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terça-feira, 6 de maio de 2014

Guné 63/74 - P13107: (Ex)citações (231): O PAIGC também uma vez, em junho de 1968, "arrasou o campo fortificado de Mansambo" e "matou dezenas de soldados colonialistas", segundo a Maria Turra... Nós éramos apenas... 50 a defender-nos!.. Houve 2 feridos que não figuraram sequer no relatório: o 1º cabo cozinheiro, que se queimou na G3, e eu que me queimei no mort 60... (Torcato Mendonça, ex-alf mil, CART 2339, 1968/69)


Fotos Falantes III, nº 11 [O Torcato Mendonça é o segundo a contar da direita]



Fotos Falantes III, nº 3 [O memorial da CART 2339 no seu início]


Fotos Falantes III, nº 8 [O memorial da CART 2339 depois de completada a sua construção, incluindo o livro com os mortos da companhia]


Fotos Falantes III, nº 13 [ A célebre árvore que servia de mira para os artilheiros do PAIGC, 
e que um, dia teve de ser sacrificada.,..]


Fotos Falantes III, nº 5 [O espaldão do obus 10.5]




Fotos Falantes III, nº 6 [O Torcato Mendonça junto ao obus 10.5]



Fotos Falantes III, nº 12


Fotos Falantes III, nº 14


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339, Os Viriatos (1968/69) > Fotos Falantes III > O "campo fortificado" de Mansambo, segundo a Maria Turra...


Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados.[Edição: LG]


1. Excerto de um comentário do Torcato Mendonça, um dos "históricos" do nosso blogue, ao poste P13103 (*)

(...) Eu concordo com estes arquivos e todo o tratamento que lhes é dado, conducente, claro está, a uma análise futura correcta e o mais próxima da verdade. Isto aqui publicado é falso, creio eu. Logo devia ser escrito "Propaganda IN".

Os tipos disseram, na Rádio que creio estava em Conackry, terem arrasado o "campo fortificado" de Mansambo, morto dezenas de soldados colonialistas (estavam lá cerca de 50), destruido máquinas e viaturas (2 Unimogs 404 e 411) e etc. Não fizeram nada disso: dois feriditos - o cabo cozinheiro que se queimou na G3, e eu que me queimei no morteiro  60 (não ficámos a constar do relatório). (**)

Estes trapaceiros mentiam em 1963, 1973, 1983 e continuam a mentir. Não só, não só. Uma das mentiras é: "Nada temos contra o povo português, temos é contra os colonialistas"...Mentira. (...)

A propaganda deve ser tratada como tal. Falsa, mentirosa e perigosa porque sempre algo, dessa falsidade,  fica (, já dizia o Mao Tsé Tung).

O ódio do PAIGC ao "campo fortificado" de Mansambo deve-se a esse arraial de porrada que eles lá levaram e a um "internacionalista" cubano [, em junho de 1968,]  ter levado com um dilagrama no traseiro (deixou lá metade do cinto, o coldre e a Ceska)...

Obrigado, Luís,  por te teres preocupado pela minha saúde. Vai bem mas não se recomenda...são quase 70 e muitas costuras....Eu não tenho estado cá há muito tempo ?...Nem tanto assim. mas o suficiente para ter "isto entupido" e vou lentamente lendo... Oxalá (Insha'Allah) que a tua recuperação esteja óptima, mas tem cuidado, estou sempre presente no Blogue e com estes bons camaradas. (***)

Abraço-te, T.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13103: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (11): Comunicado de Osvaldo Vieira, sobre a atividade operacional do PAIGC, nos dias 30 de junho e 1, 2, 3, 5, 6 e 10 de julho de 1963, na região do Oio, incluindo Bissorã, Dandu, Olosssato e Fajonquito, em que se contabilizariam... 116 mortos entre os soldados portugueses, quase 3 vezes e meia mais do que o total dos nossos mortos em combate nesse ano (n=34)...

(**) Vd. poste de 8 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9582: Nós da memória (Torcato Mendonça) (13): Mansambo - Fotos falantes IV

(...) Meses depois a nossa Companhia, no meio daquele nada, deu inicio à construção de aquartelamento. Um grupo, depois outro e um dia, meses depois, estávamos lá todos.

O IN (inimigo de então), atacou, barafustou, conseguiu fazer alguns estragos e nada conseguiu. Claro que a rádio em Conakry noticiou mortos e feridos, destruições tamanhas que, a serem verdade, davam para aniquilar um Batalhão. Propaganda. Era engraçado ouvir e vê-los a espreitar na orla da mata.

