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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5256: Tabanca Grande (186): João Bonifácio regressa em Janeiro de 2010 ao solo pátrio (Os Editores)

1. Mensagem de João Bonifácio*, ex-Fur Mil SAM (vulgo vagomestre), na CCAÇ 2402 (, Mansabá e Olossato, 1968/70), com data de 10 de Novembro de 2009:

Caro Luis.
Os meus melhores votos de saude.

Desejo comunicar a toda a Tabanca que a partir de 13 de Dezembro do corrente ano, não mais terei o sistema de internete no Canadá.
Penso regressar a Portugal depois de 35 invernos, mais frios que quentes, o que penso fazer em Janeiro.

Após a minha chegada e depois de me estabelecer e familiarizar com o ambiente, tentarei voltar ao convívio de todos. Para os que não sabem, esta é uma mudanca radical, mas penso que para o bem pois nunca pensei ficar aqui congelado para sempre.
Ficam assim todos informados, por teu intermédio Luis, o que muito agradeço.

Do mesmo modo desejo a todos um Bom Natal em companhia de todos os vossos familiares e amigos e que, como sempre dizemos, que 2010 seja o Ano Bom e cheio de saúde e amor.
Fiquem Bem.

João Gomes Bonifácio
ex-Fur Mil SAM
BCAÇ 2402/BCAÇ 2851
Guiné, 1968/70

Obrigado Luís e um Abraço de Boas Festas


2. Comentário de CV:

Caro João Bonifácio
Registamos a boa notícia do teu regresso definitivo a Portugal. Vais deixar para trás uma boa parte da tua vida, mas terás pela frente, nesta terra bem mais quente, ainda uns bons anos para gozar o devido descanso após uma vida de trabalho.

Esperamos que nos indiques na devida altura o teu novo endereço, pois não te queremos perder de vista.

Toda a tabanca te deseja um bom regresso e uma fácil integração na nova vida que vais empreender.

Retribuímos e agradecemos os teus votos de Boas Festas.

Em nome da tertúlia deixo-te um abraço
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4698: Depois da guerra, o stresse... da paz (2): Não foi o melhor tempo da minha vida... (João Bonifácio)

Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5216: Tabanca Grande (185): Arménio Santos, ex-Fur Mil de Rec Inf, Aldeia Formosa, 1968/70

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4698: Depois da guerra, o stresse... da paz (2): Não foi o melhor tempo da minha vida... (João Bonifácio)

1. Através do correio interno da Tabanca Grande, dei conhecimento do primeiro texto que o José Eduardo Oliveira nos enviou, inaugurando uma nova série Depois da guerra... o stresse da paz (*), em que se procura, apesar da ambiguidade do título, dar conta das dificuldades de adaptação à vida civil, depois de três anos de tropa (com dois na Guiné) como aconteceu com muitos de nós (no caso do José Eduardo, foram quatro, de 1962 a 1966)...

Amigos e camaradas: Não é todos os dias que aparece um de nós a dizer, em público, a assumir em público, que a Guiné, a experiência de 'Guerra & Paz' que foi a Guiné, também representou alguns dos melhores dias, semanas, meses e até anos das nossas vidas... Politicamente incorrecto ? No nosso blogue, não conhecemos esse advérbio de modo... Leiam e comentem. LG

No seu primeiro texto, o José Eduardo Oliveira, que foi Fur Mil Enfermeiro, dá-nos conta de que a sua passagem pela Guiné, e em especial por Binta, na região do Cacheu, não teve só aspectos negativos (e traumatizantes), associados à guerra; também teve o outro lado, positivo, o apoio material e psicossocial às populações locais, o convívio, a camaradagem, a solidariedade.... Nesse texto, que não é de modo algum saudosista, ele faz o contraponto do melhor das suas vivências em Binta com o pior do day-after, com as agruras do regresso à normalidade...

2. Comentário do João Bonifácio (ou John Bonifácio) que vive no Canadá. Recorde-se que ele foi Fur Mil SAM (vulgo vagomestre), na CCAÇ 2402 (Có, Mansabá e Olossato, 1968/70) (**)... 

