segunda-feira, 4 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15937: Agenda cultura (474): Em Fafe, "terra justa", 4ª feira, dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representadas ao vivo pela Rosa Serra, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"






Programa do dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representada pela Rosa Serra, nossa grã-tabanqueira, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade". Estava prevista também a presença da da nossa camarada Maria Arminda, tendo sido entretanto cancelada por razões que desconhecemos.

Nesse dia, às 16h00, no Café Shake,  haverá também uma conversa sobre os refugiados, com a presença de Teresa Tito de Morais, cofundadora em 1991 (e hoje presidente) do CPR - Conselho Português para os Refugiados, e ainda de Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa.

Fonte: Câmara Municipal de Fafe. O programa mais detalhado, em pdf, foi-nos enviado pelo nosso grã-tabanqueiro, amigo e camarada, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil para, BCP 21, Angola, 1970/72.

___________

Nota do editor:

Últimos postes da série > 

1 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)

Guiné 63/74 - P15936: Notas de leitura (824): “A Guerra na Picada, Moçambique 1970”, por Rodrigues Soares, Chiado Editora, 2014 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Ocorre-me esporadicamente comparar as diferentes literaturas dos três teatros de operações, encontrar convergências, procurar tocar no fundo nas singularidades de cada uma.
Parti reticente para a leitura de "A Guerra na Picada", um título chocho, incaraterístico, todos nós combatemos em picadas. Aguentei uma toada de enorme sensaboria até chegar ao Cabo Delgado. Aqui as coisas mudaram de figura, as minas, homens e máquinas a explodir tomam conta da nossa respiração.
Admito que se tenha sofrido assim de Madina do Boé até ao Che-Che, na região de Aldeia Formosa, de Guileje a Mejo, mas havia também as emboscadas, aqui não, são minas em cadeia, montadas para que o inferno seja surpreendente. E lembrei-me de Mocímboa da Praia, onde perdi o mais querido dos amigo, o Carlos Sampaio, em 2 de Fevereiro de 1970.

Um abraço do
Mário


Parece que todas as minas do mundo se juntaram no Cabo Delgado (1)

Beja Santos

Sinto a necessidade, com alguma frequência, de comparar o que se escreveu e escreve sobre a guerra da Guiné com os teatros de Angola e Moçambique. Podem os acontecimentos provocar as mesmas emoções, há a similitude e analogias no mau comer, nas tempestades africanas, nos sofrimentos por quem vemos sofrer e morrer, os sentimentos de solidão e de abandono, os mesmos nós na garganta durante os patrulhamentos ou flagelações. Mas há a vastidão dos territórios de Angola e Moçambique, a despeito das selvas luxuriantes da Guiné das rias e dos braços de rios, uma vastidão que é explícita nas longas colunas no Planalto dos Macondes, nos Dembos, nas colinas que se têm que subir a custo, por exemplo.

“A Guerra na Picada, Moçambique 1970”, por Rodrigues Soares, Chiado Editora, 2014: confesso que inicialmente não me empolgou, acho o título inócuo, quem combateu fez a guerra na picada, e grande parte da descrição na fase dos preparativos, me recordou muitos e muitos outros livros de memórias. António Rodrigues Soares nasceu em Penacova, os pais partiram cedo para Moçambique, estudou e viveu em Coimbra, fez a recruta em Santarém e seguiu para o CISMI, em Tavira. Deram-lhe depois guia de marcha para Tancos, vai ser furriel sapador, e depois Bragança. O centro da sua vida é uma moçoila de Coimbra, Olinda. Está a embarcar, pertence ao BART 2901, ruma para Mocímboa da Praia do paquete Império. O seu destino é Nangololo, para os lados de Mueda. Sabemos que os seus pais estão em Moçambique, ainda não sabemos onde.

Desembarcaram em Mocímboa, delineia-se o mapa da guerra: “Só os homens da CART 2647, uns 40 quilómetros mais adiante, num cruzamento referenciado como sendo Oasse, abandonavam a coluna. Seguiam para o aquartelamento de Antadora, uns quilómetros mais adiante, por uma picada que atravessava o rio Lúrio, ligava o Chai a Macomia e continuava para Sul. As restantes companhias do batalhão prosseguiam em frente até Diaca”. Uma viagem que parece interminável, ouve-se também falar em Miteda e Sagal. E nas picadas usam-se laboriosamente ancinhos e picas. Ancinhos que tinham um pente com uns 50 centímetros de largura e um cabo com cerca de 3 metros de comprimentos, totalmente construídos em madeira. Já estamos num cenário bélico: “Aquela picada, a única que atravessava o planalto até Mueda, tinha uma única via. Por ali só transitavam veículos militares. Os rodados eram formados por dois sulcos que a tonelagem das viaturas moldara ao longo de anos. Rodados que era penteados e picados, na tentativa de detetar as minas que os guerrilheiros, dia após dia neles colocavam”. Procuram-se minas anticarro e minas antipessoais. As horas passam, os nervos são tensos, segue-se na orla do planalto e depois há uma descida, chegados ao fundo do declive iniciam a travessia do estreito, sobem para Sagal, veem-se crateras por todo o lado de minas que foram feitas explodir. Assim se percorreram 20 quilómetros até chegar a Sagal. Daqui segue-se para Diaca, vão se ouvindo rebentamentos ao longe, todos anseiam atingir rapidamente Nangololo: “Com muito trabalho e sacrifícios por parte dos militares de Sagal e de Mueda, acabámos por chegar ao nosso destino. No espaço de três quilómetros foram detetadas e neutralizadas 36 minas anticarro”.

O autor apresenta-nos Mueda, a capital da guerra, o melhor aquartelamento de Cabo Delgado, com um efetivo permanente de mais de um milhar de militares de vários ramos, uma boa pista de aviação e hospital.

O leitor prepare-se, porque iremos ouvir muito poucas referências a tiroteio, a emboscadas, a flagelações. É a mina quem está no altar da guerra, a FRELIMO semeia o pânico pondo toda a sorte de explosivos na picada, aquela viagem inicial deu para perceber que explodem viaturas, que se põem 11 minas ligadas em série por cordão detonante, com a sua dimensão trágica: “Quando fosse detetada a última mina da série, a única posicionada nos rodados, e fosse posteriormente neutralizada, esta faria explodir as restantes, colocadas no centro ou na berma da picada, apanhando todo o grupo desprevenido”. Demoraram quatro dias de Mocímboa até Mueda. Há imensa desolação na paisagem de Mueda até Nangololo seriam 40 quilómetros, pernoitaram em Miteda a cerca de 20 e poucos quilómetros de Mueda. Em Miteda são informados de que a guerrilha está assanhada, ali entre os postos 13 e 14, além de minas há emboscadas, ali se cruzam o trilho que passava na zona do Chindorilho e se estendia para Sul, vindo do Rovuma, rio que faz fronteira com a Tanzânia. E entre Miteda e Nangololo veio o batismo de fogo. Em Nangololo há mais gente a partir, os homens da CART 2648 vão para Muidumbe, do lado oposto a Mueda.

É um relato terrível, concentrado em picadas onde ancinhos e picas farejam minas. Os da 2648 começaram mal, cedo tiveram mortos e feridos. O autor descreve o eixo Mueda/Miteda/Nangololo/Muidumbe, estamos em território Maconde e percebemos a relação entre a geografia e a posição militar: “Nangololo, com Muidumbe a nascente e Miteda a poente, era um dos aquartelamentos situados mais a Sul no planalto Central. Do ponto de vista militar, estas três bases estariam por ali sobretudo para entreter a guerrilha”. Porque para o autor a luta era desigual, não havia ali homens suficientes para se fazerem patrulhamentos sistemáticos naquele planalto imenso. E se até agora todas as atenções convergem para as minas, chegou a vez de entrarem em cena as armadilhas. A unidade militar que foram render teria levantado as armadilhas que montara. Entretanto, o capim crescera desmesuradamente, havia novamente que desmatar e colocar novas armadilhas e registá-las. E começam os reabastecimentos, entram em ação os ancinhos e picas. Julga-se ter encontrado um engenho temível, o autor deixa-nos uma descrição singela, podemos senti-lo a suar em bica:
“Aparentava calma, mas todo eu era uma pilha de nervos. Aproximei-me da mina com a ponta de uma pica a zurrar pelo chão. Quando senti bater, debrucei-me para examinar melhor. O meu coração pulsava como o motor de explosão no limite das rotações. Ao de leve, com gestos poucos firmes, foi removendo a areia. Estremeci quando a ponta do dedo tocou numa superfície compacta. Aqui está ela, pensei. Fiz uma pausa. Aproveitei para limpar o suor com a manga do casaco camuflado e respirar fundo. Retomei a remoção da areia, redobrando cuidados, e uma pequena mancha acastanhada começou a aparecer. Era madeira, sem dúvida, tal como o invólucro das PMD 6, russas, que a guerrilha usava. Devia então, com um petardo, fazê-la explodir por simpatia. No entanto, qualquer coisa me dizia que rapasse um pouco mais: ao contrário das minas, a superfície que tateei pareceu-me curva. Assim fiz. A pequena mancha alastrou e surgiu uma figura escura e escamosa. Resultado: a mina pariu uma raiz”.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 1 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15926: Notas de leitura (823): “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15935: (Ex)citações (307): A descolonização da Guiné-Bissau tinha tudo para correr mal (Jorge Sales Golias)


Capa do livro  de  Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016)] (*). Reproduzida, com a devida vénia ...





Jorge Sales Golias [ nascido em Mirandela, em 1941, ex-cap eng trms, licenciado em engenhria electrónica pelo IST, membro do MFA, Bissau, adjunto do CEME, gen Carlos Fabião em 1974/75, cor trms ref, administrador de empresas; vai lançar, no próximo dia 14, o seu livro "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016)] (**)

______________

Notas do editor:

(*) Vd, poste de 3 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso

(**) Último poste da série > 29 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15911: (Ex)citações (306): A propósito da última troca de prisioneiros, em Aldeia Formosa, no dia 14 de setembro de 1974....Prisioneiros, não, "retidos pelo IN"...

Guiné 63/74 - P15934: Parabéns a você (1058): António Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2406 (Guiné, 1968/70); Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1972/74); Hernâni Acácio Figueiredo, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70) e José Eduardo Reis Oliveira, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Guiné, 1963/65)




____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15930: Parabéns a você (1056): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo Transmissões do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

domingo, 3 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15933: Agenda cultural (473): Integrada no 15.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, dia 7 de Abril de 2016, pelas 18 horas, apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado", no Palácio da Independência, em Lisboa (Manuel Barão da Cunha)



 


Em mensagem do dia 30 de Março de 2016, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, dá-nos notícia da apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado", integrada no 15.º Ciclo de Tertúlia Fim do Império.




15.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO 
LISBOA

PALÁCIO DA INDEPENDÊNCIA
07 DE ABRIL DE 2016
18,00 HORAS

Apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado".
Estarão presentes: o biografado, a escritora Sarah Adamopoulos e o General António Ramalho Eanes que prefaciou o livro.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso

Guiné 63/74 - P15932: Agenda cultural (472): sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Edições Colibri, 2016, 385 pp.), dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, largo de São Domingos, 11, Lisboa. Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso




Convite para a sessão de lançamento do livro de Jorge Sales Golias, "A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães" (Lisboa, Ed Colibri, 2016, 385 pp.),, dia 14 de abril de 2016, 5ª feira, às 18h, na CPHM - Comissão Portuguesa de História Militar, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, 11, Lisboa.

Prefácio: cor Carlos Matos Gomes; apresentação: cor Aniceto Afonso; sessão presidida por gen Alexandre Sousa Pinto (presidente da CPHM)


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada)  Jorge Sales Golias [ ex-cap, eng trms, membro do MFA, Bissau, adjunto do CEME, Gen Carlos Fabião - 1974/75, cor trms ref, administrador de empresas]

Data: sábado, 2 de Abril de 2016 19:29

 Assunto: A Descolonização da Guiné-Bissau


Exmo Senhor Dr. Luís da Graça,

Na qualidade de autor do melhor blogue sobre a guerra colonial, venho convidá-lo a assistir ao lançamento do livro "A Descolonização da Guiné-Bissau", da minha autoria e pedir-lhe que divulgue o evento e o livro no seu blogue.

O livro tem 385 páginas, das quais 100 de documentos, fotos e imagens (com desenhos do António Carmo, feitos para o efeito), cita cerca de 400 nomes (dos quais cerca de 70 da Guiné) e tem 275 notas de rodapé. O prefácio, de Carlos de Matos Gomes, é uma magnífica peça de contextualização histórica.

Na circunstância, apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,

Jorge Sales Golias





_______________

Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15931: Manuscrito(s) (Luís Graça) (81): Se de amor fosse essa pena, / P’la minha pátria encantada, /Teria valido a pena / De tanto penar por nada.

Glosando o tema 
"Castelo da Pena" (*)


por Luís Graça (**)








Que crime para tantas penas ?
Degredado, fui à guerra,
Eu e muitos, às centenas,
Soldados da minha terra.

A Guiné foi o nosso degredo,
Só bolanhas e picadas,
Muita dor, tudo em segredo,
Nas almas armadilhadas.

Se de amor fosse essa pena,
P’la minha pátria encantada,
Teria valido a pena
De tanto penar por nada. 

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15927: Blogpoesia (442): "Castelo da Pena", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Valdemar Silva disse...

Com as minhas penas
voei, até à Pena.
Da Pena do D. Fernando
voei à pena do castelo dos mouros.
E fui voando, pra outras Penas.
Penaferrim, Penafiel, Penamacor,
Penalva, 

e voei até penhas e penhascos.
Penha Garcia, Penhascoso e cheguei.
Cheguei à Penha, em Guimarães,
terra do meu pai.
Há mais de sessenta anos que lá não ia.

Só os poemas (e as penas)
nos fazem voar.

Obrigado, J. L. Mendes Gomes.

Guiné 63/74 - P15930: Parabéns a você (1057): Álvaro Vasconcelos, ex-1.º Cabo Transmissões do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 1 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15923: Parabéns a você (1055): Carlos Pedreño Ferreira, ex-Fur Mil Op Especiais do COMBIS e COP 8 (Guiné, 1971/73)

sábado, 2 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15929: Inquérito 'on line' (51): É grande o entusiasmo pelo XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, sábado, dia 16, em Monte Real... Estamos à beira de esgotar a lotação da sala... Mas interessa-nos saber a opinião dos que não podem ir, por razões de saúde, monetárias ou outras... Camarada, amigo/a: podes dar a tua opinião até 4ª feira, dia 6, de manhã, respondendo ao nosso inquérito

INQUÉRITO: 

XI ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, 16/4/2016: EU VOU...

Resultados preliminares (n=34) (*)

1. Eu vou e já me inscrevi  > 17 (50,0%)

2. Eu vou mas ainda não me inscrevi  > 2 (5,9%)

3. Ainda não sei se posso ir  > 2 (5,9%)

4. Infelizmente não posso ir por razões de saúde  > 3 (8,8%)

5. Infelizmente não posso ir por razões monetárias  > 1 (2,9%)

6. Infelizmente não posso ir por outras razões  > 8 (23,6%)

7. Não estou interessado em ir  > 1 (2,9%)

Total > 34 (100,0%)


Votos apurados: 34
Prazo para responder: 6/4/2016, 4ª feira, 7h07 (**)
_____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 31 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15918: Inquérito 'on line' (50): Nunca apanhei nenhum pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné (Augusto Silva Santos)

Guiné 63/74 - P15928: O meu álbum de fotografias (António Bastos, ex-1º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66) - Parte I


Foto nº 5



Foto nº 3



Foto nº 4

Fotos (e legendas): © António Bastos (2016). Todos os direitos reservados.


Foto nº 1
1. Mensagem do António Bastos [ex-1º Cabo do Pelotão de Caçadores 953, Cacheu, Bissau, Farim, Canjambari e Jumbembem, 1964/66]

Data: 10 de março de 2016

Assunto: O meu álbum de fotografias




Ao grande régulo da Tabanca Grande, Luís Graça, companheiro:  como já aprendi alguma coisa destas tecnologias novas (digitalizar, por exemplo), já não estou dependente das netas, vou enviar as fotos da minha vida militar, não são muitas,   principalmente as de cá, agora da Guiné já tenho mais.

Foto 1>  em 1963 quando fui ao distrito da reserva em Setúbal dar o nome.

Foto 2 >  no dia da inspecção no quartel de Infantaria 11 em Setúbal

Foto 3 > o meu pelotão que pertencia à 1ª Bateria (eu estava no Porto Brandão que pertencia ao RAAF - Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa)

Foto 4 >  era o cartão que davam para não esquecer o número
Foto nº 2
e a Bateria, vai um pouco riscado mas, quando se tinha rapazes pequenos, era o que acontecia.

Foto 5 >  já era na semana de campo na Fonte da Telha, no pinhal mesmo junto ao posto da Guarda Fiscal.

Foto 6 >  Essa também é na semana de campo no dia 10 de março de 1964, faz hoje 52 anos. (O processo de ampliar as fotos ainda não aprendi,  fica para outra altura.)

Por hoje é tudo, logo se mandam mais amanhã ou noutro dia,

Um abraço,     António Paulo S. Bastos

2. Comentário do editor:

Obrigado, António, pelo teu esforço. Nunca é tarde para 
aprender. As tuas netas merecem um xicoração muito ternurenta por  ajudarem o avô nesta nobre tarefa de salvaguardar as fotos do seu álbum. 

Podes mandar mais, já temos cá bastantes, tuas, do tempo de Guiné. Mas uma das fotos que querias mandar falhou, só mandaste cinco. Fica para a próxima. 

Já agora recapitulamos aqui o teu currículo militar. Recebe um alfabravo do pessoal da Tabanca Grande.

3. A minha vida militar (António Bastos)

(i) No dia 12 de janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz;


(ii)  depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão;

(iii)  aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz;

(iv) depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade: tinha como oficial,  comandante de pelotão, um tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como feneral);

(v)  aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente;

(vi) embarquei para a Guiné no dia 15 de julho de 1964, onde cheguei a 21;

(vii) desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857;

(viii) dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo comandante era o tenente coronel Hélio Felgas (já falecido, como major general):

(ix) depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto;

(x) eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá: jlantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim;

(xi) aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo tenente coronel Cavaleiro; permanecemos lá uns dias;

(xii) no dia 23 de março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953;

(xiii) eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas; quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento: este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda;

(xiv) começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras; de dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos; também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos; infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488; os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço;

(xv) com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por tenente coronel Glória Alves, que infelizmente já nos deixou [, em 2008]; passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari;

(xvi) em maio de 1966 regressámos a casa.

Guiné 63/74 - P15927: Blogpoesia (442): "Castelo da Pena", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Palácio da Pena
Com a devida vénia a RTP.PT


1. Em mensagem de hoje, 2 de Abril de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema dedicado ao Palácio Nacional da Pena:


Castelo da Pena

Neste fim de tarde, luminosa e calma
que a natureza caprichou em dar,
se divisa daqui, ao longe,
sobre as altas cumeadas,
poisado,

o recorte fino e ténue,
de muralhas e ameias
dum castelo.

Será de Sintra?

São de cinza as cores
E de silêncio as suas lendas.

Se cobre de nuvens,
Com muitas penas,
São dos piratas,
Dos sarracenos,
Barcos à vela,
Vindos do mar.

Galgaram as pedras.
Tantas refregas.
Tanta barbárie.
Que mortandade!
Para reinarem.
Todos morreram.
Ninguém ficou.
Só as muralhas.
Só as ameias.
Fino recorte,
No horizonte!

Será de Sintra,
Castelo das Penas?...

Bar Caracol, arredores de Mafra, 1 de Abril de 2016
18h49m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
____________

Nota do editor

Último poste da série de 20 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15877: Blogpoesia (441): "Tratar da horta...", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15926: Notas de leitura (823): “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Sob a coordenação do General Themudo Barata, o Estado-Maior do Exército deu à estampa no final da década de 1980 um conjunto de volumes alusivos ao estudo das campanhas de África.
Este volume diz inteiramente respeito à evolução do dispositivo da Guiné, não se tecem comentários sobre a diferentes estratégias, mas dá para perceber que o que aconteceu entre 1963 e 1968 foi uma tentativa de espalhar efetivos por todo o território, a partir do momento em que se percebeu que o inimigo instalara bases e dispunha do apoio de populações. E dá igualmente a perceber a escalada dos efetivos e a gradual africanização da guerra.
Refira-se que este estudo abarca exclusivamente o Exército.

Um abraço do
Mário


O Exército na Guiné: os números entre 1961 e 1974

Beja Santos

Temos passado ao lado da “Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África”, publicação do Estado-Maior do Exército, 1989. O terceiro volume desta série de obras é dedicado à Guiné e ao dispositivo das nossas forças.

Precede uma monografia breve que inclui resumo histórico. A Resenha inclui um bom número de cartas de situação que ajudam a compreender a evolução do dispositivo das nossas tropas na Guiné. Explica-se o adensamento da ocupação militar pela reduzida dimensão do território. O que me parece que me devia ter sido acompanhado de um comentário para se entender tal malha em localidades onde praticamente não havia população, caso do Sul e do Leste, mas que, na interpretação militar, devia ter destacamentos em pontos nevrálgicos da fronteira. Na primeira fase seguiu-se a hierarquia habitual: Comando-Chefe; Comando Militar; Zonas Militares à responsabilidade de Comandos de Agrupamentos; Setores entregues a Comandos de Batalhão; Subsetores a Comandos de Companhia; e Destacamentos de Pelotão e por vezes até de Secção.

Antes de eclodir a luta armada, eram numerosos os Destacamentos de Pelotão, depois foram substituídos por Companhias e mais tarde irradiou-se para Destacamentos com efetivos menos numerosos. Com Spínola, deram-se modificações importantes: criaram-se áreas de intervenção em territórios desocupados e ali só podiam ser conduzidas operações às ordens do Comando-Chefe.

Na primeira carta de situação, referida a Agosto de 1962, as unidades operacionais comportavam duas Companhias de Caçadores (de recrutamento local), uma Bateria de Artilharia, também de recrutamento local, uma Companhia de Caçadores, um Esquadrão de Reconhecimento e um Pelotão de Polícia Militar. Estes efetivos estavam em Bissau, Tite, Bafatá e Bula, sobretudo.

A segunda carta de situação refere-se a Novembro de 1963. Temos um dispositivo militar ainda bastante rarefeito, ao longo do ano houve tentativas de sabotagem em Paunca e Pirada, houve o ataque ao aquartelamento de Tite, emboscadas na região de Bedanda e ações violentas no Oio. Nesse mesmo Novembro, o dispositivo passou a ter três batalhões, um com sede em Mansoa, de colaboração com o batalhão de Bula, outro com sede em Buba e outro em Catió. O CTIG passou a ser reforçado com uma Companhia de Engenharia. Comparativamente a 1961, o dispositivo ganhou uma dimensão enorme: 7 Comandos de Batalhão de Caçadores; 1 Batalhão de Cavalaria; 15 Companhias de Caçadores; 7 Pelotões de Caçadores Independentes; 7 Companhias de Artilharia; 2 Companhias de Cavalaria; 1 Esquadrão de Reconhecimento; etc.

Tendo presente a terceira carta de situação, referente ao final do ano de 1964, verificam-se nítidas alterações ao dispositivo. O PAIGC já dispõe de corredores preferenciais para a infiltração, caso de Sitató, Jumbembem e Sambuiá no Norte, e Guileje no Sul. Surgem forças paramilitares, as Milícias. Há um Comando de Agrupamento em Mansoa, outro em Bolama e no Leste o Setor de Fá-Mandinga, grosso modo. No final do ano, há 12 Comandos de Batalhão, 47 Companhias tipo Caçadores, e em Bissau estão instalados os Comandos de Engenharia e das Transmissões, mais 4 chefias de Serviços (Religioso, Contabilidade e Administração, Justiça e Postal Militar).

Temos agora presente a carta de situação referente ao final de Dezembro de 1966. O dispositivo está mais ou menos estacionário, mas há algumas remodelações com aumentos efetivos de reforço, caso de 1 Comando de Agrupamento, 2 Comandos de Batalhão, 1 Companhia de Comandos, 19 Companhias tipo Caçadores. A Guiné dispõe neste momento de 15 Companhias de Milícias.

A carta de situação referente a Setembro de 1968 ainda não revela alterações no dispositivo geral. Mas cresceu o número de Pelotões de Artilharia. O Comando-Chefe dispõe de reservas: 1 Batalhão de Caçadores, 2 Companhias de Comandos e 1 Companhia de Artilharia, em Bissau; uma Companhia de Comandos em Cuntima, 1 Companhia de Caçadores em Contuboel, etc.

A sexta carta de situação é referente a Dezembro de 1968, o novo Comandante-Chefe já tomou alterações no dispositivo, adota um conceito de centralização, e cria os Comandos Operacionais (COP), em Aldeia Formosa, em Guileje e Gandembel e Binta, Bigene e Barro. O teatro de operações da Guiné está dividido em 4 grandes áreas (Bissau, Oeste, Leste e Sul). Assiste-se a uma maior concentração de meios ao longo da fronteira no Oeste e no Centro, criou-se no Leste junto à fronteira o Setor L4, e no Sul criaram-se os COP1 e COP2. O recrutamento local tende a expandir-se: 3 Companhias de Caçadores, 1 Bateria de Artilharia de Campanha, 19 Pelotões de Caçadores Independentes e 25 Companhias de Milícias.

A sétima carta de situação é referente a Agosto de 1969, verificamos novas alterações na organização dos meios operacionais: o Setor L4 fica na dependência direta do Comando-Chefe; os 2 COP do Sul foram extintos e transferidos para a Aldeia Formosa, etc. Criou-se um Agrupamento Operacional (CAOP), em Teixeira Pinto (é um órgão de comando apenas operacional). Em jeito de resumo, temos dois Comandos de Agrupamento (em Bissau e Bafatá), 1 CAOP (Teixeira Pinto), 18 Comandos de Batalhão (mais 5 do que do antecedente), 4 Comandos Operacionais (mais 1 do que do antecedente). O recrutamento local mostra-se estacionário.

A oitava carta de situação reporta-se a Agosto de 1970, verifica-se um acréscimo de meios operacionais, sobretudo com recurso ao recrutamento local (Comandos, Caçadores e Artilharia, bem como Milícias). O dispositivo de recrutamento local cresceu substancialmente: 1 Companhia de Comandos Africana, 8 Companhias de Caçadores, 18 Pelotões de Caçadores Independentes, 30 Companhias de Milícias.

A nona carta de situação é referente a Janeiro de 1973, o ritmo do recurso ao recrutamento local é uma constante. Apareceram Grupos Especiais de Milícias; a defesa antiaérea tornou-se uma realidade. Não se verifica, neste período, grande alteração nos limites das zonas de ação dos principais escalões; a intervenção do Comando-Chefe continuava a ser muito direta.

E assim chegamos à décima e última carta de situação, referente a Abril de 1974. Houve alterações decorrentes da atividade de reocupação no Cantanhez, da asfaltagem de estradas, aumentou o material antiaéreo. Procurando resumir as Unidades e Órgãos Operacionais nesta data, temos: 1 Comando de Agrupamento (COMBIS), 2 CAOP, 1 COT, 18 Comandos de Batalhão, 1 Batalhão de Comandos da Guiné, 3 Comandos Operacionais, 1 Batalhão de Engenharia, 4 Companhias de Comandos, 14 Companhias de Comandos da Guiné, 83 Companhias tipo Caçadores, 19 Pelotões de Caçadores Independentes, 34 Pelotões de Artilharia de Campanha (de recrutamento local).
____________

Nota do editor

Último poste da série de 30 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15916: Notas de leitura (822): “A tropa vai fazer de ti um homem! Guiné 1971-1974”, por Juvenal Sacadura Amado, Chiado Editora, 2016 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15925: Memória dos lugares (337): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte II: "Passei lá alguns maus bocados, com duas idas ao hospital, mas também lá tive alguns bons bocadinhos"...



Foto nº 10 A > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489),  prontos para uma patrulha. Ficámos com este nome porque quase sempre nos tocava ir em busca do IN após os ataques ao aquartelamento


Foto nº 10 B > "Os Vingadores", o meu pelotão  (2.º Pelotão da CCaç 3489)...


Foto nº 8 > Um posto de sentinela em Cancolim


Foto nº 11 > Mais uma partida para o mato de "Os Vingadores" em 15 de  abril de 1972, após uma flagelação a Cancolim à hora do almoço... Não gostávamos que o Juvenal Amado lá levasse o capelão... Não sei porquê, o homem dava-nos azar... Sempre que lá ia, Cancolim embrulhava"...


Foto nº 13 > Segurança à picada entre Cancolim e Sangue Cabomba


Foto 14 > Preparação para uma coluna a Bafatá (parte do 2.º Pelotão)


Foto nº  15 > O estado em que ficou a viatura (Unimog 404) que caiu numa mina em 14 de agosto de 1972 na picada,  no regresso de Bafatá a Cancolim (deixou-me 40 dias, todo partidinho, no HM 241 de Bissau – além de mim tivemos mais 16 feridos,  entre eles dois camaradas que tiveram de ser evacuados para o HMP de Lisboa)


Foto nº 3 A > Vista aérea de Cancolim: ao fundo do lado esquerdo, o heliporto... Além das instalações, veem-se alguns troços do perímetro de valas, abrigos e espaldões... Não havia artilharia, só morteiro 81...


Foto nº 3 B > Outra vista aérea de Cancolim: em segundo plano, a tabanca, anexa ao quartel...

Fotos (e legendas): © Rui Baptista (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. O Rui Batista (ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, Cancolim, 1972/74)  mora em Póvoa de Santo Adrião, Loures, com 65 anos de idade, está reformado, é lisboeta, sendo os pais oriundos de Arganil. e é nosso grã-tabanqueiro desde 9/12/2009.
 

Já aqui nos contou parte das andança e desandanças pelo TO da Guiné (*)... A primeira parte da comissão são mais intranquila.  Cancolim era um buraco lá no sector de Galomaro...
 

"O resto da comissão, principalmente os últimos 7 ou 8 meses de 1973, foi bem mais calmo. O último ataque a Cancolim foi em 20 de Janeiro de 1974. Nesse dia o IN veio de manhã, quase junto ao arame, mas apesar de muitos de nós andarem a jogar futebol, conseguimos fazer com que batessem em retirada deixando um morto no terreno".

Foi parar ao hospital duas vezes:

"A primeira vez que fui parar ao Hospital Militar de Bissau foi devido a uma febre que ninguém conseguiu identificar. Cheguei lá a 6 de Junho de 1972 e saí quase um mês e meio depois". (...)

"A segunda vez foi pouco tempo depois da primeira, foi logo na coluna seguinte a me irem buscar a Bafatá, dia 14 de Agosto de 1972. Não era a vez do meu Pelotão fazer a coluna. Quem estava na escala era o 1.º Pelotão,  comandado pelo Capitão;  este alegando que não se sentia bem e como eu tinha estado fora da Companhia algum tempo, conseguiu convencer-me a substituí-lo dessa vez".

O Rui confessa que não gostou  muito da ideia mas lá foi, contrariado... E tinha razões para temer que aquele fosse um dia aziago...

"Após a saída de Bafatá,  comecei a sentir que algo não ia correr bem. Ao chegarmos a Sangue Cabomba fui colocar o saco do correio (a mais sagrada das coisas para nós) na última viatura, e dei algumas indicações aos condutores de como iríamos proceder à passagem das zonas mais perigosas do resto do percurso até Cancolim.

"Foi exactamente no último bocadinho do troço onde nos podiam emboscar que deflagrou a mina colocada na picada. A partir desse momento não me lembro de muita coisa, sei que ainda dei instruções ao homem do rádio para pedir o batimento da zona e também de pedir uma arma e água a um elemento da população e deste me dizer que a mina não era para mim ("Furriel desculpa a mina não era para ti" – foi o que me ficou gravado na mente)."...

A seguir o Rui foi evacuado de heli para Bafatá...

"Recordo ainda de desmaiar sempre que me agarravam no ombro partido e de me terem posto numa maca dentro de numa DO. Acordei em Bissau quando me estavam a cortar o camuflado e voltar a desmaiar quando me agarraram no ombro para radiografar, acordei ao fim de três dias todo ligado e entubado na sala de observações. Estive hospitalizado 40 dias"...
Balanço da explosão da maldita mina: 17 feridos, dois deles evacuados para Lisboa.

"Até aqui só escrevi sobre coisas menos boas, mas também existiram algumas bem divertidas como, por exemplo,  aquela de eu ter pedido uma ZUP em vez de 7UP na primeira vez em que entrei na messe de sargentos no Cumeré, foi um "salta, pira!", geral.

Outras de que se lembra:
(i) "as corridas de arcos com gancheta que fazíamos na parada de Cancolim";

(ii) "um ou dois festivais da canção de Cancolim: uma das canções vencedoras,  "Rio Chancra" era cantada pelo Rodinhas (Furriel Mecânico Correia)";

(iii) "as caçadas às galinhas e cabras da população, e a fisgadas as pombos do nosso pombal para os petiscos";

(iv) "os campeonatos das mais variadas jogatinas de cartas";

(v) "as missivas que escrevíamos aos ratos para não nos roerem as roupas dentro dos armários – quando vim de férias da primeira vez, dei com o meu saco de viagem todo desfeito e no meio dos farrapos uma ninhada de 7 ratinhos"...

"E mais, muito mais", diz ele, "que eu não sei contar aqui"!... A gente acha que ele sabe e tem jeito para contar histórias... Esperamos que nos visite muito proximamente, agora que lhe fomos reeditar (e para melhor!) algumas fotos do seu álbum...
_______________

Nota dos editores:

(*) Último poste da série > 27 de março de  2016 > Guiné 63/74 - P15907: Memória dos lugares (336): Cancolim, subsetor de Galomaro (Rui Baptista, ex-fur mil, CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, 1972/74) - Parte I

Guiné 63/74 - P15924: Agenda cultural (471): O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas (1961-1974) vai ser homenageado em Fafe, no dia 6 de abril de 2016, 4ª feira, no decurso do evento "Terra Justa 2016" ("II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"). Intervenções (entre outras) das nossas camaradas Maria Arminda e Rosa Serra (Jaime Silva, ex-alf mil para, 1ª CCP / BCP 21, Angola, 1970/72)





1. Mensagem enviada pelo nosso camarada, grã-tabanqueiro, Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 21 (Angola, 1970/72),  lourinhanense, professor de educação física reformado, antigo autarca em Fafe, "terra justa":


Imagem inserida no portal da Câmara Municipal de Fafe.
Reproduzida aqui com a devida vénia...
Sobre o evento "Terra Justa 2016",
clicar aqui para saber mais.
O CORPO DE ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS (1961-1974) VAI SER HOMENAGEDO EM FAFE NO DIA 6 DE ABRIL 2106, DURANTE O “II ENCONTRO INTERNACIONAL DE CAUSAS E VALORES DA HUMANIDADE”


De 5 a 9 de Abril, Fafe volta a receber o “Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”.

O “Terra Justa – Encontro internacional de Causas e Valores da Humanidade” é um evento internacional, que procura alertar, provocar e envolver as pessoas a refletir sobre a importância das causas e valores da humanidade.

De 5 a 9 de Abril, a cidade vai acolher conferências, tertúlias de café com convidados nacionais e internacionais, exposições de rua, animação de rua, debates, arte pública, entre muitas outras atividades.

Além da questão dos refugiados, vão ser ainda abordados temas como os direitos humanos em cenários de conflito, o valor da cultura e questões relacionadas com a religião. Durante cinco dias, a cidade vai ser inundada com factos, números, dados, textos e histórias reais que remetem para as causas globais e para os grandes valores da humanidade.

O Corpo de Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas que atuou no apoio aos militares feridos em combate durante a Guerra Colonial, será homenageado neste evento de grande significado, entre outras figuras e associações de grande prestígio nacional e internacional.

Penso que este “Tributo à memória”, promovido pela Câmara Municipal de Fafe, às Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas merecerá, certamente, de toda a sociedade e particularmente dos ex-combatentes da Guerra de África o nosso aplauso e o carinho da nossa gratidão.

Este será o tempo da gratidão e, mais uma vez, dizer: “PRESENTE”.

PROGRAMA

“TERRA JUSTA – II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade”

Nota: O programa está sujeito a alterações. O nome dos intervenientes nas conversas de café e conferências/debates pode vir a ser mudado. Brevemente serão ainda indicados os nomes de todos os moderadores.

DIA 5 DE ABRIL – TERÇA-FEIRA

Pré-arranque do “Terra Justa” / Recordar a edição de 2015

14h30 – Animação de rua

15h00 – Inauguração do Jardim Maria Barroso, com a presença de Isabel Soares | Parque da Cidade

15h30 – Inauguração da exposição de arte pública “Caminho das Causas” e da exposição de rua “Luz ao fundo do túnel”

17h30 – Conferência Fundação Pro-Dignitate “A paz como missão”, com os convidados jornalista António Pacheco, dr.ª Isabel Soares, dr.ª Raquel Abecassis (RR), padre Villas Boas (TSF) e jornalista Celso Filipe (JNegócios) | Sala Manoel Oliveira

18h30 – Atribuição do Prémio “Jornalismo pela paz – dr.ª Maria de Jesus Barroso Soares”

21h30 – Apresentação do Livro “Terra Justa 2015”, pelo jornalista António Pacheco, diretor da Fundação Pro Dignitate

DIA 6 DE ABRIL – QUARTA-FEIRA

10h00 – Animação de Rua

10h30 – Conversa de Café “Gente que trata gente – ativismo humanitário”, com a enf.ª Rosa Serra e Joaquim Letria | Café Shake

Capa do livro "Nós, enfermeiras
paraquedistas" (Coord., Rosa Serra)
Porto: Fronteira do Caos Editores.
2015  (Há já uma 2º ed).
15h00 – “Um salto pela memória: Salto de Paraquedas do Regimento de Paraquedistas”, pela equipa de paraquedistas “Falcões Negros”

15h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pela enf.ª Rosa Serra e coronel José Aparício | Praça 25 de Abr
16h00 – Conversa de Café “Eu, tu e eles: Que mundo é este?”, com Teresa Tito de Morais

17h30 – Inauguração da exposição “Gente que tratou gente - Enfermeiras paraquedistas Portuguesas”, apresentada pelo major-general José Ferreira Pinto | Arquivo Municipal, Sala Serviço Educativo

21h30 – Conferência “Memória e tributo - Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas”, moderada por enf.ª Rosa Serra, enf.ª Maria Arminda, soldado Manuel Ferreira | Teatro Cinema de Fafe jornalista Joaquim Letria com a presença do general Luís Araújo – antigo Chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas de Portugal (CEMGFA), coronel José Aparício,

– Apresentação do livro “Enfermeiras Paraquedistas” por dr. Vítor Raquel | Teatro cinema de Fafe

DIA 7 DE ABRIL – QUINTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de Café “Refugiados e Deslocados – medos e mitos”, com frei Mussie Zerai e Tareke Brhane

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” por Agência Habeshia

15h30 – Inauguração da Exposição “EU EXISTO - missão Agenzia Habeshia” | Arquivo Municipal de Fafe

18h00 – Conversa de Café “As novas fronteiras de um novo mundo”, com Mussie Zerai e Carvalho da Silva

21h30 – Conferência de Homenagem a “Agenzia Habeshia – História e Missão”

DIA 8 DE ABRIL – SEXTA-FEIRA

10h00 – Animação de rua

10h00 – Conferência de Café “A Cultura como valor na sociedade”, com Graça Morais, Maria Rueff, frei Bento Domingues e Ângelo Torres | Café Easy

11h30 – Conversa de Café “ Uma Ca(u)sa para o Mundo”, com eng.º António Guterres

15h00 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas”, pelo engº António Guterres

15H30 – Inauguração Exposição “António Guterres vida e obra” | Arquivo Municipal

18h00 – “Arquivos de vida: uma conversa com eng.º António Guterres”

21h30 – Conferência de Homenagem “António Guterres, Vida e Obra” | Teatro Cinema de Fafe

DIA 9 DE ABRIL – SÁBADO

10h00 – Animação de rua

10h30 – Conversa de café com Artur Santos Silva

15h00 – Apresentação do projeto de torneio de futebol inter-religioso “RELIJOGANDO – o papel do desporto na questão das diferentes crenças religiosas”, apresentado por Paulo Mendes Pinto | Sala Manoel Oliveira

16h00 – Inauguração da exposição “Gulbenkian, uma missão”

17h30 – Colocação de mensagem no “Mural das Causas” de Artur Santos Silva

18h00 – Conferência OLR - "Europa Refugiada - O papel da Religião e da Laicidade nos (des)encontros do futuro | Sala Manoel Oliveira

21h30 – Conferência de Homenagem “Gulbenkian, história e missão” | Teatro Cinema de Fafe

Encerramento do evento “Terra Justa 2016”, por frei Fernando Ventura e dr. Raúl Cunha, presidente da Câmara Municipal de Fafe

Fafe, 29 março 2016

Fonte: Câmara Municpal de Fafe > Agenda > Terra Justa - II Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade

____________________

Nota do editor:

Último poste da série > 22 de março de 2016 >  Guiné 63/74 - P15890: Agenda cultural (470): Apresentação do livro "A Tropa Vai Fazer De Ti Um Homem", da autoria de Juvenal Amado, levada a efeito no dia 19 de Março de 2016, na sua terra natal, Alcobaça