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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5589: O nosso blogue em números (3): 390 tabanqueiros, 5590 postes, um milhão e 400 mil páginas visitadas, 50 mil por mês, 30 comentários por dia...



Chegados ao fim do ano de 2009 e entrados no ano de 2010 - em que o nosso blogue vai (se lá chegar...) perfazer seis anos, no dia 23 de Abril de 2010 (*)- , é altura de dar alguma informação estatística sobre a nossa produção: neste já longo período, publicámos 5583 postes, 15% dos quais na I Série (que terminou em 1/6/2006). No final da I Série, o número de tertulianos (como então designávamos os membros da nossa Tabanca Grande, antes, Tertúlia) eram cerca de 110 (**). Hoje estamos quase a atingir as 4 centenas.

O ano transacto foi o mais produtivo em número de postes publicados: cerca de 1900, mais 600 do que em relação ao ano anterior (2008) (Vd. Quadro I)



No mês de Dezembro de 2009, o número de postes semanais publicados andou na casa dos 42 em média (mínimo, 38; máximno, 49), o equivalente a 6 por dia, em média (Gráfico 1).





Quanto aos comentários, atingiram o milhar, o que significa um crescente participação dos nossos leitores. Em números médios, neste período (29 de Novembro de 2009 a 2 de Janeiro de 2010) tivemos 28,9 comentários por dia (Quadro II).

Descartando os comentários a postes da séries Parabéns a você e Votos de Feliz Natal 2009, foram os seguintes, com um total de 115 comentários:


7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5417: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (15): Ainda e Sempre Guileje (Victor Alfaiate, ex-Fur Mil Trms, CCAV 8350, 1972/74)

16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5477: Blogoterapia (137): Palavra de honra que não consigo entender (José Brás)

10 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5438: Controvérsias (58): Do revisionismo da história e da memória ao branqueamento do papel da PIDE/DGS (João Tunes)

25 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5534: Histórias do Eduardo Campos (1): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério: Parte 1

27 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5544: O que era o STM? Belarmino Sardinha)





Quanto ao número de páginas visitadas, a evolução tem sido favorável, com um crescimento sustentado ao longo do tempo: partimos das 22, 5 mil visitas ... em finais de Maio de 2006, para atingir as 400 mil em Outubro de 2007, as 800 mil em Outubro de 2008, o milhão em Fevereiro de 2009, e o 1,4 milhões em Dezembro de 2009... Ou seja, estivemos em 2009, com cerca de 40 mil páginas visitadas por mês (50 mil por mês, em Novembro e Dezembro) (Vd. Gráfico 2).

Vejamos o que escrevemos em datas anteriores:

9 de Novembro de 2009:

(...) Chegámos hoje a um milhão e 300 mil páginas visitadas... A nossa caixa de correio aproxima-se dos 400 endereços... Isto já é um batalhão, há tensões, e eu nem sempre estou (nem posso estar) atento a todos os pequenos conflitos que podem ocorrer...


25 de Junho de 2009:
(...) Desde 15 de Abril de 2009, até agora (70 dias) atingimos as 100 mil páginas visitadas... Ou seja, todo somado, faz 1 milhão e 100 mil... (600 mil desde Janeiro de 2008).

(...) No início do actual blogue (II Série), em Junho de 2006, os membros da Tabanca Grande eram cerca de 115, hoje somos o triplo...

15 de Outubro de 2008:

Devemos atingir esta semana a cifra das 800 mil páginas visionadas / visitadas. Estávamos em 400 mil em finais de Outubro de 2007. 500 mil na passagem de ano. 600 mil em Abril. 700 mil em Julho de 2008.


Tendo em conta a inevitável quebra, nas férias (Julho / Agosto= mais ou menos 1 mês), quer na produção, quer no consumo, tivemos, neste espaço de tempo, Outubro de 2007 a Outubro de 2008 (1 ano), um média de visitas mensais de 36 mil, ou seja, 1200 por dia, em números redondos... Em contrapartida, parece ter crescido menos o número de membros da Tabanca Grande Estamos agora com cerca de 270...



29 de Junho de 2008:


(...) Devemos atingir esta semana a cifra das 700 mil páginas visionadas. Estávamos em 400 mil em finais de Outubro de 2007. Atingimos as 600 mil em 12 de Abril. Estamos portanto com um média de visitas diárias de 1250/1300, em números redondos... E mais de 250 camaradas e amigos da Guiné inscritos na Nossa Tabanca Grande (...).

12 de Abril de 2008:

(...) Temos registados um pouco mais de 230 amigos e camaradas da Guiné, na nossa tertúlia ou Tabanca Grande...

21 de Dezembro de 2007


(...) Vamos passar o ano a caminho das 500 mil páginas visitadas, o que dá uma ideia da nossa audiência...

Uma nota final: Aqui deixo as minhas melhores saudações bloguísticas a todos os amigos e camaradas da Guiné pela sua dedicação, generosidade, confiança, empenho, paciência, tolerância... Este blogue só é possível por eles, por causa deles... É já hoje, segundo a nossa opinião mas também a opinião de observadores externos e independentes, um imenso património de todos nós... Não sei quantos de nós passaram por (ou estiveram em) a Guiné, durante o período da Guerra Colonial... Cerca de 150 mil / 200 mil ? No nosso blogue, somos cerca de 400, entre amigos e camaradas. Mas muitos mais nos visitam, nos lêem, nos comentam... E espero que ainda muitos mais apareçam e se reconheçam na Tabanca Grande...

Aos companheiros da minha equipa editorial, Carlos Vunhal, Eduardo Magalhães Ribeiro e Virgínio Briote um chicoração especial. Sem eles, há muito que eu me teria sentiria perdido nesta picada sem fim à vista. Em 2010 vamos realizar o nosso V Encontro Nacional... Até lá irão surgir, seguramente, mais novidades e ideias para o futuro... Aos nossos autores e leitores, o meu carinho e reconhecimento. A todos, bons augúrios para o difícil ano de 2010 que começa agora... Luís Graça, fundador e aministrador do blogue.
_______________

Notas de L.G.:

(*) O primeiro poste publicado foi em 23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)


Lista dos dez primeiros postes do nosso blogue (1ª série):

23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

25 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)

28 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça

7 de Dezembro de 2004 > Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)

20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

22 de nAbril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)

28 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

29 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (1) (Luís Graça)

Vd. poste de 24 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1693: Blogoterapia (20): Blogando... há dois anos (Luís Graça)

(**) Por mera cuirosidade (histórica...), vd. lista, por ordem alfabética, dos membros do nosso blogue, no final da I Série, em 1 de Junho de 2006:

A. Marques Lopes
A. Mendes
Abel Maria Rodrigues
Afonso M.F. Sousa
Aires Ferreira
Albano Costa
Amaro Samúdio
Américo Marques
Ana Ferreira
Antero F. C. Santos
António Baia
António Duarte
António J. Serradas Pereira
António (ou Tony) Levezinho
António Rosinha
António Santos
António Santos Almeida
Armindo Batata
Artur Ramos
Belmiro Vaqueiro
Carlos Fortunato
Carlos Marques dos Santos
Carlos Schwarz (Pepito)
Carlos Vinhal
Carvalhido da Ponte
David Guimarães
Eduardo Magalhães Ribeiro
Ernesto Ribeiro
Fernando Chapouto
Fernando Franco
Fernando Gomes de Carvalho
Hernani Acácio Figueiredo
Hugo Costa
Hugo Moura Ferreira
Humberto Reis
Idálio Reis
J. C. Mussá Biai
J. L. Mendes Gomes
J. L. Vacas de Carvalho
João Carvalho
João S. Parreira
João Santiago
João Tunes
João Varanda
Joaquim Fernandes
Joaquim Guimarães
Joaquim Mexia Alves
Jorge Cabral
Jorge Rijo
Jorge Rosmaninho
Jorge Santos
Jorge Tavares
José Barreto Pires
José Bastos
José Casimiro Caravalho
José Luís de Sousa
José Manuel Samouco
José Martins
José (ou Zé) Neto
José (ou Zé) Teixeira
Júlio Benavente
Leopoldo Amado
Luis Carvalhido
Luís Graça
Luís Moreira (V. Castelo)
Luís Moreira (Lisboa)
Manuel Carvalhido
Manuel Castro
Manuel Correia Bastos
Manuel Cruz
Manuel Domingues
Manuel G. Ferreira
Manuel Lema Santos
Manuel Mata
Manuel Melo
Manuel Oliveira Pereira
Manuel Rebocho
Manuela Gonçalves (Nela)
Mário Armas de Sousa
Mário Beja Santos
Mário Cruz
Mário de Oliveira (Padre)
Mário Dias (ou Mário Roseira Dias)
Mário Migueis
Martins Julião
Maurício Nunes Vieira
Nuno Rubim
Orlando Figueiredo
Paula Salgado
Paulo Lage Raposo
Paulo & Conceição Salgado
Paulo Santiago
Pedro Lauret
Raul Albino
Renato Monteiro
Rogério Freire
Rui Esteves
Rui Felício
Sadibo Dabo
Sérgio Pereira
Sousa de Castro
Tino (ou Constantino) Neves
Tomás Oliveira
Torcato Mendonça
Victor David
Victor Tavares
Virgínio Briote
Vitor Junqueira
Xico Allen
Zélia Neno.

(***) Vd. último poste desta série > 2 de Dezembro de 2009> Guiné 63/74 - P5391: O nosso blogue em números (2): Os cinco postes mais comentados do mês de Novembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5372: Agenda cultural: (49): Síntese da minha comunicação no Colóquio Internacional na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)




1. A propósito da sua intervenção no Colóquio Internacional Representações de África na Universidade dos Açores*, que teve lugar entre os dias 26 e 28 de Novembro de 2009, recebemos estas duas mensagens do nosso camarada Carlos Cordeiro**:



Esta no dia 27 de Novembro de 2009:

Meu caro Carlos,
Obrigado por tudo. Foi um incentivo muito especial ter-te encontrado como amigo e ter feito outros amigos (muito em especial o José Câmara) para avançar com este trabalho que, afinal, irá crescer em fôlego. Agora pude dizer pouco: em 20 minutos diz-se pouco. Tinha, como se imagina, algum receio. Estava entre os "meus pares" historiadores (eu considero-me somente "aprendiz de historiador") que têm grandes reservas sobre esta coisa de apresentar uma comunicação exclusivamente baseada num blogue e recursos da Internet (como fiz gala de repetidamente afirmar).