Eles sofreram mortos e feridos e, depois da chegada dos obuses 10.5 nunca mais atacaram de muito perto.

Confirmado por eles através de elementos capturados. Um, parece ter sido um cubano a quem foi apanhado meio cinturão e coldre e pistola Ceska (Jun/68). Outro cubano comandou a emboscada à fonte (Set/68). Sofremos dois mortos e alguns feridos. Baixas a mais, foi mau, demasiado mau.

Um dia, seis anos depois, a última Companhia saiu de lá. O ódio do IN veio ao de cima e a destruição foi total. Restam hoje, segundo fotos de camaradas que por lá passaram, pequenas recordações.

Certo é que se acredite ou não, os espíritos vagueiam por lá. Para eles o meu abraço de respeito a quem, de um lado ou de outro da contenda,  deu o máximo dele – a vida. (...)


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Guiné 61/74 - P7411: PAIGC - Quem foi quem (11): Amélia Araújo, conhecida coloquialmente, entre a tropa portuguesa, como a Maria Turra, locutora da Rádio Libertação (Nelson Herbert)

1. Comentário de Nelson Herbert ao poste P7393 (*)

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(...) "Estiveram presentes nessa cerimónia os militares da CCS do Batalhão 4612/74 comandada pelo Major Ramos de Campos, o Cmdt do mesmo batalhão, Cor  António C. Varino, um bi-grupo de combate do PAIGC,  um grupo de pioneiros do mesmo partido, Amélia Araújo (Maria Turra), Ana Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) (...), vários comandantes dos sectores norte, centro e sul do PAIGC  e suas mulheres, o comissário político do PAIGC,  Manuel Ndinga,  e em representação do CEME do CTIG o Ten Cor Fonseca Cabrinha.  (....)" [Eduardo Magalhães Ribeiro] (**)
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Maria Turra... era a Amélia Araújo, angolana de origem, casada com o militante e dirigente politico do PAIGC, José Araújo, que até ao 14 de Novembro de 1980 foi um dos altos responsáveis do PAIGC na Guiné.

Com a ruptura do projecto Unidade..., a família Araújo parte para Cabo Verde, onde José Araújo assume as pastas de ministro da educação e mais tarde da justiça... José Araújo faleceu há uns anos em Cabo Verde...

A Amélia Araújo continua ainda hoje a residir em Cabo Verde (...).

Para um trabalho de pesquisa,versando a Rádio Libertação, tenho inclusive agendado,  para breve,uma entrevista a propósito com a Amélia Araújo... (**)

Nelson Herbert
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Notas de L.G.:

(*)  Vds. poste de 6 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7393: Efemérides (55): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (2) (Magalhães Ribeiro)

(**) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7388: Efemérides (54): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (1) (Magalhães Ribeiro)

(***)  Ainda sobre a Maria Turra, Maria Turra, a locutura da Rádio Libertação, do PAIGC... Seguramente a locutora mais popular... entre os militares portugueses... vd. postes de

7 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2510: Estórias do Juvenal Amado (2): O boato: nós, o Sardeira e a Maria Turra (J. Amado, CCS/BCAÇ 3873, Galomaro, 1972/74)

 11 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2430: História de vida (9): Um dia negro, na estrada Galomaro - Saltinho (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872)

1 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2235: Maria Turra, a locutora do PAIGC, que faz(ia) parte do vosso imaginário, era(é) a Amélia Araújo (Diana Andringa)

(...) 1. Mensagem da Diana Andringa, respondendo a dúvida nossa sobre a identidade da famosa Maria Turra que faz(ia) parte do imaginário dos soldados portugueses que estiveram no TO da Guiné... Para uns era a mulher e depois viúva do Amílcar Cabral; para mim, seria uma angolana que aparece no filme As Duas Faces da Guerra... Afinal, era (é) tão somente a Amélia Araújo, diz a Diana... (LG)

Ui, que confusão!

Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses.

A mulher do dr. Manuel Boal - outro natural de Angola - era Maria da Luz (Lilica) Boal, nascida em Tarrafal de Santiago. Essa sim, dirigiu a Escola Piloto em Conacri, trabalhou nos manuais escolares, etc. Filmámo-la em casa, em Cabo Verde, tal como o marido.

Tanto os Araújo como os Boal estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países. O dr. Boal começou por se juntar em Leopoldville ao MPLA para, mais tarde, quando este foi forçado a saír da cidade, ir ter com a mulher a Dakar e colaborar com o PAIGC.

Quanto ao dr. Mário Pádua - que desertou do Exército colonial em Angola e veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, onde tratou o soldado Fragata - não sei se era casado na altura. (...) Saudações, Diana (...)


