Mostrar mensagens com a etiqueta doutoramento. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta doutoramento. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4463: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (5): Colaboração do nosso blogue

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Fiofioli > Março de 1969 > Operação Lança Afiada. O Alf Mil Paulo Raposo, da CCAÇ 2405, junto a um dos helicópteros. O número de evacuações, por insolação, desidratação, doença, ataque de abelhas e esgotamento foi enorme: mais de uma centena de casos (*)

Fotos: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados


Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Maio/Agosto de 1968 > A construção do aquartelamento de Gandembel requereu muitas canseiras envoltas em perigo permanente, para que se garantisse alguma segurança aos nosso homens, uma vez que eram alvo de inúmeros e consecutivos ataques inimigos.

Foto 320 > "E nestas acções, a aeronave trazia sempre algo. Desta vez, uns cunhetes de armamento que se descarregam, enquanto o ferido espera a oportunidade de ser levado até ao Hospital Militar" (**)


Foto e legenda: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados


1. Mensagem de Matt Hurley

Senhores,

Many thanks for posting this on your web site! (*) I look forward to comments from your comrades, fellow veterans of the war in Guinea.

If I could be so bold, might I make one more request? I would like permission from your contributors to use any original photos of they might have. These include photos already posted on your site, which would be most convenient to download and use. Of course, I will give them full credit! I am most interested in photographs of:

- Aircraft used in Guinea (F-86, PV-2, C-47, AL-III, T-6, G.91, DO-27, C-54/DC-6, Boeing 707), especially "on the ramp" at Bissalanca and in FAP markings;
- The airfield at Bissalanca--overhead views, the runway, the shelters, etc.;
- Captured PAIGC anti-aircraft weapons, such as the ZPU-4 or the 12.7mm machinegun;
- Portuguese aircraft during operations over Guinea, especially pictures from inside the aircraft;
- Pictures of personnel who played important roles, such as Ten Cor Brito, Gen Spinola, Ten Pessoa, Cor Lemos, or others;
- Reconnaissance photos of targets, either before or after FAP missions;
- And, sadly, pictures of aircraft that were damaged or shot down in Guinea.

I respectfully request the rights to use any photographs in my dissertation, or any book that might follow. Again, full credit will be given to anyone who permits me to use such photographs.

Very respectfully,
- Lt Col Matthew Hurley Tradução do e-mail do Matt


Tr. do Miguel Pessoa:

Senhores,

Muito obrigado por terem publicado a minha súmula no vosso site! Aguardo com expectativa os comentários dos vossos camaradas, colegas veteranos da guerra na Guiné (***).

Se me permitem a ousadia, poderia fazer-vos mais um pedido? Gostaria da permissão dos vossos colaboradores para utilizar quaisquer fotos originais de que possam dispôr, o que incluiria fotos já publicadas no site, as quais são fáceis de copiar e usar. Claro que irei dar todo o crédito aoa respectivos propritários!

Estou mais interessado em fotografias de:

(i) Aeronaves utilizadas na Guiné (F-86, PV-2, C-47, AL-III, T-6, G.91, DO-27, C-54/DC-6, Boeing 707), especialmente nas placas de estacionamento, em Bissalanca, com as marcas da Força Aérea Portuguesa;

(ii) A pista em Bissalanca - imagens na vertical, da pista, dos abrigos, etc;

(iii) Armamento anti-aéreo capturado ao PAIGC, como a ZPU-4 ou a metralhadora 12,7 mm;

(iv) Imagens de aeronaves da FAP no decorrer de operações na Guiné, especialmente as obtidas do interior da aeronave;

(v) Fotos de pessoal que desempenhou papéis importantes, como o Ten Cor Brito, Gen Spinola, Ten Pessoa(*), Cor Lemos Ferreira, ou outros(**);

(vi) Reconhecimento fotográfico de objectivos, quer antes quer depois da execução das missões;

(vii) E, infelizmente, as imagens dos aviões que foram danificados ou abatidos na Guiné.

Respeitosamente, solicito o direito de utilizar as fotografias na minha dissertação, ou em qualquer livro que possa vir a ser publicado. Mais uma vez, todo o crédito será concedido àqueles que me permitirem a utilização de tais fotografias.

Muito respeitosamente, Tenente Coronel Mateus Hurley.

(*) Texto do autor, esclarecimento de MP.

(**) Nota de MP: Aqui, deveria acrescentar-se o nome do Cor Gualdino Moura Pinto, o qual era à época Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné.


2. Mensagem original de resposta, em portugês:

Caro Matt

Recebi o teu e-mail. Na sequência do pedido que fazes, o Luís Graça deu a sua permissão para a utilização do material publicado no site - textos e fotos. Da minha parte também não há qualquer restrição.

No entanto, o material específico que pedes não existe nos arquivos do blog nem nos meus arquivos pessoais.

Dado o bom relacionamento que tem havido entre vós no passado, sugiro-te que encaminhes esse pedido para o Chefe de Estado Maior da Força Aérea ou para o Arquivo Histórico da Força Aérea.

Cheers. Miguel


Versão em inglês do texto anterior, enviada ao Matt Hurley em 2JUN09


Dear Matt I received your e-mail. Answering to your request, Luís Graça gave his permission for the use of all the material published on the site - text and photos. From my part there isn't also any restriction.However, the specific material you are asking doesn't exist in the archives of the blog or in my personal files.

Given the good relations that you have mantained in the past, I suggest that you forward this request to the Portuguese Air Force Chief of Staff (CEMFA) or the Arquivo Histórico da Força Aérea (AHFA) Cheers. Miguel



3. Resposta do Matt, com data de 3 de Junho:

Miguel, Many thanks! I will certainly contact Cor Alves at AHFA, but the photographs on Luis' blog are certainly a great place to start!

Cheers, - Matt Hurley


[Miguel, muito obrigado! Irei seguramente contactar o Cor Alves, do AHFA, mas não dispenso, para começar, as fotografias do vosso blogue, que são muito importantes para mim. Saudações, Matt Hurley.

