Mostrar mensagens com a etiqueta Rio Mansoa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Rio Mansoa. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5176: FAP (35): O trágico acidente aéreo de 25 de Julho de 1970, no Rio Mansoa (Carlos Coelho / Jorge Félix / Jorge Narciso)




Fotos do Jorge Coelho (ex-Alf Mil Pil) e do Carlos Coelho, Fritz (Fur Mil Pil), de 2008 (a primeira,de cima para baixo) e de 1969 (a segunda).

Fotos: © Jorge Félix (2009). Direitos reservados


1. Comentário do Carlos Coelho, com data de 26 do corrente (*)

Por hoje só quero esclarecer um pequeno detalhe, o terceiro helicóptero era pilotado pelo Furriel Mil Pil Av Coelho - Carlos Coelho - mais conhecido por Fritz. Dentro em breve voltarei à vossa presença para tentar dar algumas respostas às perguntas que pairam sobre o que se passou naquela tarde. Carlos Coelho - Fritz.

2. Mensagem de L.G. enviada ao Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil Av Heli Al III:

Jorge: Como vai essa bizarria ? Essa saúde ? Este estado de alma ? O Fritz é do teu tempo... Infelizmente náo mandou o endereço de e-mail...Dou conhecimento também ao Jorge Caiano, que está no Canadá, e que também foi protagonista dos acontecimentos [ o acidente de heli, no Rio Mansoa, de 25/10/70]... Abraço. Luís


3. Mensagens do Jorge Félix:

(i) Caro Luís: Junto um email que contem as fotos do encontro, o último, e de uma vivência que tive com o Coelho. Segue também o endereço do Fritz. Jorge Félix.


(ii) Caríssimo: Não vale a pena chorar sobre a minha saúde.... é o que se pode arrumar.

O Fritz , grande amigo, foi largado por mim na Guiné. Muita água da Bolanha, congelada, foi bebida a empurrar o whisky, aturando cada qual, a lenga lenga do outro. Ele, Furriel Coelho, Comandante da TAP, era, naquele acidente, que é o que neste momento interressa, o terceiro daquela formação. Terceiro mas talvez o mais avisado daqueles aviadores. Sei o que aconteceu, contado pela pessoa do Coelho, mas, visto que ele prometeu voltar, esperemos pela sua narrativa.

O Manso, foi o Camarada que me rendeu. O Jorge Caiano julgo ser o que foi substituir o Pinto. Não convivi com eles tempo que me dê qualquer lembrança.

Tenho fotos do Coelho e do Cubas... Depois das notas do Coelho, se for caso que valha a pena, junto as fotos.

Desculpa a trapalhada das palavras, a química cerebral tem destas coisas. Um abraço para toda a família guineense.

Jorge Félix

4. Mensagem do Jorge Narciso, enviada ao Carlos Coelho, através de comentário ao Poste P3292 (*):

Olá, Coelho (Fritz)

Eu sou o Jorge Narciso, era mecânico nos helis e coabitámos neles na Guiné. Não sei se te lembras de mim, mas folgo reencontrar-te.Também eu emiti um comentário (ao poste da Sofia Bull) acerca do acidente que ficará a léguas do que poderás dizer enquanto interveniente directo no que aconteceu. Fico à espera. Recebe um abraço. Jorge Narciso.

5. Comentário do Jorge Narciso ao
Poste P5162 :

Olá, Luís e Sofia:

Apresentando-me: Jorge Narciso, ex-Cabo Especialista MMA (Mecânico de Avião), colocado na linha da frente dos helis (Alouette III), na BA12 - Guiné, entre Abr 69 e Dez 70.

Tinha um comentário sobre este assunto completamente pronto para editar, quando a linha caiu e com ela o alinhamento de ideias que acabava de digitar.

Fiquei desapontado quando tentava ajudar a perceber à Sofia (filha do meu companheiro Bull, que há uns anos não vejo e muito gostaria reencontrar) as causas que impediram que viesse a conhecer o seu avô paterno [ James Pinto Bull].

Assim e para obviar uma nova e eventual quebra, vou tentar sintetizar as ideias com o risco naturalmente de passar por cima de alguns pormenores.

Assim:

(i) Confirmo que o acidente se registou num domingo, dia em que o movimento de voos era muito reduzido e no caso se resumiu a esta missão. E confirmo-o por 2 factos,

a) Porque estava escalado para esse voo, tendo inclusive estado e pronto a partir, no helicóptero acidentado (já com os rotores a funcionar e portas fechadas) só não seguindo porque chegou entretanto à placa o malogrado Capitão do Exército para integrar a visita e que face à lotação completa que se registava nos helis, tomou o meu lugar por determinação do comandante de Esquadra, seguindo a missão com o suporte técnico do Mecânico Electricista (Caiano) (**) já antes sediado no Heli 1.

b) Tendo ficado de alerta à linha, coube-me aguardar o resto do dia pelo regresso dos helis para os receber e arrumar.

