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terça-feira, 15 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6597: Memória dos lugares (82): Ganjola, Catió, Região de Tombali (Victor Condeço, ex-Fur Mil Mec Arm, CCS / BART 1913, 1967/69)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 1 - Rio Ganjola visto da margem esquerda, junto da cambança para o Destacamento de Ganjola Porto. Distava cerca de 5 Km do centro de Catió para Norte.


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 2  > Rio Ganjola vendo-se na margem direita o Destacamento de Ganjola Porto na foz do rio Canlolom. O destacamento tinha uma guarnição fornecida por Catió, ao nível de um pelotão, a área ocupada era menor que meio campo de futebol. [Este destacamento foi abandonado pelas NT na segunda metade de 1968].






Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 2a > Pormenor da foto anterior. Ganjola Porto era apenas um grande edifício à beira rio, que servia de habitação e entreposto de comércio, nas traseiras deste, uma outra pequena edificação era a cozinha. O resto era os postos de sentinela e defesa, tudo circundado por uma paliçada e arame farpado. O poço era fora do arame farpado a pouca distância.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 3 > Rio Ganjola na cambança para o Destacamento, o militar em primeiro plano é o Sarg Gaio,  do Pelotão de Morteiros 1209.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 4 >   Destacamento de Ganjola. As instalações que eram do Sr. Brandão que vivia em Catió, eram compartilhadas pela tropa e por uns poucos civis, duas famílias. Na foto, o Fur Mil Pires de visita, aproveitou foi ao barbeiro.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 5 > Destacamento de Ganjola. Meninos filhos de habitantes, os mestiços eram irmãos e dizia-se entre a tropa, que eram filhos do proprietário.



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 6 > Destacamento de Ganjola. O Fur Mil Victor Condeço em foto para a família com vista parcial dos edifícios.

Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010). Direitos reservados

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1919: Tabanca Grande (22): Gilda Pinho Brandão, uma nova amiga


Guiné > Região de Tombali > Catió > A Gilda Pinho Brandão, com sete anos, algum tempo antes de vir para Portugal, para uma família de acolhimento.

Foto: © Gilda Brás (2007). Direitos reservados

1. Mensagem da nossa amiga Gilda [Pinho Brandão], com data de 15 de Junho último:

Boa tarde meu Bom Amigo,

Que boa informação esta que acabam de me transmitir Fico muito feliz por saber que tenho mais um familiar interessado em me conhecer[vd. ponto 2].

Peço desculpa de ontem não ter contactado, regressei mais cedo das férias, pois ainda falta uns pequenos detalhes na casa e só conseguimos fazer a mudança definitiva no final da semana que vem.

Não resisto a enviar-lhe uma foto tirada poucos dias antes de vir para Portugal (está um pouco velhota, pois já tem 37 anos em cima) e, como por enquanto não encontro as caixas com os meus álbuns das fotografias, junto uma foto (prova) recente com os meus dois amores [, o meu marido Pedro e a nossa filha], para que nos conheça um pouco mais. Quando estiver instalada na minha casa, envio-lhe uma sozinha, para inserir na nossa Tertúlia.

Portugal > 2007 > A Gilda, o seu marido Pedro e a filha. Foto: © Gilda Brás (2007). Direitos reservados


Os meus contactos são: 967 983 685 [...]; relativamente à morada, prefiro aguardar mais uma semana e envio a morada correcta, a localidade chama-se Abóboda e fica na freguesia de S. Domingos de Rana.

Mais uma vez o meu muito obrigada todos os tertulianos mas, em especial a Si, ao Pepito e ao Dr. Leopoldo, pelo vosso empenho e dedicação nesta busca.

Eu sei que vocês são Amigos e Solidários, senão nunca teriam respondido ao meu pedido de ajuda.

(...) Um abraço com amizade . Gilda


2. Mensagem do Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau), também com data de 15 de Junho:

Amigo Luís:

Desde que li o pedido de apoio da Gilda Pinho Brandão, tentei contactar o meu amigo Engº Carlos de Pinho Brandão, tio da Gilda, o que consegui hoje.

Ele mostrou-se muito sensibilizado em recebê-la em sua casa se ela decidir visitar a família em Bissau. Diz que a reconheceu logo pois é muito parecida com a irmã dela que também está cá.

Para o caso de ela querer falar directamente com ele, aqui seguem os numeros de telefone: 6630623 e 7202781, antecedidos do indicativo 00.245.

O Carlos gostaria de ter os contactos dela (telefone e morada) para o caso de ir a Portugal e poder vê-la.

abraços

pepito


PS - O Carlos contou-me as circustâncias da morte do Adolfo (pai da Gilda), só imagináveis numa situação de guerra.

3. Comentário do editor do blogue: Obrigado, Pepito, pelas tuas diligências. Diz-me só se o nome do pai da Gilda está correcto: Adolfo ou Afonso ? Para a Gilda (e família) vão os nossos parabéns pela sua persistência na procura das suas raízes e da sua família guineense. Seja bem-vinda à nossa Tabanca Grande. Obrigado à malta da nossa tertúlia por, mais uma vez, se mostrar solidária e interessada por este caso que acaba por ter um final feliz...

PS - Afonso (e não Adolfo): já corrigiu o Pepito.
______________

Nota de L.G.:

(1) Sobre este caso, vd. os seguintes posts:

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1798: Região de Catió: Descendentes da família Pinho Brandão procuram-se (Gilda Pinho Brandão)

3 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1811: Vim para Portugal aos 7 anos, em 1969, e não tenho uma fotografia de meu pai, A. Pinho Brandão (Gilda Pinho Brandão, 44 anos)

5 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1817: Catió: Em busca da família Pinho Brandão (Leopoldo Amado / Victor Condeço / Armindo Batata / Gilda Pinho Brandão)

6 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)

10 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1829: Tabanca Grande (9): À Gilda e a todas as vítimas de guerras, discriminação, racismo... (Torcato Mendonça)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1884: Tabanca Grande (16): Mário Fitas, ex-Fur Mil da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)

Capa do livro do nosso camarada Mário Vicente [Fitas Ralheta], Pami Na Dondo: A Guerrilheira. Edição de autor, 2005. (Com patrocínio da Junta de Freguesia de Estoril e prefácio da autoria do Coronel Carlos da Costa Campos, que iremos reproduzir em breve).


