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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25056: Fichas de unidade (33): BCAÇ 3883 (Piche, 1972/74), CCAÇ 3544 (Buruntuma), CCAÇ 3545 (Canquelifá) e CCAÇ 3546 (Piche)




Brasões do BCAÇ 3883 e duas das suas uidades de quadrícula, CCÇ 3544 e 3545

Cortesia de Carlos Coutinho (2009)



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > Dezembro de 2015 > O que resta do célebre memorial do 3º Gr Com da CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974)), dedicado aos seus mortos: "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold AP Dani Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas e Lestos (?). Guiné- 72/74"...

O Fur Mil Op Esp Amândio de Morais Cardoso, natural de Valpaços,  morreu aqui, vítima de uma armadilha que ele montava e desmontava com regularidade, na margem do rio... A trágica ocorrência foi no dia 19 de fevereiro de 1973... Os restantes morreram numa emboscada entre a Ponte Caium e Piche, em 14 de junho de 1973. 

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fichas de unidade > Batalhão de Caçadores n.º 3883

Identificação: BCaç 3883

Unidade Mob: RI 2 - Abrantes

Cmdt: TCor Inf Manuel António Dantas

2.° Cmdt: Maj Inf Manuel Azevedo Morujão e Oliveira

OInfOp/Adj: Maj Inf José Luís Guerreiro Portela

Cmdts Comp:

CCS: Cap Inf Joaquim Pinheiro da Costa

Cap Mil Inf José do Nascimento Leal Varela

CCaç 3544: Cap Mil Inf Luís Manuel Teixeira Neves de Carvalho | Cap Mil Inf José Carlos Guerra Nunes

CCaç 3545: Cap Mil Inf Fernando Peixinho de Cristo

CCaç 3546: Cap QEO José Carlos Duarte Ferreira

Divisa: "Nobreza no Dever"

Partida: Embarque em 19mar72 (Cmd e CCS), 20Mar72 (CCaç 3544), 22Mar72 (CCaç 3545) e 23mar72 (CCaç 3546); desembarque em 19, 22, 23 e 24mar72  |  Regresso: Embarque em 19, 21, 22, e 23jun74

A retrqação do dispositivo das NT, no caso das unidades mais afastadas do Sector Leste - Buruntuma e Canquelifá, foi realizada  em 5 de julho de 1974, seguindo  Camajabá e Ponte do Rio Caium em 8 desse mês.- 15 de Julho, início


Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27Mar72 a 22Abr72, no CIM, em Bolama, seguiu em 24abr72, com as suas subunidades, para o sector de Piche, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCav 2922.

Em 24mai72, assumiu a responsabilidade do referido Sector L4, com a sede em Piche e abrangendo os subsectores de Buruntuma, Piche e Canquelifá. 

Em 29Mai73, por subdivisão do subsector de Buruntuma, foi criado o subsector de Camajabá. As suas subunidades mantiveram-se sempre integradas no dispositivo e manobra do batalhão.

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos, de vigilância da fronteira e de defesa e segurança dos aquartelamentos e aldeamentos, que foram alvo e fortes e frequentes flagelações, particularmente a partir de agosto de 1973. 

Actuou ainda em numerosas missões de protecção e segurança a trabalhos nos reordenamentos e de reparação de itinerários, e ainda na asfaltagem da estrada Piche-Buruntuma; a par de uma decidida colaboração na promoção socioeconómica das populações da região e organização do sistema de autodefesa.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 

  • 4 espingardas,
  • 9 granadas de armas pesadas,
  • e a detecção e levantamento de 29 minas.

Em 31mai74, foi rendido no sector pelo BCaç 4610/73 e recolheu a Bissau para embarque.

***

A CCaç 3544, após treino operacional e sobreposição com a CCav 2747, assumiu, em 24mai72, a responsabilidade do subsector de Buruntuma, com um pelotão destacado em Camajabá e onde se manteve após a criação do respectivo subsector em reforço da respectiva guarnição até meados de ago73.

Em 26jan74, por troca com a 2ª Comp/BCav 8323/73, foi colocada em Piche, tendo então assumido a responsabilidade do respectivo subsector e cumulativamente as funções de subunidade de intervenção e reserva do sector, tendo efectuado acções de patrulhamento, emboscadas e escoltas a colunas.

Em 31mai74, foi rendida pela 3ª Comp/BCaç 4610/73 e recolheu a Bissau para sempre.

* * *

A CCaç 3545, após treino operacional e sobreposição com a CCav 2748, assumiu, em 24mai72, a responsabilidade do subsector de Canquelifá, com um pelotão destacado em Dunane.

Em 19abr74, foi rendida pela 2ª Comp/BCaç 4516/73 e colocada temporariamente em Piche, tendo seguido em 27mai74 para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

* * *

A CCaç 3546, após o treino operacional e sobreposição com a CCav 2749, assumiu, em 24mai72, a responsabilidade do subsector de Piche, com pelotões destacados na ponte do rio Caium e Cambor, este até 18mar73.

Em 29mai73, por criação do subsector de Camajabá, assumiu a sua responsabilidade, mantendo então o destacamento da ponte do rio Caium, tendo a CCS/BCaç 3883, reforçada com pelotões de outras subunidades, assumido transitoriamente, a responsabilidade do subsector de Piche, até à chegada da CCav 3463.