No fim, o coordenador da mesa disse: "cuidado - não tentem fazer esta experiência em casa". Foi a brincar, evidentemente. Mas... lá estava um colega a defender(-me) que os historiadores de hoje não podem deixar de ter em conta os blogues, até porque, como são abertos, estão sujeitos ao contraditório. Uma colega de Estudos Culturais e Comunicação comentou que nunca tinha aberto qualquer blogue com um "livro de estilo" e regras de conduta ética como o nosso.

O Tomás esteve presente (aliás, também como técnico) e depois conversámos sobre a minha comunicação.

Correu bem, mas exigirá, para a publicação, de umas quantas noitadas. Oxalá não venha mais tarde a pagar caro estas aventuras...

Um abraço amigo do
Carlos


E esta, hoje dia 29:

Caro Carlos,
O prometido é devido! Segue um pequeno resumo da minha comunicação. Em 20 minutos não se pode dizer grande coisa e eu, ainda por cima, não falo muito depressa e gosto de cumprir o tempo que me dão, pois também sou rigoroso quando presido a este tipo de sessões. Além disso, quis também aproveitar para apresentar alguns dados sobre a participação de militares açorianos na Guerra do Ultramar.

Como poderás ver, não disse nada de especial para nós, que acompanhamos o blogue diariamente. Como estava entre historiadores profissionais e alunos, achei que devia trazer a debate esta importante questão dos relatos de guerra na "primeira pessoa", nas suas potencialidades e reservas.

Não houve críticas (expressas) à comunicação. As duas intervenções de assistentes foram no sentido positivo. Uma, salientando o facto de os historiadores dos tempos modernos não poderem alhear-se das informações dos blogues, até porque são espaços abertos e, portanto, sujeitos constantemente ao contraditório, e outra (muito positiva para o blogue) a destacar o ineditismo (pelo menos para a colega que interveio) de um blogue com "livro de estilo".

Para a publicação, irei então desenvolver a temática, apresentando exemplos. Vou ter que percorrer o blogue com cuidado.
Desculpa o arrazoado.

Um abraço


Síntese da comunicação do nosso camarada Carlos Cordeiro

O Dr. Carlos Cordeiro, num instantâneo, durante a sua intervenção

[…]
A ideia de apresentar esta comunicação surgiu-me depois de, por razões de ordem particular, ter consultado o blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, que passei a acompanhar assiduamente […].

Nesta comunicação procura conhecer-se e, talvez, numa fase posterior, avaliar-se a importância da “massificação” do acesso à Internet enquanto elemento enriquecedor do acervo de fontes históricas à disposição do investigador e, no caso concreto, para a história da Guerra do Ultramar […].

O blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, constitui a II série do “blogue-fora-de-nada”, iniciado por Luís Graça, no ano de 2004. A partir de Abril de 2005, Luís Graça, como antigo combatente, começa a dar relevo especial à guerra na Guiné, acabando, a partir de Junho do mesmo ano, a blogue dedicado exclusivamente a assuntos ligados à guerra e aos ex-combatentes que ali estiveram em comissão militar[…].

A partir daí, não parou de aumentar a participação no blogue, do que resultou a incapacidade de armazenamento da informação – textos, fotografias, mapas. Ao fim de um ano de existência e com 825 entradas ou postes, passou a ser alojado noutro servidor, com o título “Luís Graça & Camaradas da Guiné”. Dadas as exigências do crescente trabalho de edição, Luís Graça passou a contar com três co-editores, também antigos companheiros (ou camaradas, na terminologia militar) da Guiné. Nesta altura, e já convencido da importância que o blogue vinha assumindo, o editor apelava:

Junta as tuas às nossas fotos, divulga e salvaguarda os teus aerogramas, cartas, relatórios, diários, documentos militares ou papéis esquecidos guardados no sótão, num velho baú, reconstitui as tuas memórias, recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, sofreste... Ajuda os teus ex-camaradas a reconstituir o puzzle da memória da Guiné (1963/74)... Faz-te bem, a ti e a eles, a todos nós, ex-combatentes, portugueses ou guineenses... Além disso, prestas um pequeno serviço à geração dos teus filhos e dos teus netos... Para que eles, ao menos, não possam dizer, desprezando o teu sacrifício: "Guiné?... Guerra do Ultramar? Guerra Colonial? Guerra de libertação ?... Não, nunca ouvi falar!".

Como critérios éticos que os participantes devem respeitar, são defendidos, entre outros, os seguintes: respeito mútuo; partilha da informação; respeito pelo povo da Guiné e pelo “inimigo de ontem”, recusa da auto-culpabilização e da responsabilidade colectiva; não intromissão na vida política interna da República da Guiné-Bissau; respeito, acima de tudo, pela verdade dos factos; liberdade de pensamento e de expressão e respeito pela propriedade intelectual e direitos de autor3.

Feita a breve apresentação do blogue, convém ainda apontar alguns dados estatísticos:

- Até 23 de Novembro tinham sido publicados 5214 postes.

- No ano de 2008 foram publicados 1208 postes, número já ultrapassado no corrente ano. O número de tertulianos ultrapassa já as três centenas, cerca de 70% dos quais antigos alferes, furriéis e capitães milicianos.

Evidentemente que, como anteriormente se referiu, é elevado o número de páginas e blogues da Internet que se referem a assuntos da guerra do Ultramar e aos ex-combatentes. Considerámos este como exemplo, dada a sua relevância enquanto fonte para o conhecimento do contexto da guerra na Guiné, permitindo o cruzamento de informações, o acesso a fotografias de época, a consulta de relatórios (alguns confidenciais) o complemento ou correcção de informações oficiais (por exemplo, relatórios oficiais de operações) com as vivências de quem esteve no terreno, as condições de vida nos aquartelamentos, a convivência com as populações, tudo isto pontuado pelas recordações dos momentos de aflição e de descontracção. O que não há (salvo um ou outro caso sem relevância) é a reivindicação de actos heróicos próprios. O heroísmo, quando surge, é geralmente atribuído ao camarada do lado […].

Não estamos, naturalmente, perante fontes totalmente fiáveis. Grande parte da participação resulta de memórias pessoais, com as lacunas e imprecisões próprias da passagem de, no mínimo, 35 anos. Mesmo estas falhas são, amiúde, completadas e corrigidas por outros participantes, quer nos comentários, quer em novos postes, o que, em diversas situações, chega mesmo a despertar polémicas e controvérsias muito significativas, como, por exemplo, o caso da retirada (ou fuga, para alguns) de Guileje. Mas há também transcrições de diários de guerra e de correspondência nos fornecem informações “em cima da hora” […].

Seriam inúmeros os exemplos de textos e fotografias (algumas carregadas de dramatismo) que viriam, ao menos, abrir o debate sobre contextos e episódios da guerra do Ultramar como a historiografia os tem abordado […].

Saliente-se, por outro lado, que, mesmo tendo em consideração a liberdade de pensamento e de expressão como um dos valores defendidos pelo “livro de estilo”, o certo também é que se pede “respeito, acima de tudo, pela verdade dos factos”. E, neste sentido, a equipa editorial não se exime à responsabilidade de, em situações duvidosas, solicitar esclarecimentos adicionais aos respectivos autores.

Quanto às representações de África e dos africanos [tema geral do colóquio], “Luís Graça & Camaradas da Guiné” é riquíssimo. Se, por um lado, o relato das memórias factuais – situações de tensão e perigo, vida nos aquartelamentos, actividades operacionais, etc., são, em grande parte, carregadas de pessimismo, por outro, nas situações de descontracção, a escrita assume o carácter de quase fascínio por aquela terra e aquelas gentes. Isto, aliás, é bem patente nas viagens de saudade e solidariedade que muitos desses tertulianos fizeram e continuam a fazer à Guiné. A visão do povo é também a do carinho, estima e compreensão […].

Continuando esta viagem pelos caminhos da Internet, pude verificar que, quer quanto à quantidade quer quanto à qualidade, a informação disponibilizada possibilitaria, por exemplo, a elaboração de quadros sobre a participação de unidades militares mobilizadas pelos BII17 (Angra do Heroísmo) e BII18 (Ponta Delgada). O sistema de busca facilita, sem dúvida, a investigação. É evidente que os dados são retirados da Resenha Histórico-militar das Campanhas de África, da responsabilidade da Comissão para o Estudo das Campanhas de África, mas isto não lhes retira qualquer valor. Um outro recurso muito importante, também disponibilizado pela Internet é a lista de mortos na guerra do Ultramar.

Concluindo: o que se pretendeu com esta comunicação foi apresentar à discussão a possibilidade de aproveitamento de informações de blogues como fontes históricas, nomeadamente quanto às vivências de guerra, contadas na primeira pessoa, de centenas de milhar de portugueses que passaram pela guerra do Ultramar. Evidentemente que há o recurso a outras metodologias, como a realização de entrevistas, inquéritos, consulta da documentação existente no Arquivo Histórico Militar e nas unidades mobilizadoras, não esquecendo também a imprensa, etc.. É, no entanto, de ter em conta que, naqueles fóruns os participantes se sentem como “iguais” (no blogue que analisámos o tratamento é obrigatoriamente por tu e camarada) e, de algum modo, compreendidos e solidários e, portanto, mais “verdadeiros” no que relatam. Mas também estamos conscientes das fragilidades deste tipo de investigação e da necessária filtragem e crítica da informação. Além disso, a esmagadora maioria dos participantes tem um nível de instrução ou de posição socioeconómica que ultrapassa a generalidade dos militares que estiveram na guerra, já que são na sua maioria ex-furriéis e alferes milicianos.

Pretendemos também testar páginas da Internet sobre a guerra do Ultramar para procurar verificar o tipo e qualidade de informação que de lá podíamos aproveitar para um estudo sobre as unidades militares açorianas nos três TO. O certo é que, com algumas falhas sem significado, conseguimos obter informações sobre as unidades militares mobilizadas, os teatros de operações onde prestaram serviço, o número de mortos em campanha e concelhos de onde eram naturais. Não se trata da solução para o trabalho do investigador, mas de mais uma ferramenta de que pode servir ao historiador para desenvolver o seu trabalho.


Dr. Carlos Cordeiro, Professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores, Ilha de S. Miguel, Ponta Delgada, usando da palavra.


2. Comentário de CV:

Face a esta fatia sintetizada da intervenção do nosso camarada Carlos Cordeiro no Colóquio realizado muito recentemente na Universidade dos Açores, na dupla qualidade de estudioso da História Contemporânea e ex-combatente na guerra colonial, onde salientou o papel do nosso Blogue como repositório de memórias dos ex-combatentes da Guiné, qualificando os nossos propósitos e salientando o modo como convivemos entre nós, só nos podemos sentir orgulhosos por esta exposição num meio especializado de historiadores. Foi aceite que os Blogues não podem ser ignorados como fonte de informação, principalmente quando, modéstia à parte, como o nosso, apresentam um grau de qualidade e veracidade comprovada, e discutida abertamente por todos os intervenientes e leitores. Todos os nossos depoimentos estão sujeitos à crítica e aos reparos, se algo que não estiver totamente de acordo com a realidade vivida então.

