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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10703: Convívios (483): A Magnífica Tabanca da Linha: la vie en rose... Ainda dizem que há crise, pá!... (Fotos: Manuel Resende; legendas: JD/LG)


Foto nº 1 > Da esquerda para a direita, o comandante Rosales e o Tirano



Foto nº 2. (i) sentados da esquerda para a direita: Gina, Zé Manel Dinis, Armando Pires, Carlos Silva, Manuel Joaquim e Carioca; (ii) de pé, também da esquerda para a direita: Marques (o meu querido Marquês sem acento circunflexo, da CCAÇ 12), Palma, Tirano, Paiva, Helder Sousa (encoberto), Zeca Caetano, Jorge Rosales, Marcelino da Mata, Horta, Mário Fitas, António Silva e Luís R. Moreira I, meu infortunado camarada de Bambadinca).


Foto nº 3 > Tête à tête: Humberto Reis e Helder Sousa; Francisco Palma, à esquerda do Humberto.


Foto nº 4 > Um amanuense e um TSF... Do Marquês, vê-se a cabecinha que ficou agarrada ao pescoço, apesar da mina A/C de 13 de janeiro de 1971, à saída dos Nhabijões... 


Foto nº 5 > O Horta (de camisola vermelha) e a sua frente, mas de costas, o Armando Pires (esse mesmo, enfermeiro, ribatejano, fadista, radialista); à sua esquerda, o Fitas, o Dinis e o Rosales (os "patrões" da Tabanca)


Foto nº 6 >   O  Armando Pires  e o magnífico comandante  da Magnífica...



Foto nº 7 > Em primeiro plano, o Marcelino da Mata e o Fitas (de costas); em segundo plano, o Rosales. 


Foto nº 8 > Zeca Caetano, AGA,  Rogê Guerreiro  e  Tirano.

Créditos fotográficos: Manuel Resende (2012).


1. O Camarada Manel Resende, fotógrafo oficial, fez a devida cobertura do último convívio da Magnífica Tabanca da Linha... e mandou-nos as fotos (muitas)... Tomámos a liberdade de selecionar algumas e editá-las... Não conhecendo a malta toda, uma vez que nem  todos são (ainda) "grã-tabanqueiros" (ou membros da Tabanca Grande, que é a tabanca das tabancas, ou a tabanca-mãe), pedi ao Manel para os  identificar, com a ajuda do comandante Rosales e do seu amanuense Dinis.

Mais expedito e desembaraçado do que os dois primeiros, o amanuense respondeu-me de imediato, na volta do correio. Aqui vão os nomes dos magníficos tabanqueiros (aproveita-se para "refrescar" o nome de alguns dos "artistas"):

Na fotografia nº 1 estão o Rosales e o Tirano, pessoas da região e contemporâneos na guerra;

Na foto nº 2 estão sentados: Gina, Dinis, Pires, Carlos Silva, Manuel Joaquim e Zé Carioca; de pé: Marques, Palma, Tirano, Paiva, Helder (encoberto), Zeca Caetano, Rosales, Marcelino, Horta, Fitas, António Silva e Moreira.

Na fotografia nº 8 estão visíveis: Zeca Caetano, AGA, Rogê e Tirano.

Abraços

2. Segundo informação do Zé Manel Dinis, "a Magnífica reúne-se em todas as estações do ano, por isso proponho que escolhas uma ocasião lá para Fevereiro, se não for Janeiro, ou Março. Não juro, mas vou tentar lembrar-te, e vou pedir ao Miguel, que é um tipo organizado, que me lembre para te lembrar. Entre nós não hé desculpas esfarrapadas, ou se pode, ou não. E nem é preciso justificar os nãos"....

Tudo isto vem/vinha a propósito da minha intenção de ir ao "próximo" convívio da Magnífica e Real Tabanca da Linha: "Zé, tenho mesmo que marcar, com alguma antecedência, na minha agenda essa tão desejada (acredita!) data de 'batismo' na Magnífica Tabanca da Linha... Os gajos da Tabanca do Centro já têm uma rotina mensal, vocês - tanto quanto sei - ainda não fazem 'planeamento estratégico', a navegação é à vista... Vamos 'badalar' a coisa, no blogue, com antecedência, para juntar as ovelhas todas, as ranhosas (como eu) e as outras... Combina aí com os teus comandantes... e o resto da maralha. Com que regularidade se reunem ?"...
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sábado, 23 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5691: Os nossos seres, saberes e lazeres (16): Nascimento da fabulosa Tabanca da Linha (António Graça de Abreu / José Manuel Dinis)

1. Mensagem de António Graça de Abreu (ex-Alf Mil, no CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), com data de 16 de Janeiro de 2010:

Hoje, dia 14 de Janeiro de 2010, quinta-feira, foi o nosso dia de criarmos mais uma fabulosa Tabanca. Não éramos propriamente os queques da linha do Estoril, mas nove gloriosos ex-combatentes da Guiné juntos pela primeira vez, na nova Tabanca da Linha, num lugar privilegiado, mas escondido, algures nas bandas altas da Parede. Chocos, assados, legumes, batatinha cozida, um vinho caseiro capaz de encantar os deuses. Almoçámos como príncipes, conhecemo-nos melhor, convivemos, deixámos a marca da fraternidade que nos une.