Em 29mai74, foi rendida pela 2ª Comp/BCaç 4610/73 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 104 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM). 

Fonte: Adapt de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 161.162


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24922: Fichas de unidade (32): CCAÇ 15 (Bolama e Mansoa, 1970/74); divisa: "Taque Tchife" (Agarra à mão)

Crachá e brasão da CCAÇ 15 


Fichas de unidade > Companhia de Caçadores nº 15

Identificação: CCaç 15

Cmdt:

  • Cap Inf Manuel José Reis do Nascimento
  • Cap Inf Luís da Piedade Faria
  • Cap Mil Inf João Nuno Rocheta Guerreiro Rua
  • Cap QEO José Eduardo Marques Patrocínio
  • Cap Inf Idílio de Oliveira Freire
  • (oficial n/ identificado)
  • Alf Mil João António de Magalhães

Divisa: "Taque Tchife" (Agarra à mão)"

Início: 29Jan70 | Extinção: finais de Ju174

Síntese da Actividade Operacional

Foi constituída e organizada no CIM, em Bolama, com quadros e algum pessoal especialista metropolitano e o restante pessoal natural da Guiné, da etnia Balanta, sendo inicialmente designada por CCaç Balanta e tomando a designação de CCaç 15 a partir de 28Fev70.

 Após a instrução inicial, efectuou a IAO no CIM, em Bolama, de IS a 28Fev70.

Em 04Mar70, deslocou-se para Mansoa, a fim de substituir a CCaç 2857 na  função de intervenção e reserva do sector, tendo actuado em diversas operações na região de Locher-Changalana, na interdição da ligação Sara-Sarauol e na segurança e protecção de itinerários e dos trabalhos das estradas Mansoa-Bissorã e Jugudul-Bambadinca. 

Destacou ainda pelotões para reforço de outras guarnições, nomeadamente de Mansabá, de 08 a 25Nov70 e de Cutia, de 27Nov70 a finais de Mar71).

Em finais de Ju174, foi desactivada e extinta.

Observações - Tem História da Unidade até 31Mar72 (Caixa n." 130 - 2." Div/4." Sec, do AHM).

Tem 22 referências no nosso blogue. Na Tabanaca Grande temos dois camaradas que pertenceram à CCAÇ 15: o António Sampaio e o Joaquim Mexia Alves.

Fonte - Adapt de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 635
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Nota do editor:

sábado, 2 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24906: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXIX: alferes graduado na CCAÇ 21, combatendo no Leste (pp. 261-263)


Imagem da parada de Bajocunda, cedida por Amílcar Ventura, ex-fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323 (Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74). Os dois barrotes sinalizam a entrada na zona aquartelada. O primeiro edifício do lado direito é a cantina. A construção seguinte albergava a secretaria, e a janela mais distante era do gabinete do comando. Nota de José Manuel Matos Dinis (1948-2021), (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), (Imagem publicada na pág. 262 do livro do Amadu Djaló.)


Guiné > Região de Gabu > Carta de Canquelifá (1957) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Copá e  Canquelifá.   A distância entre os dois pontos é de cerca d 11km.  Copá distava da fronteira com o Senegal, pouco mais de 2,5 km. E Canquelifá 10 km.

Infografia publicada na pág. 263 do livro do Amadu Djaló.


1. Continuação da publicação das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), a partir do manuscrito, digitalizado, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada) (*).

O nosso  camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra,  facultou-nos uma cópia digital. O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem mais de nove dezenas de referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não  lhe permitaram ultimar.



Capa do livro do Amadu Bailo Djaló,
"Guineense, Comando, Português: I Volume:
Comandos Africanos, 1964 - 1974",
Lisboa, Associação de Comandos,
2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada.



O autor, em Bafatá, sua terra natal,
por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)

Síntese das partes anteriores:

(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné-Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;

(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;

(iii) passou por Bedanda, 4ª CCaç (futura CCAÇ 6), e depois Farim, 1ª CCAÇ (futura CCAÇ 3), como sold cond auto;

(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;

(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;

(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);

(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;

(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló (Cacine, Catió, 1929 - Tite, 1971)

(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;

(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual ele participaçou, com toda 1ª CCmds, sob o comando do cap graduado comando João Bacar Jaló (pp. 168-183);

(xi) a narrativa é retomada depois do regresso de Conacri, por pouco tempo, a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971]; Amadu Djaló estava de licença de casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971;

(xii) supersticioso, ouve a "profecia" de um velho adivinho que tem "um recado de Deus (...) para dar ao capitão João Bacar Jaló"; este sonha com a sua própria morte, que vai ocorrer no sector de Tite, perto da tabanca de Jufá, em 16 de abril de 1971 (versão contada ao autor pelo soldado 'comando' Abdulai Djaló Cula, texto em itálico no livro, pp.192-195) ,

(xiii) é entretanto transferido para a 2ª CCmds Africanos, agora em formação; 1ª fase de instrução, em Fá Mandinga , sector L1, de 24 de abril a fins de julho de 1971.

(xiv) o final da instrução realizou.se no subsector do Xitole, regulado do Corunal, cim uma incursão ao mítico Galo Corubal.