4. Comentário de L.G.:

Teremos muito gosto em colaborar neste projecto de doutoramento. Só mais recentemente com a entrada de alguns camaradas da FAP (Incluindo, pára-quedistas, enfermeiras pára-quedistas,pilotos e técnicos de manutenção aeronáutica) é que começaram a aparecer histórias e fotos relacionadas com este ramo das forças armadas portuguese que estiveram no CTIG, entre 1963 e 1974. O nosso arquivo sobre a FAP não é tanto rico como o do Exército. Mas assim é muito melhor do que o da Marinha... Isto tem a ver essencialmente com a composição da nossa Tabanca Grande. Dentro destas limitações, daremos a melhor colaboração ao Matt Hurlei. Desde já lhe desejamos felicidades para levar a cabo, com sucesso, a sua tese de doutoramento.



Graça's comments to be read by Matt Hurley and other English-speaking persons:

We appreciate very much the honnor and the opportunity of participating, as actors, key-informants or only verbal and non-verbal documentation suppliers, in this research project on the air power during colonial war in the Guinea-Bissau. Only recently some Portuguese Air Force veterans (including paratroops, paratroops nurses, pilots and aircraft maintenance technicians) have come into our group blog, starting now to tell their stories and send their photos. By this reason, our documentation on the Air Force, this branch of the Portuguese Armed forces having played an important role during the colonial war, is not so rich as the Army one. Neverthless, it is much better than the Navy's stories and pictures... Explanation is mainly due the composition of our Tabanca Grande [ Big Village, in the Portuguese-based creole language of Guinea-Bissau, is the name of our social network]. Apart from these limitations, we will give the best collaboration to Matt Hurley. Best wishes to you. Good luck to to carry out and accomplish, successfully, your Ph D dissertation. Many thanks too to our Friend and Comrade Miguel Pessoa, Retired Air Force Pilot, Colonel, by offering his knowledge and language skills to our veterans' community.

_____________

Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2592: Voando sob os céus de Bambadinca, na Op Lança Afiada, em Março de 1969 (Jorge Félix, ex-Alf Pil Av Al III)

(**) Vd. poste de 21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28

(***) Vd. postes anteriores desta série:

29 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4436: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: tradução de Miguel Pessoa (4): Alguns comentários

27 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4430: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (3): Parte III (Bibliografia)

27 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4423: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (2): Parte II

26 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4418: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (1): Parte I



sexta-feira, 29 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4436: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: tradução de Miguel Pessoa (4): Alguns comentários

1. Mensagem de Miguel Pessoa (*), para Luís Graça, com data de 29 de Maio de 2009:

Assunto: Comentários ao texto do Matt Hurley

Luís

Da experiência que já tenho dos timings da publicação dos Postes no blogue, não me parece que o texto do Matt Hurley venha provocar grandes comentários por parte dos bloguistas. Mas lembro que durante a preparação da tradução solicitaste pareceres a diversos tabanqueiros. Pelo menos tenho conhecimento destes que incluí mais abaixo. Devidamente adaptados, talvez queiras introduzi-los como comentários ao Poste ou incluí-los na série "Comentários que merecem ser Postes" (desculpa lá se não é esse o termo, mas estou a escrever de cor...). Isto é uma simples sugestão.

Abraço
Miguel


2. Assim, seguindo a sujestão do nosso camarada Miguel Pessoa e a indicação do Editor do Blogue...

Comentários ao texto do Matt Hurley:
De João Seabra

Luís
Cá recebi o sumário do trabalho do Matt Hurley. Não tenho grande coisa a acrescentar em relação ao que te escrevi ontem. Tal como o autor, também não vejo que lições se possam tirar de experiências passadas que tenham alguma utilidade para uma doutrina da contra-insurreição actual.

Acho mesmo que as cidades constituem hoje o derradeiro maquis. Já não há, praticamente, terrenos difíceis onde as técnicas modernas não sejam mais do que suficientes para pôr fora de combate potenciais insurgentes. Os helicópteros actuais, os dispositivos de observação nocturna, a observação espacial, o empastelamento electrónico das transmissões adversas, a extraordinária precisão das armas e munições actuais, etc., tornam irrisórios os tradicionais santuários geográficos (montanhas, pântanos, florestas, etc.).

Restam as cidades, onde os guerrilheiros se podem movimentar com facilidade desde que, evidentemente, as forças armadas modernas se abstenham de as arrasar (como os Russos fizeram em Grozny).

Isto vale especialmente para o Iraque, onde 90% da população é urbanizada.

Sobre a tradução do Miguel, diria que escolheste a pessoa indicada. Prefiro (mera opinião) o termo situação para traduzir status, em vez de estado da arte sobre o tema, expressão que, parece-me, talvez mal, poderia induzir em confusão entre o estado da literatura sobre a arte e o estado da arte propriamente dita.

Só há uma expressão que me parece relativamente obscura (mais por culpa do autor do que do tradutor): a que se refere à não linearidade na guerra. (uma vez que) as operações efectuadas a uma escala relativamente pequena e os seus efeitos imediatos tinham desproporcionado profundamente o impacto….

A linearidade de uma função exprime efectivamente uma relação de proporcionalidade (directa). A não linearidade sugere uma desproporção. Entre o quê? meios e resultados? meios e efeitos? meios e impacto? efeitos impacto? O que é o impacto?

Enfim, o problema pode não ser do autor (e muito menos do tradutor), mas deste específico leitor, que é particularmente obtuso.

Acho o texto interessante e gostaria de o ver publicado no blogue. Quanto mais não seja porque enuncia explícitamente uma tese que merece estudo, e com a qual, possivelmente, haverá quem esteja em desacordo.

Mas eu sou dos que pensam que a controvérsia (racional) é mais profícua do que o chamado consenso.

Abraço
João Seabra


De Manuel Augusto Reis

Caríssimo Luís
Aqui vai, tarde e a más horas, a minha modesta opinião sobre o trabalho de doutoramento de Mr. Mattew H. Hurley.

