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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16198: Álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69) - Parte V: São Domingos (4): pista de aviação e quartel, um "forte do faroeste"


Foto nº 1  > Vista aérea; pista de aviação de S. Domingos (1) e quartel


Foto nº 2  > Vista  aérea: pista de aviação de S. Domingos (2)  e instalações do pessoal, praças e de sete graduados


Foto nº 3 > Pista de aviação de S. Domingos e uma aeronave (DO 27)


Foto nº 4 > Um T6 sobrevoando S. Domingos


Foto nº 5 > Grupo gerador e depósito de água sob o qual se encontrava o paiol


Foto nº 6 > Visão panorâmico das paliçadas e abrigos, dando ao quartel um aspeto de "forte do faroeste"


Foto nº 7 > Tabanca ao fundo e instalações do quartel em primeiro plano e no lado direito


Foto nº 8 > Trator usado no  transporte de troncos de cibe com que se faziam as paliçadas e os abrigos

Guiné > Região do Cacheu > S. Domingos > CART 1744 (1967/69)

Fotos (e legendas): © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados


1. Quinta parte do álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil arm pes inf, CART 1744 (S. Domingos, 1967/69).

A CART 1744 chegou ao TO da Guiné em 25 de julho de 1967, sendo colocada em S. Domingos, na região do Cacheu, como companhia de intervenção. Fez operações em S. Domingos, Susana, Ingoré, Cacheu e Sedengal.  Regressou à metrópole  no T/T Niassa, com partida a 15 de maio de 1969, e desembarque em Lisboa no dia 21.

São Domingos, na margem direita do Rio de S. Domingos, afluente do Rio Cacheu, era a capital do chão felupe, que incluía ainda as povoações de Susana e Varela. onde estiveram destacados militares portugueses ao longo da guerra (1961/74).
________________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16145: Álbum fotográfico do José Salvado, ex-fur mil, CART 1744 (São Domingos, 1967/69) - Parte IV: São Domingos (3): a capital do chão felupe

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13642: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXIII: O quotidiano em Canjambari...(Agostinho Evangelista, 1º pelotão)








1

1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Desta vez ex-sold Agostinho Gomes Evangelista, do 1º pelotão conta-nos como era, a seus olhos, o dia a dia em Canjambari, que não era muito diferentes de outros buracos por onde todos ou quase todos nós passamos, meses e meses e meses a fio, no TO da Guiné, (LG)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13137: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte VI: Canjambari, aquartelamento e tabanca (Fernando Pires, ex-fur mil at inf)

 1. Histórias da CCAÇ 2533 > Parte VI (Fur mil at inf, 3º pelotão, Fernando Pires)



Continuamos a publicar as "histórias da CCAÇ 2533", a partir do livro editado pelo 1º ex-cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). Esta publicação é uma obra coletiva, feita com a participação de diversos ex-militares da companhia (oficiais, sargentos e praças).

A brochura chegou-nos digitalizada através do Luís Nascimento (que também nos facultou um exemplar em papel e que, até ao momento, é o único representante da CCAÇ 2533, na nossa Tabanca Grande). Temos autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).

Continuamos a publicar a colaboração do fur mil at inf Fernando J. do Nascimento Pires, que pertenceu ao 3º pelotão. O poste de hoje corresponde às pp. 30/34 e nele se descreve o quartel e tabanca de Canjambari.

Não temos foto nem contactos do Fernando Pires a quem já, publicamente, endereçámos um convite para para se juntar à nossa Tabanca Grande. Só precisamos de 2 fotos dele, uma atual e outra do tempo da tropa... O convite é extensivo aos restantes autores, que iremos publicando. (LG)



Guiné > Mapa da província > Escala 1/500 mil > 1961 > Posição relativa de Canjambari, no setor de Farim, região do Oio, confinando com a zona leste (Região de Bafatá) e tendo a norte a fronteira com o Senegal. Pormenor.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).







A porta de armas






(Continua)
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Nota do editor:


Último poets da série > 10 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13124: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte V: (i) A praxe (a história de uma partida a um alferes pira e que envolve também o cap inf Vasco Lourenço); e (ii) a cabra do mato que chorava (Fernando Pires, ex-fur mil at inf)


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Fá Mandinga > CART 2339 (1968/69) > Do álbum fotográfico do Torcato Mendonça, Fotos Falantes II, nº 1: em cima, o quarto do Alf Mil Torcato Mendonça; a meio, o artista, junto à janela; em terceiro lugar, a contar de cima, a ceriomónia do hastear da bandeira... Muitas subunidades passaram por Fá Mandinga, para se ambientarem ao terreno e ao clima da Guiné, antes de seguirem para o seu destino: no caso da CART 2339, foi Monsambo, entre Bambadinca e Xitole, um estratégico aquartelamento construído de raíz pelo Alf Mil Mendonça e seus camaradas da CART 2339. Fotos: © Torcato Mendonça (2009). Direitos reservados. Estórias de Mansambo II > Fá Mandinga por Torcato Mendonça (*) Finalmente chegaram. Já a tarde ia alta e Fá Mandinga aí estava. Não parecia um aquartelamento. A entrada tinha a cancela com arame farpado, uma leve protecção para o militar da porta de armas e, enquanto rolavam aquartelamento dentro, iam aparecendo os edifícios adaptados à tropa. Coluna parada e ordem para desembarcarem. Deu-se então o reencontro com um alferes e um sargento que, umas semanas antes, por via aérea os tinham precedido a fim de tratarem das burocracias e instalação da Companhia Independente. Tiveram recepção calorosa e a vida, de burocracias e instalação facilitada. Breve formatura, material diverso arrumado e está a tratar da instalação. A ele e ao outro alferes indicaram-lhe uma “vivenda”. Já lá estava o outro alferes instalado. A dita vivenda, certamente de algum antigo colaborador de Amílcar Cabral, tinha quartos para os alferes, messe de oficiais e sargentos, cozinha e arrumos e duas ou três casas de banho. Não sabia que aquele quarto, que agora ocupava e onde ia arrumando as suas roupas, livros e demais haveres, seria o primeiro e único quarto onde viveu na Guiné. Nunca mais teve tal luxo. No futuro seria o abrigo, a morança das tabancas ou, se pernoitasse em Bambadinca ou noutra cidade, lá teria o quarto de empréstimo. Houve outros poisos mas são outras vidas… Bateram à porta e disse: - Entre. Abre-se a porta e aparece um africano com um sorriso alvar e franco. - Sou o Lali e trabalho aqui para os oficiais. Venho acender o Lion Brand. - Vem acender o quê? - disse. O Lali ria, mostrava uma caixa e disse: - É para os mosquitos fugirem. Foi a vez de ele rir. Depois de acender, perguntou se ele precisava de alguma “coisa”. - Sente-se aí, que quero fazer umas perguntas. De pronto o Lali respondeu: - Não posso sentar… Olhou-o e compreendeu. - Logo falamos então. Saiu e dirigiu-se às instalações do Grupo, apanhando o ar, ainda quente, do final da tarde, sentindo aqueles cheiros e sons tão diferentes. Estava tudo a correr bem, conversaram um pouco, viram escalas e serviços e sentia-se, os outros também certamente, deslocado naquele ambiente. Depois do jantar veio até cá fora um pouco e não tardou a regressar ao quarto. Agora é que era e “a dança ia começar”… ____________ Nota de L.G.: (*) Vd. postes anteriores desta série que, por diversas razões, não seguido uma ordem lógica e cronológica: 29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4435: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Bissau, a caminho de Fá 4 de Junho de 2009 Guiné 63/74 - P4459: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mussá Ieró, tabanca fula em autodefesa, destruída em 24/11/68 1 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4618: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Cansamba, subsector de Galomaro, 1 de Agosto de 1969 3 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4633: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): Bafatá, Amor e Ódio 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4683: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Cansamba II, o Serra e o Burro