A esta subunidade também pertence o nosso camara Raul Albino, ex-Alf Mil. Foi seu comandante o Cap Inf Mário José Vargas Cardoso. Pertencia ao BCAÇ 2851 (a cuja CCS pertenciam os nossos camaradas António Pimentel, da Figeira da Foz, mas a viver no Porto, e o Hernâni Figueiredo, de Ovar: um abraço especial, para estes dois camaradas do BCAÇ 2851, com quem estive recentemente no nosso IV Encontro, bem como ao João e ao Raul).

Olá, caro Luís:

Em relação às actividades da CCAÇ 675 em Binta, apenas posso louvá-los por tudo o que fizeram pelas populações. Alias, penso que todas as guerras que passaram pela Guiné, fossem do exército, marinha ou força aérea, fizeram o seu melhor para minimizar a dor e a saudade que sentíamos pelos nossos, que nem sabíamos se algum dia seria possível rever de novo.

Fazer statements [declarações] àcerca do facto de "terem sido os melhores dias..." , eu aí já desconfio, pois devido à minha especialização, posso afirmar que a CCAÇ 2402 fez quase tudo o que a CCAÇ 675 fez, durante a nossa estadia no teatro operacional de CÓ e OLOSSATO. Tambem nós fizemos muito, também nós fomos reconhecidos pela chamada accao psicológica, junto das populaçõs.

Também gostavam muito de mim, pois estando a cargo dos comes e bebes, as festas na aldeia não se faziam sem a chamada água de Lisboa, que embora com uma mistura de água e tinto na base dos 50/50, ainda os fazia dançar e cantar até às tantas.

Também porque era eu que ajudava as mães mais necessitadas, quando não davam leite suficiente para alimentar os seus babies [bebés]. Tambem a Companhia ajudou no campo da saúde, e até tínhamos um médico.

Tambem se fizeram casas novas, com a ajuda obrigada dos balantas, que não queriam nada com o trabalho.

Também se deu instrução escolar. Tivemos uma estação de rádio. Enfim, fizemos o que, penso todos fizeram. No meu caso pessoal, eu até fiquei muito feliz, porque assim teria tanto em que ocupar o tempo, que a minha comissão iria passar depressa.

Posso dizer que organizei o meu tempo muito bem, e apenas houve um inconveniente, é que a minha esposa ficou doente e teve de ser internada, o meu filho por razões que nunca se souberam, contraiu um problema no fígado e eu apanhei o paludismo.

Não posso dizer que foi o melhor tempo da minha vida. Não foi e por razões mais que claras. Talvez se eu estivesse na Guiné por minha vontade, então eu poderia dizer ou não do meu agrado. Nas nossas situações, vidas interrompidas em plena subida, famílias deixadas na incerteza, e a nossa propria dúvida de como acabaria. Sim, porque os soldados não faziam ideia nenhuma do que os esperava. Até nós, em certos momentos, não compreendíamos nada acerca desta guerra. Eu, mais ligado ao comando e como graduado mais antigo, estive sempre informado.

Nunca poderei dizer que foi uma estadia em que fomos muito felizes. A noite em que saí de Bissau, ficou lembrada por uma tempestada enorme e que continuou até Cabo Verde. De recordar o carinho do Antonio Sala ao dedicar-nos a cancao de despedida Adeus, Guiné. Fiquei emocionado. A estadia teve os seus altos e baixos, mas nunca poderei afirmar que foram os melhores dias da minha vida.

De qualquer modo, eu agradeco-te, Luis, o envio deste e-mail. Prova, afinal, que cada um de nós escolhe os melhores dias da vida a seu belo prazer e em conta com os seus próprios ideais e sonhos.

Obrigado e um GRANDE ABRAÇO.

João G. Bonifácio
Oshawa, Ontario, Canadá
CCAÇ 2402 Guiné
Ex-Fur Mil SAM

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 15 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4690: Depois da guerra, o stresse... da paz (1): Em Binta, vivi uma experiência única (José Eduardo Oliveira)


(**) Vd. poste de 1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, antigo vagomestre da CCAÇ 2402)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3770: O meu Natal no mato (22): A RTP na Guiné, no Natal de 1969 (João Bonifácio)

1. O nosso camarada João G. Bonifácio, ex-Fur Mil da CCaç 2402/BCaç 2851, Guiné 1968/70, deixou, em 11 de Janeiro de 2009, este comentário no poste Guiné 63/74 - P3450: Blogoterapia (72): Comentário ao P3402 (Raúl Albino) :

Olá Amigos visitantes desta tabanca tão grande e onde a CCAÇ 2402 tem um pequeno espaço, alegria e saúde.