Sobre o estudo de caso considero-o muito bem conduzido e o resultado das investigações vêm de encontro ao que nós, no terreno, vivíamos e sentíamos. Sem a eficácia de actuação da Força Aérea, na Guiné, ficávamos deveras fragilizados.
Mr Matew H. Harley fala na nossa superdepência das NT, no terreno, da eficaz actuação da FAP. Não só no aspecto operacional, mas também no aspecto logístico (alimentação, correio, evacuação de feridos ou doentes, etc...). Esta era, de facto, a realidade.

A sua ligação ao 25 de Abril é feliz, pois com a crescente evolução tecnológica (mísseis terra-ar) e a intensificação da sua utilização por parte do PAIGC, a actuação da FAP ficava bastante limitada (o que foi notório a partir de Maio de 73) e o recolher a Bissau tornava-se inevitável. Havia que fazer algo. Um desaste de grandes dimensões transformar-se-ia num vexame para nós aos olhos do mundo.
Isto apressou o 25 de Abril (estava previsto para Julho, dizia-se nos bastidores revolucionários).

Um abraço amigo
Manuel Reis


De Hélder V. Sousa

Caro Luís Graça
Quase conseguindo cumprir o prometido, aqui vão alguns, poucos, comentários ao trabalho do Matthew Hurley.

Como disse antes, não devo ter reparado ou entendido que o enviado anteriormente seria para comentar e disso me penitencio.

Ontem, como te disse, fui a Vila Franca de Xira para participar na divulgação pública do "Manifesto da Memória" das gentes da Secção Cultural da União Desportiva Vilafranquense, que foi muito interessante. Disso poderei falar mais tarde, se achares que possa ter algum interesse. Entre a malta do meu tempo (geracional e de actividades), encontrei uma amiga minha, chamada Ana Diogo (aliás, a médica Ana Diogo), que me disse que através dum texto que lhe enviei, publicado no nosso Blogue, ela te reconheceu e disse que tinha sido tua aluna numa formação qualquer e que até se conheciam e se davam bem.

Então, agora em relação ao artigo, começo por dizer que não tenho muita coisa a dizer.

No ponto 5. Esboço dos Capítulos, está indicado o conteúdo que ele pretende desenvolver. Parece-me que a sequência indicada é a óbvia, aquela que resultará duma abordagem com a distanciação necessária para obter o que pretende, estudar em simultâneo a acção da FAP e a acção do PAIGC para contrariar ou tentar contrariar a acção da FAP, e vice-versa.

Parece-me que ele irá pelo caminho que tentará mostrar que entre esses dois parâmetros de observação há muito de inter-relação, muito de causa-efeito. Assim, numa primeira fase a FAP, mesmo com meios limitados (relativamente poucos aparelhos e pouco modernos) será senhora incontestada dos céus da Guiné e isso será de uma importância não só inquestionada como irá obrigar o PAIGC a desenvolver actividades de defesa aérea. Com o desenrolar os tempos foi possível ao PAIGC introduzir equipamentos mais modernos e eficazes, obrigando a FAP a reajustar a sua estratégia, o seu modo de operação.

Sabe-se, sentiu-se e o autor faz eco disso, socorrendo-se inclusivamente do nosso Blogue (e também dos relatos datados do livro do A. Graça de Abreu), que a sombra protectora da FAP foi sempre um factor de grande importância para as operações no terreno, fossem elas de apoio às acções propriamente ditas, em acções de evacuações, de cobertura, até de simples meio de ligação com a rectaguarda, de que a distribuição de correio não era a menos importante. A perturbação do modus operandus da FAP, motivada pela adaptação da estratégia a aplicar para contrariar a tal entrada en cena dos "Strella", coincidindo com um cada vez maior efeito diluidor que progressivamente ia desgastando as NT foi também certamente uma contribuição decisiva para ajudar a criar o ambiente que culminou no 25 de Abril.

Do estudo sistemático comparado das acções de uns e outros o Autor tentará extrair as suas conclusões no sentido de retirar daí as lições que considerará relevantes para os actuais desafiosde insurreições com que se defrontam hoje os Estados Unido e os seus aliados, já que é sua firme convicção que esse estudo contém em si o que de mais paradigmático se poderá obter nesse sentido.

Como conclusão acho que é muito interessante que alguém, com a importância que tem o Autor, considere a nossa guerra, em particular a da Guiné, como uma fonte de ensinamentos e que muito poderão ajudar nos actuais desafios. Bem, talvez não seja de espantar assim tanto, afinal não é isso que temos andado a provar este tempo todo? Que a Guiné foi especial? Que essencialmente se deve a isso (não só mas também) o êxito do nosso Blogue?

Depois é reconfortante (e dá uma merecida pontinha de orgulho) saber que o Autor se socorreu do conteúdo do Blogue para defender alguns pontos de vista e que para além de textos e depoimentos lá contidos também o utilizou como veículo de contacto com elementos relevantes, como o caso do Miguel Pessoa. E que também se socorreu do livro do António Abreu.

Quanto aos pormenores de datas e outras questões técnicas, que eventualmente possam conter falhas, erros ou imprecisões (que não se quer que existam, até para não serem factores comprometedores) não me posso pronunciar por desconhecimento de causa.

Bem Luís, não sei bem se era este tipo de comentário que tinhas em mente, mas foi o que consegui fazer.

Um abraço
Hélder S.


De Alberto Branquinho

COMENTÁRIOS

1 - Pág. 9 do texto em inglês - linha 12:
«...I suspect it involves a complex interplay bettween national policy, military will, tactical considerations, weapons technology, superpower rivalry and insurgent motivation

Digo eu: - It's all right, sir !

Já ouvi falar de tudo isso em qualquer parte... mas poderia explanar (se é que está ciente disso) um pouco mais sobre o que é que entende por national policy?

Era só a política de São Bento e arredores ou algo mais? E sobre o estado da Nação?

É preciso ter em atenção a TENTAÇÃO (norte-) americana average de querer simplificar tudo o que não é States. E, além disso, de ver o mundo à sua imagem e semelhança.