Guiné > Região de Tomboli > Cufar > CCAÇ 763 (Fev 1965/ Nov 1966) > A suite do Mário Fitas...


1. Mensagem do Carlos Vinhal, co-editor do blogue:

Amigos e camaradas: Já vos apresentei, internamente, o novo membro da nossa tertúlia ou Tabanca Grande, como quiserem... Trata-se do Mário Fitas, ex-Fur Mil que esteve na Guiné entre 1965/66 e com quem já tive o prazer de conversar pelo telefone e dar as boas vindas, em nome do Luís Graça e de todos nós.

Transcrevo uma recente mensagem dele (há outras pendentes, que ficarão a aguardar a sua vez para publicação):

2. Nome: Mário Vicente Fitas Ralheta

Posto: Furriel miliciano.

Unidade: CCAÇ 763, Guiné, Cufar, Fevereiro 1965/Novembro 1966. A minha Companhia foi a construtora do 1º aquartelamento em Cufar.

Já editei dois livros sobre a Guiné. O último Pami na Dondo a Guerrilheira, ofereço a quem desejar, basta contactar:
Mário Fitas
Rª D. Bosco 1106
2765-129 Estoril.


Gostava de entrar no vosso grupo e trocar conhecimentos sobre a Guiné. Envio, como solicitado, dados e fotografias para fazer parte com imenso gosto da Tabanca Grande. Na 1ª foto, vê-se a primeira suite no Aquartelamento de Cufar. Na 2ª foto, ficam a conhecer o jovem de hoje.

Sobre a família Brandão (1), recordo-me de um rapaz de estatura média, usando óculos que abriu uma casa de comércio em Cufar em 1966.

Com os melhores cumprimentos,
Mário Fitas

_________

Nota de C.V.:

(1) Vd. post de 6 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1820: Catió: No rasto da família Pinho Brandão: Quem era o patriarca ? (Victor Condeço / Luís Graça)

1. Mensagem do Victor Condeço (ex- Fur Mil Armamento, CCS do BCAÇ 1913, Catió , 1967/69), residente no Entroncamento:

Caro Luís:

Tudo de bom. Após ler o P1817 (1) e sobre as interrogações no teu comentário, tenho a acrescentar o seguinte:

Na verdade falta ali naquela foto, o Pinho Brandão, decerto terá sido convidado tal como outros comerciantes que também não aparecem na foto, caso dos Srs. Coelho, Adib e João da casa Gouveia.

Poderão estar na foto Catió_Quartel-31 junto do edifício da direita, junto de outra população mas não dá para reconhecer quem é quem. De memória também não sei se estiveram ou não.

Contudo pela lembrança que tenho do Sr. Manuel Pinho Brandão (2), é muito provável que não tenha estado presente. Era pessoa bastante reservada, nunca o vi no quartel nem sequer na rua.
As falas dele com militares ou civis resumiam-se ao Bom dia ou boa tarde, entre dentes, quando ao passarmos à sua casa o cumprimentávamos.

A maioria dos seus dias passava-os na sala de sua casa de esquina frente ao mercado [foto Catió_Vila-26], de portas abertas, na sua cadeira de repouso, fumando.

A lembrança que tenho da família que com ele vivia em Catió é muito vaga, mas lembro-me perfeitamente de duas bonitas, mestiças, suas filhas, das quais não me lembro o nome, jovens na casa dos 20 anos, que confeccionavam bolos de aniversário por encomenda.

Relativamente ao pai do Dr. Leopoldo Amado, pese embora as muitas vezes que terei falado com ele quando ia aos Correios à Caixa Postal nº 24, buscar o meu correio ou comprar selos, não tenho memória do Sr. Mateus e por isso o não identifico na foto, só o Leopoldo Amado nos poderá ajudar.

Luís das tentativas que te disse ter feito, só ainda tive a informação do (meu) ex-cabo Camarinha, fez a diligência que me tinha prometido, mas não conseguiu chegar á fala com o senhor por questão de minutos, no entanto disse-me que se confirma que a pessoa em questão é efectivamente de Catió, vai no entanto proceder a nova tentativa de encontro.

E é tudo por agora, recebe um abraço.

Victor Condeço

2. A Gilda acaba de nos agradecer tudo o fizemos (e ainda estamos a fazer) por ela. São palavras singelas e sinceras, que merecem publicitação:

" Acabei de ler as suas palavras e, estou a tentar encontrar algumas para lhe agradecer, mas não consigo, por isso envio-lhe um abraço do tamanho do mundo e toda a minha gratidão.

"Para a semana vou estar de férias, pois ando em mudanças mas, assim que regressar, vou enviar uma foto minha tirada ainda na Guiné e outra mais recente, para que passe a pertencer a esta fantástica família. Um grande abraço com amizade. Gilda Brás".


__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 5 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1817: Catió: Em busca da família Pinho Brandão (Leopoldo Amado / Victor Condeço / Armindo Batata / Gilda Pinho Brandão)

(2) Que era, presumivelmente, tio ou até avô da nossa amiga Gilda Pinho Brandão (O seu pai, Afonso, morreu, ou foi morto, quando ela tinha tenra idade, possivelmente em 1963, no início da guerra; recorde- se que ela veio para Porugal, acolhida pela família do Pina, em Junho de 1970, com sete anos, vivendo até então com a avó materna).

Repare-se, por outro lado, que o Victor só faz referência ao comerciante Manuel Pinho Brandão, que ele conheceu em Catió (1967/69), e a duas filhas, mestiças, de cerca de 20 anos. O Victor não conheceu, nem poderia ter conhecido o Afonso, que seria mais novo que o Manuel: daí eu pensar que poderia ser seu filho ou seu irmão mais novo. A Gilda não tem a certeza sobre o grau de parentesco de ambos.