(ii) Confirmo também que os helis eram pilotados por:

- Heli 1 (Comandante) Cap Cubas
- Heli 2 (acidentado) Alf Manso
- Heli 3 - Fur Coelho

(iii) Para mais de meia tarde e quando já estranhava o atraso no retorno da missão, foi-me solicitado o aprontamento de um hali, no qual, pilotado pelo Ten Pereira (penso que já falecido) e pelo Fur Galinho (que no caminho me informou sucintamente do que se passava), participei na 1ª ida ao local do acidente.

(iv) As condições atmosféricas que atravessamos eram, apesar de normais nessa época do ano, particularmente más (das piores que registei no mais de ano e meio de voos sobre toda a Guiné), com vento e chuva muito fortes e tendo que no caminho ir fazendo desvios para contornar aglomerados de nuvens de forte borrasca.

(v) Na, apesar de tudo, rápida chegada ao local e apesar da fraca visibilidade distinguiram-se apenas dois (dos três) helis aterrados (julgo que um em cada margem do rio) junto aos quais aterrámos sucessivamente procurando perceber a ajuda necessária , sendo evidente nos dois casos a estupefacção e o choque de todos os ocupantes.

Referiram os pilotos que foram envolvidos por uma súbita borrasca (tornado?) com drástica perda de visibilidade e obrigando a aterragens mais que forçadas e, penso que no 3º heli, referida a visão dum clarão (embate do outro aparelho na água ?)

(vi) Face à manutenção das condições climatéricas e aproximação da noite, e feitas ainda algumas passagens sobre o a área envolvente, na busca de algum sinal do 3º heli, o que se mostrou infrutífero.

Finalmente encetou-se o regresso à base, acompanhando e guiando os 2 helis sobreviventes.

(vii) No dia seguinte e logo que a luz o permitiu iniciaram-se as buscas, com os mais diversos meios envolvidos, no meu caso integrando a equipa de um heli com guincho, pilotado inicialmente pelo Cap Cubas, com outro mecânico (Caroto) e acompanhados pelo Bull, que assim também participou nessas buscas , para ele em condições particularmente difíceis pelos motivos óbvios.

Tais buscas mantiveram-se até que a Marinha conseguiu localizar o que restava do aparelho no fundo do rio.

Sendo eventualmente redundante em relação a outros relatos (apesar da efectiva factualidade deste), espero desta forma contribuir para que de vez cessem especulações e outras teorias quanto às causas do acidente.

Apresento saudações ao blogue na pessoa do Luís e à Sofia (que vou tentar contactar através do possível do endereço de Face book sugerido, até como forma de eventualmente chegar ao Bull) (***).

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

(**) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(***) Último poste da série FAP > 22 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4991: FAP (34): A heli-evacuação do malogrado Cap Cav Luís Rei Vilar em 18/2/1970 (Jorge Félix)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5162: Controvérsias (39): Nunca se fez um inquérito ao acidente que vitimou o meu avô James e seus companheiros (Sofia Pinto Bull)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > Distância, em quilómetros, de Mansoa a algumas das principais povoações, a leste (Bafatá, Bamabadinca, Enxalé), a sul (Porto Gole) e a leste (Bissau, Nhacra, Encheia)... Na foto, o ex-Alf Mil Paulo Raposo, CCAÇ 2405/BCAÇ 2852 (1968/70).

Foto: Paulo Raposo (2006)

Guiné > Região do Oio > Mansoa > Rio Mansoa > Pescadores > "Mansôa é uma linda vila, à qual o rio Mansôa empresta também os seus encantos, dando-lhe um verde imenso, e florido... A história da Guiné, passa por Mansôa, não só por ser um importante centro de comércio, mas também por ser um centro militar de grande importância estratégica, pois era aqui que existia a única ponte que permitia o acesso a Bissau... Inserida na conflituosa região do Óio, e a poucos quilómetros da mítica mata do Morés, Mansôa foi sempre um palco importante na história da Guiné... A partir de 15/12/2003 a jangada que atravessava o rio rio Mansôa, em Joladim, foi substituída por uma excelente ponte, passando a existir um segundo acesso a Bissau" (Fonte: Guiné - História > BCAÇ 2885, por Carlos Fortunato)
Foto: Cortesia de César Dias, ex-Fur Mil Sapador, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), membro da nossa Tabanca Grande.


1. Comentário, de hoje, de Sofia Pinto Bull ao poste 10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias) (*)

Luís, ao fazer umas pesquisas sobre a Guiné-Bissau, deparei-me com o vosso blog e como não podia deixar de ser procurei info sobre o acidente de 25 de Julho de 1970, o qual vitimou o meu Avô James (Pinto Bull) (**) que, infelizmente, eu nunca viria a conhecer.

E não posso deixar de esclarecer e garantir-lhe (e aos demais participantes/intervenientes do blog) que o acidente ocorreu exactamente na data que mencionei - 25 DE JULHO DE 1970. O meu Pai, inclusivamente, prestava serviço militar na altura na Guiné-Bissau, tendo ele próprio participado nas buscas do aparelho e dos corpos (também o do seu próprio Pai).

Documentos disponibilizados pela COLOREDO (Comissão Eventual para Localização e Recolha de Dcumentação da Marinha sobre a sua Acção nas Operações Militares em África e Timor - 1967/75) com base em documentos nela existentes e no Arquivo Geral da Marinha e em depoimentos prestados por alguns dos intervenientes na operação também o confirmam.

Transcrevo um excerto do livro «O Sonho Desfeito - Quanto Vale a Vida de um Homem?», de Vasco Pinto Leite, irmão do Dr. Pinto Leite, falecido também no acidente:

"(...) Dia 25 de Julho de 1970

"Cerca das 15.00 horas ocorreu a queda de l helicóptero da FAP quando voava de Teixeira Pinto psra Bissau e foi atingido por um forte tornado. (...) pilotado pelo alferes miliciano Pil Av da FAP Francisco Lopes Manso e fazia parte duma formação de 3 helicópteros comandada pelo Cap Pil Av Cubas, que pilotava um dos helicópteros, sendo o terceiro pilotado pelo alferes miliciano Pil Av Coelho.

"O helicóptero sinistrado transportava como passageiros:
- 4 deputados à então Assembleia Nacional (Dr James Pinto Bull, Dr José Pedro Pinto Leite, Dr Leonardo Coimbra e José Vicente de Abreu).
- Capitão de cavalaria Carvalho de Andrade, oficial de ligação do Comando Chefe das Forças Armandas da Província da Guiné.

"Posteriormente viria a verificar-se que o helicóptero tinha caído nas águas do Rio Mansoa, em 20 metros de fundo, a Este da Ilha de Lisboa, ou seja, entre esta e a Ilha de Bissau."


Buscas ocorreram nos dias seguintes (segundo cópias de documentos constantes no livro), terão sido resgatados das águas lodosas dois corpos identificados como sendo do Dr Leonardo Coimbra e do Cap Carvalho de Andrade, e os detroços do aparelho, estes últimos entregues à FAP a 30 de Julho.

Uma das lanchas envolvidas nas buscas, "a LPG Cassiopeia manteve-se na área até ao dia 2 de Agosto, fazendo buscas sistemáticas das águas do Mansoa entre as ilhas de Lisboa e de Bissai mas nada mais viria a encontrar. (...) botes voltaram por vezes às zonas das buscas, em observação, mas nada mais encontraram."

Mas, de facto, e com muita pena minha e concerteza de todos os familiares das vítimas deste desastre, nunca houve nenhum INQUÉRITO. No livro, Vasco Pinto Leite afirma ainda:

"(...) Três dias depois da tragédia, em 28 de Julho de 1970, morre Salazar, e as atenções da Comunicação Social passam para 2º plano o impacto com o desastre da Guiné. Daí para a frente, os brandos costumes portugueses fizeram o resto", inclusivamente "o inquérito que não foi feito", sublinha o autor! (****).

Espero ter elucidado e respondido a algumas dúvidas.

Na imaginação desenho ainda hoje o meu retrato do meu Avô que quis o destino (ou não) que eu nunca tivesse conhecido, e na memória ficam, para além da enorme tragédia, histórias e relatos maravilhosos da minha Avó principalmente, mas também de outras pessoas que tiveram a felicidade de se cruzarem na vida com o meu Avô e com quem também eu me tenho vindo a cruzar!

Sofia Pinto Bull

________

Notas de L.G.:

(*) Vd. também postes de:

11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3296: Controvérsias (4): O acidente aéreo de 26 de Julho de 1970 (Jorge Picado)

20 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3335: Controvérsias (6): O acidente aéreo de 25 de Julho de 1970 (Carlos Ayala Botto)

10 de Outubro de 2008 (Guiné 63/74 - P3291: (Ex)citações (4): Pinto Leite, em Bambadinca, dois dias antes de morrer em desastre de helicóptero: Não há solução militar)

10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(**) Último poste da série > 24 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5153: Controvérsias (31): Afinal quem saiu derrotado na guerra da Guiné? (José da Câmara)


Não confundir o James Pinto Bull com o seu irmão, Benjamim Pinto Bull, de quem se apresenta aqui uma resenha biográfica, adaptada (Cortesia de Wikipédia > Benjamim Pinto Bull)

(i) Benjamim foi o líder da União dos Naturais da Guiné-Portuguesa (UNGP), um movimento que defendia uma evolução, negociada e pacífica, para a Guiné-Bissau.

(ii) Cita o Diário de Notícias, aquando da sua morte recente, que Benjamim Pinto Bull “era daqueles homens como já há poucos, um lutador”.

(iii) Durante a sua vida foi um defensor de uma independência progressiva da Guiné-Bissau, em oposição com a linha (revolucionária) de Amílcar Cabral e do seu PAIGC. Chegou, ao que parece, a tentar negociar nos bastidores do poder de Salazar.

(iv) Nasceu na Guiné-Bissau, no seio de uma das suas mais ilustres famílias.

(v) O seu irmão, James Pinto Bull, foi o histórico deputado da Ala Liberal, que morreu, no acidente de helicóptero, com José Pedro Pinto Leite e outros, em 25 de Junho de 1970, no Rio Mansoa.

(vi) Aos sete anos de idade, Benjamim Pinto Bull foi enviado para França, onde ingressou num seminário. Concluiu o ensino secundário e voltou para Portugal, para um seminário em Viana do Castelo. Nesta cidade estudou grego e latim. Mas não seguiu a vida eclesiástica.

(vii) Já em idade adulta, regressou à sua terra, para trabalhar nas alfândegas. Nesta altura, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) seguiu-o e perseguiu-o até à Guiné-Bissau.

(viii) Segue-se o seu o exílio, no Senegal, onde foi acolhido por Léopold Sédar Senghor.

(ix) No Senegal, continuou a luta pela independência do seu país. Léopold Sédar Senghor foi, além de dirigente político e nacionalista, um poeta e um intelectual de grande craveira. Senghor e Pinto Bull tornaram-se grandes amigos.

(x) Abraçando uma nova etapa da sua vida no Senegal, Benjamim promoveu a língua portuguesa, a nível do ensino secundário e do ensino superior. Tornou-se rapidamente no tradutor oficial de Senghor (que, de resto, e ao que parece, na sua árvore genealógica, teria ascendentes portugueses).

(xi) Continuou os seus estudos, formando-se em Filologia Românica em Paris, para depois regressar a Dakar para dar aulas. A sua tese de doutoramento versa sobre o trabalho de Senghor: "Leopold Sédar Senghor e a Negritude".

(xii) Regressa a Portugal em 1984. Foi cônsul do Senegal em Lisboa e leccionou Latim Jurídico e Literatura Africana de Expansão Portuguesa em várias universidades privadas, como a Moderna, a Internacional ou a Lusófona.

(xiii) Em 1989, publicou "Filosofia e sabedoria, O crioulo da Guiné-Bissau". Publicou ainda uma autobiografia – "Memórias de um Luso-Guineense" – com introdução a cargo de Adriano Moreira.

(xiv) Em 1992, num autocarro, a caminho de Loures, Benjamim Pinto Bull defendeu um rapaz de apenas 12 anos que estava a ser insultado. Foi agredido e um soldado da GNR acabou por ser acusado de racismo e violência contra o professor. Um triste, miserável episódio que mereceu a atenção da comunicaçã social, na época, e que levou o então Presidente da República, Mário Soares, a pedir-lhe publicamente desculpas em nome de Portugal.

(xv) Benjamim Pinto Bull faleceu em Lisboa, no dia 25 de Janeiro de 2005.


Do James Pinto Bull, encontrei as seguintes referências bibliográficas, no Portal Memórias de África e do Oriente, Fundação Portugal-África, desenvolvido pela Universidade de Aveiro e pelo CESO :

[13098] Bull, James Pinto
Subsídios para o estudo da circuncisão entre os balantas / James Pinto Bull. In: Boletim cultural da Guiné portuguesa. - Vol. VI, nº24 (1951), p. 947-954
Descritores: Guiné-Bissau Antropologia social e cultural Circuncisão


[13108] Bull, James Pinto
Amor e trabalho / James Pinto Bull. In: Boletim cultural da Guiné Portuguesa. - Vol. VII, nº25 (1952), p.181-187
Descritores: Guiné-Bissau Antropologia social e cultural Contos

[64277] Bull, James Pinto
Amor e trabalho / James Pinto Bull. In: Boletim cultural da Guiné Portuguesa.- vol. 7, nº 25 (Jan. 1952), p. 181- 187
Descritores: Guiné Bissau Trabalho

[80712] Bull, James Pinto
Visita presidencial á Província da Guiné Portuguesa / James Pinto Bull. In: Cartaz. - ano 4, nº 16 (1968), p. 15.
Descritores: Guiné Bissau Chefe de Estado Visita oficial População autóctone

[186325] Bull, James Pinto
Subsídios para o estudo da circuncisão entre os balantas / James Pinto Bull. In: Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. - Vol. VI, nº 24 (1951), p. 947-954
Descritores: Guiné-Bissau Mutilação sexual População autóctone

[201234] Bull, James Pinto
A doença do sono / James Pinto Bull. - Contém bibliografia. In: Anuário da Escola Superior Colonial. - (1944-1945), p. 223-233
Descritores: África Doença tropicalTEXTO :


(****) Vd. Decreto-Lei n.º 400/70:

Considerando que no decorrer de uma viagem à Guiné, organizada para informação da Assembleia Nacional, morreram num desastre de helicóptero os Deputados James Pinto Bull, José Pedro Maria Anjos Pinto Leite, José Vicente Abreu e Leonardo Augusto Coimbra;

Atendendo a que a missão que lhes foi confiada se revestia de grande importância para o País;

Usando da faculdade conferida pela 1.ª parte do n.º 2.º do artigo 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:

Artigo único. - 1. Aos familiares que estavam a cargo de cada um dos Deputados James Pinto Bull, José Pedro Maria Anjos Pinto Leite, José Vicente Abreu e Leonardo Augusto Coimbra, e que a requeiram, será atribuída uma pensão do Tesouro do quantitativo correspondente ao subsidio mensal fixado para os Deputados, compreendendo a parte fixa e trinta dias de senhas de presença, a abonar mensalmente, com inicio no dia imediato ao do acidente.

2. O direito e a fruição destas pensões regulam-se pelos princípios estabelecidos no Decreto-Lei n.º 47084 , de 9 de Julho de 1960, não estando, contudo, os seus quantitativos sujeitos a quaisquer deduções, com excepção do selo de recibo.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros. - Marcello Caetano - João Augusto Dias Rosas.

Promulgado em 12 de Agosto de 1970.
Publique-se.

Presidência da República, 21 de Agosto de 1970. - AMÉRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)


1. Mensagem de Jorge Picado (*), ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 12 de Julho de 2009:

Camaradas,

Dando andamento à sugestão do nosso Editor Chefe, sobre selos da Guiné-Bissau, após a publicação da 1.ª emissão, que o nosso caríssimo pira da minha saudosa MANSOA, adquiriu in loco, como possuo algumas das emissões deste Estado, bem como de Cabo Verde, Angola, Moçambique e até S. Tomé e Príncipe, vou enviar digitalizações das minhas folhas (Guiné-Bissau), ainda que não por ordem de emissão.

Após a Proclamação da Independência, foram emitidos os seguintes selos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU:

1.º - 1974 - Proclamação do Estado. Efígie de Amílcar Cabral. São os que já foram publicados.
2.º - 1975 – Selo da República Portuguesa de 1973, comemorativo do Centenário da OMI-OMM, com sobrecarga, impressa a preto. (Ainda não o digitalizei).
3.º - 1975 – O 1.º, com fundo azul e a data “24 de Setembro de 1973”, mas também existe a mesma série com a data “21 de Setembro de 1973” ??? (Não possuo).
4.º - 1976 – Fundação do Partido. “19 de Setembro de 1956”.
5.º - 1976 – Aniversário de Amílcar Cabral.
6.º - 1976 – Proclamação da Independência.

Destes 3 últimos, cuja taxa é em pesos, também há as séries com a taxa em escudos, mas não as tenho.

7.º - 1976 - Trasladação dos Restos Mortais de Amílcar Cabral.
8.º - 1976 - XX Aniversário do PAIGC.
9.º - 1976 – Máscaras e Folclore, correio normal e correio aéreo.
11.º - 1977 – III Congresso do PAIGC.

Na folha onde tenho as emissões indicadas em 4.º; 5.º, 6.º e 7.º lugar, há também um selo da emissão de Cabo Verde referente ao 3.º Aniversário do assassinato de Amílcar Cabral.


Por sua vez na folha onde se encontram as séries indicadas em 8.º e 11.º lugar, estão também os selos emitidos em Cabo Verde e relativos a esses eventos.

Entretanto posso ir mandando outros desde que julguem ser de publicar.

Abraços para toda a equipa editorial que torno extensivos a todos os caríssimos camaradas.

Um abraço Amigo,
Jorge Picado
Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885 e CART 2732

Documentos: © Jorge Picado (2009). Direitos reservados.
___________
Notas de M.R.:

Vd. postes anteriores desta série em:

15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4952: Filatelia(s) (2): Envelopes e selos comemorativos da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau - 1974 (Magalhães Ribeiro)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4681: Estórias de Jorge Picado (9): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (V): Passeio fluvial pelos rios Baboque e Mansoa

1. Mensagem de Jorge Picado (*), ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 12 de Julho de 2009:

Caríssimos Carlos, Luís, Briote e MRibeiro

Deu-me hoje na mona para escrevinhar umas recordações do passado.
Se entenderem que não são oportunas, delete...m-nas.

Abraços para todos e que as férias que se aproximam serenem os ânimos.
Jorge Picado


PASSEIO FLUVIAL NO RIO BABOQUE E RIO MANSOA

Indiferente às guerrilhas, armadilhas e outras ratoeiras que alguns nos vão lançando pelo caminho, tentando eliminar-nos ou pelo menos desmoralizar-nos para que não contemos as nossas estórias, porque não são feitos bélicos ou não se enquadram nos altos valores que defendem e a que só eles se julgam com direito, vou tentar passar a escrito um passeio de barco que fiz na outrora florescente estância de veraneio da Guiné Portuguesa.

Este passeio ocorreu num belo domingo, tal como a maioria dos passeios que se fazem aos fins de semana, dia 29 de Agosto do longínquo ano de 1971.
Já lá vão pois cerca de 38 anos... vejam lá... mais do que a idade que então tinha... Ai como eram belos ainda os 33 aninhos...

I. JETE, c/ T.C. Herdade, Reg. Agr. Dias, das 13.30 às 17.10. Banhos de água salgada ao dobrar UMPACACA”.

É a parca anotação que consta nos meus poucos registos e vai a azul como homenagem marítima.

Começando pelas apresentações direi:

I.JETE – uma grande zona baixa toda recortada por linhas de água que a tornavam de facto uma ilha, ainda que não fosse no mar, como a ILHA de JETA em pleno Atlântico frente a CAIÓ. Situada a Sul de PELUNDO, as suas margens Sul eram banhadas pelo Rio MANSOA e tinham na sua frente a ILHA de LISBOA. Havia uma picada de PELUNDO para lá, encontrando-se um Pel da CCaç 3307 aí instalado;

T.C. Herdade – Ten Cor Herdade (Ten Cor Inf Nívio José Ramos Herdade), Cmdt do BCaç 3833 colocado no Sector 07, com sede em PELUNDO e abrangendo CÓ e JOLMETE;

Reg. Agr. Dias – como já mencionei num escrito anterior, era o técnico dos SAF de BISSAU responsável ou encarregado pelo andamento dos trabalhos agrícolas da zona do CAOP 1. Tendo chegado a 27, já tínhamos visitado CAJEGUTE e CAIÓ, seguindo agora para JETE, onde julgo que terminou esta inspecção;

UMPACACA – o nome do lado nascente da foz do Rio BABOQUE que, vindo de TEIXEIRA PINTO, desagua no Rio MANSOA. Digamos assim qual Cabo das Minhas Tormentas;

Objectivo – ajuizar do estado dos trabalhos de recuperação das bolanhas daquela(s) Tabanca(s).

Embarcámos no Cais ou Porto de TEIXEIRA PINTO e começou aí o meu espanto. Era a primeira vez que me confrontava com tal meio de navegação.

Sendo oriundo de uma terra marítima e de marinheiros, farto de ver (e de andar na ria) barcos de ria e de mar, de várias dimensões e feitios, que se deslocavam com a força de braços (remos e varas), movidos pelo vento ou a motor fora e dentro de borda, fiquei extasiado quando me fazem entrar naquilo que julgava ser uma banheira de fibra a que tinham acoplado um motor fora de borda e chamavam agora pomposamente barco.
Sinceramente, foi esse o meu primeiro pensamento.
Nunca tinha visto tal... mas logo me interpelaram:

- Então não entra no SINTEX?.

Estava à espera de um zebro, dos Fuzos... e sai-me uma banheira…

Na fotografia que anexo do Porto de TEIXEIRA PINTO, obtida em algum dia festivo, pela manga de pessoal presente, vê-se pelo menos um zebro junto de uma LDP (?) que está atracada a um barco de cabotagem, já que não tem ar de ser da Marinha de Guerra.
Nunca tinha reparado no tal Sintex, se é que ele lá costumava parar.


Pois é camarigos Luís Graça e Mexia Alves (desculpem-me os outros que também neles andaram, mas estes dois é que andam sempre a exibir-se fotograficamente em trajes, mais apropriados a quem vai a banhos - depois não se queixem se aparecer algum mirone a dizer que não andavam na guerra -, pavoneando-se no GEBA-ESTREITO), não tenho é foto para me vangloriar igualmente e, quanto a fatiota, íamos todos devidamente equipados, com fardamento de trabalho como garbosos militares das nossas FA.

Sentando-me naquilo que se chamaria proa ou popa, por causa das coisas, i.é. o meu desconhecimento daquela prática chamada natação, disfarçadamente tinha colocado dois coletes de salvamento ao alcance das mãos, não fosse o diabo tecê-las... de modo que, ao dobrar o tal Cabo ou seja, quando entrámos no Rio MANSOA, coloquei mesmo um no regaço a servir quase de antepara aos banhos forçados das águas salgadas desse rio, consequência das fortes bátegas que eram projectadas pelo encontro daquela pseudo popa, mais parecida como uma antepara, contra a corrente e forte ondulação do MANSOA, que naquele local tem uma largura de quase 6 quilómetros.

Na imagem obtida no Google Earth, que anexo, onde se pode visualizar o trajecto desde o ponto de partida 1, até ao presumível ponto de chegada 2, onde ainda em 31JAN06 (data das respectivas imagens do Google) se localizam os arrozais, são cerca de 20 km. O ponto 3 assinalado, era o ancoradouro existente na Carta Militar, mas fica no lado oposto aos arrozais, pelo que não era lógico aportarmos aí.
Se algum camarada desse tempo que lá estivesse estacionado ou, ainda melhor seria, o militar – 1.º Cabo – condutor do barco, aparecessem para contar...