Por outro lado, estamos gratos ao Dr. Carlos Cordeiro, na sua qualidade de historiador, por levar até junto dos seus pares o conhecimento da nossa existência.

A partir de hoje devemos sentir ainda mais orgulho no nosso trabalho, e ganhar forças para prosseguir esta tarefa, que só terminará quando o último de nós já não souber sequer o seu próprio nome. As nossas memórias têm que passar para ciberespaço, quanto antes, para ficarem acessíveis a quem delas se quiser servir no futuro.

Em frente camarigos.

Aos que ainda não se apresentaram à Tabanca Grande julgando que as suas memórias são deprezíveis, convido a vir até nós, porque todos somos poucos e cada testemunho é um acontecimento que fará parte da História que alguém há-de compôr.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5325: Agenda Cultural (46): Colóquio Internacional Representações de África na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)

(**) Carlos Cordeiro é um ex-combatente em Angola, onde fez a sua comissão de serviço como Fur Mil At Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71.
Vive em Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, onde é professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores.

Vd. último poste da série de 25 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5341: Agenda Cultural (48): Lançamento do livro Era uma vez... Ciência e Poesia no Reino da Fantasia, de Regina Gouveia (José Teixeira)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4971: (Ex)citações (45): O que fazer com este Blogue? (Luís Graça)

1. Comentário de Luís Graça, ex-Fur Mil da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71, fundador, administrador e editor do blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné", no dia 17 de Setembro de 2009, ao poste Guiné 63/74 - P4969: Banalidades do Mondego (Vasco da Gama) (V): Os Novos Pelotões de Fuzilamento, os do Abandono, Esquecimento e Desprezo


O que fazer com este blogue?

É a pergunta, indirecta, subtil, que está subjacente ao comentário do António Matos a propósito dos pelotões do esquecimento, do desprezo e do abandono que todos os dias fuzilam os homens da nossa geração que fizeram a guerra colonial, que foram usados e deitados fora...

Recorda o António que "é lema deste blog não se fazer política o que é difícil, pois viver é em si mesmo um acto político!" para logo a seguir observar e sugerir o seguinte: "mas ao cairmos na tentação de o fazer, estejamos atentos pois os tais pelotões de fuzilamento actuam como verdadeiros snipers"...

De facto, não é preciso recordar as regras do jogo, ou seja, a nossa orientação editorial:

"Somos independentes do Estado, dos partidos políticos e das associações da sociedade civil que de uma maneira ou de outra possam representar e defender os direitos e os interesses dos ex-combatentes portugueses (ou guineenses).

(...) "Somos sensíveis aos problemas (de saúde, de reparação legal, de reconhecimento público, de dignidade, etc.) dos nossos camaradas e amigos, incluindo os guineenses que combateram, de um lado e de outro. Mas enquanto comunidade (virtual) não temos nenhum compromisso para com esta ou aquela causa por muita justa ou legítima que ela seja.

(...) "Em todo o caso, a solidariedade, a amizade e a camaradagem são valores que procuramos cultivar todos os dias".


Amigos e camaradas:
Não fazemos política, no sentido restrito do termo, mas podemos e devemos fazer lobbying, podemos actuar como um lóbi... São duas coisas distintas, a política directa e o lobbying: infelizmente as associações de veteranos ainda não perceberam as potencialidades do lobbying, uma actividade de grande sucesso e de impacto na política e nos negócios em países como os Estados Unidos e que chega à Europa: a Alemanha, por exemplo, tem 5000 lobistas reconhecidos pelo Parlamento Europeu, a Espanha umas centenas, Portugal tem apenas um...

Casos como o do Corvacho, do Pisco e do Baptista, aqui denunciados no blogue, são indignos, envergonham este país e a nossa democracia... O Estado Português não pode brincar mais com a saúde e a dignidade dos antigos combatentes... E nós temos que começar a fazer algo mais do que escrever as nossas histórias e as nossas memórias, temos que nos organizar como grupo de pressão, junto do Estado e da sociedade civil... E, claro, precisamos de pensar globalmente e agir localmente...

O blogue serve para tudo menos para fazer política partidária, por razões óbvias... Agora o blogue é já (e pode ser também mais no futuro) uma ferramenta numa estratégia de lobbying (de influência, moral e legal, na tomada de decisão do poder político, nomeadamente legislativo e executivo)...

Luís Graça
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4513: Comentários que merecem ser postes (7): Encontros imprevistos... na latrina (António G. Matos)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4431: Blogoterapia (104): Não façamos deste Blogue um muro de lamentações (António G. Matos)

1. Mensagem de António G. Matos (*), ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, com data de 21 de Maio de 2009:

Meus caros camaradas ex-combatentes da guerra do ultramar,
Temo sinceramente que muitos de nós tenhamos feito deste blog um verdadeiro muro de lamentações do qual não já não conseguimos libertar o espírito e tenhamos transformado um hobby que se pretendia salutar, numa doentia carpideira que em nada contribuirá para amenizar esta etapa final das nossas vidas.

É certo que temos histórias que nos fazem sorrir, umas, e rir a bandeiras despregadas, outras;

É certo que temos bons momentos vividos e relatados que nos enchem a alma;
Mas as angústias, os medos, os desgostos, as saudades, as lutas, a morte enfim, ressaltam como o leit motive das nossas mensagens de África.

Apercebi-me que temos que ter consciência disso sob pena de nos estarmos a infernizar e a infernizar a vida de outros...

Acho que temos de nos consciencializar que aquela época que todos nós vivemos é algo que, tendo deixado marcas incontornáveis nos nossos corpos e nas nossas almas, não podem ser as que comandam o resto das nossas vidas, sob pena de nos declararmos vencidos perante a enormidade que na altura vencemos!

Força malta! Arrebitemos para a vida e deixemos que uma reflexão do Picasso nos sirva de alibi para sabermos dar a volta POR CIMA!

Um abração,
António Matos


Receita de jovialidade de Pablo Picasso… (?)

Deita fora todos os números não essenciais à tua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixa o médico preocupar-se com eles. É para isso que ele é pago. Frequenta, de preferência, amigos alegres. Os de "baixo astral" põem-te em baixo. Continua aprendendo...

Aprende mais sobre artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixes o teu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é a oficina do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer.

Curte coisas simples. Ri sempre, muito e alto. Ri até perder o fôlego. Lágrimas acontecem. Aguenta, sofre e segue em frente. A única pessoa que te acompanha a vida toda és tu mesmo.

Mantém-te vivo, enquanto vives! Rodeia-te daquilo de que gostas: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. O teu lar é o teu refúgio.

Aproveita a tua saúde; Se for boa, preserva-a. Se está instável, melhora-a. Se está abaixo desse nível, pede ajuda. Não faças viagens de remorso. Viaja para o Shopping, para a cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faças viagens ao passado.

Diz a quem amas, que realmente os amas, em todas as oportunidades. E lembra-te sempre de que: A vida não é medida pelo número de vezes que respiraste, mas pelos momentos em que perdeste o fôlego: de tanto rir... de surpresa... de êxtase... de felicidade...

"Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela, mas há também as que fazem de uma simples mancha amarela o próprio Sol".



2. Comentário de CV:

Oportuna esta mensagem, com mensagem, do nosso camarada António Matos.

Criamos, por vezes, questiúnculas que exaltam os ânimos de maneira menos própria entre camaradas, com palavras ou frases acutilantes, desnecessárias, às quais o melhor destino é a indiferença.

Recentemente dois camaradas (?) dirigiram-se aos editores, de modo tão pouco cordial, por razões tão mesquinhas, que nos deixou sem palavras. Replicar para quê?

Por outro lado, não façamos da guerra que vivemos há tantos anos, um drama permanente da nossa vida. Ao longo da existência, todo e qualquer ser humano sofre perdas irreparáveis, mas o subconsciente tem defesas próprias para as colmatar. A família e os amigos precisam de nós sãos, física e mentalmente. Façamos um esforço para nos darmos a eles.

Quanto à receita atribuída a Picasso, enviada pelo camarada António, é bom que a sigamos à letra. Gozemos a vida em pleno, cada um a seu modo, deixemos de implicar com os que nos são mais chegados, família e amigos, porque estes são o nosso maior tesouro. Cuidemos da saúde e tratemos da azia que não nos deixa ver com clarividência os problemas do dia-a-dia.

Digamos frontalmente ao nosso interlocutor que discordamos dele, mas respeitêmo-lo. Se ele estiver errado, chamêmo-lo à atenção, cordialmente. É tão bonita a cortesia.

Termino com:

"Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela, mas há também as que fazem de uma simples mancha amarela o próprio Sol".

Um grande e sentido abraço para todos os camaradas e amigos tertulianos, assim como para os milhares de leitores do nosso Blogue, em nome dos editores que tudo fazem para agradar.

Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4427: "Restolhada", uma Operação da CCAÇ 2790 no Choquemone (António G. Matos)

Vd. último poste da série de 21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4392: Blogoterapia (103): Coisas lindas de Guileje / que guardo num cantinho do meu coração (J. Casimiro Carvalho)

Em tempo
Nota às 20 horas e 45 minutos.

Como os leitores devem ter reparado, durante a edição deste poste, aconteceu uma publicação intempestiva. A mesma saiu sem número, sem autor, com o título incompleto, com o texto empastado, etc.
Do facto peço desculpa. Acrescentei todos os elementos identificativos do autor e um pequeno comentário meu, que estava já feito noutro rascunho criado em duplicado pelo sistema.

domingo, 19 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4215: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (7): Luís Borrega, visitante um milhão (Luís Borrega)

JÁ SABEMOS QUEM FOI O VISITANTE UM MILHÃO

1. Atrevo-me a publicar uma mensagem recebida há menos de uma hora na minha caixa de correio.

Eis a razão.

O nosso camarada Luís Borrega, acusa-se de ser o visitante que levou o nosso contador ao número 1.000.000 (Um Milhão). Sete dígitos atingidos no Domingo de Páscoa. É caso para dizer, Aleluia.

Mensagem de Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de hoje:

Caro Camarigo Carlos Vinhal

Desculpa estar a interromper o teu descanso dominical à sombra do Poilão, no largo principal da Tabanca Grande.

Sem sequer pensar, fui o visitante UM MILHÃO. Atingimos essa marca no dia 12 deste mês (Domingo de Pascoa).