Por sua vez, o Mário Dias, quando descreve a Op Tridente (1964), refere-se ao Manuel Pinho Brandão como o dono da ilha do Como... O que terá acontecido ao Afonso ? Terá sido morto pelos guerrilheiros do PAIGC ? Terá morrido num acidente de caça ou de viação ? Foi assassinado por alguém da região, por causa de negócios ? Ou até por outras razões: ciúme, vingança, ajuste de contas... Com numerosos filhos de diferentes mulheres, poderá ter havido ajustes de contas entre famílias... A Gilda refere, por exemplo, a existência de meio-irmão, ainda hoje comerciante estabelecido na Guiné-Bissau, que usa o apelido da família e não reconhece, como Pinho Brandão, os filhos do Afonso...

Por outro aldo, o velho Brandão de Ganjola, natural de Arouca, desterrado para a Guiné possivelmente no final dos anos 20 ou princípíos dos anos 30, uma figura tão bem evocada pelo Mendes Gomes (que esteve no Como, Cachil e Catió, entre 1964 e 1966) - " O Sr. Brandão, agora, era um velhote, rodeado de filhos e netos que foi gerando, ao sabor das madrugadas de batuque e da liberdade de escolha, sem custos, entre as mais viçosas bajudas da tabanca" (3)…, esse Brandão de Ganjola, pergunto eu, seria o mesmo de Catió ? Quem era, afinal, o patriarca da família ?

Enfim, não vale a pena especular sobre isto, embora esta estória (trágica, a do Afonso) também possa ser reveladora do clima social que então se vivia em Catió, no início da década de 1960...

Pela casa que existia no centro de Catió, a família Pinto Brandão deveria ser (ou ter sido) poderosa, tendo entrado possivelmemte em decadência com o início da guerra... Mas o mesmo se poderia dizer de outros comerciantes locais, de origem portuguesa ou libanesa, citados pelo Victor e que compareciam a cerimónias públicas militares (como aquela que é referida no Post P1817).

Vd. posts de:

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1798: Região de Catió: Descendentes da família Pinho Brandão procuram-se (Gilda Pinho Brandão)

3 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1811: Vim para Portugal aos 7 anos, em 1969, e não tenho uma fotografia de meu pai, A. Pinho Brandão (Gilda Pinho Brandão, 44 anos)

6 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)

(3) Vd. post de 22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1455: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (7): O Sr. Brandão, de Ganjola, aliás, de Arouca, e a Sra. Sexta-Feira

Guiné 63/74 - P1819: De Catió a Lisboa, de menina a Mulher Grande ou uma história triste com final feliz (Gilda Pinho Brandão / Luís Graça)

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 26 > "A praça do mercado, vista de quem vinha da pista [tirada à porta da casa do sr. Barros Correias]. À direita o Mercado, ao fundo à esquerda, a casa do Sr. Brandão e, à direita, debaixo da mangueira o Bar Catió e bem ao fundo o quartel".... A Gilda Pinho Brandão era filha de Afonso Pinho Brandão (que terá morrido no início da guerra). Embora tenha vivido com a avó materna, a Gilda terá conhecido esta Casa Grande, tipicamente colonial, da família Brandão...

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 2 > Vista aérea da vila de Catiõ. Janeiro de 1968"

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 3A > "Vista aérea da Rotunda e Avenida de Catió antes de 1967.
O edifício à esquerda na foto era a escola primária que em 1967 já tinha sido modificado". Ao fundo da avenida, a casa do admistrador. Catió, na época, a seguir a Bissau, Bafatá e Bolama, deveria ser a sede de concelho ou circunscrição mais importante da província, em termos demográficos, administrativos, económicos e sociais...

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotogáfico de Victor Condeço > Catió - Vila > Foto 21 > "O Fur Mil Victor Condeço em frente da habitação do administrador, ao cimo da avenida".

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotogáfico de Victor Condeço > Catió - Vila > Foto 40 > "A tabanca na estrada para a pista de aviação.

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotogáfico de Victor Condeço > Catió - Vila > Foto 41> "Estrada da pista, a tabanca, ao fundo à direita antes da pista, ficava o Cemitério".

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Catió - Vila > Foto 49 > "Os poilões na tabanca de Sua". Em criança, a Gilda - antes de vir oara Portugal, aos oito anos - terá brincado por aqui...

Foto e legenda: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BCAÇ 2930 (1970/72) > Uma crinaça mestiça ao colo do Alf Mil Médico Amaral Bernardo (que é hoje Professor Catedrático Convidado no ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar; responsável do Departamento de Ensino Pré Graduado do HGSA - Hospital Geral de Santo António).

Foto: © Amaral Bernardo (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 728 (Catió, 1964/66) (1) > 1965 > Mulher Grande de Catió. Poderia ter sido a avó (materna) da nossa Gilda...

Foto: © J. L. Mendes Gomes (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem de Gilda Pinho Brandão, nome de solteira, ou Gilda Brás, com data de 4 de Junho último:

Bom dia, Dr.: Estou a ver os e-mails todos agora (1), pois este endereço é do meu local de trabalho, mas espero até final de Junho ter e-mail em casa.

Relativamente ao meu mano (o furriel Pina), fez a sua comissão de serviço em 1968/1970, em Catió, penso que também esteve em Mampatá. O batalhão dele era conhecido pelos Lenços Azuis, ele está bom de saúde e costuma ir aos almoços de convívio dos ex-combatentes da Guiné.

Não sei o dia em que chegámos, mas foi no mês de Junho de 1970, pois era a altura das festas dos santos populares e foi traumático para mim: quando ouvia os foguetes, como não tinha abrigos como os da Guiné, corria a esconder-me debaixo da cama ou dentro do guarda vestidos.

