segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21620: In Memoriam (375): Raul Albino (1945-2020), ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 (Có, Mansabá e Olossato - 1968/70), e quadro técnico da IBM durante 30 anos

IN MEMORIAM

RAUL ALBINO (1945-2020)
RAUL ALBINO
Ex-Alf Mil MA da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851
, Mansabá e Olossato, 1968/70)


1. Às 02H36 da manhã de hoje, o nosso camarada Jaime Bonifácio deixava este comentário num poste de aniversário do malogrado Raul Albino:

Caro Luis,
Não sei se esta será a maneira mais prática, e também não tenho a data correta, mas na semana passada (hoje estamos a 6 de Dezembro de 2020) recebi aqui no Canadá a triste notícia do falecimento do ex-Alferes Miliciano Raul Albino que pertenceu a CCAÇ2402/BCAÇ 2851 - CTIG 1968/70.

Em meu nome pessoal envio as minha mais sinceras condolências a esposa Sra. D. Rolina e filhos.
Foi um amigo dos seus amigos e pela sua alma generosa merece descansar em paz.

Obrigado
João Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
CCAÇ 2402/BCAÇ 2851
Guiné, 68/70



2. O editor de serviço, sabendo que o nosso camarada Rui Silva tinha os contactos do Raul Albino, telefonou-lhe para lhe pedir que confirmasse esta triste notícia.

Passados poucos minutos recebemos a confirmação da notícia vinda do Canadá.
Em contacto telefónico para casa do Raul, pela sua filha ficamos a saber que este nosso amigo tinha sido internado no hospital, na passada segunda-feira, dia 30 de Novembro, vindo a falecer na sexta, dia 4 de Dezembro.


A Tertúlia e os Editores do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, enviam as mais sentidas condolências à nossa amiga Rolina, esposa do Raul, (que entre 2009 e 2015 participou com o marido nos nossos Encontros Anuais), aos seus filhos e aos demais familiares.

O Raul estava connosco desde 17 de Setembro de 2006, tendo participado logo no nosso I Encontro Nacional, em Outubro do mesmo ano na Ameira.
Ameira, 06OUT2006 > I Encontro Anual do nosso Blogue > O Raul Albino é o primeiro à direita, mesmo atrás do nosso editor Luís Graça.
Monte Real, Palace Hotel, 18ABR2015 > X Encontro Anual do nosso Blogue > Raul Albino recebe da mão do nosso Editor Luís Graça o Certificado da sua 10.ª presença em Encontros Nacionais.
Monte Real, Palace Hotel , 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande > Dois homens do Oio, o Raul Albino e o Rui Silva
Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > De pé e da esquerda para a direita, o primeiro é o Raul Albino, o segundo é o Francisco [Henriques da] Silva e a seguir o Medeiros Ferreira. Só falta nesta fotografia de grupo o Beja Santos. Também aqui falta o Comandante da Companhia, Capitão Vargas Cardoso.


3. Comentario adicional do nosso editor LG:

Carlos, é uma tristíssima notícia, a que nos dás. O Raul Albino foi logo, desde o nosso I Encontro Nacional, na Ameira, em 6/10/2006, um dos mais entusiásticos apoiantes do nosso blogue. Como sabes, ele era informático, trabalhou três dezenas de anos na IBM, era um histórico da IBM, e ele próprio fez um belíssima brochura com a história da sua unidade. Ele preocupava-se muito com o futuro, a segurança e o desenvolvimento do nosso blogue...

Recordo-me de já em 2011, em Monte Real, ele ter falado comigo sobre a necessidade de encontrar ou explorar novas soluções informáticas para um blogue como o nosso que tinha crescido demasiado, sobretudo a partir de 2008...Por uma razão ou outra, fomos adiando a criação de um grupo de trabalho onde ele próprio gostaria de participar... Entretanto, em 26 de abril 2018 recebemos dele a triste notícia de que já não poderia vir  mais vir aos nossos encontros:

(...) Amigo Vinhal,

A minha ausência nos dois anos anteriores tem uma explicação que vos devo comunicar, depois de uma presença regular de 10 anos seguidos.