Dessa data até hoje já visitaram o blogue no espaço de uma semana 8.551 (até há 10 minutos atrás).

Como diz o Luís Graça o Mundo é pequeno e o nosso blogue é muito grande.

Uma sugestão: Em vez de ser o IV Encontro Nacional, porque não o IV RONCO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, penso que RONCO é mais adequado a designar o nosso Convívio, sempre é o termo de FESTA em Fula.

Um Grande Abraço do tamanho do Corubal
Luís Borrega


2. Agora a competente resposta ao Luís Borrega.

Obrigado Luís pelo teu contacto e pela denúncia de seres o visitante um milhão. Acreditando na tua palavra, ficas desde já referenciado entre a malta por teres sido tu o nosso leitor a atingir tal meta.

Confesso que me passou despercebida a evolução do contador nesse dia, porque tinha cá em casa uma visita muito especial, e só pelo fim do dia trabalhei.

A propósito de trabalho, repara bem que dia é hoje e consulta o Blogue para veres o que já editei. Domingo, dia de descanso? Isso era antes de ter conhecido o nosso camarada Luís Graça.

Com respeito à tua sugestão para o nome a dar aos Encontros, por mim, nada a obstar.

Um abraço de parabéns
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4127: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (1): 4 anos, um milhão de páginas visitadas... (Luís Graça / Carlos Vinhal)

Vd. último poste da série de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4166: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (6): Colaboração do nosso blogue na Conferência sobre a Poesia da Guerra Colonial

sábado, 18 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4210: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real (2): Mudança de planos (Editores)

IV ENCONTRO NACIONAL DA TERTÚLIA DO BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ

Os camaradas e os Tertulianos em geral já devem ter reparado que há um novo inquérito para auscultação de uma data mais conveniente, à maioria, para se efectuar o IV Encontro Nacional.

Claro que não mudamos de acordo com a direcção do vento. Aconteceu que o Batalhão do Mexia Alves se vai encontrar no dia 6 de Junho próximo, e em causa está a privação imposta ao nosso camarada de poder conviver com os seus companheiros, assim como a ausência forçada de outros companheiros que costumam participar no nosso convívio.

Mensagem do organizador do Encontro, Joaquim Mexia Alves:

Caro Carlos

Acabei de receber a informação/convite para o almoço do meu Batlhão que será precisamente no dia 6 de Junho.

Por mim não tem problema, mas temo que o Barroso, o Álvaro Basto e outros tantos não possam vir.

Diz ainda o convite que contam no almoço com a presença do Mário Beja Santos.

Coloco como hipótese o dia 13 ou 20 ou 27 de Junho, 4 de Julho ou então manter a data e depois logo se vê.

Julgo no entanto que só do meu Batalhão, o ano passado estariam no nosso almoço mais de 10 pessoas.

Posso também contactar algumas e aferir do seu interesse entre uma coisa e outra.

O que achas de tudo isto?

Abraço amigo do
Joaquim

Foi esta a causa da alteração de planos.
Pelo facto pedimos desculpa aos nossos camaradas. Esperemos pelo que vai dizer a maioria.

Informamos os camaradas que já se inscreveram, que vamos considerar nulas as intenções já manifestadas. Quando, definitivamente, tivermos uma data marcada, registaremos as novas inscrições. Afinal, como amigos, estamos sempre em contacto.

Voltaremos em breve ao assunto.

Os Editores
__________

Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4186: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real, 6 de Junho de 2009 (1): Abertura das hostilidades (Editores)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4195: Blogoterapia (100) Desabafo - Agirão os editores com parcialidade? (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha, com data de 30 de Março de 2009:

Caros Luís, Carlos e Virgínio,

Um grande abraço.

Envio-vos o texto que há já algum tempo escrevi mas andava a adiar o seu envio.

Aceitem como uma crítica positiva ao vosso trabalho, que muito aprecio, mesmo que o considere, por vezes, parcial.

O texto é para vós. Contudo, são livres de o editarem, se assim o entenderem.

Liberto desta opressão em que andava, voltarei a tecer os comentários que entenda, sempre que a matéria o justifique, o tempo não seja impedimento ou a vontade de fazê-lo seja mais forte.

Reiterando o meu abraço para todos, sou,
BSardinha


Desabafo

Um abraço.

Tinha prometido a mim mesmo não voltar a escrever ou a fazer qualquer comentário no, ou, acerca do Blogue, mas depois de ter lido o P3923 do João Carlos Silva e dos comentários finais do Carlos Vinhal, muito embora outros textos anteriores me tivessem já levado a pensar explicar esta decisão, vejo essa necessidade acentuada depois de ter lido o P3926 do Hélder de Sousa e hoje pelo P4098 do Manuel José Ribeiro Agostinho de novo com os comentários do Carlos Vinhal.

É claro que o Blogue e em especial o “nosso comandante” me merece toda a admiração pela autoria (termo utilizado por defeito profissional) deste serviço, embora me pareça extravasado no seu âmbito de criação, com apenas alguns dos camaradas conhecidos e/ou amigos e intervenientes na mesma zona operacional. Mas quero também salientar o reconhecimento e respeito pelo trabalho desenvolvido e consideração pessoal por todos que colaboram, com destaque para os que diariamente trabalham no Blogue como o Carlos Vinhal e o Virgínio Briote.

Continuei e espero continuar a ser um fiel leitor dos trabalhos publicados no Blogue.

O facto de não ter visto publicado um ou dois textos enviados ou obtido resposta a uma ou duas questões particulares não foi razão, embora possa ter ajudado a não voltar a escrever ou comentar outros textos, sempre deixei inteira liberdade para publicarem apenas o que achassem conforme ou conveniente mesmo que assinado, já a falta de resposta me surpreendeu. Embrenhei-me neste Blogue de imediato e de uma forma tão emotiva e apaixonada que não me preocupei em primeiro ter um maior e melhor conhecimento dele. Nessa condição, dei o meu contributo com racionalidade, mas quase de um fôlego e sem pensar, três vezes, antes de o fazer.

Estava com a minha gente dizia, ou pensava, eu. Será solidariedade?

Não estou arrependido, mas, hoje... Irá eternizar-se esta minha dúvida.

Se há ou houve coisas de que discordo, não compreendo ou não percebo, outras tem havido que me possibilitaram já momentos únicos, como o reencontrar camaradas de quem nada sabia. Isso, só por si, foi excelente e só possível graças ao Blogue e a todos os que nele e para ele contribuem e se empenham. A todos o meu obrigado.

Não sendo nada mais do que eu próprio, tenho, para mim, que a verdadeira história é feita com todos os intervenientes e registos. Sempre disse não ter sido operacional, não ter sofrido ou passado o mesmo que outros, mesmo fazendo parte da tropa “macaca”, ou “fandanga” agora chamada de “bando”. Porém, isso, não me retira dos locais nem da experiência vivida, como não invalida ou impede o sentimento pela perda de camaradas/amigos, desconhecidos. Nada também me impede agora de ser ou estar solidário, palavra muito utilizada…

A verdadeira motivação para participar no Blogue foi a de manifestar a minha solidariedade, uma vez mais esta palavra, com todos os que viveram os acontecimentos mais difíceis e, desta forma, cerrar fileiras a seu lado, ombro a ombro e ajudar a evocar aqueles que, não estando já entre nós não o podem fazer, ou seja, libertarem-se, mais algum tempo, da lei da morte. Não tive motivos pessoais ou a necessidade de massajar o ego, essas oportunidades, embora efémeras, tive-as posteriormente. Não o fiz, nem quero.

Como Alentejano sou receptivo a qualquer boa anedota ou piada, não me afecta pessoalmente, mais, nem sei se alguma se me aplica, mas reconheço que a pouca aceitação das actividades ditas não operacionais, afasta a participação de outros camaradas cujo contributo poderia ser também valioso para o Blogue. Todos os filmes têm bastidores.

Entendo, eu, que cada um, na sua condição e serviço deu o seu melhor. Não quero nem procuro heróis, tantas vezes criados pelo medo… Respeito as discordâncias de opinião, mas, aos 59 anos, embora sendo dos mais novos e também dos últimos, a esta distância de tempo, ganhei a maturidade suficiente para não fazer juízos precipitados, imaginários, de ficção ou virtuais e muito menos de valor ou intenção sobre actos não vividos e sem provas como suporte e que possam causar outro tipo de sofrimento ou dúvida a quem os viveu.

A história é isso mesmo, não se apaga, embora possa, não se reescreve como queremos, embora se faça.

Nunca gostei de ser apenas um número, nem na tropa “macaca”, “fandanga” agora dita “bando” o fui, sempre entendi devermos dar algum contributo naquilo em que nos envolvemos, por isso tentei fazê-lo, não resultou, mas continuarei a ser apoiante, defensor e espectador atento e interessado, solidário, mais uma vez este termo, solidário.

Não me parece que alguém, aos 20 anos de idade escolhesse a Guiné para passar férias se não fosse por imposição, para não dizer obrigado, mesmo sendo administrativo, salvo com a devida vénia e, mesmo assim escrevo, apenas alguns, oficiais superiores do Q.P., por motivo de vencimento... Fui mobilizado passados mais de 14 meses de serviço que, somado aos 24 meses e 20 dias de Guiné, dá mais de 39 meses de tropa “macaca”, “fandanga” ou do dito “bando”. Há, esquecia-me, um dos chefes desse “bando” e responsável, se os havia, da pelo nome de Almeida Bruno.

§ - Único - Não sabendo ter a suavidade nas palavras como as do camarigo Mexia Alves, vejo-me obrigado a lembrar esse senhor que eu estive incorporado numa organização chamada Exército Português, de que ele era profissional, se os havia ou há ainda, à qual ele designa de “bando”…???

Depois de ter este texto escrito e em banho-maria há já algum tempo, constato verdadeiras situações de solidariedade e reencontro de camaradas e vejo-me obrigado a fazer as adaptações necessárias para o seu envio. Se não houvesse outras razões, estas, só por si, justificavam o Blogue. Mas porque a consideração para o seu criador e e editores além de todos os restantes colaboradores justificava fazê-lo, esta a explicação do andar afastado, outros há que vão continuar inibidos em se juntarem a este espaço de convívio.

Com um verdadeiro abraço de amizade e solidariedade do tamanho da vossa compreensão e aceitação de cada um.

BSardinha
Arroja, 09 de Fevereiro de 2009


Comentário de CV

Para que não fiquem dúvidas quanto à nossa imparcialidade, publicamos esta mensagem/crítica do nosso camarada Belarmino Sardinha, embora entristecidos por não compreenderem o nosso esforço diário para manter o Blogue actual.

