terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P17007: Memória dos lugares (358): 85 tabancas, essencialmente fulas e mandingas, do Norte e do Leste, com água de fontenário e bombas solares (Patrício Ribeiro, Impar Lda, Bissau)


Guiné- Bissau > Região de Gabu > Canjadude ou Candjadude (*)


Guiné- Bissau > Região de Mansoa > Gã Mamudo (*)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem de Patrício Ribeiro, que deve estar de abalada para a Guiné-Bissau, depois de terminados os festejos de Feliz Natal e Ano Novo, em Lisboa e em Águeda...

De: IMPAR Lda Energia <impar_bissau@hotmail.com>
Data: 31 de janeiro de 2017 às 00:33
Assunto: 85 Tabancas com água, com bombas solares.

Luís,

Conforme me solicitaste pelo Natal, junto duas listas das 85  tabancas da Guiné, que beneficiam de água canalizada e distribuída através de diversos fontenários, normalmente um por rua, ou bairro (**).

Estes nossos trabalhos da montagem e reparações das bombas fotovoltaicas, decorreram no tempo seco, de novembro de 2015  até julho de 2016.

Levámos durante estes meses, diariamente com muito pó e,  no final,  muita lama. Em que percorremos 12 horas de viaturas todo o terreno, por dia...  Enfim, foi foram muitos milhares de quilómetros. Tirámos algumas centenas de fotos dos nossos trabalhos.

Vivemos,  neste período, com a população destas diversas tabancas que essencialmente são Fulas e Mandingas, são estes os maiores beneficiários destes sistemas de abastecimento de água.

São zonas muito secas, em que quase não há floresta,  que foi queimada, mas sim plantações de cajueiros por todo o lado, que praticamente é o sustento da população Mandinga.

Os Fulas ainda continuam a ter muitas vacas e a pastorear. Por este motivo, são obrigados a preservar alguns matos sem caju, para as "limárias" terem capim para comer, já que debaixo dos cajueiros nada se reproduz.

As tabancas,   nos últimos 8 anos, desde que por lá andamos, tiveram um grande aumento de população. São milhares de crianças, que agora tem água para beber, cozinhar e lavar o corpo.

Quase todas estas tabancas  têm novas mesquitas, que estão a ser financiadas por países árabes.

Abraço
Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
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Notas do editor:

(*) Último poste da série >  18 de janeiro de  2017 >  Guiné 61/74 - P16966: Memória dos lugares (357): Ilha de Orango, uma pérola do arquipélago dos Bijagós, num dos sítios mais ameaçados do mundo, devido às alterações climáticas (Foto e legendas: Patrício Ribeiro, Bissau)

(**) Anexos:

Lista, por região e sector, das tabancas (n=60) que beneficiam  de água canalizada, graças à energia solar (Fonte: Impar Lda)



Nr Nome RegiÃo Sector
1 Amedalai GABU PIRADA
2 Anambe BAFATA BAFATA
3 Badjucunda GABU PIRADA
4 Bafatá Oio OIO FARIM
5 Bagingara BAFATA CONTUBOEL
6 Bangacia BAFATA GALOMARO
7 Biribam OIO FARIM
8 Bricama BAFATA BAFATA
9 Cabelé GABU SONACO
10 Cambesse BAFATA XITOLE
11 Camboré GABU PITCHE
12 Campaté BAFATA GALOMARO
13 Cancubanhe BAFATA CONTUBOEL
14 Candama BAFATA XITOLE
15 Candemba Uri BAFATA BAFATA
16 Canhanque GABU GABU
17 Canquenha BAFATA CONTUBOEL
18 Cansamandje BAFATA XITOLE
19 Cansamba BAFATA GALOMARO
20 Cansonco BAFATA XITOLE
21 Carabina BAFATA BAFATA
22 Carantaba BAFATA CONTUBOEL
23 Caridade BAFATA CONTUBOEL
24 Caurba OIO FARIM
25 Cobeto BAFATA CONTUBOEL
26 Colibuia TOMBALI QUEBO
27 Cumbidja TOMBALI QUEBO
28 Dara GABU PITCHE
29 Deba BAFATA GALOMARO
30 Demba Tacoba BAFATA BAMBADINCA
31 Djaima GABU PITCHE
32 Djamboro GABU PITCHE
33 Fajonquito BAFATA CONTUBOEL
34 Fataco Mandinga BAFATA CONTUBOEL
35 Gã Garnês BAFATA BAMBADINCA
36 Gã Turé BAFATA BAMBADINCA
37 Galugada Mandinga BAFATA CONTUBOEL
38 Ginane BAFATA CONTUBOEL
39 Guidadje OIO FARIM
40 Irabato OIO FARIM
41 Lenqueto BAFATA CONTUBOEL
42 Lenqueto I GABU SONACO
43 Madina Fali BAFATA GALOMARO
44 Mampatá Corubali BAFATA XITOLE
45 Mampatá Forea TOMBALI QUEBO
46 Mansaine BAFATA GA MAMUDO
47 Mansidi BAFATA GA MAMUDO
48 Missira BAFATA GA MAMUDO
49 Norbantam Mandinga OIO FARIM
50 Pacua BAFATA GA MAMUDO
51 Sado BAFATA GA MAMUDO
52 Sansancutoto OIO FARIM
53 Sare Bacar BAFATA CONTUBOEL
54 Sintchã Sama GABU PITCHE
55 Sumbundo BAFATA CONTUBOEL
56 Tantan Cossé BAFATA BAFATA
57 Tchumael BAFATA XITOLE
58 Tendinto BAFATA CONTUBOEL
59 Uacaba GABU SONACO
60 Ufoia Ura GABU PITCHE
61 Umaru Cossé BAFATA GALOMARO
  