Eis o nome destes primeiros gloriosos tabanqueiros da Linha:

ex-Alf Mil Rosales (Porto Gole e Bolama),
ex-Fur Mil António Fernandes Marques (Bambadinca, CCaç 12, do Pelotão do Luís Graça),
ex-Fur Mil Rogério Cardoso (Mansoa e Bissorã, CArt 643),
ex-Fur Mil Manuel Domingos, o Gato (Mansoa, CArt 568),
ex-Fur Mil Mário Fitas (Cufar),
ex-Fur Mil José Dinis (Piche, Bajocunda, CCaç 2679),
ex-Fur Mil José Carioca, Gringo de Guileje, (Guileje, CCaç 3477),
ex-Fur Mil Comando José Caetano, (Mansoa, Bedanda, CCaç 4);
e este vosso amigo e servidor,
ex-Alf Mil António Graça de Abreu (Teixeira, Pinto e Cufar, CAOP 1)

(António Graça de Abreu)


Segue-se o texto do nosso incomparável José Dinis

Informo V.Exas. de que, hoje, nesta data, sob o comando do veterano e competente Rosales, aconteceu um encontro refeiçoeiro de antigos combatentes na Guiné, circunstância que pode tornar-se embrião de outros atabancados. Poucos, mas bons, nesta primeira iniciativa de pipis da linha. Não há elementos a destacar, porque todos cumpriram muito bem as missões que lhes competiram, atacando com decisão as entradas de presunto e queijo, mai-las azeitonas bem temperadas, a que se seguiu o assalto aos chocos, acolitados de batatas e uma couves que denotaram bastante portuguesismo. A entusiasmar a tropa, conferindo-lhe determinação e eficácia, o vinho, de proveniência particular, revelou-se bem preparado, ao nível do que de melhor saíu do CIOE. Mas não se deu por satisfeita a força, que ainda batalhou com uma sobremesa de gelado e tarte, bem como esvaziou de conteúdo umas impotentes garrafas de whisky e aguardente.

Numa apreciação breve, pode dizer-se que esta primeira operação de Inverno, promete ter repetição todas as estações do ano, para cabal avaliação e treino do corpo especial agora mobilizado, a que, eventualmente, poderão juntar-se outros combatentes a quem se lhes reconheça espírito de sacrifício e pendor para a luta.

O azimute da querela foi sabiamente guardado até ao momento da acção, e também não serei eu a revelá-lo. Quem quiser habilitar-se, sempre na base do voluntarismo, pode enviar para a minha morada, pelo menos uma garrafa de tinto bem qualificado (nada de aldrabices marteladas), a título de comissão empreendedora, que, seguidamente, os apresentarei ao Exmo. Comandante da Força.

Abraços fraternos
JD

Nas fotos, o Mário Fitas, o Zé Dinis, Graça de Abreu, o Zé Carioca, o Rosales, o Zé Caetano, o Marques, o Rogério, o Manuel Domingos


2. Comentário de CV:

Em primeiro lugar o meu pedido de desculpas pela demora na publicação da notícia do aparecimento de mais uma Tabanca, agora a da "Linha".

Cada nova Tabanca que aparece é sempre um aconteciento importante para a Tabanca Grande. É mais um inequívoco sinal de que, contra ventos e marés, o espírito de camaradagem existente no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, se multiplica pelo país e por todos os camaradas, idependentemente das suas convicções políticas, religiosas e outras. Desengane-se quem julga ser capaz de derrubar esta muralha, por mais truques que use para o tentar.

Parabéns camaradas da Tabanca da Linha, não parem.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5454: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (15): Tabanca de Matosinhos, Tertúlia do Cozido à Portuguesa e viva a amizade (Juvenal Amado)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4300: Ser solidário (35): Criação da Associação Portuguesa de Apoio Cultural e Económico à Guiné-Bissau (Zé Carioca)

1. Mensagem de José António Carioca, ex-Fur Mil da CCAÇ 3477, Guileje, Nov 1971/Dez 1972, com data de 7 de Maio de 2009: 

Caro Luis 
Tenho contactado com o Zé Teixeira sobre o assunto em referência. Antigamente usava o meu número de conta para a recolha de verbas enquanto a Associação (APAG) não estava devidamente regularizada. Entretanto fui dando mais importância ao trabalho de desenvolvimento dos projectos que tinha em mente, por vezes havia dificuldade em juntar as pessoas no mesmo dia para registar a dita Associação, até os documentos já tratados, por serem provisórios, perdiam a validade. Agora sim, isto está no rumo certo e, mais uns dias, já te posso enviar o número de conta da Associação que se passa a chamar APACEG (Associação Portuguesa de Apoio Cultural e Económico à Guiné-Bissau). 

Obviamente que agradeço àqueles que depositaram confiança em mim quando no ano passado depositaram dinheiro na minha conta particular para que pudesse comprar as sementes (*). Com a APACEG toda a gente pode contribuir com uma cota mensal ou de qualquer outra maneira, e a responsabilidade é de várias pessoas. 

Estou neste momento também a desenvolver um peditório de livros pelas escolas da minha zona, roupas e outros artigos que possam ser úteis para ajudar o povo da Guiné, brevemente te darei mais notícias e todos os dados para que se quiseres divulgar no blogue. 

Um abraço 
José Carioca

  Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > 2 de Março de 2008 > Três homens com um ar de felicidade... Ei-los aqui fotografados com um tesouro, a estatueta, em metal, da santa protectora dos Gringos de Guileje, encontrada nas escavações arqueológicas do antigo aquartelamento de Guileje... Da esquerda para a direita os valorosos representantes da penúltima unidade quadrícula de Guileje, a CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972): José Carioca, Abílio Delgado e Sérgio Sousa... O Zé Carioca é actor de teatro (amador?) e sei que vive em Cascais.
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Notas de CV: (*) 

terça-feira, 31 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4116: Ser solidário (31): Vamos continuar com a campanha de sementes para a Guiné-Bissau (Zé Teixeira)

Guiné-Bissau > Região do Tombali > Cabedu > Março de 2008 > Eu bebi água fresca da torneira... E que bem me soube!

Guiné-Bissau > Região do Tombali > Cabedu, 11-03-2009 > Uma das associadas regando a alface

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cantanhez > Sector de Bedanda > Cabedu > Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > O Zé Carioca, um dos Gringos de Guileje, também esteve aqui, emocionado e solidário, na inauguração da rede de distribuição de água potável à população. 

Fotos: © José Teixeira, Carlos Silva e Zé Carioca (2009). Direitos reservados.


 1. Mensagem de José Teixeira com data de 29 de Março de 2009: 

Assunto: Sementes para a Guiné Camaradas amigos 

Li o texto que o Carlos Silva (*) escreveu na sequência da sua visita a Cabedú e apreciei com muita emoção as fotos da "quintinha" que as "mindgers" da terra deram vida, graças à água que conseguiram através do furo artesiano e do motor alimentado por energia solar que suga a água do seio da terra. Escrevi um comentário no mesmo que gostava que fosse transcrito no blogue para que a "obra" não ficasse por umas sementinhas que enviamos e tanta fome já mataram. 