Como devem saber, temos vida para além do Blogue. Adoecemos como as pessoas, temos problemas familiares, temos um sem número de assuntos pessoais a tratar durante o dia e, à noite, ainda estragamos a vista em frente ao monitor tentando, e não conseguindo, pôr esta escrita em dia, muitas vezes em detrimento da outra.

Recebemos este tipo de crítica, mas não as aceitamos. Aceitávamos, isso sim, mais um editor para nos ajudar. Há por aí alguém disposto a ajudar-nos? O nosso Blogue atingiu um ponto tal que é preciso quase o dia todo para trabalhar nele. Acreditem que 4 horas diárias não são suficientes.

Há postes que demoram por vezes cerca de uma hora a editar, porque alguns camaradas escrevem menos bem e temos que corrigir os textos.
Quase nenhuma foto é publicada sem ser editada por nós, quanto ao seu tamanho, se está acastanhada, eu trato de a pôr com aspecto de novo, corrigir as cores que se vão adulterando com o tempo e recuperar fotos tão estragadinhas que quando publicadas nem parecem as originais.
Há que fazer links para facilitar a procura a quem nos lê.
Há que andar a pesquisar no histórico em busca de coisas e pessoas já esquecidas.
Há um sem número de procedimentos a seguir.

É tanta e tão variada a correspondência que é muito fácil esquecer alguma mensagem. Em vez de criticarem, porque não mandarem um alerta pela demora ou reenviar o trabalho, fazendo menção do facto? Sentíamos-nos mais compreendidos.
Confesso, por vezes esqueço-me de ir ver a caixa de correio do Luís e como sabem, cada página do Gmail comporta 50 linhas, 50 mensagens. Se estou um ou dois dias sem lá ir, as mensagens mais antigas ficam escondidas, logo poderão esquecer.
Sugiro que enviem os vossos trabalhos simultaneamente para o Luís e para mim. É uma segurança de que um de nós a verá a tempo e horas.

Para além da correspondência relativa a textos para publicação, chegam-nos imensas mensagens a solicitar informações diversas, às quais respondemos.
Além disso, alguns camaradas ainda persistem em utilizar os nossos endereços de trabalho (Gmail) para mensagens com criancinhas queimadas, desaparecidas ou a precisarem de sangue que se encontra em qualquer drogaria, etc, etc.

Já fomos tudo, só faltava agora sermos parciais.

Como devem calcular não ganho à comissão e não publico mais ou menos trabalhos deste ou daquele, de acordo com eventuais luvas.

Se temos determinado assunto em discussão e chegam por exemplo 5 mensagens no mesmo dia, sobre ele, acham que os devemos publicar de enfiada? No meu critério, não.

Se aparece algo que tem a ver com algum acontecimento em dias muito próximos, não terá prioridade de publicação?

De cada vez que se apresenta um camarada novo, além do poste de apresentação, é preciso fazer um registo com os seus dados, abrir novo contacto nos dois Gmail e enquadrá-los nos respectivo Grupos de endereços para envio de mensagens colectivas, actualizar a lista que enviamos periodicamente aos camaradas, acrescentá-lo na página do Blogue, etc. Nada pode falhar.

Camaradas, só lhe pedimos tolerância. É difícil?

Estou de corpo e alma neste Blogue, por consideração a vós todos e em especial ao Luís Graça. Como diria a outra, até que a voz me doa.

Vosso camarigo
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4170: Blogoterapia (99): Joaquim Gomes, mais um Comando africano barbaramente assassinado (Magalhães Ribeiro)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4158: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (3): Hoje houve ronco na Tabanca de Matosinhos (Luís Graça)

Matosinhos > 8 de Abril de 2009 > Tínhamos marcado encontro, hoje, no Restaurante Milho Rei, sito na esquina da Rua Heróis de França, 721, com a Av da República, e que é às quartas-feiras a sede da Tabanca de Matosinhos. Estavam lá todos ou quase todos os nossos camaradas de Matosinhos & arredores, os do costume, mais uns tantos, periquitos ou sulistas... Fica aqui uma foto (incompleta) de família... O resto da narrativa tem continuação, mais logo, se houver uma aberta na blogosfera...



Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > A cozinheira, guineense, Isilda Maria do Rosário Gomes de Sousa, há 15 anos em Portugal. Filha de Salvador, irmão do Carlos Domingos Gomes, o velho Cadogo - comerciante de Bissau, nacionalista, e que eu tive o prazer de conhecer pessooalmente no Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), pai do actual primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior ... (Aproveito para publicamente dizer, a todo o pessoal interessado, que ele Cadogo, teve a gentileza de me oferecer um exemplar, autografado, das suas memórias, e de me autorizar a sua publicação no nosso blogue, o que fareo em próxima oportunidade)...

Foi a simpatiquíssima Isilda que nos fez o panelão de chabéu, servido à mesa para mais de 4 dezenas de convivas... O petisco estava cinco estrelas, e mereceu os aplausos gerais. No início, o Xico Allen estava preocupado com o número (imprevisto) de comilões que foram chegando à mesa... Mas o chabéu chegou para todos....

A nossa amiga fez uma curta declaração para o blogue e fez votos de paz para o seu país... "Que deixem de se matar uns os outros!" - foi o seu grito de guerra...




Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > A organizaçã estava a cargo do Xico Allen, do Silvério Lobo (aqui na foto) e do Álvaro Basto. O Zé Teixeira, desta vez, não compareceu, porque estava em viagem de turismo pelo Reino de Marrocos... O ambiente geral foi de grande alegria, confraternização, camaradagem, partilha... No vídeo, a nossa amiga Isilda cantou o Adeus, Guiné! com aquela energia e garra que nos habituámos a ver e a admirar nas mulheres guineenses.

Foto e vídeos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

______________

Notas de L.G.:

(*) 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4144: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (2): Partiu vivo jovem forte/Voltou bem grave e calado... (Sophia) (Vasco da Gama)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4127: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (1): 4 anos, um milhão de páginas visitadas... (Luís Graça / Carlos Vinhal)


Lisboa > 22 de Março de 2009 > Cais de Alcântara, visto da Ponte 25 de Abril... > Foi durante a guerra colonial, o nosso cais de partida ...

Foto: © Luís Graça (2009). Direitos reservados


1. Texto do editor L.G.:

Como já transmiti pelo correio interno da Tabanca Grande, vou triar umas férias sabáticas do nosso blogue, como editor principal, justamente no mês em que (i) fazemos 4 anos; e (ii) vamos atingir o milhão de páginas visitadas...

O Carlos Vinhal, co-editor, desde há 2 anos, aceitou, com estoicismo, galhardia, valentia, patriotismo, sangue frio, determinação, companheirismo e sentido do dever a tarefa de me substituir como editor-mor... Ou não fosse ele um homem das Minas & Armadilhas... e do Norte!!! Estarei por perto, mas menos envolvido.

O Virgínio Briote, por sua vez, está com outra tarefa em mãos, a edição das memórias do nosso camarada guineense que foi dos Velhos Comandos (Brá, 1965/66)e depois dos Comandos Africanos (1970/72) e da CCAÇ 21 (1973/74), o Amadu Djaló, um homem que atravessou, quase incólume, toda a guerra, de 1963 a 1974, e conheceu também o antes (1958/62) e o depois (1975/80)... Português da Guiné, é português de 2ª em Portugal... Temos a obrigação de lhe prestar homenagem e chamar a atenção par o seu caso, doloroso, que é também o de muitos outros antigos combatentes guineenses que estiveram ao nosso lado, escolheram estar ao nosso lado, sofreram ao nosso lado, transportaram às costas os nossos mortos e feridos, guardaram as nossas costas, deram o melhor da sua juventude... e a quem fomos ingratos.

Tudo para explicar que o nosso VB está menos disponível para as tarefas bloguísticas. Razão também por que ando, desde há tempos, à procura de um quarto editor. O blogue cresceu muito, a Tabanca é já um batalhão...

Como já dizemos, entre nós, na brincadeira, e sem qualquer ponta de vaidade, o mundo é pequeno e o nosso blogue é grande... Há solicitações de todo o lado, para as quais já não temos capacidade de resposta: escolas, turistas, cooperantes, investigadores, iniciativas da sociedade civil, pedidos de informação e apoio(e cada vez mais da Guiné-Bissau!)...

Ainda há dias fui contactado - em português ! - por um por tenente coronel piloto aviador da Força Aérea Norte-Americana (USAF) que queria o contacto do nosso Coronel 'strelado' Miguel Pessoa, por que está fazer um trabalho de investigação, académico - imaginem! - sobre a história da guerra dos céus na 'nossa' Guiné (1963/74) (*)...

Por outro lado, acaba de ser aprovado o relatório de actividades de 2008, da AD- Acção para o Desenvolvimento, a ONG guineense que elegemos como parceiro privilegiado para acções de solidariedade, cooperação e salvaguarda da memória da guerra, e que faz na Guiné, em vários pontos do território, o trabalho, dedicado, competente, entusiástico, em prol do desenvolvimento sustentado e integrado das populações que infelizmente a administração pública guineense ainda não faz ou ainda não pode fazer (Lá chegaremos, que a gente acredita no futuro da Guiné-Bissau!)...

Pois, pela terceira vez consecutiva, os nossos amigoss da AD fazem-nos um voto de louvor, ao nosso blogue, que eu agradeço em nome de todos nós. (Haveremos de falar com mais detalhe desse relatório, que já disponível em linha, em pdf, no sítio da AD).

Para o 4º co-editor, estou a fazer sondagens mas também aceito sugestões... Por outro lado, vou pedir ao Carlos Vinhal que pense no nosso IV Encontro Nacional da Nosssa Tabanca Grande... A malta, sondada, inclinou-se para Junho ou Outubro... E é importantre receber sugestões sobre o local: Região Centro, equidistante do Norte e do Sul ? Novamente em Monte Real, como no ano passado ? Vamos ter que discutir isto e arranjar uma pequena equipa organizadora... Voluntários, precisam-se.

Temos novos camaradas para conhecer: somos já 315 ou coisa parecida... Temos algumas decisões importantes para tomar, em relação ao futuro, e que passam por um maior grau de formalização e estruturação da nossa Tabanca Grande... Termos que nos proteger (por exemplo,em termos de propriedade intelectual...). Temos que arranjar dinheiro. Temos que mudar de instalações. Temos livros e outras iniciativas para lançar... Queremos ser mais solidários, etc., etc. E sobretudo queremos estar juntos, de vez em quando, beber um copo, conhecermo-nos melhor, pessoalmente, etc.

Contamos com a vossa amizade, compreensão e camaradagem.