Sistemas mais antigos reparados em 31.12.16



Lista das tabancas recentes (n=25) que beneficiam de água nos fontanários, abastecidos com bombas solares (Fonte: Impar Lda)



Nome da Tabanca Sector
Norte
1 Mansodé   Mansabá  
2 Manhau   Mansabá  
3 Gã Mamudo  Mansoa 
 4
Cuntima   Farim 
5
Fambanta   Farim 
6 Bricama  Farim 
7 Cussaraba   Farim  
8 Morés   Mansabá  
Leste 
9
Ponhé Maunde  Gabu 
10
Candjufa   Pirada 
11
Coiada   Gabú 
12
Madina Braima Sori  Sonaco 
13
Sintchã Botché  Pirada 
14
Fasse  Sonaco 
15
Pirada  Pirada 
16
Pitche  Pitche 
17
Buruntuma  Pitche
18
Bambadinca  Gabú 
19
Canquelifá   Pitche 
20
Padjama   Gabú 
21
Saucunda  Sonaco 
22
Mafanco  Sonaco                
23
Cuntuba   Bafatá 
24
Candjadude   Gabú 
25
Bonco  Bafata                  
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Guiné 61/74 - P17006: Postais ilustrados (20): Postais antigos da Guiné Portuguesa (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Janeiro de 2017: 

Queridos amigos,
É uma oportunidade ímpar visitar a Guiné do princípio do século XX, as grandes transformações virão a partir de Sarmento Rodrigues. Repare-se as preocupações francesas, a sua presença na Guiné Portuguesa é enorme, tanto a partir do Senegal como da sua colónia da Guiné, vinham buscar matérias-primas, e eram grandes fornecedores, a par de alemães e até belgas.
Os historiadores elogiam esta prodigiosa e única coleção que João Loureiro fez em tempo recorde, assegurando um património cultural incontornável, fê-lo com enorme discrição, sem prebendas nem condecorações.

Um abraço do
Mário


Uma espantosíssima coleção de 10 mil postais ilustrados

Beja Santos

O Dr. João Loureiro goza de uma situação particularíssima no nosso país: dispõe, por iniciativa própria, do maior acervo de bilhetes-postais das antigas províncias ultramarinas. Em 2015, numa edição do Arquivo Histórico de Macau, ficou-se com uma ideia do valor histórico desta coleção iconográfica de postais fotográficos. O autor explica as suas motivações na introdução deste precioso álbum: “Se excluir algumas dezenas de postais ilustrados que adquiri em diversas viagens aos antigos territórios ultramarinos, e sobretudo nas minhas colocações profissionais em Malange e no Uíge nos primórdios dos anos 70 do século XX, posso considerar como ponto de partida de uma recolha sistemática o Verão de 1992, imediatamente após o regresso de uma visita a Macau. Apercebi-me – e rapidamente o confirmei com pessoas altamente credenciadas nestas matérias – que eram muito escassas as fontes iconográficas sobre os territórios de África e do Oriente marcados pelo presença humana e cultural portuguesa, designadamente em bibliotecas, arquivo históricos e instituições similares”. Pesquisou e apurou que as coleções de bilhetes-postais das antigas províncias africanas eram modestíssimas tanto no Arquivo Histórico Ultramarino como na Biblioteca Nacional de Lisboa. Mais adiante recorda-nos que o período de lançamento e expansão do bilhete-postal ilustrado – finais do século XIX a primeiros três ou quatro decénios do século XX – coincide precisamente com a fase da ocupação e colonização efetiva de África e de uma maior atenção e interesse dedicados pelos governos da monarquia liberal e das duas primeiras repúblicas às causas ultramarinas.