E segue:

By unreaveling some of that complexity, I intend to demonstrate the link between the employment of a shoulder-fired air missile and the collapse of an empire!! (o sublinhado e a exclamação são meus).

Ao menos poderia ter dito que o SIMPLES shouder-fired air missile poderá ter sido um possível CATALIZADOR e não a CAUSA que produziu esse EFEITO. But Portugal is so small, gentlemen... don't you agree?

2 - Gostava muito saber o que pensa de todo este escrito do Matt Hurley o nosso camarada António Graça de Abreu, que entende que os Strela não afectaram a supremacia aérea Portuguesa, pois que comia em Cufar os repolhos (transportados pela FAP) que tinham chegado nesse mesmo dia a Bissau por via aérea.

3 - Mais haveria a dizer, mas o que vai em 1. acima é a parte fundamental.

Alberto Branquinho
__________

Notas de CV:

(*) Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, Guiné (1972/74), actualmente Cor Pilav Reformado

Vd. último poste da série de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4430: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (3): Parte III (Bibliografia)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4423: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (2): Parte II

Guiné > Bissalanca > Base Aéreas nº 12 > 1969 > Linha da Frente dos Heli Al III. Foto de António Silva Vieira, Ex-Esp MMA 2ª/67, Guiné (BA12, 1968/70). (O nosso camarada Vieira, de 61 anos, alistou-se na Força Aérea na BA-2, no 2º turno de 1967, como recruta para especialista, jurou bandeira em 25/08/1968, ficou na BA-2 para tirar a especialidade de MMA, foi mobilizado para a Guiné, para prestar serviço na BA-12, embarcou em 02/10/1968, foi integrado na Esquadrilha de manutenção dos Allouette III, teve como Comandante da Base o Cor Tir Pilav Manuel Diogo Neto, ficou no CTIG até 17/05/70, coincidinmdo portanto a sua comissão com o Gen Spínola, enquanto Com-Chefe e Governador Geral).

Foto: Cortesia do blogue do Victor Barata, Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 1965/74


Continuação da publicação das versões, em português e em inglês, do paper que o Matt Hurley, Ten Cor da USAF (na foto, à esquerda), teve a gentileza de nos enviar, com o resumo da sua tese de doutoramento, a decorrer na Universidade do Estado de Ohio, EUA. Tradução do nosso camarada e amigo Miguel Pessoa (na foto, à direita), antigo Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, Guiné (1972/74).

O nosso reconhecimento também aos membros do nosso blogue Alberto Branquinho, João Seabra e Vasco da Gama que puseram à nossa disposição as suas competências linguísticas e deram uma ajudinha ao Miguel, com sugestões de melhoria do texto, em português (*):

Súmula da tese de doutoramento de Matthew M. Hurley,Ten Cor da Força Aérea dos EUA:Departamento de HistóriaUniversidade do Estado de Ohio
Data: 23 de Fevereiro de 2009
Orientador: Prof Guilmartin John F., Jr.

Título do Trabalho:

"O ímpio Grail: O Poder Aéreo do Governo e a Defesa Aérea dos revoltosos na Guiné Portuguesa, 1963-1974". (**)


(...) 4. Questões para orientar a investigação.


A primeira questão que pretendo abordar diz respeito ao valor do Poder Aéreo numa campanha de contra-insurreição. Para atingir este objectivo, irei primeiro analisar os papéis e as missões da FAP na Guiné-Bissau, bem como as provas relativas ao sucesso ou insucesso das operações aéreas.

Talvez mais importante ainda, deve ser considerada a percepção do Poder Aéreo que existia por parte das forças terrestres, especificamente até que ponto elas contavam com o apoio da FAP, e o impacto subsequente, quando esse apoio foi retirado ou reduzido.

Correspondentemente, deve ser também considerada a importância da defesa aérea para os insurrectos. A percepção que o PAIGC tinha do Poder Aéreo Português - e a sua reacção a ele - pode dar-nos a bitola o proporcionar-nos talvez o melhor meio de medir a eficácia das operações da FAP.

Claramente, o PAIGC atribuía uma importância considerável à necessidade de defesa aérea, o que irei esforçar-me por demonstrar na dissertação. A título de exemplo, o PAIGC e o seu líder, Amílcar Cabral, investiram um capital diplomático considerável na aquisição de armas de defesa aérea.

Por conseguinte, também pretendo explorar o impacto do apoio externo aos movimentos insurrectos, bem como as razões que motivaram nações como a União Soviética a fornecer armas cada vez mais sofisticados a grupos de guerrilheiros no território de um membro da NATO.

De uma forma mais crítica, pretendo tentar avaliar a forma como a perda de um punhado de aviões da FAP provocou um impacto tão profundo nas operações aéreas dos portugueses, na guerra na Guiné-Bissau, e em toda a estrutura do império.

Esta questão torna-se ainda mais embaraçosa se se tiver em conta o número muito maior de perdas sofridas pela aviação americana devido ao SA-7, no Vietnam durante o ano de 1972, mas sem qualquer efeito apreciável no seu comportamento global na guerra naquele país.

Algo provocou este impacto diferente nos dois casos, suspeitando eu que envolve uma complexa interacção entre a política nacional, a vontade militar, considerações tácticas, a tecnologia do armamento, a rivalidade das superpotências, a motivação dos insurrectos.

A guerra na Guiné-Bissau, tal como qualquer outra insurreição, foi ricamente complexa, porém cada insurreição é complexa à sua própria maneira. Ao desvendar alguma dessa complexidade, pretendo demonstrar a ligação entre o emprego de um míssil portátil de defesa aérea e o colapso de um império.


5. Esboço dos Capítulos.

Os dois primeiros capítulos de fundo irão explorar as motivações e os objectivos dos antagonistas a um nível global, institucional. No que diz respeito ao lado Português, vou basear-me fortemente na apresentação que escrevi para o mais recente seminário de História 801.2, do Prof Beyerchen, intitulado "A Metáfora do Império: Fazer Identidade, Guerra, e Revolução durante o período do Estado Novo em Portugal".

