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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12684: Memória dos lugares (263): O Xime, ao tempo da CART 2520 (1969/71), comandada pelo cap mil António dos Santos Maltez, natural de Aveiro (Renato Monteiro)


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 8 >  "No regresso de uma  operação no subsetor do Xime" (RM)... Uma máscaraa de sofrimento... Esta foto também vem reproduzida, na pág. 215, do  livro de que é coautor  (Renato Monteiro e Luís Farinha: Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: Círculo de Leitores / Publicações D. Quixote. 1990. 307 pp). (LG).


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 3 > "O meu pelotão (ou parte dele) acabado de chegar de Bambadinca ou de Bafatá onde íamos frequentemente abastecer-nos e trazer o correio".

Do Xime até Bambadinca ia-se aramado até aos dentes... A estrada alcatroada ainda só estava no papel...  Será que neste grupo de combate está o sold atirador Joaquim Sotero Bravo, tal como foi identificado pela sua filha ? (*).




Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 6 > Destacamento da ponte sobre o Rio Udunduma, afkuente do Geba... O Renato Monteiro, à esquerda, com outro camarada não identificado, procurando "matar o tempo" numa improvisada jangada feita de bidões de combustível da SACOR... Como se sabe, os bidões tinham cores diferentes conforme o combustível: Vermelho (gasolina), verde claro (petróleo branco), azul (gasóleo), amarelo (óleos)...


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 7 > "Bar de sargentos do Xime" (RM).


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 1 > "Bar de Sargentos do Xime. Em cima do balcão um barril com uma função meramente decorativa. Mas a telefonia estava operacional bem como um pequeno gira-discos. O Je t’aime, moi nos plus [, Serge Gainsbourg & Jane Birkin, 1968, ] fazia furor e a cantinela Mãe, não chores que o teu filho há-de voltar estava no topo. Ambas puxavam por mais um copo. O camarada, de caça ao piolho, de quem guardo uma boa recordação, era um tipo duro e fixe" (RM).


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 21 > "Duvido que esta foto tenha sido tirada por mim… Na minha opinião, e apesar de tão maltratada, é a melhor do conjunto. Do lado esquerdo do poste, o Capitão por quem eu nutria uma grande simpatia e cujo paradeiro ignoro. Não faço ideia nenhuma onde teve lugar a cena ilustrada" (RM)...

Trata-se do desembarque de mercadorias para reabastecimento da companhia, e respetiva conferência, sob o olhar do cap mil Maltez... As mercadorias devem ter vindo de barco"(LG).



Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 21 > "Salvo os graduados, a maior parte [da CART 2520] era constituída por malta recrutada no Alentejo, tendo como comandante um homem com quem apenas troquei duas ou três brevíssimas conversas, uma das quais em torno de livros que líamos e autores que apreciávamos....

"Igualmente miliciano, de formação católica, de quando em quando, procedia a uma breve cerimónia no centro da parada, junto a um padrão ou coisa do género, onde lia umas passagens da Bíblia a muito poucos (meia dúzia ?) de soldados que, voluntariamente, o acompanhavam...

"Ao que julgo, era professor de Química e, apesar de não recordar o seu nome (imagina, como trabalhei para a evaporação destas memórias) conservo dele amelhor das lembranças... Aceitava pacificamente a minha tendência para o desalinho (se é que dava por isso) e eu respeitava-o" (RM).

Renato: já o tinha identificado há tempos, já é que é um camarada do meu tempo, com quem a CCAÇ 12 fez operações em conjunto do subsetor do Xime:  Cap  Mil Art António dos Santos Maltez.  Sobre ele escreveu o Jorge Picado, no psote P3285, de 9/10/2008: 

"Trata-se dum contemporâneo meu, do Liceu José Estêvão, de Aveiro, licenciado em Físico-Químicas pela Universidade de Coimbra, do mesmo curso da minha falecida mulher e que foi igualmente professor naquele Liceu juntamente com ela. Sei que tinha feito a comissão na Guiné naquela zona, pois contou-me ele próprio. Como era de curso de COM anterior foi chamado para CPC antes de eu o ter sido. Já não tenho notícias dele há longo tempo, mas creio que ainda está por cá por Aveiro onde vivia".

Era camarada do leste de quem também eu guardava  uma boa memória... Também tinha a ideia de que era, na vida civil, professor do ensino secundário (liceu, como se dizia, na época). Vou desafiar o Jorge Picado para o trazer até à Tabanca Grande!... (LG)



Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 13 > Cais do Xime, em frente à bolanha do Enxalé > "Poucos de nós se atreviam, solitariamente, a pisá-lo por estar demasiado exposto… Mas havia um puto que apanhava aí camarão, enquanto sonhava com o momento de vir para Lisboa estudar" (RM)...

O camarão (gigante) desta parte do Geba era muito apreciado e pago a 50 pesos o quilo em Bambadinca, na tasca do Zé Maria...  Esse puto, de que fala o Renato Monteiro, só poderia ser  o nosso amigo, hoje engenheiro, e membro da nossa Tabanca Grande, José Carlos Mussá Biai...

Aqui era a entrada (obrigatória) na "zona leste"... Milhares e milhares de homens e de viaturas passaram por aqui, ao longo de toda a guerra... Havia tensão naquela ponte. Ali começava o Geba Estreito, navegável até Bafatá!..

A montante e a juzante, havia ataques do PAIGC contra as nossas embarcações: Ponta Varela, Mato Cão... O aquartelamento do Xime era flagelado ou atacado com frequência, e o subsetor do Xime era um osso duro de roer ... O PAIGC tinha, desde o início da guerra, uma boa implantação no triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, entre a margem direita do Rio Corubal e a estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Na região do Poindon/Ponta do Inglês perderam-se muitas vidas... Por sua vez, a saída do Xime para Bambadinca, em Madina Colhido, era temida... (LG)




Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto nº 14 > "Cais do Xime, a cores já esbatidas" (RM)…

Atracagem de uma LDG - Lancha de Desembarque Grande... Em primeiro plano, o Fur Mil Renato Monteiro, meu amigo de Contuboel, que foi parar ao Xime (e depois ao Enxalé, destacamento do Xime, no outro lado do Rio Geba) por não morrer de amores pelo comandante da sua unidade de origem, a CART 2479 (1968/70), maos tarde CART 11 e finalmente CCAÇ 11... Conheci-o em Contuboel, em Junho/Julho de 1969. Nunca mais o vi... até nos reencontramo-nos, em Lisboa, graças ao nosso  blogue... É a essa história de um feliz acaso já aqui foi contada . Ele era(é) o misterioso homem da piroga, fotografado comigo no Rio Geba, em Contuboel, uma das poucas fotos que tenho da Guiné.

O portuense Renato Monteiro (n. 1946), professor do ensino secundário reformado, é hoje um notável fotógrafo. Tem entrada na Wikipédia.  E um blogue que merece visita: Fotografares. Um fraterno alfabravo para ele! (LG).


sexta-feira, 22 de abril de 2005

Guiné 63/74 - P6: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74)

1. Diz-me o Sousa de Castro que foi o BART. 3873 (a que ele pertenceu) que rendeu o BART. 2917 em Janeiro de 1972. E acrescenta:

"O BART. [Batalão de Artilharia] 3873 embarcou no N/M Niassa em meados do mês de Dezembro de 1971, passando o Natal desse ano no mar. Eu embarquei em Janeiro de 1972 nos TAM. Fui 1º cabo radiotelegrafista. Vivo em Vila Fria, concelho de Viana do Castelo e trabalho nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). Vou anexar um documento que me deixou algum tempo transtornado e algumas fotos do Xime, tiradas em 2001 por um camarada que pertenceu ao BART. 2917. É apenas uma pequena história que protagonizei. Curiosamente também temos o nosso convívio em 11 de Junho mas em Pataias, é o vigésimo".