Distintas personalidades do mundo científico aplaudem o acervo organizado pelo Dr. João Loureiro. Francisco Bettencourt, do King’s College de Londres e então diretor do Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris, considera que se trata de “… uma coleção única cuja consulta João Loureiro tem tido a generosidade de facultar aos investigadores. Na nossa opinião é impossível trabalhar sobre as antigas colónias portuguesas dos séculos XIX e XX sem utilizar este acervo de imagens”. René Pélissier, um dos maiores especialistas sobre a história da África de expressão portuguesa, declarou esta coleção como “monumento único”. António Barreto escreveu: “… ao tornar pública e acessível a sua coleção, João Loureiro presta um serviço ao seu país e aos novos Estados africanos, assim como contribui para o conhecimento da sua história”.

Esta edição contempla pois uma síntese da sua preciosa coleção. Falando agora da Guiné, João Loureiro diz que os mais antigos postais fotográficos foram publicados por casas francesas em 1903, 1912 e 1915. Até os numerosos clichés da União Postal Universal, que se reportam a 1908, ano em que ainda decorriam as chamadas campanhas de pacificação, revelam nos indicativos impressos aquela proveniência. Um outro editor francês, cerca de 1920, emite uma notável série de 90 postais numerados que permite revisitar os primórdios de Bissau, Bolama, Farim e Bafatá, e ainda reter interessantes imagens da vida rural, das festividades religiosas e do folclore tradicional. A situação irá mudar substancialmente com as coleções organizadas para as Exposições Coloniais, ou no âmbito das celebrações do V Centenário da Descoberta da Guiné, vão aparecendo diversos editores locais com destaque para Foto Serra, Casa Mendes, Confeitaria Império, Galerias JM e a Foto Íris, todas sediadas em Bissau. Para além destas firmas comerciais, surgem nos inícios dos anos 60 edições da responsabilidade de entidades oficiais – a Agência-Geral do Ultramar e o Centro de Informação e Turismo da Guiné. Na sua recolha, João Loureiro faz uma síntese dos editores e o respetivo inventário, trabalho de extraordinária importância. Vejamos agora alguns desses bilhetes-postais que se constituem documentos históricos:







O Dr. João Loureiro teve a gentileza, em 2009, de me oferecer um álbum esgotadíssimo sobre postais da Guiné, insisto que merecia reedição, tenho o palpite que se esgotaria rapidamente. Foi publicado no blogue a respetiva recensão e que consta do poste seguinte: https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/12/guine-6374-p5390-postais-ilustrados-15.html
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10916: Postais ilustrados (19): O menino que fumava cigarros White Horse (Beja Santos)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P17005: Manuscrito(s) (Luís Graça) (111): O editor do blogue, artesão da palavra e da imagem, autor desta série, jubilou-se no dia 29 de janeiro de 2017, de tudo, exceto da vida, do amor, da amizade, da camaradagem... (Parte I)



O editor do blogue, fotógrafo e autor da série "Manuscrito(s)"... Uma "selfie" tirada na Tabanca de Candoz, no já longínquo ano de 2008 , para  mais tarde recordar... Ah!, jubilou-se ontem, dia 29 de janeiro de 2017...  Declaração de conflito de interesses, para os efeitos que forem devidos: jubilou-se de tudo,  exceto da vida, do amor, da amizade, da camaradagem...    "Retirement", dizem os anglo-saxónicos, leia-se "ato de sair de cena"... 


