quarta-feira, 14 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18413: Recortes de imprensa (93): A guerra e a censura: o caso de Armor Pires Mota (Sílvia Torres, "Diário de Coimbra", artigo de opinião, 9/3/2018)



1. Texto enviado pela nossa amiga e grã-tabanqueira Sílvia Torres, com data de ontem. Foi publicado no Diário de Coimbra de 9 de março de 2018, como artigo de opinião.

Crónicas de guerra "perigosas"
por Sílvia Torres

Há 57 anos, a Guerra do Ultramar dava os primeiros passos em Angola, estendendo-se à Guiné Portuguesa em 1963 e a Moçambique, no ano seguinte. Os meios de comunicação social portugueses noticiaram o conflito, na medida do possível, com o controlo severo e discreto da censura. A guerra era um tema tabu, sobre o qual pouco se podia contar e, menos ainda, mostrar.

O Diário de Coimbra, jornal considerado hostil ao Estado Novo, estava na lista dos mais vigiados. O "lápis azul" tinha especial atenção à imprensa "opositora" e de maior tiragem, sendo nestes casos mais rigoroso. Perante jornais de pequena difusão, com sede em meios rurais, o rigor diminuía e, por vezes, temas proibidos viam a luz do dia. O quinzenário Jornal da Bairrada, que ainda hoje se publica como semanário, beneficiou desta imperfeição da censura.

Entre 1964 e 1965, o Jornal da Bairrada publicou "crónicas de guerra", da autoria do bairradino e então alferes Armor Pires Mota (*) que cumpria parte do Serviço Militar Obrigatório na Guiné Portuguesa. Aerogramas transportavam as palavras da província ultramarina para a metrópole. Nenhuma das crónicas, que se confundem com páginas de um diário, sofreu qualquer corte por parte da censura. 

Em todas, como neste excerto, o alferes Mota mostrou aos leitores a guerra que conheceu, sem filtros: 

"(…) causa-me calafrios a morte daqueles dois moços que, ao entardecer, foram encontrados nus. Só lhes deixaram as meias enfiadas nos pés (…) Tinham o sexo mutilado, o nariz arrancado e os olhos, e, pelos rasgões espalhados pelo corpo, tudo leva a crer que lutaram corpo-a-corpo, quando se viram sós e sem munições. (…) Sinto-me em baixo. E estive mesmo tentado a pôr de parte a intenção de contar as guerras. Mas achei que devia trazer para a luz o que anda nas sombras: o mistério do sangue".

Já na metrópole, findas as obrigações militares, Armor Pires Mota reuniu em livro os textos que já tinham sido publicados no jornal bairradino. A obra Tarrafo – crónicas de um soldado na Guiné foi posta à venda na livraria Vieira da Cunha, em Aveiro (**). O que havia escapado à censura na aldeia fez soar o alarme do "lápis azul" na cidade. Consequentemente, o livro foi apreendido pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). E, sabe-se agora graças aos arquivos que guardam documentos da época, a censura levou um valente "puxão de orelhas" por ter permitido a publicação de textos "perigosos" no Jornal da Bairrada.

Hoje, quase a chegar aos 80 anos, Armor Pires Mota não precisa de ler o que escreveu para recordar os dois anos passados na Guiné Portuguesa. Há histórias que a memória, por mais que se esforce, não consegue apagar.


Sílvia Torres (***)

[Fixação de texto, para efeitos de edição no blogue: LG]
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Notas do editor:

Armor Pires Mota, Lisboa, 10/11/2010.
Foto: Luís Graça (2010)
(*) Armor Pires Mota [ex-alf mil acv, CCAV 488/BCAV 490, Bissau e Jumbembem, escritor, autor dos livros, entre outros, o "Tarrafo", 1965 (com edição facsimilada, com as anotações do "lapis azul" dos censores, em 2013); "Guiné, Sol e Sangue, 1968; "Cabo Donato, Pastor de Raparigas", 1991; "Estranha Noiva de Guerra, 1995: e a "Cubana que dançava flamenco", 2008,  alguns podendo ser adquiridos pela interneta, aqui].

(**) Vd. poste de 5 de novembro de 2011
Guiné 63/74 - P9000: Antologia (75): Tarrafo, crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed, 1965 (8): Ilha do Como, 15 de Março de 1964: E Deus desceu à guerra para a paz (Último episódio)...

(***) Último poste da série de 2 de março de 2018
Guiné 61/74 - P18372: Recortes de imprensa (92) : artigo de opinião de Sílvia Torres: A Guerra em 'copo meio cheio', "Diário de Coimbra", 23 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18412: Parabéns a você (1403): Leopoldo Correia, ex-Fur Mil Art da CART 564 (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor:

Último poste da série de > 12 de março de  2018 > Guiné 61/74 - P18405: Parabéns a você (1402): Sarg-Ajudante Ref da GNR Manuel Luís Rodrigues de Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

terça-feira, 13 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18411: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXII: em 11 de novembro de 2016, em Kuala Lumpur, Malásia: tentando, em vão, chegar ao topod as torres gémeas "Petrona", o arranha-céus considerado o mais alto do mundo (88 andares, 452 metros de altura) , entre 1998 e 2003,,,


Foto nº 1  > As torres gémeas "Petronas" 


Foto nº 2 > Bairro de Bukit Bintang  

Malásia, Kuala Lumpur, 11 de novembro de 2016


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu, escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 200 referências.
É casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.


2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, estimanos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga;

(vi) visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;

(vii) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;

(ix) visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur,  Malásia (11 de novembro); próxima etapa: Phuket,  Tailândia (11, 12 e 13 de novembro).


3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias >  Kuala Lumpur, Malásia, 11 de novembro de 2016   (pp. 46-48, da Parte II)

No início da viagem, não sei bem explicar porquê, depositava mais esperanças na mágica de Kuala Lumpur do que nos requebros de Singapura. Estava rotundamente equivocado. A verdade é que também não tive o tempo que gostaria para me espraiar à vontade pela capital da Malásia.