Assinado: Luís Graça (mas seguramente com o apoio tácito, dos meus camaradas de equipa, Carlos Vinhal e Virgínio Briote)

2. Do nosso camarada Vasco da Gama, um Tigre de Cumbijã, que participou na Conferência Internacional sobre a Poesia da Guerra Colonial, em Coimbra, no passado dia 30 de Março, juntamente com o nosso poeta Josema, o Zé Manel Lopes, da Régua (e de Mampatá):

(...) Vocês não imaginam...O Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné é do conhecimento de quase todos os professores presentes no colóquio a que assisti com o meu querido Josema na Universidade de Coimbra.

Estava também uma doutoranda do Porto que está a fazer uma tese sobre a situação dos militares oriundos da Guiné que combateram ao nosso lado e que diz ser visita diária da nossa Tabanca. Quando me sentir melhor escreverei sobre a reunião. (...)


Cuida da tua saúde, Vasco!... Por mor dela, estás dispensado da viagem e do almoço em Matosinhos, no Milho Rei, 4ª feira, dia 8! Eu, estarei, em princípio, para dar um abraço à malta da Tabanca de Matosinhos. L.G.


3. Do nosso camarado Beja Santos, recebemos a seguinte missiva:

Luis, Querido Amigo, Sei o que é isso de mergulhar num tsunami de silêncio sepulcral. Eu cá estou na minha gostosa prisão literária, ando a escrever sobre o consumo sustentável e a «Mindjer Garandi», mesmo sujeita aos tropeções da vida profissional, prossegue, e vou enviar-te o que já está escrito. Como se fala da Guiné dos anos 50 e 60, se lá encontrares prosa sugestiva que queiras publicar em 1ª mão no blogue, escolhe umas páginas.

Partilho das tuas preocupações quanto ao futuro e sustentabilidade do blogue, mas para isso tens de criar condições para um debate interno sem inibições. Um grande abraço e votos de bom trabalho, Mário



4. Por sua vez, o editor principal em funções este mês acaba de mandar um pedido à Tabanca Grande, juntamente com a lista, actualizada, de nomes, endereços e contactos:

Caros Camaradas Tertulianos

Estamos a proceder à actualização dos dados pessoais dos atabancados. Quem ainda não nos disse qual era o seu antigo posto militar, Especialidade, a sua Unidade, locais por onde andou, e muito mais grave, quem ainda não nos enviou as fotos da praxe, fica intimado desde já a fazê-lo o mais breve possível.

Facultativamente poderão dizer-nos a localidade onde moram e o número de telefone de contacto, que poderá ou não de acordo com o indicado, fazer parte da lista fornecida à tertúlia.

Já agora digam-nos a vossa data de nascimento, isto é verdade também para os que já cá têm os seus dados militares e repectivas fotos.

Quando alterarem o vosso endereço de email ou se preferirem que utilizemos outro para vosso contacto, avisem-nos, indicando os alternativos.

Há camaradas cujos endereços rejeitam as mensagens. Desconhecemos os motivos, mas não será por se terem zangado connosco.

Ajudem-nos a servi-los melhor.

Fico a aguardar as vossas respostas.

Como entraram alguns camaradas recentemente para a tabanca, envio-vos nova listagem com a indicação das alterações. Podem completá-la/corrigi-la e devolvê-la à procedência.

Obrigado pela vossa colaboração.

Vosso camarada ao dispor

Carlos Vinhal


__________


Nota dos editores:

(*) Reprodução do mail (que foi reencaminhado para o Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref:


Exmo. Senhor Luís Graça, Chamo-me Matthew Hurley e sou Ten Cor na USAF. Estou neste momento a fazer uma dissertação em história sobre a guerra aérea na Guiné no período de 1963-1974.

Sobre um post a respeito de uma comunicação de Miguel Pessoa será que me podia facultar o e-mail dele de forma a eu pedir autorização ao visado para reproduzir as suas declarações na minha tese? Ou então será que podia dirigir o meu pedido ao próprio?

Obrigado por tudo fico a aguardar uma resposta.

Lt Col Matt 'Liz' Hurley, USAF

"Those whom the gods would destroy, they first make proud"


O nosso Miguel respondeu-lhe logo de seguida:

Caro Matt:

Recebi através do blogmaster Luís Graça o seu pedido para reproduzir os textos que publiquei em www.blogforanadaevaotres.blogspot.com .

Não vejo qualquer inconveniente em que o faça, apenas lhe peço que mencione o local de onde retirou o texto. Suponho que terá solicitado o apoio de alguém para traduzir o seu pedido para a língua portuguesa. Se pretender contactar-me no futuro, "feel free to do it in american english", ou continue em português, se for do seu agrado.

Best regards
Miguel Pessoa

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3844: FAP (5): Reflexões sobre o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (João Carlos Silva)

1. Mensagem João Carlos Sousa Silva, Cabo Especialista MMA na BA6, com data de 1 de Fevereiro de 2009: Caros Luís Graça, Carlos Vinhal e Virgínio Briote, Sei que estarão assoberbados de mensagens, mas, após vários meses de leitura diária do vosso blog, decidi hoje passar para o papel (digo computador) algumas ideias que me têm ocorrido e que gostaria de partilhar. Para quando tiverem alguma disponibilidade. Partilho esta mensagem com o meu companheiro Victor Barata pois foi através do seu blog Especialistas da BA12 que aprendi mais coisas sobre este tema (e é portanto também para ele esta mensagem), com quem já partilhei algumas ideias e que cheguei ao vosso blog. Junto envio fotografia (para a fotografia) na linha da frente da esquadra 301, na BA6 Montijo.

De Nada a Forte Gente se Temia – Lema da esquadra 301 Jaguares Saudações Especiais, João Carlos Silva, MMA, Jaguares (FIAT G-91), 2ª/79 2. Em primeiro lugar apresento-me, sou o João Carlos Silva “alfacinha” de gema pois nasci na “velha” rua da Palma (sabem aquele Fado “…ai Mouraria da velha rua da Palma…”, pois é essa mesmo) e vivi 24 anos na Freguesia dos Anjos. Actualmente (há quase outros tantos) resido no concelho de Almada (sempre com Lisboa à vista…, ou quase). Militarmente falando, servi na Força Aérea Portuguesa de 1979 a 1982, como cabo Especialista MMA na BA6, na esquadra 301 onde operavam os FIAT G-91 (esquadra criada em 1978, antes disso e desde Agosto de 1974 era a esquadra 62 com as aeronaves vindas do Ultramar e da BA5, in Historial da Esquadra 301). Resumidamente, comecei na Manutenção (como era da praxe) tendo posteriormente trabalhado sempre na Linha da Frente. Faço parte da tertúlia da linha da frente do blog Especialistas da BA 12 do companheiro Victor Barata, pelas razões que expresso nesta mensagem e porque ele (e restantes companheiros) me acolheu nesse espaço de forma generosa. Porquê esta minha “atabalhoada” mensagem ? Bom, por várias razões. A principal, como se vocês precisassem com quase 1 milhão de visitantes desde Abril de 2005, será porque quero partilhar convosco o que pode sentir (por isso a objectividade não será o forte deste texto) alguém que não esteve na Guerra Colonial por via da idade. Como é que chegamos aqui ? Bem, eu lembro-me bem de quando “miúdo” pensar, com bastante receio, que em breve seria a minha vez de avançar para África no cumprimento de um dever que afectava toda uma geração de jovens portugueses (e também de jovens guineenses, só agora tenho essa percepção, o vosso blog também tem essa virtude). Para este sentimento muito contribuiu a comissão do meu primo Victor Condeço (membro da vossa Tabanca Grande) por terras da Guiné, mais concretamente em Catió, e especialmente quando o fomos esperar ao cais da Rocha Conde de Óbidos em Alcântara. Além disso, tenho vagas memórias das preocupações porque passava a família. Adicionalmente, tenho um outro parente, por parte da minha mulher, que serviu na Marinha e teve 2 comissões na Guiné, operando nas lanchas naqueles perigosos rios. Mais recentemente, constatei que dois antigos colegas meus de trabalho fazem parte da Tabanca Grande, o Raul Albino e o António Matos (Garcia de Matos). Provavelmente não se lembrarão de mim, mas, eu como mais “moderno”, lembro-me deles. Depois, porque tenho vindo a absorver toda a informação e especialmente nos últimos dias me chamaram especial atenção algumas mensagens. Por exemplo, o complexo tema de Guiledje, como podem existir visões tão distintas sobre os mesmos acontecimentos, as mensagens do António Martins de Matos e a resposta de Nuno Rubim na mensagem 3811, a mensagem 3816 do Miguel Pessoa, que muito bem dizes em comentário “Na América já estavas no cinema…em Portugal, nem sequer te (re)conhecem…”, a mensagem 3820 do Joaquim Mexia Alves, com a qual eu concordo bastante, e a mensagem 3824 do Virgínio Briote (comentário à mensagem 3820 do Mexia Alves). Bom, eu leio tudo isto e fico preso a estes relatos que muitos dos mais jovens simplesmente ignoram ou não fazem ideia porque parece que foi considerado tabú (ver mensagem 3824 do Virgínio Briote). É notável o número de visitantes que a vossa Tabanca Grande tem tido, reflexo significativo da importância que tem este assunto da Guerra Colonial e da possibilidade de os protagonistas expressarem a sua visão e os seus sentimentos. É de louvar os contributos na primeira pessoa e a dedicação dos Editores do blog que permitem que todas estas mensagens cheguem a todos nós e que possam ficar registadas para que os vindouros venham a conhecer, assimilar e respeitar o passado. Não é possível criar uma identidade sem considerar o passado. De certeza que já receberam, refiro-me a malta mais “moderna”, inúmeras manifestações de respeito e admiração pela missão cumprida no meio de todos estes sacrifícios físicos e psicológicos, no entanto, nesta sociedade actual em que muitos fazem gala em “rotular”, rebaixar ou tentar anular, os parceiros do lado sem sequer se darem ao trabalho de os conhecer (profissionalmente ou pessoalmente) apenas por um alegado espírito de competitividade aplicado superficialmente e sem nexo e que não sei aonde nos vai levar (parece que não está a dar resultado), faço questão de transmitir de forma muito clara o meu respeito e admiração por todos os ex-combatentes e às respectivas famílias que tanto sofreram. De Nada a Forte Gente se Temia – Lema da esquadra 301 Jaguares Saudações Especiais, João Carlos Silva, MMA, Jaguares (FIAT G-91), 2ª/79 3. Comentário de CV Caro João Carlos Silva, obrigado pelos teus comentários ao nosso Blogue, que representam para nós a certeza de que estamos a chegar a gente mais nova, que viveu um tempo em que já não era necessário ir combater na Guerra Colonial.

