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quinta-feira, 13 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12833: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (83): Recebi notícias do último CMDT do Glorioso GA 7, Coronel de Artilharia Faia Correia (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 4 de Março de 2014:


...e a nossa TABANCA É GRANDE ​

Caríssimos Carlos Vinhal /Luis Graça,
Cordiais saudações.

Em 06 de Agosto 2012, fiz um comentário no P10228 do Nobre Artilheiro Humberto Nunes, e em 23 de Junho 2013, o Exmo. Senhor Coronel de Artilharia Faia Correia, último Comandante do Glorioso GA 7 (GAC 7), replicou sobre o meu comentário, de que só agora tive notícia.

Anónimo disse...
Caro Humberto Nunes, Cordiais saudações,
Lendo o teu depoimento, lembrei o ano de 1970, quando cheguei a Gadamael. Lá encontrei uma companhia em fim de comissão, comandada por um experiente Oficial, o então Capitão de Artilharia Rodrigues Videira, que muito me ajudou nesses primeiros tempos.
Dizia ele, que o que salva o ser humano, é a memória seletiva, pois,com o tempo, vai-se se não eliminando, ao menos amenizando as experiências mais dolorosas,e as experiências positivas ficam relativamente mais fortes.Sábias palavras, digo eu.
forte abraço
Vasco Pires,
Ex-Comandante do 23º Pel. Art.

************

Caro Camarada Vasco Pires, Ex-Comandante do 23º Pel. Art.
Fui o último Comandante do GA7 e só muito recentemente é que tive acesso a esta nossa Tabanca Grande e através dela tenho vindo a contactar com camaradas que serviram comigo nessa prestigiada unidade de Artilharia, onde estive de agosto/73 até setembro/74. Não chegámos, portanto, a conhecermo-nos. Contudo, porque se refere às "sábias palavras do experiente Capitão Rodrigues Videira", posso dar-lhe notícias dele, por mantermos uma sólida amizade, desde 1961, quando fui instrutor de Artª na Academia Militar.
Ele voltou à Guiné como Comandante duma Bateria Anti-Aérea que tinha os Pelotões espalhados mas o comando da dita estava sediado no Grupo em Bissau.
Depois, desde o regresso da Guiné fomo-nos encontrando, em Leiria e, por último, na Academia Militar.
Para além de inteligente e culto (foi o 1º.do seu curso na Ac Mil), é transmontano e, como tal, de grande frontalidade. As palavras dele, colocadas aqui por si, demonstra o que afirmo. Mas olhe que ele, em Gadamael, era ainda um muito jovem Capitão.
Mantemos contactos frequentes, a nível familiar, e despedimo-nos sempre com pena que a tarde tenha chegado ao fim...
Um pormenor, como está reformado, dedica-se ao bridge e é muito requerido para encontros organizados por amigos! Como dizia um amigo meu de Cavalaria, quando dois artilheiros se encontram, o abraço toma a forma duma soquetada, que peço que aceite com a amizade do
Faia Correia, Cor Artª Reformado

************

Além da honra de receber comunicação do Comandante da minha Unidade, traz notícias do Ex-Capitão Rodrigues Videira, Cmdt da CART 2478, que recebeu este "periquito" em Gadamael em 1970, e cuja foto coloquei no meu P11148 "Alfero di canhão".

Um periquito em Gadamael... e a velhice da CART 2478

Já anteriormente falei do Capitão Videira:
"Cheguei a Gadamael Porto, lá por meados de 70 para assumir o comando do 23° Pelart, encontrei uma Companhia em fim de comissão, comandada pelo então Capitão de Artilharia Rodrigues Videira, que logo nos primeiros dias me falou da importância da disciplina em zona de guerra..."

Ele foi figura fundamental, apesar de poucos meses de contacto, nos meus dois anos de serviço na Guiné. Um Capitão em fim de comissão, recebeu o soldado "periquito" paternalmente, e durante esse tempo de convivência, foi desfiando pequenos (grandes) detalhes da arte de comandar.
Posso afirmar hoje, mais de quarenta anos depois, sem risco de exagero, que devo ao Capitão Videira, a "normalidade" com que decorreram os meus dois anos de serviço.