Tinha de ser uma razão de peso, de saúde, evidentemente. Não é uma doença mortal, mas é uma doença incapacitante que me leva a alegria de viver e parece não ter solução médica, nem grande alivio para as dores. Estou a falar de problema da coluna vertebral com afetação do nervo ciático.

O médico operador não lhe quer tocar após ter analisado uma Ressonância Magnética. Como as medicações existentes não produzem qualquer efeito aceitável, o médico cirurgião nem me receitou qualquer medicação, porque os efeitos adversos são enormes, sem que causem alivio assinalável.

Já nem posso arriscar a conduzir o automóvel por distâncias superiores a 50 kms. Alguns dias as dores são toleráveis, mas não sei quais são, só sei que são raros. Dizem que, por vezes, o tempo resolve o assunto. Se isso algum dia acontecer, solicitarei a alguém que me dê uma boleia, sempre sujeita a cancelamento muito perto da viagem.

Que o vosso convívio corra pelo melhor. O relógio devia retroceder, mas sabemos que isso é impossível e a vida está-nos a abandonar aos poucos, afetando o quorum dos convívios. Um grande abraço para ti, para a Dina, para o Luís Graça e restantes tabanqueiros. Passem bem.

Raul Albino (...)

Lamentámos a sua ausência, nos nossos convívios, mas sempre na esperança de uma possível recuperação. O casal Albino e o casal Vinhal tinham, de resto,  uma bela relação de amizade, desenvolvida e fortalecida a partir dos nossos encontros anuais ate´2016.
 
A ausência do Raul agora é mesmo definitiva, com a sua morte física. Mas ele será sempre lembrado pro nós, enquanto estivermos vivos, aqui sentados à  sombra do nosso poilão.

Nos próximos dias vamos rever alguns dos postes que nos deixou com a sua história pessoal  e a história dos seus camaradas da CCAÇ 2402. Deixo aqui a minha solidarieade na dor à sua família e aos seus amigos e camaradas mais próximos. Quando um de nós morre, todos morremos um pouco. 

Até sempre, camarada e amigo Raul!

Guiné 61/74 - P21619: Notas de leitura (1328): “Socialismo na Guiné-Bissau: problemas e contradições no PAIGC desde a independência”, na Revista Internacional de Estudos Africanos, N.º 1, Janeiro-Junho 1984 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Março de 2018:

Queridos amigos, 

Desconhecia a publicação (terá tido vida efémera) e li com agrado este artigo de Patrick Chabal [1951 - 2014] onde ele faz a súmula das principais teses com que trabalhou para o seu doutoramento em Cambridge. Impressiona a largueza da análise e a precisão da síntese, o cientista começa por fazer o chamamento dos muitos créditos auferidos pelo PAIGC pelo seu papel como movimento revolucionário e disserta sem habilidades sobre os porquês do falhanço da via socialista na Guiné-Bissau, em total dissonância com a linha de Cabral, os governantes do PAIGC cometeram todos os erros que Cabral previra, e com o falhanço económico encontraram os necessários bodes expiatórios na fratura política. 

Tudo preto no branco, escrito com rigor e numa linguagem viva e desenvolta.

Um abraço do
Mário



Um artigo de Patrick Chabal sobre o socialismo na Guiné-Bissau, 1984

Beja Santos

Quando está a preparar a sua tese de doutoramento sobre o título “Amílcar Cabral as Revolutionary Leader”, apresentada na Universidade de Cambridge, Patrick Chabal procede a uma súmula dos principais assuntos que há a abordar na sua investigação, publica-a sob a forma de artigo denominando-o “Socialismo na Guiné-Bissau: problemas e contradições no PAIGC desde a independência” será dado à estampa na Revista Internacional de Estudos Africanos, N.º 1, Janeiro-Junho 1984.

Quando Chabal visitou a Guiné-Bissau e Cabo-Verde em 1979, sente que na Guiné já se vive uma crise profunda, o país endivida-se a olhos vistos, o descontentamento é indisfarçável, tão indisfarçável como a orfandade de Cabral, os seus continuadores são figuras menores. 