Foto e legenda): © Luís Graça  (2008). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Foi um segredo  guardado a sete chaves, esta  minha festinha dos 70 anos... Um "partida" que a Alice e a Joana me pregaram... Estava eu a imaginar (e a antecipar)  um discreto almoço em família, à beira-mar, embora em dia tristonho, "com o céu cinzento e o astro mudo",  tempo de resto propício para um homem se jubilar...

Quando cheguei ao hotel com a Alice e a Joana, começaram aparecer  caras conhecidas e amigas de todos os lados: (i) o meu filho João e a sua companheira; (ii) as minhas manas (Graciete e Zairinha) e os meus cunhados da Lourinhã (Calado e Mário): (iii)  a minha irmã Béu, mais nova 18 anos do que eu,  e o meu cunhado António, casal   que vive no Fundão (mais os respetivos filhos, meus sobrinhos, Pedro e Diogo)...

Surpresa das surpresas, lança-se nos meus braços,no "hall" do hotel,  o meu amigo, camarada  e mano de Bambadinca Tony Levezinho (mais a sua querida Isabel), para não falar já dos  amigos de uma vida, e visita habitual da minha casa,  Zé António Paradela e Matilde (e o filho Jorge,  que o  mais velho, o Marco,  esse, anda agora a trabucar na Terra Nova, a pescar bacalhau para a gente...). E, como se não bastasse para se fazer a festa com uma mesa grande, ruidosa e alegre, eis que apareceram de supetão os manos mais novos da Alice, e meus queridos cunhados do Norte, a Nitas e o Gusto, o Zé e a Teresa (e a mãe)...

Enfim, uma mesa comprida de 23 pessoas, "em cima do mar"...Que poderia eu desejar mais, neste dia  dia 29 de janeiro de 2017, ao km 70 da picada da vida, com tantas provas de amor e amizade ?!

Hotel Golfo Mar, 29/1/2017 > Um dos amigos que fiz "para sempre", na Guiné,
o Tony Levezinho, aqui com a sua (e)terna Isabel... Os convites foram
feitos pela Alice, "uma mulher do Norte", diz o Tony... Foto de LG
Tinha preparado um discurso para 5 pessoas, tive que esticar o "lençol" (, originalmente , de 5 páginas...)  e ter, para os restantes convivas. uma palavrinha de agradecimento e de apreço...

Quando cheguei a casa, à noite, e abri o computador, havia mais uma "companhia" de camaradas e amigos que não se esqueceram de mim neste dia, e para quem tenho a obrigação também de agradecer de todo o coração os votos de parabéns.

Uns telefonaram, outros deixaram mensagens no blogue e na página do Facebook da Tabaanca Grande. Não poderei mencionar os nomes de todos, aqui neste espaço... mas dir-lhes-ei, enfim, que nestas ocasiões especiais nada como ter ao nosso lado, ou ao alcance de um clique, as pessoas que gostam de nós, da família aos amigos que fomos fazendo ao longo da vida, incluindo os amigos e camaradas da Guiné que se reúnem à volta do poilão da Tabanca Grande...

2. Mas esta tarde quero aqui começar por reproduzir as palavras (escritas) que tive  de pessoas, que são muito especiais para mim:

(i) uma, deixada logo de manhã, ontem,  no Facebook da Tabanca Grande, e que é da Alice, a mulher da minha vida; (ii) duas outras, dos  meus cunhados Nitas e Gustos (com quem tenho, desde há 40 anos, passado muitos dos bons e menos bons momentos que marcam a história das nossas famílias); e  (iii) ainda duas "épicas estrofes camonianas" escritas pelo meu amigo arquiteto Zé António. em seu nome e da restante família Paradela...

Last but the least, por fim mas não menos importante (, embora correndo o risco de isto descambar para o indesejável  "culto da personalidade"...), não quero (nem posso) deixar de reproduzir aqui, desvanecido, as cinco quadras populares de outro homem do Norte, um dos régulos da Tabanca de Matosinhos, o Zé Teixeira (**): aceito-as como uma singela mas original homenagem, dele e dos demais grã-tabanqueiros que se sentam comigo à volta do nosso mágico e fraterno poilão...


Maria Alice Carneiro, Hotel Golfo Mar, 29/1/2017,
foto de Zé António Paradela

(i) Maria Alice Carneiro ("Chita")

Estou a pensar que o homem da minha vida chegou à idade... adulta (70 anos) e por isso não podia deixar de recordar o primeiro poema de amor que tu me leste e eu sem perceber onde é que isto iria parar!!! 