Forte abraço a todos
Vasco Pires
Ex-Comandante do 23.° Pel. Art.
Gadamael
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12727: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (81): António Medina, natural da ilha de Santo Antão, Cabo Verde, foi fur mil da CART 527 (Teixeira Pinto, 1963/65) e vive hoje nos EUA, onde descobriu o nosso blogue

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12662: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (15): Mafra, Tavira, Caldas, Santarém, Vendas Novas..., nos tornaram vítimas e agentes (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 19 de Janeiro de 2014:

Caríssimo Luís, Como costumas dizer: ...as palavras são como as cerejas...
Aí já fui falando demais, e me comprometi com algo, que para tanto não tenho "nem engenho nem arte".

Quarenta anos depois, tentar falar do "choque", - sim como se fosse elétrico - da disciplina de Mafra, sobre a nossa inocente geração, é muita ousadia.

Na já remota década de 60, éramos uma ilha desinformada, apesar de muitos de nós se julgarem seres politizados. Muitos de nós tínhamos acabado de sair das "asas" paternas, e de sua extensão que era o Colégio local.

Lembra que naqueles tempos não tinha uma Universidade em cada esquina, ainda não tínhamos sido inundados por Escolas com cursos que para nada serviam senão como fábricas de Professores que ficariam necessariamente desempregados, somente Coimbra, Porto e Lisboa tinham Universidade.

E lá íamos nós, em busca de independência e informação, alguns de nós criavam a ilusão de serem bem informados só porque escutavam a BBC, a Rádio Argel ou a Rádio Moscovo, alguns outros de famílias de "Viúvas da Outra Senhora", diga-se República Velha, mais por crença e interesse do que por qualquer motivo mais nobre, formavam o dito na altura "Reviralho", mais à esquerda outros militantes alguns profissionais.

A já longa guerra nas, à altura ditas, Províncias Ultramarinas, as notícias do Maio de 68 em França, e da reação da juventude da classe média Americana à guerra do Vietnam, somaram-se para ajudar a criar um clima de agitação nas Escolas Portuguesas; eu, na altura estava em Coimbra, a Diretoria Eleita da Associação Académica já tinha sido compulsoriamente afastada, o clima era de agitação.

A nossa agitação era fruto de um caldo cultural diferente dos países ditos democráticos que tinham sofrido profundas mudanças estruturais e superestruturais como consequência direta da Segunda Grande Guerra; lembra que o Senhor António tinha livrado nossos pais desse horror! Muitos de nós se julgavam em processo de ruptura com ordem estabelecida, alguns libertários outros mais comedidos, quase todos "freudianamente" prontos para metafóricamente matar o Pai lá de Santa Comba.

Mas éramos todos muito inocentes, aí com facilidade o sistema nos enquadrava com um Tenente e dois Cabos Milicianos e às vezes, poucas, um Sargento.

Poucos dias depois receosos de perder o fim de semana, íamos-nos tornando instrumentos de um sistema que durante tantos anos (63 a 74), enquadrou uma geração de pouca sorte.


"Máfrica" - Vista aérea do Palácio de Mafra - Com a devida vénia a Google Earth


O processo começava aí: "Máfrica", Vendas Novas, Tavira, Caldas da Rainha...
E lá íamos nós, mais ou menos convencidos e eficientes agentes, enquadrar outros mais, pelos quartéis de Portugal e de África. Mafra e Tavira, eram o início de um processo de inserção no sistema de muitos milhares, que a propaganda chegou a fazer pensar, que estavam "dilatando a Fé e o Império". 

Mafra, Tavira, Caldas, Santarém, Vendas Novas..., nos tornaram vítimas e agentes.
Estão abertas as "hostilidades"...  Quanto aos números, "passo a bola" ao Camarada José Martins.

Forte abraço a todos
Vasco Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12649: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (14): As localidades por onde passei, sofri e amei - Conclusão (Veríssimo Ferreira)

sábado, 25 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12634: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (11): Figueira da Foz... ou dois anos inesquecíveis na Princesa do Mondego (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 19 de Janeiro de 2014:

Caríssimos,

Cordiais saudações.

Depois da "Máfrica" de tantos de nós, veio a EPA em Vendas Novas, menos alunos (cerca de 40), o que trouxe melhor tratamento, depois da Especialidade, mais um estágio de um mês ou pouco mais.

Na EPA havia dois pelotões, um de PCT e outro de IOL, e se não me falha a memória com entre 30 e 40 alunos somados os dois.

O "Jornal da Caserna" informou que quem ficasse nos primeiros lugares duma lista conjunta não iria para África, como era costume.