Só por curiosidade direi que no dia 25JUN70, foi sensivelmente nesta zona do Rio MANSOA, que foi engolido pelas suas águas o helicóptero que transportava os Deputados da ANP tendo morrido os seus ocupantes.

Eu lembrava-me, por isso não ia muito satisfeito...

Mas tudo correu bem e, às 17H10M, desembarquei novamente em TEIXEIRA PINTO.

Jorge Picado
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4620: Estórias de Jorge Picado (8): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (IV): Reunião com o Secretário Geral - Informação

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3291: (Ex)citações (4): Pinto Leite, em Bambadinca, dois dias antes de morrer em desastre de helicóptero: "Não há solução militar"

“A Guiné actual já não tem solução militar. Por favor guarde para si, o próprio governador gostaria de chegar a um acordo com Amílcar Cabral. Em Lisboa, espero poder dizer frontalmente tudo ao Presidente do Conselho [, Marcelo Caetano]. Tem que se chegar à paz”...



1. São palavras atribuídas ao deputado José Pedro Pinto Leite (*), líder da Ala Liberal, na Assembleia Nacional, eleito, como deputado independente da União Nacional (mais tarde, rebatizada como ANP - Acção Nacional Popular, o partido único do regime político de então), em 26 de Outubro de 1969, ao lado de Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota e Miller Guerra.

Estas palavras terão sido ditas pelo corajoso e malogrado deputado, em Bambadinca, ao Alf Mil Mário Beja Santos, a título de confidência, "dois dias antes" de morrer no acidente de helicóptero, que caíu no Rio Mansoa, alegadamente em consequência de um tornado. E foram reproduzidas numa carta que o nosso camarada escreveu em Julho de 1970, já no final da sua comissão, ao poeta Ruy Cinatti.

2. Tenho dúvidas sobre a data em que ocorreu o acidente, o qual terá provocado no total seis mortos (incluindo a tripulação do helicóptero). Segundo o Beja Santos teria sido em 27 de Julho... Ora a data que é referida sistematicamente nas escassas fontes que tenho encontrado e consultado na Internet é 25 de Julho de 1970...

Pode ser lapso de memória do Beja Santos, ou erro sistemático reproduzido na Internet... De qualquer modo, nada como confirmar a data no livro escrito pelo irmão, Vasco Pinto Leite, em 2003, e em que se pretende reabilitar a memória de um grande português do nosso tempo, ignorado e esquecido depois da sua morte... Infelizmente não tenho o livro nem o li.

Recorde-se que J. P. Pinto Leite viajava com mais outros três deputados da Assembleia Nacional, Leonardo Coimbra (filho do filósofo Leonardo Coimbra), José Vicente de Abreu e James Pinto Bull (este, guineense, irmão do Benjamin Pinto Bull). Os restantes mortos, no acidente de helicóptero, deverão ter sido o piloto e o outro tripulante habitual do heli, um Melech (No entanto, na lista dos Mortos do Ultramar, não encontro referências a baixas mortais da FAP nessa data, por acidente ou em combate; é possível que tenham sido dados como desaparecidos).


3. Volta-se a reproduzir aqui o excerto da carta que o Beja Santos escrever ao seu amigo , o poeta Ruy Cinatti, a quem tratava por Dear Father [Querido Pai]:

"No passado dia 24 [de Julho de 1970], fomos avisados que iríamos montar segurança a um grupo de deputados que vinham visitar os reordenamentos dos Nhabijões e do Bambadincazinho, na manhã seguinte [25]. Antes deles chegarem parti para os Nhabijões onde os recebi.

"Foi uma boa surpresa reencontrar o Dr. José Pedro Pinto Leite que conhecera num lançamento na Moraes, salvo erro em companhia do Prof. Miller Guerra, bem como numa conferência promovida pela JUC [Juventude Universitária Católica].

"Após a visita, ele e os outros deputados vieram até à messe de Bambadinca, estávamos a meio da tarde, formaram-se grupos, o Pinto Leite pediu-me discretamente para conversarmos em particular, cá fora. Saímos para junto de uma das portas de armas, com um copo na mão, ele queria saber o tipo de guerra em que estávamos envolvidos, a natureza das dificuldades que vivíamos, os apoios da guerrilha, etc.