27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2223: A nossa Tabanca Grande e as Duas Faces da Guerra (12): A minha luta diária com a Maria Turra, no HM241 (Carlos Américo Cardoso)

(****) Último poste da série PAIGC - Quem foi Quem3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6102: PAIGC - Quem foi quem (10): Abdú Indjai, pai da Cadi, guerrilheiro desde 1963, perdeu uma perna lá para os lados de Quebo, Saltinho e Contabane (Pepito / Luís Graça)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2510: Estórias do Juvenal Amado (2): O boato: nós, o Sardeira e a Maria Turra (J. Amado, CCS/BCAÇ 3873, Galomaro, 1972/74)

Juvenal Amado
Ex-1.º Cabo Condutor,
CCS/BCAÇ 3872
(Galomaro, 1972/74)


1. O boato, uma estória de Juvenal Amado (*)

O bom do Sardeira (1) tinha por missão ir às Duas Fontes (2), local a 6 km do quartel, com o Unimog, mais conhecido por burro do mato, encher o autotanque de água.

E assim durante muito tempo, logo de manhã, com uma Secção de homens armados, lá ia picada fora aproveitando para dar boleia às bajudas (3) que, nisto de andar de carro, estavam sempre prontas.
Iam... e depois vinham.

O meu amigo Sardeira usava uns óculos que mais pareciam o fundo de duas garrafas, tal era a grossura das lentes. Mais tarde, no nosso primeiro almoço de confraternização, passados vinte anos, em Seia, reparei que ele não trazia os famosos óculos. Quando lhe perguntei por eles, com ar maroto respondeu-me que os tinha deitado fora, mal tinha saído do Niassa em Lisboa. Verdade ou não, deixa de ser sempre tema de conversa e brincadeira, entre nós quando nos juntamos.

Guiné > Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > Quartel


Mas voltando atrás no tempo, o camarada ia encher o autotanque, duas vezes de manhã e duas vezes de tarde. Assim foram passando os meses e como foram passando, ele foi abrandando o cuidado e, de vez em quando, pegava na viatura e lá ia ele direito às Duas Fontes, sem escolta.

Escusado será dizer que, em situação de guerra de guerrilha, esta atitude era uma tonteira e era assunto de conversa entre nós. Até que ele passou a ir mais vezes sem escolta do que com ela.

Nós, meio a sério meio a brincar, dizíamos:
- Qualquer dia ainda te lixas - e ele respondia a gozar que éramos medricas e que não havia perigo nenhum.

O tempo foi passando. Um dia lá vinha ele a chegar do seu passeio, o Caramba gritou-lhe que ele estava a forçar a sorte. Ele riu-se e disse que não havia azar, ao que o Caramba retorquiu:
- Ah, pois, vai ter com o Narciso das transmissões que ele diz-te o que a Maria Turra (**) disse sobre apanhar o condutor da água de Galomaro à mão!

O Sardeira mudou de cor e num riso um bocado amarelo, ainda disse:
- Estás a gozar!

O Caramba disse muito sério, na sua forma falar de alentejano dos quatro costados:
- Não se está vendo? Andas brincando com a sorte.

Nós entretanto fartámo-nos de rir, mas a mentira passou a ser uma verdade e nenhum de nós se desmanchou.

A estória correu o quartel e à boa maneira de quem conta um conto, acrescenta um ponto, a peta alastrou.

O que foi certo é que o camarada passou a querer mais segurança e nunca mais lá foi buscar o precioso líquido, sozinho.

Juvenal Amado
Ex-1.º Cabo Condutor
CCS/BCAÇ 3872

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Notas do autor:

(1) O primeiro encontro entre nós, passado vinte anos, deve-se em grande parte ao trabalho desenvolvido pelo Sardeira que, a par com o Alfredo Chapinhas, fizeram um trabalho notável para que o almoço se realizasse. Ele veio de propósito encontrar-se comigo em Alcobaça, para que eu fornecesse os números de telefone dos camaradas que ainda estavam em contacto comigo.

(2) Duas Fontes: local onde abastecíamos de água perto de Bangacia. Era um local que inspirava confiança, mas não podemos esquecer que essa mesma confiança custou a vida a seis camaradas do Batalhão antigo, que ali foram emboscados.

Bangacia foi também destruída por um ataque durante a nossa comissão. Nós reconstruímos a povoação com ordenamento tipo Baixa Pombalina, com escola, posto médico e o PAIGC nunca mais atacou. Deve ter considerado que era uma coisa boa a manter para quando a paz chegasse. E tinham toda a razão.

