A Nossa Quinta de Candoz
Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 23 de julho de 2023
Guiné 61/74 - P24498: Memória dos lugares (450): Quinta de Candoz
A Nossa Quinta de Candoz
domingo, 16 de julho de 2023
Guiné 61/74 - P24480: (In)citações (256): Sigamos a andorinha de Candoz (Luís Graça)
Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz > 14 de julho de 2023 > A alegria de voltar a ver, reconstruído, o ninho das andorinhas de Candoz... Ninho insólito, construído não num beiral mas à volta da lâmpada do hall exterior ou alpendre de uma das nossas casas, há muito desabitadas... Há 3 meses, na altura da Páscoa, estava já a ser reconstruído...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz > 8 de abril de 2013, fim de semana da Páscoa > O ninho das andorinhas em reconstrução... A amarelo sinaliza-se a secção que estava já a ser reconstruida, a partir da lâmpada... Nesse dia, regressei à Lourinhã... E só voltei agora, três meses depois...
(...) "O planar calmo da andorinha-dáurica, que contrasta com o voo mais agitado das outras andorinhas, transmite uma sensação de tranquilidade. O seu ninho, com um longo túnel de acesso, é muito diferente do das outras andorinhas." (...) "Esta andorinha identifica-se principalmente pelo tom dourado das partes inferiores e do uropígio, que contrastam com o resto da plumagem preta. A cauda é fortemente bifurcada. Distingue-se da andorinha-das-chaminés pelo uropígio dourado e pela ausência de mancha vermelha escura na garganta." (...)
(...) "O interior alentejano é, sem dúvida, a melhor região para observar esta andorinha.n(...) Entre Douro e Minho – pouco frequente nesta região, ocorre em pequenos números na serra da Peneda." (...)
Sobre o ninho das andorinhas, sabe-se que: (i) a sua construção é levada a cabo tanto pela fêmea como pelo macho; (ii) pode demorar até 10 dias a ser construído ou reconstruído ; (iii) tem a forma de uma taça fechada com uma abertura estreita no topo; (iv) é feito com pedaços de lama colados com saliva; e (iv) forrado com palha, ervas, penas ou outros materiais macios...
Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz > 23 de Agosto de 2012 > Fotograma de vídeo > Ninho de andorinha, insólito, construído à volta da lâmpada do hall exterior ou alpendre de uma das nossas casas...
Aos 43 segundos vê-se uma andorinha entrar no ninho levando insetos para alimentar as crias, e 10 segundos depois sair para mais uma "caçada" ao redor da Quinta de Candoz, que é rica em insectos... O ninho tinha sido recentemente reconstruído. As andorinhas caçam em círculo, num raio de 500 metros do ninho.
Vídeo (1' 07''): © Luís Graça (2012). Alojado em Luís Graça : You Tube
Sigamos a andorinha de Candoz!...
Quase todos os anos o enorme ninho tem de ser refeito: no alpendre (construído estranhamente à volta do fio, solto, da lâmpada exterior, que terá cerca de 30 cm de comprido) de uma das nossas casas (a do caseiro, sem uso há muito), elas fizeram o seu palácio e maternidade...
Sigamos o exemplo delas! (**)
O vídeo comprovava a existência de uma família de andorinhas que, desde há menos de uma década, vinha (pesumíamos nós) do norte de África "passar as suas férias de verão" e nidificar em Candoz, nas encostas do Douro...
Sempre tivemos, a família de Candoz, um especial carinho por este ninho e seus habitantes... Nunca, que eu me lembre, desde 1975, nenhuma andorinha tinha nidificado na nossa terra...
Estas, tal como eu, chegaram, gostaram e voltam sempre... Em 9 de junho de 2012, para surpresa e desgosto meus, dei conta que a "abóboda" do engenhoso ninho tinha caído, possivelmente sob o efeito de alguma intempérie. Voltei, dois meses depois a sorrir, quando a 23 de agosto desse ano, dei conta de que o ninho tinha sido reconstruído e tinha novos inquilinos, seguramente descentes dos primitivos construtores de há meia dúzia de anos atrás...
Este ninho, que eu chamei insólito, foi pretexto na altura para um dos nossos inocentes e descontraídos passatempos de verão, no nosso blogue, ajudando-nos a cultivar a horta do nosso bom humor e sabedoria... e ao qual se juntaram, com os seus valiosíssimos e oportunos comentários, os nossos camaradas e amigos Henrique Cerqueira, José Belo, Torcato Mendonça (já faleciodo), José Manuel Cancela, Joaquim Sabido, Carlos Cordeiro (já falecido), César Dias e Filomena... (Espero não estar a esquecer ninguém!).
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24475: (In)citações (254): Por favor, não sigam o alce-cherne, que é animal híbrido que não existe no bestiário da minha Lapónia (José Belo)
(**) Último poste da sérioe > 16 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24479: (In)citações (255): Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo) Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo)
(***) Vd. poste de 26 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10300: Os nossos passatempos de verão (9): A andorinha da Tabanca de Candoz, que é leal, gregária, solidária, corajosa, persistente, vai à luta, não desiste... (Luís Graça)
domingo, 23 de abril de 2023
Guiné 61/74 - P24242: (In)citações (239): O nosso blogue faz hoje 19 anos, sabiam?!... Não é uma eternidade, é uma enormidade... de tempo, equivalente a 10 comissões no CTIG...
Foto nº 2 > Tabanca de Candoz > 20 de abril de 2023 > O melro-preto (Turdus merula) alimentando os três rebentos... Não é a mãe, é pai (plumagem preta e bivo amarelo)... Fotograma de vídeo feito por Américo Vieira, "Meco" (para a família e amigos) (Vd. o vídeo aqui, na página do Facebook Fotos de Américo Vieira). Comentei eu:
"Parabéns, Meco, no dia 8 deste mês ainda o melro estava chocar os ovos... E não era mãe, era o pai...Três, de casca verde-azulada que eu fotografei. Mãe imprevidente (é ela que faz o ninho, o pai pode transportar os materiais...), foi construir o ninho num arbusto de alecrim, junto a uma carreiro, na nossa Quinta de Candoz... a menos de um metro, metro e meio, do solo, num sítio por ondem passam predadores, incluindo o "bicho homem"... Agora é preciso evitar que cães e gatos deem com o ninho até os melrinhos aprenderem a voar... E boa sorte para eles... E, tu, continua ser o "olheiro" da bicharada de Candoz e arredores... O mesmo é dizer: o seu "guardião"... Se me permites, venho cá, de vez em quando, "roubar-te" umas fotos... És um fotógrafo com grande sensibilidade ambiental e qualidade estética... Luís Graça."Foto (e legenda): © Américo Vieira (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Hoje o nosso blogue faz 19 anos. O poste n.º 1 foi publicado justamente em 23 de abril de 2004...(E este é já o P24242.) Para uma pessoa física, não é nada, ou melhor, são apenas 19 aninhos, cheios de vida, de sangue na guelra, de vontade de lutar e viver...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. (...)
15-10-1929
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 284.
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de abril de 2023 Guiné 61/74 - P24231: (In)citações (238): Da contestação da Guerra, à mobilização e regresso da Guiné, o operário de Sines e a evolução das costelas (Victor Costa, ex-Fur Mil At Inf)
segunda-feira, 10 de abril de 2023
Guiné 61/74 - P24214: Manuscrito(s) (Luís Graça) (222): Circadiana, a vida
Circadiana, a vida!...
Depois do solstício do inverno, virá o solstício do verão
e aos dias suceder-se-ão as semanas, os meses, os anos.
Circadiana, a vida!...
Pior que o suplício do inferno
é o pavor do eterno retorno.
É a eternidade, dizem-te,
que nos move ou demove ou comove,
os seus sucedâneos terrenos, efémeros,
o elixir da juventude, a beleza,
o amor até que a morte nos separe,
o poder, orgástico, de mandar matar e morrer
talvez a paternidade e o egoísmo genético.
Circadiana, a vida!...
Afinal todos os anos é Natal
e todos os anos por aqui passa(va) o compasso pascal.
Aleluia, aleluia, Cristo ressuscitou,
a vida triunfa sobre a morte.
Circadiana, a vida!...
Todos os anos, com sorte…
Exceto quando deixaste a tua terra e foste para a guerra:
perdeste a noção do dia e da noite,
dos dias, das semanas, dos meses, e das estações,
que eram duas, a do tempo seco e a das chuvas.
Circadiana, a vida!...
Disseram-te que o velho general
esteve à beira da tua cama no hospital:
- É uma subida honra, para qualquer mortal,
a sua visita, meu general ! –
terás tu dito mas, por favor, e por pudor, não ponhas isso
no teu “curriculum vitae”.
Esquece a Guiné, camarada, meu herói,
e os pauzinhos que gravaste na parede da caserna,
na contagem decrescente para o fim da tua (co)missão.
Circadiana, a vida!...
Quando eras jovem, tinhas um calendário perpétuo,
na secreta esperança de que os dias não tivessem 24 horas,
não tivessem noite, não tivessem fim.
e pegavas na tua pedra de granito,
montanha acima, montanha abaixo!
Circadiana, a vida!...
E, se Deus quiser, a primavera há de chegar,
e os melros que vão pôr os seus ovos
E trazem histórias de coragem,
as tuas andorinhas de torna-viagem,
vêm do norte de África, quiçá da Guiné,
e não precisam de passaporte,
nem de GPS, nem de código postal, nem de carimbo das alfândegas.
fogem da guerra, e das alterações climáticas,
ou a benção dos imãs
Circadiana, a vida!...
E todos os anos fazes anos
e haverá sempre um bolo de aniversário
e uma vela para soprares.
meu pobre feliz aniversariante ?
Sopras a vida, sopras a vela da vida, de fio a pavio!
Circadiana, a vida!...
Até as almas têm estados, dizem-te, circadianos,
estados de alma, bipolares,
ora de euforia ora de depressão,
socalco acima, socalco abaixo...
Afinal, tão certo como dois e dois serem quatro,
à noite sucede o dia,
Circadiana, a vida, meu amor!...
A vida é pura repetição,
é o teu coração que bate forte, até à exaustão,
até a gente queimar a vela, de fio a pavio.
... a vida, sempre, armadilhada,
presa por um fio de tropeçar.
Última versão, Candoz, 9 de abril de 2023
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Último poste da série > 6 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24202: Manuscrito(s) (Luís Graça) (221): Boas e santas Páscoas, nós por cá... todos bem!