"Inicialmente eu estava muito constrangido, são assuntos com que nunca falamos com os civis e muito menos com deputados. Ele pôs-me à vontade, queria só que eu fosse sincero. Com toda a naturalidade, então, falei-lhe como vivera no Cuor, o tipo de guerra que ali fazíamos e agora em Bambadinca. Escolhi o exemplo do Xime, uma povoação e um porto doravante fundamental para o abastecimento do Leste, que vai ter uma estrada alcatroada até Bambadinca, mas onde os guerrilheiros se movem sem grande embaraço a cerca de 4 km de distância. Ele perguntou-me como é que os guerrilheiros aguentavam tantas dificuldades. Creio que lhe terei dito que sempre viveram nas maiores dificuldades e se não se entregam é porque acreditam no que fazem. Disse-lhe igualmente que sentia cada vez mais dificuldades no campo militar e que as populações estavam forçadas ao jogo duplo.

"Ele tudo ouviu, de vez em quando pedia esclarecimentos, e regressámos à messe. Antes de entrar, ele observou: 'A Guiné actual já não tem solução militar. Por favor guarde para si, o próprio governador gostaria de chegar a um acordo com Amílcar Cabral. Em Lisboa, espero poder dizer frontalmente tudo ao Presidente do Conselho. Tem que se chegar à paz'.

"Despedimo-nos pouco depois no aeródromo, prometi-lhe visitá-lo logo que chegasse a Lisboa.

"A 28 [de Julho de 1970], soubemos que na véspera [27] um tornado precipitara o helicóptero em que ele ia com outros dois [sic] deputados, no rio Mansoa. Pode imaginar a minha mágoa, o mais grave é a perda para o país com o desaparecimento deste político tão promissor, gostei sempre muito da acutilância e a oportunidade das suas propostas. Imagino a consternação que V. sente, sei que também o apreciava muito". (...)




4. Talvez os camaradas da FAP - o Jorge Félix ou o Victor Barata, por exemplo - possam esclarecer em que data precisamente e em que circunstâncias se deu este acidente. E quem foram, para além dos 4 deputados portugueses (e não três, como diz o Beja Santos), os camaradas da FAP que morreram (em princípio, dois, o piloto e um Melec, presumo). 

Não encontrei qualquer referência a este acidente (se é que se tratou de acidente...) no blogue do nosso camarada Victor Barata (Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74).

O editor, L.G.

_________

Nota de L.G.:

(*) De seu nome completo, José Pedro Maria dos Anjos Pinto Leite (1932-1970), eleito pelo Círculo de Lisboa, nas listas da ANP - Acção Nacional Popular, tinha partido para a Guiné, com outros três deputados, no dia 20 de Julho de 1970, para uma «viagem de estudo e de informação».

Na Assembleia Nacional, para onde foram eleito, a convite de Marcelo Cateno, seu professor de direito, tinha-se destacado nos últimos meses pelas suas qualidades de brilhante jurista, grande tribuno e incontestado e corajoso líder da ala liberal. Juntam-se duas referências bibliográficas.



Título: A Ala Liberal de Marcelo Caetano
ou o Sonho Desfeito de José Pedro Pinto Leite

Autor: Vasco Pinto Leite

Editora: Tribuna da História

Local: Lisboa

Ano: 2003

Preço: 15,00 €

ISBN: 978-972-8799-09-0

Formato: 15 x 23,5

Nº de Páginas: 384

Sinopse (com a devida vénia...):

"Quanto vale a vida de um homem? É a pergunta que ficou célebre no primeiro discurso em que o deputado José Pedro Pinto Leite contestou a defesa económica que o anterior regime fazia da Guerra Colonial.

"Católico progressista, instado por Marcelo Caetano, de quem foi aluno em Direito, a participar nas eleições legislativas de 1969 e na formação de um grupo liberal, que liderou, José Pedro Pinto Leite viria a morrer logo em Julho de 1970, no termo da primeira sessão legislativa, num acidente mal esclarecido, com um helicóptero da Força Aérea, durante uma visita à Guiné.

"Esta obra debruça-se sobre o projecto político da chamada 'Ala Liberal' e sobre a perspectiva histórica que potenciou. Propunha-se uma transformação profunda e imediata da comunidade portuguesa, reconciliada com os seus irmãos africanos. De São Bento a Bissau José Pedro Pinto Leite descreveu, num ápice um trajecto simbólico. O Sonho de uma ala parlamentar rebelde, que tentou aglutinar e que se desintegrou com a sua morte. O posterior 25 de Abril não pode ser estranho a este desfazer 'do sonho de José Pedro Pinto Leite.

"Setenta e três depoimentos de amigos próximos ou figuras proeminentes da sociedade portuguesa, actores ou testemunhas directas daquele período crucial de fim de regime, ajudam-nos a avaliar a importância do percurso de António Pedro Pinto Leite e da sua proposta. O livro contém prefácios do Dr. Mário Soares, do Dr. Francisco Pinto Balsemão, do Professor Adriano Moreira e do Dr. Sérgio Ribeiro".


Vd. ainda sobre a 'ala liberal' o artigo:

Araújo, António de - Ala liberal, o desencanto do reformismo. [Em linha]. Análise Social, vol. XLII (182) , 2007, 349-354. [Consult 10 de Outubro de 2008]. Disponível em http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n182/n182a20.pdf