É um desafio a todos os tertulianos e todos os leitores e apreciadores do blogue. 

CAMPANHA DE SEMENTES PARA A GUINÉ 

Agora há que dar continuidade ao projecto. Nós sabemos que é possivel, através de furos artesianos, captar água potável no solo da Guiné. 
Nós sabemos que através da energia solar é possível pôr motores a puxá-la para o exterior e montar fontenários. 
Nós temos provas de que as mulheres e os homens da Guiné são capazes de criar, através do suor das suas mãos, meios de subsistência pela exploração da terra. 
Quantas vidas não temos possibilidade de salvar, pela qualidade da água e pela produção agricola? 

É altura de darmos as mãos e fazermos uma campanha de angariação de fundos para a A.D. - Associção para o Desenvolvimento da Guiné - poder dar seguimento ao seu sonho, alimentado e gerido pelo querido Pepito, como se conseguiu provar com este pequeno empreendimento que o Zé Carioca lançou. Obrigado Zé. 

Somos muitos os tertulianos e muitos mais os que nos lêem e vibram com o que transmitimos. 

Uma pequena verba que a nós pouca ou nenhuma falta nos faz, poderá ser um grande tesouro para quem nada tem. Ouso pedir para se fazer uma campanha de recolha de dinheiro - mínimo 20.00€ por pessoa. Campanha que gostava que fosse gerida pelo Zé Carioca, como iniciador deste projecto, que eu vi chorar e chorei com ele, ao ouvir o grito das mulheres de Cabedú. Basta que cada um deposite numa conta bancária a verba que entende oferecer. Depois, é comprar as sementes de acordo com as orientações do Pepito, bem como os equipamentos. 

O blogue poderá ir dando contas do envolvimento. 

Aqui fica a sugestão. 

Vou tomar a iniciativa na Tabanca de Matosinhos e fico a aguardar a disponibilidade dos Camaradas. 

José Teixeira 
Esquilo Sorridente
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3587: Controvérsias (16): Chicos, furras e ripanços em Catió, 1968 (Jorge Teixeira - Portojo)


Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel >

"Foto nº 4 - Foto tirada de cima do depósito da água do quartel [JUL 1967]. Vista parcial da parte nova do quartel. A parada com o cepo (raiz) do Poilão, à esquerda as casernas nº 1 e nº 2, ao centro o edifício do comando, por detrás deste as camaratas de sargentos e depois destas as novas messes ainda em construção, tal como a camarata de oficiais à direita. O telhado vermelho era a messe e bar de sargentos".

 
Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 25 - No novo Bar de Sargentos em 1968. De pé os Fur Mil Pires, Mendonça, Laurentino (do serviço Foto Cine de Bissau), Condeço e Cabrita Gonçalves; em baixo o Teixeira e o Gil".

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 18 - Os Fur Mil Viriato Dias e Mendonça no varandim do velho edifício da messe de sargentos".

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 11 - O Fur Mil Vitor Condeço sentado na raiz do Poilão, tendo por fundo o edifício do comando". [O Vitor, 63 anos, reformado, residente no Entroncamento, foi furriel miliciano mecânico de armamento, CCS do BART 1913, Catió, 1967/69].


Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 9 - O porco fugiu da pocilga e foi passear na parada. Ao fundo à esquerda o depósito de géneros e a padaria, em frente a cozinha, refeitório e bar das praças. Vê-se o furriel vagomestre Rijo com um cozinheiro com o tabuleiro da amostra da refeição para o comandante fazer a prova".



Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 32 - Cerimónia militar em Fevereiro de 1968. Militares, civis da administração, correios e comerciantes. Da esquerda para a direita, [?], de costas o Cap Médico Morais, o Comandante Ten Cor Abílio Santiago Cardoso, quatro funcionários dos Correios e Administração, os comerciantes Srs. José Saad e filha, Mota, Dantas e filha, Barros, depois o electricista civil Jerónimo, e o Alf Capelão Horácio".



Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Quartel > "Foto nº 1 - Vista aérea de Catió, onde se vê na parte superior a zona do quartel".

Fotos e legendas: © Victor Condeço
(2007). Direitos reservados.


1. Mensagem do Jorge Teixeira (Portojo) (*), membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinhos, com data de 8 de Dezembro último:

Assunto - Tema Ganância

Caro Luís:

Um abraço.

O nosso camarada Jorge Picado teve de explodir e com razão (**).

São coisas guardadas há muito tempo e em qualquer momento saiem. E talvez até pelo que se vê hoje em dia, o sentido da revolta é grande. Mas sempre soubemos que os milicianos é que pagaram sempre. Faziam a guerra, faziam a revolta e faziam a cobertura à maior parte da chicalhada. À maior parte, disse eu, porque havia chicos bons.

Quero dar o meu apoio ao Jorge. E já agora, e se quizeres publicar, dou a minha estória para o tema GANÂNCIA. Quando cheguei a Catió, em meados de Maio de 69, disseram-me que era obrigatório fazer uma messe. Não fazia ideia o que isso era. Por ordem de velhice ao contrário, acho que fui o próximo. Mas não me lembro se a fiz em Junho ou Julho [de 1969]. Sei apenas que me desenrasquei. Se bem me lembro do mês, foi em Outubro que rebentou uma bomba. Havia rapinanços em Catió.

Levantou-se um inquérito e, claro, apanharam uns tantos furriéis milicianos [, furras]. Como todos os inquéritos que têm conclusão, o pequeno é que apanha. Claro que o 2º Cmdt, de quem não me lembro o nome, responsável pelos reabastecimentos, não teve nada a ver com o caso; nem o capitão, cmdt da CCS, de quem apenas lembro o apelido, o Tim Tim, que muito a propósito e a tempo, lhe arranjaram uma consulta de psiquiatria e foi evacuado; nem o 1º sargento, o pica estradas (lembro do nome mas fica cá guardado), apelido derivado ao seu enorme nariz e nunca por ter saído do aquartelamento, nem para ver um jogo de futebol, quanto mais em qualquer missão.

Esse furriéis foram o vague-mestre da CCS, o meu querido amigo Rijo, o Oliveira que estava na altura no destacamento de Ganjola, outros que por lá também passaram anteriormente e de quem não me lembro do nome. Sei que pagaram em dinheiro desfalques que havia nas contas da CCS. O calo dos superiores tinha de bater na inexperiência dos furrieizitos milicianos. Não que eles fossem santos, sei lá, mas como sempre acontece, só alguns comeram.

No meio disto tudo, tinha vindo para Catió um capitão para cmdt de operações. Não me lembro do nome deste senhor. Que por inerência ficou cmdt da CCS, olhando ao sucedido. Resolveu chamar-me para ir fazer a vaguemestria do rancho. Perguntei:
- Mas eu, porquê ? Só pertenço à CCS por motivos operacionais e de alojamento.
- Porque fez uma boa messe de sargentos.

Isto foi novidade para mim. Tive de aceitar mas coloquei condições. Raramente recebíamos frescos; mesmo arroz, tivemos num determinado período que comprar nos armazens de Catió, porque nem bianda havia. Então carne, peixe e legumes era coisa que raramente havia. A população era-nos hostil e não vendia nada. Raramente a CCS alugava avioneta e comprava fora do reabastecimento mensal, fosse o que fosse.

As minhas condições foram: Fornecimento semanal de frescos por avioneta e uma comissão de soldados escolhida pelos próprios que fizesse o acompanhamento da vaguemestria. Aceites as condições e após apresentação de orçamento, foi fácil verificar que a companhia tinha imensos lucros com o rancho.

Não falo dos outros sectores que não eram da minha responsabilidade: Combustíveis, artigos para os bares e cantinas, etc. (Mas também sei de estórias...).Os furriéis não poderiam ser culpados nem de metade do que lhe atribuiram de culpas. Mas a chantagem que exerceram sobre eles com castigos que poderiam ir até à rendição individual foi de tal forma que eles aceitaram confessar-se culpados.

Imagino, melhor, sei o que pensou ao Rijo, desportivamente um internacional português, já com 27 anos. Este homem nunca mais foi o mesmo.

Factos: Na altura acho que tínhamos entre 17 ou 19 escudos diários para alimentação. Não recordo. Pois demonstrei que era possível fazer diárias com frescos, custos de transportes, refeições extras para o pessoal que chegava de madrugada de patrulhamentos ou outros serviços no mato, reforço alimentar para os sentinelas e pessoal de serviço no aquartelamento, reforço de rações de combate, não só com esse dinheiro como ainda sobrava algum, mas pouco é certo, nessa altura, ao fim do mês. E haviam refeições extras para oficiais - ah meu cmdt Cardoso, quantas vezes lhe levei um petisco ! -, e sargentos que vinham ao rancho pedir um pratinho.

A véspera de Natal de 69 foi um exemplo, principalmente para alguns furriéis, pois o safado do Dias não quis alinhar e deu salsichas na messe. E houve festas com convidados da população - Dia da Artilharia, dia de Natal e Ano Novo, da despedida da unidade em finais de Fevereiro. E sobrava sempre da nossa panela para as crianças nativas, embora o pessoal se alimentasse bem melhor. E ainda deu para alguns suplementos aquando da partida do pessoal da CCS, pois havia excedentes ( vinho, conservas de frutas, pão, pelo menos isso que me lembre); e a CCS que veio render a do [BART] 1913 [1967/69] ainda lucrou muitas dezenas de contos desses excedentes (***).

Mas tudo isso já existia no depósito antes da minha tomada de posse. Quando fiz o inventário haviam cerca de 100 contos de excedentes. Só que o Rijo, o Oliveira e os outros não sabiam nada de contas. E dinheiro vivo era preciso para tapar buracos. E os lucros dos autos de perca, destruição, apodrecimento e afins ?

Nas cargas e descargas de mercadorias, eram caixas de batatas, cervejas, bidões de gasóleo, whisky, etc que caíam ao rio - e na barriga dos fuzas que faziam a segurança dos batelões - ou que chegavam podres e por aí fora...

Façam agora uma pequena conta, bem simples: transformem só 1 escudo por dia de excedente alimentar por militar; Para uma média de 100 bocas diárias (cheguei a dar refeições a 140 pessoas); durante 18 meses mais ou menos que foi o tempo anterior à minha tomada de posse... Acrescentem os desvios de gasóleo à população civil, mais os artigos dos bares extraviados e os lucros da comercialização (mais de 150 pessoas em média diária e com poucos abstémios) - e vejam qual a soma.

Mais: Se eu tinha 100 contos de excessos alimentares, quando recebi o depósito, se os milícias e soldados africanos podiam comprar géneros e cujo valor era descontado nos prés, pagos directamente pelo comando da companhia; explique alguém, se é capaz, sendo esta comandada por um oficial do QP e dirigida por sargentos igualmente do QP, quem ficou a lucrar ?

Se os furras não tinham acesso a dinheiro como é que houve desfalque? Portanto, camarada Picado, não foste o único a levar com a experiência dos profissioinais das comissões.

Um abraço de amizade
Jorge/Portojo


2. Comentário de L.G.:

É, no mínimo, saudável e honroso que este tema (aqui levantado pelo José Manuel Dinis, pelo Jorge Picado e agora pelo Jorge Teixeira) seja exposto, analisado e debatido no nosso blogue... Não há (ou não devia haver, mas eu julgo que não há) tabus entre nós: já aqui discutimos tudo ou quase tudo, incluindo questões que ainda hoje nos dividem e são dolorosas...

A máquina de guerra - neste caso, da guerra do Ultramar - movimentou muito dinheiro e, como muitos de nós se aperceberam no terreno, no TO da Guiné, também alimentou a pequena e a grande corrupção... Independentemente do efeito (positivo e negativo) que teve na economia nacional, a guerra do Ultramar fosse também um bom negócio para alguns. Como em todas as guerras. A nível local, provincial, nacional e internacional.

Interessam-nos aqui não as especulações mas sim os depoimentos. A verdade é que, localmente, tínhamos uma visão muito limitada das coisas. Alguns de nós lidaram com dinheiro, material, compras, intendência, contabilidade, finanças, gestão de messes e refeitórios, obras (nos quartéis e nos reordenamentos)... Alguns de nós comandaram subunidades e fizeram comissões liquidatárias... Alguns de nós tinham especialidades na área da administração militar ou equivalente (vague-mestres, contabilistas, etc.). A maior parte de nós, os operacionais, não tínhamos jeito, tempo e sobretudo competências para lidar com dinheiro, material, compras, gestão de messes, etc.

Já não é altura para, passadas quase quatro décadas, fazer ajustes de contas - nesta como noutras matérias... Já não há contas a ajustar nem com os nossos superiores hierárquicos nem entre camaradas (... tal como não há contas a fazer contra os nossos inimigos de outrora). Eu, pessoalmente só tenho contas a ajustar comigo e com a minha memória.

Se falamos disto, é por que a guerra da bianda era também a nossa pequena guerra de todos os dias... Comíamos mal e porcamente na Guiné: a verdade é que, como defende o Jorge Teixeira, poderíamos ter comido um pouco melhor, se não fora também a ganância e a incompetência de alguns...

Mas atenção: é preciso respeitar o bom nome e não pôr em causa a honestidade e a reputação da generalidade dos nossos camaradas, que foram vague-mestres, sargentos de secretaria, alferes de contalidade, capitães milicianos, pessoal da intendência, etc. Daí para cima, podemos ter suspeitas mas não sabemos nem metade da missa...

No meu tempo, por exemplo, dizia-se à boca cheia que havia meninos a mamar com o reordenamento de Nhabijões [sector L1 da Zona Leste, Bambadinca, 1969/71], onde foram gastos milhares de rachas de cibe, milhares de chapas de zinco, toneladas de tijolos de adobe, feitos pela população local, milhares de horas de trabalho de voluntários à força, do exército, tugas que na vida civil eram trolhas, cabouqueiros, carpinteiros, marceneiros, picheleiros, condutores, etc. Não sei quem ganhou nem me interessa isso hoje. Mesmo assim quero acreditar que o exército tivesse os seus próprios mecanismos de fiscalização e de controlo.

De qualquer modo, o mote está dado. Escrevam sobre este tema, os que sabem e podem... Quanto a alguns termos do nosso calão de caserna (chicos, chicalhadas, furras, ripanços...), aqui usados: é bom lembrar que não têm propriamente um sentido pejorativo. E não se faz, no texto que se acaba de publicar, generalizações abusivas. Isto passou-se em Catió, no ano da graça de 1968. Ponto final parágrafo.

Parabéns ao Jorge, pela oportunidade e vivacidade do seu depoimento. Ele fala do que sabe e viu, por isso fala de cátedra. Embora fale do que se passava no downstairs, na cave... Ele nunca subiu ao upstairs, aos pisos de cima, pelo que nunca podia saber o que se passava em Bissau ou em Lisboa, nos gabinetes dos chefes de estado-maior ou nos conselhos de administração das empresas com interesses na Guiné...

Parabéns ao Vitor, por que ele foi, sem dúvida - até agora - o melhor fotógrafo da linda vila colonial de Catió, no sul, na região deTombali, e da gente que por lá passou, pela vila e pelo seu quartel... Gente do melhor, seguramente. Dos outros, poucos, que não souberam (ou não quiseram) ser nossos camaradas, não falamos aqui.
_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

11 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1652: Tertúlia: Três novos candidatos: José Pereira, Hélder Sousa e Jorge Teixeira

7 de Setembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3180: Tabanca Grande (84): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil, Guiné, 1968/70

5 de Outubro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3270: O meu baptismo de fogo (3): Catió, 6 de Junho de 1968 (Jorge Teixeira)

Vd. ainda o poste de 20 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3489: Blogues da nossa blogosfera (4): Nasceu o bloguinho, o blogue da Tabanca de Matosinhos (Álvaro Basto)

(**) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3576: Controvérsias (11): A ganância e o modo como se geriam as finanças nas Unidades (Jorge Picado)

(***) CCS do BART 2865,
Catió, 1969/70: vd. poste de 12 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3302: Tabanca Grande (91): António Varela, ex-Fur Mil Sapador da CCS/BART 2865, Catió, 1969/70

(****) Sobre Catió desta época, vd. ainda os seguintes postes:

19 de Janeiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2453: O que fazia um militar da ferrugem como eu ? (Victor Condeço, ex- Fur Mil Mec Armamento, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69)

6 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)

3 de Dezembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1335: Um mecânico de armamento para a nossa companhia (Victor Condeço, CCS/BART 1913, Catió)

sábado, 6 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3176: Estórias de Guileje (14): O meu (in)subordinado de transmissões (José Carioca, ex-fur ml tms e cripto, CCAÇ 3477, Gringos de Guileje, Guileje , 1971/72)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > Restos do aquartelamento, abandonado pelas NT em 22 de Maio de 1973. Segundo o nosso amigo Pepito (que regressou ontem à sua terra, depois de um merecido período de férias em Portugal), há agora boas condições (políticas, com o novo governo chefiado por Carlos Correia, de 72 anos, engenheiro agr+onomo, formado na antiga RDA, homem tido como sério e rigoroso, um dos históricos do PAIG e próximo de 'Nino' Vieira), para se avançar com o sonho do Museu de Sítio de Guileje, projecto da AD - Acção para o Desenvolvimento, acarinhado pelos antigos combatentes do PAIGC e pela população local, e que tem desde o início o nosso entusiástico apoio. Guileje ainda está sob servidão militar, como todos os demais antigos aquartelamentos das tropas portuguesas no período da guerra colonial. Por Guileje passaram centenas de camaradas nossos, incluindo os Gringos de Guileje, que aqui se evocam nesta estória do Zé Carioca (LG).

Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem do José António Carioca, um Gringo de Guileje (*), com data de 31 de Julho (*).

Assunto - Contadores de estórias


Olá Luís, boas noites, tudo bem?

Ao navegar pelo blogue fui parar a um artigo de 18 de Janeiro de 2007: Guiné 63/74 P 1443: Contributo para a história da construção do aquartelamento de Guileje (José Barros Rocha, CART 2410, Os Dráculas, 1969/70).

Seguidamente entro no P1431 de 15 de Janeiro de 2007, Guileje: Quem (e quando) construiu os abrigos de cimento armado (Pepito/Nuno Rubim).

Fiquei espantado! É que a foto que aparece de A.S., é enviada pelo irmão Manuel, que está a reproduzir alguns enxertos do post de 26 de Janeiro de 2006 (...) (Quando a terra treme). Então entrei no link do Ninho do Açor On Line, de Manuel Sousa, para ler este artigo (**).

Ora, fiquei pasmado, pois o A. S. esteve comigo em Guileje, pertenceu ao meu grupo, foi para lá por castigo derivado ao seu alegado ‘mau comportamento’. As semelhanças são tantas que não pode ser pura coincidência...

Como ele houve outro, em Guileje, não sei o que terão feito para merecer tal castigo, só que o A. S. em Guileje também teve comportamentos que no mínimo, e à luz dos valores da época, do RDM, da situação de guerra, etc. , poderíamos considerar como 'estranhos', ‘indesejáveis', 'reprováveis'...

Eu sei que no blogue não se fazem juízos de valor sobre o comportamento dos camaradas. Não sou juiz, nem quero julgá-lo. Mas apenas relatar duas estórias, em que ele é o protagonista principal.

A alcunha dele era o Doutor Maluco, porque andou a dizer ao resto do grupo que era doutor. Não se dava com ninguém, olhava as pessoas cabisbaixo, de lado... Recordo-me que uma vez para rapar alguns pêlos mal semeados na cara foi para as instalações dos oficiais. Ao ser repreendido por um dos oficiais, respondeu para este que estava a gozar dos seus plenos direitos....

Se bem me lembro, o A. S. tinha sido 1º Cabo mas, com os recorrentes processos disciplinares, para além de vários dias de prisão, teria sido despromovido.

Outra peripécia que me lembro bem foi: O A. S., como todos os outros militares de transmissões que reportava a mim, teria que fazer serviço no posto de rádio. Então um dia teve que entrar de serviço às 5 horas da manhã. Como não aparecia para cumprir com a sua obrigação, o camarada que deveria sair para ir descansar, aguentou mais trinta minutos porque quis assistir à saída de uma patrulha que ia para o mato.

Como já era normal o nosso Doutor chegar atrasado ao serviço, foi chamá-lo e acompanhou-o até ao posto de rádio, só depois se foi embora. Com isto já seriam umas 5 horas e 45 minutos, mas muito perto das 6 horas a patrulha no mato sofre uma emboscada, o operador de rádio começa a chamar para o quartel para pedir apoio aéreo, no quartel ninguém respondia às chamadas, pois o nosso homem abandonara o posto e fora para a caserna voltar... a deitar-se.

Obviamente que o tiroteio era ouvido no quartel e toda a gente se deslocava para junto das transmissões, todos os elementos do grupo de transmissões (inclusivamente eu) e os criptos estavam com os ouvidos postos nos rádios, fazendo um trabalho em vários equipamentos para o pedido de apoio aéreo e depois o contacto com os pilotos para dar as coordenadas dos nossos militares em apuros...

O próprio Capitão [da CCAÇ 3477] estava nessa patrulha. Felizmente tudo acabou bem. Mas, para minha grande indignação, o meu subordinado nem sequer apareceu no posto de rádio… Escusado será de dizer que, na altura, só me apetecia dar-lhe dois murros bem dados... Enfim, são águas passadas que não moem moinhos. E eu hoje se o visse, só podia dar-lhe um... abraço.

O Sr. Manuel Sousa conta neste artigo [do seu blogue] que o Alferes João Tunes (***) se deslocava todos os meses a Guileje para mudar os códigos de cripto, sinceramente não me lembro no meu tempo de alguém o ter feito, acho que se alguém lá fosse pelo menos duas ou três vezes durante o ano, que lá estivesse a passar uma semana, teria forçosamente que contactar comigo. Mas mais estranho é o facto da descrição que faz sobre a sua chegada a Guileje, passo a descrever:

A chegada ao destino descreve-a assim: “As palmeiras da periferia do quartel de Guileje perfilavam-se na frente da Dornier. À frente delas, distinguia-se o que parecia ser um estado degradado e meio despedaçado com uma bandeira portuguesa comida pelo sol e rota nos cantos içada no meio dos casinhotos”…

Conta ainda que os soldados de ” rostos fechados e olhares distantes” nem pareciam pessoas, mas “ ratos metidos dentro de uma ratoeira, destinados a apanhar porrada” ou “um bando de humanóides sem vontade de viver.”

E mais adiante conclui o João Tunes: “ Os militares de Guileje sentiam-se mais perto de outra vida que da vida vivida. Os que não estavam malucos por lá andavam perto".

Mais à frente no artigo (vd. parte com o título "O troar dos canhões"), escreve o autor do blogue Ninho do Açor:

“Enquanto o meu irmão esteve em Guileje o quartel era atacado com frequência mas normalmente não havia baixas mortais”. Depois mais à frente ainda nos conta: "O ambiente no quartel decorria com uma certa normalidade quando no primeiro trimestre de 1973 o nosso conterrâneo recebe uma guia de marcha para se apresentar no quartel general em Bissau, avizinhava-se o tão ansiado regresso à metrópole" (...).

Olha, Luís, eu entrei no blogue do Ninho do Açor que pertence ao Sr. Manuel Sousa, quis fazer lá um comentário sobre tudo isto que acabo de ler mas não consegui, dava sempre erro. Como não sou nenhum expert em informática e nem consegui descobrir qualquer endereço de email, para o fazer recorri à Tabanca Grande para dizer que apenas tenho conhecimento de um camarada Gringo que de facto ficou com um trauma de guerra…

Estive com ele no almoço dos Gringos do ano passado (****), apenas soube que ele não consegue ver comentários de guerra, que chora. O que diz o narrador sobre o estado do pessoal em Guileje acho exagerado… Só farei qualquer comentário mais aprofundado sobre este assunto se tiver a certeza de que quem escreveu este artigo, o quiser fazer.

Sei que alguns Gringos já faleceram por acidente ou por doença, gostaria de saber se o A. S. ainda é vivo e se está ligado à cultura, como consta no blogue do Ninho do Açor (*****).

Abraços, José Carioca
____

Notas de L.G.:

(*) José Carioca, ex-Fur Mil Trms e Cripto, CCAÇ 3477, Gringos de Guileje, Guileje (1971/72)

Vd. poste de 6 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2815: Tabanca Grande (67): Os Gringos de Guileje: Abílio Delgado, Zé Carioca e Sérgio Sousa (CCAÇ 3477, Nov 1971/ Dez 1972)

(**) O autor do blogue, o Ninho do Açor (que parece estr actualmente inactivo, o último poste remontado a 2006) apresenta-se como professor primário, matemático, astrónomo amador, historiógrafo, folclorista, latinista, especialista de descida de rios em caiaque, etc..; é ainda autor de outros blogues:

No blogue Gente da Minha Terra, há um poste com data de 2 de Outubro de 2004 sobre o A.S., que o Zé Carioca julga ser um seu antigo camarada de transmissões. Aqui vai um extracto:

(...) "No período de 1971-1973 esteve na guerra colonial, na Guiné, onde passou por várias vicissitudes que viriam a marcar o seu futuro carácter. Esteve destacado em Bissau e Teixeira Pinto, tendo conhecido neste último aquartelamento o Coronel paraquedista Rafael Durão (...).

"Os momentos mais penosos da guerra passou-os em Guileje e Gadamael, no sul da província, onde esteve várias vezes debaixo de fogo. De entre as histórias guerreiras que constituem o seu reportório de soldado há uma que considero especialmente caricata: aquela em que uma companhia inteira é posta em debandada por um... enxame de abelhas. Há também aquela em que o nosso herói ia sendo morto por um preto depois de ter ido espreitar as pretas a tomar banho nas bolanhas, mas estas são contas de outro rosário...

"Este nidense é o exemplo mais acabado de alguém que encerra dentro de si um talento artístico insuspeitado. Há muitos anos levou a cabo uma banda desenhada onde relatava as aventuras rocambolescas dum padre e da sua bombástica sobrinha. A historia, desenhada a tinta da china, ocupava cerca de 100 páginas A4 pelo que já poderia ser considerado um trabalho de certo fôlego. Um dia, porém, num acesso de perfeccionismo e de insatisfação artística decidiu queimar tudo (...).

"Com todo este potencial podia ter evoluído para um artista de grandes méritos, mas o seu temperamento volúvel e pouco sociável, aliado aos traumas psicológicos da guerra, não permitiram que o génio artistico se traduzisse em obras de vulto, pelo menos até à data" (...).

(***) Esse texto do nosso camarada João Tunes já foi aqui reproduzido: Vd. poste de 14 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2437: Estórias de Guileje (1): Num teco-teco, com o marado do Tenente Aparício, voando sobre um ninho de cucos (João Tunes)

(****) Vd. poste de 22 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1869: Convívios (19): Os Gringos de Guileje, a açoriana CCAÇ 3477, encontram-se ao fim de 33 anos! (Amaro Samúdio)

(*****) Vd. último poste desta série, Estórias de Guileje> 12 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2934: Estórias de Guileje (13): Com os páras, no corredor da morte: armadilhe-se o moribundo (Hugo Guerra)

domingo, 13 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3054: Simpósio Internacional de Guileje: Comunicação de Nuno Rubim (1): Como dar a volta aos Strela ?

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > O Cor Nuno Rubim, entre o Cor Carlos Matos Gomes e o Gringo de Guileje, o ex-Fur Mil Zé Carioca, da CCAÇ 3477 (Guileje, Nov 1971/Dez 1972), explicando pormenores da sua obra-prima que foi o diorama de Guileje...


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Dia 5 de Março ded 2008 > Painel 3 > O pós-Guiledje: efeitos, consequências e implicações político-militares do assalto ao aquartelamento. Moderador: Mamadú Djau (Director do INEP) > Comunicação de Nuno Rubim, português, Cor Art Ref > 17h30 – 18h00 > "A batalha de Guiledje: uma tentativa de reconstituição histórica em dioramas" >

Fotos e legendas: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados




Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Dia 5 de Março ded 2008 > Painel 3 > O pós-Guiledje: efeitos, consequências e implicações político-militares do assalto ao aquartelamento. 

Moderador: Mamadú Djau (Director do INEP) > Comunicação de Nuno Rubim, português, Cor Art Ref > 17h30 – 18h00 > "A batalha de Guiledje: uma tentativa de reconstituição histórica em dioramas" > Neste excerto da sua comunicação, Nuno Rubim aborda sobretudo a ameaça que representou, para as NT, o aparecimento dos mísseis terra-ar Strela, sob os céus de Guileje... O resto da comunicação será apresentado sob a forma de slides que ele teve a gentileza de nos disponiblizar, para divulgação no blogue. O pequeno vídeo foi feito em más condições de som e luz.

Recorde-se que
Nuno Rubim comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) e a CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966) (*).

Vídeo (4' 58''): ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes

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(*)
Nuno Rubim - CV abreviado 

1- Chefe da Secção de Estudos do Museu Militar de Lisboa, 1981-1984.

2- Organizou a Exposição “Armas em Portugal – Origem e Evolução”, no Museu Militar de Lisboa, tendo elaborado o respectivo catálogo.

3- Fez parte do grupo restrito que planeou e instalou a “Exposição Nacional Comemorativa do 6º Centenário da Artilharia Portuguesa”, que esteve patente ao público no Museu Militar do Porto, de Julho a Setembro de 1982, elaborando parte do respectivo catálogo.

4- Adjunto do Centro de Estudos da Direcção do Serviço Histórico - Militar, 1984 -1986.

5- Organizador do 1º Curso de Museologia Militar, no ambito da DSHM, 1985.

6- Planeou e dirigiu a execução da exposição “Artilharia Histórica Portuguesa Fabricada em Portugal”, patente ao público no Museu Militar de Lisboa, desde Junho de 1985, sendo autor da respectiva memória histórica .

7- A convite do Exmo. Presidente da respectiva Comissão, realizou trabalho de investigação e posterior instalação da artilharia embarcada a bordo da Fragata “D. Fernando II e Glória”, tarefa iniciada em 1991 e que se prolongou até 1998.

8- De Dezembro de 1991 a Junho de 1993, a convite do então IPPAR, desenvolveu um estudo técnico-militar sobre a Torre de Belém, abrangendo o período que decorreu desde a sua construção até à data da sua desactivação como fortaleza de defesa costeira, entregando nessa última data um pormenorizado relatório.

9- Proferiu, no ano lectivo de 1991-1992 e a convite da Comissão Científica de História da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, uma série de 16 conferências, no âmbito do Mestrado sobre “Os Descobrimentos e a Expansão Portuguesa”, que abordaram disciplinas como a Náutica, a Construção Naval, a Artilharia, a Fortificação, a Organização e Táctica militares.

10- Em conjunto com uma equipa, englobando Oficiais de Artilharia e Docentes Universitários, planeou, coordenou e participou nos trabalhos que levaram à criação do Museu da Escola Prática de Artilharia, aberto ao público em Vendas Novas no dia 4 de Dezembro de 1992. Tem continuado aí a sua colaboração, dirigindo a implementação das seguintes Exposições: (i) Operações; (ii) A Defesa Costeira antiga (Portugal, sécs. XV-XVI)

11- Conferencista convidado, no âmbito do 1º Curso de História Militar, Fórum da Maia, Fevereiro de 1993.

12- Comissário Técnico, convidado pela “Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses”, para os aspectos militares da Exposição “A Paz e a Guerra na Época do Tratado de Tordesilhas”, realizado em Burgos, Espanha, em Setembro de 1994, tendo elaborado a notícia histórica, o desenho à escala de un Galeão que possibilitou a feitura de um modelo, em corte, à escala 1:10, e executando ainda os modelos, também à escala, do tipo de peças que guarneciam esse navio, São Diniz, Almirante no Índico na 2ª década do Séc. XVI. Realizou ainda todos os estudos técnicos, englobando desenhos, que possibilitaram a feitura de um filme de animação, em vídeo, sobre o tiro de artilharia na transição dos Sécs. XV / XVI.

13- Professor convidado, Regente da Cadeira de História Militar, Academia Militar, no ano lectivo de 1998 – 1999.

14- Colaborador científico convidado, para os aspectos relacionados com as armas de fogo no período medieval, Exposição “Pera Guerrejar”, no âmbito do Simpósio Internacional sobre Castelos, que decorreu em Palmela de 3 a 8 de Abril de 2000.

15- Responsável pela reconstituição histórico-militar do Forte de Oitavos, à data de 1796, (CM-Cascais), cujos trabalhos decorreram entre 1999 e 2001.

16- Tem proferindo comunicações, conferencias e palestras, sobre temas relacionados com a história militar (incluindo a naval ) nas Universidades de Lisboa e Coimbra (no âmbito de Mestrados ), Escolas Secundárias e outros organismos nacionais.


Tem publicados os seguintes trabalhos:-

- “As origens da Artilharia Piro-Balística”, Revista de Artilharia, Nov-Dez 1977
- “Falcões Pedreiros”, Bulletin, Early Sites Research Society, Vol. 10, Nº 2, Dec 1983, Mass., USA.
- “Sobre a possibilidade técnica do emprego de Artilharia na Batalha de Aljubarrota”, Revista de Artilharia, Jan-Fev 1986
- “A Artilharia Portuguesa nas Tapeçarias de Pastrana –A Tomada de Arzila em 1471”, Separata da Revista de Artilharia, 1987.
- “Algumas Questões sobre as Munições de Artilharia de Alma Lisa”, in “Bombardeiro, Boletim Nº 15 do RAC, Nov 1989
- “D. João II e o Artilhamento das Caravelas de Guarda-Costas-o Tiro de Ricochete Naval”, Separata da Revista de Artilharia, 1990
- “A Investigação Histórico-Militar Contemporânea em Portugal –Algumas achegas”, Revista de Artilharia, Nov- Dez 1990
- “A Artilharia em Portugal na segunda metade do século XV in “A Arquitectura Militar na Expansão Portuguesa”, CNCDP, Porto, 1994
- “Estudos sobre Artilharia Antiga –I / A Torre de Belém, Revista de Artilharia, nos 835-836, Mar-Abr 1995
- “Estudos sobre Artilharia Antiga –II / Uma Experiência Artilheira ‘Sui Generis’”, Revista de Artilharia, nos 878 a 880, Out a Dez 1998
- “A Artilharia antes da Utilização da Pólvora”, em colaboração com o Engenheiro Tércio Machado Sampaio, Separata da Revista de Artilharia, Jul 2000
- “Novo conjunto de Tapeçarias de D. Afonso V na Igreja de Pastrana em Espanha “, edição do autor, Lisboa 2005
- “Notas sobre os Armamentos Marroquino e Português nos Séculos XV e XVI”, Boletim do Arquivo Histórico Militar nº 66, 2004 – 2005 Em vias de publicação dois artigos:Um, em colaboração com o Dr. Carlos Guímaro, sobre peças de artilharia portuguesa do início do Séc. XVII que foram encontradas no Butão, a publicar na Revista de Artilharia.

Outro sobre a primeira bateria automóvel operacional existente no mundo, 1903-1905, um projecto luso-francês, a publicar no Boletim do Arquivo Histórico-Militar.

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Título da comunicação no Simpósio Internacional de Guiledje:

Guiledje 1963-1973, uma tentativa de reconstituição histórico-militar

Sinopse da comunicação > O autor tenta estabelecer resumidamente o percurso das unidades do Exército Português que estiveram sedeadas no Sector de Companhia de Guiledje desde 1963 até 1973.

O sector envolveu duas localidades, Guiledje e Medjo, mas também interessa focar outros dois aquartelamentos, Gadembel/Balana e Gadamael que, devido à sua proximidade, tiveram influência no desenrolar das operações militares nessa zona.