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3533: (Ex)citações (7): A reciclagem das garrafas de cerveja na Ponta do Inglês (José Nunes / Manuel Moreira)

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Humor (negro): Um dari [chimpanzé do Cantanhez] , em cativeiro, numa aula prática sobre reciclagem do lixo...

Foto: © Hugo Costa / Albano Costa (2006). Direitos reservados

Quem disse que a fome e a sede, aos vinte anos, não eram boas conselheiras ? Na Ponta do Inglês, o melhor soldado do mundo (que era o nosso, pois claro!) reciclava tudo, a começar pela garrafa da cerveja, a bazuca mais desejada do mundo, e que vinha de lancha. E ainda não se falava, nesse tempo e nesse lugar, em crise energética, economia do lixo, ecologia, ecopontos, economia sustentável, e por aí fora... (Se calhar queriam uma estância balnear, não?!).

Na Ponta do Inglês (que nada tinha a ver com o Ultimato Inglês de 1890!), nada se perdia, tudo se transformava... Claro que eram todos voluntários e patriotas, os rapazes que heroicamente defendiam a Ponta do Inglês, na Foz do Corubal... Eram gajos com brio, porra! Tugas dum carago!



1. "Ponta do Inglês, local onde estive 2 a 3 horas, o tempo da maré... Na altura a iluminação do quartel era feita com garrafas de cerveja, cheias de petróleo, e o alarme era as ditas quase juntas para tilintarem e darem o alarme, só que os macacos davam p'ra se agarrar ao arame farpado e tilintar as garrafas... Pelo sim pelo não, o melhor era uma rajada"

José Nunes,
ex 1º Cabo Mec Electri Centrais
Beng 447
1968/70

Comentário de 27 de Novembro de 2008 ao poste do memso dia > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

2. Da Canção da Fome:

(...) Quando o nosso coração bole,
Passamos tardes ao Sol
Junto ao Rio, a esperar
De cerveja p'ra beber
E batatas p'ra comer
Que na lancha hão-de chegar.



Poste de 27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69




3. (...) "Se não queriam ir que não fossem, mas não venham, agora velhos, lamentarem-se e quase pedir desculpa por terem sido soldados... Tenham brio, porra!"

Jorge Fernandes


Extracto de poste de 27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3529: Controvérsias (13): Se não queriam ir que não fossem...(V. Briote)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3160: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (Alberto Branquinho) (5): (Des)temor...


Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (5)
por Alberto Branquinho (*)

(Des)temor (**)

Amanhecia. Cacimbo muito espesso, agarrado às árvores, às ervas, ao chão. Os primeiros homens começavam a sair dos abrigos onde passavam as noites enterrados, a quatro e quatro, a cerca de metro e meio do chão. Os abrigos estavam cobertos de troncos de palmeiras, depois chapas de bidões e, por cima disto, uma espessa camada de terra. Vinham de gatas passando pelo buraco aberto para o lado interior do aquartelamento que estava, ainda, em construção. Dirigiam-se às valas, que serviam de sentinas, verter as urinas da manhã ou algo com mais consistência. Outros faziam flexões junto aos abrigos para desentorpecer o corpo ou movimentos de braços à frente e atrás para aquecer, entre bocejos e mais bocejos das noites mal dormidas, devido aos consecutivos ataques nocturnos.

Na cozinha – que era um buraco no meio do aquartelamento, parcialmente coberto com chapa de zinco – alguém tentava acender o lume. Uma chama rasgou a espessura do cacimbo. Imediatamente e não muito longe, ouviu-se gritar, em sotaque crioulo:
-Fogo!

O grito rasgou a quietude da manhã e, imediatamente, rebentou uma fogachada fortíssima (e próxima) de armas automáticas e lança-granadas. Os utentes das sentinas correram desesperadamente para os abrigos, com as calças nas mãos. Formou-se imediatamente uma nuvem de pó e fumo, acompanhada do habitual cheiro intenso das explosões. Apesar de ser dia, viam-se as chamas de boca das armas e as balas tracejantes. Os morteiros, instalados no centro do aquartelamento, pouco demoraram a responder. As G-3 eram usadas através das seteiras dos abrigos, deixadas entre o chão e o primeiro tronco de palmeira.

O alferes sentiu passos por cima do seu abrigo e a terra que o cobria começou a escorregar, quase tapando a seteira. Alguém, colocado em cima do abrigo, despachava as munições de uma metralhadora em forte cadência de tiro, quase sem parar. A metralhadora parou.

O alferes espreitou pelo buraco do abrigo e viu um vulto no meio do pó, fumo e cacimbo que insultava:
- Dispara essa merda, cabrão! Dá cá isso!

O alferes berrou-lhe:
- Vai lá para dentro! Lá para dentro!

Lá fora ouviu gritar:
- Ajuda aqui.

Começou a entrar pelo buraco terra arrastada pelo sopro e pelo cone de fogo das granadas de bazuca. Quando o fogo quase tinha cessado, havendo somente disparos ao longe, o alferes saiu. Uma gritaria infernal vinha de dentro dos abrigos. Os homens começaram a sair.
- Quem era o gajo que andava cá fora?

Várias cabeças se voltaram numa só direcção.
- Eras tu que estavas ali em cima com a metralhadora?
- Sim, meu alferes.
- Não voltas a fazer uma coisa dessas!

Embaraçado, como uma criança apanhada a fazer asneiras, esclareceu:
- Ó … meu alferes… eu estava cheio de medo, carago!
__________

Notas de vb:

(*) Alberto Branquinho foi alferes miliciano na CART 1689 (1967/69). Foi um dos construtores do quartel de Gandembel e do de Gubia /Empada. Fez, além disso, "várias movimentações terrestres, fluviais e costeiras para outros quartéis-base de operações conjuntas (por ex., Bambadinca, Buba, Bedanda, Bafatá, Banjara)".

