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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10417: Passatempos de verão (14): Composição fotográfica CCAÇ 2317 - Pioneiro de Gandembel (Joaquim Gomes Soares)

1. O nosso camarada Joaquim Gomes Soares (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel / Ponte Balana, 1968/70), em mensagem do dia 19 de Setembro de 2012, mandou-nos esta composição fotográfica para publicação no nosso Blogue:


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10407: Passatempos de verão (13): Lorde Byron e o cerco de Missilonghi (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10407: Passatempos de verão (13): Lorde Byron e o cerco de Missilonghi (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com uma passagem da sua recente viagem, este Verão, à Grécia.

Lorde Byron e o cerco de Missilonghi

Beja Santos

Fui passar uns dias à Grécia, o pretexto era um casamento em Neo Paramos, uma cidadezinha no golfo Sarónico, entre Corinto e Atenas. Com um calor fervente, fui até às ruínas do Santuário de Deméter, em Eleusis, ali perto, na véspera da festa, e, celebrada a boda, rumei para o nordeste do Peloponeso, na mira de ver a montanha Zíria, Nemeia, Micenas, o teatro de Epidauro e Napflio, a primeira capital da Grécia, entre outros alvos.

O maciço montanhoso em que se inscreve Zíria é de cortar a respiração, é uma pedra cinzenta, com uns tons azulados, a vegetação vai por ali acima amarinhando mas os fraguedos querem-se desnudados para que o turista os contemple entre o assombro da natureza escalvada e a noção da sua pequenez enquanto mirone. Foi nessa deambulação que cheguei ao mosteiro de S. Jorge onde captei uma imagem que me encheu as medidas, à entrada da igreja, num espaço que penso ser uma sacristia contemplei desvanecido este lido fresco.

Mosteiro de S. Jorge, no nordeste do Peloponeso

E daqui seguiu-se para Micenas, era uma revisitação, estivera lá há cerca de 4 anos, então comovi-me a valer, agora vinha à espera doutro tipo de fruição, incluindo a visita ao museu. Comecei pelo Tesouro dos Átridas, uma construção ímpar da Idade do Bronze e depois Micenas, as suas muralhas ciclópicas e, claro está, quedei-me boquiaberto em frente da Porta dos Leões, a primeira construção monumental do seu género. Deu para lembrar que muitos dos heróis da Ilíada partiram daqui.

Porta dos Leões, em Micenas, vendo-se um troço das muralhas ciclópicas 

Depois o grupo decidiu que devíamos ir à procura do mar, que é coisa que não falta num país que tem mais de 1400 ilhas. Rumou-se para Patras, e um pouco antes de lá chegar cometi a asneira de dizer a ingleses que ali perto estava a cidade de Missilonghi, onde morrera um dos maiores bardos românticos ingleses. Bonda de praia, queremos ir a Missilonghi ver como os gregos guardam memória do mais sagrado dos seus heróis estrangeiros. A torreira ao sol não dava tréguas, nem comendo as espetadas tradicionais acompanhadas de uma boa cerveja fresca. Impacientes, a suar em bica, fomos todos para o Jardim dos Heróis Sagrados, em Missilonghi.

Talvez valha a pena determo-nos um pouco sobre este local mítico, tanto para gregos como para ingleses.

A guerra de independência da Grécia estendeu-se por toda a década de 20 do século XIX, portanto precedeu o período das grandes lutas de libertação europeias. Recorde-se que durante mais de quatro séculos o Império Otomano controlou a Grécia. Os gregos viram preservadas a cultura e as tradições, a Igreja Ortodoxa Grega foi respeitada, mas os gregos estiveram submetidos e sem quaisquer direitos políticos básicos. Assim que os gregos deram sinal de revolta, em 1821, logo cresceu o Filelenismo (a simpatia pela causa grega) por toda a Europa. É por isso que o Jardim dos Heróis Sagrados da Grécia acolhe lápides alemãs, francesas, russas e outras. Byron é já um poeta consagrado quando parte da Albânia para a Grécia, recolhera fundos e dirigiu-se para Missilonghi, na Grécia Central. O sultão otomano, verificando uma série de desaires tanto na guerra marítima como em solo continental, pediu a intervenção egípcia. Os egípcios concordaram em enviar os exércitos para a Grécia em troca de Creta, de Chipre e do Peleponeso. O sultão aceitou e Ibrahim Paxá invadiu a Grécia. É neste contexto que dá o cerco de Missilonghi que acabará num desaire para os gregos depois de uma enorme resistência ao longo assédio.

Byron, uma figura quase odiada em Inglaterra, tornou-se o ídolo dos gregos. E assim eles reservaram-lhe o lugar central do jardim, sobe-se uma alameda flanqueada por ciprestes e ali temos o monumento, Byron olha-nos sobranceiro, vestido com distinção.

Lorde Byron com honras no melhor espaço do Jardim dos Heróis Sagrados da Grécia. Os seus restos mortais seguiram para Inglaterra, mas por sua decisão o seu coração está aqui sepultado

Um dos panos da muralha de Missilonghi que sobreviveu aos desgastes do tempo. Houve o cuidado de as preservar, constituem um dos pontos altos do Jardim dos Heróis Sagrados da Grécia

O calor era insistente e não dava tréguas, mas impunha-se visitar o museu de Missilonghi, um quilómetro adiante, também ali Lorde Byron põe e dispõe, é o verdadeiro rei da festa. A cambalear, fomos refazer as forças no café Byron, bebendo um bom café gelado, e depois entrámos gloriosamente no museu. Deu para perceber o papel iconográfico que ainda hoje desempenha o autor de Childe Harold, o tal poema que cantou as belezas de Sintra, sim estamos a falar do mesmo Byron que classificou Sintra como um Éden.

Uma das salas do museu de Missilonghi destinadas a Byron

E saímos de Missilonghi eufóricos, durante a viagem de regresso discutimos as lutas de libertação europeias, ninguém esqueceu Garibaldi e todos os outros heróis nacionais. Alguém falou num quadro célebre de Delacroix dedicado ao sofrimento dos defensores de Missilonghi e intitulado Grécia sobre as Ruínas de Missilonghi. Vale a pena ver o quadro com algum pormenor.

Eugène Delacroix apresenta o episódio na forma de uma alegoria, onde a Grécia, em seu ideal de liberdade, é apresentada como uma mulher em trajes brancos, luminosa, de braços estendidos e colo nu, como que ascendendo sobre as ruínas da cidade a seus pés. Todo o restante da obra é dominado pelas trevas. Sob as pedras destruídas da cidade, surge o braço de um homem, que segundo algumas interpretações, seria uma referência explícita a Byron.

Urgia pôr termo à deriva cultural, atravessou-se a ponte em Patras, voltou-se ao Peloponeso, chegara a hora do banho nas águas de Corinto, a água era um caldo e antes do regresso, entre alguns dedos de conversa onde Missilonghi veio à baila, bebeu-se mais um café gelado para fazer horas para nos sentarmos em frente ao golfo Sarónico, a ver Salamina ao fundo, a comer uma espetada de peixe. Tinha sido um dia diferente, uma visita singular aos movimentos de independência na Europa do século XIX.

É com muita alegria que se faz esta notificação para todos os confrades do blogue.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10405: Passatempos de verão (12): Mensagem bem humorada (Álvaro Vasconcelos)

Guiné 63/74 - P10405: Passatempos de verão (12): Mensagem bem humorada (Álvaro Vasconcelos)

1. Mensagem bem humorada do nosso camarada Álvaro Vasconcelos (ex-1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72), com data de 9 de Setembro de 2012:

Bom domingo, estimado Carlos Vinhal.
Cumprimentos nossos. Espero que tenham aproveitado bem, gozando os dias de descanso que retiraram ao calendário do Blogue em saudoso interregno tão bem disfarçado pelo estimado Luís Graça ao qual remeto um XI  (Olá Alice), e a toda a gente, desde Candoz à Lourinhã, terra de dinossaurios.
Cumprimento também o Eduardo Magalhães Ribeiro, o Virgínio Briote, o Humberto Reis o Hélder Sousa, o Jorge Cabral, o Zé Martins, Torcato, Belarmino... todos os demais!

Hoje completa mais um ano a Camariga Filomena Sampaio. Obrigado por teres apresentado em nome de todos nós mais esta saudação. Bem hajas por seres constantemente um atento portador dessa (mais uma!...) tarefa. Sabes, meu irmão?... És um camarada daqueles!...

A propósito do aparecimento do Tony Sacavém a aludir ao PIFAS com uma gravação formidável, como o Luís tão bem sublinhou, e para eu cumprir com mais uma ajuda ao nosso Tertúlio - (Luís, meu corazon bondoso não esqueço o teu sulicitu d`há meses) - , fui ao fundo do baú e descobri uma fotografia d´um dos dois foguetes 122mm lançados sobre Aldeia Formosa, no dia 20 de Fevereiro de 1971.


Este foi o que não rebentou. Foi fotografado, tanto quanto me lembro - e se não estou p´rá qui a meter água - , por um camarada, Júlio César, Furriel Fotocine que operava em comissão na região do Quebo/Tombali, do qual não tenho noticias, infelizmente... mais um!

Estou convicto que esse lançamento de Fev de 71, foi mais um, dos ensaios primitivos dessa arma do PAIGC (era Chinoca ou Prestroykiano) . Chego a esta conclusão, pelo que o nosso Blogue nos tem dado a conhecer, ... terá sido assim?!...

É claro que tinham ocorrido mais flagelações dessa foguetada, a 10 e 14 de Janeiro, tanto quanto a pesquisa permite lembrar. Em Bissau, aquele flagelito (que cagaço p´ralguns, com o respeito devido!) relatado na gravação extraordinária que o Tony nos maravilhou - e maravilhará podermos continuar a auscultar -, aconteceu em Junho de 1971, antes da Raça!... - Ai meu rico Stº. António, S. João e S. Pedro (d`Áfurada), num murri nu mato, vou sacumbir aqui!-.

Posto isto e para abrilhantar ... também anexo uma foto, tirada em Out de 1970, quando eu estava de serviço no Rádio, posto STM lá n´Aldeia!... Oh maralha do STM ... lembram-se?!... Xiça penico ... que coisa boa! ... será qu´há mais?... no meio de pó e teias de aranha,... talvez!


Gente deliciosa, Tertúlio/Camarigos, eu não esqueço nenhum(a), nesta coisa aurículo/ventricular que me vai batendo aqui do lado esquerdo, ... até um dia destes!...
Álvaro Fazcancelas


E.T. (P´ra safar, que vai a lápis) 

Sabem, estimados sexo/a seis/sete/oitocentistas, esta disposição escrivã bem humorada, é p´ra disfarçar o doloroso momento! ... 
Chegamos onde o Judas borrou as calças, como vociferava, nos anos 60, o meu avô paterno, carinhosamente tratado por Paicelos, lá do Grilo!...
Quíus padiu!... como dizia a minha avozinha materna, de Sta. Leocádia. 
Tud´in Baião, ganda cumcêlho, do Destitro du Puôrto, cidade d´umde sou natural. 
Munto gustaba de ser analfaberto e num ter passado o que passei p´ra qui chegar!... 
Fozgaçe. 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10387: Passatempos de verão (11): Foto(de)composição ou o fim de um (passa)tempo...ou simplesmente uma sequência fotográfica à procura de uma legenda (Luís Graça)

sábado, 15 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10387: Passatempos de verão (11): Foto(de)composição ou o fim de um (passa)tempo...ou simplesmente uma sequência fotográfica à procura de uma legenda (Luís Graça)










Candoz > Quinta de Candoz > 24 de setembro de 2011 > Fim de um (passa)tempo. Fim do verão.  Fim das férias... na Tabanca de Candoz... Foto(de)composição... O medo guarda a vinha, as árvores de fruto, os muros, a casa, as minas, o passado, o presente, o futuro,,, Fim de um (passa)tempo inocente. Ou talvez não. Talvez a foto ou sequência de fotos mereça uma outra legenda, com a cumplicidade, a conivência,o humor,  a imaginação e a paciência dos nossos leitores. 

Fotos: © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados

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Nota do editor:

Último poste da séreie > 27 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10303: Passatempo de verão (10): As árvores também choram... (Luís Graça)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10303: Passatempo de verão (10): As árvores também choram... (Luís Graça)


Quinta de Candoz > 24 de setembro de 2011 > Os "ouriços" do castanheiro... Candoz foi roubado à floresta de castanheiros, que aqui crescem espontaneamente, tal como os carvalhos...



Quinta de Candoz > 8 de junho de 2012 > O nosso orgulhoso sobreiro... Tem menos de 50 anos,
é portentoso, não dá cortiça de qualidade mas a sua sombra é tutelar e o sítio onde está implantado inspirador...

Fotos:   ©  Luís Graça (2011).  Todos os direitos reservados



Quinta de Candoz > 24 de setembro de 2011 > Abate de um castanheiro

Vídeo (38''):  
 ©  Luís Graça (2011). Alojado em You Tube > Nhabijoes >
1. As árvores também choram. Quando o machado, a motosserra ou a bulldozer as abate. Na Quinta de Candoz (Portugal), no Cantanhez (Guiné-Bissau) ou na Amazónia (Brasil). As razões podem não ser (nem são) as mesmas. Na Quinta de Candoz, os castanheiros selvagens competem, pelo espaço vital,  com a vinha de vinho verde, sustento da casa (leia-se: dá para a luz, o gás, o gasóleo, os tratamentos da vinha, o IMI...).

Houve tempos em que tinham valor económico, os castanheiros, só pela madeira. Hoje nem isso. E para darem boas castanhas, têm de ser enxertados... É das árvores que,  em termos de estética da paisagem, eu mais admiro, a seguir aos carvalhos (que são os nossos poilões). É uma dor de alma ver as nossas florestas de castanheiros, carvalhos e sobreiros (que crescem aqui muito rapidamente) serem destruídas pelo raquítico, inestético e invasor eucalipto, uma praga que veio da Oceania e é uma ameaça séria para a nossa paisagem mediterrânica... 

Candoz pertence à freguesia de Paredes de Viadores, concelho de Marco de Canavezes. Do outro lado do vale é Baião. Pertencia ao concelho de Bem-Viver, com sede em Sande, concelho esse que foi extinto em meados do séc. XIX.Há 300 anos estas terras eram fracas de cereal e abundantes em castanha, segundo a  Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, do P. António Carvalho da Costa (3 volumes, Lisboa, 1706-1712).
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10300: Os nossos passatempos de verão (9): A andorinha da Tabanca de Candoz, que é leal, gregária, solidária, corajosa, persistente, vai à luta, não desiste... (Luís Graça)

domingo, 26 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10300: Os nossos passatempos de verão (9): A andorinha da Tabanca de Candoz, que é leal, gregária, solidária, corajosa, persistente, vai à luta, não desiste... (Luís Graça)



Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz >  23 de Agosto de 2012 >  Ninho de andorinha, insólito, construído não no beiral mas à volta da lâmpada do hall exterior ou alpendre de uma das nossas casas... Aos 43 segundos vê-se uma andorinha entrar no ninho levando insetos para alimentar as crias, e 10 segundos depois sair para mais uma "caçada" ao redor da Quinta de Candoz... O ninho foi recentemente reconstruído.

Vídeo (1' 07''):  © Luís Graça (2012). Alojado em You Tube  > Nhabijoes







Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz >  9 de junho de de 2012 >  O nosso ninho de andorinho, parcialmente destruído por causa desconhecida, não humana, e rapidamente reconstruído pela nova geração... Em agosto de 2012 já alojava as novas crias...  


"As andorinhas são um grupo de aves passeriformes da família Hirundinidae. A família destaca-se dos restantes pássaros pelas adaptações desenvolvidas para a alimentação aérea. As andorinhas caçam insectos no ar e para tal desenvolveram um corpo fusiforme e asas relativamente longas e pontiagudas. Medem cerca de 13 cm (comprimento) e podem viver cerca de 8 anos. (...) 

"As fêmeas fazem uma postura de 4 ou 5 ovos, que depois são incubados durante cerca de 23 dias. Passado o tempo da incubação, nascem os jovens, cuja alimentação é feita por ambos os progenitores. 

"Quando a temperatura baixa, as andorinhas juntam-se em bando e vão à procura de locais da Europa mais quentes, indo também para o norte de África. Depois, quando a temperatura volta a subir, por volta da primavera, regressam novamente. Constroem as suas casas perto do calor, em pequenos ninhos normalmente colados ao tecto." (...)

(...) "Originalmente, a andorinha-dos-beirais [ 'Delichon urbicum'] construía os seus ninhos em falésias e cavernas. Ainda são encontradas algumas colónias em falésias, com o ninho construído sob uma rocha saliente, mas atualmente esta espécie usa sobretudo estruturas feitas pelo homem, como edifícios e pontes, de preferência junto à água. 

"Ao contrário da andorinha-das-chaminés, usa a parte exterior de edifícios abandonados em vez do interior de estábulos ou celeiros. Os ninhos são construídos na junção da parede com o beiral, ficando assim fortalecidos pela ligação a dois planos distintos.

"Regressa à Europa para nidificar entre abril e maio, e a construção dos ninhos ocorre entre o fim de março (no norte de África) e o meio de junho (na Lapónia). O ninho tem a forma de uma taça fechada com uma abertura estreita no topo e é feito com pedaços de lama colados com saliva, e forrado com palha, ervas, penas ou outros materiais macios. A sua construção demora até 10 dias e é levada a cabo tanto pelo pela fêmeacomo pelo macho.

"Frequentemente, o pardal-doméstico ('Passer domesticus') ocupa o ninho durante a sua construção, forçando a andorinha-dos-beirais a construir um novo. A abertura no topo do ninho completo é tão pequena que os pardais não conseguem ocupá-lo uma vez construído.(...)
 
"A andorinha-dos-beirais é mais gregária do que a andorinha-das-chaminés 
['Hirundo rustica'] estando habituada a viver e a migrar em bando, e tende a nidificar em colónias numerosas. Os ninhos podem inclusive ser construídos em contacto uns com os outros. Tipicamente, estas colónias têm menos de dez ninhos, mas há registos de colónias com milhares de ninhos. Cada postura possui habitualmente quatro ou cinco ovos brancos, com um tamanho médio de 1,9 x 1,33 cm e um peso médio de 1,7 g. A incubação dura geralmente de 14 a 16 dias, e é feita essencialmente pela fêmea. As crias recém-eclodidas são altriciais e necessitam de 22 a 32 dias, dependendo das condições atmosféricas, para abandonar o ninho" (...) (Fonte: Wikipédia)

Fotos: © Luis Graça (2012). Todos os direitos reservados 


1. Há um ano atrás, em setembro de 2011, fiz e coloquei no blogue um pequeno vídeo (18'') com insólito ninho de andorinha, construído não no beiral do telhado, como é habitual nas andorinhas de beiral, mas no alpendre de um das casas (não habitadas) da nossa Quinta de Candoz (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses)...

O vídeo comprovava assim a  existência de um família de andorinhas que,  desde há menos de uma década, vem do norte de África "passar as suas férias de verão" e nidificar em Candoz,  nas encostas do Douro... Sempre tivemos, a família de Candoz,  um especial carinho por este ninho e seus habitantes ... Nunca, que eu me lembre, desde 1975, nenhuma andorinha tinha feito nidificado na nossa terra... Estas, tal como eu, chegaram, gostaram e voltam sempre...  Em 9 de junho deste ano, para surpresa e desgosto meus, dei conta que a "abóboda" do industrioso ninho tinha caído, possivelmente sob o efeito de alguma intempérie. Voltei, há dias,  a sorrir, quando a 23 de agosto dei conta de que o ninho tinha sido reconstruído e tinha novos inquilinos, seguramente descentes dos primitivos construtores de há meia dúzia de anos atrás...

Este ninho, que eu chamei insólito, foi pretexto para um dos nossos inocentes e descontraídos passatempos de verão, ajudando-nos a
 cultivar a horta do nosso bom humor e sabedoria... e ao qual se juntaram, com os seus valiosíssimos e oportunos comentários, os nossos camaradas e amigos Henrique Cerrqueira, José Belo, Torcato Mendonça, José Manuel Cancela, Joaquim Sabido, Carlos Cordeiro, César Dias e Filomena... (Espero não estar a esquecer ninguém!).

Moral da história: as andorinhas, mesmo aquelas que são mais "desalinhadas", mostram aos seres humanos que todos podemos ser ao mesmo tempo iguais, diferentes e únicos, e que isso só nos enriquece como espécie... Ah, tem outras qualidades, importantes nos tempos que correm, a nossa andorinha dos beirais: é leal, gregária, solidária, corajosa, persistente, vai à luta, não desiste... Parafraseando o Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (6: 26), tomemos como exemplo as andorinhas e demais aves do céu... (LG)

sábado, 11 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10250: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (8): O soldado tranquilo, o soldado silencioso... A(s) Mina(s): Excerto de texto da antiga embaixadora israelita em Angola, Tamar Golan...

Minas, por T. G. [Tamar Golan]

[Foto à esquerda, de Carlos Vinhal, uma mina anticarro]



Chamam-lhe o "soldado tranquilo", ou o "soldado silencioso (...) (*) 

A carga explosiva pesa escassos gramas ou alguns quilogramas. É feita de metal ou de plástico. Grande e pesadona ou pequena e ligeira. Fabricada na China, na Rússia, nos Estados Unidos, em Israel e em dezenas de outros países à superfície da Terra. É fácil e simples de fabricar. Barata, eficaz e mortal.

O preço de uma mina é baixo. As organizações de combate às minas calcularam que o custo de uma “unidade” pode ir de menos de um dólar até cento e cinquenta dólares. Mas a remoção de cada mina pode ascender a mil e quinhentos dólares!

Por isso, converteu-se na arma ideal dos pobres. Perante as bombas atómicas, os aviões evasivos, as bombas “inteligentes” comandadas a laser, os míssei9s balísticos, perfila-se a mina pequena e barata. Os que a utilizam não precisam de ser pilotos competentes ou técnicos diplomados. Nem precisam de saber ler e escrever. As instruções elementares do manejamento vão desenhadas na embalagem.

Nem sempre é necessário dar-se ao trabalho de a ocultar debaixo de terra. Em países com clima tropical quente e húmido, pode-se simplesmente espalhar as minas nos campos à volta da aldeia remota. A chuva e a erosão farão o resto e a camponesa que sai para cuvar a sua leira, não vai reparar no “soldado” que lá está escondido.

A mina não discrimina homens ou mulheres, nem distingue civis de militares. As crianças são um alvo permanente. Ao contrário das bombas “inteligentes” que deverão atingir alvos previamente definidos, as minas não são pretensiosas e quem as coloca não ambiciona que o seu planeamento seja preciso e sofisticado. Assim, também não têm de confessar que erraram.

Esta arma é absolutamente desprovida de ideologia. Esteve ao serviço dos Estados Unidos e da União Soviética, da China comunista e da Africa do Sul do apartheid. Todos a usaram nas suas guerras contra todos, por vezes, na mesma nesga de terra do mesmo país.

Ocorreu-me, mais do que uma vez, que a mina é tão irritante,  precisamente por não obedecer às ordens variáveis de que quem as usa. Generais vêm e vão, polítcios substituem-se – mas ela mantem-se. Desde o momento que é posta no chão, é autónoma no terreno.

Durante a Segunda Guerra Mundial falou.-se muito em “campos de minas” – terrenos definidos e assinalados em mapas pormenorizados, Nas guerras do Terceiro Mundo não existem, hoje em dia, mapas, mas campos há muitos. Os campos de inofensivos agricultores, os pátios das escolas rurais e os adros de igrejas. E também, é claro, aeroportos, linhas de caminho de ferro, estradas e pontes. Já não há guerras entre exércitos regulares, mas conflitos de todos contra todos.

É um tema nos órgãos de comunicação. A muitos é comum a moda de condenar esta arma terrífica. Comos se os outros tipos de armamento fossem menos condenáveis. Há alguns anos, foi finalmente decidido pô-la fora da lei. Uma convenção internacional foi solenemente assinada em Otawa, no Canadá. Proibe a venda, o fabrico, a exportação, e o uso de minas. A convenção também exorta à desmontagem de minas onde quer que se encontrem. A convenção está em vigor, mas os grandes fabricantes – à frente dos quais os Estados Unidos – ainda não a ratificaram.

Especialistas definiram um grupo de países onde a praga das minas é mais grave. À frente – Cambodja, Afeganistão, Angola e Moçambique. Disse-se sobre Angola que tem o maior número de minas por habitante e a taxa mais elevada de crianças atingidas. Todos concordam em que ninguém sabe o número de minas dispersas pelo mundo fora.

As minas de Angola chegaram aos cabeçalhos dos jornais graças à princesa Diana. Quarenta e oito horas passou a bela princesa em território deste ferido país, e uma fotografia dela, na companhia de um menino sem membros, fez mais por consciencializar as pessoas para o perigo das minas, do que milhares de fotos só de crianças destroçadas. Todo o mundo já leu e assistiu a relatos infindos. Mas nunca bastam.

Os anos da minha estada em Angola foram à sombra de minas. Não há domínio que mais me tenha ocupado. Esteve no âmago da minha actividade e mesmo quando terminei a missão, permaneci em Angola, para continuar a contribuir com todas as minhas capacidades.

No ano transacto, como noticiado, foram removidas e deflagradas trinta mil minas em Angola. No terreno ficaram uns dez milhões. Talvez mais, talvez menos.

As estatísticas continuam a assustar. As tentativas de lutar contar esta praga são limitadas, os êxitos escassos - e os malogros imensos.

In: Tamar Golan e Tamar Ron – Encontros em Angola: o homem e a natureza na sombra da guerra. Luanda: Caxinde; Lisboa: Prefácio. 2007,  pp. 67/69. [Reproduzido com a devida vénia...]

TG [ Tamar Golan] (**) (***)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10215: Guiné 63/74 - P10215: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (4): O soldado tranquilo, o soldado silencioso...



(**) Tamar Golan [, foto à esquerda, cortesia do sítio da Embaixada de Israel em França,] foi a primeira embaixadora de Israel em Angola (1995-2001), por nomeação pessoal do então primeiro ministro Yitzhak Rabin. Foi depois consultora, por parte da ONU, do Governo angolano  na instituição da Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH). Conheceu África, pela primeira vez, em 1961. Nesse ano, perdeu o marido, num acidente, na Etiópia. Era doutorada em Ciências Políticas e Administração, pela Universidade de Colúmbia, N.Y., com especialização em Assuntos Africanos. Foi jornalista. Viveu em Israel, onde foi professora na Universidade Ben Gurion, no Neguev. Morreu em Israel, aos 78 anos, em 30 de março de 2011. Escreveu, entre outros, este belíssimo livro, "Encontros em Angola", a quatro mãos, com a sua amiga e compatriota Tamar Ron, bióloga e igualmente consultora do governo angolano, em 2000-2004, para a conservação da biodiversidade.


(***) Último poste da série > 9 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10243: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (7): Como se chamam estes frutos secos, três dos quais são usados para fazer saborosos sumos ?...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10243: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (7): Como se chamam estes frutos secos, três dos quais são usados para fazer saborosos sumos ?...


Quatro frutos secos da Guiné-Bissau, numerados de 1 a 4, da esquerda para a direita... Um deles é mais conhecido do consumidor ocidental. Todos eles são excelentes aperitivos. Três deles são excelentes sumos...


Fruto nº 1


Fruto nº 2


Fruto nº 3


Fruto nº 4

Fotos: © Luis Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

1. Há dias recebemos, lá em casa, por intermédio do Pepito um encomenda com frutos secos da Guiné-Bissau... Não eram muito usados no nosso tempo. No nosso tempo, o aperativo mais popular era a mancarra (amendoím). Não figura neste lote.

O desafio que é feito aos nossos leitores é identificar estes frutos. Não é preciso ir à Guiné-Bissau para os comprar. Estão disponíveis nas lojas do Martim Moniz. São muito populares entre os guineenses que cá vivem.

Há dias conhecemos, eu e a Alice, o pai da Alicinha do Cantanhez, filha da Cadi. O António Baldé, que foi militar da CCAÇ 11, em Paúnca, por volta de 1970, e trabalhou com o Pepito no ministério da agricultura, ensinou-nos a fazer sumos com três destes frutos secos. Acreditem que são mesmo bons.... Que o diga o Xico Allen (vd. fotos em baixo, tiradas em Guileje,. num almoço realizado a 1 de março de 2008, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledge, Bissau, 1-7 de março de 2008).

Só uma ajudinha: os apreciados sumos da Guiné Bissau são, entre outros, o de cabaceira, farroba (ou alfarroba) e veludo... Podem-se misturar os três... (LG)






Guiné-Bissau> Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao Cantanhez, no sul do país > 1 de Março de 2008 > Almoço na antiga povoação e aquartelamento de Guileje > O nosso camarada Xico Allen (e, por detrás ele, o Armindo Pereira), preparando-se para provar uma das mais populares bebidas servidas no decorrer do Simpósio, o pó di pila, feito à base do fruto da cabaceira.  Eu, na altura, não toquei em sumos nenhuns... mas o Xico e o Armindo  é que podem testemunhar se este Viagra doméstico tem mesmo efeitos... afrodisíacos(L G)

Fotos: © Luis Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10237: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (6): Fotos à procura de uma legenda... (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10237: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (6): Fotos à procura de uma legenda... (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)





Guiné > Zona leste > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872, 1971/74) > O pelotão da ferrugem (?)...

1. A foto é do nosso grã-tabanqueiro Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Cond Auto, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74)... Ou pelo menos foi-nos enviada por ele... Não traz legenda. Podemos reconhecer: (i) um grupo de 16 militares, possivelmente valorosos e corajosos condutores auto e outro pessoal da ferrugem, não menos valoroso e corajoso, (ii) no refeitório (?) das praças no quartel de Galomaro (já que havia apartheid naquele tempo e naquele sítio...); (iii) numa naquelas noites quentes e longas da Guiné, na zona leste, em Galomaro; (iv) o chão, à frente do grupo, é iluminado por uma lâmpada, forte, sendo a corrente elétrica produzida por um gerador; (iv) por detrás do grupo, ao fundo do lado direito, adivinha-se a cruz de um altar (?)  onde o capelão dizia a missa; (v) seis ou sete do grupo de 16 usa bigode; (vi) a maior parte está de camuflado; (...)



(...) (vii) ao canto superior esquerdo, veem-se 9 militares, 4 dos quais a fumar; (viii) um deles segura uma terrina (?), fortemenet iluminada pela luz da lâmpada; (...)


(...) (ix) no canto superior direito, temos 6  militares, um em tronco nu, outro de cigarro ao canto da boca, e ainda um terceiro, de pé, exibindo uma garrafa de cerveja, de marca Sagres; (x) ao fundo, a tal cruz (?) possivelmente do altar de uma capela improvisada no refeitório; (...)



... Pergunta-se: Juvenal, o que é feito desta rapaziada ? O que é que eles contarão hoje aos filhos e aos netos, desses tempos de Galomaro ?...O que é feito de vocês, camaradas  da Guiné ? (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10234: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (5): Um sorriso para a fotografia...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10234: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (5): Um sorriso para a fotografia...


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > A alegria espontânea e esfuziante das crianças de uma tabanca de Badora, nos arredores de Bambadinca, indo ao encontro do fotógrafo...


Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.


1. De acordo com notícia da Lusa, citada pelos jornais de ontem, os portugueses tendem a manifestar cada vez mais emoções negativas e a inibir o  seu sorriso, alegadamente devido ao "contexto de crise». Esta conclusão é da autoria do director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, o professor doutor Freitas Magalhães,  da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), da Universidade Fernando Pessoa (UFP) que  está desde 2008 a analisar fotografias publicadas nos jornais diários portugueses, um projecto que faz parte de uma iniciativa mundial  (a terminar em 2013). A amosttra portuguesa inclui mais de meio milhão de fotos... O Laboratório também tem página no Facebook.



 (...) Os resultados da investigação ‘Uma década de sorrisos em Portugal’ indicam que «as mulheres continuam a sorrir mais do que os homens, apesar do registo descendente acentuadíssimo no primeiro semestre deste ano», ao passo que «os homens apresentam mais o sorriso fechado a partir dos 60 anos».

As crianças, por seu lado, «são as que continuam a apresentar mais frequentemente o sorriso largo, um padrão que se mantém desde 2003».

No universo das fotografias analisadas, explicou o investigador, verificou-se ainda que «a expressão facial de emoções negativas é mais frequente e intensa do que a de emoções positivas», comprovando-se que, no caso português, «a situação económico-social potenciou a inibição da expressão».

Para Freitas Magalhães, «os resultados são preocupantes pelas consequências na saúde e na interacção social», uma vez que «a felicidade está na cara das pessoas e o sorriso é um sinal que está a desaparecer a olhos vistos». (...)


Fonte: Lusa/SOL (com a devida vénia)


2. Comentário do editor L.G.:

Estou a banhos. Invoco o meu direito à preguiça (física e mental)... Com um sorriso (discreto que não tem  de ser amarelo)... A minha velhotinha fez ontem 90 anos. É caso para dizer "gracias a la vida, que me ha dado  tanto" (*)... Boa continuação de férias. LG
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Nota do editor:


Último poste da série > 1 de agiosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10215: Guiné 63/74 - P10215: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (4): O soldado tranquilo, o soldado silencioso...


(*) Canção popular chilena magistralmente interpretada por grandes vozes latino-americanas como Violeta Parra, Mercedes Sosa ou Elis Regina. Aqui vai a letra (recolhida neste sítio brasileiro):

Gracias a la vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él, las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10215: Guiné 63/74 - P10215: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (4): O soldado tranquilo, o soldado silencioso...

(,,,) Chamam-lhe o "soldado tranquilo" , ou o "soldado silencioso". Jaz em silêncio e aguarda. Chove , a terra abre  fendas e ele continua a emboscar. Já foram assinados acordos em cerimónias solenes algures,, em capitais longínquas, em pomposos salões, à luz de candelabros refulgentes. Inimigos apertaram as mãos e prometeram que "nunca mais". Mas nada disso lhe interessa. Os rumores acerca da paz não chegaram à remota parcela de terra onde ele se oculta em segurança sob a densa vegetação e onde espera, Esteve cá ontem, estará cá amanhã. Até cumprir o que lhe foi 
determinado (...).


Caro/a leitor/a: Quem será este "soldado tranquilo" ? A que realidade se refere o autor ou autora deste texto  ? Tente adivinhar e comente... Boa continuação do tempo de paz, de praia, de férias... Eu vou hoje começar as minhas... (LG).


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Nota do editor:


Último poste da série > 31 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10213: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (3): A arte nalu... em vias de extinção (António J. Perereira da Costa)

terça-feira, 31 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10213: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (3): A arte nalu... em vias de extinção (António J. Perereira da Costa)


Trim-trim


Banda


Matumbó


Canoa inhominga


Guiné > Região de Tombali > Cacine > CART 1692/BART 1914, 1968/69 > Peças de arte nalu, da autoria do mestre Mussé, e que integram a coleção de arte popular da Guiné do nosso camarada António J. P. Costa, ao tempo alf art QP.


Fotos: © António J. Pereita da Costa (2012). Todos os direitos reservados










Guiné-Bissau  > Região de Tombali > Cacine > 2 cde março de 2008 > Visita no âmbito do Simpósio Interbnacional de Guiledge (1-7 de março de 2008) > Cacine vista de uma embarcação no rio... à esquerda o antigo posto de socorros no tempo da CART 1692... Ainda hoje a povoação, embora degradada, está coberto de magníficos poilões e cabaceiras.


Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso camarada António J. Pereira da Costa [, cor art ref], que estava aqui, na secção das reservas, à espera dos nossos Passatempos de Verão (*):


Assunto - A arte popular da Guiné

Olá, Camarada:

Já levantei este tema e, agora que tudo parece perdido, julgo que devemos voltar a ele e divulgar.

É um tema que pode interessar aos ex-combatentes e aos coleccionadores.

Conheci, em Cacine, um único artesão da arte Nalu. Passava horas a esculpir numa madeira branca que se cortava com facilidade.

Era o Mussé que usava, na cabeça, um gorro de linha, julgo que fabricado pelos fulas. Entre a cabeça e o gorro colocava, com o fornilho para fora, um cachimbo artesanal, já muito usado.

Entre as ferramentas que usava,. lembro-me de uma haste limpa-para-brisas de Unimog, devidamente afiada.

Trabalhava sentado no chã, à beira-rio,  no sítio que a figura mostra, perto do posto de socorros civil (à esquerda da foto).

Um capitão que por ali tinha passado, tentou arranjar-lhe um aprendiz. O miúdo ficava ao pé dele, mas não me parece que aprendesse com o "Mestre".

Por mim, comprei algumas peças e não permiti que as pintasse. Costumava pintá-las "a Robbialac" talvez por já ter perdido o saber das pinturas ancestrais.

Comprei uma Banda que os dançarinos colocam na cabeça, com um dos bicos para frente. E um tambor - um Matumbó (em minatura) -, um pássaro da palmeira - um Trim-trim - e um par de canoas inhomingas, em miniatura.

Mas ele fazia outras coisas.

António Costa

2. Comentário de L.G.:

Poucos de nós conviveram com os nalus, durante a guerra colonial. Para quem quiser saber mais este povo, que habita o Cantanhez há cinco  séculos, recomenda-se um trabalho, já aqui publicado, do nosso amigo Pepito.

Recomendamos também os vídeos sobre os "donos do chão", disponíveis na página da AD - Acção para o Desenvolvimento,  no You Tube. São excertos de um filme que está a ser realizado por Pedro Mesquista, com apoio dos nossos amigos e parceiros da ONG AD - Bissau.

Os donos do chão nalu 2012

Cantanhez de Pedro Mesquita em 2010

[Pedro Mesquita, cineasta português, e a sua equipa têm estado a recolher imagens para um filme cujo título provisório é "Os Donos do Chão", e que precisa de apoios para a sua finalização. Restante ficha técnica: Argumento - José Marques; Edição - Micael Espinha/Roughcut; Produção - Pedro Mesquita, José Marques, Catarina Schwarz, Joana Roque de Pinho; Música - João Bernardo; Apoios : AD, IUCN].

De acordo com a lógica com que foi criado esta série Passatempos de Verão, esperamos mais contributos dos nossos leitores sobre este este tema: a arte popular da Guiné, em geral, e arte nalu, em particular.

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10196: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (2): O pangolim de cauda longa, do Cantanhez (António J. Pereira da Costa)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10196: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (2): O pangolim de cauda longa, do Cantanhez (António J. Pereira da Costa)





Guiné > Região de Tombali > Cacine > CART 1692/BART 1914, 1968/69 > Um pangolim...

Foto: © António J. Pereita da Costa (2012). Todos os direitos reservados


1. Comentário de António J. Pereira da Costa ao poste P 10182 (*)

Camaradas:

O dari [, o chimpanzé,] não é a minha praia, como agora se diz.

O pangonlim, que é uma variedade de papa-formigas, é uma animal curioso:

(i) Parece um grande sáurio daqueles com o dorso arqueado, a cabeça e cauda compridas:

(ii) Tem boca e focinho compridos e que teria tido dentes poderosos;

(iii) A cauda é larga, junto ao corpo, e vai afiando para o fim até terminar em bico muito afiado;

(iv) É rija e suporta bem o peso de um homem;

(v) Tem o corpo coberto de escamas losangonais e castanhas, rijíssimas;são autênticas telhas losangonais.

Na foto - que enviei por e-mail - é visível a parte inferior do corpo que é mole e não está protegida. As patas são curtas e têm unhas poderosas. Eu [, na altura, alferes QP,] seguro uma e o Lemos fotógrafo e bazookeiro segura a outra. O Duarte segura a boca.


Este era um exemplar adulto e muito belo e eu nunca mais vi nenhum. Foi caçado pelo caçador de Cacine, a sul da estrada Cacine-Cameconde.


Um Ab.


António J. P. Costa


2. Comentário de L.G.


Muito bem, camarada, 18 valores a zoologia!... Descrição zoológica perfeita, o Fernando Frade não faria melhor... Falta só o nome científico do bicho... Embora eu não seja um especialista, arrisco a dizer que se trata de um Uromanis tetradactyla (ou manis tetradactyla, conforme os autores), classificado em 1766 pelo sueco Carlos Lineu, o "pai da taxonomia moderna"...

Não é ainda, felizmente, uma espécie ameaçada,  a nível mundial...  Na Guiné-Bissau, também existe (mas é mais raro, ao que parece), o Pangolim gigante, terrestre, Smutsia gigantea (em inglês, o nome comum é giant ground pangolin) que pode pesar mais de 30 kg, o macho, e atingir um metro e tal de comprimento...

A ameaça que existe sobre o pangolim (bem como sobre as outras dezenas de espécies de mamíferos no Cantanhez) é a desflorestação e a caça, além do uso de partes do corpo do pangolim para efeitos gastronómicos, medicinais, afrodisíacos ou mágicos.

António, tens aqui, em português, mais informação sobre esse magnífico mamífero de escamas, arborícola, de hábitos noturnos, de difícil observação e recenseamento, da família Manidae de que existem 7 espécies, distribuídas pelas zonas tropicais de África e Ásia.

Etimologicamente falando, a palavra Pangolim vem do malaio, pangulang, animal que se enrola... Quando ameaçado, tal como o nosso ouriço cacheiro, o pangolim enrola-se sobre si próprio, para se proteger.

Talvez o nosso amigo Pepito nos passo dar mais informação sobre o Turcutacar (, termo da língua nalu). Há uma trabalho interessante, feito por biólogas e antropólogas portuguesas sobre percepções da vida selvagem entre os povos que habitam o Cantanhez (nalus e balantas, sendo os primeiros muçulmanos e os segundos animistas ou católicos).

Entre as questões inquiridas (a que responderam 271 habitantes, homens e muilheres, de várias idades, entre 2007 e 2010) estão a caça e as preferências alimentares (que incluem o pobre do pangolim, mas também a tartaruga, a gazela, o macaco..).Vou sugerir que alguém dos nossos leitores (o Antónioo Costa, por exemplo) o leia nas férias, e faça depois um resumo para o pessoal da Tabanca Grande e seus convidados. Todos temos a obrigação de contribuir para a defesa e conservação deste pedaço de céu na terra (que já foi pedaço de inferno, para muitos de nós, ex-combatentes, de um lado e do outro...). Aqui fica a referência. O texto é em inglês. Está aqui disponível, em formato pdf:

Título do artigo: Are animals and forests for forever ? Perceptions of wildlife at Cantanhez Forest National Park, Guiné-Bissau Republic [ Tradução portuguesa: Os animais e as florestas... são para sempre ? Perceções da vida selvagem no Parque Nacional do Cantanhez, Guiné-Bissau];

Autores: Catarina Casanova, Cláudia Sousa, e Susana Costa;

Research paper accepted: MEMÓRIAS, Environmental Anthropology number (Casanova, C and S. Frias eds.), Lisboa: Sociedade de Geografia de Lisboa ].[Nº temático da revista Memórias, editado pela Sociedade de Geografia de Lisboa].





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > 2 de março de 2008 > Animais desenhados nas paredes exteriores das instalações da AD -Acção para o Desenvolvimento: O pangolim de cauda longa... Fotografia de Luís Graça, por ocasião de visita ao sul, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).

Fotos: © Luís Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

domingo, 22 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10182: Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor (1): Animais do Cantanhez: nomes científicos e outras curiosidades...

















Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > 2 de março de 2008 > Animais desenhados nas paredes exteriores das instalações da AD -Acção para o Desenvolvimento. Fotografia de Luís Graça, por ocasião de visita ao sul, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).

Fotos: © Luís Graça (2008) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Todos os anos, por  esta altura, em que baixa, com as férias escolares e a canícula do verão,  a "tiragem" e a "audiência" do nosso blogue, arranjamos um passatempo para entreter os leitores e fazer descansar os editores...  Este ano não será exceção: férias são férias, e os editores bem merecem uns dias de descanso...

A série que que inventámos vai chamar-se "Passatempos de verão: Hoje quem faz de editor é o nosso leitor"... Qualquer leitor do nosso blogue, quer seja ou não camarada da Guiné, membro ou não da Tabanca Grande, pode colaborar na edição deste poste (que está incompleto)... O objetivo é encontrar, com recurso à Internet, mas também aos livros que a malta tem lá em casa (incluindo os dos filhos e netos em idade escolar...), os "nomes científicos", a classificação zoológica desta bicharada que ainda hoje, felizmente, se  pode encontrar nas matas do Cantanhez, a última floresta húmida da Guiné-Bissau... 

Os nomes que vêm nas imagens são as designações, em crioulo, por que são conhecidos estes animais entre os guineenses (a maioria dos quais, sobretudo os que nasceram e vivem em Bissau, nunca os viram)... O nosso leitor, com tempo e vagar, pode explicar-nos melhor, por exemplo, que raio de bicho é esse tal Tucurtacar Pangolim, como é que os zoólogos o classificam, quais são as suas principais caraterísticas, habitat, alimentação, distribuição geográfica, etc.Quem diz o Pangolim, diz o Nhinhte Camatchol - cobra ou ave ? nem sei.. -  que nunca encontrei, confesso, nas minhas andanças pela zona leste, só sul, no chão dos nalus... Já quanto à onça tenho dúvidas: trata-se de um felino, sem sombra de dúvida, mas será onça ou leopardo ?

As contribuições de cada leitor podem chegar-nos por duas vias: (i) por email, através do nosso endereço: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com
; ou  (ii) por comentário (o leitor não precisa de estar registado no Google, pode enviar-nos o comentário "como anónimo" (mas nome e apelido, no final, da mensagem são obrigatórios)... Sugerimos que cada leitor "adote um bicho" e faça uma pequena pesquisa sobre ele... 

À medida que as contribuições forem chegando, há um escravo de um editor de serviço (que só terá férias em setembro... do ano que vem) que vai atualizando o respetivo poste... O leitor, não sendo grã-tabanqueiro, pode mandar-nos uma foto tipo passe, digitalizada, para publicar ao lado  do seu nome... (mas isto é facultativo, ninguém é obrigado a mandar a "chapa")...  Podem mandar-nos "asneiras" que a gente não censura nada, mas, atenção!,  ficam sujeitos - se o TPC não for bem feito - a "levar na pinha" por parte dos outros leitores... A ideia deste passatempo é que podemos, em conjunto, aprender algo mais - neste caso, sobre a fauna da Guiné-Bissau - , e ao mesmo tempo divertir-nos... Aceitam o desafio ?!
Bom verão, boas férias, bons passatempos, bons encontros... Carpe diem... Gozem as coisas boas da vida!

Luís Graça e seus co-editores de serviço, Carlos Vinhal e Eduardo Magalhães Ribeiro.
PS - Atenção: continuem a visitar-nos. Queremos, no final de agosto, chegar aos 4 (quatro) milhões de visitas... e no final do ano aos 600 (seiscentos) grã-tabanqueiros (membros registados na Tabanca Grande).