(xv) com a 2ª CCmds, comandada por Zacarias Saiegh, participa, em outubro e novembro de 1971, participa em duas acções, uma na zona de Bissum Naga e outra na área de Farim;

(xvi) em novembro de 1971, participa na ocupação da península de Gampará (Op  Satélite Dourado, de 11 a 15, e Pérola Amarela, de 24 a 28);

(xvii) 21-24 dezembro de 1971: Op Safira Solitária: "ronco" e "desastre" no coração do Morés, com as 1ª e 2ª CCmds Africanos  (8 morts e 15 feridos graves);

(xviii) Morés, sempre o Morés... 7 de fevereiro de 1972, Op Juventude III;

(xix) o jogo do rato e do gato: de Caboiana a Madina do Boé, por volta de abril de 1972;

(xx)  tem um estranho sonho em Gandembel, onde está emboscado très dias: mais do que um sonho, um pesadelo: é "apanhado por balantas do PAIGC";

(xxi) saída para o subsetor de Mansoa, onde o alf cmd graduado Bubacar Jaló, da 2ª CCmds Africanos, é mortalmente ferido em 16/2/1973 (Op Esmeralda Negra)M

(xxii) assalto ao Irã de Caboiana, com a 1ª CCmds Africanos, e o cap cav 'cmd' Carlos Matos Gomes como supervisor;

(xxiii) vamos vê-lo a dar instrução a futuros 'comandos' no CIM de Mansabá, na região do Oio, no primeiros meses do ano de 1973, e a fazer algumas "saídas" extras (e bem pagas) com o grupo do Marcelino, ao serviço do COE (Comando de Operações Especiais), que era então comandado pelo major Bruno de Almeida; mas não nos diz uma única sobre essas secretas missões; ao fim de 12 anos de tropa, é 2º sargento e confessa que está cansado;

(xxiv) antes de ir para CCAÇ 21, como sede em Bambadinca, como alferes 'graduado" (e sob o comando do tenente graduado Abdulai Jamanca, ainda irá participar na dramática Op Ametista Real, contra a base do PAIGC, Cumbamori, no Senegal, em 19 de maio de 1973;  esta parte do seu  livro de memórias  (pp. 248-260) já aqui foi transcrita no poste P23625 (**);

(xxv) no leste, começa por atuar no subsetor do Xime, em meados de 1973.


 Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Parte XXXIX:

Alferes graduado na CCAÇ 21, 
combatendo no Leste (pp. 261-263)


CCAÇ 21, Bambabinca [1]   As saídas eram constantes, quase dia sim, dia não. E os feridos aconteciam quase sempre que havia contacto com a guerrilha. Um 1º cabo que estava à espera de ser, dentro de dias, graduado em furriel, na 2ª ou na 3ª saída perdeu uma das pernas. Foi em Agosto de 1973, numa saída na Ponta do Inglês [2] .

 Eu, comandante do grupo, era o segundo homem, à minha frente ia o soldado com a bazuca. Tínhamos andado durante horas a corta-mato, até encontrarmos um carreiro. O 1º cabo, que era o comandante da 1ª secção e vinha lá para trás, chamou-me e pediu para parar. Veio até ao pé de mim e, muito baixo, disse-me que estávamos perto do carreiro, que era logo ali em baixo, junto ao mangueiro, e que se via do local onde estávamos. Que a partir daqui era muito perigoso, que tinha sido debaixo daquela árvore, que um cabo africano tinha morrido, quando regressavam da Ponta do Inglês. Quando acabou de me fazer estes avisos foi para a frente, a caminho do carreiro. 

 − Meu alferes, é ali o carreiro, está a ver? 

Deslocámo-nos até ao caminho e vimos que estava a ser muito utilizado. Continuámos muito devagar, com ele à frente distanciado uns passos. Fez sinal para aumentarmos mais a distância entre nós e fomos passando a informação para trás. De um momento para o outro, fomos sacudidos por um enorme rebentamento, logo ali à nossa frente. O 1º cabo  [3] tinha acabado de pisar uma mina anti-pessoal. 

Depois, participámos em numerosas acções na zona da fronteira, em Paunca, Pirada, Bajocunda, Piche, Canquelifá. 

Não conseguíamos passar uma semana seguida em nossas casas, nem participávamos nas nossas festas sagradas, junto das nossas famílias. Porque era nessas alturas que o PAIGC aproveitava e tentava surpreender os aquartelamentos. 

Passámos mais tempo em Canquelifá, porque o PAIGC queria mesmo acabar com o quartel e com a tabanca. Os morteiros de 120 eram em número de cinco e, como tínhamos atacado a base de Cumbamori, no Senegal, perto da estrada Koldá-Zinguinchor, o PAIGC transferiu parte do material do norte para o leste  [4]. 

Copá [5]   e Canquelifá  [6]  passaram a ser considerados os primeiros objectivos do PAIGC. Copá veio a ser abandonada [7]   e o pessoal que lá estava foi recolhido em Amedalai, perto de Bajocunda, com o nosso apoio e dos páras. Depois de Copá,  faltava-lhes conquistar Canquelifá.  

(Continua)
_________

Notas do autor e/ou do editor VB:

 [1] Nota do editor: esteve no  sector de Bambadinca, de 23ju173 a 11ago73 e de 21nov73 a 16dez73, para actuação nas regiões de Mina, Ponta Varela, Ponta do Inglês e Malafo,  e do BCaç 3883;  e no sector de Piche, de 03set73 a 12nov73 e de 07 a 10jan74. 

 [2] Ponta, o mesmo que quinta, propriedade. 

[3]  Esse 1º cabo, de nome Galé, vive em Portugal sem nunca lhe ter sido reconhecido o posto a que os seus camaradas vieram a ascender dias depois. 

[4]  Nota do editor: do sul do Casamance para o leste.

[5]  Nota do editor: a cerca de 4km da fronteira.

[6]  Nota do editor: a cerca de 12km de Copá. 

[7]  Nota do editor: o destacamento de Copá (da companhia de Pirada / BCav8323), depois de três dias de intensas flagelações, foi temporariamente abandonado durante a tarde de 13fev74 pela maioria dos militares da guarnição, que, em fuga se dirigiram para Canquelifá deixando no aquartelamento um furriel e dois ou três camaradas. Na manhã de 14fev74, os militares foragidos regressaram ao seu destacamento que, depois de armadilhado e minado, foi oficialmente extinto em 05abr74 .

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]

2. Ficha de unidade: CCAÇ 21

Companhia de Caçadores nº 21
Identificação CCaç 21
Cmdt: Ten grad cmd Abdulai Queta Jamanca
Início: 05jun73 | Extinção: 18ago74

Síntese da Actividade Operacional

Foi organizada, de 05 a 09jun73, no CIM, em Bolama e foi constituída por pessoal natural da Guiné, da etnia Fula, na sua grande maioria já integrante de companhias de milícias, tendo realizado a sua instrução de 11jun73 a 07ju173.

Em 11Ju173, foi colocada em Bambadinca, como subunidade de intervenção e reserva do CAOP 2, tendo colmatado a saída da CCaç 12 nessa função.

Nesta situação, tomou parte em diversas acções, patrulhamentos e escoltas, tendo sido atribuída em reforço de diversos sectores por períodos variáveis e nomeadamente do BArt 3873, no sector de Bambadinca, de 23ju173 a 11ago73 e de 21nov73 a 16dez73, para actuação nas regiões de Mina, Ponta Varela, Ponta do Inglês e Malafo,  e do BCaç 3883, no sector de Piche, de 03set73 a 12nov73 e de 07 a 10jan74, para actuação nas regiões de Cassum, Piai, mata Niji Camassuli, entre outras.

Em 18ago74, foi desactivada e extinta.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 642.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24880: Efemérides (420): A 35ª CCmds (Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73) partia, há 52 anos, às 11h00, para o CTIG no T/T Angra do Heroísmo (Ramiro Jesus, Aveiro)


Foto nº 1


Foto nº 2


35ª CCmds ( Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73) > Novembro de 1971 > Despedida em Lamego (foto nº 1) e a bordo do Angra do Heroísmo (Fotos nºs 2 e 3)

Fotos ( e legendas): © Ramiro Jesus (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Ramiro Jesus, (ex-fur mil 'comando', 35.ª CCmds (Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73) (mora em Aveiro, é membro da nossa Tabanca Grande desde 9/12/2012, e tem 17 referências no nosso blogue):

Data - sexta, 24 nov 2023, 13:07

Assunto - Partida

Bom-dia, amigos e camaradas.

Acabaram há pouco - por volta das 11 horas - de completar-se 52 anos da minha partida para a Guiné, a bordo do navio "Angra do Heroísmo".

Faltavam - e nessa altura não sabia - dois anos e mais um mês, para a viagem de regresso, no "Niassa".

Bem, mas, ao menos, voltei e voltaram quase todos os que me acompanharam naquela aventura, cujas consequências imaginávamos mas não conhecíamos.

"Faltaram" o João e o Granada, a quem deixo a minha homenagem e ainda outros, que tinham regressado antes por consequências da guerra ou do clima.

Para ilustrar a mensagem, envio fotos do desfile de despedida em Lamego e já no navio de "cruzeiro", no T/T "Angra do Heróismo"

Um Abraço para todos, editores e leitores do blogue.
Ramiro Jesus


2. Ficha da unidade > 35ªCCmds

35ª  Companhia de Comandos (Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)

Identificação: 35ª  CCmnds

Unidade Mob: CIOE - Lamego

Cmdt: Cap Mil Inf Cmd António Joaquim Alves Ribeiro da Fonseca | Cap Mil Inf Cmd António Rui de Mendonça Andrade

Partida: Embarque em 19Nov71; desembarque em 24Nov71 | Regresso: Embarque em 15Dez73  
[Há aqui um erro cronológico: o Ramiro Jesus diz que a partidade Lisboa  foi a 24 e a chegada a Bissa a 29/11/1971]

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, seguiu em 03Dez71 para Teixeira Pinto, a fim de efectuar o treino operacional com a 26." CCmds até 04Jan72, sendo a imposição das insígnias de "Comando" efectuada em 14Jan72.

A partir de 06Jan72, mantendo-se em Teixeira Pinto, foi atribuída ao CAOP1 como subunidade de intervenção e reserva deste agrupamento, tendo tomado parte em diversas operações e acções de patrulhamento nas regiões Churo-Caboiana, Burné, Belenguerez e Pijame, entre outras. 

Pelos resultados obtidos e material capturado, destacam-se as operações "Júpiter", "Joeirada 78" e "Jacarandá", entre outras.

Em 3Jan73, foi deslocada para Bula, a fim de actuar como subunidade de intervenção e reserva do BCav 8320/72, com vista à realização de patrulhamentos, emboscadas e acções ofensivas nas regiões de Choquemone e Ponta Matar.

Em 15Fev73, foi colocada em Brá (Bissau), onde passou a desempenhar serviços de guarnição, tendo ainda tomado parte em escoltas a colunas de reabastecimento a Farim e Cacheu e ficando a aguardar o embarque de regresso a partir de 05Dez73.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 100 - 2ª Div/4ª  Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 535...

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de novembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24850: Efemérides (410): Há 56 anos: onze mortos (além de dezenas de feridos), da CART 1661, na estrada Porto Gole-Bissá, em duas minas A/C (uma incendiária), em 5 e 6 de outubro de 1967... Ainda hoje recordo os soldados queimados, alguns com o terço ao pescoço, rezando para os salvarmos! (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé, Missirá, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68)

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24706: As nossas geografias emocionais (7): Cacheu (António Medina, ex-fur mil at inf, CART 527, 1963/65)

Foto nº 1A > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) > O António Medina junto ao monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique 1440-1960 (1)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) > O António Medina junto ao monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique 1440-1960 (2)


Foto nº 2A > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) > Porto fluvial (1)


Foto nº 2 > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) > Porto fluvial (2)


Foto nº 3A > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) >  O Antóno Medina numa canoa nhominca (1)
 

Foto nº 3 > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) >  O Antóno Medina numa canoa nhominca (2)


Foto nº 4A > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) >   O rio Cacheu na maré vazia (1)


Foto nº 4 > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) >   O rio Cacheu na maré vazia (2)


Foto nº 4B > Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CART 527 (1963/65) > O rio Cacheu na maré vazia (3)... Ancorado, parece-nos um navio da marinha,  o P382 (?) (Se for, seria o NRP Regulus, LFP Antares,  transferido para a Marinha do Malawi em 1970 como "Chibisa")

Fotos (e legendas): © António Medina (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



2. Ficha de unidade >  Companhia de Artilharia nº  527

Identificação:  CArt 527
Unidade Mob: RAL 1 - Lisboa
Crndt: Cap Mil Art António Maria de Amorim Pessoa Varela Pinto | Cap Art Domingos Amaral Barreiros
Divisa: -
Partida: Embarque em 27Mai63; desembarque em 04Jun63 | Regresso: Embarque em 29Abr65

Síntese da Actividade Operacional

Em 25Jun63, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de reforçar o BCaç 239 e depois o BCaç 507, com vista à realização de operações de patrulhamento e batida na região de Binar.

Em 08Ag063, substituindo a CCaç 154, assumiu a responsabilidade do subsector de Teixeira Pinto e destacamento de Cacheu, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 507 e tendo ainda empenhado efectivos em diversas operações realizadas na região do Jol e Pelundo, entre outras; por períodos variáveis, destacou, ainda, efectivos para reforço das guarnições locais de Calequisse, Caió e Bachile.

Em 28Abr65, foi rendida no subsector de Teixeira Pinto pela CCav 789 e recolheu a Bissau para embarque de regresso.

Observaçõe- Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 439.
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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24594: Fichas de unidade (31): BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Bula, Nhala e Mampatá, março de 1973/setembro de 74)

Tem página no Facebook > Batalhão
Caçadores 4513 



Batalhão de Caçadores n.º  4513/72


Identificação: BCaç 4513/72

Unidade Mob: RI 15 - Tomar

Cmdt: TCor Inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa | TCor Inf Carlos Alberto Simões Ramalheira | Maj Inf Duarte Dias Marques

2º Cmdt: Maj Inf Duarte Dias Marques

OInfOp/Adj: Cap Inf Jorge Feio Cerveira

Cmdts Comp:

CCS: Cap SGE Carlos Santos Pereira | Alf SGE Jerónimo dos Santos Rebocho Carrasqueira


1ª  Comp: Cap Mil Inf João Luís Braz Dias

2ª  Comp: Cap Mil Inf Domingos Afonso Braga da Cruz | Cap Mil Inf grad José António Campos Pereira

3ª  Comp: Cap Mil Cav João Carlos Messias Martins Cap Mil Inf Joaquim Manuel Guerreiro Dias

Divisa: "Non Nobis" (em latim quer dizer "não para nós"...)

Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 03Set74 (3.ª Comp), 04Set74 (2ª Comp) e 06Set74 (Cmd, CCS e 1ª Comp)

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CIM, em Bolama, seguiu, em 27 Abr73, para o sector de Aldeia Formosa, com as suas subunidades, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCaç 3852.

Em 13Mai73, após o final do treino operacional, ficou, com as suas subunidades, na dependência operacional do referido BCaç 3852, que manteve, entretanto, a responsabilidade do sector, sendo orientado para reforço da contrapenetração e reacções à pressão inimiga na área.

Em 27Jun73, passou a batalhão de intervenção do CAOP 1, orientado para a interdição do corredor de Missirá e acções na região de Nhacobá, estabelecendo a sede em Cumbijã a partir de 29Jun73, integrando as forças instaladas em Cumbijã e Colibuia, além das suas próprias subunidades estacionadas no sector S2, em Aldeia Formosa e Mampatá.

Em 10Ag073, rendendo então o BCaç 3852, assumiu a responsabilidade do referido Sector S2, com a sede em Aldeia Formosa e abrangendo os subsectores de Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa. 

Em 06Set73, a função de intervenção já anteriormente executada pelo batalhão foi temporariamente atribuída ao BCaç 4516/73 até 30Out73.

Desenvolveu intensa actividade operacional, tendo comandado e coordenado diversas acções e operações e a realização de patrulhamentos, reconhecimentos e acções de vigilância da fronteira e de contrapenetração. 

A par disso, actuou ainda na protecção aos trabalhos de abertura e melhoramento de itinerários e de segurança e defesa das populações e da sua promoção socioeconómica.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora ligeira, 5 espingardas, 1 lança-granadas foguete, 61 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 30 minas.

A partir de 07Ag074, comandou e coordenou a execução do plano de retracção do dispositivo e a desactivação e entrega dos aquartelamentos ao PAIGC, a qual foi sucessivamente efectuada nos subsectores de Mampatá, em 29Ag074, de Aldeia Formosa, em 31Ag074, de Nhala em 02Set74 e de Buba, em 04Set74. 

Em 31Ag074, foi transitoriamente deslocado de Aldeia Formosa para Buba, onde se manteve até à desactivação e entrega do aquartelamento em 04Set74, após o que recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

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A 1ª Comp, após o treino operacional no subsector de Buba com a CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17Mai73, em Mampatá.

Em 15Ag073, rendendo a CCaç 3398, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 04Set74, após a desactivação e entrega do aquartelamento ao PAIGC, recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

***

A 2ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Nhala com a CCaç 3400, sob orientação do BCaç 3852, foi deslocada para Aldeia Formosa, a fim de colaborar na segurança dos trabalhos da estrada Mampatá-Nhacobá. Em 29Jun73, integrando o seu batalhão na função de intervenção, instalou-se em Cumbijã.

Em l8Ag073, rendendo a CCaç 3400, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhala, onde se manteve até à desactivação c entrega do aquartelamento, em 02Set74, recolhendo então a Bissau para efectuar o embarque de regresso.

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A 3ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Aldeia Formosa com a CCaç 3399, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar o esforço de contrapenetração realizado por aquela subunidade no referido subsector.

Em 211un73, mantendo-se em Aldeia Formosa, ficou integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão, então em função de intervenção naquela zona de acção.

Em 13Ag073, substituindo a CCaç 3399, assumiu a responsabilidade do subsector de Aldeia Formosa, no sector do seu batalhão.

Em 31Ag074, após desactivação e entrega do aquartelamento, recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 113 - 2.ª  Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 170/172.

2. Comenmtário do editor LG:

Militares deste batalhão que integram o nosso blogue, ou sejam, fazem parte da Tabnca Grande, a "mãe de todas as tabancas"...

(i)  da 1ª companhia (Buba, 1973/74), o camarada Manuel Oliveira,  bem com o António Alves da Cruz a mais recente admissão, o nº 880, com convite pendente desde... 2014!)),  

(ii) da 2ª companhia, já cá temos, há muito,  o António Murta, ex-alf mil inf Minas e Armadilhas (que tem mais de 90 referências, sendo autor da notável série "Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513"); e ainda o José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Cripto): ambos estiveram en Nhala, 1973/74 (estiveram em Aldfeia Formosa, Cumbijã e Nhala);

(iii) há  um quinto camarada, o Fernando Costa (ou Fernando Silva da Costa), ex-fur mil trms d
a CCS/BCAÇ 4513, que esteve em Aldeia Formosa (infelizmente já falecido, em 2018, segundo informação da página do Facebook, do batalhão; tem 17 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 25/10/2009; vamos fazer-lhe um poste In Memoriam: só agora, cinco anos depois temos conhecimento desta triste notícia).
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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24583: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte VII: agosto de 1982, rendição pela CART 6251 e reagrupamento no CIM do Cumeré, ao fim de 22 meses

Guião da CART 6251/72 (Catió, 1973/74) 

Cortesia de Carlos Coutinho, 2009) 


1. Continuação da publicação de alguns alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (**).

É mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.

Uma cópia da história da unidade foi oferecida ao Centro de Documentação 25 de Abril, em vida, pelo então major general Monteiro Valente, ex-elemento do MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como no pós- 25 de Abril. 

Acrescente-se ainda que o antigo cap inf Monteir0 Valente, foi também comandante da GNR, e era licenciado em História pela Universidade de Coimbra. Entre outros cargos e funções, foi instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974). (Foto à direita, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).

Uma cópia (parcial) desta história da CCAÇ 2792, chegou-nos às mãos há uns largos tempos.


História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte VII:

agosto de 1972:  a rendição pela CART 6251 e reagrupamento 
no CIM do Cumeré, ao fim de 22 meses


Perído de de 1 a 31 de agosto de 1972

1. Situação

Até 10 de agosto, decorreu o treino operacional da CART 6251 (*), que veio render a CCAÇ 2792.

A 11, iniciou-se o período de 10 dias de sobreposição. Às 24h00 do dia 20 cessou, para esta subunidade, a CCAÇ 2792, a respondabilidade do subsetor de Catió (zonas de ação de Catió e Cabedú), transitando para a CART 6251.

A 11, marcharam com destino ao CIM de Cumeré um Gr Comb e alguns elementos da formação da guarnição de Cabedú, e a 13 mais um Gr Comb e parte da formação da guarnição de Catió. A 25, sairam de Cabedú os restantes militares da companhia. E a 25 o comando e os restantes elementos que estavam em Catió. Seguiram em LDM com destino ao CIM do Cumeré, onde chegaram no dia seguinte.

A 25 de agosto de 1972, finalmente, processou-se o reagrupamento da companhia, após vinte e dois meses de separação.

2. Atividade IN

O IN, "em  sinal despedida" à CCAÇ 2792 e de "saudação" à CART 6251, levou a feito neste período flagelações sobre os aquartelamentos das NT, situadas na chamada Frente de Catió:
  • em 2, às 18h40, flagelou Cabedú  com mort 82 e canhão s/r , sem consequências:
  • a 18, às 18h39, flagelou Catió com foguetões 122 mm,  causando 3 mortos e 2 feridos entre a população;
  • no mesmo dia, às 20h30 e às 21h30, voltou a flagelar Catió com 2 foguetões 122 mm, mas desta vez sem consequências;
  • a 19,  às 5h50,  nova flagelação a Catió, sem consequèncias.
De destacar, no que se refere às NT, no campo socioeconómico e psicológico,  o apreço que foi transmitido, à CCAÇ 2792,  por parte do Com-Chefe, pelo bom rendimento dos trabalhos do reordenamento de Quibil (Nota nº 2227/POP/72 do QG/CCFAG).

3. Ficha de unidade > CART 6251/72

Companhia de Artilharia nº 6251/72
Identificação CArt 6251/72
Unidade Mob: RAP 2 - Vila Nova de Gaia
Cmdt: Cap Mil Art Virgílio Augusto da Silva Ferreira Martins
Divisa: -
Partida: Embarque em 22Jun72; desembarque em 22Jun72 | Regresso: Embarque em 09Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após efectuar a IAO, de 23jun72 a 22jul72, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23jul72, para o subsector de Catió, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CCaç 2792.

Em 21ago72, assumiu a responsabilidade do referido subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 4510/72. 

Em 12dez72, a zona de acção do destacamento de Cabedú passou a constituir um novo subsector, ficando então na dependência do COP 4, criado na referida data, e depois do BCaç 4514/72.

Em 1mar74, foi substituída no subsector de Catió pela 3ª Comp / BCav 8320/72, ali colocada do antecedente em reforço, tendo então assumido a responsabilidade do subsector de Cabedú em 3mar74 e ficando na dependência do BCaç 4514/72 e depois do BArt 6520/72. 

Entretanto, passou a ter dois pelotões destacados em Catió, em reforço da guarnição local e dar colaboração na segurança e protecção dos trabalhos da estrada Catió-Cufar, na dependência do BCaç 4510/72 e depois do BCaç 4510/73.

Em finais de jul74, foi substituída no subsector de Cabedú pela CArt 6552/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa nº 105 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 484.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24522: Tabanca Grande (551): cor inf ref Cunha Ribeiro (Gondomar, 1926 - Porto, 2023), antigo 2º cmdt, BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), fica simbolicamente inumado, à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 879


Foto nº 1


Foto nº 2 > O major Cunha Ribeiro falando para o "corresponde local"... do jornal "A Bola"...


Foto nº 3 > O fatídico jipe...

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Coamndo e CCS/BCAÇ 2852 (1968/70)  > O  então major Cunha Ribeiro, integrando uma equipa de futebol (Fotos nº 1 e 2)... Na terceira  e última foto pode ver-se o estado em que ficou o seu jipe no acidente que lhe ia sendo fatal, e que o mandou para o hospital durante vários meses.

Na foto nº 1 está a equipa de futebol de oficiais de Bambadinca que acabara de jogar contra uma equipa de sargentos (*). Na fotografia aparecem, na segunda fila, da esquerda para a direita:  de pé, o alf mil Beja Santos (cmdt do Pel Caç Nat 52, 1968/70), o alf mil médico, David Payne Pereira (já falecido, era um conhecido psiquiatra), o major Cunha Ribeiro, 2º comandante do BCAÇ 2852,  o cap inf Carlos Alberto Maqcahdo de Brito (hoje cor ref), comandante da CCAÇ 12, e ainda o alf mil at int Abel Maria Rodrigues, também da CCAÇ 12.

Na primeira fila, da esquerda para a direita, um militar que não conseguimos identificar, seguidos de três alf mil,   José António G. Rodrigues, da CCAÇ 12 (já falecido), o António Carlão, da CCAÇ 12 (jã falecido) e o Isamel Augusto (CCS). O Fernando Calado, alf mil trms, também fazia parte da equipa mas fracturou um braço, não aparecendo por isso na foto.

O major Cunha Ribeiro  substituiu, em setembro de 1969,  major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares. 

Fotos (e legenda): © João Pedro Cunha Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Cunha Ribeiro, no 1º convívio do pessoal de Bambadinca, em 1994, 
em Fão, Esposende. 

Foto: Beja Santos


1. Mensagem de João Pedro de Paiva Cunha Ribeiro, filho do  cor inf ref Ângelo Cunha Ribeiro (1926-3023):

Data - quarta, 26/07/2023, 02:03  
Assunto - Cunha Ribeiro, Cor

Caro Amigo,
Revisitei hoje o blogue de que é autor,  para recuperar a notícia que lá publicou do falecimento do meu pai, da autoria do Dr Mário Beja Santos, com a intenção de divulgar o respetivo link no dia em que o meu pai faria 97 anos. 