O navio acostou em Port Kelang e foram 90 quilómetros de autocarro até Kuala Lumpur, uma cidade interior com quase 2 milhões de habitantes, 46% dos quais são malaios, 44% chineses e cerca de 10% indianos.

Depositaram-me no bairro de Bukit Bintang ao lado de um colorido shopping, impecável para compras como iria comprovar mais tarde. Partimos a pé para a descoberta do grande burgo, podia contar com uns bons pares de horas para nos perdermos por Kuala Lumpur. 

De mapa na mão, procuro o caminho para as torres gémeas Petronas. “Petronas” é a marca do petróleo da Malásia, sponsor da Fórmula 1 e do circuito de Sepang. As torres parecem perto mas só depois de uns três quilómetros por ruas e avenidas incaracterísticas, esburacadas e feias, adivinho ao fundo a silhueta original das duas torres. Dizem-me para descer por uma longa passagem subterrânea, com alindadas arcadas por baixo da terra, com lojas e cafés, que me conduzirão direitinho às Petronas. 

Chego ao piso inferior onde se toma o elevador para subir à plataforma intermédia que une as duas torres. Só havia bilhetes para entradas a partir das cinco da tarde. É impraticável porque às cinco devo estar no autocarro para a viagem de volta ao navio. Poupei 38 dólares, o preço da ascensão às torres, mas gostava mais de os ter gasto; não é todos os dias que um homem anda por estas paragens, chega à boca das Petronas e não consegue avançar. 

Eu conhecia o espectacular arranha-céus de dois filmes, um James Bond com o Pierce Brosnan a saltar de torre para torre, e um outro que, por puro acaso, acabou de passar no nosso camarote, no canal de filmes Lian Hua莲花, de Macau, e se chama The Entrapment, em português A Armadilha, com o Sean Connery, muitos anos pós James Bond e uma deliciosa Catherine Zeta-Jones, em 1999 então no apogeu dos seus gloriosos trinta anos de idade. São dois bons ladrões simpatiquíssimos fugindo a um grupo de maus ladrões pelas escadarias da Petronas e depois, ambos, em luta pela vida, suspensos nos cabos inferiores da estrutura metálica da plataforma que une os dois arranha-céus.

 Como não deu para subir, caminhei pela área ajardinada a norte das torres e depois pelo grande jardim e lago, do lado sul. Excelentes fotografias de um dos mais originais arranha-céus do globo, inaugurado em 1998 que conta com 88 andares e 452 metros de altura. Mas o Petronas começa a ser parcialmente escondido por outros arranha-céus construídos ao lado e esbate-se a grandiosidade do edifício que foi o mais alto do mundo entre 1998 e 2003.

Tempo de seguir a pé para o centro histórico de Kuala Lumpur. Embora no mapa da cidade a Merdeka Square – merdeka significa “independência” em malaio, nada de confusões! --, pareça relativamente perto, a verdade é que era longíssimo e, se não me perdi, eu que tenho a mania de que possuo um excelente sentido de orientação, acabei por andar quilómetros por grandes avenidas, com um trânsito infernal mas vazias de peões, por obtusas avenidas sem saber exactamente onde iriam terminar. 

Acabei por tomar um táxi que me conduziu à Chinatown. Os chineses, quase todos do sul da China, das províncias de Guangdong (onde fica Macau) e de Fujian emigraram aos milhões para o Sudeste Asiático, sobretudo na segunda metade do século XIX, muitos fugindo à grande rebelião Taiping que assolou o centro-sul da China. Fugiram à morte e à miséria.

Já em 1508, o nosso rei D. Manuel enviava a Malaca -- aqui a cento e poucos quilómetros de Kuala Lumpur --, um dos grandes portugueses da época, de nome Diogo Lopes de Sequeira, e pedia ao fidalgo: “Perguntareis pelos chins, e de que partes vêm, e de quão longe, e de quanto em quanto vêm a Malaca, ou aos lugares em que tratam, e as mercadorias que trazem, e quantas naus deles vêm cada ano”, etc. 

Diogo Lopes de Sequeira e os seus homens -- um deles chamava-se Fernão de Magalhães, o da primeira volta ao mundo --, acabaram por ter conflitos com o sultão local, sendo obrigados a fugir da cidade, deixando para trás dezanove marinheiros que, após dois anos de cativeiro, seriam libertados por Afonso de Albuquerque quando este conquistou Malaca em 1511 e a transformou na placa giratória para os portugueses no Extremo Oriente. Com a fixação definitiva em Macau, a partir de 1553, os portugueses jamais deixaram de perguntar pelos chineses, de os tentar entender, de criar um difícil todo com as fantásticas gentes do Celeste Império. Sei do que falo.

Nesta Chinatown da cidade de Kuala Lumpur, foram outros os chineses, ou os mesmos, que inventaram o seu bairro, o seu próprio comércio, seu modo de vida, a sua adoração aos deuses nos templos taoistas. Aqui vale a pena o passeio por Pataling Street, com um bonito pailou, um pórtico de entrada, depois a casa verde da família Chan, lugar da fixação dos primeiros chineses no local, mais adiante, numa rua lateral, o templo de Guandi, o deus taoista da Guerra, levantado em 1888, com guerreiros e os telhados barrocamente decorados com dragões e outros animais mitológicos, tudo na arquitectura clássica do sul da China. A seguir, há um festival de lojas onde se vendem toneladas e toneladas de quinquilharia, muito pechisbeque dourado, made in China.

De táxi, regresso a Bukit Bintang. No grande shopping do lugar aviei-me de uns tantos produtos de farmácia, mais frutas secas raras e até comprei um bonito par de cuecas malaias. Para vestir, despir e recordar.