Este capítulo irá examinar as razões que levaram Portugal a combater para manter o seu Império Africano, com a convicção aparente do Estado Novo de que a futura sobrevivência de uma política portuguesa independente passava pela manutenção da estrutura do império.

Um capítulo idêntico, explorando as motivações do PAIGC, irá analisar o desenvolvimento dos seus programas político e militar, a sua campanha para mobilizar o apoio das populações, e o deliberado desenvolvimento de um nacionalismo inter-étnico para unir etnias antagónicas guineenses contra o inimigo comum colonialista.

Usando o programa do PAIGC como um trampolim, o terceiro capítulo de fundo analisará o início e a condução da guerra a partir de uma perspectiva macro. Em particular, este capítulo analisará as estratégias políticas e militares das forças Portuguesas e do PAIGC, detalhando a forma como as estratégias em conflito se influenciaram mutuamente ao longo do conflito.

O capítulo seguinte irá fazer o mesmo numa perspectiva centrada no campo aéreo. Com base nos trabalhos em curso para o seminário de História 767 do Prof. Mansoor, este capítulo analisará a evolução das operações aéreas da FAP e as actividades de defesa aérea do PAIGC. Requisitos operacionais e estratégicos fluidos, e a resposta do inimigo, todos eles condicionaram as actividades aéreas, com cada lado tentando obter ou manter um controlo suficiente do ar para permitir alcançar os seus objectivos estratégicos mais importantes.

O quinto capítulo irá divergir ligeiramente da narrativa global e examinar a guerra a partir da perspectiva das potências exteriores, sobretudo no que diz respeito ao Poder Aéreo.

Para os portugueses, este foi principalmente um estudo das limitações, dadas as restrições impostas pelos E.U.A. e NATO quanto ao material que a FAP podia desviar para a luta na Guiné.

Para o PAIGC, por outro lado, é essencialmente um avolumar de oportunidades à medida que Amílcar Cabral e os seus sucessores travavam uma cada vez mais bem sucedida campanha pela ajuda militar por parte do bloco comunista.

Este capítulo analisará também o desenvolvimento de sistemas específicos de defesa aérea que foram mais tarde usados na Guiné-Bissau, incidindo sobre a sua adequação à guerra de guerrilha e o seu uso em conflitos anteriores, a fim de fornecer uma perspectiva para o seu posterior emprego pelo PAIGC.

Esta utilização final é objecto do sexto capítulo, que vai analisar a guerra aérea na Guiné-Bissau de 1973 a 1974. Este foi o período em que o PAIGC usou pela primeira vez o míssil portátil soviético ZPRK Strela-2M (Código NATO SA-7 Grail), que inicialmente reduziu a eficácia da FAP; embora as tácticas usadas mais tarde limitassem a eficiência dos mísseis, as perdas sofridas inicialmente e o seu impacto na eficácia da FAP continuaram a limitar as operações aéreas dos portugueses até ao fim da guerra.

Também durante este período, Portugal recebeu relatos de que a União Soviética estaria a treinar pilotos do PAIGC para pilotar MiGs baseados na vizinha Guiné-Conakri, um programa que teria neutralizado definitivamente a superioridade aérea dos portugueses se fosse implementada (a FAP não dispunha de aviões específicos para o combate ar-ar).

O capítulo seguinte, que é o capítulo de fundo final, irá explorar o impacto desses acontecimentos no moral dos militares portugueses, na estabilidade política e no golpe de estado de Abril de 1974 que praticamente trouxe um fim à guerra.

Um capítulo conclusivo tentará retirar lições relevantes para o actuais desafios de insurreição com que se defrontam hoje os Estados Unidos e os seus aliados.

6. Bibliografia corrente.

Por favor, veja o apêndice em anexo, "Bibliografia Provisória."

APROVADO:

O professor John F. Guilmartin, Jr. Professor Alan Beyerchen (...)

[A continuar - Parte III]
______

[Versão original, em inglês. Continuação]

Dissertation Prospectus for Matthew M. Hurley, Department of History, The Ohio State UniversityDate: 23 February 2009. Advisor: Prof. John F. Guilmartin, Jr.

Working Title: The “Unholy GRAIL: Government Airpower and Insurgent Air Defense in Portuguese Guinea, 1963-1974.”

(...) 4. Questions to Guide Research.

The first question I intend to address regards the value of airpower in a counterinsurgency campaign. In order to assess this, I will first examine the FAP’s roles and missions in Guinea-Bissau, as well as evidence pertaining to the success or failure of air operations. Perhaps most importantly, the Portuguese ground forces’ perception of airpower must be considered, specifically the degree to which they relied on FAP support, and the subsequent impact when that support was withdrawn or curtailed. Correspondingly, the importance of air defense to the insurgents must also be considered. The PAIGC’s perception of Portuguese airpower—and their reaction to it—provide perhaps the most persuasive metric by which to measure the effectiveness of FAP operations.

Clearly, the PAIGC attached considerable importance to the requirements of air defense, which I will endeavor to demonstrate in the dissertation. By way of example, the PAIGC and its leader, Amílcar Cabral, invested considerable diplomatic capital in the acquisition of air defense weaponry. Consequently, I also intend to explore the impact of external support to insurgent movements, as well as the factors that motivated nations such as the Soviet Union to provide increasingly-sophisticated arms to guerrilla bands in a NATO member’s territory.

Most critically, I intend to try to assess how the loss of a handful of FAP aircraft exerted such a profound impact on Portuguese air operations, the war in Guinea-Bissau, and the entire imperial enterprise. This question becomes more perplexing in light of the fact that US air arms suffered far more losses to the SA-7 system in Vietnam during 1972, but without any appreciable effect on its overall conduct of the war there. Something accounts for this difference in impact, and I suspect it involves a complex interplay between national policy, military will, tactical considerations, weapons technology, superpower rivalry, and insurgent motivation. The war in Guinea-Bissau, like any other insurgency, was richly complex; however, like Tolstoy’s unhappy families, each insurgency is complex in its own way. By unraveling some of that complexity, I intend to demonstrate the link between the employment of a shoulder-fired air defense missile and the collapse of an empire.

5. Chapter Outline.

The first two substantive chapters will explore the motives and objectives of the antagonists from a macro, institutional level. Regarding the Portuguese side, I will draw heavily from the paper I wrote for Prof. Beyerchen’s latest History 801.2 seminar, entitled “The Empire Metaphor: Making Identity, War, and Rebellion during Portugal’s Estado Novo Era.” This chapter will examine Portugal’s rationale for fighting to maintain its African Empire, including the Estado Novo’s apparent conviction that the future survival of an independent Portuguese polity necessitated the maintenance of imperial stature.

A similar chapter exploring the PAIGC’s motives will examine the development of its political and military programs, its campaign to mobilize peasant support, and its deliberate development of an inter-ethnic nationalism to unite antagonistic Guinean ethnicities against a common colonialist foe.

Using the PAIGC program as a springboard, the third substantive chapter will examine the initiation and conduct of the war from a macro perspective. In particular, this chapter will consider the evolving military and political strategies of the Portuguese forces and the PAIGC, detailing how the contending strategies influenced each other over the course of the conflict.

The following chapter will do much the same from an air-centric perspective. Drawing on work currently in progress for Prof. Mansoor’s History 767 seminar, this chapter will examine the evolution of FAP air operations and PAIGC air defense activities. Available equipment, fluid operational and strategic requirements, and enemy response all conditioned these aerial activities as each side attempted to gain or maintain sufficient control of the air to enable the attainment of their larger strategic aims.

The fifth substantive chapter will diverge slightly from the overall narrative and examine the war from the perspective of outside powers, particularly where airpower was concerned. For the Portuguese, this was largely a study in constraints, given US and NATO restrictions on what the FAP was able to bring to the Guinean fight. For the PAIGC, on the other hand, it is primarily a tale of expanding opportunities as Amílcar Cabral and his successors waged an increasingly successful campaign for military aid from the Communist bloc. This chapter will also examine the development of specific air defense systems that were later used in Guinea-Bissau, focusing on their suitability to guerrilla warfare and their use in earlier conflicts in order to provide context to their later employment by the PAIGC.

That later employment provides the sixth substantive chapter, which will examine the air war in Guinea Bissau from 1973 to 1974. This was the period when the PAIGC first used the Soviet ZPRK Strela-2M (NATO SA-7 GRAIL) shoulder-fired missile, which initially hindered the FAP’s effectiveness; although subsequent Portuguese counter-tactics later curtailed the missile’s efficiency, the initial spate of losses and their impact on FAP effectiveness continued to limit Portuguese air operations for the remainder of the war.

Also during this period, Portugal received reports that the Soviet Union was training PAIGC MiG pilots to be based in neighboring Guinea-Conakry, a program which would have definitively neutralized Portuguese air superiority if implemented (the FAP had no dedicated air-to-air fighters in Guinea-Bissau). The following chapter, the final substantive one, will explore the impact of these events on Portuguese military morale, political stability, and the April 1974 coup d’etat that for all intents and purposes brought the war to an end. A concluding chapter will attempt to distill lessons relevant to the current insurgent challenges facing the United States and its allies today.

6. Current Bibliography.

Please see the attached appendix, “Provisional Bibliography.”

APPROVED:

Professor John F. Guilmartin, Jr. Professor Alan Beyerchen

ADVISOR COMMITTEE MEMBER

[To be continued - Part III]
__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste 26 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4418: O poder aéreo no CTIG: uma pesquisa de Matthew M. Hurley, Ten Cor, USAF: Trad. de Miguel Pessoa (1): Parte I

Vd. também poste de 16 de Abril de 2009 >Guiné 63/74 - P4197: FAP (23): O poder aéreo no CTIG, 'case study' numa tese de doutoramento nos EUA (Matt Hurley / Luís Graça)

(**) Em inglês, "unholy Grail" também poderia ser traduzido por "ímpio Graal", por oposição a Santo Graal... O autor faz aqui uso de um trocadilho: Grail, nome de código do Strela soviético no campo da Nato, é também Graal... Nas lendas e na literatura da Idade Média, o Santo Graal pode designar várias coisas, mas normalmente refere-se ao cálice usado na Última Ceia por Jesus Cristo. Nas lendas do Rei Artur, cabe aos Cavaleiros da Távola Redonda encontrar o Santo Graal, talismã que vai permitir devolver a paz às terras do Rei... No caso da Guiné, para os portugueses o Graal (o Strela) não é santo mas ímpio, porque traz com ele não a paz, mas a escalada da guerra...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2447: Julião Soares Sousa, o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra (Carlos Marques Santos)


Universidade de Coimbra > 11 de Janeiro de 2008 > Doutor Julião Soares Sousa. Foto retirada do Diário As Beiras, de 12 de Janeiro de 2008, com a devida vénia. O historiador guineense será um dos oradores do Simpósio Internacional: Guiledje na rota da independência da Guiné-Bissau (Guiledje e Bissau, 1 a 7 de Março de 2008).

O nosso Camarada Carlos Marques Santos enviou-nos um recorte do jornal Diário As Beiras de 12 de Janeiro de 2008, que transcrevemos, com a devida vénia.

Julião Soares Sousa é o primeiro guineense doutorado pela UC [Universidade de Coimbra]


Historiador e investigador guineense, especialista em História Política da Guiné e de Cabo Verde, Julião Soares Sousa defendeu ontem [, 11 de Janeiro de 2008,] com mérito a sua dissertação, intitulada “Amílcar Cabral e a luta pela independência da Guiné e Cabo Verde 1924-1973”.

Natural da Guiné, é actualmente colaborador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra (1).

Em 1991 concluiu a Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). Seis anos depois, em Janeiro de 1997, torna-se mestre em História Moderna, também pela FLUC.

Desde 1999 que vinha a preparar o seu doutoramento, em História Contemporânea. A sua principal área de investigação é a construção do Estado nos PALOP. Porém, revela ainda um gosto por outras áreas científicas, nomeadamente, História de África, História e Cultura dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, História da Expansão, Colonialismo e Anticolonialismo.

Quanto a publicações, em 2003 lança a sua primeira obra, intitulada, “Os movimentos unitários anticolonialistas (1954-1960). O contributo de Amílcar Cabral”. Faz parte da revista Estudos do Século XX, do (CEIS20).

Publica, ainda, “Amílcar Cabral: do envolvimento na luta antifascista à manifestação de tendência autonomista no Portugal do pós-Guerra (1945-1957)”. A publicação resultou de comunicações e discursos produzidos no II Simpósio Internacinal Amílcar Cabral realizado na Cidade da Praia, Brasil, entre 9 e 12 de Setembro de 2004.

Carlos Marques Santos
ex-Fur Mil da CART 2339
Fá Mandinga e Mansambo
1968/69

2. Comentário de CV:

Congratulamo-nos, na nossa Tabanca Grande, com a existência de mais um guineense Doutor (por extenso) em História Contemporânea, formado por uma universidade portuguesa. O seu trabalho de investigação interessa-nos a todos nós que fizemos a guerra colonial / guerra do ultramar / luta de libertação na Guiné-Bissau... Daqui vão as nossas melhores saudações e os votos de uma feliz e produtiva carreira profissional (3).

Ficamos também felizes por saber boas novas do nosso camarada Carlos Marques dos Santos, natural e residente em Coimbra, tertuliano da primeira hora, camarada do Torcato Mendonça e de outros camarados nossos da CART 2339... Segundo me diz o Luís, o coraçãozinho do Carlos Marques dos Santos há tempos pregou-lhe uma partida. Felizmente que a coisa agora está "medicamente controlada", segundo ele nos diz no mail que nos enviou. Carlos, um caloroso abraço em nome desta Tabanca Grande.


___________

Notas de CV:

(1) Uma das linhas de investigação do CIES20 é o "Colonialismo, anticolonialismo e identidades nacionais". Responsável: Doutor Luís Reis Torgal (um dos oradores que irá estar presente no Simpósio Internacional: Guiledje na rota da independência da Guiné Bissau, tal como de resto o novo Doutor).

(2) O Doutor Julião Soares Sousa é também poeta, tendo nós encontrado um dos seus poemas na página Maktub Poemas, numa antologia de poetas de expressão portuguesa (Figura, na Guiné-Bissau, ao lado de Amílcar Cabral e de Carlos E. Vieira).O seu livro de poesia, Um Novo Amanhecer, 48 pp., foi publicado em 1996, pela Livraria Minerva, de Coimbra


CANTOS DO MEU PAÍS

Canto as mãos que foram escravas
nas galés
corpos acorrentados a chicote
nas américas

Canto cantos tristes
do meu País
cansado de esperar
a chuva que tarde a chegar

Canto a Pátria moribunda
que abandonou a luta
calou seus gritos
mas não domou suas esperanças

Canto as horas amargas
de silêncio profundo
cantos que vêm da raiz
de outro mundo
estes grilhões que ainda detêm
a marcha do meu País


Julião Soares Sousa
(Um novo amanhecer, 1996)

(3) Sobre este evento também encontrei a seguinte notícia no blogue de Eurídice Delgado Monteiro (cabo-verdiana, presumo) > Igualdade na Diferença > 11 de Janeiro de 2008 > Academia (as teses mais aguardadas)

(...) Amílcar Cabral

Nesta sexta-feira, dia 11 de Janeiro, aqui na Universidade de Coimbra, fui assistir à defesa da Tese de Doutoramento em História do candidato doutoral Julião Soares Sousa, intitulada Amílcar Cabral e a Luta pela Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, sob a orientação científica do Prof. Doutor Luís Reis Torgal.

Para além da presença sombria dos Reis de Portugal e da moderação do Vice-Reitor da Universidade de Coimbra Prof. Doutor Pedro Manuel Tavares Lopes de Andrade Saraiva, também a arguente externa Profa. Doutora Isabel Castro Henriques (Universidade de Lisboa) e o arguente externo Prof. Doutor José Carlos Venâncio (Universidade da Beira Interior) estiveram de olhos nos olhos do Julião Sousa Soares. Ainda fizeram parte da mesa do júri o Prof. Doutor João Marinho dos Santos, o Prof. Doutor A e a Profa. Doutora B.

Após oito anos de investigação científica, o Historiador e Poeta Julião Soares Sousa entrou pela Sala dos Capelos para debruçar sobre Amílcar Cabral, numa perspectiva africana (ou seja, a partir de dentro). Durante os 150 mn da prova, várias questões foram abordadas, sendo de destacar: a socialização de Amílcar Cabral; o despertar da consciência política de Amílcar Cabral; a vida literária de Amílcar Cabral; o nacionalismo no espaço ex-colonizado por Portugal; o materialismo histórico e o marxismo; o espírito unificador de Cabral; a unidade Guiné e Cabo Verde; a proximidade e as singularidades históricas da Guiné e Cabo Verde; a problemática ideológica; os problemas de liderança enfrentados por Cabral; a dessacralização dos chefes africanos; a actualidade da filosofia política de Amílcar Cabral.

Entre as novas pistas de reflexão, foram destacadas nomeadamente a importância de uma análise sobre “as representações, as interpretações e os mitos cabralianos” e sobre “o género na perspectiva de Amílcar Cabral”. Durante a arguição desta prova académica, foram destacados os pontos fortes e fracos do trabalho realizado. No final da prova, tendo respondido às questões colocadas, o candidato de origem guineense foi aprovado com Distinção e Louvor (sendo o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra e o segundo africano a doutorar-se através da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra).


(Reproduzido com a devida vénia)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1782: Bibliografia (6): O nosso doutorando Leopoldo Amado vai ter o seu 'baptismo de fogo' no próximo dia 28, na Universidade de Lisboa (Luís Graça)

Guiné (1963/74) > Guerra de libertação 'versus' guerra colonial ? Um case study... Esta vai ser a tese de doutoramento, em história contemporânea, do Leopoldo Amado, a ser apresentada e discutida em provas públicas, a realizar na Universidade de Lisboa, dentro de dias...


Foto: Em cima, guerrilheiros do PAIGC progredindo na mata (Fonte: Foto Bara > Fotogaleria (foto editada, com a devida vénia / edited photo, with our best wishes...) ... Pátria ou morte!... A Luta Continua... era o então slogan em moda, de inspiração guevarista...

Foto: Em baixo, militares portugueses da CART 2339 (Mansambo, 1968/69) prontos para mais uma acção... O fotógrafo (ou alguém por ele) escreveu, ironicamente, no seu álbum: Viva a guerra, viva a morte!... Vivam os Panteras... Quando o penúltimo morrer, o último cumpre a missão... (Fonte: Torcato Mendonça, 2007).


Comentário posterior do nosso amigo e camarada Torcato Mendonça (Fundão): "São graduados do 2º Grupo da Cart 2339 – Esq/direita: Alf 1000 Torcato; Furriéis 1000 Sousa (foi ao 2º/3ª mês para a 3ª de Comandos); Rodrigues e Rei. O Sousa (Fernando Luís) foi substituído pelo Sérgio. Só se juntou a nós no embarque, ficou nos Comandos. Panteras era o nosso Grupo – A Divisa era essa. Há um escrito disso e fotos da malta toda. PS - Isto não foi á primeira. Só goela… mas havia muita união. Um abraço, ex – chefe do Grupo".



1. Mensagem do nosso Leopoldo Amado (1), com data de 16 do corrente:


Assunto - Provas públicas de doutoramento

Caro Luís,


Gostaria de te informar de que já me encontro no rectângulo, após uma estada de pouco mais de três meses na Guiné-Bissau (2).

Assim, por teu intermédio, comunico a todo o pessoal da tertúlia de que as minhas provas públicas de doutoramento terão lugar nos dias 28 e 29 do corrente, pelas 10:00 H, na Reitoria da Universidade de Lisboa.Um abraço a todos

Leopoldo Amado


2. Mensagem enviada ao pessoal da nossa Tabanca Grande, em 20 do corrente:

Amigos & camaradas:

Acabei agora mesmo de chegar do Funchal. E, ao abrir o meu correio, de casa, tive a grata surpresa de receber boas novas do nosso amigo Leopoldo Amado.

Ficam desde já todos convidados, os que puderem, a ir ouvi-lo defender a sua tese de doutoramento em história contemporânea. O título da tese é (estou a citar de cor) Guerra de libertação ‘versus’ guerra colonial: o caso da Guiné-Bissau ...

As provas, que são públicas, prolongam-se por dois dias, sendo o primeiro dia, 28 de Maio, 2ª feira, reservado ao candidato, e à arguição principal... Local: Reitoria da Universade Clássica, ao Campo Grande (Metro: Cidade Universitária)...

Seria interessante saber quem poderá ir ouvir e apoiar o nosso amigo e camarada de tertúlia...

Luís Graça

3. Até à data, tive os seguintes comentários:


20 de Maio de 2007 > Luís: Conto estar presente, pois é sempre um prazer ouvir, e aprender com alguém como o Leopoldo. Um abraço a todos. Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 (1969/71)

20 de Maio de 2007 > Amigos & camaradas: Já temos uma presença, a do Carlos Fortunato, além de mim próprio (embora dia 28 tenha aulas, às 14.30h). Luís

21 de Maio de 2007 > Bom diaTudo irei fazer para estar presente e levao um abraço fraterno ao Leopoldo. AB. José Martins

21 de Maio de 2007 > Por um Amplo Movimneto 'Leopoldo a Doutor' (pela Independente é que não) ou, como se dizia no meu tempo de jovem estudante, antes de ser mal fardado por ter sido fardado à força como paisano guerreiro:

MALTA, TODOS À CIDADE UNIVERSITÁRIA NO DIA 28!

João Tunes

22 de Maio de 2007 > Só um amigo de verdade escreve assim. Muito obrigado, caro Tunes. As tuas palavras constituem inquestionavelmente um importante incentivo.

Leopoldo Amado

Páginas Pessoais >

Lamparam II > http://guineidade.blogs.sapo.pt/

Lamparam > http://lamparam.blogs.sapo.pt/

22 de Maio de 2007 > Caro amigo Leopoldo:

Soube pelo Luís Graça que vais defender a tua tese de doutoramento nos próximos dias 28 e 29. Tinha-te dito que gostaria muito de estar presente, mas não me vai ser possível. É que, além de já ter que me deslocar a 2 de Junho a Sever do Vouga para o encontro da CART 1690, estou estes dias muito enrolado numa (muito boa) situação: a Delegação do Norte da Associação 25 de Abril está-se a preparar para ocupar uma nova sede, em edifício que foi cedido pelo Presidente da Câmara de Matosinhos. Temos de agarrar isto com unhas e dentes, e bem, pois é um avanço muito considerável em relação às muito más condições que tínhamos nas Escadas do Barredo, à Ribeira do Porto. E, como compreendes, para trabalhar nunca há muitos. São sempre os mesmos, como é hábito.

Porque a conheço, tenho a certeza que vais ter sucesso com a tua tese. Considero-a um trabalho genuíno e único num tema ainda muito pouco tratado, de grande interesse para quem quizer estudar a luta de libertação na Guiné.

Espero que tenhas já concretizado os patrocínios que tinhas em perspectiva, sobre o que, como te disse, já falei com o Jorge Araújo, do Campo das Letras. Diz-me qualquer coisa sobre isso, pois vou voltar à carga com ele depois do dia 29.
Um abraço e desejos de bom sucesso.

A. Marques Lopes

___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts recentes do Leopoldo Amado:
25 de Fevereiro de 2007 >Guiné 63/74 - P1549: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (8): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte I

6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1566: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (9): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte II

17 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1603: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (10): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte III (Fim)

(2) Vd. post de 18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1444: Adeus, estou de malas aviadas para Guileje (Leopoldo Amado)