Depois do estágio, já Aspirantes, o que frustou a comissão de recepção, que esperava Soldados-Cadetes, terceiro ou quarto lugar no Curso, lá fui eu, mais o Conceição, quarto ou quinto lugar, planeando como seriam os nossos dois anos de "guerra" à beira do Atlântico, mas do Atlântico Norte.

RAP 3, vários Alferes e Aspirantes mais velhos, confirmavam a tese de que os primeiros colocados não seriam mobilizados. Normalmente os mais novos dariam instrução até chegar nova turma. Logo nos primeiros dias, no bar, o Coronel Comandante falou que o responsável pela messe não iria continuar, precisava de um voluntário, como ninguém se manifestou, e eu na hora era o único dos novos presente, perguntou:
O nosso Aspirante não quer assumir?

Na hora entendi que era mais que um convite, e falei rapidamente:
- Claro,  meu Comandante!

Afinal não foi tão mau; o cozinheiro tinha trabalhado num restaurante da Mealhada, e tinha uma boa equipa, fazia as compras diárias no mercado, ficando para mim tão somente as compras do atacado. O único contratempo surgiu quando o Comandante me chamou para dar os "parabéns", pois, como ele tinha recebido em casa no almoço uma fruta estragada, era sinal de que todos os oficiais eram tratados igualmente.

Era um Coronel da velha guarda, à beira da reforma, que usava o humor no lugar da "porrada". Baixa temporada, fácil de alugar apartamento com vista para o mar, pois havia farta oferta; lembrem que ainda éramos Portugueses pobres num Portugal pobre, não éramos ainda nem Europeus nem ricos.

Figueira da Foz


Figueira da Foz, perto de casa, e de Coimbra minha segunda casa. Era Inverno, contudo, ainda tinha o Casino aberto diariamente. Melhor impossível!!! Só era preciso fazer o planeamento da "guerra" para os próximos dois anos, à beira do Atlântico Norte.

O alvo agora era outro: bandos de loiríssimas turistas nórdicas, ávidas de sol e agitação. Amigos e família, unanimemente me felicitavam, e diziam, ou pensavam, que era um hmem de sorte ou tinha uma grande "cunha", aceitava com bom humor todas as piadas, pois, tudo estava correndo acima de qualquer espectativa.

Já estava me preparando para fazer admissão noutra Faculdade, assim aproveitaria ainda mais esses tempos de sorte. Lamentavelmente, o acima descrito era apenas um exercício de "wishful tinking", a dura realide começou a emergir quando o oitavo colocado foi mobilizado, e a fantasia desmoronou quando o Conceição, primeiro colocado depois de mim foi chamado.

A Princesa afinal era outra... a PRINCESA DO RIO SAPO!!!

Forte abraço a todos
Vasco Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12630: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (10): Coimbra, Porto, Abrantes, com passagem por Santa Margarida (Juvenal Amado)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12537: Blogpoesia: 'Receita de Ano Novo', de Carlos Drummond de Andrade, uma prenda do Vasco Pires, um camarada da diáspora , ex-alf mil, cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72

1.  Mensagem de Ano Novo, datada de 1 do corrente,  do nosso camarada da diáspora, Vasco Pires [ ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72], acompanhada da deliciosa "Receita de Ano Novo", poema escrito por um dos maiores poetas da língua portuguesa, o brasileiro Carlos Drumond de Andrade (1902-1987):

Que venha 2014.

Forte abraço. Vasco Pires [, foto atual, à esquerda]



Receita de Ano Novo

por Carlos Drummond de Andrade


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo,  espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegrama?).



Não precisa

fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


In: Carlos Drummond de Andrade - [Em linha]: Discurso de primavera e algumas sombras. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979, p. 115. [Consult 2 jan 2014]. Disponível em http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/receita-de-ano-novo-carlos-drummond-de-andrade-2/

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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12531: Blogpoesia (364): Quem me dera que não ficasse tudo igual (Juvenal Amado)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12403: O que é que a malta lia, nas horas vagas (9): O único título que lembro é o "Diário de Lisboa" (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 4 de Dezembro de 2013:

Caríssimos Luís e Carlos,
Cordiais saudações.

Excelente a ideia: O que a malta lia..., para melhor documentar o nosso quotidiano em terras Africanas. Lamentavelmente, pouco posso colaborar, pois, apesar do meu pai se preocupar com a minha saúde, física e mental, enviando regularmente, alimentos, jornais, revistas e livros, o único título que lembro é o "Diário de Lisboa", também não encontrei no fundo do baú nenhuma foto lendo (também não tem nenhuma com canhão).

Mas, como disseste noutra data: "as palavras são como as cerejas", associado com a campanha do "NÃO ao Acordo Ortográfico", pensei na língua que a malta vai ler (escrever).
Plenamente consciente, que a minha opinião é minoritária, gostaria de fazer algumas perguntas.

Qual a língua que queremos, não diria para os nossos filhos, mas, para os nossos netos e bisnetos?
Uma língua que escreveremos "Orgulhosamente sós", como o homem de Santa Comba, mandou "martelar" os nossos ouvidos?
Ou pelo contrário, escreveremos numa língua de mais de 200 milhões de pessoas, praticada em todos os Continentes, uma das mais usadas línguas ocidentais?
Uma língua que pode ser ensinada em qualquer Universidade do mundo, simplesmente como LÍNGUA PORTUGUESA, e não mais como Português daqui ou dali?

"A minha pátria é a língua portuguesa", ao recusar o Acordo, não estaremos reduzindo a pátria do Senhor Nogueira Pessoa?
O acordo não é a "arte do possível"?
Ou será que que cinco Séculos depois, ainda pensamos que é nossa missão "dilatar a fé e o Império"?

A propósito, sou a favor do Acordo Ortográfico!
Alguns médicos médicos andam dizendo que a polémica, ajuda a afastar o "Doutor Alemão". Será?

Forte abraço a todos
Vasco Pires
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Notas do editor

Imagem do DL, com a devida vénia à Fundação Mário Soares

Último poste da série de 6 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12398: O que é que a malta lia, nas horas vagas (8): As minhas leituras em Bajocunda (José Manuel Matos Dinis)

sábado, 30 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12367: Carta aberta a... (9): Senhor Coronel de Artilharia António Carlos Morais da Silva (Vasco Pires)

Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Vista aérea de Gadamael Porto nos finais do ano de 1971
Foto: © Morais da Silva (2012). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 26 de Novembro de 2013:

Caríssimos Luís Graça e Carlos Vinhal,
Cordiais saudações.
Peço, publiquem esta CARTA ABERTA.

Vasco Pires


CARTA ABERTA AO SENHOR CORONEL DE ARTILHARIA ANTÓNIO CARLOS MORAIS SILVA

Exmo. Senhor Coronel de Artilharia Antonio Carlos Morais Silva,

Sou mais um desses milhões da multisecular Diáspora Lusitana; saí de Portugal no mesmo ano (1972) em que voltei da Guiné-Bissau, e por aí vou andando até esta data.
As andanças pelo mundo me afastaram das memórias Africanas, armazenadas lá onde quer que chamemos, subconsciente, inconsciente, ou qualquer outro rótulo, onde o cérebro humano guarda as experiências extremas para que a vida continue fluindo; algum tempo atrás, recuperando de um acidente, "mergulhei" nesse passado, que tantos de nós intensamente vivenciamos.

Confesso, que há tempos estou procurando coragem para vencer um certo acanhamento em escrever estas linhas. Já, algumas vezes, emiti publicamente, a minha modesta opnião sobre o Comando de V. Exa. no Aquatelamento de Gadamael. Não reputo que isso tenha qualquer importância, pois, por seus atos, o Senhor já tem lugar na história deste nosso País, por outro lado, insignes portugueses já o fizeram, entre eles destaco o Senhor General Monteiro Valente.
Contudo, não ficaria de bem com a minha consciência se não o fizesse de forma direta e pública.
Escrevo esta carta na condição de Ex-Oficial do Exército Português, no comando de uma sub-unidade sob o seu Comando.

Lembro o já longínquo ano de 71, quando V. Exa. assumiu o Comado do Aquartelamento de Gadamael, depois de trágicos acontecimentos, quando o moral da tropa já se aproximava do ponto de ruptura. Lembrar as condições operacionais daquele momento seria repetitivo, pois, já foi feito exaustivamente. 

Como "Commanding Officer" de Gadamael - uso o termo anglo-saxonico, não para exibir conhecimentos que não possuo, mas por pensar que expressa melhor a função como Oficial Superior, pois havia sob Comando de V. Exa. uma Companhia de Infantaria, um Pelotão Fox, um Pelotão de Milícias, um Pelotão de Artilharia, e em alguma data uma Companhia de Comandos Africanos -, V. Exa. restituiu o moral da tropa, realizou notável atividade operacional, afastou o que mais tarde acabou por acontecer em Guileje; sempre mantendo as condições de habitabilidade possíveis, tanto para a Tropa como para a população civil.
Permita-me também lembrar, mesmo sendo V. Exa. um insigne Oficial de Artilharia, e não sou eu que o digo, e sim o Exército Portugês, ao nomeá-lo Profesor da Academia Militar, nunca interferiu no meu comando, respeitando sempre a minha condição de comandante da sub-unidade.

Perdoe-me se invadi o seu recato.
Estas palavras são de JUSTIÇA E GRATIDÃO.

Vasco Pires
Ex-Comandante do 23º Pel Art
____________

Nota do editor

Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10468: Carta aberta a... (4): Meu amigo português de Cufar, António Graça de Abreu (Cherno Baldé)

sábado, 23 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12331: Blogoterapia (242): Quantas histórias, quanta mudança! Quanto esforço, escrevendo a história (Maria Helena / Vasco Pires)

Incrível túnel do tempo!!! 
Quantas histórias, quanta mudança!
Quanto esforço, escrevendo a história!
Parabéns a todos os participantes deste álbum!
M Helena


1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 13 de Outubro de 2013: 

Caro Luis,
As palavras são de justiça, e agradecer não há que; não estou mitificando ninguém, a mim parece óbvio que a equipa que você lidera, presta relevante Serviço à nossa tão injustiçada geração.

Falando em justiça, não posso deixar de "confessar" a minha dívida pessoal, com duas pessoas, cada uma a seu modo, que me guiaram e incentivaram, nesses por vezes tão íngremes e tortuosos caminhos da memória; e só nós sabemos, que o "caminho da memória" dos veteranos de guerra, por vezes é ainda mais tortuoso que o do comum dos mortais.

A Maria Helena, minha companheira do pós-guerra, que é psicóloga clínica, foi quem me guiou com datas e factos que já estavam "jogados" no subconsciente, e me incentivou a essa catarse. E o Camarada Carlos Vinhal, quem me recebeu nesta GRANDE TABANCA, criou até o caminho para os FANTASMAS saírem, e sempre me incentivou a encaminhá-los para o papel.

As palavras, como disse acima, são de JUSTIÇA e GRATIDÃO.

Forte abraço a todos
Vasco Pires


2. Comentário do editor:

De vez em quando é necessário verificar o correio um pouco mais antigo pois por vezes acontecem lamentáveis esquecimentos.

Desta feita, esta mensagem do nosso camarada Vasco Pires, na diáspora em Terras de Santa Cruz, de 13 de Outubro passado, não estava esquecida, antes à espera de alguma coragem para ultrapassar um certo acanhamento, já que a mesma diz directamente respeito às nossas pessoas e ao trabalho que aqui vamos desenvolvendo com o maior prazer.

O título deste poste são palavras da psicóloga/companheira do nosso camarada Vasco Pires e são uma homenagem a toda a tertúlia deste Blogue e a todos os camaradas que utilizando os diversos meios ao dispor na internete, publicam memórias e fotos que ficarão a navegar como testemunho da geração de jovens portugueses dos anos 60 e 70 que participaram na Guerra do Ultramar, levada a cabo numa África de clima e terrenos hostis para qualquer europeu, na maioria das vezes em condições mínimas de sobrevivência, em abrigos precários e deficiente alimentação.

O álbum a que se refere a nossa amiga Maria Helena, é um dos muitos que se podem encontrar navegando no Google, neste caso, refere-se a esta pesquisa:

https://www.google.com.br/search?q=VASCO+PIRES+23%C2%B0+PEL+ART+GADAMAEL&espv=210&es_sm=93&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=prNaUpurAsquqAGNwIHIDQ&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=914&bih=594&dpr=1

Aqui fica o testemunho de inúmeros ex-combatentes. Aqui ficam retratados os mais variados instantâneos de uma guerra que não quisemos, mas fizemos.

CV
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12323: Blogoterapia (241): Somos todos privilegiados sobreviventes (Vasco Pires)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12323: Blogoterapia (241): Somos todos privilegiados sobreviventes (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 16 de Novembro de 2013:

Caríssimos Carlos/Luís,
Cordiais saudações.