2. Aqui fica, para divulgação, o texto que o Sousa de Castro me enviou e me autorizou a divulgar neste blogue:

"Fico até agradecido pela publicação dos meus escritos, não á problema nenhum. Tenho reencaminhado o seu Blog para colegas que estiveram na Guiné e com quem tenho contacto (...). Penso ser uma forma de incentivar as pessoas a fazerem buscas e interessarem-se sobre a nossa história. História que ninguém ousa contar. É extraordinário, quando encontramos algum ex-combatente e começamos a recordar, não só os momentos maus mas também os momentos bons. Aproveito para dizer que possuo um filme feito por um grupo de 10 ex-combatentes que visitaram a Guiné em Novembro de 2000, filme para mim espectacular, e caso curioso, no Xime, passados 28 ou 29 anos uma das lavadeiras da época reconheceu um ex-combatente, dizendo: 'Lúcio! Eu é que te lavava a roupa, não estás lembrado, não?'. Junto em anexo fotos de Bafatá, tiradas em 2001 e cedidas pelo David Guimarães, da CART. [Companhia de Artilharia] 2715, do Xitole".

Um grande abraço ao Sousa de Castro que já teve a gentileza de me contactar telefonicamente e me mandou fotos do Xime, de Bafatá e de Bissau (estas últimas também da autoria do David Guimarães). Ainda sobre a CART. 3494, do Xime, ficou a saber mais o seguinte:

"Não referi no e-mail anterior os mortos em combate da minha companhia. Aproveito agora para o fazer. Considerado mortos em combate, tivemos um: chamava-se Manuel da Rocha Bento, era Furriel Miliciano, natural de Ponte de Sôr. Feridos, tivemos vários, alguns deles com bastante gravidade, tendo sido evacuados para Bissau e posteriormente para o continente (terminando a comissão nesse momento).

"Já estive junto ao memorial [junto à Torre de Belém, em Lisboa] mas não tirei fotos no dia 20 de Outubro 2004, integrando a manifestação levada a efeito pela APVG (Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra, sedeada em Braga. Anexo fotos de Bissau cedidas pelo David Guimarães CART 2715 Xitole".

3. Memórias da Guiné. Xime (1972-1974), por Sousa de Castro

"Xime. CART. 3494. 10 de Agosto de 1972.

"A companhia nesse dia recebeu instruções para fazer um patrulhamento através do rio Geba em lanchas e depois entrar no mato e seguir para Mato Cão. Tínhamos lembrado ao Major de Operações que a hora que ele, major, determinara para sair, não seria ideal, já que dentro de pouco tempo passaria o Macaréu(1).

"Mesmo assim ele entendeu que haveria tempo de sair antes de passar o Macaréu. Os pelotões envolvidos nesse patrulhamento não tiveram outra alternativa senão obedecer. Os soldados, pela experiência adquirida, sabiam que uma desgraça iria acontecer. Dá-se então aquilo que todos esperavam, e que não se podia evitar: são apanhados pelo Macaréu.

"A embarcação virou e então cada qual tentou desenrascar-se como pôde do perigo de morrer afogado. Muitos não sabiam nadar. Depois com todo peso de armamento que transportavam, para além da farda que envergavam, viram-se e desejaram-se para se safarem, mas nem todos o conseguiram. Assim morreram afogados três camaradas, sendo um da Póvoa de Varzim, casado, com uma filha, outro de Famalicão, este solteiro, e um terceiro que já não me recordo de onde era.

"Nesse mesmo dia todo pessoal da companhia desdobrou-se em esforços tentando encontrar os que desapareceram. Só apareceu o de Famalicão, no dia seguinte, já em estado de começo de decomposição.

"Normalmente a companhia fazia diariamente segurança à estrada que ligava o Xime a Bambadinca. Era necessário ir buscar o pelotão que fazia essa mesma segurança. Eu era radiotelegrafista, não podia sair do quartel, mas vendo o estado muito abatido devido ao cansaço em que os transmissões de infantaria se encontravam, peguei no transmissor AVP-1 e na G-3 (2), ofereci-me como voluntário e fui juntamente com o pelotão buscar o pessoal que fazia a segurança à dita estrada.

"Era de noite, então dá-se aquilo que eu não previa. Uma vez no local para agrupar o pessoal que fazia segurança da estrada, vi-me envolvido numa situação para mim única. Começa um forte tiroteio. Supondo ter sentido algo a mexer, eu, ao saltar da viatura, sem querer fiz um disparo, com pessoal na linha da frente. Fiquei preocupadíssimo, poderia ter atingido algum camarada meu, o que não aconteceu felizmente.

"Ao vir para o quartel, antes de entrar, o Furriel Carda, que era de Ponte de Sor (era quem comandava o pelotão que foi buscar a segurança no qual eu estava integrado) mandou parar as viaturas e disse: 'Alguém que está na minha viatura disparou um tiro. Quero saber quem foi. Ninguém quer dizer? É fácil. Cheira-se a arma de cada um e descobre-se já'.

"Como havia um alferes periquito (3, e a maior parte da malta pensando ter sido ele quem deu o tiro, acharam por bem que o melhor seria esquecer e ir embora para o quartel. Será que esse alferes também fez algum disparo? Ainda hoje estou na dúvida.

"Domingo 27 de Setembro 1998. Sousa de Castro".

Notas (S.C.):

(1) Sublevação brusca das águas, que se produz em certos estuários no momento da cheia e que progride rapidamente para as nascentes sob forma violenta, capaz de fazer estragos em pequenas embarcações.

(2) Espingarda automática usada pelas nossas tropas.

(3) Militar acabado de chegar à Guiné.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2627: Vídeos da Guerra (8): Nha Bolanha (Jorge Félix, ex-Alf Mil Piloto Aviador, 1968/70)



Vídeo: Jorge Félix / You Tube (2008). (com a autorização do autor...). Agradecimento ao Bana, ao Luís Morais e ao extinto grupo musical, fabuloso, mítico, Voz de Cabo Verde... De um lado e doutro da barricada, se calhar ouvíamos a mesma música... Pelo menos, os tugas e os caboverdianos do PAIGC...



1. Mensagem do Jorge Félix (1):



Caro Luís Graça,

Não faltarão novidades para contar da terra das Bolanhas .Entretanto, durante a vossa estadia na Guiné-Bissau, coloquei um video, Nha Bolanha, que gostaria visses e comentasses.

Estou a acabar de ler o Diário da Guiné, do Beja Santos. Muito interessante. Logo no inicio fala do Brandão, aquele de quem eu falei na nossa conversa telefónica. Tenho uma versão um pouco diferente, e gostava de trocar umas palavras com ele. Será que me podes dar o email ou converso com ele na tertúlia ?

Jorge Félix

2. Em resposta a um pedido de esclarecimento meu (vd. ponto 3):

Luís Graça:

As imagens foram captadas de uma emissão da RTP. Ninguém me pediu autorização para lá aparecer .

Recordo-me que foi o Coronel Piloto Aviador Nico, na altura tenente, que filmou em super 8 mm.

A música é do extinto grupo, Voz de Cabo Verde, canta o Bana. Também ainda é vivo o Luís Morais, excelente músico.

Penso que a música, tendo mais de 30 anos, já é de "utilidade pública", não sei se há problemas de direitos de autor. É uma honra o Nha bolanha ir para o nosso blogue, nem que seja por link, vê-se de igual maneira.

Já enviei um e-mail ao Beja Santos sobre o livro Memórias da Guiné 68/69. Vou esperar resposta, pois também gostaria que postassem as minhas críticas que fiz ao livro. Junto um imagem de satélite que enviei ao Beja Santos, mostra o teatro de operações que o livro recorda.

Como aprendi por esta andanças, um abraço do tamanho do Geba.
Jorge Félix

Imagem de satélite da região de Bambadinca, incluindo a bacia hidográfica do Rio Geba e do Rio Corubal. Na imagem, pode reconhecer-se alguns pontos de referência que nos eram familiares, no tempo da guerra colonial, como Ganturé (na margem esquerda do Rio Corubal), Enxalé, Mato Cão, Missirá e Bocol (a norte do Rio Geba), Ponta Varela, Xime e Bambadinca (a sul do Rio Geba). Também é visível, a amarelo, o traçado da estrada (alcatroada) que vem Bissau, passa a norte do Mato Cão, atravessa o Rio Geba (Estreito) perto de Bambadinca, seguindo a esquerda Bafatá e em frente para o sul (Xitole, Saltinho, Quebo...).

Foto: Jorge Félix (2008).

3.Resposta de L.G.:

Jorge: Já vi o teu microfilme, Nha Bolanha, no You Tube. Parabéns pela ideia e sua execução.

Diz-me duas coisas: (i) as imagens são tuas, originais ? (ii) quem é o cantor, o autor da letra e música ?

Posso pôr o teu filme na nosso blogue, desde que não haja problemas de direitos de autor… Em último caso, ponho um link… Mas gostava de fazer referência ao autor da música…

Obrigado pelas imagens da tua caderneta de voo. Vou publicar.


4. Comentário final do editor do blogue:

Tens razão, é uma obrigação partilharmos, uns com os outros, e com os nossos filhos e netos, com os nossos antigos inimigos, os seus filhos e netos, estas imagens e estes sons que ninguém nos pode roubar...

A voz do Bana, o sax de Luís Morais, a silhueta de um heli nos céus da bolanha, o terrível matraquear do helicanhão, tu e os teus camaradas pilotos, as enfermeiras pára-quedistas, as bolanhas, os palmeirais, a serpente do Rio Geba, o pôr do sol na Guiné, a nota de tensão dramática na paisagem, tudo isso faz parte intrínseca da(s) nossa(s) vida(s). Tal como o sangue que corre nas nossas veias. A Guiné e a guerra da Guiné marcou-nos a todos indelevelmente. Ninguém nos condenou ao silêncio...

Meu caro Jorge: O nosso blogue não tem, de resto, quais propósitos comerciais... Fazemos apenas blogoterapia... E tu, que és um homem da imagem (andaste pela televisão, pelo cinema...), faz-nos o favor de mandar mais (2)... Estás autorizado a usar as nossas próprias imagens. Se bem te recordas, passaste a fazer parte da nossa Tabanca Grande...
____________

Notas de L.G.:

(1) 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2592: Voando sob os céus de Bambadinca, na Op Lança Afiada, em Março de 1969 (Jorge Félix, ex-Alf Pil Av Al III)

(2) Vd. postes desta série:

16 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1958: Vídeos da guerra (1): PAIGC: Viva Portugal, abaixo o colonialismo (Luís Graça / Virgínio Briote)

8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2249: Vídeos da guerra (2): Uma das raras cenas de combate, filmadas ao vivo (ORTF, 1969, c. 14 m) (Luís Graça / Virgínio Briote)

8 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2250: Vídeos da guerra (3): Bastidores da Op Ostra Amarga ou Op Paris Match (Bula, 18Out1969) (Virgínio Briote / Luís Graça)

11 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2256: Vídeos da guerra (4): Ainda nos bastidores da Operação Paris Match (Torcato Mendonça / Luís Graça / Diana Andringa)

13 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2261: Vídeos da guerra (5): Nos bastidores da Op Paris Match: as (in)confidências de Marcelo Caetano (Manuel Domingues)

15 de Dezembro de 2007> Guiné 63/74 - P2351: Vídeos da Guerra (6): Uma Huître Amère para a jornalista francesa Geneviève Chauvel (Virgínio Briote / Luís Graça)

20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2463: Vídeos da Guerra (7): Madina do Boé - A Retirada (José Martins)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5950: Parabéns a você (85): A. Marques Lopes, mouro de Lisboa disfarçado de morcão em Matosinhos faz hoje 66 luas... (Os Editores)


Guiné > Região do Ccaheu > Barro > CCAÇ 3 > 1968 > Grupo Os Jagudis >  O ex- Alf Mil. Marques  Lopes,   com o seu guarda-costa, balanta... "O meu guarda-costas chamava-se Bletche-Intete. Grande amigo. Um dia deu-me um grande empurrão durante um tiroteio... é que eu tinha-me virado de costas para o local de onde o IN estava a disparar (fiquei mal dos ouvidos desde que fui ferido em Geba)".

Foto0: © A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados

1. Muitos dos nossos periquitos (, os que chegaram só agora ao nosso blogue, ) não o conhecem, porque ele deixou de escrever, com assiduidade, nas nossas páginas. Foi co-fundador e é um dos administradores do blogue da Tabanca de Matosinhos que é já uma Nação... (Não admira, Matosinhos é o concelho do país com mais ex-combatentes da guerra colonial por metro quadrado).

Pediu-me em tempos licença sabática, porque estava a escrever um livro e tinha outros afazeres, incluindo a sua intervenção cívica nas escolas, associações e autarquias, mostrando e explicando o dossiê guerra colonial, no âmbito da A25A - Delegação Norte, a que pertence. Pelo meio, meteu-se o projecto da Tabanca de Matosinhos & Camaradas da Guiné, bem como da Associação

Tabanca Pequena - Grupo de Amigos da Guiné Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano, de que ele é o vice-presidente do Conselho de Administração.

A par disso, é Cor DAF reformado. E também costuma fazer anos. A gente não sabia, mas descobriu: acontece que faz hoje 66 (sessenta e seis) aninhos, o que é uma bela capicua... Já lhe mandei o devido Alfa Braço, logo pela manhã, transmitindo-lhe também as saudades que a gente sente da sua escrita... 

Para quem desconhece a história do nosso blogue, devo informar que o A. Marques Lopes pertence ao grupo da frente, os primeiros camaradas da Guiné a dar a cara e a escrever no nosso blogue. O seu primeiro escrito ou os seus primeiros sinais de vida remonta a 14 de Maio de 2005, conforme se pode comprovar pela lista de postes (seleccionados) que abaixo publicamos... O nosso camarada manteve uma colaboração contínua e profícua na I Série do nosso blogue, mas também na II Série....

Ele foi dos primeiros a relatar e a documentar, recorrendo a um numeroso e valioso espólio fotográfica, as aventuras e desventuras dos milicianos na Guiné: no seu caso, primeiro como Alf Mil na CART 1690, no subsector de Geba, Região de Bafatá, Zona leste, onde foi gravemente ferido (com direito a evacuação para a Metrópole), e depois no Cacheu,. em Barro, junto à fronteira com o Senegal, na CCAÇ 3, onde completou o resto da comissão.

O A. Marques Lopes é um profundo conhecedor da Guiné e do PAIGC, mantendo com os seus antigos guerrilheiros e comandantes uma relação privilegiada... Confidenciou-me, hoje mesmo, que foi convidado a escrever o posfácio da autobiografia de um guerrilheiro do PAIGC, o Queta ou Keita, de etnia mandinga (Para o prefácio foi convidado o Presidente da República de Cabo Verde, o comandante Pedro Pires).

Como muitos também não sabem, o nosso aniversariante é nado e criado em Lisboa, logo é "mouro", sulista.... Mas vive, há muito,  disfarçado de "morcão", em Matosinhos...  Do seu segundo casamento, com uma nortenha, tem um rapaz macho, de 16 anos, que é ainda mais namoradeiro do que o progenitor...

Ao nosso querido aniversariante, quero em meu nome e em nome dos nossos queridos co-editores Carlos Vinhal,  Eduardo MR e Virgínio Briote, bem como de todos os demais amigos e camaradas da Guiné, desejar-lhe manga de ronco para este dia e para o resto da viagem na picada da vida... Que esta seja longa e larga!

______________

Nota de L.G.
(*) Vd. postes da I Série:

Blogantologia(s) - XI: Guerra Colonial: Cancioneiro do Niassa (Luís Graça) (11.05.04)

Guiné 69/71 - I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luis Graça) (23.04.04)

Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)(25.04.04)

Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça)(28.04.04)

 Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)(07.12.04)

Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)(20.04.05)

Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (22.04.05) (Sousa de Castro)

Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)(25.04.05)

Guiné 69/71 - VIII: O Sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)(28.04.05)

Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo do Xime-Bambadinca-Xitole (1) (29.04.05) (Humberto Reis)

Guiné 69/71 - X: Memórias de Fá, Xime, Enxalé, Porto Gole, Bissá, Mansoa (Luís Graça)(01.05.05)

Guiné 69/71 - XI: O Sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole) > Caracterização (2) (Luís Graça)(03.05.05)

Guiné 69/71 - XII: O silêncio dos tugas face à MGF (Mutilação Genital Feminina (Luís Graça)(04.05.05)

Guiné 69/71 - XIII: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (2) (Luís Graça)(05.05.05)

Guiné 69/71 - XIV: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (3) (Luís Graça)(06.05.05)

.Guiné 69/71 - XV: No Xime também havia crianças felizes (1) (Luís Graça)(09.05.05)

Guiné 69/71 - XVI: No Xime também havia crianças felizes (2) (Luís Graça)(10.05.05)

 Guiné 69/71 - XVII: A malta do triângulo do Xime-Bambadinca-Xitole (4) (Luís Graça)(11.05.05)

