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sábado, 18 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14895: Filhos do vento (41): Uma história com final feliz? Fatinha, filha da Maria Mandinga, de Cuntima, encontrou a família do pai e o pai, que está em França (António Bastos, ex-1.º cabo, Pel Caç 953)


Membros fundadores da Associação Fidju di Tuga
com sede em Bissau; cortesia da sua página na Net
1. Mensagem do António Bastos

Data: 17 de julho de 2015 às 22:22

Assunto: Filhos do vento: história com final feliz.

Camarada Luís e Tabanca Grande,  boa tarde.

Luís, tenho uma história muito feliz a contar é um pouco longa, mas se não for possível! Não há problema, também podes reduzir o texto.

Vamos à história; No dia 2/5/2015, foi o almoço anual do BArt 733 em Santiago do Cacém,  não foi organizado por mim mas estou sempre presente.

Passados uns dias, em 18/5/2015, às  20h00 horas toca-me o telefone, era o colega que organizou o almoço (António José, que era da CCS):
- Ó Bastos, ligou-me  um africano de Cuntima a perguntar se eu tinha a direcção do F... das transmissões,  eu disse que não tinha e não conhecia esse nome, mas que ia ligar para outro colega e depois dizia qualquer coisa.

O António José liga para mim, conta-me o caso e pergunta se pode dar o meu contacto.

Bom, eu sem ser do Batalhão, lá vou tentar resolver este caso, fui à história do BArt 733, não constava ninguém com aquele nome.

Eram 22h00, horas liga-me o Fernando Candé (, o africano de Cuntima,  como ele diz):
- Bastos, eu e minha esposa andamos à  procura do F... que era de transmissões do 733. 

Eu digo-lhe  que com esse nome,  F..., não havia ninguém no 733, então ele começa a contar-me que não quer saber dos bens que o F... possa ter, mas a esposa só queria dar um beijo no pai e apertá-lo contra o seu coração.

Bom, eu começo a pensar, vou-me meter nalguma, mas ao mesmo tempo com pena da Fatinha (é o nome da esposa do Fernando) e começo por pedir elementos para seguir com o caso.
- Em que ano nasceu a Fatinha? -
Resposta:
- Quarenta chuvas.
- Como se chama a mãe da Fatinha? 
-  Maria Mandinga, já faleceu. 
- Em que tabanca morava ela? 
- Em Cuntima.

Eram poucos elementos para eu poder avançar, mas liguei ao Carlos Silva, a perguntar se havia algum colega dele com esse nome, o Carlos diz-me logo que no Batalhão  dele não havia ninguém, fui à nossa tabanca e localizei um colega da CArt 3331, não me sabia dizer, deu-me outro contacto de um colega da Marinha Grande, esse já me ajudou alguma coisa, disse que conheceu a Maria Mandinga e a filha que era pequena, ia sempre às costas da mãe e que talvez tivesse um ano... Isto no ano de 1971. Ela, Fatinha, devia  ter 44 ou 45 chuvas, devia ser filha de alguém das  unidades que passaram por lá entre 1968 e 1970.

Vou tentar encontrar na nossa tabanca alguém da CCaç 1789, encontro uns quantos, todos do Norte, o Sousa esse conheceu a Maria Mandinga e sabia que tinha tido uma filha de um militar, não me quis dizer mais nada (e eu concordo, maluco sou eu). Deu-me outros contactos, ao ligar ao terceiro contacto, apareceu um colega que me disse que conheceu a Maria Mandinga e a filha, e que o pai era da unidade dele, o F..., 

Bom, batia certo com o que o Fernando dizia e, mais, depois de eu falar com o colega que é do Porto, o Teixeira, este logo se prontificou em me ajudar.

Dou o contacto do Teixeira ao africano de Cuntima, e eles encontram-se no dia 6/6/15 em Vila Nova de Gaia que é onde mora o Fernando, foi uma alegria para ambos, o Teixeira convida o Fernando e a Fatinha para almoçar em casa dele no Porto, no almoço o Fernando diz que o nome dele lá na Guiné, é Cherno e não Fernando, e que quando era pequeno (7 anos) estava sempre na oficina a ajudar os mecânicos. 

Depois, no dia do almoço anual da companhia, leva o Fernando e a Fatinha, bom, foi uma alegria para aquele pessoal todo mas uma tristeza para a Fatinha, pois o pai não apareceu porque está emigrado em França, mas o Teixeira consegui-o o contacto e a direcção da família do F... e até do próprio.

Então, o Teixeira mete pernas a caminho e vai sozinho a Vila Nova de Famalicão, encontra a irmã do F..., conta-lhe o que se está a passar e logo resposta da tia da Fatinha:
- Quero conhecer a minha sobrinha já.

Já se falaram pelo telefone, já lhe mandou uma foto do pai que está em França e, agora depois de passar o Ramadão, o Fernando, a Fatinha e o casal Teixeira vão-se encontrar com a família de Famalicão para almoçar.

O Teixeira já falou ao telefone com o F..., mas ele não levou a coisa a sério. A família está convencida que ele venha agora de férias. Então vão aguardar.

Eu também vou aguardar, e até pelas fotografias que eles prometeram mandar da família Teixeira, família Baldé, família da tia e até do próprio F... (se ele concordar em dar a cara).

Não me alongo mais um abraço e até breve.

António Paulo S. Bastos,
ex-1º Cabo do Pelotão Caçadores 953,
Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66
__________________

Nota do editor:

Últomo poste da série > 5 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14838: Filhos do vento (40): abaixo-assinado dos "Fidju di Tuga" à Assembleia da República Portuguesa: "Somos atualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau, estimamos que existam pelo menos meio milhar de 'filhos de tuga' espalhados pelo país... Vimos pedir o reconhecimento do legítimo direito à nacionalidade portuguesa"... Entretanto, o 1º ministro Passos Coelho faz amanhã, 2ª feira, a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau.

domingo, 5 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14838: Filhos do vento (40): abaixo-assinado dos "Fidju di Tuga" à Assembleia da República Portuguesa: "Somos atualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau, estimamos que existam pelo menos meio milhar de 'filhos de tuga' espalhados pelo país... Vimos pedir o reconhecimento do legítimo direito à nacionalidade portuguesa"... Entretanto, o 1º ministro Passos Coelho faz amanhã, 2ª feira, a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau.

1. Mensagem de Catarina Gomes, jornalista do Público,  autora (texto) da reportagem sobre os "Filhos do Vento" e "O Meu Filho Ficou lá";  filha de ex-combatente da guerra colonial (em Angola), escreveu o livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):

[foto à esquerda: membros fundadores da Associação Fidju di Tuga, com sede em Bissau; cortesia da sua página na Net]
Data: 3 de julho de 2015 às 14:35
Assunto: abaixo-assinado

 Professor,

Aqui lhe envio o texto do abaixo-assinado da associação de que lhe tinha falado :

A Associação Fidju di Tuga/Filho de Tuga-Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes na Guiné-Bissau foi criada em 2013 para representar os chamados Fidju di Tuga, expressão que traduzida do crioulo significa Filho de Tuga, e que durante todas as nossas vidas foi usada para nos designar/ insultar na Guiné-Bissau.

Somos filhos de ex-combatentes portugueses que estiveram na Guiné-Bissau durante a guerra colonial/guerra da libertação e que tiveram filhos com mulheres guineenses e os deixaram para trás. Muitos de nós até hoje apenas sabem os apelidos e patentes dos nossos pais, dados incompletos que não nos permitiram saber quem é nosso pai português e tentar entrar em contacto com ele.

Criámos esta associação para representar todos estes filhos que ficaram. Somos actualmente cerca de meia centena de membros, apenas em Bissau. Estimamos que existam pelo menos meio milhar de "filhos de tuga" espalhados pelo país, todos nascidos durante os anos da guerra ou no ano imediatamente a seguir ao regresso definitivo das tropas portuguesas.

Os nossos pais estiveram na Guiné-Bissau ao serviço do Estado Português. Os abaixo-assinados vêm por este meio pedir o reconhecimento do seu legítimo direito à nacionalidade portuguesa como filhos de pais portugueses, solicitando que a sua causa seja debatida no Parlamento português.

Entretanto, soube que o 1º ministro Passos Coelho vai à Guiné dia 6 de Julho.

Abraço e boas férias, se for caso disso.

Catarina
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14792: Filhos do vento (39): Será que tudo o que por aí se vai dizendo, da nossa vida sexual em zona de guerra, não será também, em alguns casos, uma grande mentira? (Tony Borié)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14764: Filhos do vento (36): SIC, Jornal da Noite, hoje, 4ª feira, 18, 20h00-21h30; e revista do jornal "Público", domingo, 21: "Tivemos a felicidade de acompanhar o António Bento, que esteve em Angola entre 1973 e 1975, e era furriel, e ir com ele ao encontro do filho que ele nunca conheceu, deixou a mulher com quem viveu durante um ano grávida" (Catarina Gomes, jornalista)

1. Mensagem da nossa amiga Catarina Gomes,  jornalista do "Público", coautora da reportagem sobre os "Filhos do Vento" e "O Meu Filho Ficou lá"; filha de ex-combatente da guerra colonial (em Angola), escreveu o livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):

Data: 16 de junho de 2015 às 10:19
Assunto: Reportagem Angola

Caro professor,

Tal como lhe tinha dito, desde a ida à Guiné a a reportagem dos "filhos do vento",  fiquei com vontade de contar uma história ao contrário, pelo lado de um pai de um "filho do vento". Tivemos a felicidade de acompanhar o António Bento, que esteve em Angola entre 1973 e 1975,  e era furriel, e ir com ele ao encontro do filho que ele nunca conheceu, deixou a mulher com quem viveu durante um ano grávida.

É dessa aventura que dá conta a reportagem que sairá publicada na revista do "Público", no domingo dia 21 de Junho, e no Jornal da Noite da SIC,  esta quinta-feira dia 18 de Junho.

Espero que a reportagem possa inspirar muitos pais a olharem para o passado e talvez a lembrarem-se que deixaram um filho para trás.

Aqui lhe deixo  os dados da conta  bancária da:

Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau (Fidju di Tuga)
Banco da África Ocidental em ligação à conta do Montepio em Lisboa.


114011010114

Um abraço
Catarina


2. Quinta-feira, dia 18 de junho, no 'Jornal da Noite', SIC [20h00-21h30], 

Grande Reportagem SIC: "O meu filho ficou lá" 


Sinopse:

A Guerra Colonial levou milhares de soldados portugueses para África e deixou por lá muitas crianças sem pai, filhos de militares portugueses que acabaram as suas comissões de serviço e regressaram a Portugal. Há quem desconheça que por lá deixou um filho, há quem o esconda porque construiu uma nova família após o regresso e há quem nunca esqueça o que se passou.

Já na parte final do conflito, António Bento foi enviado, por dois anos, para Angola onde prestou serviço militar entre 1973 e 1975. Foi colocado no interior de Angola, na província de Luena, perto da fronteira com a Zambia.

Durante a comissão de serviço, António Bento apaixonou-se pela angolana Esperança. O soldado chegou mesmo a mudar-se e a ir viver para casa de Esperança, numa aldeia perto do quartel. Mas no início de 1975, a comissão de serviço termina e António Bento regressa a Lisboa pouco antes do filho de ambos nascer. O ex-combatente nunca esqueceu que se tinha despedido de uma mulher grávida.

A longa guerra civil em Angola e as dificuldades de comunicação com o interior do país foram algumas das barreiras que impediram António Bento de descobrir o paradeiro do filho. Mas nunca desistiu.

Hoje "Zito", o filho de António e de Esperança, tem 40 anos, a mesma idade de Angola independente. E só ao fim de 4 décadas pai e filho encararam-se, pela primeira vez, olhos nos olhos.

"O Meu Filho Ficou Lá " é a história de uma viagem ao interior de Angola e à emoção do primeiro encontro entre um pai e um filho. Uma 'Grande Reportagem' em parceria jornal Público /SIC.

Reportagem : Catarina Gomes
Ricardo Rezende (imagem e som)
Montagem: Ricardo Rezende | Rui Berton
Uma parceria jornal Público / SIC
Coordenação: Cândida Pinto
Direcção: Alcides Vieira | Rodrigo Guedes de Carvalho

Fonte: Cortesia de:

SIC | Ana Margarida Morais
Assistente Gabinete de Comunicação e Relações Externas

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14750: Ser solidário (186): jornal APOIAR, nº 34. out / dez 2004 - Parte I: O então diretor da associação e do jornal Mário Gaspar com o então ministro da defesa Paulo Portas


Folha de rosto do nº 34 do jornal APOIAR, out / dez 2004 (, o último da direção do Mário Gaspar). Na foto, o então ministro da defesa, Paulo Portas, e à sua direita o Mário Gaspar. Desconhecemos quem era o outro camarada que está à direita do Mário Gaspar.  O último nº do jornal, o nº 92, mar /abr de 2015, está aqui disponível em formato pdf,  no sí.tiio da associação APOIAR. É atualmente seu diretor. o Manuel Vicente da Cruz. O jornal publica-se desde 1996.


1. Mensagem do nosso camarada Mário Gaspar, com data de 28 de maio último:

Caros Camaradas

Envio por mera curiosidade o último Jornal APOIAR – era Presidente da Direcção Nacional e Director do nosso estimado Jornal: uma arma apontada ao PODER – e foi este Boletim simplório que contribuiu para que a APOIAR chegasse onde chegou.

Fui sempre um mero aprendiz, empreendedor e entregue aos meus compromissos.

A verdade é que existe uma Lei – que não funciona por culpa unicamente das Associações amarradas e vinculadas aos Protocolos; existe uma Rede Nacional de Apoio – rôta, repleta de buracos – não é Nacional.

Como escrevo no Livro “O Corredor da Morte”:

- “Não estou aqui para enganar ninguém… Estou aqui por que a casa quer e a casa manda”.

Banha da cobra pura!

Um abraço

Mário Vitorino Gaspar

[ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68;

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14733: Ser solidário (185): Regressei de Bissau e trago um abaixo-assinado de 12 filhos, com as respetivas cópias do BI. A Associação "Fidju di Tuga" quer sensibilizar os deputados portugueses que passaram pelo TO da Guiné (Catarina Gomes, jornalista)

1. Mensagem da jonalista do "Público", Catarina Gomes, autora da reportagem "Filhos do Vento"e do livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):


Data: 9 de junho de 2015 às 10:33

Assunto: Filhos

Bom dia,  professor Luís Graça,

Estou de regresso. Como descrever o que senti durante estes dias? Presenciei a uma reunião da associação "Fidju di Tuga", ofereci-lhes o gravador do Tiago Teixeira e a máquina fotográfica de João Sacôto, que os vai ajudar a registar as suas histórias.

O Pepito tinha-lhes prometido tempo de antena nas rádios comunitárias da AD e uma motorizada para que fizessem o levantamento dos filhos pelo país, mas infelizmente a nova AD não deu continuidade à promessa.

Constato que os filhos que eu conheci há dois anos não são os mesmos da associação, que outros novos se lhe juntaram, que há cada vez mais. Acompanhei o presidente, Fernando Hedgar da Silva [. foto à esquerda,] , e constato que a associação vai sendo cada vez mais conhecida na Guiné, e que reforçou laços entre pessoas que tiveram o mesmo destino e que agora já não estão sós, estão a forjar uma identidade em conjunto. As reuniões são tristes e alegres ao mesmo tempo.

Fiquei muito feliz com a sondagem do blogue, sobre o aparente consenso em torno da questão da nacionalidade. Acho que tem de haver mais a fazer por estas pessoas. Espero que a reportagem de dia 18 de Junho, do pai que voltou a Angola para conhecer o filho, ajude a despertar consciências adormecidas!

Não havendo possibilidade de reencontros entre pais e filhos, acho que chega a altura de o Estado português fazer alguma coisa por estas pessoas que vivem em condições muito parecidas com as que os ex-combatentes conheceram há 40 anos.

Será que me pode mandar o mail dos dois deputados que foram passaram pelo TO da Guiné ?  Falei neles ao Fernando e será ele a mandar o mail.

Penso que seria importante que os ex-combatentes se mobilizassem nesta causa, o professor tem feito por isso. Eu trouxe um pequeno abaixo-assinado, com as respectivas cópias dos bilhetes de identidade de 12 filhos.

Assim que descarregar as fotos do meu telemóvel mando-lhas. (**)

Até breve

Catarina Gomes
Jornalista
Jornal PÚBLICO
(+351) 21 0111179 (Directo)
cgomes@publico.pt
www.publico.pt

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Notas do editor:


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14697: Inquérito online: "Os 'nosso filhos da guerra' deveriam poder ter acesso à nacionalidade portuguesa"... A grande maioria (84%) dos respondentes (num total de 94) está de acordo


Foto de Júlio Tavares (1945-1986), publicado no blogue da sua filha Marisa Tavares, Are  you my brother ? (http://omadragoa.blogspot.com/ ) (*).

 O Júlio Tavares, mais conhecido por "O Madragoa",  foi sold cond auto, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69), a mesma unidade a que pertenceu o nosso saudoso Victor Condeço (1943-2010).

O blogue foi criado em 2010, com o objectivo de encontrar um irmão  guineense, um filho que o seu pai terá tido em Catió, conforme confissão feita por ele na hora da sua morte, em 1986. Qualquer informação sobre o paradeiro do seu meio-irmão guineense (,hoje com 46/47 anos, se  ainda estiver vivo,) pode ser enviada para o email da Marisa Tavares, hoje canadiana,  e de quem também já não temos notícias há muito:  mt_iphone@rogers.com



I. SONDAGEM: OS "NOSSOS FILHOS DA GUERRA" DEVERIAM PODER TER ACESSO À NACIONALIDADE PORTUGUESA


Resultados finais (n=94):


1. Discordo totalmente  (n=1) / 2. Discordo  (n=1)  (2%)

3. Não discordo nem concordo / Não sei  (n=13) (14%)

4. Concordo (n=38) (40%)


5. Concordo totalmente  (n=41) (44%)


A sondagem fechou às 22h do dia 30 de maio p.p.


II. Comentários,  para quê ? 

A grande maioria dos amigos e camaradas da Guiné, leitores deste blogue, estão de acordo quanto á possibilidade de atribuição da nacionalidade portuguesa àqueles/as dos/as filhos/as, concebidos/as durante a guerra colonial (grosso modo, entre 1961 e 1974), filhos de pais, militares portugueses,  e de mães guineenses.

A nossa sondagem parece ser conclusiva: 84% dos respondentes (numa amostra não aleatória de 94 votantes) está de acordo com a proposição, segundo a qual "os 'nossos filhos da guerra' deveriam poder ter acesso à nacionalidade portuguesa", se assim o desejarem ou requererem.

Os também conhecidos como filhos do vento poderão ter hoje entre 40 e 50 anos e, no caso da Guiné-Bissau, não deverão ultrapassar os 500 indivíduos de ambos os sexos, a viver em Portugal e a Guiné-Bissau, segundo estimativas da Conservatória de Registo Civil de Bissau que recebe os pedidos de nacionalidade com base na paternidade portuguesa (Fonte: Catarina Gomes, "Embusca do pai tuga", Público, 14/7/2013).

 A Associação "Fidju di Tuga", com sede em Bissau, que luta pela defesa dos direitos destes homens e mulheres, achava a estimativa conservadora. O mesmo pensam outros observadores (e atores) da realidade guineense como o nosso amigo Cherno Baldé.

A jornalista Catarina Gomes, que é uma profunda conhecedora deste dossiê, recorda a situação, algo similar, dos filhos dos soldados americanos no Vietname:

(...) "A história de guerras em que os combatentes que vão lutar fora do seu país deixam filhos não é uma realidade nova. No século XX, há, por exemplo, casos de alemães que, na Segunda Guerra Mundial, deixaram filhos de francesas que depois foram ostracizadas.

"Nos Estados Unidos, os filhos dos soldados americanos com mulheres vietnamitas até têm nome, chamam-lhes amerasians (fusão das palavras americanos com asiáticos). De tal forma o assunto se tornou público, que estes 'filhos do pó', como eram conhecidos no Vietname - cresceram muitos deles em orfanatos ou tornaram-se sem-abrigo - ganharam direito ao estatuto de imigrante americano de forma automática. Em 1987, o Amerasian Homecoming Act deu-lhes esse direito, sem necessidade de haver provas de paternidade, bastava terem a mínima presença de traços físicos ocidentais. 

"Ao abrigo da lei, emigraram para os Estados Unidos 26 mil filhos e mais 75 mil dos seus familiares.
Um estudo publicado no Journal of Multicultural Counseling and Development sobre este universo concluiu que 76% desejavam conhecer os seus pais, mas só 33% sabiam os seus nomes. Outros 22% tinham tentado estabelecer contacto, mas só 3% tinham tido a oportunidade de conhecer os seus pais biológicos" (...) (Fonte: Catarina Gomes, "Embusca do pai tuga", Público, 14/7/2013).

Pode perguntar-se: amigos e camaradas, o que é que o nosso blogue pode fazer, mais e melhor, por estes "nossos filhos da guerra" ? Para já vai dando visibilidade a um problema que era também, até há alguns anos atrás, mais um dos "esqueletos guardados no armário" da história da guerra colonial.

A Catarina Gomes tem um endereço de email expressamente destinado ao envio de informações julgadas relevantes para "a busca destes filhos de ex-militares portugueses":
filhosdovento@publico.pt.

O seu trabalho de investigação jornalístico já se estendeu entretanto também a Angola. No dia 29 de maio último, ela voltou á Guiné-Bissau, "por sua conta e risco". Ou seja, ele já não é apenas uma jornalista, é uma também  ativista na luta pela defesa dos direitos destes homens e mulheres, "nossos filhos da guerra",  que carregam às costas um passado de humilhação. discriminação e sofrimento. Na realidade, é esperado que os governos de Portugal e da Guiné-Bissau possam fazer algo mais por estas vítimas, colaterais, da guerra.

Apraz-nos registar, por outro lado, que a reportagem Filhos do Vento, de Catarina Gomes (texto), Ricardo Rezende (vídeo) e Manuel Roberto (fotografia), foi distinguida, em 2014, com o Prémio Gazeta na categoria Multimédia, atribuído pelo Clube de Jornalistas.

E, por fim, recorde-se que não são apenas os filhos (guineenses) a procurar o "pai. tuga".. São também os irmãos (portugueses) a procurar os irmãos guineenses... Recorde-se aqui o caso, comovente,  da Marisa Tavares, que vive no Canadá (*). O seu blogue ainda continua ativo; Are you my brother ? [Em português, és meu irmão ?], sinal de que ainda não encontrou o irmão de Catió, que a estar vivo deverá ter 46/47 anos...  O pai, ex-sold cond auto, esteve em Catió e Ganjola, entre 1967/69 (vd. foto acima).

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14688: Ser solidário (184): O Mês da Criança na Guiné Bissau: "Mininesa i no dritu" [O nosso direito de sermos crainças]... Concerto de Karyna Gomes e convidados. na Praça Che Guevara, em Bissau, no dia 12



Programa de atividades do "Mês  Criança", que tem a presernça especial da cantora guineense Karyna Gomes, madrinha do Observatório dos Direitos da Criança. Karyna Gomes lançou ainda recentemente o seu primeiro álbum, "Mindjer". Ver aqui, no You Tube,  "Amor Livre", o single de estreia desse álum, edição da Get!Records.

Karyna Gomes é uma das revelações da música urbana da Guiné-Bissau. Mas já canta desde pequenina, e  trabalhou com outros grandes músicos...É uma mulher socialmente empenhada... É filha de pai guineense, que andou na lutou de libertação, e de mãe caboverdiana.  Estudou jornalismo no Brasil. Canta exclusivamente em crioulo. Tem página no Facebook.



Karyna Gomes, cortesia da editora Get!Records
1. Junho de 2015: Mês da Criança 
na Guiné-Bissau


A Caritas Guiné-Bissau e a FEC [, Fundação para a Fé e a Cooperação] promovem no mês de junho atividades direcionadas a crianças, pais e encarregados de educação, e público em geral com o intuito de celebrar os direitos da criança e formalizar o Observatório Nacional dos Direitos da Criança na Guiné-Bissau.

Sob o lema “Mininesa i no dritu”,  pretende-se, alertar a sociedade civil guineense para a situação atual das crianças, valorizando-as e informando sobre as suas necessidades e desafios de desenvolvimento.

As atividades, areaklizar em Bissau,  são apadrinhadas pela cantora Karyna Gomes, madrinha do Observatório dos Direitos da Criança.

Destaque  para o  o dia 12 de junho, Dia Mundial da Luta contra o Trabalho Infantil, para o Concerto de Karyna Gomes & Convidados. pelas 20h, na praça Che Guevara. Para mais detalhes, vd. o programa acima.

A celebração do mês do Mês da criança "Mininesa i no dritu " enquadra-se no âmbito do projeto "Bambaram di Mininu", é implementado pela Caritas em parceria com a FEC. É financiado pela União Europeia, tendo ainda o apoio do BAO,  Petromar e do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

 [Fonte: Adapt livre de notícia divulgada no sítio da FEC - Fundação Fé e Cooperação].


Capa do álbum "Mindjer", o primeiro CD de Karyna Gomes, 2014, Get!Records.  


2. Resposta de Karyna Gomes à pergunta "Por fim, como gostaria de ver a sua Guiné-Bissau daqui a 20 anos?", no âmbito de um entrevista recente,  publicada no sítio da FEC - Fundação Fé e  Cooperação


Karyna: Politicamente e socialmente estável com infraestruturas que permitam o guineense viver no seu país sem ter que imigrar. Isso significa que temos de estar bem posicionados, cada um no seu setor a contribuir de maneira substancial para o tão almejado desenvolvimento. 

Aqui não falo de arranha-céus, nem de viadutos ou de hotéis de cinco estrelas nas ilhas Bijagós, mas de um serviço público organizado com jovens competentes, bons sistemas de educação e saúde, transportes. Quero ver acabada a impunidade, quero ver a criação e a implementação de políticas e diretivas claras para orientar todos os setores de desenvolvimento.

O setor cultural é um desses setores que eu gostaria de ver desenvolvidos como ferramenta importante para o reforço da educação e do posicionamento estratégico do país a nível mundial, através da música, literatura, cinema, dança, artes plásticas, teatro, moda, etc., mas também temos outros setores como o da pesca, da agricultura e das indústrias extrativas que têm muito que desenvolver. 

Gostava de ver o crioulo oficializado, de pessoas a ler nos cafés e nas escolas. Quero ouvir que não se pratica mais a mutilação genital feminina e que não mais enviam crianças para serem mendigos na rua escondidos na capa da religião... 

Tanta coisa!!! Sim, podemos!´


Fonte: Sítio da FEC - Fundação Fé e Cooperação >  A Guiné-Bissau de Karyna Gomes [Entrevista]

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14671: Inquérito online: Os "nossos filhos da guerra" deveriam ter acesso à nacionalidade portuguesa... A maioria dos nossos leitores (4 em cada 5 dos votantes) acha que sim... Resultados preliminares (n=62)


Lisboa > Cinema São Jorge > Festival Rotas & Rituais 2015 > "Filhos do vento" > Exposição fotográfica de Manuel Roberto > "Inês Miriam Henrique é filha de um ex-combatente português de quem conhece apenas o apelido". Foto de Manuel Roberto (cortesia do autor e do jornal Público)

Ver aqui a sua história resumida:

 "Nasceu em 1967, sabe apenas que o pai português trabalhava no Hospital Militar de Bissau. A mãe, Lígia Vaz Martins, teve mais dois filhos de militares portugueses, um deles é José Carlos Martins, o outro rumou a Portugal à procura do pai, mas não teve sucesso e foi para a Alemanha. Miriam vende sacos de carvão à porta da sua casa. Tem oito filhos. Nos seus sonhos, o seu pai aparece-lhe a dizer que a quer conhecer. Ela só sabe o que julga ser o seu apelido". 

(Fonte: cortesia de Catarina Gomes e Manuel Roberto, Público > Os filhos do vento)


I.  Resultados preliminares (n=62) da sondagem em curso no nosso blogue (vd. coluna do lado esquerdo, ao alto):

SONDAGEM: OS "NOSSOS FILHOS DA GUERRA" DEVERIAM PODER TER ACESSO À NACIONALIDADE PORTUGUESA


1. Discordo totalmente  > 1 (1%)


2. Discordo  > 1 (1%)

3. Não discordo nem concordo / Não sei  > 9 (14%)

4. Concorrdo  > 23 (37%)

5. Concordo totalmente  > 28 (45%)


Total de votos  apurados = 62 (até às 13h de hoje)

Faltam 3 dias para fechar a sondagem


II. CAMARADA, NÃO DEIXES QUE SEJAM OS "OUTROS" A MANDAR "BITAITES" SOBRE OS ASSUNTOS QUE TE DIZEM RESPEITO...

Camarada:

Não é fácil falar, com serenidade, objetividade e rigor, deste tema: os "nossos filhos da guerra" (pessoalmente, prefiro esta expressão)...

Estamos a falar de filhos de portugueses que passaram pela antiga província ultramarina (ou colónia) da Guiné, entre 1961 e 1974, em geral no âmbito do cumprimento de uma missão de serviço militar... Haverá, por certo, também filhos de pessoal civil (por exemplo, comerciantes, administradores, missionários, etc.)...

Independemtente do direito à procura e conhecimento do progenitor (pai biológico) e até do reconhecimento da paternidade, há uma questão sobre a qual se começa a fazer um consenso: estes homens e mulheres, hoje na casa dos 40/50 anos, são filhos de portugueses e, como tal, deveriam poder ter "acesso à nacionalidade portuguesa"...

Se há um reparação (material e/ou simbólica) que, na maior parte dos casos, ainda se pode fazer ao fim destes 40/50 anos, é o reconhecimento pelo Estado português da origem portuguesa destes "nossos filhos da guerra"... Como isso se faz, é já um problema técnico, jurídico e político, que nos ultrapassa...(Esperemos que a embaixada portuguesa na Guiné-Bissau possa fazer qualquer coisa neste sentido.)

De qualquer modo, como simples membro (entre 700) desta Tabanca Grande, também defendo que "mais do que apontar o dedo, é preciso estender a mão para a ajudar"... A exposição fotográfico do Manuel Roberto, no "foyer" do cinema São Jorge, em Lisboa, no âmbito do Festival Rotas & Rituais 2015 (dedicado aos 40 anos da descolonização portuguesa)  interpela-nos a todos, sendo no mínimo "obrigatório" ir vê-la por estes dias... (É só tomar o metro e sair na estação da Avenida.)

 Camarada, sobre este tema (como sobre muitos outros temas que temos aqui abordado)  é importante que dês a tua opinião, sincera, qualificada, serena, sem preconceitos...  E a questão desta vez é simples, é a da possibilidade (legal) de atribuição da nacionalidade portuguesa àqueles dos "nossos filhos da guerra" que eventualmente ainda a (re)queiram... No caso da Guiné-Bissau, não sabemos ao certo quantos são os elegíveis, podem ser umas (escassas) centenas. Infelizmente nunca foi feito nenhum recenseamento destes filhos de portugueses, nascidos entre 1961 e 1975 (*).

Podemos tomar como exemplo os norte-americanos em relação aos seus "mestiços vietnamitas" (e também aprender com os sucessos e insucessos deste processo levado a cabo pelos EUA em relação aos "filhos do pó", deixados pelos seus soldados no Vietname)... 

Este assunto, os "nossos filhos da guerra", nunca sequer chegou ao parlamento português, tanto quanto sabemos... Ora precisamos sensibilizar os nossos deputados que fizeram a guerra colonial... Ainda há alguns, felizmente,  que não têm vergonha de dar a cara, isto é, de pôr no currículo a sua participação na guerra colonial... Temos pelo menos um,  na nossa Tabanca Grande, o Arménio Santos, do grupo parlamentar do PSD, nascido em 1945, sindicalista, aluno do prof Jorge Cabral na Lusófona (**)... Esteve no TO da Guiné como  fur mil reec Inf (Aldeia Formosa, 1968/70). (*)

Por sua vez, Jerónimo de Sousa, deputado e secretário geral do PCP, ainda recentemente, em entrevista ao jornal on line "Observador", de 22/5/2015,  fez referência ao seu passado militar, no TO da Guiné 1969/71. No seu breve CV, no sítio do PCP, diz apenas que "entre 1969 e 1971 cumpriu serviço militar no Regimento de Lanceiros 2 e na Guiné". Como já aqui o temos referido, no nosso blogue, ele foi 1ºcabo PM (polícia militar), da CPM 2537, que participou para a Guiné no T/T Niassa em 24/5/1969.

São seguramente dois homens (e camaradas) com sensibilidade política e social para este problema dos "nossos filhos da guerra".

Mais uma vez queremos chamar a atenção para o facto de esta "sondagem" ter uma finalidade apenas didática e pedagógica: qualquer que seja o seu resultado final, não dá aos editores do blogue qualquer legitimidade (a não ser moral) para falar em nome dos ex-combatentes da guerra colonial na Guiné: este tipo de sondagem (ou inquérito de opinião "on line") é apenas uma forma de auscultar e revelar sensibilidades e opiniões dos amigos e camaradas da Guiné que se reunem à volta do simbólico poilão da Tabanca Grande...Ótimo, se ela puder contribuir para algo mais... e nomeadamente ser útil à causa da associação Fidju di Tuga e dos que, em Angola, Guiné e Moçambique,os 3 teatros de operações da guerra colonial, por onde passaram mais de um milhão de militares,  querem dar uma ajuda concreta a estes homens e mulheres que, muitos deles, apenas querem ver reconhecida a sua ligação (biológica e sentimental) a Portugal.

Camarada, se ainda não votaste ou se queres mudar o teu voto, restam-te 3 (dias) para o fazer... 

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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P14667: Filhos do vento (34): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": vídeo com a intervenção da jornalista Catarina Gomes



Vídeo (12' 42'')   > You Tube > Luís Graça

 [Pode-se aumentar o volume de som, clicando na imagem, em baixo, à direita]


1. Lisboa, Cinema São Jorge, Festival Rotas & Rituais, 2015 > 22 de maio: conferência "Filhos da Guerra".

Intervenção de Catarina Gomes, organizadora e moderadora do painel, em que intervieram ainda Margaridade Calafate Ribeiro, Luís Graça e Rafael Vale e Reis. A Catarina é a primeira, à esquerda.

A jornalista do Público deu visibilidade mediática ao problema dos filhos da guerra ou filhos do vento. E, mais  do que isso,  apoiou, discretamente,  à criação, em Bissau, da associação Fidju di Tuga (que ainda não tem existência legal por falta de meios financeiros e logísticos). Voltará a Bissau no próximo dia 29.

Ver (ou rever) aqui, no Público, a reportagem,  Filhos do Vento, de Catarina Gomes (texto), Manuel Roberto (foto) e Ricardo Rezende (vídeo). [Trata-se de um trabalho financiado no âmbito do projecto Público Mais]

(...) No tempo da guerra colonial havia quem lhes chamasse "portugueses suaves", agora, há entre os ex-combatentes quem prefira "filhos do vento". A maioria dos filhos de militares portugueses com mulheres guineenses guarda pedaços de história incompletos, com a ambição de que um dia esses poucos dados os venham a reunir aos pais. Andaram boa parte das suas vidas  Em busca do pai tuga. (...). 



2. Na altura da publicação da reportagem da Catarina Gomes, por volta de julho de 2013, escrevemos,  entre outros e outras coisas,  o seguinte, no nosso blogue (**);

(...) "Pronto, a Catarina Gomes e o 'Público' abriram a 'caixinha de Pandora'!... E ainda bem... A comunicação social chega a outros públicos que nós não podemos atingir... Nós que,  no blogue,  há já muito que falamos destas e doutras coisas da Guiné, esquecidas, se não mesmo silenciadas... Sempre o dissemos e sempre temos defendido que no blogue não há (nem deve haver) tabus...

Por outro lado, a liberdade de pensamento e de expressão é um valor intocável, inalienável... De qualquer modo, não deixam de ser disparatados alguns comentários que alguns leitores estão a mandar para o sítio Público > Filhos do vento...

É bom que alguns de nós lá escrevam, e deem o seu testemunho.  Às tantas vamos todos ser crucificados como os maiores... bandidos da história!... Admito que alguns comentários sejam meras provocações, outros sejam pura ingenuidade, e outros ainda fruto da compulsiva necessidade de "marcar o terreno" (, como fazem alguns grafiteiros quando veem um muro limpinho)... 

Enfim, há de tudo, dos comentários de gente intelectualmente séria e honesta aos mais hipócritas e cínicos... Alguns fazem-me simplesmente sorrir... De qualquer modo, temos de prevenir e combater a santa ignorância que é a mãe do pérfido preconceito, a par do falso moralismo que é o pai de muitas tiranias... Felizmente que a vida e a história dos homens e das mulheres não são feitas nem escritas a 'preto e branco' " (...).

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Notas do editor

(*) Últimos postes da série:

24 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14657: Filhos do vento (31): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": vídeo com a intervenção de Rafael Vale e Reis, especialista em bioética e direito da família ("Filhos do Vento: direito ao conhecimento das origens genéticas ?")

25 de maio de  2015 > Guiné 63774 - P14659: Filhos do vento (32): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": apontar o dedo ou dar a mão para ajudar ? (Hélder Sousa / João Sacôto)

26 de maio de 15 > Guiné 63/74 - P14663: Filhos do vento (33): "Quando a guerra terminar, e a tropa se for embora, ainda hei-de ver por aqui alguns brancos a trepar às palmeiras", dizia-me um chefe de tabanca no meu tempo (Domingos Gonçalves, ex-alf mil, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)


Os primeiro postes desta série (ou sobre este tema) remontam a 2011:


23 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8813: Filhos do Vento (1): Nem branquear os casos nem culpabilizar ninguém (José Saúde)

20 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8799: (In)citações (36): Filhos do vento, ontem, brancu mpelélé, hoje (Cherno Baldé)


Na realidade o tema é mais antigo ainda, no blogue,  se quisermos,  já vem dos "primórdios", provando que não temos tabus:

domingo, 24 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14657: Filhos do vento (31): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": vídeo com a intervenção de Rafael Vale e Reis, especialista em bioética e direito da família ("Filhos do Vento: direito ao conhecimento das origens genéticas ?")



[ Pode-se aumentar o volume de som, clicando na imagem, em baixo, à direita]


1. Lisboa,  Cinema São Jorge, Festival Rotas e Rituais, 2015 > 22 de maio: conferência "Filhos da Guerra". Intervenção de Rafael Vale e Reis ("Filhos do Vento; direito ao conhecimento das origens genéticas ?")

Na mesa, da esquerda para a direita:

(i) Catarina Gomes (jornalista do Público, organizadora e moderadora do painel);

(ii) Margarida Calafate Ribeiro (professora e  investigadora-coordenadora no Cen­tro de Estu­dos Soci­ais da Uni­ver­si­dade de Coim­bra, autora dos  livros "África no femi­nino: as mulhe­res por­tu­gue­sas e a Guerra Colo­nial" (2007); "Uma his­tó­ria de regres­sos: impé­rio, Guerra Colo­nial e pós-colonialismo" (2004);  e ainda, em con­junto com Roberto Vec­chi,  "Anto­lo­gia da memó­ria poé­tica da guerra colo­nial" (2011); entre 2007 e 2011, coor­de­nou o pro­jecto "Os filhos da guerra colo­nial: pós-memória e representações");

(iii) Luís Graça (na qualidade de editor do blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné);

(iv) e Rafael Vale e Reis (especialista em bioética e direito da família, Universidade de Coimbra).(*).

Rafael Vale e Reis é assis­tente con­vi­dado da Facul­dade de Direito da Uni­ver­si­dade de Coim­bra e inves­ti­ga­dor do Cen­tro de Direito Bio­mé­dico da Facul­dade de Direito, da Uni­ver­si­dade de Coim­bra. Inte­gra a equipa do Obser­va­tó­rio Per­ma­nente para a Adop­ção no âmbito do Cen­tro de Direito da Famí­lia da Facul­dade de Direito de Coim­bra. É autor de "O Direito ao Conhe­ci­mento das Ori­gens Gené­ti­cas", publi­cado em livro pela Coim­bra Edi­tora em 2008.)(**).

Dos camaradas e amigos da Tabanca Grande, estiveram presentes, além do nosso editor, a Maria Alice Carneiro (que fez este vídeo), o Jorge Cabral, o Hélder Sousa, o Mário Gaspar, e o José António Viegas, algarvio. O  Jorge Cabral e o Mário Gaspar fizeram ntervenções no fim,

2. Sobre este tema, está a decorrer uma sondagem, desde hoje. A pergunta é: 

OS "NOSSOS FILHOS DA GUERRA" DEVERIAM PODER TER ACESSO À NACIONALIDADE PORTUGUESA

A resposta é dada através de uma escala de Likert (Vd. coluna do lado esquerdo, ao alto):

1. Discordo totalmente

2. Discordo

3. Não discordo nem concordo /Não sei

4. Concorrdo

5. Concordo totalmente

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terça-feira, 19 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14635: Ser solidário (183): Parto para Bissau no dia 29 e levo alguma ajuda para a Associação Fidju di Tuga (que ainda está por legalizar) (Catarina Gomes, jornalista e escritora)

1. Da nossa amiga Catarina Gomes, jornalista do "Público" e autora do livro "Pai, tiveste medo ?" (Lisboa, Matéria Prima Edições, 2014):


Data: 19 de maio de 2015 às 10:27
Assunto: Filhos do vento

Caros Carlos Vinhal e José Nunes,


Parto para a Guiné dia 29 de Maio, onde estarei até 5 de Junho, precisamente para tentar escrever sobre esta associação [, Filhos de Tuga,] que surgiu na sequência de uma reportagem feita por mim já lá vão dois anos, no Público:

http://www.publico.pt/temas/jornal/em-busca-do-pai-tuga-26784585


Estou a tentar angariar e levar o que a associação me pediu, já tenho uma máquina fotográfica digital dada por um ex-combatente, um gravador áudio dado por um filho de ex-combatente, falta o computador portátil. (*)

Estou também a tentar que tenham uma conta para receber donativos a partir de Portugal, consegui que tenham a possibilidade de ter uma sem comissões no Banco da África Ocidental, que está em articulação com o Montepio mas dizem-me do banco precisamente que eles precisam de ter a
escritura feita e eles não têm verbas para isso. Não sei como se resolve este problema antes da minha partida...

Fernando Hedgar da Silva. presidente
da associação Fidju di Tuga
Deixo-vos o contacto do presidente Fernando Hedgar da Silva:
002455880597

E o email: shedgar.fds@gmail.com

Nem sempre os contactos são fáceis.

Deixo-vos também um convite para estarem presentes na exposição e conferência para debater precisamente  o tema dos filhos do vento e que eu ajudei a organizar, é esta sexta, dia 22, no cinema São Jorge. (**)

Ao vosso dispor,

Catarina Gomes


2. O nosso camarada José Nunes, e mail de 18 do corremte, ja nos tinha alertado para a situação da associação Fidju di Tuga, ainda não legalizada. Esse email foi reencaminhado para a Catarina Gomes:

Camarada, está a ser criada na Guiná a Associação Fidju di Tuga, segundo me informaram carece de tudo,e para a sua legalização e escritura notarial não dispõem de verba. Não seria possivel sensibilizar os nossos camaradas do Blogue e fazer-mos uma "quete"e enviar para Bissau, para assim ajudar aqueles filhos de nossos Camaradas que por lá foram abandonados ?!

Penso que com a ajuda da AD seria mais fácil concretizar.

Abraço
José Nunes
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 12 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14602: Ser solidário (182): Vamos apoiar, com material de escritório, a Associação Fidju di Tuga, com sede em Bissau

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14617: Questões politicamente (in)correctas (46): "Não sou 'tuga', sou português"... (António J. Pereira da Costa) / "Confesso que nunca me chocou como português e patriota ser chamado por 'tuga' pelos guineenses" (Francisco Baptista)...

1. Comentário (*) do António José Pereira da Costa
nosso grã-tabanqueiro [, Coronel art ref, ex-alf art.  CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art,  CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74; é prortanto oriundo da Academia Militar, e não vem de oficial miliciano, como por lapso é referido mais abaixo, no comentário de outro dos nossos grã-tabanqueiros, o Francisco Baptista. ex-alf mil inf, CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]

Olá, Camaradas

Pese embora a justeza do assunto tratado, considero ofensivo o nome da organização que procura os pais dos filhos dos militares portugueses que prestaram serviço na Guiné.

Não sou "Tuga", sou Português e só fui assim chamado no contexto diferente pelos guerrilheiros do PAIGC. Acho de péssimo gosto que se persista na utilização de uma alcunha do tempo da Guerra.

Não vejo bem o que esta organização espera obter. Se é ver quem foi o pai de quem não tenho nada contra, se calhar, antes pelo contrário. Contudo, parece-me excessivo que se espere mais do que isto.
Excluindo casos de violação, de que nunca ouvi falar, estamos perante leviandades de juventude das quais hoje, se calhar, ninguém sai bem...

Confesso que sempre ouvi chamar aos ciganos "filhos do vento" por não terem terra e andarem sempre e movimento, comerciando.

Mas posso aceitar a designação que foi estabelecida. Uma organização para a procura de pais cujo nome contem uma alcunha de guerra é verdadeiramente inaceitável...

Um Ab.
António J. P. Costa


2. Comentário de Francisco Baptista (*)


Camarada António Costa;

Apesar de algumas clivagens sociais e militares que herdamos da nossa sociedade pequena e demasiado escalonada, confesso que nunca me chocou como português e patriota ser chamado por tuga por naturais da Guiné Bissau. Se pensares bem no dialecto crioulo que eles falavam não existe a palavra inteira "o português" que tu desejavas.

Pessoalmente agradeço-te a ti que talvez tenhas subido a hierarquia militar a partir de oficial miliciano a consideração pelos milhares e milhares de tugas milicianos que mesmo em percentagem,foram o grosso dos mortos, feridos e combatentes das três guerras de Àfrica. Tu sabes isso, amigo e camarada, porque a tua guerra não começou pelos gabinetes de ar condicionado como a de muitos dos nossos superiores, a quem não podemos chamar camaradas mesmo depois de reformados.
O processo de democratização civil e militar deste grande general que se chama Luís Graça é o possível, não é o desejável.

Um dia numa operação em Mansabá, com dois ou três pelotões, eu muito próximo do chefe da mílicia, um guineense alto e atlético, percebo que se cruzam com formigas das mais chatas de lá, seriam as formigas "correção", não sei. Sei, ele disse a pensar que eu não ouvia ; vamos deixar as formigas para os "tugas".

Estavamos de passagem, íamos corrigir a linguagem ou a mentalidade deles? 

Não quero tirar conclusões, todos os que me lêem são homens inteligentes.

Um abraço a todos,

Francisco Baptista

3. O que o dizem os dicionários  e os linguistas...


3.1. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

tu·ga
(redução de portuga)

adjectivo de dois géneros e substantivo de dois géneros

[Informal] O mesmo que português. = PORTUGA

"tuga", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/tuga [consultado em 15-05-2015].


3.2. Infopédia

tu.ga
[ˈtuɡɐ]
nome masculino

1. Guiné-Bissau soldado português
2. Guiné-Bissau designação dada a qualquer português
3. Guiné-Bissau designação dada a qualquer indivíduo de raça branca

tuga in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-05-15 10:31:08]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/tuga

3.3. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

À volta dos termos galego, portuga e brasuca
Ida Rebelo #

Sobre o termo portuga, convém fazer um comentário que, certamente, não se encontra nos dicionários, mas pode ser verificado em meios digitais de publicação como blogues e também em jornais escritos ou falados.

O termo já foi muito usado no Brasil de forma pejorativa, mas galego é bem mais agressivo e antigo. Galego era a forma de se referirem aos imigrantes portugueses para ofendê-los, enquanto portuga era uma redução deportuguês que, hoje, é usada no mesmo tom que brasuca em Portugal, creio eu.

É possível, também, que, por falta de outro termo para designar informalmente o grupo, se tenha passado a utilizar esse termo em outros contextos que não incluem um tom pejorativo. Cabe aos portugueses dizerem como é usado o termo brasuca em Portugal…

Com o advento da Internet e de grupos como Yahoo, Orkut e os blogues, esses termos passaram a fazer parte de uma espécie de intercâmbio cultural e lingüístico entre integrantes das duas comunidades, portuguesa e brasileira. Hoje, os portugueses referem-se a si mesmos como portugas ou tugas, parecendo ser este último uma indiscutível redução do outro termo.

Acredito, pois, que há mais a dizer sobre o uso do que o que os dicionaristas são capazes, até mesmo devido à rapidez com que os termos são difundidos na Internet, com agilidade/tempo difíceis de ser igualados pelos meios tradicionais de publicação.

(#) Ida Rebelo é uma linguista brasileira. Doutora e mestre em Estudos da Linguagem, Descrição do Português para o Ensino de Português Língua Estrangeira, pelo Departamento de Letras, da PUC - Rio de Janeiro; licenciada em Letras Português-Francês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte:  Ciberdúvuidas da Lín gua Portuguesa > Artigo 1393  [Reproduzido com a devida vénia)...

3.4. Wikipédia

Tuga
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Tuga(s) é uma expressão utilizada para designar o(s) portugues(es), tal como acontece com Lusitanos, ainda que este último seja um termo mais erudito ou literário. Tuga é uma abreviatura de Portuga que, por sua vez, é uma derivação regressiva de português, com fontes registadas desde 1899.1

"António Geraldo da Cunha, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 2.ª edição, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986, ISBN 85-209-0846-2, p. 625

Tuga na Guerra colonial (...) 

O termo tuga popularizou-se durante os anos 1960, no decurso da dita "Guerra Colonial", como expressão para designar os portugueses por parte dos guerilheiros e oposição independentista africana em geral. Tinha como contraponto o termo turra (para terrorista, influenciada por gíria turra (andar às turras), usado pelos portugueses para designar os guerrilheiros independentistas. Ambas as expressões foram, nessa época, entendidas como depreciativas, por serem usadas pelo inimigo. (...)

3.5. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Abreviaturas, siglas,  acrónimos, gíria, calão, expressões idiiomáticas, crioulo...

Tuga - Português, branco, colonialista (termo depreciativo) (crioulo)
Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo depreciativo)

Temos muitas  referências ao termo "tuga" e/ou  aos "filhos do vento"... Ver aqui alguns postes, a título exemplificativo  (***).


20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4710: Blogoterapia (119): As Fantas, as Marias, as Natachas, ou o amor em tempo de guerra e de diáspora (Cherno Baldé)

19 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8798: Memórias de Gabú (José Saúde) (3): reflexos de uma guerra que deixou marcas no tempo: “Filhos do vento”



12 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11377: (Ex)citações (218): Sexo em tempo de guerra... e brancos mpelelé no pós-independência (Cherno Baldé / José Teixeira / António Rosinha)

12 de julho de  2013 > Guiné 63/74 - P11829: Os filhos do vento (12): "Em busca do pai tuga" ou "Os filhos que os portugueses deixaram para trás"... Reportagem de Catarina Gomes, Manuel Roberto e Ricardo Rezende, a sair no Público, domingo, dia 14

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14611: Filhos do vento (30): Gesto de solidariedade com a associação “Fidju di Tuga” na Guiné (José Saúde)



1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

Gesto de solidariedade com a associação “Fidju di Tuga” na Guiné,

“Filhos do Vento”

O repto lançado pelo nosso camarada e amigo Luís Graça lisonjeou-me. “Filhos do Vento” foi uma temática que mui honradamente trouxe à estampa e que surtiu efeitos deveras positivos. Como me dizia o Luís, “tu que és o pai dos “filhos do vento” (metaforicamente falando), tu grafaste a expressão, não queres ser tu, através do blogue e em articulação com a Catarina, a liderar uma pequena campanha de donativos para a associação?...”

Claro que sim, Luís! Tanto mais que em território guineense já está instalada uma comissão denominada “Fidju di Tuga” que visa exclusivamente ultrapassar barreiras e o assumir de danos que a guerra propiciou.

Hoje, ao viajarmos nas “asas do vento”, chegamos a um porto seguro e deparamo-nos com realidades que se reportam a um tempo de guerra que, nós jovens, vivemos com muita intensidade.

Falar do tempo da guerrilha na Guiné, um conflito onde coabitamos na primeira pessoa, é afinal um tema que nos absorve e que traz à tona das nossas memórias imagens de índole sentimental que ainda fazem literalmente parte de um baú de histórias vividas num palco adverso.

Porém, o conhecimento generalizado que todos nós ainda hoje perfilhamos de uma outra parte da guerra que não dava tréguas, remete-nos para momentos íntimos de prazeres amorosos onde não proliferava o amor de corações partidos mas, tão-só, mais uma “escapadinha” ao interior de uma mulher humilde, e quiçá honrada, onde o enlaço carnal era simplesmente mais um delírio de um “puto” com pouco mais de 20 anos.

Reconheço que o meu espírito humanista levou-me, a dada altura, trazer a público a “menina de Gabu”. Chamei-lhe mais uma semente dos “filhos do vento”. A jornalista Catarina Gomes, do jornal “O Público”, desenvolveu a temática e foi à Guiné e andou nos trilhos dos “filhos do vento”.

A sua reportagem teve um grande impacto e hoje já está constituída uma associação em Bissau que se intitula “Fidju di Tuga”. [Vd. aqui o seu blogue: http://fidju-di-tuga.webnode.com/]

Gentes que sempre sonharam conhecer o seu verdadeiro progenitor. É óbvio que têm pai, irmãos e família. A Catarina Gomes tem desenvolvido um excelente trabalho de aproximação com esses homens e mulheres que por lá ficaram.

Prepara-se para partir em breve, uma vez mais, a caminho da Guiné-Bissau. Presentemente não se pede caridade. Além disso o nosso blogue tem princípios que urge respeitar. Pede-se, apenas, um simples rádio, um gravador ou uma máquina fotográfica digital, por exemplo, para que esses bens façam parte da bagagem da Catarina.

Camaradas, respeitemos sangues portugueses que por lá ficaram e que vivem ansiosamente o indesmentível desejo de conhecerem alguém que lhes deu o ser.




Um abraço, camaradas

José Saúde

Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
___________ 

Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14602: Ser solidário (182): Vamos apoiar, com material de escritório, a Associação Fidju di Tuga, com sede em Bissau


Guiné-Bissau > Bissau > Eles são o rosto da associação da solidariedade dos filhos e amigos dos ex-combatentes portugueses na Guiné-Bissau (FIDJU DI TUGA) (*)... São dois elemento da direção, da direita para a esquerda, (i) Fernandinho da Silva (telef + 5880597), presidente, e (ii) José Maria Indequi (telef + 5218200 e + 6612146), secretário...[Foto que nos foi enviado pelo saudoso amigo Pepito (1949-2014), que apoiou com muito carinho esta associação, tal como a jornalista Catarina Gomes tem apoiado, sendo merecedora do nosso melhor apreço e amizade]



Blogue da associação Fidju di Tuga, em construção... O livro de visitas já tem duas mensagens de camaradas nossos, o Rui Vieira Coelho e o Manuel Oliveira Pereira


Segundo os seus fundadores, trata-se de um "blogue colectivo, criado e editado por a diretoria da Fidju di Tuga, com o objectivo de reagrupar e fortalecer os filhos dos ex-combatentes portugueses,  na Guiné-Bissau,  a reencontrar os pais familiares portugueses; pedir às autoridades de Portugal a paternidade; pedindo parceiria com os ex-combatentes, para reviver mesmo com dores as experiências do tempo colonial e o drama social dos filhos após-colonização até hoje"



1.  Mensagens da Catarina Gomes, jornalista do "Público" e escritora,  do camarada  Zé Saúde e do editor Lis Graça:

1.1. Catarina Gomes, 6 de maio de 2015

Caro Luís Graça:

(...) Vou voltar à Guiné no final deste mês, desta feita sozinha e à minha conta. Acha que não se consegue desencantar o que a associação de filhos de tuga pediu: um portátil, um gravador e uma máquina fotográfica? 

Eu estou a tentar arranjar o computador com um sponsor mas ainda não tive resposta. Também estou a ver se eles têm uma conta para poderem receber donativos de cá.

Parto dia 29 de Maio,  por isso já não resta muito tempo.

1.2. Luís Graça, 6 de maio de 2015:

Para José Saúde (c/c Catarina Gomes):


Zé: Tu que és o pai dos "filhos do vento" (metaforicamente falando), tu grafaste a expressão, não queres ser tu, a através do blogue e em articulação com a Catarina), a liderar uma pequena campanha de donativos para a associação ?...

 Podias abrir uma conta, aí em Beja, e numa semana ou duas, víamos o que se podia arranjar... Também se podia apoio em géneros (um gravador, um portátil, uma máquina fotográfica digital ou outro material)... Não queres escrever um texto bonito para esta causa ?...

Acho que no geral a malta vai reagir bem... Eu evito estas campanhas no blogue... Não é a nossa vocação, temos ONG (de antigos combatentes) a trabalhar no terreno, etc.

Que te parece ? Dou conhecimento à Catarina, que é uma mulhjer generosa... Abraço. Luis

1.3. José Saúde, 11 de maio de 2015

Catarina, vou aguardar que me digas algo mais. Claro que sei o que é viver com a tal ansiedade em conhecer alguém que é um ser do seu sangue. Próximo de si. Sabes, eu sou muito susceptível a esta questão e as crianças, hoje homens e mulheres, não têm culpa de leviandades sexuais de jovens a viver intensamente o clima de guerra. Não foi por um mero acaso que coloquei este tema na opinião pública. Talvez pelos meus muitos anos, mais de 30, a viver por perto a comunicação social que arrisquei trazer a temática ao lume, arriscando opiniões contrárias, algumas nefastas, mas que foi o alerta para uma realidade que muitos tentaram, e tentam, esquecer.

Hoje, sinto-me lisonjeado pelo o impacto que o tema "Filhos do Vento" originou. Para ti Catarina também vão os meus votos de felicidade pela forma como a reportagem foi elaborada e pelo o seu sucessivo interesse. "Fidju de Tuga" poderá ser o princípio de uma maior aproximação.

No Vietname os americanos chamaram-se "filhos do pó",

1.4. Catarina Gomes, 11 de maio de 2015

Caros Luís Graça e José Saúde,

Quando estiver na Guiné penso que vou conseguir que a associação tenha uma conta sem custos no BAO, Banco da África Ocidental, por enquanto não existe conta e penso que seria delicado estar a criar uma em Portugal com custos [, 150 euros para abrir uma conta bancária para recolha de fundos, segundo informação do José Saúde]  e sem forma expedita de lhes fazer chegar o dinheiro.

Nesta fase eu pedia se alguém quererá doar mesmo o que eles precisam em bens, para poderem estar em contacto com o mundo (neste caso Portugal): 

(i) um portátil,  mesmo que não seja novo;

(ii)  já consegui o gravador;

(iii) falta uma máquina fotográfica daquelas pequeninas mas que também faça pequenas filmagens;

(iv)  e eu diria uma impressora. 

Penso que para arrancarem seria o suficiente e eu podia levar essas coisas comigo, dando depois conta do momento da entrega no vosso blogue.

Eu sei que este tema é melindroso mas acreditem que não há mês em que eu não receba um email de um filho de um ex-combatente a pedir para eu os ajudar a conhecer o irmão/irmã que sempre souberam que tinham. Acho que era importante unir os dois lados, apenas os que assim o desejarem, claro.

A associação tem um blogue ainda embrionário mas estão a mexer-se: http://fidju-di-tuga.webnode.com/

1.5. Catarina Gomes, 12 de maio de 2015

Caro professor,

No blogue da associação há dois militares militares que se ofereceram para ajudar a associação mas penso que eles, por dificuldades de comunicação, não lhes responderam. Conhece algum deles?

Abraço Catarina


Manuel Oliveira Pereira,  09-05-2015

Estive na Guiné-Bissau no entre 25 de Março de 1972 a Julho de 1974. A sede do meu Batalhão (BCaç 3884) esteve sediada em Bafatá. As companhias operacionais estivavam em Contuboel (CCaç 3547),  Geba (CCaç 3548) e Fajonquito (CCaç 3549) e Destacamentos em Bambandinca Tabanca, Sonaco, Catacunda, Sare Uali e Sare Bacar. Reforçamos outras unidades nomeadamente em Galomaro, Dulombi, Nova Lamego (Gabú) e Medina Mandinga. Estas foram as localidades onde estivemos durante a nossa permanência no vosso país.

Faço minhas as palavras de R. V. COELHO (comentário anterior) daí peruntar: Em que posso ser útil?

Rui Vieira  Coelho,  21-09-2014

Estive na Guiné a cumprir serviço militar obrigatório, de 1972 a 1974,  e li o artigo publicado no Público assim como todo desenvolvimento dado no Bloguew Luis Graça &  camaradas da Guinê . Todos vós sois filhos de nós todos, os que passamos pela Guiné e da qual todos nós,  salvo raras excepções, temos saudades e amamos os nossos irmãos guineenses, tentando ajudar, das formas mais diversas,  para poderem ter um futuro mais promissor.

Eu, como muitos outros Tabanqueiros,  gostaríamos de vos poder ajudar monetariamente para vos equiparem e poderem prosseguir com os vossos propósitos.

Qual o NIB da conta bancária para onde devemos enviar os donativos?

1.6. Luís Graça, 12 de maio de 2015

Sim, Catarina, são dois grã-tabanqueiros, dois bons camaradas, membros do nosso blogue, o Manuel Oliveira Pereira e o Rui Vieira Coelho. Dou-lhes conhecimento da mensagem (...)
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Notas dos editores:

(*) Vd. postes de;

 21 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12616: Filhos do vento (26): A direcção da A Associação FIDJU DI TUGA: Fernandinho da Silva, presidente, e José Maria Indequi, secretário.

14 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12289: Filhos do vento (24): Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné... Uma associação sem sede, sem sítio na Net, sem email, que precisa da nossa ajuda (Catarina Gomes, jornalista do Público)

(**) Último poste da série 27 de abril de  2015 > Guiné 63/74 - P14533: Ser solidário (181): Orquestra Geração nos Dias da Música, CCB, Lisboa, 26 de abril, 18h... Um projeto pedagógico inovador que é uma prática social exemplar: "aprendendo música para tocar vidas"