(**) Vd. poste anterior desta série:

22 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3081: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (Alberto Branquinho) (4): Os meninos à volta da fogueira...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2801: Fotos e relatos de Gadamael, Maio / Julho de 1973, precisam-se (Nuno Rubim)

Guiné >Região de Tombali > Gadamael - Porto > s/d 1973? ] > Tabanca, reordenada pelas NT.


Foto: Autores desconhecido. Álbum fotográfico Guiledje Virtual.

Gentileza de: © Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007). Direitos reservados (Editada por L.G.).

1. Mensagem do Cor Art Ref Nuno Rubim:

Caro Luís:

Como estou, como é vulgo dizer com a mão na massa, também penso realizar algumas pequenas pesquisas sobre outra saga, desta vez Gadamael.

Já tenho o levantamento de todas as unidades que por lá passaram, mas naturalmente o que mais me vai ocupar é o período de Maio a Julho de 1973.

Também seria muito interessante tentar fazer um esboço do que teria sido o aquartelamento nessa altura, sem abrigos blindados como os que houve em Guileje e Gadembel ...Só valas e trincheiras a céu aberto !

Naturalmente só com a ajuda dos camaradas que por lá passaram é possível fazer alguma coisa. Fotos para começar ... Haverá alguma aérea, mesmo que de outro período ?

Uma questão prévia: precisava de saber quando e até que data foram ocupados Gadamael Fronteira e Ganturé. Deste último tenho informações que referem ter ali estado instalado um Pel Ref (ou Gr Comb) desde Fevereiro/Março de 1964 até Julho de 1969, mas é possível que tenha continuado depois desta última data.

Também pergunto se algum camarada tem conhecimento de um Furriel Mecânico - Auto, de apelido Barros, que terá estado em Guileje e/ou Cacine em 1971/72.

Um abraço

Nuno Rubim
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Notas dos editores:

(1) Vd, postes de:

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P878: Antologia (42): Os heróis desconhecidos de Gadamael (Parte I)

15 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P879: Antologia (43): Os heróis desconhecidos de Gadamael (II Parte)

19 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1613: Com as CCP 121, 122 e 123 em Gadamael, em Junho/Julho de 1973: o outro inferno a sul (Victor Tavares, ex-1º cabo paraquedista)

18 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1856: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (5): Gadamael, Junho de 1973: 'Now we have peace'

7 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2729: Estórias de Guileje (10): os trânsfugas de Guileje, humilhados e ofendidos (Victor Tavares, CCP 121/BCP 12, 1972/74)

27 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2483: Estórias de Guileje (3): Devo a vida a um milícia que me salvou no Rio Cacine, quando fugia de Gandembel (ex-Fur Mil Art Paiva)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2735: Construtores de Gandembel / Balana (8): Vamos reconstruir as plantas dos aquartelamentos (Nuno Rubim)

Ponte Balana e Gandembel
Mensagem do Nuno Rubim aos Camaradas que passaram por Gandembel e Ponte Balana Camaradas Uma proposta. Quando iniciei os meus trabalhos que levariam à feitura do diorama de Guileje, só tinha um velho desenho da planta que fiz em 1966, que podem ver (melhorado para ser incluído - como foi - no blogue) no esquema que vos envio (à esquerda).

Planta de Guileje em 1966 e diorama, elaborados por Nuno Rubim.

Como também podem constatar ou ver, foi depois muito melhorado-corrigido (ver à direita) com base no levantamento topográfico realizado em 2005 e em várias fotografias aéreas que fui conseguindo obter.

Também fizeram um grande jeitão as fotos que camaradas das unidades que lá estiveram sedeadas me fizeram chegar.

Ora nesta altura tornou-se-me óbvio que a saga de Gandembel/Balana constituíu, na zona Sul da Guiné, um caso à parte que julgo merecer um esforço de pesquisa adicional. E enquanto cá estivermos neste mundo ...

Estou-me a referir à possibilidade de se tentar desenhar as plantas de ambos os aquartelamentos. Mesmo que inicialmente de forma não muito rigorosa, poderíamos (eu ajudarei no que me fôr possível), reconstituir a disposição dos abrigos e outras construções ali existentes. Não importa inicialmente a escala, apenas uma ideia aproximada.

Depois poderíamos tentar compilar o máximo de fotografias existentes (as que realmente interessem para o fim em vista) e ir ajustando os esboços iniciais. E tentar saber se foram tiradas fotos aéreas.

Poderemos sempre contar com a existencia das ruínas em Gadembel (agora mais limpas da vegetação fruto da intervenção da AD) e do que resta do destacamento da Ponte Balana, pois que lá devem existir vestígios, conforme apurei.

Quem sabe se alguém lá poderá ir e tirar algumas medidas em Gandembel, o que melhoraria e muito o produto final.

Gostaria de ouvir as vossa opiniões/sugestões (1). Um abraço

Nuno Rubim

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Fixação e adaptação do texto: vb

(1) Vd. último poste desta série:

3 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2715: Construtores de Gandembel / Balana (7): As minhas andanças com o Pel Caç Nat 55, no tempo da CCAÇ 2317 (Hugo Guerra)

domingo, 30 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2703: Memória dos lugares (6): Destacamento de Ponte Balana (Nuno Rubim)

Foto 1 > Destacamento de Ponte Balana: em 1968 e... em 2008 (vestígios)

Foto 2 > Vestígios actuais do antigo destacamento de Ponte Balana

Foto 3 > Coordenadas GPS do antigo destacamento de Ponte Balana, de acordo com fotografia de satélite do Google.
Fotos : © Nuno Rubim (2008) . Direitos reservados.

1. Texto do Nuno Rubim (Cor Art Ref, com 2 comissões na Guiné, e especialista em história da artilharia) (1):

Caro Luís

Mais uma informação com possível interesse para os camaradas do blogue.

Na ida ao Sul, durante o Simpósio de Guiledje, aproveitei para tirar coordenadas GPS de vários locais.

Também andei a procurar vestígios das construções que existiram no destacamento da Ponte Balana, de acordo com uma fotografia que o nosso camarada Idálio Reis me forneceu ( ver foto 1). Coloquei-me mais ou menos na posição do fotógrafo de 1968 (?) e depois entrei no mato do lado esquerdo. E realmente encontrei alguns vestígios (foto 2 ). Só uma limpeza aturada permitiria descobrir algo mais.

Nesse local as coordenadas GPS são: 11º 25' 33" N - 14º 48' 05" W. ( atenção que constatei que a carta 1:50 000 contem erros de localização ... ) (Ver Google, Foto 3).

Quanto a Gadembel, as coordenadas do centro geométrico do aquartelamento são: 11º 24' 47" N - 14º 47' 53" W.

Um abraço

Nuno Rubim


PS - Como sabes estou a contactar alguns cmdts do PAIGC no sentido de tentar aclarar dúvidas que tenho no que concerne os aspectos organizativos e operacionais e ainda o armamento. Vamos lá ver se eles respondem ...

Talvez alguma coisa possa vir a interessar para publicação no blogue. Nada de especulações ( cada vez constato mais ... ), textos curtos, nada de complicado, imagens, etc... Depois te consultarei, artigo a artigo.