É bom ver que o meu amigo Raúl Albino tem tanta gente a ler estas coisas que todos nós por lá vivemos. Eu sei que o segredo do Raúl, para estar sempre em forma, era descansar o máximo. Ele gostava de ver, mas para dentro. Depois o calor ajudava. Eu, pelo contrário, só dormi dois dias seguidos, quando o furriel miliciano Machado, que era um açoriano, me drogou fortemente para resolver o meu paludismo. Aquele rapaz era tão corisco, mas curava todos. Era tão bom, tão bom, que até sabia mais que o médico da Companhia.

Bem, eu ia dizer que não tive essa sorte. Dormia pouco. Era uma questão diferente de vencer o tempo. Eu desde que cheguei à Guiné em 1968, decidi ocupar as 24 horas do dia. Assim e para além da supervisão do Rancho e cozinha, da messe de Oficiais e Sargentos e cozinha, do Armazém de géneros, da horta, dos animais, da padaria, da Cantina do Soldado e do Bar de Oficiais e Sargentos, ainda fazia trabalhos na Secretaria, dei aulas da 1.ª e 2.ª classes a miúdos locais, supervisava as duas bibliotecas, e ainda dava uns passeios pela tabanca à procura de qualquer pormenor estranho.

Às vezes dá para ver e o meu amigo Furriel Lopes, o tipo da ferrugem, e eu encontrámos uma criança tão mal, que a levámos e à mãe para o quartel de onde foi mais tarde evacuada para Bissau. Ah, e ainda fazia rondas, o que me permitia abastecer os militares que saíam cedo para operações, mas mais porque o Cap Vargas tinha um problema com os confidenciais. Assim, cabia-me a mim ir acordar os oficiais e sargentos, que depois acordavam os soldados. Era mesmo confidencial. Eu digo tudo isto, porque dormia pouco, e portanto tenho mil uma histórias para contar. Eu decidi que ocupando o tempo, iria ser melhor. Mas não quero, de forma alguma, dizer que todos os que pensaram em desligar o sistema todo por dois anos, fizeram mal.

Este Blogue tem-nos permitido a aproximação entre todos nos.

Muito em especial para o Raúl, eu quero adiantar mais um pouco sobre as mensagens de 1969 para a RTP. Quando nos foi comunicado que a RTP nos ia visitar para as gravações, o Comandante Vargas me chamou e me deu instruções para eu programar como iriam ser os locais e como iriam ser mostrados os militares e quem iria falar, já que todos seria impossível. Um dia eu mandarei as fotos que eu tenho deste episódio. No dia das gravações, ele decidiu tornar-se o actor, e decidiu ignorar tudo o que tinha combinado comigo. Fiquei de tal modo perturbado que decidi rasgar tudo quanto era o programa pré-estabelecido e fui deitar-me para o meu quarto. Passada uma meia hora, batem à minha porta e quando abri, deparei com um Major de Bissau que me disse saber o que tinha acontecido, e porque achou ser injusto, me convidava a deixar a gravação como eu entendesse, pois dava-me 5 minutos só para mim. Eu declinei educadamente, mas acho que não gostou, pois a resposta foi simples.
- Nosso Furriel, é uma Ordem.

Pronto, lá fui eu. Se o Raúl se lembra e onde eu e uns soldados e o miúdo Godinho aparecemos a gravar a nossa mensagem de Natal, mesmo ao lado do presépio, que na altura estava feito junto a Enfermaria, no Olossato. Como podem ver, meus amigos, cada um de nos passou o tempo como entendeu, e felizmente, ainda estamos com saúde para podermos falar destes episódios.

Eu adoro ler tudo o que por aqui escrevem. Apenas lamento que mais não apareçam e deixem um ar da sua imaginação. Os erros são mesmos próprios, e para isso eu mesmo tenho esse defeito, nunca leio o que escrevo até que já saiu do meu monitor. Sabem, o Raúl faz esse favor, e já agora, com toda a justiça, o Luís, o Carlos e o Virginio. Eu não tenho acentos nem sinais, os ingleses são muito simples!!! Não usam isso.

São 19.38 em Toronto, Canada, ou 02.38 em Lisboa. Vocês já estão a fazer o que faziam na guerra... a descansar, e eu ainda tenho que esperar. Estão a ver? Fiquem bem.

Um grande abraço para todos.
João G Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM CCAÇ 2402
Guiné 1968/70
__________

Notas de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3690: O meu Natal no mato (21): CCAÇ 2402, Có, 1968, e Olossato, 1969 (Raúl Albino)

Vd. último poste de João Bonifácio de 12 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3301: História da CCAÇ 2402: Em Mansabá não se passava nada...(João Bonifácio)

domingo, 12 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3301: História da CCAÇ 2402: Em Mansabá não se passava nada...(João Bonifácio)

Ataque a Mansabá em 03 Abril de 1969


1. Mensagem do João Bonifácio, membro da nossa Tabanca Grande, que vive no Canadá:

Olá Luís.


Desculpa o incómodo. Achei que devia enviar uma nota acerca da narrativa do Raul Albino (*), e enviei um e-mail para o nosso camarada Carlos Vinhal, mas veio devolvido. Foi por isso que decidi enviar o mesmo à tua atenção para revisão e publicação se achares que a minha nota tem algum interesse.

O Raul mencionou que o Cap Vargas Cardoso não gostava do modo "abandalhado" como a guerra era vivida em Mansabá. Também eu tive a prova disso, lamentavelmente.


Um grande abraço e "Have a good weekend".

João G. Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
CCaç 2402/BCaç 2851
Guiné 1968/70

_______

Histórias da CCaç 2402

por João Bonifácio
Ex-Fur Mil do S.A.M.
CCaç 2402/BCaç 2851
Có - Mansabá - Olossato
1968/70



Caro Amigo.

Os meus melhores cumprimentos. De vez em quando visito esta Tabanca para ver o que há de novo e para aprender sobre tudo o que passou há tantos anos e quando éramos ainda uns jovens.

A narrativa do meu amigo e ex-alf mil Raul Albino, pelo que me lembro, corresponde à verdade do que se passou nessa noite (*).

Apenas um pormenor escapa, mas não é de admirar, pois viver em Mansabá era tarefa simples para um militar, que como eu, ficou sem fazer nada. Contudo, desejo dizer-lhes que na noite do ataque a Mansabá, relatado pelo Raul Albino, para minha infelicidade, eu estava de sargento de dia à CCAÇ 2402.

Como sempre fui um militar que se preocupava com os detalhes de tudo, decidi numa das rondas aos postos de Mansabá, fiscalizar e verificar o estado das armas e munições que ali se encontravam. Esta ronda era feita com uma viatura de transporte pequena pois a área a cobrir era imensa, para ser feita pelo lado de fora dos postos.

Nesse dia verifiquei que nenhuma das armas estava limpa, bem pelo contrário, podiam ver-se mostras de alguma corrosão, e as munições para além de não estarem devidamente colocadas nas caixas (havia munições pelo chão que até nos deixou sem fala), mas as que estavam nas armas estavam já cheias de verdete.
Enfim, como era minha norma dei conhecimento e até falei com o Sargento de Material de Guerra da minha companhia acerca do assunto, e compreensivelmente, nada foi feito, pois a nossa posição era, para além da protecção das obras da estrada mencionada pelo Raul, a de esperar que nos mandassem para outro lado.
Foi um tempo difícil de passar pois os especialistas da formação ficaram sem nada para fazer.

Voltando à ronda que fiz em Mansabá e esta já por volta da 10 da noite, tudo correu normalmente até que eu e o condutor percorríamos o trajecto do lado da pista. Foi nessa altura que senti um arrepio de frio, pois pareceu-me ouvir barulho não muito longe. Ordenei ao condutor para desligar os faróis e regressar ao interior do quartel. Lembro-me de ter falado com alguns militares, mas fiquei apenas frustrado porque nada se fazia.

Uns diziam que nada se passava em Mansabá. Ouvi que eu estava a ver coisas a mais, etc. Mas o que mais me feriu foi o facto de me dizerem "Oh João, afinal o que é que percebes destas coisas, se o teu papel é dentro do arame farpado?"



Mansabá . Alguns dos feridos esperando evacuação para Bissau. Foto de Raul Albino (?).

Pois é. O resto já o Raul mencionou. Sei dos muitos feridos na minha companhia, muitos porque na sua fuga para os locais estabelecidos, e como estavam deitados e descalços, acabaram por se cortar com os vidros das garrafas de cerveja, que eu notei logo que cheguei a Mansabá.

