que vem à Tabanca da Linha, é portanto um "pira". Foi convidado pelo José Colaço.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45º Convívio >  O cor inf ref João Ares, ex-cmdt da CAÇ 557, CachilBissau e Bafatá, 1963/65).


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Mário Fitas, um dos fundadores da Tabanca. E nosso grã-tabanqueiro: tem 140 referências no nosso blogue.


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Alberto Pinto (Amadora)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Rui Santos [ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama, 1963/65], que vive em Lisboa, um dos veteranos da guerra da Guiné, membro da nossa Tabanca Grande, que eu já não via há anos... Se não erro, desde 2013, por ocasião do 1.º encontro do pessoal de Bedanda, em Peniche...


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O João Parreira, também conhecido aqui pelo seu outro apelido, Latada (Carcavelos / Oeiras) que também já não via há anos: divide o seu tempo, em Carcavelos e em Barbacena, Elvas... A seu lado, o nosso António Graça de Abreu (tem cerca de 240 referências no nosso blogue).


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O João Parreira, membro da nossa Tabanca Grande, da primeira hora. Tem meia centena de referências no nosso blogue.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Jorge Ferreira, o nosso camarada que pôs Buruntuma no mapa, ainda a guerra era uma criança!...



Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Armando Pires (Carnaxide / Oeiras): "parte mantenhas com Bissorã!"... Elemento querido da Tabanca Grande, tem oitenta referências no nosso blogue...


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O António Duque Marques (Amadora) e o Carlos Marques de Oliveira (Sintra): este último vai entrar para a Tabanca Grande, que é a mãe de todas as tabancas... O António Duque Marques, não sei porquê, ainda não figura na lista alfabética!... O que é se passa, camarada e vizinho?


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O Carlos Marques de Oliveira (Sintra) e o João Pereira Costa (Lisboa)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  O  João Martins (Lisboa) e o Carlos Marques de Oliveira, próximo membro da Tabanca Grande. O João Martins tem mais de meia centena de referências no blogue.


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > Em primeiro plano, o Joaquim [Nunes] Sequeira (Colares / Sintra) e o José Inácio Leão Varela (Algés / Oeiras)


Oeiras > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019 > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio >  Aspeto parcial da sala onde se juntaram mais de meia centena de convivas. Em primeiro plano, na mesa, reconheço, à direita, o Daniel Gonçalves (Carcavelos / Oeiras)... A meio, está o José Albino Ribeiro (Mem Martins / Sintra), "pira" nestas andanças...


Oeiras >  Algés >  Restaurante Caravela de Ouro > 19 de setembro de 2019  > Magnífica Tabanca da Linha > 45.º Convívio > O magnífico régulo, Manuel Resende (São Domingos de Rana / Cascais), e o tabanqueiro Jorge Canhão (Oeiras), com 105 e 65 referências no blogue, respetivamente.

Fotos (e legendas): © Luís Graça  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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