Na semana passada recebi a honrosa visita do meu amigo e nosso camarada Arménio Cardoso - CART 6252/72, que também bebeu das "águas escuras e amargas" do Rio Sapo.

Lembrando quantos dos Nossos por lá ficaram e outros tantos voltaram mutilados no corpo e/ou na Alma, tivemos pois que concluir que somos todos privilegiados sobreviventes.

Há tempos ouvi o depoimento de um membro da E Company, 506 Infantry Regiment (United States), do tão mediatizado Band of Brothers, dizia ele que muitas décadas depois, nas frias noites do rigoroso inverno Americano, quando ia para a cama, falava para a esposa:
- Ainda bem que não estou em Bastogne!

Eu também, sem fazer comparações, claro, no fim desses dias em que a vida parece "Madrasta", penso:
- Ainda bem que não estou em Gadamael.

Forte abraço
VP


Vasco Pires e Arménio Cardoso da CART 6252/72


Arménio Cardoso da CART 6252/72 e Vasco Pires


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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12316: Blogoterapia (240): Penso na Mata do Morés e chego a sonhar que a conheci (Francisco Baptista)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Guiné 63/4 - P12090: (Ex)citações (225): O nosso blogue e o último dos nossos direitos como veteranos de guerra e cidadãos, o "jus esperniandi", o direito de espernear... (Vasco Pires, ex-cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72; e português da diáspora no Brasil)

1. Comentário de Vasco Pires, grã-tabanqueiro bairradino e "tuga" da diáspora no Brasil, ao poste P12073:

Caríssimos,

Em meados do ano 70, assumi o comando de uma unidade quase exclusivamente composta por tropa Africana, e por lá fiquei durante dois anos, em 72 saí de Portugal, e por aí vou andando, sou mais um desses milhões da Diáspora Lusitana. Logo não serei a pessoa habilitada para opinar sobre o pós 74.

 Diria: "Em briga de jacu,  inhambu não pia..", e terei que dar crédito de novo ao meu avô e à sua imensa sabedoria bairradino-brasílica. 

Todavia, sem fazer juízos de valor sobre a matéria, aqui de longe, não posso deixar de externar a minha profunda admiração pelo árduo, sereno, e sábio trabalho de edição de toda a equipe editorial, em assuntos apesar de distantes no tempo cronológico, ainda carregados de emoção. 

Equipe magistralmente comandada pelo Camarada Luis Graça, a quem eu qualifico, sem risco de exagero, como um Benemérito da nossa tão vilipendiada geração, nos proporcionando uma VOZ. É o último dos direitos do cidadão, o tal do "jus esperniandi".

forte abraço a todos
Vasco Pires
Ex-Comandante do 23° Pel Art
(Gadamael, 1970/72)

domingo, 15 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12047: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (13): A minha singela homenagem aos pais de todos nós

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 24 de Agosto de 2013:

Cordiais saudações.
Tem-se falado muito que a nossa geração foi sacrificada, no que concordo plenamente.
Tenho dito em alguns comentários, e confirmo, que os nossos toscos, arrogantes e oportunistas líderes políticos nos derespeitaram e continuam fazendo-o, ao não reconhecer que estávamos a serviço compulsório do ESTADO PORTUGUÊS,  aliás é essa a minha opinião sobre as as nossas PSEUDO ELITES de longa data, com raras e honrosíssimas excepções.

Mas divaguei demais sobre algo que não era a minha ideia inicial.
Queria lembrar a ansiedade e sofrimento de nossos pais e demais familiares, enquanto nós estávamos por lá "perdidos" nas bolanhas de uma África inóspita.

Ao enviar a foto de meus pais, quero homenagear os de todos nós.
Será que o sofrimento deles foi em vão?

Forte abraço
Vasco Pires

 A família de Vasco Pires e um amigo (com óculos, à direita) da diáspora de Goa


José Martins Pires, pai de Vasco Pires, em 1930
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11929: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (12): Fotos do Cap Op Esp Fernando Assunção Silva em confraternização com oficiais e sargentos sob o seu comando

domingo, 11 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11929: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (12): Fotos do Cap Op Esp Fernando Assunção Silva em confraternização com oficiais e sargentos sob o seu comando

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 31 de Julho de 2013:

Caríssimos Carlos/Luís,
Cordiais saudações.
Através desta nossa GRANDE TABANCA, recebi um e-mail (quarenta e um anos depois) de um velho amigo de Coimbra, que também foi premiado com umas férias nesse magnífico balneário às margens do Rio Sapo. Assim, fui raspar o fundo do baú, e recuperei essas fotos do saudoso Capitão de Operações Especiais Fernando Assunção Silva, confraternizando com Oficiais e Sargentos (CCAÇ 2796, Pel Rec Fox 2260 e 23° Pel Art) sob seu Comando, na messe.