Este quartel até não era mau, mas estava "abandalhado" , pois ninguém passava cartão a nada.
Deste dia que não esqueço, apenas lamento, que as minhas suspeitas não tivessem sido consideradas.

Se fosse a CCaç 2402 a operar e conhecendo o Cap. Vargas Cardoso, tenho a certeza de que as armas e munições estariam em perfeita condição, assim como a situação que mencionei durante uma ronda à noite, tinha sido investigada. Assim não foi, e agora apenas podemos contar a história.

Obrigado por me terem permitido este anexo para a história de Mansabá e da CC2402, e também ao Raul Albino pela sua magnifica narrativa.

Um abraço amigo.

João G. Bonifácio
___________

2. Nota de vb:

- Gratos pelo teu apontamento à História da CCaç 2402. Recebe um abraço dos teus Camaradas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2562: As Nossas Madrinhas de Guerra (3): Quem as não teve ? (Luís Graça / João Bonifácio / Paulo Salgado)



1. Mensagem do editor:

Completando a nossa sondagem - de sete dias - sobre as nossas queridas madrinhas de guerra (1)...

Vale o que vale... Mas desta vez batemos o recorde de respostas (n=109)...

Desfez-se um mito ? Talvez, afinal mais de 60% de nós não tinham madrinha de guerra... Mas pelo menos 38% da malta correspondia-se regularmente com uma ou mais madrinhas de guerra... Havia, em todo o caso, uma minoria (cerca de 7%) que coleccionava madrinhas de guerra: tinha três ou mais meninas que os ajudavam a suavizar os duros tempos da guerra...

Uma ressalva: a nossa amostra (os camaradas do nosso blogue) não é representativa, em termos estatísticos, da população de militares que passou pela Guiné, desde 1963 até 1974...

Recordemos a pergunta da Sondagem (6) que foi leavada a cabo na segunda semana de Fevereiro de 2008:

Camarada, com quantas madrinhas de guerra (excluindo esposa, noiva ou namorada) te correspondias tu, regularmente, na Guiné ?
Total de respostas: 109 (Vd. quadro-resumo, acima).

2. Mernsagem de 19 de Fevereiro de 2008, enviada pelo John Bonifácio, um camarada nosso que vive no Canadá


Olá, Amigo:

Neste capitulo de madrinhas de guerra, desejo contar em poucas palavras o que aconteceu a um grupo de tres furriéis onde estava eu próprio. Colocámos um anúncio numa revista feminina da altura (1968/70) e as respostas foram tantas que tivemos que seleccioná-las por qualificações.


O pior é que neste capítulo haviam muitas falhas. Das cento e muitas respostas, cerca de 70% eram professoras, ou assim elas diziam. Como muitas davam erros ortográficos a mais para "professora", nos gastámos uns dias a discutir em conjunto como continuaríamos a seleccionar. Como eramos três, decidimos apenas ficar com as três melhores.


Passada uma semana estava tudo resolvido, mas não durou muito na minha parte, porque eu não conseguia ter "lata" para tudo aquilo. As tais ditas madrinhas de guerra sabiam ao que andavam. Mas ainda bem que algumas até foram boas companhias, pois sei de algumas que até casaram com os afilhados.


Histórias autênticas da guerra por onde todos andámos.

Um abraço

Joao G. Bonifacio
Fur Mil Sam
CCAÇ 2402 (1970/72)

3. Do Paulo Salgado (ex-Alf Cav, CCAV 2712 , Olossato e Nhacra, 1970/72), também com data de ontem:


Caro Luís:

Nenhuma.


Para passar o tempo, pessoalmente escrevia ao meu pai, à minha namorada (actual mulher), sempre que não estava no mato, lia muito, jogava a batota (havia fases), fazíamos o jornal Tabanca (saíram talvez seis números – não me recordo, mas, pelos vistos, houve censura - o Tomé e outros já tínhamos ideias).


Mas havia muita malta com vária madrinhas e havia soldados que não tinham nenhuma…


Paulo Salgado
________
Notas de L.G.:
(1) Vd. postes de:
10 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2519: As Nossas Madrinhas de Guerra (1): Os aerogramas ou bate-estradas do nosso contentamento (Carlos Vinhal / Luís Graça)
15 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2539: Em Dia de São Valentim... ou o amor e a morte em tempo de guerra (Mário Fitas, Torcato Mendonça, Manuel Bastos)
16 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2543: As Nossas Madrinhas de Guerra (2): Minha querida Madrinha de Guerra (José Teixeira)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2212: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (3): Portugueses da diáspora também querem ver (João G. Bonifácio)

1. Mensagem do nosso camarada João G. Bonifácio, que pertenceu à CCAÇ 2402 (1968/70) e vive hoje no Canadá (1):

Luís:

Olá! Os melhores cumprimentos. Não sei se alguém pode ajudar, mas aqui vai a minha questão. Há uns dias a RTP1 transmitiu no programa "Prós e Contras" a situação da chamada Guerra do Ultramar, para além de outros nomes que lhe chamaram.

Todos vós devem ter visto. Eu acompanhei no Canadá atraves da RTPi. No dia
16 foi iniciada a nova série, A Guerra (2), com um primeiro documentário, relacionado com o mesmo tema acima indicado.

Escrevi para a Dra Fátima e produção, com a intenção de saber se estes mesmos documentários poderiam ser mostrados, para além da RTP1 mas igualmente na RTPi. Até hoje não mereci qualquer resposta.

Lembrei-me de escrever, pois já somos muitos nesta Caserna, para saber se
alguém pode saber se estes documentarios serão passados na RTPi ou passados
a DVD. Nós, no estrangeiro, pouco ou nada merecemos.

Um abraço para todos vós e o meu obrigado.

Obrigado, Luís.

João Gomes Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
CCAÇ 2402/ BCAÇ 2851
, Mansabá, Olossato
1968/70

2. Comentário de L.G.:

A estreia da série semanal A Guerra (argumento e realização de Joaquim Furtado) foi auspiciosa para a RTP. De facto, foi o programa mais visto em 16 de Outubro, batendo os programas de entretenimento que, a essa hora (21h00), pasassavam na concorrência (SIC e TVi).

O programa registou um share de 32,9 e uma audiência média de 13,6, segundo os dados divulgados pela Marktest. O que quer dizer que foi visto por cerca de 1 milhão e 300 mil portugueses. Infelizmente, não chega aos portugueses da diáspora. Esta série, que levou - ao que parece - um decénio a fazer (!), merece chegar o mais longe possível. Apelamos aos amigos e camaradas da Guiné para façam saber isso aos responsáveis da estação pública. Nós, aqui, estamos solidários com os nossos camaradas que vivem no estrangeiro. Um abraço. L.G.

___________

Nota dos editores:

(1) Vd. post de:

1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, antigo vagomestre da CCAÇ 2402)

(...) Meu caro João /My dear John:

1. Fico muito sensibilizado com a tua mensagem… Eu sei que a Pátria não foi Mátria para ti, foi madrasta... E eu sou o primeiro a ser solidário contigo, eu que decidi ficar na terra que me viu nascer... Sei que isso não te vai servir de consolo, mas não imaginas o rol de reclamações que recebo neste pequeno canto da blogosfera!... Enfim, o importante é que hoje estejas bem, nesse grande país que eu admiro… Mas as tuas raízes, a tua identidade, o teu passado estão aqui, estão connosco… Nenhum de nós terá futuro, se não souber preservar e até alimentar o passado. A Guiné marcou-nos a todos, com o seu ferrete... Mas foi em português, na língua de Camões, que exprimimos os sentimentos mais nobres ou dissémos os palavrões mais horríveis. João: não adianta. Não se escolhe a Pátria, não se escolhem os pais nem os irmãos, não se escolhe a língua materna... Mas dessa ao menos eu tenho (e tu tens, nós temos) orgulho... É em português, e em bom português, que comunicamos na blogosfera, neste blogue, na nossa tertúlia, nesta caserna virtual onde todos cabemos, de Lisboa a Bissau, de Viana do Castelo a Toronto, de Coimbra a Luanda" (...)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1331: Blogoterapia (9): Quando a Pátria não é Mátria para ti (João Bonifácio, Canadá, exvagomestre da CCAÇ 2402)

1. Mensagem do João Bonifácio, residente actualmente no Canadá, ex-camarada do Raul Albino, na CCAÇ 2402 (1968/70), e candidato a membro da nossa tertúlia:

Embora não tenha o prazer de o conhecer pessoalmente, estou muito feliz por toda esta informação, e que me foi facilitada por um amigo, que comigo serviu na Guiné em 1968/70 - Có, Mansabá, Olossato - CCAÇ 2402 (BCAÇ 2851) (1).