Da minha infância, só me recordo da minha avó, do quartel onde ia buscar comida e dos ataques que me obrigavam a esconder no primeiro abrigo que encontrasse; do meu pai, não tenho nenhuma lembrança, pois quando ele foi morto, eu era bebé, os meus 7 irmãos são todos de mães diferentes. Ao longo da minha vida, sempre pensei ser a única filha do meu pai e, de um momento para o outro, recebo um telefonema do António a apresentar-se como meu irmão e informar-me que tenho uma grande família.

Este fim-de-semana vi uma fotografia do meu pai, que está em poder do meu irmão António, foi um bocado triste, mas também um alívio pois tinha comigo a minha filha que tem 8 anos e apresentei-a ao avô de quem ela só soube da existência há 2 anos atrás, quando trouxe um trabalho da escola para fazer a ávore genealógica e tive de lhe contar um pouco da minha história.

A adaptação à grande Metrópole foi muito dolorosa para mim, pois à maior parte dos portugueses fazia imensa confusão verem uma menina mestiça chamar mamã a uma senhora branca de cabelo louro e ficavam a olhar para nós com ar de recriminação; eu perguntava à minha mamã o porquê de as pessoas olharem tanto para mim e para ela e a resposta sábia da mamã Alice era “porque tu és muito bonita e gostam de ti”.

Aí a minha vaidade vinha ao de cimo e oferecia a toda a gente o meu grande sorriso; só que depois na escola é que foi complicado, pois as crianças, quando querem, sabem ser muito mazinhas e comecei a sentir na pele a diferença que existia entre nós, pois os meus colegas chamavam-me preta e diziam que eu tinha vindo da terra dos maus, coisas que nunca mais se esquecem e nos marcam para o resto da vida.

Hoje sou uma Mulher Grande feliz, tenho uma filha linda, um marido espectacular e a melhor mamã do mundom que, sem olhar a tons de pele, me deu tudo. Sou secretária, trabalho em Cascais numa empresa ligada à construção e ao ramo imobiliário chamada A. Santo.

Mais uma vez , Dr., muito obrigada pelo seu empenho nesta busca das raízes dos Pinho Brandão. Se puder rectifique alguns erros, pois estou no trabalho e tenho que dar prioridade ao meu serviço.


Cumprimentos e até breve

Gilda Brás

2. Comentário do editor do blogue:

Também eu fico muito sensibilizado pela menagem que me escreve (e que, suponho, me autoriza a publicar, no nosso blogue). É de uma mulher de grande coragem coragem, sensibilidade, doçura e inteligência emocional. As agruras da vida podem-na ter marcado, mas seguramente não a levaram a ter uma atitude (negativa) de autocomiseração e de victimização, como é frequente acontecer em casos semelhantes.

Órfã de pai que não chega a conhecer (presumivelmente terá sido morto no início da guerra colonial, por volta de 1963, em circunstâncias que a Gilda não revelou), conhecendo as desventuras da orfandade e da pobreza, é criada pela avó (presumivelmente materna), cresce com a guerra e os seus horrores até ser adoptada pela família do Furriel Pina (que esteve em Catió entre 1968 e 1970, e também em Mampatá, ao que parece)... E aqui é muita bonita a referência que a Gilda faz à sua mãe afectiva, a Mamã Alice...

Apesar do seu amor e gratidão à família do Furriel Pinto que a acolheu (e presumivelmente adoptou), a nossa amiga Gilda não nos conta nenhum conto de fadas: os primeiros tempos de adaptação a um país, do hemisfério norte, europeu, potência colonizadora, a travar uma guerra colonial em três frentes (incluindo na sua terra,a GUiné), não foi fácil, não terá sido fácil... A Gilda terá conhecido o racismo, a discriminação ou até eventualmente o mobbing por parte dos seus colegas de escola, experiências que são sempre traumatizantes para uma criança e que a marcam, como um ferrete, para o resto da vida...

O final feliz desta história é que a Gilda é hoje uma mulher que parece estar bem na sua pele, sentir-se bem na família e no trabalho e sobretudo ter tido, muito recentemente a alegria de começar a conhecer os irmãos paternos, a alegria (misturada com dôr) de ver pela primeira vez uma fotografia de um pai, o Afonso, que nunca conheceu, e de poder mostrá-la à sua filha de oito anos...

Foram muitos anos à espera de fazer as pazes com o passado, dividida entre duas terras, duas famílias, duas identidades, se bem que ela reconheça que praticamente já perdeu (ou estava em vias de perder) as suas raízes guineenses... Esperemos que isso não aconteça e que ela consiga, em breve, juntar e conhecer o resto da família, do lado materno e paterno, e inclusive (re)descobrir a sua terra, Catió, os seus altivos e tranquilizantes poilões, os seus palmeirais, as suas bolanhas, as suas gentes...

Graças ao álbum fotográfico de alguns dos nossos camaradas (e eme especial do Victor Condeço), é possível entreabrir-lhe a porta que dá para o mundo da sua infância... Gilda, veja lá se estas imagens lhe dizem alguma coisa e se lhe despertam emoções ou recordações... Toda a sorte do mundo para si, por que você merece. Fica, mais uma vez convidada para pertencer a esta Tabanca Grande dos Amigos e Camaradas da Guiné. Um beijinho para si e para a sua filhota.

PS - Amigos e camaradas: este foi o drama de muitos civis, crianças, adolescentes, jovens e adultos, que também foram vítimas da guerra, que a guerra separou das suas famílias e da sua terra... Antes e depois da independência... Não temos estatísticas, para a Guiné, sobre as famílias lusoguineenses e seus descendentes, sobre os que ficaram na Guiné e os que se fixaram em Portugal, em Cabo Verde ou noutros países... Sobre o sucesso ou insucesso da sua integração (escolar, cultural, social, profissional...) no nosso país... Famílias ligadas à administração do território ou à actividade económica, como era o caso da família Pinho Brandão...

A Gilda Pinho Brandão é apenas o rosto de um drama silencioso para o qual na época tínhamos pouca ou nenhuma sensibilidade, apesar de convivermos com alguns comerciantes (portugueses e libaneses, sobretudo) que viviam nas povoações por onde passámos. Devemos penitenciarmo-nos por isso, reservando-lhe agora algum espaço do nosso blogue. Se alguém mais quiser voltar a abordar a este assunto, a porta fica aberta...

__________

Notas de L.G.:

(1) Vd. postas anteriores:

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1798: Região de Catió: Descendentes da família Pinho Brandão procuram-se (Gilda Pinho Brandão)

3 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1811: Vim para Portugal aos 7 anos, em 1969, e não tenho uma fotografia de meu pai, A. Pinho Brandão (Gilda Pinho Brandão, 44 anos)

5 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1817: Catió: Em busca da família Pinho Brandão (Leopoldo Amado / Victor Condeço / Armindo Batata / Gilda Pinho Brandão)

terça-feira, 5 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1817: Catió: Em busca da família Pinho Brandão (Leopoldo Amado / Victor Condeço / Armindo Batata / Gilda Pinho Brandão)

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Cerimónia militar em Fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG (Comando Terriorial Independente da Guiné), atribuída em Julho de 1967, com a presença das entidades civis e população.


Foto 32 > "Militares, civis da administração, correios e comerciantes. Da esquerda para a direita, [?], de costas o Cap Médico Morais, o Comandante Ten Cor Abílio Santiago Cardoso, quatro funcionários dos Correios e Administração, os comerciantes Srs. José Saad e filha, Mota, Dantas e filha, Barros, depois o electricista civil Jerónimo, e o Alf Capelão Horácio".

Comentário de L.G.: Falta aqui o comerciante Pinto Brandão... O que se terá passado ? Não foi convidado ? Estaria presente mas não ficou nesta fotografia ? POr outro lado, sabemos que os pais do Leopoldo Amado ( Mateus Teixeira da Silva Amado e Cipriana Araújo de Almeida Vaz Martins Amado) passaram por Catió. O pai foi funcionário dos correios... Poderá ser algfum destes civis...

Ao canto superior direito pode ler-se a seguinte inscrição: "A nossa intervenção em África é resposta a um desafio que nos lançaram e a afrontas que não podemos esquecer".

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Foto 28 > "Cerimónia militar em Fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em Julho de 1967. Em fundo a porta de armas, cozinha e refeitório, armazém de géneros ainda em construção, parte da camarata de oficiais e, fora do quartel, o armazém/cais da Casa Gouveia".

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Foto 27 > "Cerimónia militar em Fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em Julho de 1967 Em fundo as casernas nºs 1 e 2".

Guiné> Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Foto 31 > "Cerimónia militar em Fevereiro de 1968. Vista parcial do quartel com as tropas em parada".

Fotos e legendas: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.


1. Mensagem que o editor do blogue mandou por e-mail, para a a tertúlia Luís Graça & Camaradas da Guiné:

Quem poderá ajudar a nossa amiga Gilda Pinho Brandão, de 44 anos, filha de Afonso Pinho Brandão, que foi trazida, em 1969, aos sete anos, para Portugal, pela mão de um tal furriel Pina e acolhida pela sua família ? (1)

Ela não tem nenhuma foto do pai (que deveria ser português, comerciante no sul da Guiné, em Catió ou em Ganjola...) . A mãe, guineense, já morreu há dois anos. Dos irmãos e tios maternos, não tem praticamente referências... Dos oito irmãos paternos, acaba de conhecer dois... O Mário Dias, o Mendes Gomes e o Victor Condeço são capazes de ter informação adicional sobre a família Brandão....

2 Uma resposta, pronta, veio do nosso amigo Leopoldo Amado, lusoguineense, que passou parte da sua infância em Catió, onde o pai foi administrador dos correios:

Caro Luís,

Felizmente, creio ser relativamente fácil satisfazermos os anseios na nossa amiga Gilda, na medida em que é possível contactar um membro da sua família em Bissau, o Engº Pinho Brandão, ex-Director da EAGB (Empresa de Águas e Electricidader da Guiné-Bissau), o qual poderá ajudar.

Eu próprio, quando era criança em Catió, lembro-me perfeitamente que a família Pinho Brandão, comerciantes conhecidos no Sul do país (uma mescla de portugueses e guineenses), eram do círculo de amizade dos meus pais.

É uma questão de a Gilda grudar-se a mim e ao Pepito que certamente conseguiremos ajudála a (re)encontrar os parentes, espero bem.

Leopoldo Amado


3 Comentário do editor do blogue:

Gilda: Um gesto amigo… Contacte o doutor Leopoldo Amado, membro da nossa tertúlia, cujo pai foi administrador dos correios (Bolama, Catió...) e amigo dos Pinho Brandão. Além disso, há um parente seu (presumo) que já foi ministro da agricultura, pescas e recursos naturais da Guiné-Bissau, em 1999, o Eng. Carlos Pinho Brandão...

4. Também o Victor Condeço (ex-fur mil da CCS do BART 1913) nos forneceu mais algumas pistas sobre a a família Brandão, de Catió. Reproduzo aqui alguns excertos do seu mail (que é particular):

(...) Sobre o assunto não tenho nenhuma informação fidedigna, por enquanto. Mas é curioso porque ainda no passado dia 20 de Maio, em V. N. Gaia, quando do convívio BART1913, naquelas conversas do Lembras-te disto e daquilo, deste (a) ou daquele (a), foi mencionada a família Brandão, alguém referiu que descendentes seus estariam radicados pela região do Grande Porto.

Tentei já esta semana, junto de um ex-camarada de Catió, o também tertuliano ex-furriel Jorge Teixeira (2), saber algo mais. Segundo ele inicialmente esta família ter-se-á radicado em S. Mamede de Infesta, mas fiquei com a promessa de que iria tentar saber mais, por isso vamos aguardar.

(...) Também telefonei (...) ao (meu) ex-cabo Camarinha, com quem há tempos também tinha falado sobre o Sr. Brandão. Confirmou-me o que o Jorge Teixeira me tinha dito mas acrescentou-me um dado que ficou em confirmar-me: parece que em Espinho onde vive, está radicado um filho do Manuel Pinho Brandão (...).


4. Mensagem do Armindo Batata:

(...) Não tenho muita confiança na minha memória, mas havia um Brandão em Cufar em 1970. Era comerciante e natural da Guiné. Não tenho fotografia alguma, mas pode ser que estes dados, a estarem correctos, ajudem.

Saudações a todos
Armindo Batata
Ex-Alf Mil
Pel Caç Nat 51
Guileje/Cufar
1969/1970


5. Resposta da nossa amiga Gilda:

Boa tarde, Caro Dr. [Leopoldo Amado]:

Muito obrigada pelo seu interesse no meu assunto (1). Falei há pouco com o meu irmão António Pinho Brandão, ele tem conhecimento desse nosso irmão [, o Eng Carlos Pinho Brandão,], pois esteve na Guiné no princípio deste ano e contactou com ele.

Vou falar com o meu mano João (o furriel Pina) ainda durante esta semana, para tentar saber dados mais concretos acerca da minha vinda para Portugal.

Será que os seus pais conheceram o meu? Os nomes Bolama, Mampatá, e Catió são me familiares, mas não tenho nenhuma imagem específica dessas zonas, na minha memória só foram arquivados os nomes e lembro-me que vivia numa tabanca, perto do quartel (onde eu ia buscar comida), com os meus avós, e mais nada.

Como já disse também ao Dr. Luís Graça, vou falar com o meu mano João para saber se ele tem algumas fotos da Guiné.

Cumprimentos

Gilda Brás


6. Outra mensagem da Gilda, enviada à nossa tertúlia:

Bom dia Amigos,

Muito, muito obrigada. Não encontro palavras, para vos expressar o que sinto com todas estas informações.

Vou falar com o meu irmão (Furriel Pina), para o caso de ele ter algumas fotos nossas da Guiné e dar-lhe o contacto desta fantástica Tertúlia de Amigos da Guiné.

Ao Dr. Luís Graça em particular, os meus sinceros agradecimentos pelo tempo dedicado ao meu caso.

Cumprimentos e até breve

Gilda Brás

____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. postas anteriores:

30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1798: Região de Catió: Descendentes da família Pinho Brandão procuram-se (Gilda Pinho Brandão)

3 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1811: Vim para Portugal aos 7 anos, em 1969, e não tenho uma fotografia de meu pai, A. Pinho Brandão (Gilda Pinho Brandão, 44 anos)

(2) Vd. post de 11 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1652: Tertúlia: Três novos candidatos: José Pereira, Hélder Sousa e Jorge Teixeira

O Jorge Teixeira esteve na Guiné entre Maio/68 e Abril/70. Conheceu Catió.






domingo, 3 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1811: Vim para Portugal aos 7 anos, em 1969, e não tenho uma fotografia de meu pai, A. Pinho Brandão (Gilda Pinho Brandão, 44 anos)



Guiné- Bissau > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Destacamento de Ganjola > "As instalações que eram do Sr. Brandão que vivia em Catió, eram compartilhadas pela tropa e por uns poucos civis, duas famílias. Nas duas fotos, dois meninos e uma menina, filhos de habitantes locais. Os mestiços eram irmãos e dizia-se, entre a tropa, que eram filhos do proprietário, o Sr. Brandão" (VC) (1).

Numa das fotos, o Victor Condeço (ex- Fur Mil Mecânico de Armamento, CCS do BART 1913, Catió 1967/69) (2) deixa-se fotografar com a menina . Como se chamaria ela ? Onde estará hoje ? Terá algum parentesco com a nossa amiga Gilda Pinho Bandão ? O Victor, que vive hoje no Entroncamento, regressou a Portugal no T/T Uíge, em Março de 1969.

Fotos: © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem de Gilda Pinho Brandão, filha de Afonso Pinho Brandão, comerciante português do sul da Guiné, em resposta ao nosso post de 30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1798: Região de Catió: Descendentes da família Pinho Brandão procuram-se (Gilda Pinho Brandão)


Caros Amigos,

A Guiné, de facto, deixou-nos marcas que nos vão acompanhar a vida inteira.

Os vossos testemunhos são impressionantes; apesar de terem passado momentos muito maus, continuam a gostar da Guiné e dos guineenses.

Eu não sei se o Afonso e o Manuel Pinho Brandão seriam irmãos ou não; presentemente sei que o Afonso (o meu pai) tem um irmão (também comerciante) na Guiné chamado Arnaldo Pinho Brandão que, por incrível que pareça, não reconhece os filhos do irmão como familiares, mas isso não me interessa pois, o meu objectivo é ver a imagem (fotografias) do homem que foi meu pai, para que possa ajudar a minha filha a entender as origens dela.

A minha história é um bocado longa, mas vou tentar resumi-la em poucas linhas:

(i) Vim da Guiné em 1969, a pedido da mãe do militar (Furriel Pina) que me trouxe; tinha 7 anos e lembro-me de vir num barco de guerra com os militares todos e mais um menino negro chamado Domingos (já falecido).

(ii) Esta família deu-me tudo e cuidou de mim como se fosse da família; hoje com 44 anos, perdi um bocado as minhas raízes guineenses, mas tenho uma família portuguesa fantástica.

(iii) Este ano acabei por descobrir que tenho mais 8 irmãos (só da parte do pai Afonso), espalhados por Portugal, Alemanha e Guiné. Conheci dois deles no fim-de-semana passado e espero muito em breve conhecê-los todos.

(iv) Os meus familiares maternos continuam na Guiné, poucas lembranças tenho deles, o único membro de que me lembrava mais ou menos era da minha avó, mas que já faleceu há algum tempo, a minha mãe faleceu há cerca de 2 anos.

(v) Nunca mais voltei lá mas, agora que tenho uma filha, terei que pensar em visitá-los, para lhe apresentar a família biológica.

Mais uma vez muito obrigada pelas vossas palavras, a guerra foi muito “feia” e “má”, mas contribuiu para se fazerem GRANDES AMIZADES.

2. Resposta do editor do blogue:

Querida amiga Gilda:

Vamos tentar ajudá-la, o melhor que pudermos e soubermos. A nossa vocação não é propriamente essa, a de encontar pessoas, familiares ou outras, que se perderam por lá, Guiné, ou por cá, Portugal. Mas não podemos recusar esse gesto de solidariedade humana. Afinal, fomos os últimos soldados do nosso império colonial... Além disso, centenas de camaraas de nossos visitam-nos todos os dias (chegamos a ter 1500 visitas por dia)...

Vamos, por isso, a questões concretas: diga-nos, para já, a que companhia ou batalhão é que pertencia o furriel Pina com quem você, aos 7 anos, veio para Portugal. E em que sítio da Guiné é que ele estava. Ele, que deve ter feito a sua comissão de serviço entre 1967 e 1969, também pode contactar-nos directamente (Camarada, esperemos que ainda estejas vivo e de boa saúde!). Sabe em que navio (Niassa, Uíge...) é que vocês os dois vieram e em que dia é que partiram de Bissau ? A família portuguesa que a acolheu terá, seguramente, essa informação. Peça, por exemplo, para ver a caderneta militar do ex-Furriel Pina.

De qualquer modo, onde é que o seu pai, Afonso Pinho Brandão, e a sua mãe viviam na altura ? Catió ? Ganjola ? Tem que nos contar um pouco mais da sua história de infância... Eu imagino quão doloroso deve ser para si evocar esses tempos: afinal foi separada da sua mãe, da sua avó, do seu pai e dos seus irmãos, aos 7 anos, e trazida para viver num país que lhe era completamente estranho!...

Já vimos que havia uma família Brandão em Catió. Pode ser que os nossos camaradas Mário Dias, Mendes Gomes e Victor Condeço, que andaram lá para aqueles lados, possam trazer mais algum elemento novo ou mais alguma pista que leve à localização da sua família.

Sobretudo não desista. Alguém pode ter uma fotografia do seu pai, já que os militares portugueses conviviam bastante com os comerciantes locais. Desejo-lhe boa sorte nas suas diligências em busca das suas raízes que não são apenas biológicas, mas também afectivas, sentimentais e culturais. Ninguém pode viver sem memória, muito menos a sua filha. Vou apelar aos nossos camaradas e amigos para que a ajudem.

Estou inteiramente de acordo consigo: a guerra da Guiné, como todas as guerras, foi muito feia e má mas nela também se fizeram grandes amizades... Convido-a, desde já, a fazer parte da nossa Tabanca Grande...Os camaradas e amigos da Guiné ficarão certamente sensibilizados pelo seu caso e gratos pelo seu exemplo de coragem, determinação e inteligência emocional...

Luís Graça

___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1455: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (7): O Sr. Brandão, de Ganjola, aliás, de Arouca, e a Sra. Sexta-Feira

(2) Há mais fotos e comentários do Victor Condeço sobre o Catió:

3 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1335: Um mecânico de armamento para a nossa companhia (Victor Condeço, CCS/BART 1913, Catió)

8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1505: Lembranças da Vila de Catió (1): Albano Costa / Mendes Gomes / Vitor Condeço

15 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1528: Lembranças da Vila de Catió (2): Albano Costa / Vitor Condeço

11 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1582: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (9): O fascínio africano da terra e das gentes (fotos de Vitor Condeço

(3) Vd. post de 21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1301: O cruzeiro das nossas vidas (4): Uíge, a viagem nº 127 (Victor Condeço, CCS/BART 1913)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Guiné 63/74 - P1455: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (7): O Sr. Brandão, de Ganjola, aliás, de Arouca, e a Sra. Sexta-Feira

Guiné > Região de Tombali > Catió > Ganjola > José António Canoa Nogueira, Soldado nº 2955/63, SPM 2058, natural da Lourinhã, meu primo, morreu em 30 de Janeiro de 1965 no destacamento de Ganjola, aqui evocado pelo Mendes Gomes... Recorte de notícia publicada no quinzenário regionalista Alvorada, com sede na Lourinhã, na sua edição de 23 de Maio de 1965 (1).

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.



VII Parte das memórias de Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins (Como, Cachil, Catió, 1964/66) (2) .

2.11. O Sete e Meio


Sete e Meio era o nome dado à casa que albergava os alferes da companhia de intervenção e mais alguns dos felizardos, residentes com o comando do batalhão, como o Teixeira, que era responsável pelas transmissões e outros mais.

Era a casa do enfermeiro de antes da guerra. Como aconteceu a tantos outros, foi obrigado a cedê-la, de aquartelamento, aos militares.

Uma pequena moradia, em cimento armado e tijolo, como as que se encontravam em qualquer parte da metrópole, ali, era um palacete de luxo, aos olhos dos indígenas das rudes tabancas de palha. Uma sala comum, quatro quartos e uma casa de banho, dava a sensação de estadia romanesca, para um aventureiro que viesse fazer uma caçada nas cerradas matas tropicais, ali ao pé.

Era-nos fácil imaginar, com sadia cobiça, a deliciosa época da vida colonial, de antes da guerra, para os felizardos, a quem a sorte, em boa hora, escorraçara, com a pena de desterro, por feitos heterodoxos à moral reinante das gentes da metrópole.

Era o caso do Sr. Brandão, de Ganjola (2), a quinze km de Catió, um injustiçado lavrador das terras de Arouca. Ali vivia há dezenas de anos, por assassínio, cometido numa das romarias da Senhora da Mó. No meio dos folguedos e romarias, por vezes, acertavam-se contas atrasadas, duma qualquer hora de desavença, mesmo no fim da missa domingueira.

O Sr. Brandão, agora, era um velhote, rodeado de filhos e netos que foi gerando, ao sabor das madrugadas de batuque e da liberdade de escolha, sem custos, entre as mais viçosas bajudas da tabanca…

Uma negra, velha, mas de rosto e olhar, ainda iluminados por olhos meigos, como a sua voz, doce, era a predilecta, de sempre. Seu nome, Sexta-Feira. Soava bem aos ouvidos dos falares balantas, fulas ou mandingas. Era ela quem lhe tratava das tarefas caseiras. Dedicada. Sem nada cobrar, para além do breve e malicioso sorriso do velho Brandão, quando lhe despontava o desejo do seu corpo, negro, sem idade. Podia despontar a qualquer hora. Sexta-Feira ali estava, sempre dócil e submissa.

Uma loja farta de tudo o que chegava na carreira regular das barcaças de Bissau. Os lindos panos de cor garrida e os gordos cordões reluzentes, de fantasia, com que as negras tanto gostavam de se enfeitar.

O vinho tinto da metrópole era o regalo dos ociosos negros, de rostos engelhados e curtidos pelo álcool, pela tarde fora, a par da cachaça de coco.O saboroso bacalhau, curado nas míticas secas da Figueira da Foz e Aveiro, tão apreciado e toda a sorte de ferragens eram tudo o que aguçava o desejo daquelas gentes, para a troca do arroz, milho, mandioca, galinhas e demais produtos que, em cortejo lento e constante, pelas picadas entre as frondosas matas, traziam em açafates, à cabeça.O preço era feito, à medida da vontade gulosa do velho, matreiro e bem afortunado, Brandão.

Dizia-se que tinha metade das terras de Arouca… não fosse o diabo tecê-las. Ali, vivia, pacatamente, como se não houvesse guerra, numa típica mansão colonial, de um piso sobreelevado, com um varandim a toda a volta, com as dependências necessárias à farta panóplia de utensílios, alfaias e mercadoria.

Ficava mesmo ao pé de um afluente do Geba (3), rico de peixe, onde, infalivelmente, chegavam, em cada dia, as marés vivas capazes de lhe movimentar, de graça, os prodigiosos moinhos com que moía os cereais abundantes.

Conhecia toda a gente, naquelas paragens, incluindo os turras, a quem pagava, com simpatia, os devidos tributos de guerra…quando não era o fornecimento das informações sobre os últimos planos de operações que, por artes obscuras, ali chegavam aos ouvidos bem afilados.

Aquele sítio era estratégico e crucial. Por isso, um pelotão reforçado com uma metralhadora pesada, destacado de Catió, disputava-lhe os largos aposentos, como guarda avançada e tampão às possíveis arremetidas que os turras poderiam desfechar sobre Catió.

Coube-me render o pelotão que ali estava, mal chegámos da ilha do Como. Apesar de constar que nunca tinha havido qualquer ataque, não deixou de nos causar calafrios...

A minha primeira medida foi reforçar a protecção com uma larga paliçada de bidões cheios de terra, a toda a volta. Soubemos depois, que o comandante de batalhão apreciou a medida com um largo elogio à hora do almoço, mal recebeu o meu telex cifrado.

Foi um mês regalado que ali passámos, em gostosa autonomia.Quando chegou o dia do pré, atrevi-me a fazer o pagamento. Um desastre que me serviu de lição para toda a vida: no final, quase fiquei só com um tostão do meu soldo, magro!

As ricas banhocas que tomávamos no largo açude que o rio formava, na maré cheia de cada dia, depois de lançarmos umas granadas defensivas, sempre eficazes, para afugentar a gula dos crocodilos abundantes, foram um dos nossos muitos lenitivos inesquecíveis…

Quando soou a hora de regressar à base, ninguém se importaria de ali ficar até final da comissão. Apenas a morte de uma gazela bébé, que eu não soube criar, me toldou de tristeza.

De volta ao Sete e Meio, não tivemos tempo de nos refazermos daquela bonança paradisíaca. Uma operação de envergadura estava programada para as matas densas do Cantanhês.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 8 de Setembro 2005 > Guiné 63/74 - CLXXXI: Antologia (18): Um domingo no mato, em Ganjola (Luís Graça / José António Canoa Nogueira)

(...) "Já aqui referi o nome do lourinhanense e meu parente José António Canoa Nogueira, que morreu na Guiné em 1965: vd. post de 24 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXV: Homenagem aos mortos da minha terra (Lourinhã, 2005). E na altura recordei a notícia do seu funeral que eu próprio escrevi, na minha qualidade de responsável da redacção do quinzenário regionalista Alvorada. Tinha eu então 18 anos. Há dias repesquei essa notícia e dei conta que o jornal tinha publicado também a última ou uma das últimas cartas que o Nogueira terá escrito, antes de morrer em combate no sul da Guiné. Ele estava destacado em Ganjolá" (...).

(2) Vd. posts anteriores:
8 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1411: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (6): Por fim, o capitão...definitivo

11 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1359: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (5): Baptismo de fogo a 12 km de Cufar

1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1330: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (4): Bissau-Bolama-Como, dois dias de viagem em LDG
20 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1297: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (3): Do navio Timor ao Quartel de Santa Luzia
2 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1236: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (2): Do Alentejo à África: do meu tenente ao nosso cabo
20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1194: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (1): Os canários, de caqui amarelo

(3) Presumo que seja lapso do autor. O Rio Geba (ou Xaianga), o maior da Guiné-Bissau, fica na zona leste, e passa por sítios de que eu e outros camaradas desta tertúlia guardam muitas memórias, ora tristes ora alegres (Sonaco, Contuboel, Bafatá, Geba, Fá, Missirá, Mato Cão, Finete, Bambadinca, Nhabijões, Xime, Enxalé, Porto Gole, Bissau...).