De tudo quanto vê, procura em artigo traçar as linhas gerais para uma discussão aprofundada do socialismo na Guiné-Bissau, começa por analisar o que foi a luta armada, depois a natureza do Estado pós-colonial e mais adiante expõe o significado e as implicações do socialismo na Guiné-Bissau.

Enuncia em primeiro lugar as razões pelas quais o PAIGC foi um movimento nacionalista lusófono que ganhou renome mundial: pela forma como lutou, pelo esforço demonstrado na tentativa de reconstrução política, social e económica nas áreas onde tinha desempenho proeminente; pela condução discreta e autónoma como o líder do PAIGC obtinha apoios no chamado bloco socialista e no mundo ocidental e como tivera sucesso na mobilização das populações rurais intentando mobilizá-las para a atividade política a par do esforço na luta armada. 

Chabal reconhece que o processo de guerra nacionalista fora caldeando o PAIGC para uma organização política tão mobilizadora como a ação militar. O seu esforço de impulsionar uma coesão interétnica, Cabral conseguiu que o PAIGC se mantivesse flexível para com os quadros militares a serem premiados na hierarquia; e observa que Cabral se absteve, tanto quanto possível,  de utilizar uma fraseologia socialista ortodoxa, apoiava-se quase exclusivamente na ideologia pragmática e valorizava a procura de soluções para os problemas sociais, económicos e políticos. 

Quando desapareceu da cena política, em janeiro de 1973, deixara o PAIGC com ideologia e desenvolvida uma notada trama diplomática que excedia de longe a importância da Guiné-Bissau como país. Fora sempre o dínamo da CONCP – Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Africanas, recebia armamento dos soviéticos, mantinha boas relações com a China e tornara público que o PAIGC aderira a uma política muito rigorosa de não alinhamento, Holanda, Escandinávia e o Conselho Mundial das Igrejas foram indispensáveis para o fácil reconhecimento diplomático da Guiné-Bissau antes e depois do 25 de abril.

O Estado pós-colonial nasceu de visíveis contradições: o PAIGC ambicionava expandir a todo o país as estruturas políticas que trazia da luta armada e esbarrou logo com a macrocefalia de Bissau, não dispunha de qualquer experiência de domínio de centros urbanos e não estava clarificada a distinção entre o partido e o Estado, 

Cabral tinha antevisto uma “ideologia socialista indígena” que em muito excedia o PAIGC, era a janela de oportunidade para manter atuantes as populações agrícolas de todo o país, uma parte determinante da Guiné nunca se identificara com o PAIGC, a esperança depositada era num sistema político instituído como poder popular. Isso nunca veio a acontecer, a tal pequena burguesia que se suicidaria no altar da democracia revolucionária não desistiu de abancar prontamente na orgânica estatal. Em Bissau concentrou-se o poder político, a área de decisão e sobretudo a área de indecisão: como incrementar a agricultura e implementar um modelo industrial. E é no novelo destas contradições que começa a ganhar força a extrema fragilidade da integração política da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Como observa Chabal, esta política de unidade fora exclusivamente congeminada por Cabral, não há qualquer documento histórico de que este propósito unitário alguma vez tivesse feito o seu caminho, a própria intelectualidade guineense e cabo-verdiana eram contrárias ou, quanto muito, mantinham um estado de ceticismo profundo. 

Lançados em empreendimentos de industrialização que ruíram prontamente pela base, deixando o país financeiramente encalacrado, acirradas as tensões, logo que procurou o inimigo dentro da cidadela, régulos, funcionários leais aos portugueses e a tropa dos Comandos, ia crescendo a atmosfera de intimidação e terror, faltava o arroz, não se estabelecia a ligação entre a cidade e o campo, os projetos constitucionais de Cabo-Verde e da Guiné foram a faísca que espoletou o golpe de Estado.

Até esse golpe de Estado, o PAIGC não obteve resposta, não definiu uma linha clara para um projeto de desenvolvimento económico que acelerasse uma certa autossuficiência alimentar, a classe política vivia ofuscada pelo tal modelo industrial que se lhe afigurava como o farol do progresso. Não houve programa de modernização agrária, não se criou um sistema cooperativo, os Armazéns do Povo tornaram-se a prazo num pesadelo e mais uma fonte de descontentamento. 