Guiné 69/71 - XVIII: A malta do triângulo do Xime-Bambadinca-Xitole (5) (14.05.05) (A. Marques Lopes e outros)

Guiné 69/71 - XIX: O festival das kalash, das 'costureirinhas', dos rockets e dos katiousha (Luís Graça)(16.05.05)

Guiné 69/71 - XX: Foi você que pediu uma kalash ? (17.05.05) (David J. Guimarães) Guiné 69/71 - XXI: O ataque e assalto do IN ao destacamento de Cantacaunda (1968) (18.05.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XXII: O inferno das colunas logísticas na estrada Bambadinca- Xime- Xitole- Saltinho (Luís Graça)(20.05.05) Guiné 69/71 - XXIII: Os anjos da morte (Luís Graça)(21.05.05)

Guiné 69/71 - XXIV: O ataque ao destacamento de Banjara (1968) 25.05.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - XXV: Aerogramas de amigos e camaradas (1) (Luís Graça)(25.05.05)

Guiné 69/71 - XXVI: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (6) (26.05.05) (David J. Guimarães e outros)

Guiné 69/71 - XXVIII: Um ataque a Sare Banda (1968) (28.05.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - XXIX: Um ataque a Sare Ganá (1968) (28.05.05) (A.Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XXXI: Sare Ganá, a última tabanca de Joladu (Luís Graça) (30.05.05) Guiné 69/71 - XXXII: As aldeias fulas em autodefesa (Luís Graça)(30.05.05)

Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (30.05.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XXXV: Uma estória de Sinchã Jobel ou a noite em que o Alferes Lopes dormiu na bolanha (30.05.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XXXVI: Na bolanha dá para pensar... (30.05.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XXXVII: Afinal onde ficava Geba ? (Luís Graça)(31.05.05)

Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III (03.06.05) (A. Marques Lopes)

 Guiné 69/71 - XL: Sinchã Jobel IV, V e V (03.06.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - XLI: A região do Xitole, por onde andou o Nino (03.06.05) (David J. Guimarães)

Guiné 69/71 - XLIII: Antologia (1): o que era ser periquito... (Luís Graça)(04.06.05) Guiné 69/71 - XLIV: A estória da cabra do mato to e do prémio Governador Geral (05.06.05) (David J. Guimarães)

Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII (05.06.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - XLVI: Em memória dos bravos do Geba (05.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XLVII: O Alferes Lopes com os balantas (CCAÇ 3, Barro, Cacheu) (06.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XLVIII: Samba Culo I (06.06.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - XLIX: Samba Culo II (06.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - L: Mancarra, a semente do diabo (07.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LI: Mesa-redonda: Afinal, a guerra não estava (quase) ganha? (08.06.05) (Luís Carvalhido e outros)

Guiné 69/71 - LII: Antologia (2): A fábula do jagudi e do falcão (08.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LIII: Notícias da CART 2339 ("Os Viriatos", Fá e Mansambo, 1968/69) (09-.06.05) (António dos Santos Almeida) Guiné 69/71 - LIV: Cacuto Seidi, chefe da tabanca de Barro (15.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LV: Notícias do Cacheu (1) (13.06.05) (Afonso Sousa / A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - LVI: Notícias da CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) (15.06.05) (Luís Cravalhido / Humberto Reis)

 Guiné 69/71 - LVII: O Cherno Rachid, de Aldeia Formosa (aliás, Quebo) (15.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LIX: Esquecer a

Guiné...por uma noite! (16.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LX: Cabral ka mori? (16.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LXIII: Tertúlia dos ex-combatentes da Guiné (1963/74) (17.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXIV: Tão (ini)(a)migos que nós fomos! Sobre o álbum fotográfico pessoal de Amílcar Cabral (19.06.05)(Luís Graça) Guiné 69/71 - LXV: Os momentos do fim (Junho de 1974) (19.06.05) (Américo Marques)

Guiné 69/71 - LXVI: Vasculhando os meus papéis (20.06.05) (A. Marques Lopes) Guiné 69/71 - LXIX: Fotomemória(s) (21.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LXXI: Antologia (3): Sócio-antropologia da família e da mulher em Geba, nos finais do Séc. XIX (21.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LXXII: Contuboel, Sonaco, Gabu (22.06.05) (Humberto Reis) Guiné 69/71 - LXXIII: Antologia (4): 'Homenagem aos mortos que tombaram pela pátria': Geba, 1995 (23.06.05) (A. Marques Lopes )

 Guiné 69/71 - LXXV: Minas e armadilhas (23.06.05) (David J. Guimarães)

 Guiné 69/71 - LXXVI: (i) A bordo do Niassa; (ii) Chegada a Bissau (23.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXXIX: Nome di bó ? Terça, simplesmente Terça! (24.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LXXX: A cerimónia de despedida no Campo Militar de Santa Margarida (24.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXXXI: Cartazes de propaganda dirigidos aos "homens do mato" (25.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXXXII: CCAÇ 1426 (Geba, 1965/67): Presente! (26.06.05) (Belmiro Vaqueiro / A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LXXXIII: Terras que também calquei (um ex-combatente da CCAÇ 2401, 1968/70) (27.06.05) (Fernando Gomes Carvalho)

Guiné 69/71 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (1969) (28.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXXXVII: A caminho da Guiné, no "Ana Mafalda" (1967) (28.06.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - LXXXVIII: O baptismo de fogo da CCAÇ 12, em farda nº 3, em Madina Xaquili (29.06.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - LXXXIX: Recordando Geba, Banjara, Camamudo, Cantacunda, Bafatá (CCAÇ 1426) (30.06.05) (Fernando Chapouto / A. Marques Lopes)

Guiné 69/71 - XC: Quem não tinha um pouco de poeta e de louco? (01.07.05) (A. Marques Lopes)

 Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael (02.07.05) (Afonso Sousa)

Guiné 69/71 - XCII: A zona tampão de Barro, Bigene, Binta, Guidage e Farim (02.07.05) (Afonso Sousa) Guiné 69/71 - XCIII: Barro, trinta anos depois (1968-1998) (02.07.05) (Afonso Sousa)

Guiné 69/71 - XCIV: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS (1) (02.07.05) (Afonso Sousa e outros)

Guiné 69/71 - XCV: No muito somos irmãos, no pouco... outra bandeira! (03.07.05) (Marame)

Guiné 69/71 - XCVI: Salgueiro Maia, director de jornal de caserna (07.07.05) (Jorge Santos)

Guiné 69/71 - XCVIII: Um Alfa Bravo para os nossos Op TRMS (2) (09.07.05) (Sousa de Castro)

Guiné 69/71 - XCIX: Estórias do Xitole: 'Com minas e armadilhas, só te enganas um vez' (10.07.05) (David J. Guimarães) Guiné 69/71 - CVII: Bibliografia de uma guerra (3) (12.07.05) (Jorge Santos)

Guiné 69/71 - CVI: Bibliografia de uma guerra (2) (12.07.05) (Jorge Santos) Guiné 69/71 - CV: Bibliografia de uma guerra (1) (12.07.05) (Jorge Santos)

Guiné 69/71 - CVIII: Welcome aboard, captain ! (CCAÇ 3493, Mansambo, 1972) (13.07.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - CIX: Antologia (7): Os bravos de Madina do Boé (CCAÇ 1790) (17.07.05)(Luís Graça)

Guiné 69/71 - CXII: Mais estórias do Xitole (CART 2716, 1970/72) (18.07.05) (David J. Guimarães)

Guiné 69/71 - CXIII: Piçarra Mourão, militar e escritor (CART 1525, Bissorã, 1966/67) (19.07.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - CXVII: Antologia (8): Dossiê Guiné (Vida Mundial, 1971) (1ª Parte) (22.07.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - CXXI: Bibliografia da guerra no feminino (1) (23.07.05) (c/ a colaboração de Jorge Santos)

 Guiné 63/74 - CXXV: Homenagem aos mortos da minha terra (Lourinhã, 2005) (24.07.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXXVI: Antologia (11): Cabo Verde (1941/1943) (26.07.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXXVII: Com os jornalistas chineses nas 'regiões libertadas' (1972) (27.07.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - CXXVIII: Bibliografia de uma guerra (10): Segredos do PAIGC (28.07.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - CXXIX: Cem pesos, manga de patacão, pessoal! (28.07.05) (c/ a colaboração de Jorge Santos e outros)

 Guiné 63/74 - CXXX: A CAÇ 12 em operação conjunta com a CART 2339 e os paraquedistas (Agosto de 1969) (30.07.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXXXI: As grandes operações de limpeza (Op Lança Afiada, Março de 1969 (31.07.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXXXIII: O desastre do Cheche, na retirada de Madina do Boé (5 de Fevereiro de 1969) (02.08.05) (c/ colaboração de Humberto Reis)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXLVI: Setembro/69 (Parte I) - Op Pato Rufia ou o primeiro golpe de mão da CCAÇ 12 (8.8.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CXLVII: Malan Mané, guerrilheiro, vinte anos, mandinga (9.8.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CLXX: As heróicas GMC e os malucos dos seus condutores (CCAÇ 12, Septembro de 1969) (11.08.05)(Luís Graça) Guiné 63/74 - CXLIX: Antologia (15): Lembranças do chão manjaco (Do Pelundo ao Canchungo) (11.08.05) (João Tunes) Guiné 63/74 - CLXXIII: Informação & Propaganda: os 'grandes' repórteres de guerra (16.8.05) (A. Marques Lopes) Guiné 63/74 - CLXXXI: Antologia (18): Um domingo no mato, em Ganjolá (8.9.05)(Luís Graça) Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (23.9.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CCXXVI: Guerra limpa, guerra suja (1) (30.9.05) (João Tunes) Guiné 63/74 - CCXXVIII: Estórias do Xitole: Tangali e o quico do furriel Fevereiro (1.10.05) (David Guimarães)

Guiné 63/74 - CCXXX: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (1) (5.10.05) (Paulo Salgado)

Guiné 63/74 - CCXXXII: Os sitiados de Guileje (6.10.05) (João Tunes) Guiné 63/74 - CCXXXV: Uma estória comovente de camaradagem: o Carvalhido e o Freixinho (10.10.05) (Luís Carvalhido)

Guiné 63/74 - CCXXXVIII: As estranhas noites de Sare Gana (11.10.05) Guiné 63/74 - CCXLI: Mininus di Nha Tera (poema de Nelson Medina, em kriol) (14.10.05) (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - CCXLII: A galeria dos meus heróis (2): Iero Jau (14.10.05)(Luís Graça)

Guiné 63/74 - CCXLIV: Ansumane, caçador de crocodilhos (conto tradicional) (17.10.05) (Virgínio Briote)

Guiné 63/74: CCLIX: Estórias do outro lado: Ana, a enfermeira do Morés (31 de Outubro de 2005) (Virgínio Briote)

 Guiné 63/74 - CCLX: Ana/Siga ou as mulheres do PAIGC de que nunca se fala (31 de Outubro de 2005) (Virgínio Briote)

 Guiné 63/74 - CCLXII: Memórias de um comando em Barro (Partes I, II e III) (1 de Novembro de 2005) (Virgínio Briote)

Vd. Selecção de textos sobre a Guerra Colonial na Guiné > Primeiros 250 postes da I Série do Blogue (de 11/52004 a 1/11/2005)

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P1004: Operação Macaréu à Vista (Beja Santos) (1): o pudor das nossas recordações

Esposende > Fão > 26 de Novembro de 1994 > Convívio da CCAÇ 12, da CCS do BCAÇ 2852, do Pel Caç Nat 52 e outras unidades destacadas em Bambadinca, entre 1968 e 1971... Na imagem, ao centro o Beja Santos, rodeado por malta da CCAÇ 12, os furriéis milicianos Humberto Reis (à direita), o Tony Levezinho (de costas, à esquerda) e o T. Roda, ao fundo, sorridente. Na 4ª feira passada, dia 26, reencontrámo-nos doze anos depois, e revivemos o nosso passado comum por sítios míticos da Guiné: Bambadinca, Xime, Enxalé, Rio Geba, Rio Corubal, Missirá, Cuor, Finete, Mato Cão, Madina/Belel, Nhabijões, Ponta Varela, Madina Colhido, Ponta do Inglês, Baio/Buruntoni...

Foto: © Humberto Reis (2006)




Guiné-Bissau > Zona Leste > Xime > 2001 > Rio Geba. O famoso macaréu. No Rio Amazonas é conhecido por pororoca. Em termos simples, o macaréu é uma onda de arrebentação que, nas proximidades da foz pouco profunda de certos rios e por ocasião da maré cheia, irrompe de súbito em sentido oposto ao do fluxo da água. Seguida de ondas menores, a onda de rebentação sobe rio acima, com forte ruído e devastação das margens. Pode atingir vários metros de altura, mas tende a diminuir a sua força e envergadura à medida que avança. Neste rio, ou nesta parte do rio que ainda é de água salgada, dois soldados da CART 3494, aquartelada no Xime, desapareceram, apanhados pelo macaréu numa operação ao Mato Cão, em 1972. Um terceiro camarada, doutra companhia, também desapareceu (Informação do Sousa de Castro).

Foto: © David J. Guimarães (2005)

Texto do Beja Santos:

Caro Luís, foi muitíssimo agradável ter-te revisto ontem [4ª feira, dia 26 de Julho], passadas estas décadas. Do muito que falámos, estou neste momento publicamente comprometido com todos os parceiros do blogue a depor sobre o que vi e conservei da minha experiência na guerra colonial.

Durante anos, acalantei a ideia de escrever um romance sobre a minha experiência (na ficção, como em todas as manifestações de arte, escrevemos sempre sobre nós, condicionando a nossa imagem, seleccionando o que queremos comunicar aos outros). Assim, escrevi na cabeça Soncó, que teria como base os Soncó, a família dos régulos do Cuor. Com os empregos antes do 25 de Abril e os estudos, a ideia esmoreceu.

Aí pelos anos 80, ocorreu-me A Rua do Eclipse. Nem imaginas como. Um dia estava numa reunião num edifício da Comissão Europeia, em Bruxelas, olhei para a cabine de tradução, bati à porta e disse a uma senhora que gostava de almoçar com ela para lhe pedir ajuda para uma obra de ficção que estava a preparar. Ingrid Schorkps (vamos imaginar que é este o nome) ouviu-me com os olhos arregalados. Pretendia conhecer um casal belga com alguma profundidade, pois tinha imaginado um português que se apaixonara por uma belga, num contexto de triângulo amoroso. Precisava da ajuda dela e do marido, o romance iniciar-se-ia por um encontro de interesse fulminante, seguir-se-ia muita correspondência do português para a sua apaixonada (um flamenga), as vicissitudes dos encontros esperádicos, a dor das distâncias, as visitas à casa de Ingrid na Rua do Eclipse.

Na correspondência para Bruxelas, falaria da Guerra da Guiné. A verdade é que visitei a família de Ingrid, ao princípio estranharam, depois tomaram-me como um escritor a sério quando eu comecei a abrir mapas em cima da mesa, explicando os encontros que teríamos pelas ruas da Antuérpia e arredores.

A ideia também esmoreceu. As guerras coloniais que Portugal travou devem ser as mais documentadas das últimas décadas, com excepção da guerra do Vietnam. Temos os aerogramas, as fotografias, as cartas, os filmes, os relatórios. Não temos é o pano de fundo. Ontem, durante o almoço, avançámos algumas explicações. Uma delas tem a ver com a falta de rigor nos relatórios. Outra, com a privacidade e o pudor das nossas recordações.

Quando, aqui há uns anos, num ambiente recatado me pediram uma recordação inviolável, intrasmissível, falei de um enterro de uma massa encefálica numa caixa de sapatos, num cemitério em Missirá. Explico. Depois de uma grande flagelação, ao amanhecer, patrulhei as imediações do quartel. Encontrei um soldado manjaco do PAIGC morto, com a massa encefálica ao lado do corpo. Fora seguramente um tiro na nossa resposta que produzira aquela morte assim.

Pedi imediatamente uma caixa de sapatos e anunciei que iríamos enterrar o corpo com honras militares. A reacção dos meus soldados foi enorme:
- Turra é para ser comido pelos jagudis!

Mas houve mesmo enterro militar. Este é um dos muitos exemplos do pudor que nos faz calar experiências que nos mudaram o curso da existência, logo em jovens adultos.

Vou pois escrever memórias, sempre balizado pelo pudor de que os nossos camaradas, ou outros leitores avulsos, pensem que o que aqui se escreve é produto de uma mente delirante que se disfarça de herói da guerra. Nada disso. Eu fui eu e a minha circusntância: uma guerra que se travou muitas vezes a um ritmo alucinante, e com uma aprendizagem dolorosa.

Por exemplo o macaréu. Eu estava em Mato Cão, quando ouvi as águas do Geba a entrar em ebulição, com ronco medonho. Fugi apavorado para uma colina, com os meus soldados a gargalhar enquanto eu olhava vidrado as águas a espumar no terrafe. Aprendi depois o que era o macaréu, fenómeno raríssimo no mundo daquela água que vem em torrente pelo Corubal e emerge no Geba gelado.

Pois fica sabendo que a operação Macaréu à vista, as minhas memórias desorganizadas de um registo fotográfico onde às vezes ainda capto cheiros e oiço vozes, acaba de começar neste blogue. Sem data fixa e com calendário muito volúvel. Amanhã seguem mais histórias. Pode-se dar a esta carta a publicidade que entenderes.

Mário Beja Santos
(ex-alf mil Pel Caç Nat 52,
Missirá e Bambadinca, 1968/70)

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22558: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XIII: o fatídico dia 6 de outubro de 1966, duas minas A/C, dois mortos, no Mato Cão


Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67)  > Estrada que atravessava a bolanha depois de Mato Cão  quando se vinha de Missirá para Enxalé



Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) > Ao meio, o furriel de transmissões, à direita de costas, o capitão Pires e à esquerda o fur mil op esp António dos Santos Mano, que irá morrer em 6/10/1966, na sequência de uma mina A/C, na estrada Missirá-Enxale.


Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) >Embora não possa pôr as mão no fogo sobre a sua exactidão, creio que foi este o Unimog  da coluna de 6 de outubro  que vinha a Missirá  a Enxalé. Eu estou nesta  foto ( em pé, o 3º da esquerda) que me parece ter sido tirada um dia quando eu estava em Missirá  antes do Zagalo .   

Fotos ( e legendas): © João Crisóstomo (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



João Crisóstomo
(a viver em Nova Iorque desde 1977)


1. Continuação da publicação da publicação das memórias do João Crisóstomo, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (1965/67)


CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé,
Porto Gole e Missirá, 1965/67) : a “história”
como eu a lembro e vivi
(João Crisóstomo, luso-americano,
ex-alf mil, Nova Iorque) (*)


Parte XIII: Um dia fatídico, 6 de outubro de 1966, duas minas A/C, dois mortos


Depois de 9 Set 1966 (o ataque a Enxalé):

Haverá com certeza muito a lembrar sobre a vida e actividades da CCaç 1439 depois do ataque a Enxalé. Recordo apenas de ter ficado surpreendido e consternado que o IN tivesse tido a coragem de vir atacar a própria Sede da Companhia, onde, pensávamos, estávamos bem seguros.

Lamentavelmente nem eu (mea culpa, mea culpa) nem ninguém mais teve o cuidado de pôr algo em papel para memória desses dias que se seguiuram e portanto nada mais me resta do que continuar esta “história da CC1439” como se tudo continuasse como antes e este ataque não tivesse acontecido. 

De facto, as várias minas de que fomos vítimas, a seguir, o ataque a Missirá e outros acontecimentos levam-me a concluir que este ataque a Enxalé é evidência de que o IN se sentia cada vez mais à vontade para se aproximar das NT, intensificar os seus ataques e aumentar o seu campo de acção. Foi isso que senti e mais tarde vim a confirmar ao ler o primeiro livro de Beja Santos ,“ Diário da Guiné, na Terra dos Soncó”.


Dia 23 de Setembro de 1966

Copio à letra o relatório:

(...) " Um grupo de combate da CCaç 1439 participou na Op Girândola que consistiu numa acção ofensiva na mata de Belel. As NT detectarm um acampamento IN o qual se encontrava abandonado. Foram destruidas as casas de mato e culturas, No regress as NT foram emboscadas duas vezes não tendo sofrido qualquer baixa." (...)

Não posso dizer as datas, mas sei que entre as muitas lacunas deste relatório contam-se muitas “patrulhas de reconhecimento” que fazíamos, e que não chegavam a receber o termo pomposo de “operações”. Umas fáceis e outras “menos fáceis”. 

Lembro de várias vezes termos permanecido , como que emboscados junto de picadas suspeitas de serem usadas pelo IN. Lembro de ter uma vez descansado ao fim do dia com a minha cabeca em cima de uma pedra antes de tomarmos posições para passar a noite junto a uma picada ; não sei se foi nesta mesma ocasião ou foi noutra em que fiquei numa depressão de terreno ( talvez fosse mesmo terreno de bolanha, não sei) e eu fiquei com água pela cintura, quase louco de frio,  esperando que o dia chegasse depressa e não aparecesse ninguém na picada.

Um destes casos, que não constam deste relatório, aconteceu nos dias 4 e 5 de Outubro. E creio que o efectivo das NT neste dia não era de um simples pelotão mas bem maior . A razão de eu lembrar este caso e não outros deve-se ao seu relacionamento com o dia fatídico de 6 de Outubro.



Guiné >Zona Leste> Sector L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de Outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do Soldad Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3kg) ficaram no Cemitério de Bambadinca, Talhão Militar, Fileira 2, Campa 1, Guiné-Bissau. NO regresso de Missirá, a mesma coluna accionou outra mina A/C que decepou a perna do Fur Mil Op Esp António dos Santos Mano, acabando por morrer.

Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Dia 6 de Outubro de 1966, um dia fatídico

Copio à letra o que consta no relatório: e escreverei depois “a minha versão” como as coisas se passaram, baseado na minha memória, por vezes bem fresca sobre casos como este, e também na memória de outros com quem tenho falado sobre o assunto.

(...) "As NT acionaram dois engenhos explosivos quando se efectuaram duas colunas, uma vinda de Missirá (para) Enxalé, e outra ao encontro da primeira. Os engenhos explosivos encontravam-se em pequenas poças de água, embora se tivesse os cuidados julgados necessaries na picada da estrada.

"Resultados dos dois engenhos explosivos:

Dois Unimogs destruidos
Uma espingarda G3 perdida em virtude de ter sido projectada para o Rio Geba.

Baixas sofridas pelas NT:

Furriel Mil António dos Santos Mano ( morto em combate) (**)

Soldado 203/65 Manuel Pacheco Pereira Jr. ( morto em combate) (***)

Furriel Mil ( Mec Auto) Octávio Albuquerque da Silva ( ferido)

1º cabo 7316565 Manuel Abreu Velosa 

1º cabo 3456665 José Firmino Quintal 

Soldado 9311265 Ernesto Camacho Rodrigues 

Sold 7317965 Manuel Correia

Sold 5974165 Francisco de Freitas Timóteo 

Sold 1011265 Manuel de Sousa Mendes

1º Cabo 9271565 José Ilídio Andrade Gouveia .

Soldado 8356465 Manuel Alves Junior

Sold 9805565 Agostinho Gerardo 

Sold cond auto  2630164 José Maria Mendes 

Sold cond auto5140464 Jerónimo Gonçalves Sadio 

Caç Nat Contratado Pucha Nanan, ferido

Foi detectado na região de Mato Cão uma armadilha antipessoal a qual foi destruida. Foi distinguido nesta acção o soldado telefonista 2642365 Júlio Martins Pereira, louvado pelo Cmdt Militar e condecorado.

Este foi um dia fatídico e traumático para todos e que todos mais ou menos lembram imediatamente quando se fala dele.

O Alferes Zagalo estava destacado neste momento em Missirá e precisava de reabastecimentos. Sabendo que o pessoal em Enxalé estava exausto e não podia fazer uma coluna para o abastecer, resolveu vir ele mesmo a Enxalé buscar o que precisava. A sua coluna constava de um jipe e um Unimog, com todo o pessoal que estes podiam transportar.

Antes de chegar a Mato Cão o Unimog pisou uma mina anticarro escondida numa poça de água. O jipe tinha-se desviado para evitar essa poça, precaução que o Unimog não teve.

Os resultados podem-se avaliar pelas fotos e pelo número de mortos e feridos. Entre estes o Furriel Mano. Como o Unimog vinha superlotado , ele vinha em cima do Unimog mas com a perna de fora e veio a falecer no local antes da chegada do helicóptero.

Houve ainda um outro morto, José Moreira, caçador nativo “contratado” e uma dezena de feridos, alguns deles com muita gravidade que foram evacuados para Bissau. A situação era desesperada e nem meios de comunicações para pedir auxílio tinham. Pelo que o soldado de comunicações Júlio Pereira que felizmente não estava ferido, pegou na sua G3 a tiracolo e foi a correr vários quilómetros , sujeitando-se a ser apanhado pelo IN em direcção a Finete, na margem do Geba, oposta a Bambadinca.

Aqui ,com a ajuda do pessoal amigo desta tabanca, conseguiu passar o Geba numa canoa e chegar a Bambadinca onde lhe facultaram um rádio para chamar os helicóperos e avisar Enxalé do sucedido.

 Em Enxalé esperávamos passar esse dia como um dia de descanso .O pessoal da Companhia tinha acabado de regressar duma dura saída ao mato ( embora nada conste no relatório) e estávamos todos exaustos. E de manhã ouvimos ao longe um estrondo, mas não fazíamos idéia do que fosse. Passado o que me perece ter sido mais de um hora recebemos notícia de que a coluna do Zagalo tinha sofrido uma mina, havia feridos e que os helicópteros já estavam a caminho.

Ficamos todos preocupados, incluindo o capitão Pires. Quando este disse que era preciso ir ao encontro da coluna para ajudar o Zagalo, eu ofereci-me. Ele aceitou logo e disse-me: “Eu sei que o pessoal está todo estafado. Pega em todo o pessoal de serviços que ficaram no quartel (nos dois dias anteriores) e vê se arranjas mais alguns voluntários. Se não arranjares voluntários, diz-me que eu arranjo-os."

Assim fiz e depois de ter dados instruções a todo pessoal de serviços, antes de perguntar a outros por voluntários,   eu chamei o meu pelotão, certo de que haveriam alguns que iriam comigo. Foi para mim uma sensacão tremenda quando, logo após eu ter dito o que precisava, eles barafustavam como se eu os tivesse ofendido; que não havia um nem dois e que iam todos . “O que é que o nosso alferes está a pensar da gente?” ouvi o “Figueira” a dizer para os outros .

E assim fomos, picadores à frente, um Unimog vazio a seguir e o resto da coluna atrás , caminhando tão ligeiro quanto possível. A região de Mato Cão é uma passagem muito perigosa: a estrada passa perto do Geba e do lado esquerdo há uma colina. Era sempre com o coração nas mãos que aí passava.

Por isso ao passar a bolanha que precede Mato Cão, já perto deste eu disse ao furriel Lopes: "Olha, Lopes, isto é mesmo um bom sítio para uma emboscada; eles sabem ( o IN) que a gente (ao ouvir o rebento duma mina) não deixa de vir e são capazes de estar à nossa espera. Pega na tua secção, sobe e faz um reconhecimento pela esquerda". 

Ele assim fez e a coluna continuou; e depois, logo passada a bolanha, de repente houve um grande estrondo e o Unimog deu um salto pelos ares. A mina, como o que sucedeu com a coluna do Zagalo, estava dentro duma poça de água e não foi detectada pelos picadores.

Imediatamente nos deitámos nas redondezas do buraco e do Unimog destruido, prontos a responder, mas nada sucedeu. E depois de algum tempo respirei fundo; ao fim e ao cabo podia ter sido muito pior, pensei eu: perdeu-se o Unimog, mas o importante é que não há mortos nem feridos. E não me recordo do que sucedeu a seguir, e o que foi o resto do dia, mas imagino (agora) o que terá sido para todos quando soubemos da morte do furriel Mano e dos vários feridos.

De volta no Enxalé, no dia seguinte fez-se a formatura geral de manhã. E parecia estar tudo certo, até que quando foi chamado o nome do Manuel Pacheco ( conhecido de todos como o Açoriano por ser dos Açores e o único soldado que não era madeirense) ele não respondeu. Perguntei se alguém o tinha visto ou se alguém sabia onde ele estava e foi então que alguém disse : "Quando o vi ontem a última vez ele estava a caminhar junto do Unimog… com certeza por não ter ouvido as intruções do furriel Lopes a cuja secção ele pertencia, ele estava junto do Unimog quando a mina rebentou"…

Imediatamente voltamos ao local (recordo que o Alferes Henrique Matos que estava naquele dia em Enxalé decidiu ir connnosco ) . Reproduzo o testemunho que sobre este momento ele deixou neste blogue, referindo-se ao Manuel Pacheco: no dia 10 de maio de 2008, poste P 2830 (***):

(...) "Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes (...). A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância."

Mais informa ainda no poste P15998 (**), referenciando o lugar da sua sepultura: (...) "Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3 kg) ficaram no cemitério de Bambadinca, talhão militar, fileira 2, campa 1, Guiné-Bissau".

Como já está dito foram momentos tristes e difíceis estes,  em que com todo o respeito fomos juntando o que restava do nosso querido ‘Açoriano'. Lembro também o momento em que os seus restos sairam depois do Enxalé, num caixão normal, como se dentro estivessem uns restos mortais completos.

Durante esta busca pelos seus restos mortais e pela G3 que desapareceu , e que deve ter sido projectada com tanta violência que atingiu o Geba , mesmo ao lado da estrada, veio-se a descobrir uma mina antipessoal. A nossa sorte foi que alguém viu um fio, suspeitou e …lá estava uma mina, que foi destruida no mesmo momento.

16 e 27 de Outubro:

O relatório menciona a seguir três operações neste mês de Outubro de 1966:

Operação Grude a 16 de Outubro, 
Operação Grisu a 16 de Outubro 
Operação Giesta, a 27.

As três são descritas como “patrulhas de reconhecimento fluvial e terrestre ao longo do Rio Geba.” Sem qualquer acontecimento digno de nota. Mas há com certeza engano nas datas pois, tendo nós os forças divididas/destacadas em Missirá e Porto Gole, além de não podermos deixar Enxalé sem protecção, não me parece que fosse possível fazer duas operações no mesmo dia.

(Continua)

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terça-feira, 20 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6198: O 6º aniversário do nosso blogue (11): Selecção dos melhores dos primeiros cem postes publicados na I Série do nosso blogue (Os editores)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Região do Xime > 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/ Março de 1971) , deslocando-se numa bolanha em zona controlada pela guerrilha do PAIGC... Na foto, é visível, em 5º lugar, o nosso camarada e amigo Humberto Reis, que era furriel miliciano de operações especiais, e comandava um das secções daquele Gr Comb.

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados.



1.  Selecção dos melhores dos  primeiros cem postes publicados no nosso blogue, I Série, cujo início remonta a 23 de Abril de 2004. Nesse ano publicaram-se apenas 4 (quatro!) postesm sob a rúbrica Guiné 69/71 (mais tarde, Guiné 63/74)... Um ano depois, em 22 de Abril de 2005 apareceu o Sousa de Castro (técnico fabril dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que tinha estado no Xime e em Mansambo, entre 1972 e 1974)... A seguir começou a aparecer mais malta:  o Humberto Reis, o A. Marques Lopes, o David Guimarães... O Sousa de Castro desafiou, por sua vez, camaradas de trabalho que também tinham estado na Guiné. No final do ano de 2005  tínhamos publicado cerca de 400 postes... Nos próximos cinco meses, até final de Maio de 2006, publicaríamos mais outro tanto (425)... 

A partir de 1 de Junho de 2006, 5ª feira, mudávamos de instalações... Contados as cabeças, éramos já 100, mas ainda menos que uma companhia... O poste nº 825 dava início à II Série do nosso blogue, com novas funcionalidades e muito mais espaço de arquivamento... A foto acima reproduzida ilustrava o poste inaugural, onde se podia ler:




Quinta-feira, 1 de Junho de 2006 


Amigos & Camaradas:

Por razões de espaço e de tráfego, tivemos que mudar de instalações. O nosso senhorio, o Blogger.com, só nos dá 300 MB para alojar o nosso álbum de fotografias, o que é pouco para tanta gente. De facto, ao fim de um ano já estamos na casa da centena de amigos & camaradas.

O blogue passa a chamar-se simplesmente Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando continuidade ao Blogue-fora-nada. Continuará a ser o sítio (virtual) onde nos encontramos, sempre que quisermos e pudermos. É um blogue colectivo que tem por missão ajudar a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial (ou do ultramar, ou de libertação, como queiram) na Guiné, nos anos quentes de 1963 a 1974.

Já publicámos, noutro sítio, as regras (mínimas) da nossa tertúlia:

Fazemos uma pequena distinção, meramente circunstancial, entre: (i) amigos (como é o caso do José Carlos, do Leopoldo Amado, do Pepito ou de outros guinéus, não combatentes; como é o caso das nossas companheiras ou dos nossos filhos); e (ii) camaradas (que dormimos no mesmo chão, que fomos mordidos pelos mesmos mosquitos, que comemos as mesmas rações, que vertemos sangue, suor e lágrimas nos mesmos rios, lalas, bolanhas, matas, buracos e tabancas, que apanhámos a mesma porrada, independentemente da bandeira por que nos batemos, que nos insultámos mutuamente, enfim, todos aqueles de nós que fomos tugas, nharros e turras)...

O nosso comportamento, agora como… tertulianos (alguém inventou uma palavra nova em português), deve apenas pautar-se por critérios éticos ou valores tais como (...)

E seguiam as nossas dez regras de convívio, que fizeram história e doutrina... Nessa época, ainda não estava enraizado o saudável hábito de fazer comentários aos postes, embora essa funcionalidade já existisse... Simplesmente havia um mecanismo de moderação dos comentários, uma leitura e avaliação prévia por parte do  editor... Em boa hora acabámos com essa maçada, e abrimos as portas e as janelas a todos os comentários de todos os homens e mulheres de boa vontade que nos visitavam... O resultado tem sido deveras surpreendente e compensador, aumentando o nível de participação tantos dos membros (inscritos) do nosso blogue como dos simples leitores... 

E a propósitos de portas e janelas abertas, fica aqui  uma sugestão: continuemos  a celebrar o nosso 6º aniversário (*), procurando sobretudo surpreendermo-nos uns aos outros, aos amigos e camaradas da Guiné, bem como às muitas centenas de leitores, anónimos, que nos visitam diariamente, com os nossos textos, as nossos documentos, as nossas fotos, as nossas histórias...
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Guiné 69/71 - I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (23.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (25.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (28.04.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (07.12.04) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (22.04.05) (Sousa de Castro)
Guiné 69/71 - XV: No Xime também havia crianças felizes (1) (09.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XVI: No Xime também havia crianças felizes (2) (10.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XVIII: A malta do triângulo do Xime-Bambadinca-Xitole (5) (14.05.05) (A. Marques Lopes e outros)
Guiné 69/71 - XX: Foi você que pediu uma kalash ?  (17.05.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - XXIII: Os anjos da morte (21.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXIV: O ataque ao destacamento de Banjara (1968) 25.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXV: Aerogramas de amigos e camaradas (1)) (25.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXVI: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (6) (26.05.05) (David J. Guimarães e outros)
Guiné 69/71 - XXVIII: Um ataque a Sare Banda (1968)  (28.05.05)  (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXIX: Um ataque a Sare Ganá (1968) (28.05.05) (A.M arques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXI: Sare Ganá, a última tabanca de Joladu (30.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXII: As aldeias fulas em autodefesa (30.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (30.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXVI: Na bolanha dá para pensar... (30.05.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XXXVII: Afinal onde ficava Geba ? (31.05.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III (03.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XL: Sinchã Jobel IV, V e V (03.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLI: A região do Xitole, por onde andou o Nino (03.06.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - XLIII: Antologia (1): o que era ser periquito... (04.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII (05.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLVI: Em memória dos bravos do Geba (05.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLVIII: Samba Culo I (06.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XLIX: Samba Culo II (06.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - L: Mancarra, a semente do diabo (07.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LI: Mesa-redonda: Afinal, a guerra não estava (quase) ganha? (08.06.05) (Luís Carvalhido e outros)
Guiné 69/71 - LIV: Cacuto Seidi, chefe da tabanca de Barro (15.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LV: Notícias do Cacheu (1) (13.06.05) (Afonso Sousa / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LVI: Notícias da CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) (15.06.05) (Luís Cravalhido / Humberto Reis)
Guiné 69/71 - LIX: Esquecer a Guiné...por uma noite! (16.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LX: Cabral ka mori? (16.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXIII: Tertúlia dos ex-combatentes da Guiné (1963/74) (17.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXV: Os momentos do fim (Junho de 1974) (19.06.05) (Américo Marques)
Guiné 69/71 - LXVI: Vasculhando os meus papéis (20.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXIX: Fotomemória(s) (21.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXII: Contuboel, Sonaco, Gabu (22.06.05) (Humberto Reis)
Guiné 69/71 - LXXIII: Antologia (4): 'Homenagem aos mortos que tombaram pela pátria': Geba, 1995 (23.06.05) (A. Marques Lopes )
Guiné 69/71 - LXXV: Minas e armadilhas (23.06.05) (David J. Guimarães)
Guiné 69/71 - LXXVI: (i) A bordo do Niassa; (ii) Chegada a Bissau (23.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXXIX: Nome di bó ? Terça, simplesmente Terça! (24.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXII: CCAÇ 1426 (Geba, 1965/67): Presente! (26.06.05) (Belmiro Vaqueiro / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (1969) (28.06.05) (Luís Graça)
Guiné 69/71 - LXXXVII: A caminho da Guiné, no "Ana Mafalda" (1967) (28.06.05) (A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - LXXXIX: Recordando Geba, Banjara, Camamudo, Cantacunda, Bafatá (CCAÇ 1426) (30.06.05) (Fernando Chapouto / A. Marques Lopes)
Guiné 69/71 - XC: Quem não tinha um pouco de poeta e de louco? (01.07.05) (A. Marques Lopers)
Guiné 69/71 - XCIII: Barro, trinta anos depois (1968-1998) (02.07.05) (Afonso Sousa)
Guiné 69/71 - XCIV: Um alfa bravo para os nossos Op TRMS (1) (02.07.05) (Afonso Sousa e outros)
Guiné 69/71 - XCVI: Salgueiro Maia, director de jornal de caserna (07.07.05) (Jorge Santos)
Guiné 69/71 - XCVIII: Um Alfa Bravo para os nossos Op TRMS (2) (09.07.05) (Sousa de Castro)

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Nota de L.G.:



(*) Vd. último poste desta série > 17 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6008: O 6º aniversário do nosso blogue (10): 40 anos depois do meu regresso, a 9 de Abril de 1968, volto à Guiné, a Bambadinca... E tudo isto, por culpa do nosso blogue (Jaime Machado)


(...) No dia exacto em que se completam 40 anos do meu regresso da Guiné (9 de Abril de 1968) parto de novo para lá, se tudo correr conforme o previsto.

Já o disse e repito.  A “culpa” de tudo isto é do Luís.  Sim, do Camarada e Amigo Luís Graça.

Há anos atrás, numa noite de insónia, resolvi escrever, no Goole, a palavra BAMBADINCA.  A partir daí nunca mais parei.  A leitura do Blogue do Luís e mais recentemente do Blogue da Tabanca de Matosinhos passaram a ser tarefa diária obrigatória.

Sucederam-se almoços e jantares, uns atrás dos outros, sempre com ex-camaradas que, como eu, permaneceram cerca de dois anos da nossa juventude na Guiné.  (...)



Vd. postes anteriores:



 17 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6006: O 6º aniversário do nosso Blogue (9): O Blogue, o futuro, os nossos encontros, os dias em que não me sinto fora de prazo... (Juvenal Amado)


(...) Nestes dias cinzentos e chuvosos pensamos no que fomos, no que somos e no que poderíamos ter sido.
A vida de cada um é um acto único, em que só alguns têm aquele quê especial, que os faz vir à boca de cena várias vezes.

Diz-se que os actores agradecem os aplausos do público. Por que razão se desvirtua esse momento, dizendo que os actores vieram diversas vezes agradecer ao público e não o contrário e legitimo? O público é que deve agradecer.

Assim somos nós todos, depois de tudo darmos, temos de agradecer que o nos é devido. Depois de uma vida inteira de trabalho produtivo em prol da sociedade, eis que nos encontramos de repente sós. Olhamos para as mãos, o que vamos fazer com elas? (...)