Guiné > Bissau > s/d [1970-1972] > O Hélder Sousa no seu quarto em Bissau... Na parede, um poster (um pouco insólito) do 'Che' Guevara, um ícone da juventude da época, mas também um grande amigo do PAIGC... Sabendo-se que o Hélder tinha "ficha" na PIDE/DGS (, é ele que o diz), pode perguntar: "Como é que um homem do reviralho vai parar à arma das transmissões e, para mais, do STF ?"...Isso só quer quiser que os "psicoténicos" do exército estavam acima da PIDE/DGS ?... Seria mesmo ?... Está na altura de dar à PIDE/DGS a devida conta, peso e medida... Não era assim tão omnipotente, omnipresente e omnisciente como alguns a julgavam ou pintavam...
Foto: © Helder Sousa (2007). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do nosso colaborador permanente Hélder Valério de Sousa (ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72, ribatejano a viver em Setúbal, com página pessoal no Facebook)
E pronto, também já votei!
Desta vez não me apercebi das habituais objecções/sugestões do nosso António José [Pereira da Costa] mas realmente fiquei um pouco sem saber exactamente como responder.
É que, como por aqui já foi referido, é possível ter todas as opiniões.
"Era seguro e rápido"....
Pois teria sido seguro a maior parte das vezes e para a maior parte das pessoas, nalgumas outras situações nem tanto. Quanto a rápido, pois também está visto que 'variou' embora, dadas as circunstâncias, também se possa considerar rápido.
"Era seguro mas não rápido"...
É tudo uma questão de relativização. A 'segurança' é a mesma da primeira questão, já a rapidez deve aqui entrar em linha de conta com o facto onde se estava. Em Bissau ou sede de Batalhão era seguramente mais rápido do que num Destacamento qualquer.
"Era rápido mas não seguro"...
Sobre a 'rapidez' os pontos acima mostram que o conceito depende então de onde se estava. Quanto à 'segurança' aqui podemos dividir em dois campos principais: o da violação da correspondência para verificação do conteúdo escrito, fosse lá motivado porque motivo fosse, ou para 'apropriação indevida' de qualquer conteúdo extra. Sobre isto acho que se pode considerar que, na generalidade, não houve assim tantas razões de queixa, pelo menos de extravio, embora isso não seja garantia de que a correspondência não tivesse sido lida por pessoas além do destinatário.
"Não era nem seguro nem rápido"....
Trata-se de considerar negativamente qualquer das situações e sobre isso a minha opinião é que "depende". Algumas vezes, sim, a maior parte das vezes, não.
"Não sei / já não me lembro"....
A questão mais fácil. Ao responder aqui, cumprimos o dever de participar no inquérito e descarregamos considerações.
Ora bem, a minha experiência foi de que não tive razões de queixa.
Escrevi e recebi aerogramas. Escrevi e recebi cartas. Com fotos. E chegaram todos e todas. Mais ou menos rápido, dependendo de estar em Bissau ou em Piche mas sem grandes razões de queixa.
Logo em Novembro, resolvi escrever um aerograma com uma série de observações que poderiam ser tomadas em conta como "subversão", dirigido a uma jovem "católica progressista" e chegou sem problemas.
De um modo geral também não me alongava em grandes considerandos, apenas a superficialidade das circunstâncias: calor, bom tempo, muita chuva, saúde... etc.
Nunca quis confirmar isto. Embora na altura me interrogasse pela ordem da escala de 'perigosidade'.
Hélder Sousa
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 1 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17567: Inquérito 'on line' (121): O aerograma ?... "Era rápido mas não seguro" (José Brás)... "Acabou por justificar a existência do Movimento Nacioanal Feminino" (António J. Pereira da Costa)... "A malta chegava a solidarizar-se e fretar a avioneta civil para trazer o correio" (Henrique Cerqueira)
Desta vez não me apercebi das habituais objecções/sugestões do nosso António José [Pereira da Costa] mas realmente fiquei um pouco sem saber exactamente como responder.
É que, como por aqui já foi referido, é possível ter todas as opiniões.
"Era seguro e rápido"....
Pois teria sido seguro a maior parte das vezes e para a maior parte das pessoas, nalgumas outras situações nem tanto. Quanto a rápido, pois também está visto que 'variou' embora, dadas as circunstâncias, também se possa considerar rápido.
"Era seguro mas não rápido"...
É tudo uma questão de relativização. A 'segurança' é a mesma da primeira questão, já a rapidez deve aqui entrar em linha de conta com o facto onde se estava. Em Bissau ou sede de Batalhão era seguramente mais rápido do que num Destacamento qualquer.
"Era rápido mas não seguro"...
Sobre a 'rapidez' os pontos acima mostram que o conceito depende então de onde se estava. Quanto à 'segurança' aqui podemos dividir em dois campos principais: o da violação da correspondência para verificação do conteúdo escrito, fosse lá motivado porque motivo fosse, ou para 'apropriação indevida' de qualquer conteúdo extra. Sobre isto acho que se pode considerar que, na generalidade, não houve assim tantas razões de queixa, pelo menos de extravio, embora isso não seja garantia de que a correspondência não tivesse sido lida por pessoas além do destinatário.
"Não era nem seguro nem rápido"....
Trata-se de considerar negativamente qualquer das situações e sobre isso a minha opinião é que "depende". Algumas vezes, sim, a maior parte das vezes, não.
"Não sei / já não me lembro"....
A questão mais fácil. Ao responder aqui, cumprimos o dever de participar no inquérito e descarregamos considerações.
Ora bem, a minha experiência foi de que não tive razões de queixa.
Escrevi e recebi aerogramas. Escrevi e recebi cartas. Com fotos. E chegaram todos e todas. Mais ou menos rápido, dependendo de estar em Bissau ou em Piche mas sem grandes razões de queixa.
Logo em Novembro, resolvi escrever um aerograma com uma série de observações que poderiam ser tomadas em conta como "subversão", dirigido a uma jovem "católica progressista" e chegou sem problemas.
De um modo geral também não me alongava em grandes considerandos, apenas a superficialidade das circunstâncias: calor, bom tempo, muita chuva, saúde... etc.
Já agora.... sem querer alimentar qualquer tipo de polémica ou coisa parecida, tenho a ideia que um camarada que esteve comigo no CSM [, Curso de Sargentos Milicianos,] em Santarém e depois teve uma 'especialidade' diferente da minha, estava colocado na Repartição de Sargentos e Praças e na véspera da minha partida para a Guiné me esclareceu (vou 'vender' pelo mesmo preço, tanto quanto me recordo) que a "prestimosa polícia política" classificava os mancebos que tinha "debaixo de olho" como "suspeitos", "activistas", "comunistas" e "anarquistas" e que tinha visto a minha ficha de mobilização e lá figurava uma determinada 'categoria'.
Nunca quis confirmar isto. Embora na altura me interrogasse pela ordem da escala de 'perigosidade'.
Hélder Sousa
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(*) Vd. poste de 1 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17567: Inquérito 'on line' (121): O aerograma ?... "Era rápido mas não seguro" (José Brás)... "Acabou por justificar a existência do Movimento Nacioanal Feminino" (António J. Pereira da Costa)... "A malta chegava a solidarizar-se e fretar a avioneta civil para trazer o correio" (Henrique Cerqueira)