Tudo isto porque julgo que se não fôr o blogue, muita coisa ficará por dizer sobre a guerra na Guiné ... Temos tempo, não é ? ... até porque ando enfronhado com o livro [que ando a escrever].
___________

Nota de L.G.:

(1) Vd. último poste de Nuno Rubim: 26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2687: Cemitério militar de Bissau: homenageando os nossos 350 soldados, uma parte dos quais desconhecidos (Nuno Rubim)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2455: Diorama de Guileje (4): A cozinha e o depósito de géneros alimentícios (Nuno Rubim)

Diorama de Guiledje > 2008 > A cozinha do aquartelamento, miniatura, da autoria de Nuno Rubim.


Foto: © Nuno Rubim (2008). Direitos reservados


1. Mensagem de Nuno Rubim, já enternato divulgada internamente na nossa Tabanca Grande:


Caro Luís

Agora é que me parece que serão os últimos pedidos que faço aos camaradas do blogue, que me têm e muito, ajudado na obtenção de fotografias com detalhes para a feitura do diorama de Guileje.

Desta feita preciso de fotografias onde se possam ver caixas e latões, latas e outro tipo de embalagens/recipientes, de géneros alimentícios, em madeira, metálicos ou sacas. Eram iguais para todas as unidades.

Bem sei que não será fácil, o pessoal ( incluo-me a mim próprio ) não estava p'ra aí virado, mas pode ser que tenha alguma sorte ... As miniaturas deste tipo, que eventualmente venham a ser feitas, são para colocar junto ao edifício do depósito de géneros. E como com estes se destinavam à alimentação do pessoal, já está acabada a maqueta o edifício da cozinha / refeitório de praças, de que junto uma fotografia.

Repararão num cartaz ali afixado. Foi o cozinheiro da CCAÇ 726 que o colocou, num desabafo... Tem a ver com uns tais Pastéis de Basooka (sic) cuja estória está ainda por contar ...

Quem fôr ao Simpósio vai ter oportunidade de obter uma explicação complementar sobre este assunto ... E o Pepito ( Carlos Schwarz ) diz-me que já obteve a receita ! Duvido muito, mas vamos lá ver ...

As fotos da cozinha e do cartaz foram-me fornecidas pelo camarada ex-Furriel Alberto Pires (Teco), dessa Companhia.

Um abraço

Nuno Rubim

2. Comentário de L.G.:

Nuno: O teu pedido é irrecusável e estou convicto de que a nossa malta não te/nos vai desiludir, a começar pelos nossos Intendentes que devem, por certo, ter fotos com caixas, latões e embalagens de géneros alimentícios... O teu diorama é já um sucesso e eu estou a imaginar o ronco que ele vai fazer em Guileje no próximo mês de Março...

Em troca da nossa empenhada colaboração, tu vais prometer-nos enviar uma reportagem (fotográfica) completíssima da tua obra de arte... Como é um exemplar único, vamos perdê-la... Ou melhor, os guineenses vão ganhá-la e nós vamos ter que ir ao sul da Guiné-Bissau, ao futuro núcleo museológico de Guileje, para a ver ao perto... É claro, vamos ficar todos muito orgulhosos do teu/nosso diorama... Vou já começar a fazer circular o teu pedido pela nossa rede tertuliana. Mais logo publico um poste no blogue, com foto da cozinha que está um mimo. Palmas também para o Teco, da CCAÇ 726, e, já agora, para o anónimo pasteleiro... Um abraço do Luís

________

Nota de L.G.:

(1) Vd. postes anteriores desta série (ou com ela relacionados):

31 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2394: Quem se lembra das cores dos bidões de combustíveis e lubrificantes ? (Nuno Rubim)

5 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2408: Sistema de cores dos bidões de Combustíveis & Lubrificantes, usados pelas NT no CTIG (Victor Condeço)

11 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2432: Diorama de Guileje (1): Geradores: Grupos Diesel Lister ou Frapil: fotos ou manuais, precisa-se (Nuno Rubim / Victor Condeço)

13 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2436: Diorama de Guileje (2): a casota do gerador Lister... Agora só faltam os torpedos bengalórios (Nuno Rubim)

15 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2441: Diorama de Guiledje (3): Torpedos bengalórios (Idálio Reis /Nuno Rubim)

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2306: Dando a mão à palmatória (3): Guileje: o diorama (Nuno Rubim) e a montagem digitalizada do aquartelamento (Carlos Guedes)

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Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2006 > Planta do quartel em 1966. Reconstituição de Nuno Rubim, coronel de artilharia, na reforma. Realização plástica de Carlos Guedes. Um e outro fizeram parte da CCAÇ 726 (Guileje, 1964/66).

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2006). Direitos reservados (com a devida vénia...).

Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.



1. Mensagem do Nuno Rubim:

Amigo Luís

O nosso blogue está também sempre em cima do assunto ! O site do Pepito sobre o Simpósio está de facto muito bom !

Uma pequena correcção: Uma coisa é o diorama, maqueta, outra coisa é a belíssima montagem digitalizada, executada pelo Guedes, sobre fotografia a preto e branco do aquartelamento em Dezembro de 1964. É essa a imagem que abre o blogue (1) e julgo pois que deve ser corrigida a legenda e clarificada a autoria.

O Diorama vai representar o quartel mais tarde, 1965/66, quando já tinha sofrido algumas transformações significativas (2).

Um abraço


Nuno Rubim

2. Comentário de L.G.:


Mea culpa, mea culpa, meu caro Nuno, meu caro Guedes!... Duas coisas são responsáveis por estes pequenos desastres bloguísticos: a santa ignorância e a maldita pressa... Fiu induzido em erro pela leitura apressada do sítio do Simpóisio Internacional de Guileje (1): aqui fica regitado o meu pedido de desculpa a ambos, a par da correcção que se impõe. O seu a seu dono! (3)

_____________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 27 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2305: Guileje: Simpósio Internacional (1-7 de Março de 2008) (5): O sítio oficial na Net e o diorama de Nuno Rubim
(2) Vd. post de 14 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1173: A fortificação de Guileje (Nuno Rubim, Teco e Guedes, CCAÇ 726)

(3) Vd. posts anteriores desta série:

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2228: PAIGC - Instrução, táctica e logística (5): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (V Parte): Flagelações (A. Marques Lopes)


Foto e legenda: Luís Cabral, Crónica da Libertação. Lisboa: O Jornal. 1984 (Imagem digitalizada por A. Marques Lopes) (com a devida vénia ao autor e ao editor...). A legenda diz o seguinte: "A condecortação dos corajosos combatentes que em Fevereiro de 1968 realizaram a primeira operação contra o aeroporto de Bissau. O Secretário Geral do Partido [, Amílcar Cabarl,] apõe a medalha ao comandante Joaquim N'Com que secundou André Gomes na direcção da importante operação".