1980, o ano do golpe de Estado, devido à incapacidade na prossecução de uma política agrária decente, saldou-se em mais de 50% dos alimentos essenciais a serem importados. Chabal passa em revista esses projetos falhados, desde os automóveis Citroen, passando pelo projeto da fábrica de açúcar do Gambiel, a fábrica de frutos e enlatados de Bolama e o complexo agroindustrial do Cumeré.

O autor debruça-se sobre o aparelho de Estado do PAIGC pós-Cabral. Após a independência, era numeroso o grupo que apostava na industrialização por ser a via mais eficaz para a transformação socialista. Aquela vanguarda não ouviu os representantes dos seus apoiantes rurais, começou a agir fora da realidade, divorciou-se dos camponeses, não conseguiu uma fórmula de coesão entre Bissau e as zonas rurais. Assim se deu o descrédito desse modelo de desenvolvimento socialista que se queria sobrepor aos interesses rurais específicos. 

Chabal reflete sobre o caminho que Cabral intentara seguir dentro dos parâmetros de um sistema político onde houvesse uma elevada coesão. Cabral não tinha ilusões de que o futuro económico do pequeno país dependia de um trabalho penoso, uma vida extremamente difícil na ausência de matérias-primas e de riquezas de subsolo. 

Como se estivesse a denunciar os erros da governação de Luís Cabral, Chabal transcreve uma passagem de uma entrevista que Basil Davidson fizera a Cabral, em que este relevara a sua dedicação absoluta à causa do desenvolvimento e do bem-estar dos campos:

“A abordagem global que nós temos é que todas as decisões estruturais devem ser baseadas nas necessidades e condições dos nossos camponeses. […] Acima de tudo, nós queremos descentralizar tanto quanto for possível. Essa é a razão por que estamos inclinados a pensar que Bissau não continuará a ser a nossa capital no sentido administrativo. […] Acerca da política económica depois da libertação, a prioridade estará no aumento da produção de alimentos. A agricultura está em primeiro lugar. Nós não temos ilusões: a Guiné é um país pequeno e comparativamente pobre. Continuaremos pequenos em tamanho e por um período longo continuaremos pobres”.

Esta era a “linha de Cabral” que não foi posta em prática.

Recorde-se que este artigo se confina a uma análise que vai desde a luta armada até ao golpe de Estado de 14 de novembro de 1980.

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21596: Notas de leitura (1327): "A Caixa de Correio de Nossa Senhora", por António Marujo; Círculo de Leitores e Temas e Debates, Outubro de 2020 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21618: Facebook...ando (57): Confúcio e o confucionismo, ontem e hoje: visita ao templo de Pingyao, 2011 (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)





República Popular da China > 平遥 Pingyao  > 2011 > Templo de Confúcio


Texto (e fotos):  © António Graça de Abreu (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Com a devida vénia ao autor, nosso amigo e camarada,  reputado sinólogo, um texto muito interessante sobre o templo de Pingyao, dedicado a Confúcio.


António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1 (Teixeira Pinto, Mansoa, Cufar, 1972/74), autor de "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp), de que já publicámos no nosso bogue dezenas e dezenas de excertos; tem já perto de 270 referências no nosso blogue; é um incansável viajante, já deu duas voltas ao mundo em cruzeiro; escritor, divulgador da cultura e civilizaçao chinesas; tradutor, premiado, da poesia clássica chinesa,


Facebook > António Graça de Abreu > 24 de novembro às 16:38 


Pingyao, China quase esquecida, província de Shanxi, na minha leitura, no Verão de 2011. Chuva no templo de Confúcio, cidade de 平遥 Pingyao

Chovia desalmadamente. A água do Verão caía abundante e certinha sobre os velhos telhados deste espantoso burgo de Pingyao, vestusta cidadezinha com 2700 anos de História. A chuva encharcava tudo, molhava as gentes até ao tutano do osso. Eu tinha o dia inteiro para mim e saí de manhã cedo, de guarda-chuva lilás decorado com flores (uma útil mariquice que comprei lá mais a norte, em Datong!) e os sapatos grossos de sola de borracha transformados em provisórias galochas.