Depois foi a viagem de regresso a Port Kelang, onde o velho Sandokan, tigre da Malásia, mais o Gastão Sequeira, o português seu imediato e companheiro de aventuras, me esperavam para uns copázios de whisky velhíssimo, capturado pelos homens de Sandokan no desvio de um navio comandado por um execrável capitão inglês. Brindámos à nossa saúde e à estuporada gesta dos portugueses pelo Oriente. Depois, mandei um mail ao Emílio Salgari, noticiando o encontro.

Meio trôpego, embarquei no Costa, rumo à Tailândia.
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18355: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXi: Singapura, Ilha de Singapura: de 8 a 10/11/2016

Guiné 61/74 - P18410: Fauna & Flora (13): De Cassumba, na ponta mais a sul de Quitafine, até Bissau, em 300 km, de um lado e do outro da estrada, não encontrei um único macaco-cão... Até há poucos anos atrás, era capaz de encontrar meia dúzia de bandos, alguns com dezenas de indivíduos (Patrício Ribeiro, Bissau)

Patrício Ribeiro, empresário
[Impar Lda, Bissau]
1. Comentário de Patrício Ribeiro ao poste P18407 (*):


Boas, Boa tarde.
Tenho más noticias,
Já não há "cabrito pé de rocha", na Guiné, nome do bicho já cozinhado, para não se falar o verdadeiro nome [macaco-cão]...

Cheguei há poucas horas da praia de Cassumba, no ponto mais ao Sul da Guiné [, região de Quitafine, a sul de Cacine],  por onde andei vários dias. 

Na viagem de mais de 300 km, para cada lado, não vi um único macaco, coisa impensável até há poucos anos. Nessas nossas viagem, encontrávamos meia dúzias de bandos, alguns dos quais com umas dezenas de animais.

Más noticias para os apreciadores...

Abraço

2. Comentário do editor LG:

Boas, Patrício. Más notícias para a Guiné-Bissau. para a conservação do babuíno da Guiné, para a preservação da biodiversidade, para o turismo, para a economia, para a ciência, para todos nós, afinal.

Há uns anos atrás, em 2009,  colaborámos com a bióloga Maria Joana Silva (**), que estava a fazer o seu doutoramento.numa universidade inglesa. A tese de doutoramente tinha justamente como tema a genética do babuino da Guiné. Não temos tido notícias dela, mas gostaríamos de ter acesso pelo menos ao resumo da tese e algumas das suas principais conclusões... Pode ser que ela nos leia, e satisfaça a nossa curiosidade...

À nossa modesta escala, gostaríamos de poder contribuir para a preservação deste magnífico primata que só existe num nicho ecológico da Africa Ocidental, relativamente restrito, e que inclui a Guiné-Bissau. É uma tremenda responsabilidade, para todos nós, o risco da sua extinção... Até aos anos 90, ninguém se preocupava com o seu futuro...

E a propósito de Cassumba, diz-nos o nosso amigo Cherno Baldé (*): "Cassumba, aldeia situada nos confins do Sector de Cacine (zona marítima), tem uma das praias mais lindas da Guiné-Bissau, mas que, exceptuando umas poucas pessoas que conhecem os segredos do país [, como é o caso do nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro], ninguem conhece e é pouco frequentada. Merecia constar da rota do turismo se tivesse acesso facilitado, que é o grande quebra-cabeças".

PS - Disse há dias (*) que o babuíno não existe em Angola e Moçambique, o que é falso... O vocábulo vem do  francês "babouin".. É o nome comum  os "antropoides cercopitecídeos" do género Papio...Algumas das características mais evidente deste Macaco do Novo Mundo (, não existindo portanto no Novo Mundo): (i) focinho pontudo (como o cão...), (ii) caninos grandes, (iii) bochechas volumosas, (iv) calosidades nas nádegas, etc. Pertence à ordem dos primatas, como nós, é  semi-quadrúpede, pode medir 1, 2 metros de  comprimento, vive em África, de preferência em    campos abertos (savana arbustiva, pastagens, terrenos rochosos...).

Há cinco espécies do género Papio, em África, uma delas é o Papio papio que, essa, sim, é que vive na África Ocidental (Guiné-Bissau, Guiné, Senegal, Gâmbia, sul da Mauritânia e oeste de Mali). É vulgarmente conhecido como "bauino da Guiné" ou "macaco-cão"...
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Nota dp editor:

(*) Vd. poste de 12 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...

(**) Vd. poste de 10 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3714: Fauna & flora (1): Pedido de apoio para investigação científica sobre o Macaco-Cão (Maria Joana Silva)

(...) O meu nome é Maria Joana Silva e sou uma aluna de doutoramento da Universidade de Cardiff (Reino Unido). O meu projecto de doutoramento é acerca da genética do babuíno da Guiné (mais conhecido na Guiné-Bissau por macaco Kom).

Tenho-me deslocado à Guiné-Bissau, mais propriamente a Cantanhez, onde comecei por fazer uma recolha de amostras biológicas exploratória. Logo percebi que a história demográfica desde primata está intimamente ligado à história daquele local. Fiz algumas entrevistas a antigos caçadores da tropa portuguesa que me falaram do tempo da guerra, do facto dos babuínos terem sido caçados principalmente por tropas do PAIGC e que durante o tempo da guerra era relativamente fácil encontrar babuínos. (...) 

(**) Último poste da série >  18 de janeiro de  2009 > 18 de janeiro de 2009 >  Guiné 63/74 - P3755: Fauna & flora (12): Respondendo às perguntas sobre o macaco-cão (Pedro Neves / Alberto Branquinho)

Guiné 61/74 - P18409: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (5): Bula e Binar em 1973/74

Foto 26.3 - Empoleirado em cima de uns toros de madeira que atravessavam um dos canais da bolanha, na zona de Pete, caminho este que que era utilizado pela população local, quando ia, ou vinha, de trabalhar nos arrozais.

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DE ANTÓNIO ACÍLIO AZEVEDO, EX-CAP MIL, CMDT DA 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 E DA CCAÇ 17, BULA E BINAR, 1973/74


Foto 26.1 - Com algumas elementos da CCAÇ. nº 17, sediada em Binar e junto a uma bolanha

Foto 26.2 - Em traje domingueiro, junto a um edifício da administração, em Binar

Foto 27.1 - Uma coluna com 3 viaturas, com abastecimentos, que vinham de Bissau em direcção a Pete, na sub-região de Bula, a circular na estrada asfaltada Bula/Binar

Foto 27.2 - Junto a um bi-obus, construído por pessoal da 1.ª Companhia do BCAV 8320/72, sediada em Pete e que funcionava

Foto 27.3 - Num posto de vigia, em Pete, onde tínhamos instada uma metralhadora ligeira Breda

Foto 32 - Empoleirados num monte de terra construído pelas formigas "bagabaga", eu próprio, acompanhado pelo Alferes Teixeira e um furriel, todos da CCAÇ 17, sediada em Binar

Foto 33 - Mexendo a panela, na luxuosa cozinha do "hotel" da CCAÇ 17, em Binar

Foto 34 - Na parada do quartel de Binar, ao volante de um Unimog 404

Foto 35 - Eu, com dois miúdos de Binar, sentados em molhos de palha, transportados por uma nossa Berliet, que aos domingos cedíamos à Administração, para serviço da população local

Foto 36 - Imagem de uma minha deslocação a Ponta Augusto Barros (próxima da margem norte do Rio Mansoa), onde se estava a construir um aldeamento para um pelotão de milícia pertencente à CCAÇ 17, que lá se encontrava destacado e respectivas famílias

Foto 37 - Eu acompanhado por 2 furriéis da CCAÇ 17, passeando num domingo, pelo meio das tabancas de Binar

Foto 38 - Na bolanha junto a Binar e em zona onde existiam muitas bananeiras, que davam mesmo bananas, como se pode comprovar por debaixo das folhas e à direita do homem que está a caminhar

Foto 39

Foto 40 - Duas imagens de uma das visitas que o Major Dick Daring e outros elementos do PAIGC nos fizeram a Binar, localidade em cujas tabancas viviam alguns dos seus familiares, como nessa altura, o próprio Major nos demonstrou
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18370: Álbum fotográfico de António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (4): Ainda a visita à Guiné-Bissau em Março e Abril de 2017

segunda-feira, 12 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18408: O nosso livro de estilo (11): A atual equipa de editores e colaboradores permanentes do nosso blogue e respetivos "pelouros"...


LUÍS GRAÇA, FUNDADOR, ADMINISTRADOR E EDITOR DO BLOGUE

Natural da Lourinhã (a "capital dos dinossauros"), mora em Alfragide, é sociólogo do trabalho e da saúde, doutorado em saúde pública, professor jubilado, na Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade NOVA de Lisboa, em Lisboa. Casado, com a Alice Carneiro, nossa grã-tabanqueira. Dois filhos: Joana Graça, psicóloga e ilustradora, e João Graça, médico e músico. Fez a guerra colonial na Guiné (fur mil arm pes inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71).



CARLOS VINHAL, COEDITOR E ADMINISTRADOR

Nasceu a 27 de março de 1948 em Vila do Conde. Vive em Leça da Palmeira, Matosinhos. Aposentado da Administração dos Portos do Douro e Leixões SA. Cumpriu a sua comissão de serviço na Guiné, Mansabá, entre abril de 1970 e março de 1972, integrando como fur mil art MA na CART 2732. Preside à comissão organizadora do Encontro Nacional da Tabanca Grande (que se realiza todos os anos em Monte Real). É casado com a Dina Vinhal, nossa grã-tabanqueira.
É coeditor de mais dois blogues. É editor do blogue da Associação da Universidade Sénior de Matosinhos. E pertence aos orgãos sociais
do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes


 
EDUARDO J. MAGALHÃES RIBEIRO, COEDITOR

Nasceu em 27 de março de 1952, no concelho de Matosinhos, foi fur mil op esp / ranger, na CCS / BCaç 4612/74 (Cumeré, Mansoa e Brá). Seguiu para a Guiné já depois do 25 de Abril, tendo regressado em 15 de outubro de 1974, na última viagem, com tropas, do T/T Uíge. Vive e trabalha no Porto (Departamento de Manutenção Mecânica da Produção Hidráulica, EDP). É casado. Pertence ou pertenceu aos órgãos sociais da AOE (Associação de Operações Especiais) e da LAMMP (Liga dos Amigos do Museu Militar do Porto). É fundador, administrador e editor do blogue Rangers & Coisas do MR.




JORGE ARAÚJO, COEDITOR

Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; autor, entre outras, da série "(D)o outro lado do combate". Mora em Almada, é casado. Coeditor a partir de março de 2018.


 
VIRGÍNIO BRIOTE, COEDITOR (JUBILADO)

Nascido em Cascais, frequentou a Academia Militar, foi alf mil em Cuntima, CCAV 489 / BCAV 490 (Jan-Mai 1965). Fez o 2º curso de Comandos do CTIG. Comandou o Grupo Diabólicos (Set 1965 / Set 1966). Regressou em janeito de 1967. Casado com a Maria Irene. Foi quadro superior da indústria farmacêutica. Por razões de saúde, deixou de poder dar uma colaboração assídua ao nosso blogue. Tem, por isso, hoje o estatuto de editor jubilado. Mas está sempre ao alcance de um clique... e é um camarada de grande generosidade.




 
CHERNO BALDÉ, "CHICO DE FAJONQUITO", COLABORADOR PERMANENTE (ASSUNTOS ÉTNICO-LINGUÍSTICOS)

Nasceu no início da década de 60, em Fajonquito, setor de Contuboel, região de Bafatá.  É descendente de Fulas originários de Macina, no espaço territorial do antigo Sudão Ocidental (atual Mali).  Aprendeu a ler e a escrever português por empenho do seu pai que era encarregado de uma importante  casa comercial. a Ultramarina. Tem formação superior universitária em economia e gestão (Kiev e Lisboa). É gestor de projetos. Vive em Bissau. Fula, muçulmano, é casado com uma nalu, tem 4 filhos. É o assessor para as questões étnico-linguísticas da Guiné-Bissau. Entrou em março de 2018, como colaborador permanenente. Trata-se de uma mera formalização.


 
HÉLDER SOUSA, COLABORADOR PERMANENTE (PROVEDOR DA TABANCA GRANDE)

Ribatejano, de nascimento (Vale da Pinta, Cartaxo) e formação (Vila Franca de Xira), português, cidadão do mundo. Fur mil tms TSF Nov 70 / Nov 72 na Guiné. Engenheiro Técnico electrotécnico. Consultor em segurança. Faz parte do Conselho Diretivo da Secção Regional Sul da Ordem dos Engenheiros Técnicos. Vive em Setúbal. É casado.





 
 HUMBERTO REIS, COLABORADOR PERMANENTE 
(O NOSSO CARTÓGRAFO-MOR)

O ex-fur mil  op esp/ranger, da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, junho 1969/março de 71) é o nosso primeiro e até agora único mecenas. Pagou do seu bolso todas as cartas militares da antiga Guiné Portuguesa - uma obra-prima da nossa cartografia militar de que nos orgulhamos! - e a sua digitalização na Rank Xerox. Profissionalmente é engenheiro técnico, especialista em sistemas de refrigeração. Está reformado. Mora em Alfragide, e é viúvo da grã-tabanqueira Teresa Reis (1947-2011).


 
JORGE CABRAL, COLABORADOR PERMANENTE (ÁREA DO APOIO E ACONSELHAMENTO JURÍDICOS)

Ex-alf mil art, Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), é advogado e especialista em direito penal. Foi director do Instituto de Criminologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Está reformado. Vive em Lisboa. É popularmente conhecido na Tabanca Grande como o "alfero Cabral".




JOSÉ MARTINS, COLABORADOR PERMANENTE
(HISTÓRIA MILITAR E ARQUIVOS)

Nasceu em Leiria,  em 5/9/1946. Vive em Odivelas. Trabalhou como contabilista. Está reformado. Serviu como fur mil trms inf, CCAÇ 5, Gatos Pretos (Canjadude, junho de 1968/junho de 1970). Interessa-se particularmente pela história e memória dos antigos combatentes. É sócio da LC nº 80.393/Lisboa. Um dos seus avós foi combatente na I Grande Guerra.


 
MÁRIO BEJA SANTOS, COLABORADOR PERMANENTE (CRÍTICA LITERÁRIA)

Assessor, aposentado, da Direção Geral do Consumidor, reputado especialista de direito do consumidor, a nível nacional e internacional, foi alf mil, cmdt Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70); é autor de dezenas de títulos, incluindo, os mais recentes, sobre a experiência de guerra na Guiné, a história e a cultura da Guiné, a bibliografia da guerra colonial. Entrou em março de 2018, como colaborador permanenente. Trata-se de uma mera formalização.


 
TORCATO MENDONÇA, COLABORADOR 
PERMANENTE (QUESTÕES OPERACIONAIS)

Com dupla costela alentejana e algarvia, escolheu o Fundão para viver, trabalhar e constituir família. Foi autarca, membro da assembleia municipal do Fundão. Ex-alf mil art, pertenceu aos Viriatos, a CART 2339 (1968/69) que construiu de raíz, a pá e pica (e defendeu com unhas e dentes) o aquartelamento de Mansambo, no sector L1 (Bambadinca). Participou em grandes operações como a Lança Afiada (março 1969).


COMISSÃO ORGANIZADORA DO ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE: 

Carlos Vinhal (coordenador)
Joaquim Mexia Alves (logística / reserva de quartos)
Luís Graça (edição)
Miguel Pessoa (execução e envio de crachás para identificação dos participantes)

Fizemos o 1º encontro na Ameira, Montemor-o-Novo (2006); o 2º em Pombal (2007); o 3º (2008) e o 4º (2009) na Ortigosa, antiga freguesia da Ortigosa, Leiria; e os restantes em Monte Real, Leiria (desde 2010 até 2017).

O Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp /ranger, CART 3492/BART 3873 (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, desde 2008 que organiza os nossos Encontros Nacionais, sendo que desde 2010 o local escolhido tem sido  o Palace Hotel de Monte Real, cuja história é indissociável da sua própria família.


O outro elemento (histórico) da comissão organizadora é o cor pilav ref Miguel Pessoa, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, o primeiro dos pilotos da FAP a ser atingido por um Strela (em 25/3/1973).
O Joaquim Mexia Alves é o régulo da Tabanca Grande e o Miguel Pessoa é o editor da revista (digital) Karas de Monte Real.
É casado com a nossa grã-tabanqueira Giselda Pessoa, ex-enfermeira paraquedista.

L.G.
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Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...


Foto nº 1 > A mascote do pessoal, o "Pifas", um macaco-cão... acorrentado


 Foto nº 2 > "Selvajaria", escreveu o fotógrafo... posando para a fotografia com o "Pifas", de rabo para o ar...


Foto nº 3 >  Pequeno macaco-cão, que fazia parte dos "amigos"...


Foto nº 4 > Sem legenda...


Foto nº 5 > Sem legenda...


Foto nº 6> Sem legenda...

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 (1972/74) > 1973 > Macaco(s)...


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Stor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)


Lisboeta, tem raízes na Lourinhã, pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... até o pobre do macaco-cão, a quem o pessoal da CCAÇ 4740 chamava o "Pifas" , certamente por analogia com a mascote do Programa (radiofónico) das Forças Armadas...

Naquela época, havia, nos nossos aquartelamentos e destacamentos, macacos-cães (babuínos) em cativeiro, que serviam de mascote ao pessoal metropolitano (Mascote, segundo o dicionário Priberam é um "amuleto cuja figura dá felicidade, segundo a crença popular")...

O pobre do macaco-cão, se chegasse ao fim da comissão, passava de companhia para companhia... Nalguns casos, mais cruéis, acabava guisado no tacho ou assado no espeto...(*). Noutros casos, não menos cruéis,  o pobre do babuíno até conseguia chegar a aldeias e vilas recônditas da nossa pacata terra, trazido, às escondidas ou às claras, pelos primeiros soldados que foram mobilizados para o ultramar (, há babuínos em toda a África, embora os Angola e Moçambique sejam de uma espécie diferente dos da Guiné)...

Na época não se falava ainda de (nem as pessoas se preocupavam com) os "direitos dos animais". Nem havia sequer partidos (políticos) dos animais... Muito menos havia partidos,  a favor das pessoas, quanto mais dos animais...

Conhecendo o Luís Mourato Oliveira, como eu o conheço, um pessoa de grande sensibilidade socioecológica (**), ele por certo nunca tiraria hoje uma foto como a  nº 2 (vd. foto acima)... Não é por acaso que ele próprio a rotulou de "selvajaria"... quarenta e tal anos depois. (***)

António Rosinha
2. O macaco-cão ou "babuíno da Guiné" (papio-papio, segundo a designação científica) habita na África Ocidental, nas savanas e florestas secas da Guiné, Guiné-Bissau, Gâmbia, Senegal, Mali e Mauritânia. 

É uma espécie considerada "Quase Ameaçada" (sigla "NT -Near Threatened", da Lista Vermelha da IUCN, a União Internacional para a Conservação da Natureza). A categoria  NT precede  as categorias criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável...

Atualmente, devido à desflorestação, à agricultura extensiva, à pressão demográfica, à caça e ao comércio ilegal, o macaco-cão está perto de se enquadrar (ou será enquadrado num futuro próximo) nas categorias seguintes da escala, que vai de "Não ameaçado" a "Extinto"... Há 30 anos atrás, o macaco-cão era considerado como "não ameaçado"...Nesse espaço de tempo, os seus efetivos poderão ter sido reduzidos de 20% a 25%. Muitos de nós chegámos a ver bandos de 100 a 200 indivíduos: eram tratados como "nossos amigos", avisando-nos da proximidade (ou não) da presença do IN...

Recorde-se o que aqui escreveu António Rosinha (,um "tuga", privilegiado observador dos primeiros anos da independência da Guiné-Bissau,) sobre o macaco-cão quando este passou a ir à "mesa do rei":

(...) O Com, não o 'avec', mas o macaco, macaco-kom, foi a "ração de combate", por excelência e por necessidade, dos Combatentes da Liberdade da Pátria, pois que,  havendo já alguma tradição no consumo desse 'petisco', tornou-se como que prato nacional. Nos primeiros anos de independência, era vulgar ver alguém, caminhando ao longo dos caminhos com um animal amarrado a um pau ao ombro e uma Kalash na mão. O povo compreendia este consumo com a maior naturalidade.(...)
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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16730: Inquérito 'on line': Num total de 110 respondentes, apenas 16% disse que provou (e gostou de) carne de macaco-cão... Pelo lado dos "tugas", o "sancu" está safo... Agora é preciso que os nossos amigos guineenses façam o seu trabalho de casa...

(**) Vd. poste de  17 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17677: Fotos à procura de...uma legenda (88): "Pietá"... O fotógrafo indiano, Avinash Lodhi, captou o desespero de uma fêmea de macaco Rhesus que abraça a cria inanimada (Luís Mourato Oliveira)

(***) Último poste da série > 13 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18315: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (25): o fotógrafo e as suas "máscaras"

Guiné 61/74 - P18406: Notas de leitura (1048): “A History of Postcolonial Lusophone Africa”, autor principal Patrick Chabal, com participações de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company; Londres, 2002 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Apresentado em 2002 como a primeira investigação histórica abrangente sobre a África Lusófona pós-colonial, a cuidada investigação de Patrick Chabal e a sua equipa é um documento que requer a nossa atenção dado o seu rigor em dois pontos capitais. A construção da Nação-Estado nestes cinco países e uma descrição altamente documentada do processo político, económico e social de cada um deles (no caso vertente da Guiné-Bissau o seu autor foi Joshua Forrest, um autor credenciado e com diferentes e reputados estudos sobre o país).
Continuo a não perceber como é que não houve um editor para uma obra que teria seguramente encontrado milhares e milhares de leitores, desde os estudiosos ao grande público.

Um abraço do
Mário


A História da África Lusófona Pós-colonial:
Uma investigação de leitura obrigatória (2)

Beja Santos

“A History of Postcolonial Lusophone Africa” tem como autor principal Patrick Chabal, nome cimeiro da investigação dos movimentos revolucionários e das repúblicas africanas lusófonas, e conta com a comparticipação de investigadores de grande qualidade, como é o caso de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company, Londres, 2002.

Os regimes das cinco antigas colónias portuguesas de África seguiram caminhos distintos, uns gozaram da integridade nacional outros foram confrontados com guerras civis mas apresentaram afinidades com comportamentos já lamentavelmente conhecidos em quase todos os outros países africanos: autoritarismo e clientelismo dentro do sistema político; inabilidade do Estado para implementar um modelo minimamente harmonioso de desenvolvimento e que contasse com a confiança dos cidadãos; declínio gradual da economia que levou ao exacerbamento das questões do poder na cúspide dirigente. Também nesse contexto haverá que ter em conta a desmotivação das populações com os fracassos económicos, o desligamento entre os partidos únicos e os grupos étnicos, os programas de ajustamento estrutural que veio a significar o fim da mania das grandezas; e, no seu termo, a queda do Muro de Berlim que relançou a discussão dos processos de transição para o multipartidarismo e consagração da economia do mercado.

Os autores detalham com rigor os diferentes processos de transição económica e relevam as dificuldades suplementares vividas em Angola e Moçambique, devastados por guerras aparentemente sem fim à vista. Só a natureza desta investigação justifica a leitura deste livro.

A segunda parte do trabalho assenta em estudos estanques dos cinco países. Competiu a Joshua Forrest a investigação sobre a Guiné-Bissau. O investigador começa por chamar à atenção de como a independência da Guiné-Bissau foi saudada em África e noutros cantos do mundos, traduzia um sucesso militar e estratégico do PAIGC, resultava também do modo como Amílcar Cabral pusera a Guiné-Bissau no mapa internacional e das lutas revolucionárias, fora naquele território que emergira o embrião do MFA, da evolução que passara a ter a guerra a partir de 1973 concluíra-se da inevitabilidade de derrubar o governo e proceder à descolonização. Mas de 1974 a 2000 o PAIGC revelou-se incapaz de realizar os seus objetivos nomeadamente na construção do Estado e do desenvolvimento económico. As suas escolhas beneficiaram elites, caso dos ponteiros que criaram riqueza à custa de financiamentos que não foram restituídos aos cofres do Estado. Veio a demonstrar-se que o PAIGC e a direção política de Luís Cabral não dispunham de uma visão clara sobre as transformações que eram imperativas na administração. O falhanço da industrialização acelerada comprometeu todo o sistema financeiro, a dívida externa passou a ser um garrote; e o partido único que fora uma coqueluche revolucionária dividiu-se em frações, os tecnocratas passaram a ignorar as promessas de Cabral, os heróis do passado foram esquecidos, a despeito do nome de alguns aparecerem nas ruas e em certas instituições. Parecia que a economia estava ao serviço dos habitantes de Bissau. O partido-Estado isolou-se, cometeu erros palmares, caso da revisão constitucional concluída em Novembro de 1980, que deu munição letal aos guineenses contra as elites cabo-verdianas. A seguir, Nino Vieira repetiu em grande estilo os métodos autocráticos que criticou a Luís Cabral e fracionou ainda mais o PAIGC.

Joshua Forrest centra a sua atenção sobre as reformas económicas e os graves erros praticados na política agrária, era como se estivesse a praticar totalmente o oposto que fora preconizado por Amílcar Cabral. Assim que se passou do coletivismo à abertura económica expandiram-se as propriedades designadas por pontas, foram estes novos agricultores os grandes beneficiários do programa de ajustamento estrutural que conduziram ao descalabro financeiro. Quando se chegou à década de 1990 agravara-se a dependência externa e a corrupção era larvar, como uma mancha de óleo alastrara por todos os ministérios. À procura de uma solução mágica, Nino Vieira procurou intensificar as relações com a França e a francofonia, integrou à pressa a Guiné na zona económica da África Ocidental, abandonou-se o peso em substituição do franco CFA. Joshua Forrest detalha como precocemente o PAIGC perdeu o controlo político do Estado, os governadores ignoravam os comités de tabanca e os meios rurais vivam desfasados da condução política de Bissau. Emergiram idiossincrasias ocultistas e espíritos de seita, o autor ilustra com movimentos operados entre Balantas, Manjacos, nomeadamente nas regiões do Oio, do Cacheu, Tombali e Catió, estes poderes obscuros foram progressivamente afrontando e corroendo a construção do Estado pós-colonial.

O isolamento do regime foi rastilho para cimentar o regime despótico de Nino Vieira, são sucessivas as ondas de golpes (ou a sua invenção), deposição de amigos de ontem transformados em inimigos públicos, a corrupção chegou ao negócio das armas e das drogas, um regime caótico entra em deliquescência e desagua num conflito que levou ao afastamento de Nino Vieira e à ascensão de uma Junta Militar – assim se invertiam aparatosamente as instituições do regime em que a soberania assentava no decisor político. Joshua Forrest descreve o conflito no interior do PAIGC para a abertura democrática, as eleições de 1994 deixavam saber que o partido-Estado já não era o que fora, Nino Vieira confrontara-se com um novo demagogo, Kumba Yalá, e ganhará as eleições presidenciais por uma unha negra, com a agravante de constar que à custa de fraudes eleitorais. Como os governos não dispunham de manobra para resolver os problemas de fundo, Nino Vieira ia substituindo os primeiros-ministros, agravando as animosidades que depois se estenderam à esfera militar, antes do conflito de 1998-1999 os combatentes da liberdade da pátria publicaram um manifesto profundamente crítico com o estado dissoluto do regime.

Em jeito de conclusão, Joshua Forrest recapitula as questões primordiais deste quarto de século da independência da Guiné-Bissau: a contradição entre o pensamento de Cabral e a prática política que se seguiu; disseca as sucessivas crises envolvendo a fragilidade do Estado, a incapacidade de se dispor de uma administração eficaz, o regresso do animismo comprovando a ausência do partido-Estado na trama social; a despeito do desfasamento entre o regime e as aspirações populares sobreleva o fenómeno espantoso e mal explicado do suporte popular a Nino Vieira, um césar que pontificou 19 anos a fio; e para além dos erros de política económica é também importante observar que o governo se alheou da vida local e permitiu o regresso insidioso das instituições políticas pré-coloniais.

Não esquecer que este importantíssimo livro na segunda parte também carateriza os processos de Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe.

É leitura obrigatória para quem pretenda dispor de uma grande angular sobre os primeiros 30 anos da história das cinco antigas colónias portuguesas em África.
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Notas do editor

Poste anterior de 5 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18381: Notas de leitura (1046): “A History of Postcolonial Lusophone Africa”, autor principal Patrick Chabal, com participações de David Birmingham, Joshua Forrest, Malyn Newitt, Gerhard Seibert e Elisa Silva Andrade, Hurst & Company; Londres, 2002 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 9 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18395: Notas de leitura (1047): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (25) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18405: Parabéns a você (1402): Sarg-Ajudante Ref da GNR Manuel Luís Rodrigues de Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Março de 2018 > Guiné 61/74 - P18401: Parabéns a você (1401): Artur Soares, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 3492 (Guiné, 1972/74) e Joaquim Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447 (Guiné, 1965/67)

domingo, 11 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18404: Blogpoesia (558): "Como desconhecido...", "Fome de paz...", e "A gente quastiona-se...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Como desconhecido…

A idade não perdoa.
O tempo transforma os corpos e os rostos da gente.
Me sinto mascarado.
Entro na minha terra como um desconhecido.
Só meu nome perdura ainda na memória dos mais velhos.
Minha aldeia está transformada.
Nada igual.
Tanta casa nova onde nenhuma havia.
Mais largos os velhos caminhos.
Todos virados para os automóveis.
Não sobra nada para os pedestres.
Só a velha ermida branca e o cruzeirinho em pedra ali estão.
Eu os olho e eles a mim.
- Olá, Quim Luís - parece ouvi-los.
Por onde tens andado?
Lhes respondo só em pensamento.
- Como estás mudado!
Eras um garoto a sério, sempre na brincadeira.
Já poucos restam da tua idade.
Vai aparecendo sempre. Fazes falta aos da velha guarda. Quando, para vós, éramos o centro de tudo…

Berlim, 4 de Fevereiro de 2018
19h34m
Jlmg

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Fome de paz…

Minha alma caminha célere para o infinito.
Sente fome de paz.
Deambula no mundo, feita migrante.
Desde o começo.
Uma chama viva a seduz.
Ora acesa ora escondida.
Farol ao longe que a conduz.
Uma voz a chama. Como sereia.
Caravela branca, alucinada.
No mar da vida. Tão agitado.
Fitando ao alto.
Estrela polar.
Transpõe desertos.
Verdes oásis.
Nuvens de sonhos.
São só quimeras.
Não perdeu a esperança.
Vai alcançar…

Berlim, 7 de Março de 2018
7h20m
Jlmg

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A gente questiona-se...

Nascemos apardalados.
Mas que vem a ser isto onde estamos mergulhados?
Onde é que eu vim parar!?
Donde se vem e para onde se vai?
O real é estático e é dinâmico?
O que é o movimento?
Real ou ilusório?
Propagação dos seres.
Tudo morre e desaparece?
Que acontece?
De que se compõem?
Hoje, acordei mergulhado nestas questões.
Tudo me parecia claro.
Vi o yin e o yan.
Claramente.
Compreendi o Buda.
Tudo em movimento tende para a quietude.
Do começo ao fim.
O verdadeiro estado é o ondulatório.
Como um farol.
Acende e apaga.
Permanece no mesmo lugar.

Bar dos Motocas, Berlim, 8 de Março de 2018
15h35m
Tarde linda de sol. 10 graus!...
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18390: Blogpoesia (557): No Dia Internacional da Mulher - "Mulher", por Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor do BCAÇ 3872

Guiné 61/74 - P18403: Álbum fotográfico do João Martins (ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69) - Parte II: Em Bedanda, em 1969, com o meu Pel Art e 3 obuses 14


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 135/199 > O temível obus 14... mais um elemento da guarnição africana do Pel Art, que dependia da BAC 1 (Bissau).



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 127/199 > Invólucros de munições deixadas em anteriores ataques do IN ao aquartelamento.


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 125/199 > Casa do chefe de posto


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 130/199 > Aspeto parcial do quartel... À direita o espaldão do obus 14.

Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 129/199 > Aspeto parcial do quartel... com uma casamata em primeiro plano.


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 133/199 > Espaldão do obus 14... Cimentando o terreno para permitir rodar o obus sem se enterrar.


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 144/199 > Beldades locais... fulas.

Guiné > Região de Tombali > Bedanda > 1969 > Álbum fotográfico do João Martins > Foto nº 136/199 > Aspeto parcial da tabanca


Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 Guiné > Região de Tombali > Bedanda > Carta 1/50 mil (1956) > Posição relativa de Bedanda


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)



1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos, reeditadas,  do álbum do nosso grã-tabanqueiro  João Martins (ex-alf mil art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda, Gadamael e Guileje, 1967/69) (*)

Depois de ter estado em Piche, desde setembro de 1968 (com férias em agosto, na Metrópole, na sua amada praia de São Martinho do Porto), e de ter regressado a Bissau, para dar instrução, no BAC 1, o nosso camarada João Martins é colocado no sul, na região de Tombali, passando sucessivamente por Bedanda, Gadamael e Guileje, antes de ir de novo de férias a Portugal, em agosto de 1969...


Escreveu ele nas suas memórias, a propósito da sua passagem por Bedanda (**):

(...) Terminada a instrução que fui dar ao BAC   [Bateria de Artilharia de Campanha, nº 1]
, em Bissau, fui colocado em Bedanda onde já se encontrava um pelotão com três obuses 14 cm. 

Tive que fazer novamente as malas e apanhar uma aviioneta Dornier [DO 27] que, passando por Catió onde tirei algumas fotografias que já não sei identificar, acabou por aterrar em Bedanda. Sem dúvida um dos locais da Guiné que me deixou mais saudades.

Fazia a sua defesa a Companhia de Caçadores 6, do recrutamento da Província, um pelotão de milícia, e o pelotão de artilharia. A população era particularmente simpática e notava-se que tinha tido muito contacto com portugueses da metrópole. Aliás, a casa colonial existente, a do chefe de posto, era imponente.

Bedanda fica numa colina bastante elevada, atendendo aos padrões de altitude que normalmente se encontram na Guiné. Não sendo uma fortificação inexpugnável, não oferecia quaisquer vantagens ao inimigo que se colocaría sempre numa cota inferior. Por isso, os ataques eram pouco frequentes o que nos permitia respirar…

Atendendo ao “clima” relativamente ameno que se fazia, visitava com muita frequência a tabanca e cheguei mesmo a ir à pesca e a tomar banho no rio Ungariol, afluente do rio Cumbijã, na esperança de não me tornar um isco para os jacarés. (...)

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