Já lá vão 42 anos!!!...

Agora já podes publicar todos os poemas que me foste escrevendo ao longo desta vida. Parabéns por tudo o que fizeste e pelo que não fizeste. Não importa o deve e o haver. ,o que importa é que continuemos a caminhar juntos pela estrada da vida fora!


"Les enfants qui s’aiment" 

por Jacques Prévert

Les enfants qui s’aiment s’embrassent debout
Contre les portes de la nuit
Et les passants qui passent les désignent du doigt
Mais les enfants qui s’aiment
Ne sont là pour personne
Et c’est seulement leur ombre
Qui tremble dans la nuit
Excitant la rage des passants
Leur rage leur mépris leurs rires et leur envie
Les enfants qui s’aiment ne sont là pour personne
Ils sont ailleurs bien plus loin que la nuit
Bien plus haut que le jour
Dans l’éblouissante clarté de leur premier amour.


Jacques Prévert (1900-1977) | Spectacle, 1951


As crianças que se amam, beijam-se de pé
Contra as portas da noite,
E os que passam na rua apontam-nas a dedo,
Mas as crianças que se se amam,
Não estão lá para ninguém,
E é apenas a sua sombra
Que treme na noite,
Provocando  a raiva dos que passam,
A sua raiva, o seu desprezo, os seus risos, a sua inveja.
As crianças que se amam, não estão lá para ninguém,
Estão algures, bem mais longe do que a noite,
Bem mais alto que o dia,
Na deslumbrante claridade do seu primeiro amor.

Tradução de L.G.:


Zé António Paradela, Costa Nova, 25/8/2008.
Foto de LG
(ii) José António Paradela,  ex-marinheiro, ilhavense, arquiteto, escritor ("Ábio de Lápara"), amigo do peito, amigo do blogue, que só por lapso meu ainda não entrou para a Tabanca Grande ( e agora autor de mais duas estrofes dos "Lusíadas", lidas no Hotel Golfo Mar, pelo homenageado, em 29/1/2017)








A Nitas, a priomeira à direira, com 4 dos seus 5 irmãos, no
Hotel Ipanema Park, em 15/1/2017,
no dia do seu 70º aniversário. Foto de LG
(iii)  Ana Carneiro Soares ("Nitas), cunhada, técnica superior de laboratório do ISEP, reformada (palavras lidas no   Hotel Golfo Mar, 29/1/2017, pela própria)


Querido cunhado e amigo Luís

Só gratidão é pouco… muito pouco!


Aproveitamos este lindo dia, para toda a família lá do Norte te dizer: Obrigada!!!

Obrigada,
por teres sempre posto tanta cuidada sabedoria (porque todos reconhecemos que a tens), imaginação e amor na nossa amizade, por compartilhares tantas coisas boas e marcar tantas lembranças ao longo destes 42 anos, em que já fazes parte desta família que é linda… Ferreira e Carneiro.


Obrigada,
pela tua sempre excelente companhia, com ótimas lições de História, nas muitas e muitas viagens que fizemos juntos, com os nossos filhos… (enquanto eles eram pequenos e viajavam connosco)!


Obrigada, por seres um ser humano maravilhoso, honesto connosco, gentil, e estar sempre presente e disponível, quando precisamos do teu trabalho de fotografia, exemplar… de tudo quanto mexe no nosso cantinho comum, que é a “A Nossa Quinta de Candoz”.

Obrigada, pelo trabalho no blog “A Nossa Quinta de Candoz”que diriges, mas que também é nosso, por todos os versos, frases e cantilenas que, graciosamente redigiste ao longo destes anos, em diferentes situações, para toda a nossa família, (mas eu neste aspeto sinto-me a mais sortuda… a mais privilegiada é verdade…) porque só para mim fizeste muitos, muitos versinhos!

Obrigada, por seres um cunhado, que representa tanto para todos nós, de tantas, diferentes e significativas formas, por seres esse cunhado e amigo tão especial!