Forte abraço
Vasco Pires







Outras fotos:




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Nota do editor:

Último poste da série de 21 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11858: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (11): Terra firme e o pântano - Dois grandes líderes, Cap Op Esp Fernando Assunção Silva e ex-Cap Art.ª António Carlos Morais Silva

domingo, 21 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11858: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (11): Terra firme e o pântano - Dois grandes líderes, Cap Op Esp Fernando Assunção Silva e ex-Cap Art.ª António Carlos Morais Silva





1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 12 de Julho de 2013:




DOIS GRANDES LÍDERES

GADAMAEL - 70/71

(...) "A CCaç 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guileje (o que veio a conseguir em 1973 por via directa)."

Caríssimos Carlos/Luís,
Cordiais saudações.

Houve momentos difíceis, mas não são eles que quero ressaltar.
Um grupo de homens, quer seja num quartel em África, ou num País em qualquer lugar no espaço ou no tempo, dependendo das lideranças, é conduzido ao "pântano" ou a "terra firme.

Refiro-me agora a um grupo, nessa data num quartel no Sul da Guiné. Eu, e os meus camaradas, Africanos e Europeus, tivemos a sorte de ter no Comando dois Grandes Líderes, cada qual com a sua singularidade: o saudoso Capitão de Infantaria Operações Especiais Fernando Assunção Silva, e o então Capitão de Artilharia António Carlos Morais Silva.

Assim a CCAÇ 2796... "Com muito trabalho de todos, reagiu, recuperou, deixou obra feita (reordenamento, escola, posto sanitário, casernas, organização do terreno) e garantiu a posse de Gadamael, a segurança da população, o apoio logístico a Guileje e a liberdade de movimentos no seu sector".

À esquerda: o saudoso Cap Op Esp Fernando Assunção Silva

Não poderia deixar de registar publicamente a minha gratidão ao Capitão Assunção Silva, "in memoriam", e ao Exmo. Senhor Coronel de Artilharia Morais Silva, por nos terem conduzido, a mim e aos meus Camaradas, a "terra firme". E quantos pântanos, reais e metafóricos, rodeavam Gadamael!!!

Forte abraço
Vasco Pires
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Foto e texto: Vasco Pires
Emblema da CCAÇ 2796: Colecção de Carlos Coutinho
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11627: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (10): Perguntas sem resposta

domingo, 23 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11751: Memória dos lugares (236): Gadamael, 1970-1971 (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 17 de Junho de 2013:

Caríssimos Luís / Carlos,
Ontem fiz um comentário, no P11711 sobre "piras", e usei o termo "ALFERO DI CANHÃO".

Resolvi discorrer sobre o tema, mesmo correndo o risco de parecer arrogante ou pretensioso, o que de modo algum é minha intenção, e sim, simplesmente relatar a experiência de jovens soldados.

Primeiramente, Alfero di Canhão, não é a mesma patente que Alferes Miliciano de Artilharia.
Alferes de Artilharia era um soldado que recebia formação de guerra clássica, em Vendas Novas, e era "lançado" algures em África.
"Alfero di Canhão" era um Alferes de Artilharia, que chegado a Bissau, era jogado no primeiro buraco disponível e começava a tornar-se tal no primeiro ataque ao quartel, mas era um processo lento.

Logo o jovem soldado sentia que era ele que fazia mais barulho, atirava mais longe e ficava fora das valas quando todos lá estavam. Não fazia isso porque era mais corajoso, mas porque era o lugar onde se sentia mais seguro. Podia acontecer o "raio" cair no lugar "errado", não é C. Martins? Mas ele sentia assim?

Também sentia que era tratado de modo diferente dos outros Oficiais, pela população local, bem como por seus superiores da outra tropa, afinal era ele que acalmava as hostes (mesmo só fazendo barulho) na hora da verdade!

Havia também momentos de grande tensão, quando a tropa no mato pedia fogo para bem próximo, imaginem que eles estavam com o IN a curta distância, debaixo de fogo, e por vezes com referências precárias.

Assim, Caríssimos Editores, quando ele se tornava realmente um "ALFERO DI CANHÃO", voltava para casa.

forte abraço
Vasco Pires











Fotos ©: Vasco Pires (2013). Todos os direitos reservados
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11709: Memória dos lugares (235): Cobumba e a trágica realidade das minas (António Eduardo Ferreira)

sábado, 25 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11627: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (10): Perguntas sem resposta

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 1 de Maio de 2013:

Caros Luis/Carlos,
Desta vez no lugar de memórias vão perguntas (ainda) sem resposta.

Se acharem publicável, podem fazê-lo.

Estava tentando responder a uma pergunta do Camarada Manuel Vaz, sobre um ataque a acampamento em Janeiro 71.

Numa leitura apressada pensei tratar-se de ataque ao quartel, ato contínuo,"vi" a Panhard chegar do fim da pista com o atirador já sem vida (P11033)*. Será assim que funcionam as "madalenas proustianas"?

Fui rever um ensaio sobre as tais madalenas, a cena do bolinho amanteigado que faz o narrador recuperar a memória do passado, a modos de um transe. Memória involuntária ligada aos sentidos, em contraste com a memória racional, voluntária e fragmentada, as duas incompletas, cada a uma à sua maneira, e complementares(?).

Será que a memória racional é a reconstrução de fragmentos do passado à luz de valores presentes?

E a visita dos meus fantasmas que vem lá das margens do Rio Sapo? Ou será que eles estão alojados em alguma "couraça reichiana"?

Qual será a amarga madalena que os chama?

E porque será que a minha memória se "negou" a gravar a palavra INGORÉ (P11302)**, apesar de tudo ter transcorrido em paz por lá?

E estas e outras tantas inúmeras perguntas precisam de resposta, ou será melhor não se levar muito a sério?

forte abraço
Vasco Pires
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11033: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (4): Quem vem lá?

Foi num dia, o que na altura se entendeu como tentativa de invasão do quartel. Lembro que alguém informou que o IN estava no fim (começo) da pista, o Capitão duvidou, contudo, por segurança, mandou uma Panhard fazer um reconhecimento. É um facto conhecido, que o apontador foi morto e o condutor voltou "transtornado"; em seguida, desencadeou-se um dos piores ataques a Gadamael no período (aliás no P7142 e no P7186 tem foto da parede da messe com os estilhaços desse dia). 

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 > Ex-edifício do comando, com vestígios de estilhaços
Foto e legenda: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010). Todos os direitos reservados


(**) Vd. poste de 23 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11302: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (9): INGORÉ... ou os inusitados caminhos da memória

E realmente o Mundo é Pequeno ...e a nossa Tabanca é Grande..

O Major Sampaio, presente no almoço, se identificou e a quase todos os Oficiais da foto.

Na foto, a partir da esquerda: Capitão Saraiva, Comandante da CCAV 3364 (a Companhia do Carlos Nóvoa) e presente no almoço; Major Sampaio, Oficial de Operações; Major (Tenente-Coronel?) Mateus; com barba, Alf Mil Ribeiro da CCAV 3364; de frente, Alf Mil de Transmissões Almeida; com o copo na mão, Alf Mil Agostinho Miranda; o Oficial de óculos não foi identificado; Alf Mil Vasco Pires; o último à direita é o Tenente Nobre da CCS; de costas, Alf Mil Teixeira (?) da CCAV 3364.

Sim, os últimos meses da minha comissão foram em INGORÉ, todavia, essa palavra continua "adormecida' no meu inconsciente... Vai saber...!!!

sábado, 27 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11486: Memória dos lugares (231): Gadamael, 1970/72 (Vasco Pires)

1. Mensagem do dia 6 de Abril de 2013, do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72):

Caros Luís/Carlos,
Como disse anteriormente, a fotos que chegaram de São Paulo estavam em péssimo estado de conservação.
Aqui vão algumas que consegui recuperar, em duas fotos estou de túnica branca, lamentavelmente, não consigo identificar mais ninguém.
Podem publicar o que acharem conveniente.

Forte abraço
Vasco Pires










Fotos ©: Vasco Pires (2013). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série de 17 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11411: Memória dos lugares (230): Olossato dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)