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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24420: Facebook...ando (29): A 38ª CCmds. integrada no BCmds da Guiné (1972/74), não só partilhou rações de combate como fez, com os camaradas comandos africanos, grandes operações como a "Galáxia Vermelha", no Cantanhez, que nos uniu até à medula (Amílcar Mendes)


Mesquita de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló  (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015)> > Da esquerda para a direita, (i) Jaquité (ex-fur cmd BCmd): (ii)  cor cmd  ref Raul Folques; (iii) Amílcar Mendes) ex-1º cabo cmd, 38ª CCmds): (iv) José António Pereira (também da 38ª CCmds); e (v) Virgínio Briote (editor do nosso blogue, ex-alf cmd do CTIG, 1965/67).

Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Mesquita de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 >  O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015)  > Da esquerda para a direita, (i) cor Ferreira A A Silva, (ii) sobrinho e (iii) filho do Amadú  [que vive em Londres], (iv) José António A Pereira (da  38ª CCmds), (v) filho mais velho do Amadú [que vive em Lérida, Espanha], (vi) neta do Amadu, (vii) Saiegh (do BCCmds Africanos), (viii) Mário Dias, (ix) Virgínio Briote e (x) um outro guineense não identificado.

Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do Amílcar Mendes, ex-1º cabo cmd, 38ª CCmds (Brá, 1972/74), na página do facebook da Tabanca Grande Luís Graça, com data de 19 do ocorrente,  20h41:

Referindo o período de 72/74, a minha 38ª CCmds estava integrada no Batalhão de Comandos da Guiné, após a sua formação em 72 (antes teve várias designações) cujo 1º Cmdt foi o Maj Cmd Almeida Bruno, mais tarde o Maj Cmd Raul Folques. 

O Batalhão era constituido por 4 Companhias, 3 Africanas e uma Europeia, a 38ª CCmds (a 35ª CCmds foi retirada da actividade operacional, em Março 73 e até ao fim da comissão em Nov73). 

A 38ª CCmds fez operações  a nivel de Batalhão, muitas horas de viagens conjuntas, quer em LDG, ou viaturas, ou saídas de Héli, com Cmds Africanos, dormimos muitas noites juntos, partilhámos muitas rações de combate, iguais para todos.

Acontecia trocarmos, com eles,  sumos, doces, queijos , chokoleite, e recebiamos os que eles não comiam. 

Com os Cmds Africanos, assimilámos hábitos e tradições, aprendemos a melhorar a performance e desempenho na mata, chorámos juntos a morte de camaradas, mas construímos enormes pontes de amizade, que se mantêm até hoje. 

Tive o privilégio de conhecer o Alf Cmd Amadu Jaló,  estive presente, com alguns  (poucos),  nas exéquias fúnebres, na Mesquita de Lisboa, acompanhando a família na sua dor. 

Sem soberba ou gabarolice, posso dizer que poucos combatentes conheceram por "dentro" o desempenho, o arrojo, a forma apaixonada como se orgulhavam de ser Portugueses e Comandos, como a 38ª CCmds conheceu.

A última grande operação que fizemos em conjunto, "Galáxia Vermelha" (**), 12 dias de Cantanhez, uniu-nos até à medula. Foram combates violentos, que infelizmente se saldaram por algumas baixas do nosso lado, mas pusemos todo o Sul a ferro e fogo. 

Continuo a dizer, as rações de combate adaptavam-se... 

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 17 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24321: Facebook...ando (28): Convívio anual da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) em que apareceu, pela primeira vez, o Pechincha, que já não via desde 1969 (Abílio Duarte)

(**)  Operação "Galáxia Vermelha" - 21Dez72 a 01Jan73

A uma força composta pelo BCmds, DFE 4, 12 e 22, TG 9 (10 lanchas da Marinha), 1 Destacamento de Cooperação Aero-Táctico composto por 7 aeronaves da Força Aérea, 1º Pel Art (14 cm) e 5º Pel Art 10,5 cm), foi dada a missão de patrulhar, nomadizar e bater a região Darsalame-Cachambas-Madina do Cantanhez-Boche Falace, S4.

No dia 23, forças do BCmds causaram ao ln 3 mortos e apreenderam 1 espingarda automática "Kalashnikov" em Faro Modi Mutaro. As NT sofreram 3 feridos ligeiros. 

No mesmo dia, na região de Cacine, capturaram 1 espingarda "Mosin-Nagant" e 9 granadas de canhão s/r.

No dia 24, forças do BCmds, apreenderam 1 espingarda automática "Simonov" e detiveram 6 elementos da população.

No dia 25, forças do BCmds, na região de Cacine, foram flageladas e infligiram
na reacção ao ln 4 mortos e sofreram 3 feridos graves e 4 ligeiros.

No dia 26, forças do BCmds, no ataque a uma base inimiga, sofreram 2 mortos, 4 feridos graves e 10 ligeiros.

Nos dias 26 e 27, forças do DFE 22, estabeleceram contacto com o ln na região de Cachambas e apreenderam 1 espingarda automática "Simonov".

No dia 31, forças do DFE 22 tiveram um contacto com o ln, causaram-lhe 1 morto e localizaram 1 arrecadação donde recolheram:

53 granadas de LGFog "RPG-2" e "7";
18 cargas de LGFog "RPG-2";
e 28 de "RPG-7";
e 33 detonadores de LGFog  "RPG-2". 

O DFE 22 sofreu 1 morto e 4 feridos ligeiros.
 
Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 352-353 (Com a devida vénia...)

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24321: Facebook...ando (28): Convívio anual da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) em que apareceu, pela primeira vez, o Pechincha, que já não via desde 1969 (Abílio Duarte)


CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus", 1969/70 > Convívio > Moita, Praia do Rosário > 13 de maio de 2023 > Um grupo de resistentes... O primeiro da esquerda para a direita, na primeira fila (sentados): eu, Abílio Duarte, o Pais de Sousa, o Manuel Macias, o Alf Martins e um camarada condutor, que agora não recordo o seu nome. De pé, e também da esquerda para a direita: o Pechincha, o Silva, o Reina, o Saraiva, o Artur Dias e o Cândido Cunha.