Por tudo isto que ficou dito, e muito mais que tu merecias, neste dia do Aniversário dos teus 70 anos de vida, nós, mesmo sem ser convidados, quisemos surpreender-te com a nossa presença, para te dar um abraço, bem apertado, de toda a Família Ferreira e Carneiro, e partilhar com todos o cântico “PARABÉNS A VOCÊ”

A cunhada que muito te admira e estima,

Anita (Hotel Golfo Mar. Vimeiro, 2017-01-29)


O Gusto (à direita) com o nosso Zé Manel Lopes »("Josema"),
na Quinta da Senhora da Graça, em 28/8/2008. Foto de LG
(iv) Augusto Pinto Soares ("Gusto") [, dedi-catória, escrita no livro "Silêncio", do escritor japonês Shusaku Endo (Lisboa, Dom Quixote, 3ª edição, 2017)]:








(v)  Cinco saborosas e fraternas quadras populares do Zé Teixeira, que o homenageado aceita, com vénia e tudo, na condição de serem também e  sobretudo uma homenagem à Tabanca Grande, obra coletiva, orgulho de todos nós:


Luís Graça, grande amigo,
Companheiro e camarada,
Eu quero estar contigo
Em mais uma caminhada.

O tempo passa a correr,
E isto não é miragem,
Tu acabas de meter
Mais' ma roda na engrenagem.

Neste dia especial,
Penso em ti com muito afeto,
L'vanta-me bem esse astral,
Meu amigo predileto.

Um abraço muito estreito
Te envia este “morcão”,
Sai de dentro de um peito,
Escoltado por uma oração.

Que a saúde não te escasseie
Desejo-te, irmão, com carinho,
E, por ti, eu beberei
Um saboroso copo de vinho.


Zé Teixeira

_________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 15 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16955: Manuscrito(s) (Luís Graça) (110): Relembrando os nomes de dois portugueses para quem tenho uma palavra de apreço cívico e de gratidão, Mário Soares (1924-2017) e Catanho de Menezes (1926-1985)... bem como as eleições legislativas de 26/10/1969 e o meu voto em branco, em Bambadinca...

(ª*)  Vd. 29 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16999: Parabéns a você (1202): Luís Graça, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

Guiné 61/74 - P17004: Notas de leitura (925): "Os Alferes", por Mário de Carvalho, Editorial Caminho, 1989; e Editores Reunidos, 1994 (Mário Beja Santos)

Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Novembro de 2015:

Queridos amigos,
Trata-se de um grande escritor que não tendo feito a guerra colonial explora, com imenso talento, o jargão da caserna, arquiteta non-senses apimentados com humor e desvario.
Três alferes para três contos. O primeiro levava uma vida farniente até que foi incumbido, porque era engenheiro, de discutir com um coronel de cavalaria, lá nos confins do mato, o traçado de uma cavalariça. História impagável.
O segundo alferes vai para Timor e fica esfacelado com uma granada de instrução, num voo para Baucau conhece um major das arábias que lhe narra uma história de vingança com muitos aromas timorenses.
A terceira história, largamente conhecida, intitula-se "Era uma vez um alferes", um simples equívoco numa atmosfera surreal e um capitão de antologia fazem com que esta peça literária não tenha rival.
Quem não conhece Mário de Carvalho perde muito do que há de melhor na literatura contemporânea.

Um abraço do
Mário


Os Alferes, de Mário de Carvalho

Beja Santos

É do senso-comum que de um grande escritor tudo se pode esperar: um tema eivado de classicismo; uma novela irónica; um revivalismo sobre uma obra-prima; um drama sangrento ou lírico, enfim, todas as hipóteses são admissíveis. Em 1989, Mário de Carvalho já dispunha, como é costume dizer-se, de um amplo palmarés. Não esteve na guerra colonial mas compôs um livro de contos em que as narrativas se situam nos antigos territórios coloniais portugueses, não estão bem identificados, mas para o caso tanto faz. Em "Os Alferes", publicado pela Editorial Caminho em 1989, e por Editores Reunidos em 1994, temos três histórias cujos protagonistas são sempre alferes.

Em “A última cavalgada”, temos um alferes de Engenharia que leva uma vida farniente no batalhão, até ao dia em que o major o mandou a Quilabango, tudo por causa de uma cavalariça, ele que nada sabia de cavalos. Chegado ao objetivo, deparou-se com um coronel e uma missão excêntricos. Tudo começa com as advertências desse coronel cavaleiro: “Se acontece alguma coisa aos meus cavalos por causo do vosso desleixo, armo para aí um sarrabulho que até manda ventarolas. Isto é impensável… Cavalos argentinos, animais nobres, sensíveis, um despesão, arrumados em casebres, em pocilgas…”. E prosseguiu o aranzel. Lá foram até um barracão ver os equídeos, e uma sombra se intromete, uma referência ao nosso tenente, o que para a história tem grande importância. Quando o alferes engenheiro lhe mostra os projetos, o coronel protesta: “Sacanas! Refinadíssimos sacanas!”. O alferes está aturdido, o coronel prossegue furibundo: “As frestas têm de estar na horizontal, ao nível do teto, e não a meio da parede. Vem a puta da chuva, salpica os estábulos, salpica as forragens, salpica as garupas. Isto dá pneumonia! Querem matar-me os animais. É sabotagem, pá”. Regressam ao batalhão, o alferes é apresentado ao capelão e ao médico. Está o alferes a sair do banho e vê à distância uma figura de mulher, trata-se de a mulher do coronel. A descrição da refeição na messe de oficiais é uma obra-prima, os comentários, os dichotes, a zaragata verbal entre o coronel e o tenente é delirante. Como delirante é a história de umas morteiradas sobre o quartel. É então que o alferes sabe da história de que coronel quer matar o tenente, é tudo uma questão de triângulo amoroso, está envolvida, claro está, a mulher do coronel. Coronel e tenente irão dar uma passeata a cavalo. O coronel aparece morto, o episódio tem a marca do rocambolesco, correr na unidade a versão de que tinha sido um acidente: “O coronel tinha-se afastado do esquadrão, a galope desenfreado, e depois ouvira-se uma rajada. Teria feito qualquer movimento em falso, a patilha de segurança da arma estaria gasta, os disparos traçaram-no a meio-corpo. O tenente apareceu logo a pedir ajuda, mas já não havia nada a fazer…”. O médico confidenciou ao alferes engenheiro à despedida: “Afinal foi o tenente que matou o coronel. Eu estive a ver o corpo. O major dispensa a autópsia. Quero lá saber…”.

Finda esta história com a cavalaria, entramos noutra, passada em Timor e intitulada “Há bens que vêm por mal”. O nosso alferes, mal chega, sobreveio um estúpido acidente com uma granada de instrução, ficou paralisado da cintura para baixo. Procuraram animá-lo: que a recuperação, pelo menos parcial, se vislumbrava, que não estava condenado à imobilidade eterna. Durante um mês abrasou em febres malignas no Hospital de Dili. É encaminhado para Baucau, escala em Darwin, rumo à Europa. Aqui começa uma história que podia ter sido contada por Somerset Maugham. O piloto é tratado por alguém como o meu major. O doente está intrigado: "Major? O homem trajava a civil: casaco de alpaca, esbranquiçado, sobre uma sumptuosa camisa de entrançados floridos mais complicados de descrever que as volutas do escudo de Aquiles. A cara mostrava-se rugosa, de pele áspera, crestada do clima. Ao fundo do pescoço, pela largueza do colarinho, podia eu distinguir o brusco remate da zona do sol, trocada pela zona de sombra, raia bem demarcada entre a epiderme encarquilhada e escurecida dos trópicos e a pele clara e Lisa da Europa”. Puxando pela cabeça, o alferes lá foi reconhecendo. E depois o major conta-lhe a história, como chegou, como se afeiçoou à ilha, como resolveu ficar, metido na exportação de sândalo branco, veio a invasão japonesa, entra em cena uma fuga em que a certa altura houve entendimento que era preciso desembaraçarem-se de uma criança, o pai apostou vingança, envolveu-se num serial killer, a história termina abruptamente, chegaram a Baucau, chegaram em boa hora, o piloto e o mecânico, após a aterragem descobriram por é que o motor estava a responder mal, tinham-se safado de boa.