Mensagem de 14 de Setembro de 2007, do A. Marques Lopes (natural de Lisboa, hoje coronel DFA, na reforma, e residente em Matosinhos), com mais um texto extraído do Supintrep, nº 32, de Junho de 1971:


PAIGC > Instrução, táctica e logística > V parte (1)

[Fixação do texto: A.M.L. e editor L.G.]



FLAGELAÇÕES

(1) Generalidades

Ainda que muitas vezes indetectáveis, o IN realiza normalmente reconhecimentos prévios à zona a flagelar, os quais dispensa se por hábito conhece o local onde vai actuar.

São acções normalmente de pouca duração, violentas, lançadas vulgarmente ao anoitecer ou durante a noite, tendo-se no entanto verificado ultimamente a realização de algumas flagelações durante o dia. Em função da violência e dos efectivos cada vez maiores que o IN emprega nestas acções, não é de estranhar da sua parte venha a procurar o assalto, o que aliás já tem tentado.

Embora em numerosas flagelações o IN seja feliz na justeza com que efectua o tiro, é normal o tiro não ser "justo", obviamente sem consequências para as NT. Normal é também a utilização de observadores avançados que, por intermédio de linhas telefónicas ou E/R tipo SHARP, efectuam regulação de tiro.

O dispositivo empregue é variável com o terreno e com os meios utilizados; podemos dizer que normalmente será articulado em três escalões: (i) o dos atiradores com armas ligeiras e lança granadas foguete; (ii) um segundo escalão com canhões sem recuo; e (iii) um terceiro, mais recuado, com morteiros. Isto para ma flagelação em que foram empregues todos os tipos de armas que o IN utiliza.

Outras há em que apenas são utilizados canhões ou morteiros, em acções que o inimigo denomina de “bombardeamento" incluindo-se nestas as flagelações com foguetão 122, também conhecido por GRAD ou Artilharia pesada. A retirada é feita dos escalões mais recuados para os mais próximos, aqueles a coberto dos fogos destes e feita para local previamente escolhido como ponto de recolha e ulterior fuga.


(2) Procedimentos adoptados segundo declarações do capturado Carlos Silva

Normalmente nas flagelações contra os aquartelamentos o IN adopta o seguinte dispositivo:

- Os elementos de infantaria (bigrupo) divide-se em dois grupos que se instalam próximo do aquartelamento. Estes elementos dispõem de LGFog, MP ou ML e armas ligeiras;
- Os Canhões S/R são colocados atrás da infantaria e a uma certa distância, procurando o melhor local;

- Os Morteiros são colocados à rectaguarda dos canhões.

A uma hora fixada as armas pesadas abrem fogo e em seguida faz fogo a infantaria. A duração da acção está condicionada à quantidade de munições existentes e à reacção das NT. A retirada é feita rapidamente, retirando primeiro as armas pesadas sob a protecção da infantaria. Após a retirada o pessoal reune-se no local previamente determinado. Por vezes esses locais não são utilizados, pois a reacção das NT obriga-os a retirar desordenadamente, pelo que regressam aos seus acampamentos conforme as possibilidades.


(3) Esquemas representativos de técnicas doutrinárias

De um caderno de apontamentos pertencente ao chefe de grupo João Landim, foi extraído o seguinte esquema representativo de um ataque a um aquartelamento das NT:





Comentário: O esquema mostra-nos o desenrolar de um ataque feito por um destacamento IN a um aquartelamento das NT, o qual se encontra figurado a azul. O ataque foi lançado a partir de uma base, sendo o deslocamento do destacamento IN representado pelo tracejado a vermelho.

O deslocamento do “grosso” terá sido precedido por um grupo de exploração, sendo representados os diferentes grupos de ataque, as posições dos morteiros e do canhão s/r e juntodestas dois grupos de protecção.

De notar a montagem de um emboscada no itinerário de acesso ao aquartelemento. É representada a entrada de 2 grupos no interior do aquartelamento.


(4) Método de referenciação de objectivos

Ainda do caderno de apontamentos de João Landim, foi extraído um esquema de referenciação de ob jectivos que o IN elabora com vista à flagelação de aquartelamentos ou povoações:



Comentário: O esquema mostra-nos um método de referenciação expedita de objectivos utilizado pelo IN. A linha N/S corresponde à linha 06HORAS–12 HORAS do relógio. A referência a vermelho é portanto a linha de 15 HORAS.

Os objectivos estão referenciados relativamente à linha de referência por horas, negativas ou positivas conforme se acham no quadrante da esquerda ou direita.
A distância do ponto de estação (centro do relógio) é assinalada, provavelmente, em metros.


FLAGELAÇÕES - CASOS REAIS


(1) Casos reais baseados em relatórios das NT e documentação capturada ao IN


(1a) Táctica prevista pelo IN para o ataque a BUBA em 10 de Outubro de 1969

1. Tradução de documentos capturados ao Capitão do Exército Cubano Pedro Rodriguez Peralta (2)

Documento N.º 1





Informação [do IN]:


Operação realizada no quartel de Buba em 10 de Outubro de 1969. Ao partir da fronteira no dia 2 de Outubro mandou-se, vinte dias antes, um grupo de exploração que tinha por missão obter todos os dados da mesma.

Croquis com áreas em volta, colocação possível para a infantaria, artilharia, além de realizar uma operação artilheira normal [?] e ao mesmo tempo [?] os pontos onde se instalariam os m[orteiros] 82 e GRAD [, foguetão 122 mm] (3)e o posto de observação.

Para isto se designou um companheiro capaz, à frente disto se pôs Júlio – caboverdeano e artilheiro de M [orteiro] e GRAD e o chefe da região, companheiro Chuchu.

À nossa chegada o trabalho realizado deste croquis estava mal, pois que foi feito de noite e não se podia fazer uma boa apreciação.

Discutimos com Nino, até que se ordenou uma nova exploração que depois confrontámos com os companheiros de segurança. Junta-se o plano mais as possíveis forças que defendiam que são aproximadamente mais de quatro centos e picos homens.

Com todos estes dados reunimo-nos, Manuel, Júlio e eu, e depois de analisar a situação do quartel e a sua possível defesa devo declarar que a nossa apreciação foi correcta já porque analisámos todos os possíveis [ pontos ?] de tiro de armas pesadas, o que se comprovou na prática.

Depois analisámos como actuaria a Infantaria e não concordámos porque eles opinavam realizar o ataque por uma única direcção, coisa que lhe expusemos na nossa discussão. Concentrar 5 bigrupos num só lugar serão muitas as baixas da nossa parte, já que era uma frente de 200 metros. Depois propusemos uma variante, fazer o ataque da mesma forma em 2 escalões. Isto foi desejado já que depois de discutir e ao expor-lhe razões de pouca preparação dos bigrupos corríamos um grande risco de baixas pelas nossas próprias forças, mas insistiram no seu planeamento inicial.

Coube-nos a nós fazer a nossa proposta que foi a seguinte: Os portugueses pela situação do quartel deviam ter a seguinte forma de defesa: (i) Pela parte da frente do mesmo mas sobre a direita, por ter mais visibilidade, devia ter sectores de tiro encruzados de autometralhadoras; (ii) Pela rectaguarda um sector de tiro em idênticas condições aproveitando a limpeza e podendo bater todo o rio em caso de tentativa de travessia; (iii) A possibilidade com uma autometralhadora que cobrirá o embarcadouro que está a 50 metros do quartel e uma ou duas peças entre o quartel do lado que dá para a população.

Analisando tudo isto a infantaria devia atacar em duas direcções uma principal e outra secundária, como se segue:

(i) Concentar bigrupos reforçados com bazooka RPG7, metralhadora libiana [=líbia ?,](3) pela porta do quartel e onde termina a pista de aviação, onde pela sua situação ressalta a possibilidade que a ponta da pista não pode ser minada, nem os seus arredores, como medida de segurança podia avançar até chegar a 50 metros do quartel; este seria o golpe principal.

(ii) O secundário seria com o resto dos dois bigrupos e o resto, entrariam por onde se encontra população avançada para entraraz em cunha em relação o outro; desta forma entendíamos que os portugueses não tinham saíd[a] desta situação.

Manuel disse que era correcta mas havia planeado antes, menos Júlio que estava plenamente de acordo. Decidimos apresentar o plano a Nino com tudo o que foi feito e ele, como chefe, decidiria.

Este depois de ver o terreno e tudo o que havia sido feito decidiu que o ataque se fizesse em duas direcções, quer dizer, de acordo com a nossa apreciação, e ordenou as disposições finais e discutimos como devia avançar a infantaria e como se realizaria o fogo no arame, que é como se segue:

(i) Os Combatentes com o RPG7 em primeira linha, com apoio de metralhadora libiana varreriam todos os ninhos de metralhadoras e pontos de resistência no meu avanço.

(ii) Ao terminar isto a infantaria encontrar-se-ia perto do quartel e com as AK em tiro a tiro e apoio de metralhadora libiana avançaria rapidamente para o mesmo. Isto jogava com o tiro de artilharia que explicaremos depois.

Para isto pôs-se o comandante Chuchu, chefe da região, e o companheiro Baro, caboverdeano, como responsável da infantaria, e nos bigrupos que avançariam por ambas as direcções um companheiro em cada um dos comandos como quadros intermediários para dar ordens aos bigrupos para iniciar o combate. Como meio de comunicações teriam desde os responsáveis e os dois companheiros dos bigrupos rádio “Bobitoqui” [walkie-talkie ?] que estavam bons e a comunicarem na perfeição. Também se precisou a hora em que estariam em posição (Esta dá-la-emos com o tiro A.)


Documento N.º 2


Notas sobre o ataque a Buba

Homens inimigos 400 ou mais
Ordem de fogo
B-10 tiro directo 180 granadas
Mort 82 180 granadas
A. X 7 foguetes
Depois de 90 granadas M-82 = tiro comprido, encurtar a distância como se segue:
1.º tiro 150 metros para além do quartel; 2.º tiro 50 metros menos; 3.º tiro 50 metros menos; 4.º tiro 50 menos menos.

Simultaneamente, quando os tiros de morteiro encurtarem, a infantaria avança até entrar em acção depois de terem terminado os morteiros.


Colocar dois bazookeiros na pista de aviação, um RPG7, um RPG2, com um atirador AK, um canhão [s/r] B-10 em tiro directo para o embarcadouro, para evitar a entrada de barco.

2 bigrupos como protecção da artilharia [?] e encarregados da mesma = 12 DCK = AA.



Documento n.º 3


2. Ensinamentos colhidos (do relatório das NT)

A acção empreendida pelo IN em 12 de Outubro de 1969 foi indubitavelmente das melhores planeadas que se têm efectuado contra este aquartelamento e, tanto quanto saibamos, foi a primeira vez que foi tentada uma acção contra Buba utilizando duas forças actuando em coordenação.

Analisando o procedimento IN é de notar a inteligente disposição dos Canhões S/R e Morteiros na foz e margem direita do Rio Mancamã, distanciados cerca de 1800 metros e actuando em coordenação com observação avançada conforme o esquema junto dá ideia.




De notar também o cuidado com que foi realizada a progressão das forças de assalto que, evitando trilhos e picadas, progrediam a corta mato até muito próximo do aquartelamento.

De salientar o número elevado de homens empenhados nesta acção última. Com efeito o trilho de aproximação e retirada detectado revela ter sido utilizado por grande número de elementos, todos calçados de igual – possivelmente botas de cabedal de rasto de borracha com desenho semelhante à das NT mas mais miúdo.

Da observação cuidadosa desse trilho resulta não nos parecer exagerada a afirmação de que a força que tentou o assalto ao aquartelamento era composta por cerca de 200 elementos.


3. Esquema dos itinerários de aproximação retirada do IN





(1b) Táctica prevista pelo IN para o ataque a BEDANDA


(Extraído dos documentos capturados ao Capitão do Exército Cubano Pedro Rodriguez Peralta)





(1c) Modos de actuação contra JABADÁ



1. Do estudo e interpretação de vários relatórios das flagelações a JABADÁ [, a nordeste de Tite,]e das declarações de capturados nelas intervenientes, concluiu-se:

As actuações contra o aquartelamento de JABADÁ podem considerar-se divididas em várias fases, correspondentes aos segunintes períodos:

(i) Até meados de Dezembro de 1968: As flagelações eram feitas com todos os elementos;

(ii) De meados de Dezembro de 1968 até final de Janeiro de 1969:

Este período correspondeu à permanência de Nino na região, tendo as flagelações passado a ser feitas do seguinte modo:

- As Armas Pesadas (Can S/R e Mort 82) eram colocadas a cerca de 3 Kms do aquartelamento, do lado Sul, e o tiro era regulado por um cubano;

- Os elementos de infantaria (bigrupos), armados com LGFog, MP, ML e Arm Lig, instalavam-se perto da povoação, do lado direito da estrada (conforme consta na figura junta);

- A acção era iniciada pelas armas pesadas que deixavem de fazer fogo pouco depois de as NT iniciarem a reacção.

- Quando as NT diminuíam a intensiddade de fogo (ou cessavam a reacção), os elementos instalados próximos da povoação abriam por sua vez fogo, aproveitando assim o gasto de munições por parte das NT.

Estes elementos IN eram protegidos ou não pelo fogo de Mort 82, mas nunca pelo de Can S/R. Faziam geralmente pontaria baixa.

(iii) A partir de Fevereiro de 1969:

- A partir deste período as NT passaram a montar emboscadas, com certa frequência, na região de FLAQUE AMEDÉ e o IN deixou de utilizar o dispositivo habitual e começou a actuar simultaneamente sobre o nossso aquartelamento e sobre a região de FLAQUE AMEDÉ. Estas acções passaram a ser desencadeadas, novamente, de longe.