Deparei assim com o pedido de fotografias dele na campanha da Guiné, o que me levou a contactá-lo e consigo partilhar as poucas fotografias que dessa altura dele possuímos. Inclusive do estado em que ficou o veículo onde teve o acidente.

Com as minhas mais cordiais saudações,
João Pedro Cunha Ribeiro
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | 
School of Arts and Humanities – University of Lisbon


2. Comentário do editor LG:

Aquando da notícia da morte do cor Cunha Ribeiro,  manifestei em comentário ao poste P24216 (*), os meus votos de pesar à família pela sua perda, aos 97 anos... E mais disse: 

"Conheci  o coronel Cunha Ribeiro, em Bambadinca, como major, segundo comandante do BCAÇ 2852. Estivemos juntos uns escassos meses até ao seu fatídico acidente na rampa de acesso ao quartel. E falei com ele poucas vezes. Eu era um simples furriel, para mais não pertencia ao seu batalhão.

Foi um superior hierárquico de que temos vivas memórias pela energia e entusiasmo que punha na sua atividade de comando. Vejo agora que era natural de Gondomar e vivia no Porto. Era de facto um homem do Norte.

Foi lembrado no blogue diversas vezes, tem cerca de uma dúzia de referências. Voltei a vê-lo em Fão em 1994. Morreu em paz com 96 anos, isso também nos consola, a todos nós, antigos combatentes.

O Beja Santos já há muito que formulou o desejo de juntar o seu nome à lista dos membros da Tabanca Grande. Ele gostava muito de lembrar os tempos de Bambadinca. Por mim, tudo bem. Será que o Beja Santos (ou a família) nos disponibiliza algumas fotos dele, desse tempo?"

O filho João Pedro acaba de nos mandar três fotos do seu querido pai. Fica satisfeito o nosso pedido, estando agora em condições de, a título póstumo, integrar na Tabanca Grande o nosso "major elétrico", como ele é afetuosamente conhecido pelos seus subordiandos em Bambdinca. O seu lugar, sob o nosso poilão, será pois o nº 879. Que descanse em paz! 



3. Ficha de unidade : Batalhão 
de Caçadores nº 2852

Identificação: BCaç 2852
Unidade Mob: RI 2 - Abrantes

Cmdt: TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos | TCor Cav Álvaro Nuno Lemos de Fontoura | TCor Inf Jovelino Moniz de Sá Pamplona Corte Real

2.° Cmdt: Maj Inf Manuel Domingues Duarte Bispo | Maj Inf Viriato Amílcar Pires da Silva | Maj Inf Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro | Maj Inf Herberto Alfredo do Amaral Sampaio

OInfOp/Adj: Maj Inf Viriato Amílcar Pires da Silva | Maj Inf Ângelo Augusto Cunha Ribeiro

Cmdts Comp:
CCS: Cap Inf Eugénio Baptista Neves | Cap Mil Art António Dias Lopes | Cap Inf Manuel Maria Pontes Figueiras | Alf Millnf Ismael Quitério Augusto (não confirmado)

CCaç 2404: Cap Mil Inf Carlos Alberto Franqueira de Sousa | Cap Mil Inf Francisco António Brito Limpo Trigueiros | Cap Inf António Jacques Favre Castel-Branco Ferreira | Alf Mil Inf Manuel Abreu Barbosa | Cap Inf Eugénio Baptista Neves | Cap lnf Manuel Dias Chagas

CCaç 2405: Cap Mil Inf José Miguel Novais Jerónimo

CCaç 2406: Cap Inf Diamantino Ribeiro André

Divisa: Sacrifícios Não Contamos

Partida: Embarque em 24Ju168; desembarque em 30Jul68 | Regresso: Embarque em 16Jun70 (CCaç 2405 e 2406 em 28Mai70)

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, ficou colocado em Bissau na situação de reserva do Comando-Chefe, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros batalhões.

Em 160ut68, rendendo o BArt 1904, assumiu a responsabilidade do Sector LI, com sede em Bambadinca c abrangendo os subsectores de Xime, Xitole e Bambadinca, este com sede temporariamente em Fá Mandinga até 18Ju169.

Em 04Dez68, foi criado o subsector de Galomaro e, em 25Fev69, ainda o subsector de Saltinho, com as consequentes reformulações dos subsectores.

Em 290ut69, a zona de acção foi alargada da área de Enxalé, então retirada ao BCaç 2885. Em 28Jul69 e 07Nov69, os subsectores de Galomaro e Saltinho deixaram de pertencer ao Sector LI, por atribuição ao COP 7 e ao BCaç 2851, respectivamente.

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, emboscadas e acções ofensivas sobre as linhas de infiltração inimigas, por forma a impedir o alastramento do seu esforço na zona Leste; a par disso, continuou a promover a organização do sistema de autodefesa das populações e respectivos aldeamentos.

Pela duração e áreas batidas, destacam-se as operações "Hálito", "Guia II" e "Dá Forte" e a sua colaboração na operação "Mabecos Bravios" - na qual, por acidente na travessia do rio Corubal, pereceram 17 militares - e na operação "Lança Afiada".

Dentre o armamento capturado mais significativo, salienta-se: 2 metralhadoras pesadas, 2 pistolas-metralhadoras, 4 espingardas, 117 granadas de armas p
esadas e cerca de 10000 munições de armas ligeiras.

Em 07Jun70, foi rendido no sector pelo BArt 2917 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 117/118.
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Nota do editor: