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domingo, 22 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23284: Documentos (39): Amílcar Cabral, a "honra militar" e o assassinato dos 3 majores e seus acompanhantes, no chão manjaco, em 20/4/1970: acta (informal) do Conselho de Guerra do PAIGC, Conacri, 11 de maio de 1970, um "documento para a história"


Guiné-Bissau > Bissau > Restaurante Colete Encarnado > 21 de Abril de 2006 > O nossso camarada e amigo coronel inf DFA,  ref, A. Marques Lopes  (à direita), jantando com o "inimigo de ontem", comandante Lúcio Soares e o comandante Braima Dakar. Sobre este último acrescentou: "O Braima Dakar, nome de guerra de Braima Camará, numa das fotografias, é outro comandante que esteve ligado à morte dos três majores em chão manjaco. Disse-me que se disseram muitas coisas sobre isso que não são verdade, que não queria falar, e não me contou nada" (...) (*) 

Foto (e legenda): © Xico Allen (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa da ata (informal da Reunião do Conselho de Guerra do PAIGC, Conacri, que teve início em 11 de maio de 1970 e onde se aborda o assassínio dos 3 majores e seus acompanhantes, em 20 de abril de 1970, entre Jolmente e Pelundo (chão manjaco).


1. A Acta da Reunião do Conselho de Guerra (Alargado),  do PAIGC, Conacri, 11 de maio de 1970, ou pelo menos as suas cinco primeiras páginas de um total de 25, é um "documento para a História"...  Daí dever ser conhecida, ou melhor conhecida, pelos nossos leitores. E comentada, com a necessária distância e capacidade crítica...

Ficamos  a saber que Amílcar Cabral, pessoalmente, deu o seu OK ao assassinato ("liquidação") dos três majores e seus acompanhantes, perpretado em 20 de abril de 1970, fez agora 52 anos.  Não sabemos se os queria ver mortos ou apenas aprisiononados, até por que havia a perspetiva de o PAIGC  "fazer bingo": apanhar também o Spínola!... A acta não é inteiramente inclusiva: Amílcar Cabral "deu o seu acordo à proposta, mas pediu que agíssemos depressa" (sic). Há dúvidas sobre donde a ordem, de Dacar ou de Conacri. Talvez os biógrafos de Amílcar Cabral tenham mais elementos, que eu não tenho, agora, aqui à mão.

Entre 0s presentes nesta reunião do Conselho de Guerra estavam estavam três homens que estariam, também, mais tarde envolvidos no seu (dele, Amílcar Cabral) assassinado em 20 de janeiro de 1972 em Conacri pelos seus homens: Mamadu Indjai, seguramente, mas também, como suspeitos ou cumplíces,  Osvaldo Vieira e até o próprio 'Nino' Vieira (seu primo). 

Mamadu Indjai será condenado à morte e fuzilado, injustamente ou não, o  Osvaldo e o 'Nino' levaram para a cova este segredo (o seu eventual envolvimento no complô contra o "pai da Pátria"), bem como muitos outros segredos...

Não sabemos se houve emoção, ódio ou raiva na intervenção do Amílcar Cabral, muitas vezes considerado o "Che" Guevara africano, o revolucionário romântico... Para alguns de nós, a sua máscara caiu aqui (foi o meu caso, estava na Guiné em abril de 1970, e perdi todas as ilusões sobre aquela maldita guerra  ao fim de um duríssimo ano de atividade operacional, mas confesso que, em Bambadinca, em leno mato, em abril d 1970 sabia-se muito poucos pormenores sobre o que acontecera, e a censura, por sua vez, não deuixou que trabsparecesse nada nos jornais da metrópole, para além da seca notícia necrológica das Forças Armadas)... 

Cinismo, sim. Silêncio, sim. Dificulade em assumir a "barbaridade" de um acto destes, o assassínio de sete inimigos, sete homens, indefesos, desarmados..., contra todos os códigos de ética da guerra e da guerrilha... 

E  branqueamento das profundas divisões que já afetavam o PAIGC (e de alguns dos seus fracassos dois anos depois da chegada de Spínola). Cinismo típico d0s revolucionários (e contra-revolucionários), homens e mulheres, ideólogos, políticos e militares, formatados pelo "pensamento único",  para quem  os fins justificam os meios... Por isso, conceitos como "honra militar", "código de ético", "direitos humanos", "compaixão",  "convenções de Genebra", etc., não existem. 

Os nossos camaradas Jorge Picado (JP) e Jorge Araújo (JA) tiveram a trabalheira e a santa paciência de ler e retranscrever esta minuta de ata, em postes publicados há uns anos atrás: P12704 de 10 de fevereiro de 2014 (*), e P20891, de 23 de abril de 2020 (**).

A ata, manuscrita, foi redigida por Vasco Cabral (Farim, 1926 — Bissau, 2005) (mais tarde ministro da Economia e das Finanças, ministro da Justiça e vice-presidente da Guiné-Bissau, e que ficará na história como sofrível poeta bilingue,   tendo conhecido as prisões políticas de Salazar e não não tinha qualquer relação de parentesco com o líder Amílcar Cabral nem com o Luís Cabral).

No documento o secretário do Conselho de Guerra (o único, presente, com estudos universários completos,  para além de Amílar Cabral)  usa muito as abreviaturas, que se procurou manter, completando-as. Vê-se que tinha treino a minutar atas de reuniões do Partido.

Uma ou outra gralha, de pequena monta,  na fixação e revisão do texto, tanto na versão de JP como na de JA, leveram-nos a fundir os  dois trabalhos. Optámos por manter as preciosas notas de JP e JA, relativamente aos nomes que são referidos na ata. Ajudam a torná-la mais legível, sem perder a preocupação de rigor. (Uma das gralhas tem graça: o Braima Dakar não exigiu aos "tugas" a libertação do seu "país", mas sim tão apenas do seu "pai"; outra, com piada, foi a troca de "track", panfleto, por "pacto"...).


2. Transcrição da intervenção do Secretário Geral do PAIGC, Amílcar Cabral (1924-1973), manuscrita por Vasco Cabral (1926-2005), secretário da reunião do Conselho de Guerra. realizada em Conacri, de 11 a 13 de Maio de 1970.





“S[ecretário] G[eral] : 

Saúdo os  cam[aradas] . É com o máximo prazer que fiz esta  r[eunião]  que, desta vez, é em Conacri, para variar. 

Desde a última reunião do B[ureau] P[olítico] até esta, a luta já mudou bastante. A Leste é uma mudança constante. Por ex., fomos capazes de atacar Mansoa e Bissorã, com novas armas. 

Nesta altura, a posição do inimigo é diferente. O inimigo deve estar a pensar o que deve fazer para evitar os n[ossos] ataques aos centros urbanos. Conseguimos fazer causar ao inimigo, em todas as frentes, um choque psicológico bastante grande. Conseguimos anular a tentativa do inimigo de desorientar as nossas populações.

A situação mudou também por causa da acção levada a cabo no Norte contra alguns oficiais superiores, em conseq[uência] da acção combinada das n[ossas] forças armadas, da segurança e da Dir[ecção] do P[artido].

A liquidação dos três majores, um alferes e alguns outros elementos (segundo alguns cam[aradas] - um capitão e um Chefe da PIDE) [1]  mostrou que era falsa a propaganda dos tugas [2] de que estavam à vontade na n[ossa] terra e Por outro lado, os tugas estavam convencidos de que conseguiam comprar a n[ossa] gente.

Toda a política de Spínola [3], em conseq[uência] destas n[ossas] acções, está posta em causa. E para toda a gente, tanto dentro como fora da n[ossa] terra, o n[osso] prestígio aumentou bastante e até para o n[osso] inimigo. Sobretudo esta liquidação dos oficiais superiores, contribuiu para isso. 

O tuga pensava antes que nós todos éramos cachorros. O tuga agora já se convenceu do contrário. Isso aumentou a n[ossa] dignidade, a n[ossa] importância aos olhos do próprio inimigo.

Os nossos cam[aradas] foram capazes de enganar, discutir com eles, convencê-los, apesar da sua imensa experiência e capacidade e liquidá-los...

A situação hoje é diferente da altura em que fizemos a r[eunião] em Boké  [4]. Os n[ossos] cam[aradas] deram provas de capacidade. Nesta luta, como costumamos dizer, tudo é possível. Conseguimos levar armas pesadas do Sul para o Norte, quase sem perdas: perdemos dois  cam[aradas] e três armas. Os  n[ossos] cam[aradas] foram capazes de enganar, discutir com eles, convencê-los, apesar da sua imensa experiência e capacidade e liquidá-los.

No intervalo da reunião de Boké para este, um ponto importante da n[ossa] terra que é o Kebo [5] foi atacado diversas vezes. Isto é t[tam]b[ém] importante. Sobre a passagem de armas do Sul para o Norte [6].

Através [de] certos cam[aradas] que estão em Canchungo  [7]. , os tugas tentaram ligações com eles, com vistas a desmobilizar a n[ossa] gente. Tentaram, servindo-se de elementos do FLING [8], portanto a um nível mais baixo, desmobilizar a n[ossa] gente. Sem resultados. 

As conseq[uências] foram a prisão de quatro dirigentes da FLING. Tentaram contactar Albino, Braima Dakar [9] e outros. E na região de Quínara. E t[tam]b[ém] com gente na periferia da n[ossa] luta: Laí, Pinto e João Cabral.

Tentaram a ligação com André Gomes  [10] e Quintino   [11]. Eles avisaram a Dir[ecção] do P[artido], para a interrogar. André Gomes deu mais uma prova de confiança ao P[artido]. Ele mesmo supunha que os tugas queriam desertar. Só depois é que se viu que o [que] queriam [era] desmobilizar a n[ossa] gente. 

O S [ecretárioi] G [eral deu o seu acordo à proposta, mas pediu que agíssemos depressa.

Luís Correia [12], pôs-se, por sua própria iniciativa, em contacto com os cam[camaradas] da zona. Lúcio Tombô [13] t[am]b[ém]  foi  envolvido na combinação. Ele pôs-se em contacto com os tugas, mas quem devia falar era Braima Dakar que jogou um papel de defesa do P[artido].

Os tugas escreveram cartas amáveis e respeitosas aos cam[aradas], num grande namoro. Deram-lhes grandes presentes. Propunham que os guineenses deviam ir substituir os cabo-verdianos, de quem já tinham feito uma lista negra de 30 e que deviam ceder os seus lugares a guineenses. Deram presentes vários: conhaque, whisky, rádios, relógios, panos para as mulheres, cigarros bons, etc.

Encontraram-se cinco vezes [13] Na quarta vez esteve presente o Governador, que apertou a mão, tirando a luva, do n[osso] cam[arada] André Gomes. (Amílcar lê uma das cartas de um major, Pereira da Silva, a André Gomes.)

No dia do encontro deviam vir os n[ossos] cam[aradas] chefes e estava prevista a vinda do próprio Governador. Os cam[aradas] vieram de facto acompanhados das suas armas. Apareceu mesmo o Luís Correia e eles já sabiam da sua presença. Para não desconfiarem, disseram-lhes que o Luís Correia estava presente e era um alto resp[onsável] do P[artido]. Durante as conversações com os tugas, foi decidido pararem os bombardeamentos aéreos, e os combates. Isso aconteceu de facto: os nossos camar[adas] pararam também certas regiõs. (Amílcar lê uma outra carta do Major Mosca) [14].


Durante as conversas, Braima Dakar, aproveitou para fazer certas exigências. Pediu a libertação de seu pai, a libertação de 2 cam[aradas] (Claude e José Sanhá) [15]  e foram mesmo soltos (já cá estão).

Durante as tréguas, os cam[aradas] levantaram minas na estrada de Bula-Binar. Mesmo assim, houve uma emboscada em Biambi, aos tugas, na qual, segundo  uma carta apanhada, de um dos majores, afirmam que morreram quatro tugas 
[16].

Também dão notícia dos ferimentos graves que sofreu um capitão que estivera com eles numa reunião, ao tentar detectar minas: perdeu um braço e uma das vistas [17].

Salienta ainda o facto de ter havido nas nossas bases, vários cam [aradas] que começavam a protestar contra as ligações que estavam a ver com os tugas. Alguns disseram que se isso continuasse se iam embora. Isto é t[am]b[ém]  uma coisa muito importante, porque mostra a fidelidade desses cam[aradas ao P[artido] (eles não estavam ao corrente das coisas).

Nino – Saliente a import[ância] de os n[ossos] cam[aradas] terem levado à certa grandes homens dos tugas. Isso foi porque os tugas nos consideram como cachorros. Os tugas sentem hoje qual é a n[ossa] força, tanto moral como política.

Amílcar – Este acto foi um acto de grande consciência política e um acto de independência. Foi um acto de grande acção e de capacidade dos n[ossos] cam[aradas] do Norte. É a primeira vez que numa luta de libertação nacional se mata assim 3 majores, 3 oficiais superiores que, nas condições da n[ossa] luta, equivale de facto à morte de generais.



Capa da Revista Militar, nº 4, abril de 1970


Refere o artigo de Felgas [18] na Rev[ista]   Militar [19] que, no fundo, é um grande elogio ao PAIGC. Diz algumas das suas observações a nosso respeito. Talvez que os tugas vão desenvolver uma acção de grande envergadura e de repressão.

Depois do acontecimento [20], publicaram um tract [21] ao qual propunham mais contactos com os  n[ossos] militares,  mas não onde se realizaram [22] mais em Canchungo e em Pelundo.

Dizem que os n[ossos] militares não cumpriram os preceitos de honra militar. Mas que eles cumprirão no futuro os deveres de honra militar. Eles afirmam que querem o fim da guerra. 

T[am]b[ém] as populações de certas zonas (Mansoa, por exemplo) estão bastante influenciadas pela realidade, pela utilização de novas armas. Dizem por exemplo: "agora, mama acabou" (querendo significar que já não há protecção junto dos tugas nas cidades). 

Apela aos camar[adas] para terem iniciativas, pensarem profunda[mente] nos problemas, criarem, conhecerem bem cada um dos seus homens.

Anuncia os problemas que vão a seguir ser discutidos (Ordem de trabalhos). (...)

 [A transcrição das 5 prineiras páginas de um total de  25, a revisão e fixação de texto, bem como as notas, são da responsabilidade de Jorge Picado, Jorge Araújo e Luis Graça. Os negritos são de LG. ]

______________

Notas de Jorge Picado (JP), Jorge Araújo (JA) ou Luís Graça:

[1] Não havia outros ofciais, mas sim mais 3 guineenses. Se algum era da PIDE, desconheço. JP.

[2] Tuga: termo depreciativo para designar os Portugueses. JP.

[3] Gen António Spinola (1910-1997): Com-Chefe e Governador Geral da Guiné (1968-1973)- JP/JA. Sabe-se que, contrariamente à sua vontade, não compareceu a este encontro fatal, por conselho do secretário-geral da província, ten-cor Pedro Cardoso, que recebia em primeira mão as informações da PIDE. LG.

 [4] Importante base do PAIGC em território da Guiné-Conacri, a sul, importantíssima para a logística da guerrilha e para o apoio, nomeadamente, médico-hospitalar da guerrilha.  LG.

[5] Kebo, Quebo, Aldeia Formosa, no sul da Guiné, junto à fronteira com a Guiné-Conacri. LG.

[6] A frase parece estar incompleta... LG.

[7] Canchungo, Teixeira Pinto: coração do chão manjaco. LG.

[8] FLING: Frente de Libertação para a Independência Nacional da Guiné, fundada em Dakar-Senegal em 1962, opositora do PAIGC. JP.

[9] Braima Dakar: era um dos dois componentes do Comando Geral da Zona Biambi-Naga-Bula fazendo também parte do Comando Conjunto da Frente Biamb-Canchung. JP.  Nome de guerra de Braima Camará: vd. foto acima, Bissau, 2006.  Temos a informação de que já faleceu há anos. Terá sido ele a levar, até  Conacri, como "despojos de guerra", os galões dos quatro oficiais assassinados, os 3 majores e o alferes... LG.

[10] André Pedro Gomes: era um dos três responsáveis pela Zona de Nhacra, um dos três componentes do Comando Conjunto da Frente Nhacra-Morés, um dos vinte e três  componentes do Comité Executivo da Luta (CEL) e por inerência também um dos componentes do Conselho Superior da Luta (CSL).

Em 17 de Fevereiro de 1968, terá sido ele a chefiar o comando que flagelou, com foguetes (Katiusha), o aeroporto de Bissau. Em 1972 era um homem da inteira confiança de Amílcar Cabral, membro do Comité Executivo da Luta e Comandante da frente Nhacra – Morés.

Será mais tarde um dos braços direitos de Buscardini. Em 31 de Dezembro de 1980, um mês e meio depois do golpe de Estado de 14 de mobembro de 1980, o Nô Pintcha noticiava o seu "suicídio" na prisão... 

[11] Quintino (Vieira) era o responsável pela Segurança e Controle (SC) do Sector Autónomo de Canchungo no Comité Regional da Região Libertada a Norte do Geba (CRRLNG) e por inerência igualmente membro do Comité Nacional da Região libertada a Norte do Geba (CNRLNG)]. JP.

[12] Luís Correia era responsável pela Segurança e Controlo (SC) do Sector do Oio no CRRLNG e igualmente do CNRLNG, além de membro do CSL e creio também do CEL, JP.

[13] Lúcio Tombom, um dos comandos da Zona de BULA. JP.

[14] o PAIGC e o Amílcar Cabral nunca foram bons em números: os encontros dos "negociadores  portugeses"  com os homens de André Gome foram nove (9) ou dez (10), conformeas fontes  e não 5 (cinco). LG.

[14] João Mosca era alf mil cav, não major. JP.

[15] José Sanhá: antes de 1964 já comandava guerrilheiros numa Zona do Norte e depois de libertado foi novamente integrado pelos responsáveis da Frente Biambi-Canchungo, sem que tivessem consultado a Direcção do Partido, acto entretanto criticado pelo S.G. na reunião alargada da Direcção Superior que teve lugar em Conacri de 12 a 15 de abril de 1970 e onde foi apresentada e aprovada uma nova Estrutura do Partido e onde este elemento em causa foi confirmado como um dos comandantes da Zona de Biambi, da Frente Biambi-Canchungo. JP,

[16] Será que se referem a: António da Silva Capela e Henrique Ferreira da Anunciação Costa, da CCAV 2487, em 18Out69; e Joaquim José Ramalho Rei e Manuel Domingos Martins, da CCAV 2525, em 07Dez69]? JA. 

De todo improvável, acrescenta LG: as "negociações secretas" dos homens do CAOP1 terão começado em fevereiro de 1970...

[
17] José Paulo [Abreu Nogueira] Pestana (então capitão da CCAÇ 2466/BCAÇ 2861), "foi ele que mais tarde foi substituir o capitão [José Júlio da Silva de] Santana Pereira [CCAÇ 2367/BCAÇ 2845], ferido com uma mina antipessoal na zona de Có-Pelundo, onde se construía uma estrada entre Bula e Teixeira Pinto. Nunca podíamos descurar as minas colocadas nos trilhos, que já haviam vitimado um alferes (José Manuel Brandão, da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892, em 02Mar70) e ferido o capitão". - in https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/conheci-os-tres-majores-assassinados (04Jan2009), com a devida vénia. JA.

[18] Cor inf Hélio Esteves Felgas (1920-2008). JA. ntigo coamndante do Comando de Agrupamento 2957, Bafatá, 1968/70.

[19] Revista Militar, n.º 4 – Abril de 1970, " A luta na Guiné", pp. 219-236. JA / LG

[20] Referência à liquidação dos três majores e seus acompanhantes, em 20 de abril de 1970

[21] Tract (sic), em inglês: panfleto.

[22] Refência aos anteriores encontros
_______________ 
 
Fonte:

Citação:
(1970-1970), "Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34125 (2022-5-22)

Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 07073.129.004 | Título: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra em Conakry | Assunto: Acta informal das reuniões do Conselho de Guerra, em 11 e 13 de Maio de 1970, manuscrita por Vasco Cabral. | Membros Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, João Bernardo Vieira (Nino), Osvaldo Vieira, Francisco Mendes, Pedro Pires, Paulo Correia, Mamadu N'Djai [Indjai], Osvaldo Silva, Suleimane N'Djai. | Secretário: Vasco Cabral.
Data: Segunda, 11 de Maio de 1970 – Quarta, 13 de Maio de 1970. | Observações: Doc incluído no dossier intitulado Relatórios: 1960-1970. | Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral.
Tipo Documental: ACTAS

(Com a devida vénia...)
___________

Notas do editor:

(**) Vd. poste de 23 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20891: (D)o outro lado do combate (59): A morte dos três majores no chão manjaco, em 20/4/1970, e a intervenção de Amíclar Cabral, três semanas depois, na reunião do Conselho de Guerra (Jorge Araújo)

quinta-feira, 24 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23108: "Alfero Cabral ca mori": Lista, por ordem numérica e cronológica, das 94 "estórias cabralianas" publicadas (2006-2017) - IV Parte: de 60 a 79


Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande > 26 de Junho de 2010 > O heterodoxo Jorge Cabral, de punho erguido (e dedos descaídos) como nos heróico-operáticos tempos da guerra do Cuor, entre o Jorge Picado (o bravo capitão miliciano ilhavense que, além dos 4 filhos legítimos, arranjou mais uma centena e meia de adoptivos, aos 32 anos, ou seja, uma companhia) e o Hélder de Sousa (o homem da TSF no CTIG, que tinha um poster do Che Guevara no quarto em Bissau, longe do Vietname)... Não foi possível identificar a misteriosa bajuda, que está do lado direito, escondendo o rosto e com uma máquina fotográfica na mão. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de Jorge Cabral, "Estórias Cabralianas", vol I.
Lisboa: Ed José Almendra, 2020, 144 pp. Tinha um II volume,
 praticamente pronto para ser publicado. 
O editor adoeceu e a  morte surpreendeu o autor.


1. A propósito deste II Volume que o Jorge queria muito publicar em vida, fica aqui o pedido do  camarada Alberto Branquinho, que também fazemos nosso:

"Companheiros: Tentei contactar o filho do Jorge Cabral através do telemóvel que o meu irmão conseguiu obter. Pretendia alertá-lo para a existência de um conjunto de textos que correspondem ao 2º.vol. das "Estórias Cabralianas", que ele queria publicar. Não o conseguiu devido à pandemia e ao agravamento da sua saúde.

Acontece que esse telemóvel respondeu, durante o passado fim de semana, com uma gravação: "não está atribuído". Terá sido, talvez, um 2º. telemóvel que o Jorge teria e que foi desactivado.

Como não pude estar no velório, não contactei o filho, que não vejo há mais de 20 anos. Assim, deixo aqui a todos vós o pedido de, caso tenham meios, contactem o filho Pedro Cabral para o alertar da existência do material correspondente ao 2º. volume (que poderá estar em dossier ou, até, mal organizado, porque o Jorge era assim). É que ele terá que recolher os papéis do pai antes de entregar a casa ao senhorio. Será uma acção para manter a sua memória e satisfazer a sua vontade. Cumprimentos. Alberto Branquinho. 10 de janeiro de 2022 às 11:33 " (Comentário ao poste P22890) (*)


2. Lista das estórias cabralianas, por ordem numérica e cronológica - Parte IV: De 60 a 79 (*):


O Jorge irá continuar a "inspirar-nos" e a "provocar-nos" com as suas "estórias cabralianas"... que não envelheceram!... Continuo, ao fim deste tempo todo, a ler e a reler, divertido, estes "microcontos", um género literário em que  ele se tornou mestre. 

As desta lista são "estórias" publicadas no nosso blogue, entre maio  de 2010 e junho de 2013. A mais lida  da lista terá sido  a n.º 61 (Os poderes do professor Wanatu...): teve 711 visualizalções. A que teve mais comentários (16) foi a n.º 64 (O avô, o neto e os heróis...).

O nosso JERO (a quem chamava o "último monge de Alcobaça", e que também já lá está no Olimpo dos Combatentes, e era um avô  babado) escreveu o seguinte comentário à estória n.º 64:

"Boa noite Jorge. Que bonita história! Li a tua história em voz alta para a minha mulher que se tinha acabado de sentar e não esteve para se levantar quando lhe pedi que viesse até ao cumputador. Na parte final quase me engasguei... comovido. Meia dúzia de linhas e uma história de vida tão sentida. Era tão bom que todos os avós fossem heróis para os seus netos! Esta foi a minha mulher que disse. Um grande abraço de Alcobaça, JERO.

PS - Deste-me força para mandar para o nosso blogue uma história da minha neta Mariana que tem quase 4 anos. 9 de novembro de 2010 às 23:12" (Comentário ao poste P7251)

O Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmdt do Pel Caç Nat 63 (Fá Mndinga e Missirá, 1969/71), advogado, especialista em direito penal, professor do ensino superior, era muito querido e popular entre a malta da Tabanca Grande: basta referir, por exemplo, que o seu poste de parabéns, do dia 6/11/2009 (P5221) teve 1531 visualizações e 30 comentários. Era igualmente uma figura muito querida entre as suas antigas alunas, as assistentes sociais,  que, antes dele morrer, fizeram-lhe uma despedida emocionante à porta da sua casa no Estoril.


19 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6428: Estórias cabralianas (60): O manifesto do nosso alfero (Jorge Cabral)

(...) Caro Luís,
nunca será demais enaltecer o teu blogue,
o qual nos tem permitido, principalmente recordar.

Como tu dizes,
fui um tropa desalinhado,
marginal
e quase sempre provocador,
características que mantive ao longo da vida. (...)


21 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6769: Estórias cabralianas (61): Os Poderes do Professor Wanatú... (Jorge Cabral)

(...) Bruxarias, espiritismos, magias sempre me atraíram. Ainda na Guiné, aconselhado a um jejum de um mês, para poder comunicar com os mortos…, quase morri de fome. Claro que não acredito em tudo, mas admiro o poder de sugestão dos profissionais, embora às vezes me desiludam, como a vidente Zinha, que quando estava a entrar na minha vida passada de monge austríaco, se lembrou do almoço do Pai e interrompendo a sessão, começou a gritar para a filha:
- Maria, vai ver o lume! Não deixes queimar a tomatada do avô! (...)


26 de Julho de 2010 > > Guiné 63/74 - P6787: Estórias cabralianas (62): À Tesão, Pelotão!... Este é o Alfero Souza, meu amigo (Jorge Cabral)

(...) Com o Pelotão [, o Pel Caç Nat 63,] em Bambadinca, preparando-me para arrancar para o Xime, eis que deparo, com um Gandhi, de camuflado, que avança para mim com os braços abertos. É o Souza, com "z", meu amigo e camarada de Vendas Novas. (...)


14 de Agosto de 2010 >Guiné 63/74 - P6851: Estórias cabralianas (63): As Sereias do Rio Geba... ou a violência doméstica subaquática (Jorge Cabral)

(...) Foi na Guiné que aprendi a contar estórias às Crianças. Comecei lá e nunca mais parei. Ainda ontem conheci uma Menina. Disse-me que tem um gato e eu falei-lhe das minhas duas moscas, uma de cama, coitada, cheia de febre… Em Missirá, na Escola, comecei com a Branca de Neve e os 7 Anões, mas logo desisti. (...)

9 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7251: Estórias cabralianas (64): O Avô, o Neto e os Heróis (Jorge Cabral)

(...) Mais um dia. Lá vou eu entalado entre os anafados peitos de uma dama e a gravata de um cavalheiro, que hoje fez greve ao chuveiro. O Metro segue cheio, mas há sempre lugar para mais um. Na Estação do Saldanha, é invadido por uma excursão de meninos, com a Mestra à frente (bem jeitosa, por sinal). São barulhentos os putos… e eis que um, apontando para mim, grita:
– Aquele ali, é da raça do meu Avô, é um Senhor Herói!. (...)


15 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7792: Estórias cabralianas (65): Os românticos... também mijam (Jorge Cabral)

(...) Estava calor e todo o quartel dormia a sesta. Em cuecas, o Alfero urinava contra a parede (bem não urinava, mijava, pois na Tropa, ninguém urina, mija). Eis que um jipe se acerca. Nele, três alferes de Bambadinca, acompanhados de duas raparigas. Ainda a sacudir “o corpo do delito”, disfarça, cora, mas que vergonha (!). Claro, ninguém lhe aperta a mão. Elas são a filha do Senhor Brandão e uma amiga de Bissau, cabo-verdiana. Vêm visitar Fá. Chama o fiel Branquinho. Que os leve a todos para o Bar, enquanto ele se veste e se penteia. Regressa impecável. À paisana, de camisinha branca, calças azul-bebé. (...)


17 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7959: Estórias cabralianas (66): O meu colega Mãozinhas (Jorge Cabral)

(...) Foi na prisão de Alcoentre que conheci o Mãozinhas, por intermédio do meu amigo e cliente, o 24, nome que ganhou há muito tempo, num bordel, sito à Rua do Mundo. E porquê, 24? Ora, é fácil adivinhar. O tamanho, melhor, o comprimento (...)


11 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8892: Estórias cabralianas (67): Lagarto ka ta tchora! (Jorge Cabral)

(...) Em Missirá não existiam rafeiros, até porque era muito mais uma Tabanca do que um Quartel. Lá viviam duzentas almas, pelotão Nativo e pelotão de Milícias, mais população e, no meio de toda esta gente, apenas dez europeus, o que levou muitas vezes o Alfero a interrogar-se: Afinal quem 'colonizava' quem? (...)


4 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8992: Estórias cabralianas (68): Zina, a bordadeira do Pilão (Jorge Cabral)

(...) Chegado na véspera e instalado no Biafra, entrei pela primeira e última vez na Messe de Oficiais em Santa Luzia. Era noite do Bingo. Procurei algum conhecido e encontrei o Gato Félix, estudante de Letras, ora Alferes, o qual também me pareceu entediado. (...)


18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9223: Estórias cabralianas (69): Onde mora o Natal, alfero ? (Jorge Cabral)

(...) Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada, os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais. Dizia um:
– Na minha terra…

E acrescentava outro:
– A minha Mãe fazia… (...)

3 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9304: Estórias cabralianas (70): Sambaro, o Dicionário e o Afecto (Jorge Cabral)

(...) Agora que tenho tempo, tornei-me um caminheiro. Logo pela manhã abalo pela cidade. Travessas, calçadas, pátios, becos, vilas, percorro devagar essa Lisboa escondida, quase invisível. Foi num desses passeios que encontrei Ansumane. Um negro velho e calvo, que entre a Travessa da Lua e o Beco das Estrelas, arengava em crioulo. (...)


24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9796: Estórias cabralianas (71): Fixações etnomamárias: evocando o meu avoengo Carloto Cabral que, no séc. XVIII, crismou Quebo como a Aldeia das Mamas Formosas (Jorge Cabral)

(...) Há uns tempos recebi uma simpática mensagem de uma leitora das “estórias cabralianas”. Gabava-me o humor mas alertava-me, algumas indiciavam uma certa “fixação mamária”. Nada de grave, que não pudesse ser tratado no seu divã, de psicanalista, presumo. (...)

9 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9873: Estórias cabralianas (72): Ressonar... à fula (Jorge Cabral)

(...) Além de ressonar, sempre falei a dormir. Um dia em Missirá propus-me descobrir, de que falava, o que dizia. Ora, havia lá um velho gravador de fita, máquina pertencente a não sei quem, enfim nossa, pois viviamos numa espécie de “economia comum”. Resolvi pois gravar uma das minhas noites. (...)

29 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10307: Estórias cabralianas (73): O Conde de Bobadela (Jorge Cabral)

(...) Estou no Tribunal de Mafra à espera de um Julgamento, quando uma mulher me interpela:
- É o Senhor Conde, não é?

Hesito, mas para evitar mais conversa, respondo:
-Sou sim. Como vai a senhora?
-Ai, que já não se lembra da Aurora! Eu trabalhava em casa do Senhor D.Ilídio. O Senhor Conde ia lá muito, quando estava na tropa. (...)

1 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10463: Estórias cabralianas (74): Danado para as cúpulas... (Jorge Cabral)

(...) – Branquinho, eu era danado para as cúpulas ? – perguntei-lhe um dia destes, porque habitualmente me socorro da sua memória. Ainda há meses, logo depois do almoço da CCS do Bart 2917, em Guimarães, no qual contaram tantas estórias do meu Missirá, tive de procurar confirmação junto dele. Praticamente eram todas invenções, pois também têm direito…

A esta questão, o Branquinho nem soube responder.
–Cúpulas ? Quais cúpulas? (...)

10 de novembnro de 2012 > Guiné 63/74 - P10647: Estórias cabralianas (75): O alfero na Casa dos Segredos (Jorge Cabral)

(...) Há mais de sessenta anos que conheço esta Leitaria. Fica na Avenida do Brasil e quando eu era miúdo havia lá uma vaca. Uma vaca em plena Lisboa…Quando conto,pensam que é estória, mas não é, a Senhora Margarida, vendia o leite produzido à vista do cliente. (...)


15 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10943: Estórias cabralianas (76): Não sei se por distracção ou por preguiça, mas esqueci-me de morrer... (Jorge Cabral)

(...) Não sei se foi por distracção ou por preguiça, mas esqueci-me de morrer. Claro que tenho pago escrupulosamente o Imposto de Sobrevivência, mas agora resolvi aceder ao apelo governamental “ todos os velhos devem comparecer na Central de Abate,o que constitui um dever patriótico”. Comuniquei a decisão à família, que ficou muito contente, principalmente a minha bisneta Carol, que foi logo requerer mais um filho nos Serviços de Programação Genética. Um rapagão que nasça já crescido para não dar trabalho (...).

18 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11586: Estórias cabralianas (77): As bagas da Dona Binta e os seus efeitos... secundários (Jorge Cabral)

(...) Não sei porque razão os Guineenses escolheram o Largo de S. Domingos, para se reunirem todos os dias. Logo de manhã, chegam, conversam, discutem, compram e vendem. É um lugar recheado de História. Foi de lá que partiram os quarenta conjurados para, em 1640, restaurarem a Independência, mas foi também ali que se iniciou a grande matança de Judeus em 1506. Deixo porém para outros a História séria, pois este velho Alfero conta é estórias (...)

12 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11707: Estórias cabralianas (78): A Justiça da Velha Mandinga (Jorge Cabral)


(...) Em Agosto de 1969, nasceu a minha sobrinha Maria João e logo fui nomeado padrinho, tendo sido marcado o baptizado para Janeiro de 1970, nas minhas férias. Numa sortida a Batatá, comprei um boneco, coisa fina, talvez de origem francesa, para levar como prenda. Parecia mesmo um bébé, de bochechas rosadas, com fralda e biberon. Guardei-o na mesa de cabeceira, mas às vezes mostrava-o às meninas da Tabanca, que frequentavam a escola. (...)



17 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11720: Estórias cabralianas (79): O Capitão-Tenente dos Submarinos (Jorge Cabral)

(...) Qual Guiné? São tantas. Cada um cria a sua ou inventa... E quem diz Guiné, diz Guerra. Por mim conheço muitas... Mas como esta, que mora no Beco do Cotovelo, à beira da Mouraria, não deve haver mais nenhuma. É na tasca da Conceição, onde às vezes abanco com três ex-combatentes da Guiné. Todos eles lá estiveram, em lugares e tempos diferentes e todos davam pelo nome de Mouraria. (...)
___________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

terça-feira, 22 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23099: Tabanca Grande (532): Padre José Torres Neves, missionário da Consolata, ex-alf mil capelão, BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 859



Foto Nº 1 > Bindoro, fevereiro de 1970: hastear da bandeira


Foto Nº 2 > Bindoro, fevereiro de 1970: celebração da missa (1)


Foto Nº 3 > Bindoro, fevereiro de 1970: celebração da missa (2)


Foto Nº 4 > O capelão Neves, junto ao rio Mansoa. Esteve no TO da Guiné, como capelão do BCAÇ 2885, de 7/5/1969 a 3/3/1971.

Fotos (e legenda): © José Torres Neves  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Almoço convívio em novembro de 2020: da esquerda  para a direita, eu próprio, o  Pe Zé Neves, o dr. Fatela, o  conterrâneo de Penamcor, Maj Gen João Afonso, e o engº Montezuma.

Fotos (e legenda): © Ernestino Caniço  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. M
ensagem de nosso camarada e amigo Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, Fev 1970/Dez 1971; médico, foi diretor do Hospital de Tomar, 6 anos, de 1990 a 1996, e diretor clínico cumulativamente 3 anos, de 1994 a 1996, vivendo então em Abrantes; hoje vive em Tomar.


Data - 21 mar 2022 16:54 ( 

Assunto - Padre José Neves

Caros amigos

Tal como falámos ao telefone  (com o Luís Graça),  a minha ideia, ao enviar-vos as duas fotos do Padre José Neves (*), era o seu ingresso formal na Tabanca Grande, para o que já tinha obtido o seu aval.

Aproveito o ensejo para anexar algumas fotos, gentilmente cedidas pelo Pe José Torres Neves.

1 – Algumas fotos do Pe Zé Neves referentes ao Bindoro, fevereiro de 1970,  quando lá foi celebrar missa  (Fotos nºs 1, e 2 3) e outra junto ao rio Mansoa (Foto nº 4);

2  – Almoço convívio em novembro de 2020: da esquerda  para a direita, eu próprio, o Pe Zé, o dr. Fatela, o  conterrâneo Maj Gen João Afonso e o engº Montezuma.

Logo que oportuno anexarei mais fotos.

Um abraço, Ernestino




Guião do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) (Ver unidades que passaram por Mansoa, neste período: poste P3372 (**)


II. Comentário do Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1, Teixeira Pinto, e Cmdt da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, e da CART 2732, Mansabá, 1970/72)

Conheço apenas de nome este Padre Neves, não só através do Ernesto Caniço, mas também de dois ex-alferes  que eram igualmente amigos dele. Eram eles, o Montezuma,  do Pel de Sapadores do BCaç 2885, a que pertencia o César Dias, e o Assude da "minha" CCaç 2589.

Estes dois camaradas, já na metrópole, contactaram-me, já não sei em que data, mas ainda eu estava no activo, para um encontro com o Padre Neves, numa passagem dele por Lisboa julgo eu para um tratamento hospitalar. Seria o momento para eu o reconhecer, já que não tinha qualquer lembrança deste sacerdote. Isso não seria de admirar, uma vez que julgo nunca o ter contactado enquanto estive em Mansoa. No entanto esse enco0ntro acabou por não se realizar.


III. Comentário do nosso editor LG:

Obrigado, Ernestino, aqui está o poste de apresentação à Tabanca Grande do nosso camarada José Torres Neves, como sugerido por ti e prometido por mim. 

 É recebido fraternalmente, de braços abertos. E fica, desde já, sentado à sombra do nosso poilão, no lugra nº 859. (**)

Em comentário anterior, já tinha informado a Tabanca Grande de que:

(i) o José Torres Neves, continua a trabalhar como missionário num dos países africanos lusófonos, apesar dos seus 85/86 anos (!)::

(ii) tu, Ernestino, estiveste com ele em Mansoa, e tens uma cópia, digitalizada, do seu álbum fotográfico da Guiné: são cerca de 200 fotos, de que iremos publicar uma seleção; fazes também a ligação com ele, uma vez que ele não tem endereço de email;

(iii) o José Torres Neves também foi a Mansabá, no exercício de funções de capelania, e a outros aquartelamentos e destacamentos, pelo que a malta do BCAÇ 2885 e subunidades adidas deve lembrar-se dele.

Aqui, na Tabanca Grande, desejamos saúde, paz e longa vida ao nosso novo grã-tabanqueiro. E oxalá nos possamos conhecer pessoalmente, em próxima oportunidade, quando ele voltar a Portugal. E obrigado ao Ernestino Caniço por esta intermediação. 




quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22749: In Memoriam (419): Tibério Paradela (1940-2021), capitão da marinha mercante, um "lobo do mar" ilhavense, que nos deixa um notável testemunho da epopeia da pesca do bacalhau, no seu romance "Neste mar é sempre inverno"




Tibério Paradela (1940-2021), um "lobo do mar", natural de  Ílhavo, capitão da marinha mercante, reformado,  irmão mais novo do nosso amigo, o arquiteto António José Paradela, 



1. Acabámos, ontem, ao fim da tarde,  de receber a dolorosa notícia da morte de mais um amigo, o Tibério Paradela. Sofria de doença de evolução prolongada. O funeral é na sexta feira, à tarde. Tinha 81 anos.

Em março passado, talvez premonitoriamente,  já se tinha despedido do seu velho conpanheiro, o mar, conforme carta publicada em "O Ilhavense" (Vd. abaixo a reprodução dessa belíssima "carta de despedida"... ou de reconciliação ?!).

Eis alguns apontamentos sobre a sua vida:

(i) capitão da Marinha Mercante reformado;

(ii)  nascera em Ílhavo, em 1940;

(iii) concluiu o curso de Pilotagem da Escola Náutica em 1960;

(iv) embarcou como praticante de piloto em 1961, no arrastão "Santa Mafalda";

(v) e, no ano seguinte, aso 21 anos, como imediato no navio bacalhoeiro à linha "Novos Mares" , entre 1962 a 1964: esta embarcação foi o  último bacalhoeiro em madeira, construído na Gafanha da Nazaré, fez parte da Frota Branca até 1986, data em que foi abatido à frota por ordem do Secretário de Estado das Pescas. (Em 1991 foi oferecido para se transformar em museu, o que nunca se concretizou; por incúria, deleixo ou crime, acabou por se afundar no porto de Aveiro.)

(vi) trabalhou depois a cabotagem na costa de Moçambique, foi comandante de cargueiro, piloto da barra no Porto da Beira (Moçambique), superintendente duma Companhia de Estiva no Porto da Beira (Moçambique), e comandante de navios mercantes nas linhas do Norte da Europa, Mediterrâneo e Norte de África, Ilhas, Moçambique, Angola, África do Sul, Golfo da Guiné;

 (vii) 
 terminou a carreira profissional no Lobito (Angola) na indústria petrolífera.

(viii) vivia na Costa Nova, concelho de Ílhavo, tal como o nosso camarada Jorge Picado (de quem, de resto, os irmãos Paradela são amigos).

(ix) aproveitando o tempo da reforma, fez parte de diversas tertúlias, dedicou-se a causas socias  e estreou-se também na escrita;

(x) deixa publicado, um romance (ou obra de ficção) que tem como horizonte temporal a campanha da pesca do bacalhau na Terra Nova e na Groenlândia, entre abril de 1965 e abril de 1966: "Neste mar é sempre inverno", edição de  autor, Aveiro, 2014, 262 pp.; imagem da capa, à esquerda, da autoria do arquiteto  e nosso amigo, José António Paradela, irmão do autor, e natural de Ílhavo; o livro teve uma 2ª edição em 2016.)

(xi) deixa também, ao que sabemos, vários contos inéditos.


2. Temos 3 postes com notas de leitura do seu livro (**), sobre o qual escrevemos:

(...) Se o livro tivesse sido escrito (e publicado) ainda no tempo do Estado Novo, teria pela certa um título mais prosaico e pitoresco: "Cenas da vida da pesca do bacalhau". Mas não, não de trata de um livro de memórias, muito menos de registo etnográfico das campanhas do bacalhau e da vida a bordo nos últimos barcos da pesca à linha da nossa "frota branca". Não é sequer um simples diário de bordo duma viagem, de seis meses, aos bancos de pesca da Terra Nova e da Groenlândia. O que não quer dizer que o livro não tenha uma grande riqueza de informação etnográfica, recomendando-se a sua leitura também por essa razão adicional.

"Neste mar é sempre inverno" é um título de homenagem aos homens do mar. Na pág. 105, percebe-se melhor a escolha do título. O autor atribui ao filósofo grego Platão a afirmação segundo a qual haveria 3 espécies de homens: "os vivos, os mortos e os homens que andam no mar"...

Mas por que é que os homens do mar teimam em sê-lo pela vida fora, de modo contínuo ? Para Tibério Paradela, há uma razão, "talvez a única", para explicar por que é que o homem do mar o é para toda a vida: seria o "esquecimento". E esclarece o autor:

"Não o varrimento da memória, mas o alijamento das agruras e anmraguras para o sótão das lembranças indesejadas numa sucessão infalível, porque no mar é sempre inverno" (p. 105).

Poderia tresler-se: "neste mar é sempre inferno"... Neste mar, e na frota branca do bacalhau!

É esta epopeia, já esquecida pelos portugueses nascido no pós-25 de abril, que prende o leitor ao longo das mais de 260 páginas do romance. Li e reli o livro e tirei inúmeras notas de leitura, algumas das quais vou aqui partilhar, com todo o gosto, com os leitores do nosso blogue. (...).

3. Deixo aqui a minha homenagem, de apreço e saudade, ao Tibério Paradela, com quem convivi, embora esporadicamente,  nas minhas passagens pela Costa Nova, de visita ao irmão e à Matilde. A esposa, filhos, netos e ao seu mano Zé António Paradela, e demais amigos da Costa Nova, deixo aqui a expressão da nossa solidariedade na dor.

Reproduzo também dois textos da sua autoria, um soneto e uma crónica. 

Toldaram-se-te os olhos, marinheiro,
Quando pra trás olhaste e já não viste
A terra, que deixaste em adeus triste,
Chorado no convés do teu veleiro.

Se és tu do mar o grande caminheiro
Em busca de destinos que cumpriste;
Se o fado teu, ao qual nunca fugistes,
Já fez de ti, no mundo, o Ser primeiro,

Então, enxuga as faces, meu guerreiro,
E volta para a frente o teu olhar.
Não vá esse inimigo traiçoeiro

A quem, por toda a parte, chamam mar,
Revoltar-se e engolir-te por inteiro
Numa onda vilã que vai passar!

In: Paradela,  Tibério - Neste mar é sempre inverno. Edição de autor, Aveiro, 2014, p. 12.  


Carta a um Companheiro

por Tibério Paradela

 O Ilhavense,  10 de Março de 2021


Decidi despedir-me. Despedir-me de ti!

Faço-o por escrito para que fique a constar dos teus vastíssimos arquivos, não caindo, assim, no esquecimento das palavras que o vento leva.

Foste meu companheiro mais de três décadas e isso, só por si, devia ter feito nascer entre nós uma relação forte, impregnada de amizade e admiração mútuos. Porém, quis o teu mau humor tão frequente que, da minha parte, a confiança em ti se esgotasse na passagem do tempo.

Não posso esquecer as tuas ameaças, os repentes dos teus humores, as tuas ciladas. Assim, obriguei-me a aprender a lidar contigo, sempre de prevenção, para não cair nas garras dos teus poderes.

Até que, um dia, decidi encarar-te de frente com a coragem que os fracos também sabem assumir quando as ameaças começam a roê-los por dentro. Curiosamente, a partir daí, a nossa relação melhorou bastante. E foi numa certa indiferença por ti que encontrei a solução final.

Mas, para que as coisas não fiquem assim, companheiro, quero revelar-te que sinto que nem tudo foi mau entre nós! Proporcionaste-me lindos passeios, conheci muitos e lindos países, cidades maravilhosas, gentes as mais diversas. 

Deste-me também a possibilidade de me situar na vida, construir uma carreira, cimentar uma personalidade. Afinal, tu mais que ninguém, viste-me crescer e ensinaste-me a crescer. Sim! Porque trinta e tantos anos não são trinta e tantos dias; porque a dureza das relações nem sempre é perniciosa; e porque no fundo, no fundo, as tuas fúrias são filhas do vento, deixemos para esse maldito vento a expiação dos meus descontentamentos!

Afinal tu, MAR, sempre foste meu amigo! E, se calhar, quando eu te rogava coriscos, estavas tu, nos teus rugidos, a pedir ao vento que te deixasse em paz. Assim, não posso deixar de fazer as pazes contigo e enviar-te aquele abraço salgado com estes pequenos braços humanos que te querem apertar com tanta força quanta aquela que tu tens.

O teu companheiro e amigo,

Tibério


P.S. – MAR! Vou enviar cópia desta carta ao Criador. Ao nosso Criador! E pedir-lhe que prolongue tanto quanto Lhe aprouver o meu crepúsculo para que eu, por muitos, muitos anos, continue a ouvir falar de ti!
Uma crónica de Tibério Paradela

___________

Notas de leitura:

(**) Vd. postes de:

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22549: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (125): O nosso Blogue foi contactado por uma sobrinha-bisneta de Cunha Gomes, Régulo da Tabanca de Binhante (Teixeira Pinto) nos anos 70 (Jorge Picado)

Nesta foto, publicada por Jorge Picado em 18 de fevereiro de 2010, identificado pela sua sobrinha-bisneta Luísa, vemos Cunha Gomes, o então Régulo de Binhante, a ser entrevistado, em 25 de junho de 1971. A populção, manjaca, tinha sido alvo de um "ato terrorista" do PAIGC.

Binhante, (...) ficava sensivelmente a meio do percurso de Teixeira Pinto - Pelundo, distando pouco mais do que 5 quilómetros de cada e os elementos do PAIGC, do Churo ou Coboiana, foram lá! Portanto no dia 25 pela manhã, lá tive de acompanhar os camaradas, possivelmente da CCaç 2660, que foram fazer o levantamento da ocorrência e ajuizar dos estragos, para que na medida do possível e, quanto mais depressa, se obtivessem os meios para recompor a situação.  Das minhas breves notas respigo “Colecta e roubo em Binhante – Incendiaram 14 moranças, grandes estragos POP. Ameaças e sevicias, levaram POP como carregadores. 4 Sacos arroz na Gouveia em nome do CAOP. Assinei eu. Binhante 2 vezes”(...)  (*)

Foto (e legenda): © Jorge Picado (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário de uma nossa leitora (guineense, presumimos, ou luso-guineense), que se identificou como Luísa, publicado no dia 15 de Setembro de 2021 no Poste 5838[*], do nosso camarada Jorge Picado, de 18 de Fevereiro de 2010:

Boa noite Sr. Jorge.

Após algumas pesquisas sobre Binhante, a terra natal da minha mãe, deparei-me com este blogue e devo dizer que fiquei surpreendida com a casualidade. O senhor que está a ser entrevistado na foto é o meu tio-bisavô, chama-se Cunha Gomes e era o régulo de Binhante. A informação dada pela minha avó coincide com o que o senhor Jorge narra na descrição da foto. Obrigado por partilhar estas relíquias que me permitem conhecer a identidade da minha família.

Os melhores cumprimentos!
Luísa

2. Referindo-se à foto, dizia Jorge Picado no poste P5838:

Na imagem são bem evidentes os sinais de habitações destruídas pelo fogo. Pode-se ver parte duma casa, representada por uma parede – feita em adobos de lama – e rachada no canto, com sinais de fumo por cima duma abertura – janela ou porta –, sem telhado e os restos de cibes queimados, em segundo plano, que suportavam exteriormente a cobertura, sinais mais do que suficientes de ter sofrido um incêndio recente. 

Além disso há dois militares – um metropolitano sentado com gravador ao lado e um guineense, talvez cabo, segurando o microfone na mão direita – registando o depoimento dum nativo – que pela veste e pés calçados demonstra um certo estatuto, chefe de tabanca (?) – acompanhado de outros naturais, um dos quais – o do chapéu – revela uma cara carrancuda. 

Repare-se na forma tradicional de transporte natural dos bebés por estas mães que, pelas suas vestes, mostram igualmente possuir um certo estatuto social. Seriam as mulheres do que está a ser entrevistado? Quem seria o militar sentado? De alguma das subunidades do CAOP 1? Ou do PIFAS de Bissau? As mesmas interrogações faço sobre o que segura o microfone, mas como poucos são aqueles desse tempo que militam na Tabanca, não creio poder chegar a qualquer conclusão.

Localização da Tabanca de Binhante a norte de Teixeira Pinto. 

© Infogravura Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta de Teixeira Pinto 1:50.000


3. Respondendo ao comentário, escreveu Jorge Picado:

Luísa

Desculpe tratá-la apenas pelo seu único nome, pois é pena não se ter identificado melhor.

Se por ventura voltar a este postado e verificar esta minha resposta, verificará que  ainda por cá permaneço.

Fiquei muito sensibilizado por esta partilha que deixei para memória futura, ter servido para, ao fim de mais de 10 anos, alguém com raízes naquele território, que nos marcou profundamente, ter visto um seu antepassado, identificando-o para que não ficasse no anonimato, como tantos outros.

Repare-se que as minhas notas foram colocadas 39 anos depois dos acontecimentos, quando resolvi finalmente falar pela primeira vez de acontecimentos que tinha "enterrado num buraco mais profundo do meu cérebro" e a minha memória já apresentava muitas falhas. Por isso as minhas lacunas e interrogações.

Obrigado por esta surpresa que me deixa MUITO FELIZ.
Bem haja.
JPicado


********************

4. Comentário do editor CV:

Está provado que o mundo é pequeno e que o nosso Blogue, sendo grande, continua a trazer-nos a cada passo novas surpresas. (**)

Desta vez foi o contacto da nossa leitora Luísa, uma sobrinha-bisneta do régulo de Binhante dos anos 70, que viu no nosso Blogue uma referência a este seu antepassado que provavelmente nem conheceu.

Esperamos que a Luísa volte ao nosso contacto e nos fale dela, das suas raízes guineenses e do que ouviu dizer do seu tio-bisavô Cunha Gomes.

Por outro lado, o nosso camarada Jorge Picado há-de sentir-se mesmo muito feliz por uma das suas memórias trazer até nós, passados mais de 50 anos, alguém ligado, por laços familiares, a uma personalidade por ele referenciado.

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Notas do editor

[*] - Vd. poste de18 DE FEVEREIRO DE 2010 > Guiné 63/74 - P5838: Estórias de Jorge Picado (12): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (VII): Colecta e roubo em Binhante

Último poste da série de 18 DE JUNHO DE 2021 >
Guiné 61/74 - P22295: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (124): O "periquito" Henrique Matos, 1º cmdt do Pel Caç Nat 52, que eu conheci no Enxalé em 1966 (João Crisóstomo, Nova Iorque)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21711: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (36): Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes; Fernando Chapouto, ex-Fur Mil; Jorge Picado, ex-Cap Mil; Prof Armando Tavares da Silva, Historiador e António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil

1. Mensagem de Boas Festas do Núcleo de Ponte de Lima da Liga dos Combatentes com data de 25 de Dezembro de 2020:

Para os voluntariosos administradores e colaboradores desse magnífico blogue, a começar pelo Luís Graça, aqui vai o nosso postal de Boas Festas!



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2. Mensagem do nosso camarada Fernando Chapouto, (ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 1426, 1965/67, Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda com data de 24 de Dezembro de 2020:

Desejo que tenham um Santo Natal e um Feliz Ano Novo na companhia de toda a família


Abraço
Fernando Chapouto

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3. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1, Teixeira Pinto, e CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa e da CART 2732, Mansabá, 1970/72) com data de 24 de Dezembro de 2020:

Amigo Luís
Votos de Feliz Natal e um Melhor 2021 é o que desejo para Todos Vós, com muita saúde e esperança em melhores dias, para voltarmos aos convívios.

Abraça-vos o Ilhavense
Jorge Picado


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4. Mensagem do Prof Armando Tavares da Silva, historiador, com data de 24 de Dezembro de 2020:

Os meus votos de Feliz Natal e de Bom Ano Novo para o Grande Impulsionador de um importantíssimo blogue.

Abraço do
Armando

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5. Mensagem do nosso camarada António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17, Bula e Binar, 1973/74, com data de 30 de Dezembro de 2020:

Agradecido pela amizade, endereço a todos os sinceros votos de um Ano de 2021, bem melhor que este que está a terminar.
Muita saúde e paz para todos.

Um forte abração
António Acilio Azevedo

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Nota do editor:

Último poste da série de 30 de Dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21707: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (35): Patrício Ribeiro, entre margens, do Mansoa ao Vouga