- Na acção do dia 9 de Agosto de 1969, o IN utilizou bases de fogos diferentes das habituais e cruzou os fogos, actuando de diversas zonas simultaneamente.


2. Segundo as declarações do capturado Domingos Bolo (que era chefe de um bigrupo que actuou diversas vezes contra o aquartelamento de JABADÁ), antes das acções, um grupo IN faz o reconhecimento a fim de verificar se as NT têm montadas emboscadas, pois que se tal acontece não realizam a acção.

Referiu ainda que as acções eram desencadeadas sempre de Oeste da estrada, porquanto de Este o terreno não lhes garantia tirar bons rendimentos nas acções nem uma fácil retirada.

Das declarações deste capturado (que actuou sobre as ordens de Nino nas flagelações a JABADÁ) foi feito o seguinte esquema do dispositivo IN:






(1c) Planeamento para a condução de uma acção contra o aquartelamento de EMPADA


Transcrem-se duas cartas escritas por Júlio César de Carvalho (Julinho) ao omandante do bigrupo Quintino Gomes e que foram capturadas durante uma operação das NT:


TOMBALI, 22 de Dezembro de 1970

Caro camarada Quintino:

Saudações para todos os camaradas e votos de boa saúde.

Comunico-te o seguinte: Pensamos realizar missão em EMPADA com forças de Artilharia e Infantaria: para isso tens a seguinte missão:

1.º Juntamente com o camarada Mamaly, comandante de bigrupo, acompanhado de dois chefes de grupo, devem reconhecer o objectivo para a actuação da Infantaria. Devem realizar a missão o mais depressa possível, para cumprirmos a missão antes do fim do ano;

2.º Indicar um local seguro onde podemos reunir munições de Mort 82 e B-10 [Canhão S/R B-10 ou BEDIS ?] (2) dois ou três dias antes da operação;

3.º Comunicar a quantidade de munições M62 [ Morteiro 62 ] e OB-10 que podemos contar naquele sector, em bom estado.

4.º O camarada Mamaly deve regressar imediatamente após o cumprimento do reconhecimento.

5.º Como sempre, manter o máximo de segredo, mesmo junto de outros camaradas, desta missão.

É só isso.

Saudações combativas para todos.

Um abraço do camarada amigo

Ass)



TOMBALI, 27 de Dezembro de 1970


Caro camarada Quintino:


Saúde e votos de bom trabalho.

Recebi a tua carta, satisfeito pelo conteúdo. Hoje, dia 27, segirão os camaradas da Bataria com as respectivas peças e munições; com eles vai o Bigrupo de Mamaly.

Deverão contactar-se imediatamente e juntamente com os camaradas Casimiro Cordeiro, Rachide e Mamaly deverão resolver o seguinte:

1.º Contactar om os camaradas Dinis (CP) e Tomaz (Comércio) para conseguir todo o arroz necessário. A fim deles estarem avisados vou escrever-lhes nesse sentido.

2.º Transportar os 55 obuses de OB-10 juntá-los com as munições destinadas para a operação.

3.º Contactar com o camada Diniz para, se possível, enviar amanhã a canoa grande que foi lançada à água nesses dias.

4.º Ver um local onde podemos deixar o médico com o seu equipamento de modo a servir tanto a infantaria como a artilharia.

5.º Preparar todos os teus homens que, juntamente com a nossa Infantaria, tomarão parte no ataque.

É só isso.

Saudações para todos e votos de que consigam cumprir tudo.

Vosso camarada amigo

Ass)


As duas cartas que se transcrevem dizem respeito a uma ordem de missão relativa a uma acção sobre o nosso aquartelamento de EMPADA, a qual foi realizada em 30 de Dezembro de 1970.

Da análise das referidas cartas ressalta o seguinte:

- O cuidado posto no planeamento da acção;

- O reconhecimento prévio das posições das forças de Infantaria bem como do local onde seriam colocadas as munições para as armas pesadas dias antes do ataque;

- As recomendações dadas quanto à manutenção do segredo da operação;

- A preocupação em assegurar a alimentação das forças que se iriam deslocar para o local da concentração;

- A escolha do local onde ficaria o médico numa posição em que “servisse tanto para a Infantaria como a Artilharia”;

- Da acção, conduzida com violência, resultaram elevados danos materiais.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

22 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2124: PAIGC - Instrução, táctica e logística (1): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (I Parte) (A. Marques Lopes)

24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2126: PAIGC - Instrução, táctica e logística (2): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (II Parte) (A. Marques Lopes)

1 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2146: PAIGC - Instrução, táctica e logística (3): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (III Parte) (A. Marques Lopes)

8 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2164: PAIGC - Instrução, táctica e logística (4): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (IV Parte): Emboscadas (A. Marques Lopes)

(2) Capitão Pedro Rodriguez Peralta: cubano, capturado pelos pára-quedistas do BCP 12/ CCP 122, em 18 de Novembro de 1969, no sul da Guiné (Operação Jove). Gravemente ferido, foi depois transferido para Lisboa, e condenado pelo Tribunal Militar de Lisboa em dois anos e dois meses de prisão, sob a acusação de pertencer ao PAIGC. Só foi libertado depois do 25 de Abril de 1974.

(3) Vd. post de 27 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1890: PAIGC: Gíria revolucionária... ou como os guerrilheiros designavam o seu armamento (A. Marques Lopes)

sábado, 12 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1753: Diorama de Guileje, 1965/67 (Muno Rubim)

Guiné > Região de Tombali > Guileje> Diorama do aquartelamento e tabanca (1965/67)

Fonte: Nuno Rubim (2007). Direito reservados.


Nuno Rubim, ex-capitão da CCAÇ 726, Guileje, 1964/74, um dos oficiais mais condecorados da Guiné (onde fez duas comissões), hoje coronel na reforma e historiador militar. Foi também um dos capitães do MFA, da primeira hora. É membro da nossa tertúlia. Está a colaborar com a AD - Acção para o Desenvolvimento, no âmbito do Projecto Guiledje.


Foto: © Luís Graça (2006). Direitos reservados.


1. Mensagem de 18 de Abril de 2007, enviada pelo nosso camarada e amigo Nuno Rubim (1):

Caro Luís,

Se entenderes por bem publica o seguinte no blogue:

O apelo feito no post de 27 de Março (2) não obteve qualquer resposta.

Talvez os camaradas tenham entendido que pedido se referia a armamento e viaturas em Guildeje. Ora o material era o mesmo, pintado da mesma maneira, qualquer que fosse o local onde se encontrasse. Por isso renovo o meu pedido, esperando que desta feita tenha mais sorte.

Quanto ao diorama de Guileje (3) segue em bom andamento. Ainda há "pequenas arestas a limar" ... Ainda falta, por exemplo, determinar o traçado da rede de arame farpado e a disposição da iluminação exterior.

O diorama ficará implantado numa base de 2m x 2m.

Junto envio o desenho definitivo ( espero eu ... ) do aquartelamento, em 1965-67, já que durante esse período as alterações foram mínimas ( se estou enganado, agradece-se a correcção ). O desenho, já preparado para a escala 1:72, baseou-se no levantamento topográfico efectuado em 2005, por Fidel Midana Sambú, sob os auspícios da AD (Carlos Schwarz, mais conhecido por Pepito) e 4 fotografias aéreas da época, uma das quais efectuada à vertical.

Verifiquei que o levantamento oferecia alguma pequenas distorções, naturais devido à dificuldade de circulação na zona, originada pelas destruições provocadas pelo alegado bombardeamento aéreo das FAP em Maio ou Junho de 1973 (que ainda permanece
um mistério ... ) e pelo extraordinário desenvolvimento da vegetação.

Caso curioso, a maioria das localizações das cubatas é concordante! Alguns dos camaradas poderão agora comparar este desenho com o que apresentei há tempos, de memória, e chegar à mesma conclusão que eu: o tempo não perdoa e é preciso ter algum cuidado quando se lida com as recordações do passado que não foram registadas por escrito ou fotograficamente na altura ...

Estou agora a desenhar, também à escala, os edifícios, abrigos e palhotas (estas 60 !, e de 4 diâmetros diferentes !). Já estão a ser elaboradas as miniaturas de uma DO-27 e de vários tipos de viaturas então utilizadas.

Ainda preciso de consultar os meus camaradas da altura sobre a localização de portas e janelas nos diversos edifícios. As fotografias serão fundamentais.

Para além do diorama estou a estudar a feitura de um poster sobre o ataque de Maio de 1973. Prevê-se ainda a construção de kits de armamento e viaturas, quer portuguesas, quer do PAIGC, mas em várias escalas, visto que foi necessário recorrer ao que o mercado fornece. E no caso das Fox e Unimog, estas terão de ser feitas de raiz (!), pois não existem, ao meu conhecimento, kits comercializados.

Um abraço

Nuno Rubim
2. Comentário do editor do blogue:
Parabéns ao Nuno e à sua equipa (4)... Faço daqui um apelo à colaboração dos nossos camaradas que possam ter elementos de interesse documental ou museológico (nomeadamente fotografias, plantas, relatórios...) relativos a Guileje, para os fornecerem ao Nuno, ou a mim próprio. Os originais serão cedidos (ou não) a título de empréstimo. Parabéns também ao Pepito e à AD por este esforço de preservação da memória da guerra... e da paz. LG
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Notas de L. G.:


(1) Vd. post de 18 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1189: O tertuliano Nuno Rubim, especialista em história militar

(2) Vd. post de 27 de Março de 2007 > Gúiné 63/74 - P1628: Projecto Guiledje: fotografias de armamento e equipamento, das NT e do PAIGC, precisam-se (Nuno Rubim)

(3) Vd. post de 12 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P870: Ideias para um diorama do quartel ou quartéis de Guileje (Nuno Rubim)
(4) Vd. post de 14 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1173: A fortificação de Guileje (Nuno Rubim, Teco e Guedes, CCAÇ 726)

terça-feira, 24 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1694: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Paisagens: a árvore dos dezassete passarinhos




Guiné > Zona leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > A célebre árvore dos 17 passarinhos que servia de mira para os ataques do IN...

Floresta densa nas imediações de Mansambo... Possivelmente junto à Fonte de Mansambo, de triste memória para o pessoal da CART 2339...

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados (1)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Na foto é vísivel a célebre árvore dos 17 passarinhos...

Foto: © Humberto Reis (2006) . Direitos reservados.



Fotos falantes (11): Paisagens: a árvore dos 17 passarinhos
por Torcato Mendonça

Desta vez o nosso ex-Alf Mil (e fotógrafo) de Mansambo deixou-nos sem legenda... e passou a bola ao editor do blogue... Ou melhor: para quê legenda ? Esta secular árvore era um verdadeiro ex-libris de Mansambo... É verdade que os tipos do PAIGC estavam gratos à rapaziada, por que ela funcionava como um excelente mira para os apontadores de morteiro e de canhão sem recuo...
O que ainda hoje me intriga é por que razão a deixaram de pé, quando os valentes soldados da CART 2339 construiram o campo fortificado de Mansambo, como lhe chamava o PAIGC... Sempre me intrigou este detalhe, quando por lá passava em colunas logísticas ou operações... Hoje arrisco uma explicação: para aquelas toupeiras humanas, que foram simultaneamente arquitectos, engenheiros, trolhas, carpinteiros, caboqueiros, etc., a árvores dos 17 passarinhos era um traço de distinção no meio daquela paisagem quase lunar, angustiante, de floresta recém desmatada, um buraco no meio do inferno verde, na fronteira com as zonas libertadas do PAIGC, no Sector L1, Zona Leste, ao longo da margem direita do Rio Corubal... Um pouco à semelhança dos grafittis com que os artistas plásticos underground marcam as paredes e os muros da nossas desoladas cidades de cimento armado...
A árvore dos 17 passarinhos humanizava, de algum modo, aquela paisagem de campo de concentração, visível na foto aérea do Humberto Reis... E um dos poucos pequenos luxos que os construtores de Mansambo se permitiram dar foi justamente não deitá-la abaixo...
A primeira impressão que fiquei de Mansambo, quando por lá passei, deixei-a escrita do meu diário, em 17 de Setembreo de 1969:

(...) "O problema nº 1 aqui é o isolamento. A unidade é abastecida a partir de Bambadinca. Não há pista de aviação. Não há população civil, excepto meia dúzia de guias nativos com as respectivas famílias. Ora o isolamento nestas circunstâncias acarreta toda uma séria de perturbações psicológicas e até mentais. Apanhado pelo clima é a expressão que se utiliza na gíria deste universo concentraccionário em que se transformou a Guiné" (2).

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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores desta série:

26 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1626: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): O Moicano e os milícias

24 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1459: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Operação Cabeças Rapadas (Estrada Bambadinca-Xitole, Março / Maio de 1969)

16 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1372: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mansambo: Rescaldo da batalha de 28 de Junho de 1968

19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...

8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1257: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (6): Julho de 1969, já velhinho, destacado em Galomaro

28 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1219: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): Um médico e um amigo, o Dr. David Payne Pereira

11 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1167: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (4): Candamã, uma tabanca em autodefesa

5 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - P1152: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (3): Braimadicô, o prisioneiro que veio do céu

28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1124: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (2): A vida boa de Bambadinca, no tempo do Pimentel Bastos

26 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1116: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (1): A guerra acabou ?

(2) Vd. posts de:
30 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CDI: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (3): Memórias da CART 2339 (Luís Graça).

Vd. também os seguintes posts:

29 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CD: Mansambo, um sítio que não vinha no mapa (2): as CART 2339, 2714, 3493 e 3494 (Carlos Marques dos Santos / Manuel Cruz)

24 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXVII: Mansambo e a árvore dos 17 passarinhos (Carlos Marques dos Santos)