(3) Bajudas: nome dado as moças solteiras da Guiné.

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Notas de CV:

(*) Vd. post de Juvenal Amado de 11 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2430: História de vida (9): Um dia negro, na estrada Galomaro - Saltinho (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872)

(**) Maria Turra: A famosa locutura da Rádio Libertação, do PAIGC... Vd. poste de 1 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2235: Maria Turra, a locutora do PAIGC, que faz(ia) parte do vosso imaginário, era(é) a Amélia Araújo (Diana Andringa)

(...) "A Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme [As Duas Faces da Guerra]ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses" (...).

(...) Os Araújo (...) estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países (...).

A Maria Turra era seguramente a locutora mais popular... entre os militares portugueses... Vd. poste de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2223: A nossa Tabanca Grande e as Duas Faces da Guerra (12): A minha luta diária com a Maria Turra, no HM241 (Carlos Américo Cardoso)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2235: Maria Turra, a locutora do PAIGC, que faz(ia) parte do vosso imaginário, era(é) a Amélia Araújo (Diana Andringa)



Guiné > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Um dia de sonhos e de esperanças para os guineenses... E de alguma nostalgia para os últimos soldados do império colonial português...Um privilégio que poucos tiveram e que provavelmente poucos quereriam ter... É de imaginar o tipo de sentimentos, contraditórios, que terá assaltado, naquele momento, o nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro a quem coube a difícl (para ele) tarefa de arriar, definitivamente, a bandeira verde-rubra...
Recorde que ele esteve em Mansôa, em 1974, na CCS do BCAÇ 4612/74 (o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu), participando, ali, na entrega do aquartelamento ao PAIGC e na simbólica entrega do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arriar de bandeira nacional, com cerimónia oficial, na Guiné, e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau.
Estiveram presentes nessa cerimónia: do lado português, a CCS do BCAÇ 4612/74, comandada pelo Major Ramos de Campos; o comandante do mesmo batalhão, Coronel António C. Varino; e, pelo CEME do CTIG, o Ten Cor Fonseca Cabrinha; do lado do PAIGC, um grupo de combate, um grupo de pioneiros, Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e o comissário político Manuel Ndinga...
O nosso Eduardo, o pira de Mansoa - como ele próprio se intitula - ficou famoso pela sua foto a arriar a bandeira verde-rubra , em Mansoa, na presença da Maria Turra (sic), como era conhecida entre os tugas - com o sentido de humor, que é típico da caserna, mas com respeito e até carinho - a viúva do Amílcar Cabral... Afinal., houve para aqui de papéis e de personagens (1)...
Foto: © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Direitos reservados

1. Mensagem da Diana Andringa, respondendo a dúvida nossa sobre a identidade da famosa Maria Turra que faz(ia) parte do imaginário dos soldados portugueses que estiveram no TO da Guiné... Para uns era a mulher e depois viúva do Amílcar Cabral; para mim, seria uma angolana que aparece no filme As Duas Faces da Guerra... Afinal, era (é) tão somente a Amélia Araújo, diz a Diana... (LG)


Ui, que confusão!

A Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses.

A mulher do dr. Manuel Boal - outro natural de Angola - era Maria da Luz (Lilica) Boal, nascida em Tarrafal de Santiago. Essa sim, dirigiu a Escola Piloto em Conacri, trabalhou nos manuais escolares, etc. (2) Filmámo-la em casa, em Cabo Verde, tal como o marido.

Tanto os Araújo como os Boal estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países. O dr. Boal começou por se juntar em Leopoldville ao MPLA para, mais tarde, quando este foi forçado a saír da cidade, ir ter com a mulher a Dakar e colaborar com o PAIGC.

Quanto ao dr. Mário Pádua - que desertou do Exército colonial em Angola e veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, onde tratou o soldado Fragata - não sei se era casado na altura.

Entretanto, muito obrigada pela sua mensagem, Cardoso! Essas reacções - como as que houve na Guiné - compensam o trabalho e as dificuldades com que nos debatemos (3).
Saudações,

Diana

2. Comentário de L.G.: Obrigado, Diana... Como vês, estamos mesmo a precisar de ver o teu/nosso filme outra vez... Foi muita areia para a nossa... camioneta... Gostava muito de ter os contactos desses amigos que citas, para os convidar a escrever no nosso blogue e partilhar, connosco, as suas memórias... Infelizmente, há um défice enorme de depoimentos do "outro lado da barricada", dos guineenses, cabo-verdianos e portugueses que empunhavam a "bandêra de strela negro"... Muito gostaria que eles soubessem que este blogue também é deles... LG
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Notas de L.G.: