domingo, 8 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8245: Convívios (332): XVIII Encontro do pessoal da CCS/BCAÇ 2912, dia 11 de Junho de 2011 na cidade da Maia (António Tavares)

XVIII CONVÍVIO DA CCS/BCAÇ 2912 - GALOMARO, 1970-1972, DIA 11 DE JUNHO DE 2011 NA CIDADE DA MAIA






Convite enviado pelo nosso camarada António Tavares, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, em mensagem do dia 8 de Maio de 2011
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8237: Convívios (325): 11.º Encontro da Tabanca do Centro com comemoração dos aniversários da Giselda e Miguel Pessoa, ocorrida no dia 27 de Abril de 2011 (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P8244: Tabanca Grande (280): Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897 (Mansoa, Mansabá, Olossato, 1966/68)

1. Mensagem de Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68, com data de 6 de Maio de 2011:

Luís Graça
Foi com muita alegria que encontrei o vosso blogue, graças à ajuda do pessoal do CART 3494.

Sou Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Furriel Miliciano da CCS/BCAV 1897 e estive na Guiné entre 1966 e 1968.

Estive em Mansoa, Mansabá e um pouco no Olossato, dando apoio de manutenção aos rádios-transmissores.

Hoje moro no Brasil, onde formei família há 35 anos, mas jamais esqueci os momentos passados junto com meus companheiros, lá na Guiné.

Aqui, por vezes, conto aos amigos algumas histórias e os brasileiros ficam admirados com aquilo que todos nós passámos.
Conto as boas e as menos boas, porque tivemos também muitos bons momentos, de amizade, camaradagem e apoio.

Hoje já não lembro muito dos nomes dos colegas, mas pelas fotos que vi, recordei o Frade, o José Barros, aparecendo outros me lembrarei.

Tenho muitas fotos da época, que pretendo enviar, se assim o desejarem.

Hoje estou enviando uma foto minha da época e outra atual.
Mais duas, uma da entrada do acampamento de Mansabá e outra de momentos após os "turras" terem destruído um pontão na estrada Cutia - Mansabá e nos terem emboscado
(acho ser o mesmo local da foto colocada no blogue, mas já com um pequeno pontão.

Se alguns dos ex-companheiros quiserem comunicar comigo será com muita alegria que receberei esse contacto.

Abraços
Armandino Oliveira
armandinol@hotmail.com

Mansoa, 1967 > Armandino Oliveira

Mansabá, 1967 > Parada do quartel

Mansabá, 1967 > Estrada Mansabá - Cutia


2. Comentário de CV:

Caro Armandino,
Bem aparecido na nossa Tabanca, caserna virtual onde se reúnem mais de 400 ex-combatentes da Guiné, de todos os anos da guerra, de todas as Armas e de todas as Unidades. Aqui convivem elementos do Exército, Força Aérea e Marinha, de todas as idades, patentes e Especialidades.

É um especial prazer receber um camarada, que estando mais longe, na diáspora, nos lê e se quer juntar a nós. Tu, estás do outro lado do Atlântico na terra quente do Brasil, mas graças a este meio de comunicação é como se estivesses fisicamente junto de nós.

Esperamos a melhor colaboração da tua parte na feitura destas memórias, cujo espólio é já apreciável. Manda as tuas fotos e as tuas histórias para publicarmos.

Lê o lado esquerdo da nossa página, onde entre uma quantidade enorme de informação, encontrarás a descrição dos nossos objectivos e das nossas normas de conduta. Tens palavras designadas marcadores/descritores, a partir das quais poderás pesquisar os diversos assunto já aqui tratados.

Se precisares de algum esclarecimento adicional, os editores estão sempre ao serviço e ao teu dispor.

Já agora, porque Mansabá me diz muito, a minha Companhia esteve lá 22 meses, se tiveres fotos para eu publicar na página da CART 2732, manda-mas por favor que eu farei menção que são tuas. Vai a http://cart2732.blogspot.com/ e mata saudades vendo as fotos lá publicadas.

Para terminar, deixo-te o tradicional e indispensável abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)

Guiné 63/74 - P8243: Memória dos lugares (155): Bedanda 1972/73 - A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (2) (António Teixeira)




1. Publicam-se as restantes 8 fotos subordinada ao título "A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda", enviadas em mensagem do dia 5 de Maio de 2011 pelo nosso camarada António Teixeira* (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73).


A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (2)










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Nota de CV:

Vd. poste de 7 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8239: Memória dos lugares (154): Bedanda 1972/73 - A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (1) (António Teixeira)

Guiné 63/74 - P8242: Agenda cultural (120): José Brás esteve na Feira do Livro de Lisboa, dia 7 de Maio de 2011 (Miguel Pessoa)

1. Mensagem do nosso camarada Miguel Pessoa (Cor Pilav Ref), com data de 7 de Maio de 2011:

Caros editores
Com base na informação publicada no blogue*, demos uma saltada à Feira do Livro, para um abraço ao nosso camarada José Brás.
Como previsto, lá estava ele no seu posto de combate no pavilhão B19 da Chiado Editora, onde autografava o seu livro mais recente, "Lugares de Passagem".

Depois do abraço da praxe aproveitámos para tirar duas fotos que disponibilizo para o blogue, "para os efeitos achados convenientes".
Numa delas o Zé Brás está com o casal Pessoa, na outra está acompanhado pela representante da Chiado Editora.

Ah, no meio da bagunça ainda divisámos o José Manuel Dinis - mas supomos que ele já não terá tido oportunidade de contactar o Zé Brás.

E pronto, encerra aqui a reportagem do exterior.

Um abraço nosso.
Giselda e Miguel


JOSÉ BRÁS NA FEIRA DO LIVRO DE LISBOA, ONTEM DIA 7 DE MAIO DE 2011


Na Feira do Livro com Miguel Pessoa e Giselda Pessoa, um casal que se juntou numa realidade que poderá dar uma bela "peça" de ficção. Não falo disso aqui porque não tenho autorização mas sempre digo que é da gente que mais me apraz conhecer, pela sua dignidade e pela solidariedade sempre pronta na ponta de uma humanidade também quase ficção nos dias que correm.
(Legenda de José Brás)

Fotos: © Miguel Pessoa (2011). Todos os direitos reservados
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8224: Agenda cultural (119): Sessão de autógrafos de José Brás, autor do romance Lugares de Passagem, dia 7 de Maio de 2011, na Feira do Livro de Lisboa - Stand Chiado Editora

Guiné 63/74 - P8241: In Memoriam (77): S. Bartolomeu do Mar - Esposende, homenageou os seus ex-Combatentes no dia 1 de Maio de 2011 (José Ferreira da Silva / Fernando Cepa)



1. Em mensagem do dia 4 de Maio de 2011, José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos este relato referente à homenagem prestada pela freguesia de S. Bartolomeu do Mar - Esposende, aos seus dois combatentes caídos em campanha na Guerra do Ultramar, de autoria de outro nosso camarada, o Fernando Cepa, que brevemente irá fazer parte da nossa Tabanca.



EX-COMBATENTES HOMENAGEADOS EM S. BARTOLOMEU DO MAR


A Freguesia de S. Bartolomeu do Mar, em Esposende, homenageou no domingo passado os seus ex-Combatentes com a inauguração de um Memorial na Praça 25 de Abril e uma exposição fotográfica na Sede da Junta. O presidente da Câmara, João Cepa, que presidiu às cerimónias, assumiu o compromisso de a autarquia homenagear os ex-Combatentes do Concelho.

Numa cerimónia em que a chuva não permitiu acabar em beleza, a freguesia de S. Bartolomeu do Mar engalanou-se para homenagear os seus ex-Combatentes e, em especial, os dois mortos em combate, José Vaz Saleiro de Lima e Gastão Vaz Saleiro Lima. Da Homenagem para além da Missa em sufrágio dos ex-Combatentes falecidos, constou a inauguração de um Memorial, em granito, do artista Américo Abreu, das Marinhas, na Praça 25 de Abril, a norte da Junta, e a abertura de uma exposição fotográfica sobre os ex-Combatentes, na sede da Junta. Para além dos presidentes da Câmara, da Junta e da Assembleia de Freguesia de Mar, marcaram presença o Major Nogueira Pinto em representação do Comandante da Escola Prática dos Serviços da Póvoa de Varzim; Coronel João Paulo Vareta presidente da Liga dos Combatentes de Braga, em representação do Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes; o representante do Comandante da GNR de Esposende; o Adjunto do Comandante do Porto de Viana do Castelo; Major Celestino Costa, da Companhia 1542; o Núcleo de ex-Combatentes de Viana do Castelo, representado pelo Coronel José Lima, Tenente-Coronel José Martins e Secretário Manuel Meira Silva; o Núcleo de ex-Combatentes de Braga, representado pelo Tenente-Coronel João Mendonça, Tenente-Coronel Adelino Oliveira Martins e Manuel Oliveira; e os padres Cândido Gaio e Jaime Cepa.

No uso da palavra, o presidente da Câmara felicitou a organização desta iniciativa e deixou o compromisso de que o concelho irá, em breve, homenagear os seus ex-Combatentes porque “todos estes jovens que atravessaram o atlântico e partiram porque amavam a pátria são um exemplo para todos”. E lembrou que “a maior arma que o povo tem hoje é o voto” razão pela qual não se devem deixar levar pelos defensores da abstenção, pois “se queremos políticos melhores devemos usar essa arma e dar o nosso contributo ao país”. No final recordou que “o país ainda não fez justiça aos ex-Combatentes”.

Fernando Cepa, da organização, referiu na passagem dos 50 anos do início da guerra colonial que “a emoção desta homenagem é um grito de revolta por não ter acontecido mais cedo” e lembrou que vivendo num país que “tem propensão para tornar pequeno, aquilo que é nobre e grande, estamos aqui para transformar uma pequena e singela cerimónia num acto de elevada grandeza”. E deixou a promessa de tudo fazer para trazer para a terra natal os restos mortais dos falecidos José e Gastão Lima.

Em representação do Batalhão de Artilharia do falecido José Lima, Alfredo Fonseca agradeceu esta “honrosa e merecida homenagem” pois “tarde é o que nunca se faz”. E lembrou o companheiro morto em combate: “um homem de carácter bem formado, humilde e honesto”. Criticou os governantes que “não têm consciência do que passamos” salientando que esta “é a melhor medalha para quem trabalhou”.

O Coronel João Paulo Vareta referiu que esta cerimónia “toca-nos muito fundo e nunca é tarde para lembrar quem por lá ficou”. E concluiu: “mal vai o povo que não reconhece os seus mortos; esta iniciativa é a prova de que os ex-Combatentes são respeitados pelo povo”.

O presidente da Junta de Mar, Manuel Santos, salientou que “a nossa pequena freguesia foi muito generosa porque daqui saíram cerca de meia centena de soldados” por isso, “estamos agradecidos a esta exemplar geração que tão bem nos representou”.

Intensamente emocionado, com as lágrimas a correrem pela cara, estava o Major Celestino Costa, com 92 anos, o então Capitão da Companhia 1542 do José Lima ao lembrar os momentos duros do época.

Em termos de balanço Joaquim Teixeira Ribeiro, da Companhia 1542, disse que estas cerimónias foram “do que melhor vi até hoje porque foi um dia rico e fabuloso, devido à excelente organização e à família do José Lima. Vamos de coração cheio pois foi um marco na nossa história”.



A exposição na sede da Junta estará aberta no horário de expediente e no próximo domingo, de tarde.

Centro Social da Juventude de Mar, 2011-05-02
A Direcção,
Fernando Cepa

[Edição de fotos, revisão e fixação de texto: Carlos Vinhal]
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8232: In Memoriam (76): Isabel Raimundo Conde homenageia seu tio José Luís Inácio Raimundo, Soldado Comando da 38.ª CCOM (morto em combate em Guidaje a 12 de Maio de 1973), no dia do seu 61.º aniversário

Guiné 63/74 - P8240: Parabéns a você (257): As nossas esposas merecem tudo. A Ana Carvalho (Tertúlia / Editores)



Em nome do Luís Graça e demais colaboradores, apresentamos os nossos melhores saudações e, claro daqueles mais abusadores como eu, um grande beijo Amigo à Ana Carvalho, que tem sido uma das senhoras sempre presente nos nossos almoços anuais e faz hoje vinte e poucos anos.
A Ana é esposa do nosso Camarada Casimiro Carvalho e ao longo dos últimos anos o presenteou, entre outras maravilhosas coisas desta nossa passagem terrena, com duas lindas e desenrascadas filhotas - a Kikas e a Sofia - , que sendo filhas de RANGER roubaram e adoptaram no seu dia a dia, uma grande parte da dinâmica do seu pai.
Como se isto ainda fosse pouco e como naquela família a rotina estava a começar a ficar muito entediante e aborrecida, a Kikinhas para quebrar esta monotonia “arranjou-lhes” uma netinha – a Beatriz -, que veio “desestabilizar” e animar a família Carvalho e não só.

Assim com esta pequena lembrança desejamos a toda a família Carvalho e hoje em especial à Ana um excelente e feliz dia de aniversário, cheio de tudo de bom e do melhor que os bens materiais nos podem proporcionar, mas acima de tudo muita saúde, felicidade, alegria e boa disposição.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

5 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8220: Parabéns a você (256): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo, CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Tertúlia / Editores)

sábado, 7 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8239: Memória dos lugares (154): Bedanda 1972/73 - A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (1) (António Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada António Teixeira* (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73), com data de 5 de Maio de 2011:

A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda.
Hoje serão já todas Mulher Grande, se por acaso ainda existirem.
Acreditem que tenho saudades... delas, daquela terra, daquela gente.

Um abraço
António Teixeira




A Mulher, Menina, Bajuda de Bedanda (1)









Fotos: © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8045: Memória dos lugares (151): Bedanda 1972/73 - O Seis do Cantanhez (António Teixeira)

Vd. último poster da série de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8229: Memória dos lugares (153): Cacine, ao tempo do Pel Rec Daimler 2049 e da CART 1692 (António J. Pereira Costa)

Guiné 63/74 - P8238: Tabanca Grande (279): Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912 (Susana e Varela - 1967/69)

1. Mensagem do nosso novo camarada e amigo Manuel Domingos Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 1684/BCAÇ 1912, Susana e Varela, 1967/69, com data de 4 de Maio de 2011:

Camarada Luís Graça
Depois de ter feito o meu primeiro contacto com os Camaradas da Tabanca Grande em Dezembro último (P7451 - Livro de visitas 104*), venho agora com grande desejo de entrar na grande família da TABANCA GRANDE.

Apresento-me:
Manuel Domingos Santos
Ex-Furriel Miliciano
Batalhão 1912-Companhia 1684
Guiné - Susana e Varela
Maio de 1967 a Maio de 1969
E-mail: domingossantos44@gmail.com


Entrei na vida militar em 11 de Janeiro se 1966 no CISMI em Tavira, onde fiz a recruta e a especialidade, até Junho do mesmo ano.

Depois da especialidade de atirador (não havia outra especialidade nessa altura) ou não nos deram outra a escolha, fui com outros camaradas obrigado a fazer testes para ir formar uma Companhia de Comandos para Lamego. Fizemos os testes ainda em Tavira, testes bastante difíceis e rigorosos, basta dizer que no meu grupo de vinte e cinco só ficamos seis aprovados.

Depois de uns dias de férias a descansar em casa, lá fui de comboio até Lamego, mais propriamente Lamelas, um pouco afastada de Lamego, no cimo de um monte junto a um cemitério. Aqui permanecemos durante uns tempos a treinar tudo o que nos esperava nas guerras do Ultramar. Aprendiamos e aperfeiçoávamos a lidar com as várias armas, enfermagem, minas e armadilhas, pára-quedismo e tudo o que dizia respeito a poder sobreviver no mato vários dias sem comer nem beber.

Só para dar uma ideia do que era, basta dizer que não tínhamos horas de descanso nem de noite nem de dia. A qualquer hora da noite íamos fazer patrulhamentos, dar uns tiros na carreira de tiro, fazer instrução para dentro do cemitério, tudo isto e muito mais. Nesse tempo tudo isto era realmente difícil e complicado, mas depois já no cenário de guerra foi realmente muito útil para mim e para os que eu levava para o mato.

Depois no final, não segui com a Companhia de Comandos para Angola, aqui já não obrigado, mas sim se tivesse essa vontade. Falava-se nessa época que iríamos dar instrução a futuros Comandos em África.

Como não segui com essa Companhia, fui para o RAL 1 em Lisboa dar instrução durante dois meses. Depois vim para perto de casa, RI 7 em Leiria, onde estive dois meses, até que fui para Santa Margarida para me incorporar no Batalhão que me levou a terras da Guiné.

No dia 8 de Abril de 1967 embarcámos no velhinho "UIGE" e desembarcámos em Bissau a 13 do mesmo mês.

O Batalhão seguiu para Mansoa e a minha Companhia ficou um mês em Bissau no quartel da Amura, à espera de ir para Susana e Varela.

Susana era uma tabanca não muito grande, mas tinha um povo muito grande, muito guerreiro, muito unido e muito do nosso lado. Armados com arco e flecha nada os fazia temer. Guardavam bem o seu chão "O CHÃO FELUPE".

Na minha passagem por Susana, não posso deixar de falar do amigo João Uloma, o grande guerreiro Felupe e chefe de toda a zona Felupe, que ao sair para patrulhamentos era sempre o primeiro e todos os outros o seguiam logo atrás. Era temido por aqueles que combatiam contra nós e contra os Felupes, e nessa época já tinha a cabeça a prémio, isto dito por alguns combatentes do PAIGC que apanhamos em operações.

Vim a saber mais tarde por camaradas nossos que por lá passaram depois, e confirmado por um amigo susanense que se encontra em Portugal a trabalhar, que o tinham matado. Foi um grande guerreiro e um grande condutor de homens. Veio à metrópole em 1968 com o prémio Governador da Guiné, e no dia 10 de Junho em Lisboa recebeu uma medalha de Grande Mérito Militar.

Nesta foto, João Uloma no dia dos seus anos. Não era normal ele festejar os anos, mas nesse dia aconteceu. Eu e mais dois camaradas fomos a casa dele fazer esta surpresa.

Aqui está a prova de como os Felupes agiam com os ataques. Depois de sermos atacados durante a noite, ei-los vindos de Tabancas bem longínquas a chegarem para nos ajudar a combater o inimigo. Alguns caminharam a pé durante várias horas para aqui chegarem, armados de arco e flecha

Havia também em Susana outras pessoas que nos marcaram nesse tempo. Falo de um casal maravilhoso que era a D. Helena e seu marido José Valente, que foi militar antes de nós e que por lá fico com essa Senhora que tinha um negócio de vários artigos. Era tudo para nós. Mãe, Madrinha, Namorada, enfim tudo aquilo que nós não tínhamos lá. Fazia-nos grandes petiscos bem apetitosos á sua maneira, e acolhia-nos como seus filhos se tratasse.

Nesta foto José Valente com o seu bigode característico. De vez em quando também nos fazia companhia na nossa messe. Era homem da casa.

Aqui estamos no seu terraço a comer um petisco. Ao fundo, penso ser a sua filha, que segundo sei será hoje a senhora que tem a residencial CHEZ HELENE em Varela.

Aqui também nos honrou com a sua presença na passagem do ano de 1967 para 1968. Está ao fundo com o seu bigodito.

Nesta foto, a sua residência que nos vários ataques que sofremos também não escapou aos efeitos da guerra.

Estrada de Susana para Varela > Esta situação era vulgar acontecer no nosso tempo. Havia uma grande extensão de bolanhas que nos meses das chuvas ficavam cobertas de água. Era também uma boa oportunidade para sermos atacados como aconteceu algumas vezes.

Foi bem perto de Cassolol que tivemos uma mina na ponte e de seguida confronto de tiroteio, de que resultaram dois mortos e vários feridos. A viatura onde seguíamos ficou neste estado.

Cassolol > Deixamos lá este pequeno monumento dedicado à nossa Companhia "Pantera 1684", com os nomes dos nossos mortos.

Susana > Monumento aos mortos da CCAÇ 1684

O Fanado > Eu e o mais novato dos que foram fazer a circuncisão.

Ao falar de Susana e dos Felupes, é obrigatório também falar do Fanado, ou Circuncisão que se realiza de trinta em trinta anos. Eu tive o privilégio de assistir no ano de 1968, pois o seguinte foi em 1998.

Recordo-me que nessa cirurgia que era feita aos Felupes, nesse ano não houve mortes porque fomos autorizados a assistir e a fazer a higiene necessária, ao contrário dos anos anteriores que houve sempre mortos.

No final do Fanado, em que os Felupes estão isolados na mata durante cerca de dois meses sem poderem ver os familiares, há festa e apresentam-se aos familiares e amigos em traje de gala.

Durante o tempo que estão na mata depois da circuncisão, eles fazem festa durante o dia e noite. Diziam que era para não sentirem as dores do acontecido. E diziam que durante o tempo que estavam por lá, não seriamos atacados. Foi o que aconteceu. Tinham medo dos Felupes nessa altura, pois ganhavam mais força, e tornavam-se ainda mais agressivos.

Susana > O fim do Fanado > Estes são os adultos vestidos a rigor prontos para o fim da festa. À frente está o chefe dos Felupes que era o pai do grande amigo João Uloma.

Os Felupes e as lutas > Eu no meio dos vencedores

Eu a apreciar as lutas

A morte > Na etnia Felupe era normal o defunto ser colocado numa poltrona e ser velado pelos familiares com cânticos antes de ser enterrado. Ali estava uns dias e depois desaparecia sem nos apercebermos de mais nada.

Aqui era o cemitério dos crânios e dos objectos de feitiçaria.

Fotos: © Domingos Santos (2011). Todos os direitos reservados


Este é um pequeno resumo do que foi a minha passagem na vida militar. Foram 1225 dias com a farda militar vestida. Uns dias melhores outros menos bons como todos os camaradas que por lá passaram. Todos nós temos imensas histórias para contar, só que por vezes não temos a coragem de as deitar cá para fora.

Estão cá dentro guardadas, e não temos a coragem de as contar, a não ser em convívio com outros camaradas que também por lá passaram.

Um forte abraço para todos aqueles que trabalham e procuram dar voz aos que combateram em terras de África.

2/05/2011
Domingos Santos

[Edição de fotos, revisão e fixação de texto: Carlos Vinhal]


2. Comentário de Carlos Vinhal:

Caro Domingos Santos,
Bem-vindo à família do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné. Instala-te na Tabanca e continua com as narrativas da tua vivência numa das zonas mais características da Guiné, o Chão Felupe. A tua apresentação promete.

Como muito bem dizes no fim deste teu trabalho ora publicado, as nossas histórias, só as ouvem e entendem quem passou por experiências similares. Portanto este é o local ideal onde, à vontade, poderás escrever as tuas memórias porque estás entre pares.

Temos na tertúlia um camarada que se dedicou a observar os usos e costumes dos Felupes, pois como tu, também esteve em Susana, estou a falar do ex-Fur Mil TRMS Luís Fonseca da CCAV 3366/BCAV 3846, que embora há muito não nos mande nada, deixou-nos uns óptimos apontamentos sobre esta etnia. Podes aceder a eles clicando nas palavras Felupes e/ou Luís Fonseca, na cor laranja e sublinhadas.

Porque este poste está já muito longo, deixo-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores, e os votos de uma colaboração profícua.

Deste teu camarada e novo amigo segue também um abraço fraterno
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7451: O Nosso Livro de Visitas (104): Camaradas da Guiné (Domingos Santos)

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8145: Tabanca Grande (278): Jorge Manuel Magalhães Coutinho, ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 (Piche, Bissau – 1974)