Foto (e legenda): © Abílio Duarte (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Foto e mensagem do Abílio Duarte, postadas na página do Facebook da Tabanca Grande, em 16 do corrente, 17h09:

[Foto à direita: Abílio Duarte, ex-fur mil art, CART 2479 (que em janeiro de 1970 deu origem à CART 11, Os Lacraus, que por sua vez em junho de 1972 passou a designar-se CCAÇ 11), Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70]

Continuando a recordar. Foto do último almoço-convívio, dos veteranos da CArt 2479  (CArt / CCaç 11), Guiné 1969/70. 

Encontrei o Pechincha, que já não via desde 1969, quando se desenfiou para Bissau. Cá vamos resistindo. 

Nesta foto, temos pessoal que nos acompanhou, desde Penafiel  à Guiné, como o Manuel Macias, o Cândido Cunha, o Pechincha, o Pais de Sousa (Fur Mecânico), o Silva (Fur Transmissões), o Reina,  o Alf Martins, meu Comandante de Pelotão, e outros soldados e cabos, como o Dias e o Saraiva. Tudo em forma. Abraço a todos. Abílio Duarte.

2. Comentário do editor LG:

Abílio, obrigado, pela fotos e pela legenda, agora mais completa. Finalmente, "apanhamos" o Pechincha, que era há muito procurado, "vivo ou morto"... O Macias também é nosso tabanqueiro... O Valdemar, infelizmente, não foi ao vosso convívio, por razões de saúde (conhecidas de todos), nem é "facebook...eiro", embora seja um ativo comentador do nosso blogue. O Cândido Cunha gostava de o ver aqui, mais vezes, a "dar a cara",  passando a integrar a Tabanca Grande. O convite que lhe fiz há muito, continua válido... Um alfabravo para esses  todos "lacraus", que estiveram comigo em Contuboel... em junho/julho de 1969... 


Espinho > Silvalde > Fevereiro de 1969 >  CART 2479 / CART 11 >   IAO, Instrução de Aperfeiçoamento Operacional > Uma "foto histórica" um "ninho" de lacraus, designação do pessoal da futura CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/70)

CART 2479 constituiu-se no RAL 5 em Penafiel, no ano de 1968, como subunidade do BART 2866, desmembrando-se desta unidade em fevereiro de 1969, e embarcando com destino à Guiné no dia 18, aonde chegou a 25 do mesmo mês

O  percurso operacional da CART 2479 na zona leste, foi longo, fixando a sua sede em Nova Lamego, no Quartel de Baixo em setembro de 1969; passou por Bissau, Contuboel, Nova Lamego,  Piche; o comandante era o cap mil art Analido Aniceto Pinto (1934- 2014) (trabalhou na Galp Energia, com o nosso Tony Levezinho, da CCAÇ 12); foi extinta em 18 de janeiro de 1970, passando a companhia a designar-se CART 11; em maio de 1972 a CART 11 passou a designar-se CCAÇ 11. No CIM de Contuboel, no 1º e 2º trimestre de 1969l formaram-se, entre outras, as futuras CART 11 / CCAÇ 11 e CCAÇ 12.

Na foto, e graças aos contributos do Valdemar Queiroz  e do Abílio Duarte, podemos identificar os seguintes 1ºs cabos milicianos (futuros furriéis milicianos. "Lacraus" da CART 2479 / CART 11), da esquerda para a direita:

(i) na primeira fila, Manuel Macias (8), Pechincha (que era de operações especiais) (7), Abílio Duarte (5) e Aurélio Duarte (, de Coimbra, falecido em 2015);

(ii) na segunda fila, Canatário (que era apontador de armas pesadas) (9); o Ferreira (
vaguemestre) (10);  o Cândido Cunha (3)") (**) ; e o Abílio Pinto (11);

(iii) na terceira fila,  o Vera Cruz ("este rapaz era um tratado a jogar à lerpa, bons momentos, muito stressado, mas com saída com as miúdas na Guiné"(13); e o Renato Monteiro (já falecido, em 2021) (2):

(iv) na última fila, o Bento (14), o Sousa (já falecido (4), (14) e o "indomável Valdemar Queiroz da Silva, grande contador de histórias" (1).

"Todos duma excecional colheita de "bioxene", garante o Valdemar.  Na foto faltam os restantes da colheita, os ex-fur.mil. Pais de Sousa (Mecânico), Silva (Transmissões) e Edmond (Enfermeiro).

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine.]
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Nota do editor:

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24307: Facebook...ando (27): Op Neve Gelada, na zona de Campã / Cantiré, 5 km a norte de Canquelifá, onde estavam as bases de fogos (morteiro 120 mm e foguetões 122) usados contra Canquelifá



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Sector L4 (Piche) > Canquelifá > Março de 1974 >  O José Marques junto a um dos morteiros 120 capturados no dia 21 de março de 1974, pelos Comandos Africanos na zona de Canquelifá, quando arrumávamos as respectivas granadas. Cortesia de José Marques (Castelo de Vide) (não sabemos ainda a que unidade/subunidade pertenceu, mas fica convidado para integrar o blogue, é apenas amigo do Facebook).

Foto (e legenda): © José Marques (2023). Todos os direitos reservados. 
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1.  Seleção de comentários, gerados no Facebook da Tabanca Grande (*), na sequência da publicação do poste P24305 (**):

(i) Tabanca Grande:

Depois do ataque e destruição da tabanca de Canquelifá, 18 de março de 1974, por fogo IN de morteiro 120 mm e foguetões 122 mm), foi desencadeada a Op Neve Geada, de 21 a 23 de março de 1974, tendo sido batida a zona de Campã / Cantiré, sector L4 (Piche), a cerca de 5 km, a noroeste Canquelifá, numa ação levada a cabo pelo BCmds da Guiné, a três agrupamentos. 

 Na zona estava referenciada uma base de fogos IN. No dia 21, pelas 14h45, a base de fogos foi assaltada, tendo sido apreendidos: 

  • 3 morteiros 120 mm; 
  • 367 granadas de morteiro 120 mm;
  • 1 LGFog RPG-2; (iv) 2 espingardas automáticas Kalashnikov; 
  • e material diverso.

No dia seguinte, pelas 10h00, foi assaltada nova base de fogos e capturadas três rampas de foguetões 122 mm, além de material diverso (munições, espoletas, munições., etc.). Baixas: 2 mortos e 24 feridos, do lado das NT; 27 mortos, incluindo 2 cubanos, do lado do IN. 