O facto de nos leres e te interessares por acontecimentos que, aparentemente, não te dizem respeito, faz com que te convidemos a fazeres parte da Tabanca Grande, como camarada não combatente, mas não menos importante. Esperamos que nos vás transmitindo as tuas impressões desinteressadas e desapaixonadas, qualidades próprias de quem como tu não participou na guerra. Esperamos notícias tuas, quanto à adesão à Tabanca. Envia-nos uma foto actual e outra do teu tempo de Cabo Especialista da FA, já que a que eu editei não tem grande qualidade. Para ti, um abraço da Tertúlia __________ Nota de CV: Vd. último poste da série de 4 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3839: FAP (4): Drama, humor e... propaganda sob os céus de Tombali (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

sábado, 25 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3356: Em bom português nos entendemos (3): Termos informáticos e seu significado em português (Ferreira Neto)




1. Mensagem do nosso atento camarada Ferreira Neto (*), ex-Cap Mil da CART 2340, (Canjabari, Jumbembem e Nhacra, 1968/69), com data de 24 de Setembro passado, falando-nos de alguns termos usados na informática, que poderiam ser substituídos facilmente por palavras portuguesas, se nos habituássemos a aplicá-las com mais frequência.


Caro Vinhal:

BLOG nem sequer é uma palavra inglesa. É resultado da contracção do termo WEB LOG, julgo absolutamente aceitável como neologismo no nosso léxico, o termo traduz de uma forma simples um montão de coisas.

O termo LINK pode ser substituido pelo português hiperligação (termo usado na informática com o mesmo significado).

BROWSER, e porque não navegador, que felizmente já se vai usando?

Porque não deixamos por uma vez de utilizar termos ingleses, quando podemos substituí-los pelos nossos equivalentes. Confesso que muitas vezes recorro ao dicionário, como agora estou a fazer. Não sei se neste programa da introdução dos computadores nas escolas, estará previsto a introdução dos termos portugueses. Creio que seria uma boa ideia. Na China como farão?

A blog (a contraction of the term "Web log") is a Web site, usually maintained by an individual [1], with regular entries of commentary, descriptions of events, or other material such as graphics or video. Entries are commonly displayed in reverse-chronological order. "Blog" can also be used as a verb, meaning to maintain or add content to a blog. Many blogs provide commentary or news on a particular subject; others function as more personal online diaries. A typical blog combines text, images, and links to other blogs, Web pages, and other media related to its topic. The ability for readers to leave comments in an interactive format is an important part of many blogs. Most blogs are primarily textual, although some focus on art (artlog), photographs (photoblog), sketches (sketchblog), videos (vlog), music (MP3 blog), audio (podcasting), which are part of a wider network of social media. Micro-blogging is another type of blogging, one which consists of blogs with very short posts. As of December 2007, blog search engine Technorati was tracking more than 112 million blogs.[2] With the advent of video blogging, the word blog has taken on an even looser meaning — that of any bit of media wherein the subject expresses his opinion or simply talks about something.

Abraço
Neto
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Tradução (rápida) de LG, a pedido do co-editor CV

Um blogue (, do inglês blog, contracção da expressão "Web log") é um sítio da Web, normalmente mantido por um indivíduo, com entradas regulares de comentários, descrições de acontecimentos, ou outros materiais, tais como gráficos ou vídeo.
As entradas aparecem geralmente por ordem cronológica, do mais recente para o mais antigo.

O termo blog também pode ser usado, em inglês como um verbo, significando manter (ou acrescentar conteúdos a) um blog. (Blogar, na gíria portuguesa). Muitos blogues apresentam comentários ou notícias sobre um assunto específico, enquanto outros funcionam mais como diários pessoais em linha. Um blogue típico combina texto, imagens e hiperligações para outros blogues, páginas da Web e outras fontes relacionadas com o seu tópico. A possibilidade para os leitores de deixar comentários num formato interactivo é uma funcionalidade importante de muitos blogues.

A maioria dos blogues são principalmente de texto, embora alguns tenham tenham um enfoque na arte (artlog), na fotografia (photoblog), no desenho (sketchblog), no vídeo (vlog), na música (MP3 blog), no áudio (podcasting), todos eles parte integrante de uma vasta rede de meios sociais de comunicação. ‘Micro-blogging’ é um outra forma de blogar, consistindo em blogues com postes (ou postagens) curtíssimos.

Em Dezembro de 2007, o motor de pesquisa de blogues Technorati estava a monitorizar o mais de 112 milhões de blogues. Com o advento dos blogues de vídeo, a palavra ‘blog’ tem assumido um significado ainda mais flexível - qualquer bocado de bit de media em que um indivíduo expressa sua opinião ou simplesmente fala sobre algo.
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Nota de CV

(*) Vd. poste de 23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3227: Em bom português nos entendemos (2): Estória ou História (Ferreira Neto e Carlos Vinhal)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3337: Blogoterapia (65): 800 mil páginas visitadas em 21 de Outubro de 2008 (Carlos Vinhal)

Luís Graça, fundador e editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1. Caros camaradas e amigos tertulianos

No momento em começava a elaborar o rascunho que deu lugar ao poste que estais agora a ler, o contador de acessos ao nosso Blogue registava

visitas

Podem e devem ver as estatísticas apresentadas pelo Luís Graça no poste 3321, porque somos, e devemos dizê-lo com alguma vaidade, um caso sério.

Sendo nosso Blogue dedicado só à Guiné, é visitado por ex-combatentes de outros TO, facto que temos constatado pelas pessoas que nos contactam. Estudiosos da guerra colonial, estudantes dos diversos graus de ensino e pessoas que se interessam por esta parte da História recente de Portugal, nos contactam para solicitar informações sobre a guerra ou sobre a Guiné. A todos damos uma palavra, porque também é nossa missão ajudar quem se interessa pelo nosso passado de ex-combatentes.

2. No dia 20 de Outubro endereçava a seguinte mensagem a todos os tertulianos:

Caros camaradas e amigos tertulianos
Hoje ou amanhã vamos atingir a cifra de 800 mil visitantes no nosso Blogue.
Para mantermos, ou se possível aumentarmos a nossa perfomance, precisamos da colaboração de todos. Chamo a atenção dos camaradas e amigos mais antigos que por julgarem terem esgotado as suas ideias, deixaram de colaborar, não deixando no entanto, temos a certeza, de nos lerem. Estamos a cada passo a lançar séries novas para dar hipótese a que esses tertulianos possam reescrever as suas memórias.

Temos para convosco uma falha enorme que é a actualização da nossa fotogaleria. O Luís está à procura de uma solução técnica, pois eu e o Briote não podemos aceder, como é lógico, ao servidor da UNL onde está alojada a respectiva página, para que a possamos ir actualizando. No entanto as vossas fotos servem para personalizar os vossos trabalhos, porque os encimamos sempre com os vossos rostos actuais ou antigos, alternadamente.

Vamos em frente camaradas e mantenhamos vivo, activo e actual o Blogue da Tabanca Grande. Honremos o Luís Graça que com muito esforço e pundonor levou a efeito esta tarefa que cumpre agora a todos manter. Não posso deixar de incentivar os amigos e naturais da Guiné-Bissau para reforçarem a sua colaboração que é sinceramente bem-vinda.

Em nome dos editores deixo um público e sentido obrigado a todos, sem excepção. Chamada especial a quem, por qualquer motivo se sinta menos bem connosco, esqueçam coisas sem importância, desculpem-nos qualquer coisinha e venham trabalhar como se nada se tivesse passado.

Para todos, um abraço do tamanho da Guiné-Bissau, pequena em área, mas enorme na força de união que gerou entre nós.

O vosso humilde colaborador
Carlos Vinhal

Última foto de família da Tertúlia, tirada aquando do II Encontro em Pombal em 2007. Organização do camarada Vitor Junqueira.

3. Alguns retornos:

i - Do Chefe Luís Graça, cujas palavras não reproduzo, por motivos óbvios.

ii - Do nosso camarada José Colaço

Caro e humilde amigo C. Vinhal
O desculpem qualquer coisinha é de uma doçura.
Mas lembro que muitas das vezes as situações surgem: de a nossa geração mal sabemos o a,e,i,o,u do mundo informático, somos os próprios a cometer os erros e a seguir vamos para o mais fácil, culpamos quem está do outro lado.
Continuem com a vossa carolice e que a saúde os acompanhe por muitos e longos anos. Perfeito nem aquele a que chamam Deus.

É tudo.
Para toda a administração, direcção e colaboradores um grande Alfa Bravo
Colaço


iii - Do camarada Torcato Mendonça

Só agora li.
Deixa-me dar-te um abraço e agradecer a ti, ao Luis Graça e ao Virginio Briote todo o esforço e dedicação a esta causa. Prefiro nada mais dizer, mas senti as tuas palavras.

És um tipo do caraças pá. Abraço-te.
Um tri abraço e parabéns do TM


iv - Do camarada Vasco Joaquim

Força camarada... a humildade nunca fez mal a ninguém, antes pelo contrário, ajuda a reconhecer o trabalho que cada um efectua.

Bem hajam pelo esforço dispendido na forma como nos aproximam tornando-nos uma grande família que lutou em África, da qual guardamos a saudade daqueles que conhecemos e não voltaram.

Um grande abraço a todos,
Vasco J. Joaquim


v - Do camarada Mário Beja Santos

Carlos,
De mim não tens nem terás razão de queixa, começo amanhã a ler «Auá», talvez o melhor romance guineense do período colonial, sempre a pensar no blogue.
Espero que vocês tenham em conta as coisas que vos enviei. A propósito, vou 5.ª f.ª fazer a conferência sobre o meu 1.ª livro da guerra da Guiné, conto que vocês façam alguma promoção...

Um abraço cheio de amizade,
Mário


4. Sabemos que uma esmagadora maioria dos nossos tertulianos está em sintonia com estes camaradas que se expressaram por escrito, mas o seu silêncio é o reflexo da, relativa, pouca colaboração que temos tido no Blogue. Parece que temos medo de escrever as nossas memórias.

Não posso acreditar que haja alguém que não tenha algo para contar, por exemplo, da sua viagem de ida e volta para a Guiné, da primeira vez que esteve debaixo de fogo, de mil e uma reacções que todos tivemos nas mais diversas situações que se nos depararam. Não queremos só histórias de guerra, de acções de bravura...
Vejamos os exemplos de dois camaradas, de que me lembrei assim de repente, o Jorge Cabral e as suas histórias surrealistas, que se fossem inventadas não seriam tão estranhas. Desmontam completamente a nossa visão mais catastrófica da guerra.

O outro exemplo, o do Zé Teixeira que a miúde nos delicia com as suas histórias mais viradas para a parte humanitária, desempenhada pelo nosso Serviço de Saúde Militar, do qual ele é um digno representante.

Para finalizar, não quero deixar no ar a ideia de que o nosso blogue não tem participação. Pelo contrário. Só queremos é que todos participem. Não se preocupem, porque se for preciso daremos uma ajuda a compor o texto.

Atentem às nossas palavras de ordem: Queremos trabalho.

Um abraço para todos e marcamos já encontro para quando atingirmos o milhão de visitas. Será breve.

Saudações da equipa editorial

Luís Graça
Virgíno Btiote
Carlos Vinhal
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Nota de CV

Vd. poste de 16 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3321: Blogoterapia (64): 800 mil páginas visitadas (400 mil num ano), 270 membros, 3320 postes, 42 meses, 2 + 1 comissões na Guiné...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2550: Blogoterapia (43): O que os Jornais dizem (Virgínio Briote)


Capa do DN, de hoje, 17 de Fevereiro de 2008. Com a devida vénia.

1. Hoje na revista do Diário de Notícias

Fidelidade, honra, lealdade. Em 1961, o regime salazarista começou a recrutar soldados nativos para combaterem contra os movimentos independentistas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Durante os 13 anos seguintes, milhares de africanos juraram pela bandeira portuguesa e lutaram aos lado dos colonos. Quando o conflito terminou, a maioria ficou entregue à sua sorte. Estas são as histórias dos que foram mortos, dos que ainda vivem escondidos no mato e dos que conseguiram fugir para a metrópole. Homens que Portugal abandonou e tentou esquecer. Aqui estão eles. (...)

Em meia dúzia de páginas, Ricardo Rodrigues do DN (fotos de Constantino Leite) fala das histórias de algumas daquelas vidas.
E chama colonos aos que daqui para lá foram, muitos deles que com aquelas idades nem o mar ainda tinham visto. Eu, o mais longe que tinha ido tinha sido à Madeira e a S. Miguel e à Terceira, nos Açores.

Não temos que estranhar, nem as histórias que contam nem os temas que abordam. Continua a ser um assunto que vende. É e vai continuar a ser, uma das feridas que a nossa História recente ainda não fechou.
E muitas outras páginas ainda se vão escrever sobre os Camaradas, originários daquelas terras, que nos acompanharam de G3 na mão.

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2. Os nossos Camaradas presentes-ausentes: breve nota

Não faço ideia do que levou o Luís Graça a abrir esta página sobre a Guerra da Guiné. Mas, que tem méritos, tem.
E não só por, todos os dias, acrescentar novas páginas de acontecimentos, uma boa parte deles esquecidos ou oficializados pela história oficial. Relatar estes factos esquecidos é importante, especialmente se estão a ser contados por intervenientes ainda vivos.

E muito importante também é dar-nos a oportunidade de lavar a crosta que nestes quarenta e tal anos decorridos se foi acumulando.

Para mim, espero que permitam que o facto de ser co-editor não me limite, o principal mérito do nosso blogue foi e continua a sê-lo todos os dias, permitir que nós, ex-combatentes da Guerra da Guiné, se encontrem e, que em conjunto, se esforcem por arrumar prateleiras fechadas em sótãos, anos e anos.

Muitos de nós, mais de 200, têm dado a cara. Fotos, mapas, nomes, relatos pessoais, relatórios oficiais, de tudo isto se vai fazendo a história do nosso blogue. E falar do nosso blogue é contar a história da Guerra da Guiné.

Somos uma minoria. Quantos combatentes passaram pela Guiné, desde 1963, o início oficial da Guerra até ao fim em Abril de 1974?
Que é feito de tantos e tantos outros, muitos deles ainda bem vivos, e alguns dos quais sabemos serem nossos acompanhantes diários, ainda que silenciosos?

Caros Camaradas, que silenciosamente nos acompanham, o que esperam para se juntarem a nós, acrescentando mais factos, mais imagens, mais depoimentos?

É possível que alguns pensem que há coisas a separar-nos (a informática, a escrita?).

Mas naqueles tempos, entre o início da década de 60 e os meados da de 70, estávamos todos juntos, dentro dos mesmos aquartelamentos, os arames farpados eram os mesmos, as picadas e os trilhos que pisávamos eram também os mesmos e as balas das PPSHs, e as granadas dos morteiros e dos RPGs atingiam-nos indiscriminadamente.

vb

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1987: Blogue-fora-nada: O melhor de... (2): Apanhados pelo macaréu e mortos no Rio Geba (Sousa de Castro, CART 3494, Xime, 1972)


Guiné-Bissau > Zona Leste > Xime > 1997 > As traiçoeiras águas do Rio Geba, a seguir à confluência com o Rio Corubal, e no início do troço conhecido como o Geba Estreito. Era aqui se podia apreciar o espectacular e ao mesmo tempo assustador fenómeno do macaréu. No Rio Amazonas, Brasil, é conhecido por pororoca [a propósito, vejam este espectacular vídeo, no You Tube, de uns malucos a fazer surfing, em Março de 2003, sobre a maior onda do mundo, a pororoca, no Rio Amazonas: Pororoca Surfing].

Em termos simples, o macaréu é uma onda de arrebentação que, nas proximidades da foz pouco profunda de certos rios e por ocasião da maré cheia, irrompe de súbito em sentido oposto ao do fluxo da água. Seguida de ondas menores, a onda de rebentação sobe rio acima, com forte ruído e devastação das margens. Pode atingir vários metros de altura, mas tende a diminuir a sua força e envergadura à medida que avança.

Neste rio, o Geba, ou nesta parte do rio, o Geba Estreito, que ainda é de água salgada, três soldados da CART 3494, aquartelada no Xime, camaradas do Sousa de Castro, desapareceram, em 10 de Agosto de 1972, apanhados pelo macaréu quado se dirigiam de lancha para um patrulhamento ao Mato Cão. Só o cadáver de um foi recuperado... Mais uma erro (criminoso) de um dos nossos brilhantes oficiais superiores que, desastradamente, conduziram aquela merda de guerra... (LG).

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados.


Texto publicado originalmente no Blogue-fora-nada (*). Retomado agira, na série Blogue-fora-nada: O Melhor de ... (**), em homenagem ao nosso tertuliano nº 2.

Memórias da Guiné, Xime (1972-1974)
por Sousa de Castro (***)

Xime. CART 3494 (****). 10 de Agosto de 1972.

A companhia nesse dia recebeu instruções para fazer um patrulhamento através do rio Geba, em lanchas, e depois entrar no mato e seguir para Mato Cão. Tínhamos lembrado ao Major de Operações, [do BART 3873, com sede em Bambadinca,] que a hora que ele, major, determinara para sair, não seria ideal, já que dentro de pouco tempo passaria o Macaréu (1).

Mesmo assim ele entendeu que haveria tempo de sair antes de passar o Macaréu. Os pelotões envolvidos nesse patrulhamento não tiveram outra alternativa senão obedecer. Os soldados, pela experiência adquirida, sabiam que uma desgraça iria acontecer. Dá-se então aquilo que todos esperavam, e que não se podia evitar: são apanhados pelo Macaréu.

A embarcação virou e então cada qual tentou desenrascar-se como pôde do perigo de morrer afogado. Muitos não sabiam nadar. Depois com todo peso de armamento que transportavam, para além da farda que envergavam, viram-se e desejaram-se para se safarem, mas nem todos o conseguiram. Assim morreram afogados três camaradas, sendo um da Póvoa de Varzim, casado, com uma filha, outro de Famalicão, este solteiro, e um terceiro que já não me recordo de onde era.

Nesse mesmo dia, todo pessoal da companhia desdobrou-se em esforços tentando encontrar os que desapareceram. Só apareceu o de Famalicão, no dia seguinte, já em estado de começo de decomposição.

Normalmente a companhia fazia diariamente segurança à estrada que ligava o Xime a Bambadinca. Era necessário ir buscar o pelotão que fazia essa mesma segurança. Eu era radiotelegrafista, não podia sair do quartel, mas vendo o estado muito abatido devido ao cansaço em que os transmissões de infantaria se encontravam, peguei no transmissor AVP-1 e na G-3 (2), ofereci-me como voluntário e fui juntamente com o pelotão buscar o pessoal que fazia a segurança à dita estrada.

Era de noite, então dá-se aquilo que eu não previa. Uma vez no local para agrupar o pessoal que fazia segurança da estrada, vi-me envolvido numa situação para mim única. Começa um forte tiroteio. Supondo ter sentido algo a mexer, eu, ao saltar da viatura, sem querer fiz um disparo, com pessoal na linha da frente. Fiquei preocupadíssimo, poderia ter atingido algum camarada meu, o que não aconteceu felizmente.

Ao vir para o quartel, antes de entrar, o Furriel Carda, que era de Ponte de Sor (era quem comandava o pelotão que foi buscar a segurança no qual eu estava integrado) mandou parar as viaturas e disse:
- Alguém que está na minha viatura disparou um tiro. Quero saber quem foi. Ninguém quer dizer? É fácil. Cheira-se a arma de cada um e descobre-se já.

Como havia um alferes periquito (3), e a maior parte da malta pensando ter sido ele quem deu o tiro, acharam por bem que o melhor seria esquecer e ir embora para o quartel. Será que esse alferes também fez algum disparo? Ainda hoje estou na dúvida.

Domingo, 27 de Setembro 1998. Sousa de Castro

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Notas do S.C.:

(1) Sublevação brusca das águas, que se produz em certos estuários no momento da cheia e que progride rapidamente para as nascentes sob forma violenta, capaz de fazer estragos em pequenas embarcações.

(2) Espingarda automática usada pelas nossas tropas.

(3) Militar acabado de chegar à Guiné.

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Notas de L.G.:

(*) Vd. post de 22 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro) (extractos)

(**) Vd. post de 11 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1945: Blogue-fora-nada: O melhor de ... (1): Nunca contei uma estória de guerra aos meus filhos (Virgínio Briote)

(***) O Sousa de Castro, ex-1º Cabo Trms, da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74), do BART 3873, é histórica e cronologicamente o nosso tertuliano nº 2. E este foi o texto nº 6 que se publicou relacionado com a Guiné 63/74...

(****) Vd. post de 15 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1664: Composição da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) (Sousa de Castro):

Eis os nomes dos três camaradas mortos ou desaparecidos no Rio Geba, nesta tragédia do dia 10 de Agosto de 1972:

Soldado Abraão Moreira Rosa (desaparecido)

Soldado José Maria da Silva e Sousa (morto)

Soldado Manuel Salgado Antunes (desaparecido)