O ex-Alf Mil Raul Albino fez o favor de me enviar este site, e eu, quando posso, procuro rever toda a Guiné, através das exposições de todos os nossos ex- camaradas, a todos os níveis.

Depois de finda a minha comissão, como Furriel Miliciano do SAM (vulgo,vagomestre), e após um pequeno período de descanso e adaptação, regressei a Lisboa com a minha esposa e filho, onde reatámos as nossas vidas.

Não foi longa a minha estadia em Portugal, uma vez que a desilusão que sofri ao regressar... Assim, ao ver que o futuro seria complicado para os filhos, decidi pedir autorização para sair de Portugal, com destino ao Canadá.

Se na altura eu me sentia ofendido com o meu próprio país, bem pode imaginar quando na Amadora me pediram 1500 escudos em selos, para selar a minha desvinculação a Portugal. Saí de Portugal a 15 de Fevereiro de 1974, mas já sabia que alguma coisa se iria em breve passar. Mas era tarde, eu havia decidido que, depois de 37 meses no exército e 21 meses e 4 dias na Guiné, devia merecer mais um pouco de compreensão.

Mas o que se espera? Nós vemos e lemos o que todos os dias se passa. Somos os únicos que compreendem esta situação, e somos os únicos que tentamos manter esta chama de uma guerra onde estivemos, mas que acho nunca conpreenderemos.

Para si, Luís, um grande abraço e obrigado. Neste momento estou ocupado com o segundo livro da CCAÇ 2402, mas vou tentar entrar neste blogue, depois da sua aprovação.

João Gomes Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
Guiné-Bissau 1968/70


2. Comentário de L.G.:

Meu caro João /My dear John:

1. Fico muito sensibilizado com a tua mensagem… Eu sei que a Pátria não foi Mátria para ti, foi madrasta... E eu sou o primeiro a ser solidário contigo, eu que decidi ficar na terra que me viu nascer... Sei que isso não te vai servir de consolo, mas não imaginas o rol de reclamações que recebo neste pequeno canto da blogosfera!... Enfim, o importante é que hoje estejas bem, nesse grande país que eu admiro… Mas as tuas raízes, a tua identidade, o teu passado estão aqui, estão connosco… Nenhum de nós terá futuro, se não souber preservar e até alimentar o passado. A Guiné marcou-nos a todos, com o seu ferrete... Mas foi em português, na língua de Camões, que exprimimos os sentimentos mais nobres ou dissémos os palavrões mais horríveis. João: não adianta. Não se escolhe a Pátria, não se escolhem os pais nem os irmãos, não se escolhe a língua materna... Mas dessa ao menos eu tenho (e tu tens, nós temos) orgulho... É em português, e em bom português, que comunicamos na blogosfera, neste blogue, na nossa tertúlia, nesta caserna virtual onde todos cabemos, de Lisboa a Bissau, de Viana do Castelo a Toronto, de Coimbra a Luanda...

2. A partir de hoje, tu és, de pleno direito, um camarada da nossa tertúlia… O tratamento por tu é natural entre nós… Com o tempo, habituas-te… Entra e acomoda-te: estás em casa… Os camaradas da Guiné não conhecem fronteiras, físicas, simbólicas ou culturais... Vais ver que te faz bem esta blogo…terapia.

Um abraço, um feliz Natal para ti e a tua família…

PS - O João respondeu-me logo na volta do correio:
Obrigado, Luís. Retribuo os votos de feliz Natal e Ano Novo com muita saúde para ti e todos os teus. O uso de João é o indicado. O John é só aqui por razões óbvias. Desculpa a falta de sinais na ortografia, mas os ingleses são assim.
Um grande abraço.
____________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts de:

17 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1082: Notícias da CCAÇ 2402 e do BCAÇ 2851 (Raul Albino)

23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1105: Como escrever um livro de memórias de guerra 'à la carte' (Raul Albino, CCAÇ 2402)

4 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1246: O meu livro Memórias de Campanha da CCAÇ 2402 (Raul Albino)

15 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1282: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (1): duas baixas de vulto, Beja Santos e Medeiros Ferreira