Fonte: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico- Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro III (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2015). pp. 479/480.)

(ii) O cor 'comando' ref Raul Folques acrescentou o seguinte:

Na Op.Neve Gelada, zona de Canquelifá, o Batalhão de Comandos da Guiné capturou ao IN_:
  • 3 mort. 120mm completos;
  • 1 tubo de mort. 120mm , 2 tripés, 1 prato/base;
  • e 367 granadas de mort.120mm. 
A operação teve lugar no fim de Março de 1974.

(iii) O Cherno Baldé levantou a questão da localização das bases de fogos:

Tabanca Grande Luís Graça, não fosse essa operação dos Comandos Africanos,  efectuada na localidade de Campã para aliviar a pressão sobre Canquelifá, ainda hoje continuariam a pensar que as bases de fogo se localizavam sempre a partir dos territórios vizinhos e assim justificar a impotência do exército português de fazer parar estes ataques. 

Antes de Canquelifa já tinha havido ataques as cidades de Bafatá e Gabú com foguetões e morteiros 120, no Sul os bombardeamentos eram constantes e temos os casos de Cufar,  por exemplo, sendo que são localidades no interior do território.


Guiné > Zona Leste > Região de Gabu >  Pormenor da carta de Canquelifá (1957) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Canquelifá, tendo a noroeste Copá, e a norte, Campá (5 km em linha reta) e Cantiré (7 km) e, mais acima, os marcos fronteiriços 60, 61 e 62 que o PAIGC devia atravessar vindo as duas bases logísticas no Senegal.

(iv) A Tabanca Grande esclareceu:

Cherno, o PAIGC tinha camiões russos, em março de 1974 (e já antes, desde pelo menos 1968)... Podia perfeitamente penetrar com os morteiros 120 no território da então colónia portuguesa da Guiné... A partir de março de 1973, devia sentir-se mais "à vontade" com a proteção do Strela...

O cor 'comando' Raul Folques, "Torre e Espada", que comandava o Batalhão de Comandos da Guiné na Op Neve Gelado (mas também o cor 'comando' Carlos Matos Gomes, que comandava um dos três Agrupamentos) é que nos pode confirmar hoje (já não é segredo de Estado) se entrou ou não na República da Guiné e se as bases de fogos dos morteiros 120 mm (e dos foguetões 122 mm) estavam ou não em território da Guiné-Bissau, como parece sugerir o Cherno Baldé...  

Em relação à localização das bases de fogo, verificamos pela carta de Canquelifá (1957) (Escala 1/50 mil), que Campã (e não Campiã), uma antiga tabanca, ficava a 5 km, a norte de Canquelifá... Deve ser sido aqui que o PAIGC posicionou os morteiros 120 mm, cujo alcance máximo era de 5700 metros... Cantiré ficava um pouco mais mais longe (cerca de 7 km em linha reta)... 

Portanto, o que o Chermo Baldé diz, é correto. O PAIGC arriscou entrar no território da então Guiné portuguesa, confiando nos seus mísseis Strela... Nem  sempre as viaturas russas Zil e Gas ficaram na fronteira, nem os tipos do PAIGC deviam saber onde ficavam os marcos... Mas a verdade é que desta vez, e talvez por excesso de autoconfiança, não contaram com os comandos africanos, comandados pelo major 'cmd' Raul Folques, que apanharam 3 morteiros pesados completos mais um tubo, e provocaram 27 baixas mortais ao IN, incluindo 2 'internacionalistas' cubanos (que deviam ser apontadores de morteiro)... (Op Neve Gelada, 21 e 22 de março de 1974.)

Quanto à flagelação da Bafatá, meu caro Chermo,  terá sido efetuada apenas com foguetões de 122 mm, como diz (e bem) o... por certo que os combatentes do PAIGC, por muito valentes que fossem, não entraram pela Zona Leste  / Região de Bafatá com os morteiros 120 mm às costas, ou rebocados pelos camiões Gas ao longa da "autoestrada" do leste (que ia praticamente de Buruntuma a Bambadinca, no final da guerra).. Recorde-se que cada morteiro 120, completo (tubo, bipé e prato)  pesa "só" 275 kg (fora as granadas)...

(v) Esclarecimento de António Tavares:

O primeiro ataque a Bafatá com foguetões de 122 mm foi feito da Zona de Acção da responsabilidade da CCaç 2699, sediada em Cancolim, em 1971. A rampa de lançamento foi deixada no local onde foi montada. Felizmente não houve feridos.
Gosto

(vi) Informação do António Rodrigues:

Em Copá, nos meses de Janeiro e Fevereiro de 74, caíram algumas centenas de granadas deste morteiro.

Contávamos todas as saídas e, poucos segundos depois estávamos a contar as explosões junto de nós e só ficávamos descansados quando explodia a última de cada série, felizmente sem consequências físicas para nenhum de nós.
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Notas do editor:

(*)  Último poste da série > 24 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24247: Facebook...ando (26): Homenagem ao Xico Allen (1950-2022): a filha Inês, em Fátima, no passado sábado, no convívio anual da CCAÇ 3566, "Os Metralhas" (Empada e Catió, 1972-74)

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24247: Facebook...ando (26): Homenagem ao Xico Allen (1950-2022): a filha Inês, em Fátima, no passado sábado, no convívio anual da CCAÇ 3566, "Os Metralhas" (Empada e Catió, 1972-74)


A Inês Allen, filha do saudoso Xico Allen  (1950-2022) com um cartaz com o "boneco" dos "Metralhas", a CCAÇ 3566 (Empada e Catió, 1972/74). Foto: Cortesia da página do Facebook da Inès Allen (2023).





O Francisco Allen, mais conhecido por Xico Allen (1950-2022), e também por Xico de Empada, ex-sold cond auto, da CCAÇ 3566, "Os Metralhas" (Empada e Catió, 1972/74), era um histórico da Tabanca Grande, para onde entrou, em princípios de 2006, pela mão do seu amigo e vizinho Albano Costa. Bancário reformado, vivia em Vila Nova de Gaia.
 

1. Poste do nosso camarada Antero Santos [ex-fur ml at inf MA, CCAÇ 3566 e CCAÇ 18  (Empada e Aldeia Formosa, 1972/74), publicado ontem no Facebook da Tabanca Grande:

No sábado, dia 22, em Fátima, realizou-se mais um convívio da CCAÇ 3566, Os Metralhas de Empada".

Foi o primeiro convívio em que não esteve presente fisicamente o Xico Allen, o organizador de sempre destes convívios embora estivesse presente no espírito de todos os presentes.

Contámos ontem com a presença da filha do Xico Allen, a Inês, que nos deu conta de várias coisas e especialmente do projecto que já está em marcha para atribuir o nome do Xico Allen ao campo de futebol que o clube de futebol de Empada espera conseguir construir de forma a perpetuar a memória deste nosso camarada, o combatente que garantidamente visitou Empada depois do nosso regresso em 24 de Junho de 1974.

PALAVRAS DA INÊS ALLEN:

"Conheço-vos a 'todos' desde criança, mas hoje foi a primeira vez que estive fisicamente presente no vosso encontro anual.

"O Xico descobriu muitos onde ,'Judas perdeu as bota', visitou alguns no hospital e ia pôr flores à campa de tantos outros…

"Sem internet ou GPS comprometeu-se a dedicar horas e kms a encontrar os cerca de 150 Metralhas espalhados por Portugal e além fronteiras!

"Na estrada, por onde passava, fazia questão de telefonar… fosse para almoçar ou tomar um café!

"Hoje foi difícil…representá-lo foi uma grande responsabilidade, mas… a toda a família Metralhas de Empada - Guiné muito obrigada pelo vosso incrível carinho e apoio.

"O orgulho que me fizeram sentir do meu pai… não cabe no peito.

"Muito obrigada também pelas 375 'empadas' angariadas hoje, por amizade e pela compra de livros, para a concretização do  Csampo de Futebol Xico Allen”.


https://www.facebook.com/15492.../posts/10223198459100347/lp


2. Seleção de alguns comentários a este poste do Facebook:

(i) Manuel Galvão

(...) "Pois eu até fui um dos mais próximos companheiros do nosso querido Xico.  Por vezes tivemos diferenças na forma de viver,mas ele foi realmente um marco da companhia 'Os Metralhas'  do após-Guiné, aonde por meios diversos tentou procurar sempre este e aquele e a mim foi num belo
 de verão, em Agosto, no Gerês: eu pelo meu lado e ele com os seus,  ao passarmos uns pelos outros,uns metros após,ele gritou: 'Galvão, Galvão!'  e eu olhei para trás e deparei-me então com o Xico e os seus todos e eu claro logo o reconheci e então foi logo ali uma emoção de encontro uns oito anos após fim do serviço militar.

Depois, e como eu era emigrante,  continuei a minha vida  e fui o perdendo de novo de vista. Num belo ano de primavera,  ele foi a França ( a Paris, penso que em trabalho,  e lá de seguida ele me voltou a procurar de novo via telefone,aonde telefonou a todos Galvões da lista, até encontrar aquele que era eu e, claro, a partir daí ficámos muito ligados e apenas estávamos  desligados por razões da vida de cada um. Vivemos então muitas e belas coisas." (,,,)

(ii) Manuel Rocha

Eu não pertenço aos "Metralhas", mas permitam que, depois de ler o comovente texto anoto a minha admiração pela vossa amizade. Felicidades para vocês.

(...) Muito obrigado!!... É por estas e outras experiências, que sou adepto do lema.... "Que não sejam outros  a contar a nossa história. (...)

(iv) Manuel Mendes-Ponte

Excelente texto, gostei daquela citação, "conheço-os a todos", faz me lembrar o dia em que Spinola fazia o discurso de boas vindas às tropas chegadas da metrópole, aconteceu comigo em Dezembro 72 no Cumeré.

(v) Florinda Sousa

Conheço esta menina, Inês Allen,  desde que nasceu. Conheço o Xico desde 1974, depois do fim da sua comissão na Guiné , por intermédio da que mais tarde foi sua esposa e mãe de seus filhos a minha querida amiga Zélia Neno .

O Xico deixou os genes da aventura, do empreendedorismo e da vontade de conviver na sua querida filha Inês que tão bem tem dado continuidade aos seus desejos.

É com muita emoção que vou seguindo os seus objectivos - o ansiado Campo de Futebol.
Saudações para todos os seus "Amigos da Tropa".~

Na minha única mas emocionante viagem à Guiné, em 2009, foi o Chico o guia e impulsionador. Tive com ele convivências inesquecíveis. Louvo a filha por dar continuidade à obra solidária do pai.

(vii) Teixeira Jteix

Os 'Metralhas' não mereciam a fatalidade da perda do seu maior impulsionador, pós- "guerra", felizmente que tem na sua filha Inês a continuidade da sua obra. Parabéns!... Fazia parte do "Bando do Café Progresso" e acompanhou-nos sempre que possível. Descansa em paz amigo,  Xico!...


 
Justa homenagem, Inês. O Xico Allen, teu pai, continua connosco como grande amigo e camarada da Guiné!...Vou fazer um poste no blogue.

É uma "mulher de armas", a nossa Inês, que acompanhou o pai, Xico Allen e um grupo de antigos combatentes, numa das suas muitas idas à Guiné-Bissau, em 2006... Aqui em Jugudul, em Abril de 2006, na casa do empresário Manuel Simões (1941-2014). 

Olha, Inês, gostávamos que aceitasses o nosso convite para te sentares, aqui à sombra do nosso fraterno e simbólico poilão da Tabanca Grande, ajudando-nos a matar as saudades que sentimos pela falta do Xico Allen, um dos históricos do nosso blogue, tal como a tua mãe Zélia Neno

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Nota do editor:

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24238: Facebook...ando (25): Os dois irmãos gémeos Medeiros, da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/74), naturais da Ribeira Grande, a viverem hoje no Canadá (o Adriano) e nos EUA (o David)


Guiné  > Região de Tombali > Cufar > CAÇ 4740 (1972/74), Leões de Cufar" >  Foto de grupo com os manos gémeos Medeiros, Adriano e David, que estão por identificar. Mas, pela pesquisa que fizemos nas suas páginas do Facebook, seriam o primeiro e o terceiro, na fila que está de pé, a contar da esquerda para a  direita.  O Armando Faria está em primeiro plano, agachado, de bigode, no lado esquerdo.

Foto (e legenda): © Armando Faria (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guião dos "Leões de Cufar", CCAÇ 4740 (1972/74), mobilizada pelo BII 17


1. Recentemente, e com referência ao poste P24229 (*), o nosso camarada Armando Faria (ex-fur mil inf MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74, natural de Vila Nova de Gaia), postou o seguinte comentário, na página do Facebook da Tabanca Grande:

(...) A CCaç 4740 teve dois gémeos em Cufar, Guiné, junho de 72 Agosto 74, o Adriano Medeiros e o David Medeiros, pertenceram ao 4.º grupo de combate". (...) 

O comentário vinha acompanhado de uma foto de grupo, com pessoal da CCAÇ 4740, onde presumivelmente estão os dois manos, o Adriano e o David. Mas não estão identificados.

Mandei ao Armando um mail, ontem, dia 20, com o seguinte teor:

"Armando: como vai isso ? A saúde e o resto ? Não tens dado notícias, embora participes na nossa página do Facebook... Há dias encontrei esta tua foto (...)

Acho que era invuilgar haver dois gémeos na mesma unidade ou subunidade... Gostava que os identificasses na foto... Já fui à página deles no Facebook.... E gostava que, estando um na América e outro no Canadá, como muitos outros camaradas açorianos, aceitassem o meu convite para integrar a nossa Tabanca Grande... Será que têm mais fotos desse tempo ?

Os irmã
os Magro foram seis, os que estiveram nos nossos TO em África, mas nenhum era gémeo, três estiveram ao mesmo tempo na Guiné em dada altura...

Vês se dás uma ajuda. O meu pesar pela morte do teu cunhado, Manuel Matias. Também perdi a minha cunhada, muito querida, há dias. Estive um mês na Madalena, V.N. Gaia, tua terra, a dar apoio à família... Abraço grande, Luís".

Enquanto se aguarda a resposta do Armando Faria (que tem 25 referências no nosso blogue), fazemos este poste, na série Facebook...ando. (**)

Os manos Medeiros são naturais da Ribeira Grande, Açores, nascidos a 29 de novembro de 1951, vivem no Canadá, em Winnipeg, o Adriano (tem página no Facebookl, aqui) e, nos EUA, Seekonk , Massachusetts. o David (tem página aqui).

O Armando Faria é autor da História da CCAÇ 4740 (vd. imagem da capa à direita).

Pode ser que outros camaradas como o Luís Mourato Oliveira (que pertenceu a esta companhia, em rendição individual), ou o António Graça de Abreu, do CAOP 1  (que esteve com eles em Cufar), nos possam também dar uma ajuda nesta identificação. Mas o Armando Faria é o camarada mais indicado para o fazer, está em contacto com eles, e tem organizado alguns dos encontr0s dos "Leões de Cufar" (**)

2. Em resposta ao nosso pedido, o Armando Faria legendou, no nosso Facebook,  a foto acima, do seguinte modo:

"Tabanca Grande Luís Graça Então vamos lá dizer algo deste pequeno grupo que pertencia ao 4.º grupo da CCaç 4740, formada em Angra do Heroísmo no BII 17 e onde se encontram; da esquerda para a direita de pé, 1.º cabo Adriano Medeiros, Canadá, Fur Mil Santos, Continente, sold David Medeiros, EUA, 1.º cabo Dâmaso, S. Miguel, 1.º cabo Joao Soares, EUA, sold Simas, Pico,  faleceu em 25/08/2015; 1.º cabo Ernesto, Canadá;  em baixo, Alf Silva e Fur Armando Faria, no Continente."

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24236: Facebook...ando (24): 20 de abril de 1970: Assassinato dos oficiais do CAOP, em chão manjaco, Jolmete: que a História os lembre como mártires pela paz (Manuel Resende, A Mangífica Tabanca da Linha)



1. Poste do Manuel Resende, na página, de hoje, às 10h00, do Facebook  de A Magnífica Tabanca da Linha, de que é administrador:

Peço-vos desculpa por todos os anos repetir isto (não consigo esquecer).

Faz hoje, 20 de Abril de 2023, 53 anos do assassinato dos OFICIAIS do CAOP em solo Manjaco, área de Jolmete. HOMENS que deram a sua vida pela paz foram barbaramente martirizados.

Já todos sabemos a estória, não vou aqui repetir, é só para lembrar.
  • Major Passos Ramos
  • Major Osório
  • Major Pereira da Silva
  • Alferes João Mosca
  • Mamadu Lamine
  • Aliú Sissé
  • Patrão da Costa
Que a História futura os lembre como MÁRTIRES PELA PAZ!
___________

Nota do editor:

quinta-feira, 23 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24165: Facebook...ando (73): "Palco Sombrio", de Alice Caetano (Almada, Emporium Editora, 2020, 276 pp.): Uma narrativa dinâmica centrada nos relatos do homem de teatro e ex-cap mil, Carlos Nery, CMDT da CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70)



Capa do livro de Alice Caetano, "Palco Sombrio:  Guiné - Guerra Colonial e Actos Cénicos" (Almada, Emporium Editora, 2020, 276 pp.)


1. Mensagem de Alice  Caetano Tabanca Grande Luís Graça, com data de ontem, 19h00:

Boa tarde. Escrevi este livro recentemente. Intitula-se "Palco Sombrio: Guiné . Guerra Colonial e Actos Cénicos". Para a sua construção contei com a contribuição de algumas entrevistas a antigos militares, entre as quais a Carlos Nery, obtendo o seu maior contributo. Havendo interessados em adquiri-lo, enviarei pelo correio. Obrigada.


2. Sinopse do livro:

Com a Guerra Colonial na Guiné em pano de fundo, “Palco Sombrio” é uma narrativa dinâmica centrada nos relatos do capitão miliciano e ator, Carlos Nery de Araújo. Nunca será demais desconstruir, desmistificar e descolonizar o pensamento, repor a verdade e a mentira de histórias de sofrimento e coragem. Num magistral jogo de alternância entre o histórico, o biográfico e o ficcional, Alice Caetano transporta o leitor para coreografias de vida e teatros de guerra, palcos de irreversíveis ações individuais e coletivas onde, para o bem e para o mal, tantos gestos de amor e de ódio aconteceram.

Fonte: Emporium Editora (com a devida vénia...)


Leiria Monte Real > Palace Hotel Monte Real > 26 de Junho de 2010. V Encontro Nacional da Tabanca Grande > A paixão do teatro e da Guiné: o João Barge (e o Carlos Nery... (*).  "Os Gandembéis", poema de autoria coletiva (mas com forte contributo do poeta João Barge, 1944-2010), escrito em 1969, retrata a epopeia da CCAÇ 2317 em Gandembel e Ponte Balana. 

Infelizmente o João Barge iria morrer uns escassos meses depois, no príncipio de dezembro de 2010.(**)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Sobre o Carlos Nery, que vai fazer 90 anos  no próximo mês de maio:

O Carlos Nery Gomes de Araújo, meu vizinho de Alfragide, natural do Funchal, onde nasceu em 1933 (vai fazer 90 anos em maio próximo), bancário do Banco de Portugal, 
reformado, homem do teatro amador (como ator e encenador na Companhia Maior), foi Cap Mil, CCAÇ 2382 (Buba, 1968/70)... 

Tem 36 referências no nosso blogue e várias histórias publicadas... Um grande senhor e bom camarada... Apresentou-se à Tabanca Grande em 18/4/2010:



Obrigado, Alice Caetano, pela notícia do livro (***). Um abraço ao nosso camarada e teu sogro Carlos Nery. Diz-lhe que queremos associar-nos à festa dos seus 90 anos!... E dispõe do nosso blogue, agora que és amiga da nossa página no Facebook, Tabanca Grande Luís Graça.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24056: Facebok...ando (72): Nós, os antigos combatentes, porque nos tornaram proscritos? (Angelino Santos Silva, ex-fur mil 'cmd', 26ª CCmds, Bula, Teixeira Pinto e Bissau, 1970/72)


Capa e contracapa de um dos romances históricos do nosso camarada Angelino Santos Silva, "Geração de 70: época das chuvas" (edição de autor, 2014). (*)


I. O Angelino  Santos Silva (foto atual à esquerda), publicou na sua página do Facebook (em 16 de janeiro último) e replicou, na página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça, a reflexão, que a seguir reproduzimos (com a devida vénia), sobre a nossa geração de combatentes da guerra colonial, nascida nos anos 40. 

O Angelino aceitou o nosso convite para ingressar na Tabanca Grande, a comunidade virtual de amigos e camaradas da Guiné que se reune neste blogue. Iremos apresentá-lo brevemente à nossa tertúlia.

Para já aqui um breve apontamento biográfico do autor:

(i) nasceu em novembro de 1948, na aldeia de Recarei, concelho de Paredes;

(ii)  concluído o ensino básico, fez os seus estudos na cidade do Porto;

(iii) aos 17 anos entra na Efacec como estagiário escolar, situação que se manteve até ingressar no Serviço Militar Obrigatório;

(iv) como trabalhador-estudante faz o SPI para entrada no Instituto Industrial do Porto;

(v) em 1969 vai para o CIOE, em Lamego, para frequentar o Curso de Comandos, com vista à Guerra Colonial Portuguesa em África;

(vi) integrado na 26ª Companhia de Comandos, em março de 1970 embarca no navio Niassa para a Guiné, local onde esteve 22 meses (passando por  Bula, Teixeira Pinto e Bissau);

(vii)  em março de 71, sofre em combate um "acidente" provocado por mina anticarro que o projecta a cerca de 30 metros; porque ia dependurado no lado contrário ao rebentamento da mina, quis a sorte que ficasse apenas com algumas queimaduras nas costas, provocado pela água da bateria do camião cisterna, que ficou completamente destruído; sorte, que não tiveram os camaradas dentro do camião; esteve hospitalizado dois meses;
 
(viii) regressado à Efacec em 1972, inicia a carreira profissional como Técnico de Projetos de Engenharia de Equipamentos de Produção e Distribuição de Energia Elétrica, profissão que manteve até 1982;

(ix) em 1982 despede-se da Efacec e inicia uma nova carreira profissional como vendedor de Produtos Químicos de Manutenção Industrial; promovido a Chefe de Vendas ao fim de meio ano, foi promovido a Diretor Técnico/Comercial da zona Norte, ao fim de três anos, cargo que ocupou durante 20 anos na Quimivenda;

(x) o gosto pela escrita em prosa e poesia é de sempre, mas apenas em 2010 começou a publicar os seus textos; Pedaços de Vida foi o seu primeiro romance.(**)

(xi) sabemos que frequenta as Tabancas de Matosinhos e dos Melros;

(xii) contactos: Angelino Santos Silva > telem 912 998 600 | email: angelinosantossilva@gmail.com

 Fonte: Adapt. de Wook (com a devida vénia)


II. Facebok...ando  (***) > Nós, os combatentes: Porque nos tornaram  proscritos?

por Angelino Santos Silva

1. Para responder à questão, temos de recorrer à História, não só à que nos diz directamente respeito, mas também à dos nossos pais, ou seja, à história do país do séc. XX.

A vida é um somatório de passos por caminhos sinuosos com encruzilhadas à mistura. Por vezes temos dúvidas quanto ao caminho a tomar, porém, temos consciência de que temos de prosseguir por um. Noutros, alguém os escolhe por nós sem apelo nem agravo e poucas saídas nos restam para o evitar e sempre com custos elevados.

Nós, os Combatentes pertencemos a este último grupo: perante a maior encruzilhada que a vida nos reservou, alguém nos traçou o caminho e sem qualquer recurso, tivemos que o percorrer.

Vamos aos factos históricos.

A nossa Geração nasceu no período compreendido entre o início da II Guerra Mundial e poucos anos após o fim da mesma, ou seja, entre 1941 e 1953. Olhamos à distância de 70 ou 80 anos e sentimos um amor incomensurável pelos nossos pais, que nasceram no período compreendido entre o fim da Monarquia e os princípios da I República.
 
Enquanto miúdos, víamos o enorme sacrifício que faziam para nos subtrair a um estilo de vida de grande dificuldade que lhes era imposto pelo Estado Novo. Nessa época quase metade da população portuguesa era analfabeta, principalmente nas aldeias, sendo que – analfabeto  – significava apenas não saber ler e escrever com desenvoltura, porque da vida e do trabalho os nossos pais eram mestres: aos dez anos iniciavam uma profissão, aos vinte sabiam quase tudo sobre a mesma e aos trinta eram mestres na arte que escolheram para ofício. 

Para um país retrógrado como era o nosso, tal capacidade e empenho significava uma enorme riqueza, não aproveitada por um regime que mantinha pobre o seu povo e fazia da emigração, ou antes, dos dinheiros enviados pelos emigrantes, o seu pote de ouro. Porém, beneficiaram os países que acolheram a emigração, aproveitando a mão-de-obra barata depois do descalabro da II Guerra Mundial.

Por cá, o esforço e empenho dos nossos pais, também não foram aproveitados por quem tinha o dever de melhorar o nível social do país e acompanhar o desenvolvimento social da Europa do pós-guerra mundial. Aproveitamos nós - seus filhos - cada um por si e todos criamos condições para melhorar a vida de nossas famílias. 

E assim aconteceu: perante cada encruzilhada que nos foi surgindo após o Serviço Militar, não tivemos grandes dúvidas em escolher um caminho, sempre com os olhos postos no exemplo de nossos pais: os que continuaram a estudar após a 4ª classe (o ensino básico era obrigatório até aos 14 anos para quem reprovava) fizeram-no com o intuito de arranjar o melhor emprego possível e os que foram trabalhar legalmente após os 14 anos de idade, fizeram-no com o mesmo propósito. 

Todos melhoramos substancialmente as nossas vidas, criamos as bases para erradicar o analfabetismo e os nossos filhos têm hoje um razoável nível de vida. Parte significativa é licenciada e alguns já exibem um doutoramento. 

Porém, os seus filhos – nossos netos – estão nos antípodas das gerações de seus avós e pouco sabem sobre a nossa missão enquanto Combatentes na Guerra Colonial em África. Tudo é diferente nesta Nova Geração. Aparentemente, os miúdos do Séc. XXI – aos quais designo por Geração de Cristal – têm tudo ao seu alcance, mas na realidade, perante uma encruzilhada que lhes surja pela frente, já não têm tanta certeza, como a tiveram os seus pais e avós. 

É claro, que não é por culpa própria, mas sim pelas decisões políticas erradas tomadas pelas elites governantes, que a pretexto de salvar a “economia” criam dificuldades inultrapassáveis para a maioria das pessoas. 

Esta nova forma de “olhar o mundo“ e geri-lo sob um conceito estritamente económico, - o mesmo que dizer, proteger interesses dos mais ricos - está a transformar a vida dos jovens em uma “caixa de Pandora”. No ensino, parte dos cursos académicos estão desajustados às necessidades do tempo actual e de pouco servem aos licenciados, que se veem obrigados a aceitar um emprego para o qual não estudaram, precários e mal remunerados

Além da frustração que tal opção acarreta, os jovens tornam-se permeáveis aos problemas de foro psíquico e o recurso aos antidepressivos é cada vez mais frequente. Portugal é um dos países da Europa com maior prevalência do número de doenças psiquiátricas. 

No primeiro semestre de 2022 os portugueses compraram perto de 10,9 milhões de embalagens de ansiolíticos, sedativos e antidepressivos, o que representou um encargo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de cerca de 32,5 milhões de euros. Em média, venderam-se mais de 59.732 embalagens de ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e antidepressivos por dia, totalizando 10.871.282 nos primeiros seis meses do ano, o que representa um aumento de 4,1% face ao mesmo período de 2021 (10.439.500), segundo dados do Infarmed.

A pandemia veio acelerar este consumo, sendo que nos jovens se verificou o maior aumento.

Ao prosseguir nesta forma de “olhar o mundo”, ou seja, sob orientação puramente económica, chegaremos a 2030 com uma juventude sem perspectivas quanto ao futuro, com um curriculum académico puramente administrativo que pouco serve, sem emprego ou com emprego mal pago, insuficiente para fazer face à vida. 

Chegados aqui, teremos a Geração de Cristal transformada na “Geração dos Nem Nem” ou seja, Nem estudam, Nem trabalham, porque mais vale viver de subsídios. Se isto não for corrigido, a geração dos nossos netos será confrontada com um recuo civilizacional de um século e chegará ao tempo da Monarquia.

2. É muito importante que falemos aos nossos netos. É muito importante que lhes expliquemos, porque motivo existe, desde o 25 de Abril, um esforço da parte dos governantes em ignorar os Combatentes e se possível, fazer deles, cidadãos Proscritos ou seja, banidos da História de Portugal.
 
3. Este esforço tem sido feito por todos os governos com maior ou menor disfarce e todos comungam do mesmo objectivo: passar em branco as páginas da História da Guerra Colonial e nela, a dos Combatentes.

4. Cabe-nos, não permitir que tal objectivo tenha sucesso. Como fazer isso? Escrever. Escrever muito sobre nós, Combatentes.

5. Porque o tempo não pára e porque estamos confrontados com a verdade inquestionável da idade, deparamos com uma nova e derradeira encruzilhada: escrever sobre nós, utilizar as redes sociais falando sobre nós, porque no ensino escolar ninguém o faz.
 
6. Os nossos filhos também não, porque ao longo da vida familiar pouco falamos sobre a nossa presença em África, absorvidos que estávamos – tal como os nossos pais – a trabalhar para lhes dar um nível social melhor do que o nosso.
 
7. Entre nós falamos muito, facto que por vezes causava espanto aos nossos familiares, quando nos acompanhavam aos Encontros Anuais e encontros de ocasião.

8. Mas devemos falar mais, porque o tempo urge. Seremos hoje cerca de 250 mil, número com algum impacto, se unidos, coisa complicada num país que se uniu para derrubar o Estado Novo, mas logo se dividiu nas artimanhas dos políticos.
 
9. Porque, parte significativa de nós anda entre os 70 e 80 anos – os mais velhos já ultrapassaram este limite – daqui a 10 anos seremos talvez, menos de 50 mil, porque segundo as estatísticas é na idade dos 80 em diante que morre mais gente. Não fugiremos a esta realidade, até porque em cima de nós vieram algumas mazelas que nos causaram desgaste físico e psíquico.

10. De abril de 74 para cá, temos andado divididos entre religião, futebol e política. Tem sido este o desenho bem aproveitado pelos políticos, que sabem que quem não tem potencial para fazer lóbi, fica irremediavelmente para trás. E assim tem acontecido e acontece com os Antigos Combatentes, disfarçado com esmolas que “desarmam” alguns.
 
11. Se nos achamos injustiçados e entendemos fazer alguma coisa, está na hora de encontrar o caminho, porque o tempo urge e já não teremos outra encruzilhada pela frente. Esta será a última das nossas vidas.

• Quanto à pergunta, PORQUE NOS TORNARAM PROSCRITOS?

A resposta é fácil: depois de manipuladas e arregimentadas as gerações que fizeram a Guerra Colonial e, por consequência, a divisão do grupo de Capitães/Combatentes, que se tinham unido para derrubar o Estado Novo, nenhum dos governantes conheceu a guerra colonial portuguesa em África.

Um abraço a todos Combatentes.

Angelino dos Santos Silva
Combatente na Guerra Colonial Portuguesa na Guiné-Bissau

[Revisão e fixação de texto / Negritos, para efeitos de edição deste poste no nosso blogue: LG]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de
14 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15486: Notas de leitura (788): “Geração de 70”, por A. Santos Silva, Euedito, 2014 (Mário Beja Santos)

domingo, 22 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24005: Facebook...ando (71): Brincando, em Bajocunda, já no final da guerra, com uma pista elétrica de carros de corrida, um brinquedo então na moda na metrópole (Amílcar Ventura, ex-fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323, Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74)

Guiné > Região de Gabu > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 >  "Em Bajocunda não era só guerra também nos divertíamos de vez em quando em 73/74"... Foto do álbum do Amílcar Ventura.

Foto (e legenda): © Amilcar Ventura (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  O Amílcar Ventura, ex-fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323 (Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74), natural de (e residente em) Silves, membro da nossa Tabanca Grande desde 9 de maio de 2009 (*), publicou a foto acima na nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça), no passado dia 20. (**)

A foto chamou-me a atenção, não tanto pela legenda ("Em Bajocunda, na Guiné Bissau, não era só guerra também nos divertíamo-nos de vez em quando em 73/74"), quando sobretudo pela "cena retratada": dois militares (um deles, pode ser o próprio Amílcar Ventura)  "brincam" numa pista elétrica de corridas, daquelas que estavam então na moda, na metrópole, e que hoje pertencem à pré-história dos nossos brinquedos, sendo vendidas a preço de saldo no OLX ou na Feira da Ladra... Outros dois militares acompanham as "peripécias" da corrida... A pista não podia ser grande (talvez 10 metros, com duas faixas e dois carros) e só se podia usar quando havia luz elétrica, à noite... O local só pode ser um dos quartos dos furrieis...

Não era vulgar encontrar-se este "brinquedo", no meu tempo (1969/71), nos nossos quartéis... Nessa época, a maior diversão, à noite, eram os jogos de cartas (e nomeadamente a "lerpa" ou o "king"). Ou a "botelada", em campo pelado, ao fim da tarde... 

Fica aqui o "achado"... Obrigado ao Amílcar por desencantar esta imagem do seu álbum, que também fala muito do nosso quotidiano...
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Notas do editor:

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23919: Facebook... ando (70): A Op Grande Empresa (reocupação do mítico Cantanhez) foi há 50 anos (Victor Tavares, ex-1º cabo ap MG 42, CCP 121/BCP 12, 1972/74)



Guiné > Região de Tombali > Rio Cumbijã > Proximidades de Caboxanque (?) > Op Grande Empresa (que começou em 11 e 12 de dezembro de 1972) LDM > Imagens do 1º cabo apontador de MG 42, Victor Tavares, CCP 121 / BCP 12, 

Foto (e legenda): © Victor  Tavares (2022).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Escreveu o Victor Tavares, na sua página do Facebook, em 25 de dezembro de 2022, às 22:48:

Faz hoje 50 anos que a CCP 121 e o BCP 12, estavam envolvidos numa das mais arriscadas e perigosas operações executada nos trez Teatros de Operações em Africa... Operação entregue à responsabilidade do Comandante do BCP 12, Tenente Coronel Paraquedista Araujo e Sá, com dois nomes de código: "Grande Empresa", este dado pelo Comandante-Chefe, e "Tigre Perigoso", pelo BCP 12. Reocupação do Cantanhez, onde participaram outras forças do Exército, da Marinha e da Força Aérea. A mesma teve início a 12 de dezembro de 1972... E no dia de Natal comeu-se a primeira refeição quente. O pão foi substituído por bolachas de água e sal... Outros tempos, outras guerras, que alguns poucos recordam.

2. Comentário do editor LG:

Victor, há natais que nunca mais se esquecem. E menos ainda as guerras por onde andámos.  Em março de 2008 tive ocasião de conhecer o que restava do Cantanhez do teu tempo. Um verdadeiro inferno verde. Deslumbrante mas onde havia marcas de guerra. Tudo nos falavava da guerra que por ali passara, há 40 an0s, mesmo no mais recôndito da floresta onde se escondiam os irãs dos nalus... O silêncio da floresta não conseguia abafar os muitos anos de guerra e as bombas que lá foram largadas, incluindo napalm... A Op Grande Empresa foi um duríssimo golpe para o PAIGC e o orgulho de Amílcar Cabral.  Caía por terra o último dos mitos, o dos dois terços de território libertado... É claro que neste tipo de território, de extensa floresta-galeria, cruzada por míríades de cursos de água, não há áreas controladas nem libertadas... Mas a resposta do PAIGC foi a do costume: fugir para se reagrupar... A resistência das suas tropas foi fraca, não foi capaz sequer de defender a sua população... Mas também é verdade que Spínola estava a gastar os seus últimos cartuchos... E um mês depois Amílcar Cabral seria abatido como um cão pelos seus homens...  

E tudo isto, para quê, Victor? Nada disto valeu a pena, incluindo o sacrifício inútil de milhares de jovens combatentes de ambos os lados, das dezenas de milhares de mulheres, crianças e velhos da população civil, afinal as grandes vítimas do conflito... Nada, de resto, que tirasse o sono ao Amílcar Cabral ou ao Spínola ou ao Marcello Caetano...

Entende isto, Victor, como uma "reflexão de paz natalícia", e que não pretende de modo algum pôr em causa a qualidade excecional da tua subunidade (CCP 121) e da sua unidade (BCP 12) nem muito menos o grande combatente, de corpo inteiro, de grande coragem e estofo moral que tu foste. Aproveito também para fazer a "tua prova de vida"...  Quando publicares coisas do teu facebook que interessem também ao blogue, dá uma apitadela!... Um melhor ano de 2023, para ti e toda a família. Luís.
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