A terceira história, “Era uma vez um alferes” tem sido derramada em várias antologias, são múltiplas as citações, conta a história de uma alferes que pensa ter pisado uma mina, ali fica hirto, os soldados e furriéis vão dando palpites, o alferes só pede que venham os especialistas das minas e armadilhas, mas quem sai do helicóptero é o capitão, assim descrito: “Era um homem ainda jovem, magro, seco, muito direito, precocemente promovido pelas necessidades da guerra. Cultivava uma impassibilidade afetada, longamente estudada. Nunca bebia mais do que a conta nem dizia um palavrão. Vestia sempre a farda ver-azeitona, com a boina castanha, e nunca ninguém o tinha visto de camuflado”. Tudo quanto se vai passar a seguir é do melhor que há em literatura de guerra, as intervenções do capitão e o sofrimento do alferes, que revive o sadismo do capitão quando era tenente, e instrutor de tática no segundo ciclo, em Mafra. O alferes, transido, só grita pelo pessoal das minas e armadilhas, assistimos a uma conversa macabra entre o capitão e o alferes que não pode mexer-se um milímetro, falam das movimentações estudantis, e ouvimos o alferes, a protestar no íntimo: “Mas por que é que este capitão não o deixava sozinho morrer para ali? Se se atirasse para diante devia ser apanhado pelas costas. Morte instantânea. Talvez não sofresse nada, talvez nem ouvisse o rebentamento. Mas, e se a explosão lhe quebrasse a coluna, se ficasse paralisado para a vida inteira? Vai-lhe um enorme peso sobre os ombros, do peso se lhe dobram ligeiramente as pernas. Cansou-se-lhe o braço com que se apoia a G3, fortemente fincada na areia. Estremece. Vê, entre névoas, a cara do capitão, ondulante, prelada de gradas bagas de suor”. Situação insustentável, chora, brada pela mãe, o capitão proíbe-o de chorar, incita os soldados a cantar em coro. “Nisto, o alferes teve um estremeção, oscilou, tombou desamparado”. Vimos a saber que teve um ataque cardíaco, não havia mina nenhuma, só uma pequena mola metálica, das usadas nos batuques. O médico embriagou-se, vociferava contra o capitão, chamava-lhe sádico. “O médico acabou por se cansar e lá foi deitar-se, chorando, amparado por outros oficiais. Nessa altura, já se sabia que o capitão não tinha enviado qualquer mensagem a requisitar os especialistas das minas e armadilhas”.
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16995: Notas de leitura (924): Os primeiros documentos de Amílcar Cabral na Guiné, 1952 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17003: Agenda cultural (538): Lançamento do livro "Ditadura ou Revolução?", da autoria de José Luís Andrade, dia 2 de Fevereiro de 2017, pelas 18h30, nas Caves Manuelinas do Museu Militar de Lisboa, junto à Estação de Santa Apolónia



C O N V I T E

LANÇAMENTO DO LIVRO "DITADURA OU REVOLUÇÃO?", DA AUTORIA DE JOSÉ LUÍS ANDRADE, DIA 2 DE FEVEREIRO DE 2017, PELAS 18H30 NAS CAVES MANUELINAS DO MUSEU MILITAR DE LISBOA

UM LIVRO QUE É RESULTADO DE ALGUNS ANOS DE INVESTIGAÇÃO

No próximo dia 2 de Fevereiro é lançado o livro "DITADURA OU REVOLUÇÃO?" do meu amigo José Luís Andrade, com prefácio de Jaime Nogueira Pinto e apresentação pelo Embaixador A. Martins da Cruz. Será no Museu Militar, às 18h30.

"Este trabalho é a segunda parte de uma trilogia que aborda a história paralela de Portugal e de Espanha (um projecto designado Ventos de Espanha, areias de Portugal) que iniciei há já alguns anos. Trata o aparecimento das facções «jacobinas» e «vermelhas» após a revolução liberal, de 1870 a 1926, (I Parte), o confronto dessas correntes com os movimentos contra-revolucionários por elas gerados até ao início da última Guerra Civil de Espanha (II Parte) e a participação portuguesa naquele conflito, bem como o seu impacto na vida política portuguesa (III Parte). 
O facto de em 2016 se terem comemorado 80 anos sobre o início da Guerra Civil de Espanha levou-me, por oportunidade, a procurar publicar a segunda parte antes da primeira.

J. Luís Andrade"
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16975: Agenda cultural (537): "Um mergulho no Muxito", primeiro romance de Jorge Paulino, médico cirurgião; prefácio e apresentação do jornalista Mário Crespo, dia 10 de março de 2017, 6ª feira, às 18h30, no Clube Literário Chiado, Fórum Tivoli, Av Liberdade, 180, Lisboa