Há dez anos atrás, quando da primeira estada em Pingyao, o visita ao templo de Confúcio havia-me passado ao lado. Desta vez não falhei, mesmo com revoadas de água do céu a assustar o obtuso turista de passagem. A chuva foi uma coisa má que acabou por se transformar numa coisa boa, havia pouca gente nas ruas e o conjunto de pavilhões dedicados ao velho mestre era quase só para mim.

Os templos de Confúcio (551 a.C- 469 a.C) encontram-se por todas as cidades chinesas. Começaram a ser levantados na dinastia Han em honra do filósofo, educador e moralista, conselheiro de príncipes e poderosos cujos ensinamentos, raramente cumpridos, modelaram o modo de pensar da sociedade chinesa.

Os complexos arquitectónicos dedicados a Confúcio seguem aproximadamente o modelo de construção dos templos budistas e taoistas, ou seja, um vasto espaço rectangular quase sempre de acordo com um eixo norte/sul, com entrada e saída pelo lado menor do rectângulo e dentro, uma sucessão de pavilhões até chegarmos ao principal com uma grande estátua ou pintura representando Confúcio. 

Nos pequenos pavilhões situados nas alas laterais vemos caligrafias, estelas em pedra gravadas com citações do mestre e, muitas vezes, como acontece no templo de Pingyao, encontramos estátuas em tamanho natural dos 72 díscipulos de Confúcio. Nos melhores templos budistas e taoistas, nas alas laterais, existem também estátuas dos luohan, os discípulos de Buda ou das mais destacadas figuras do taoismo. Confúcio chegou a ser seguido por 3.000 pessoas mas apenas 72 discípulos, com nome e tudo, ficaram na história como os grandes divulgadores do confucionismo. 

De resto, desde a dinastia Han (sec. III a.C.), o número 72 passou a estar associado a um conjunto de excelentes realizações. Não é por acaso que a cidade de Pinyao, -- circundada por muralhas ao longo de 6,2 kms. --, tem 72 torres, o número mágico que traz felicidade e boa governação ao pequeno burgo. 

Não por acaso, uma cidade para ser considerada importante deve contar com 72 olarias para o fabrico de faiança e porcelana. Não por acaso algumas das mais famosas montanhas da China têm 72 picos. 
Não por acaso o ideal do bom mandarim de antanho era possuir 72 concubinas para encher de desiquilibrados prazeres o seu leito ora requentado, ora requintado e fresco.

Nas capitais de província, nos maiores centros urbanos da China Clássica, ao lado dos templos de Confúcio construíam-se grandes complexos onde centenas ou milhares de jovens, e até gente mais entrada na idade se submetia, por norma de dois em dois anos, aos exames imperiais. Constituídos por complicadas provas democraticamente abertas a todos, obrigavam os candidatos a elaborarem textos com contributos para o bom governo do império, a escrever poesia e tinham como tema principal a análise dos Quatro Livros e dos Cinco Clássicos, obras do grande cânone confuciano, algumas delas presumivelmente compiladas pelo próprio Confúcio, com algumas semelhanças, pelo menos na importância civilizacional dos textos, com os nossos Antigo e Novo Testamento. 

Uma vez vencidos os exames imperiais, o que não era tarefa fácil, os letrados iriam desempenhar funções no governo do império, seriam os mandarins do poder e do mando.

Em anexo ao templo de Pingyao, tal como em muitos outros existentes em grandes cidades da China, realizavam-se os exames para a ascensão ao mandarinato, mas os espaços dedicados a Confúcio tinham, e têm ainda nos nossos dias, uma função didáctica e de crença na potencial ajuda do velho mestre para a obtenção de um grau académico que possibilite uma vida melhor, com poder e desafogo económico. 

É vulgar ver hoje nos templos dedicados Confúcio mães ajoelhadas diante da gravura do mestre, solicitando-lhe que interceda e apoie, por exemplo, a entrada dos filhos numa universidade.

O templo, como toda a Pingyao histórica e monumental, sofreu grandes obras de restauro há dúzia e meia de anos atrás. Depois da tormenta e destruições selvagens dos “guardas vermelhos”, na desgraçada e inculta Revolução Cultural, em 1966/68, tudo foi refeito e melhorado, e na China basta passarem uns dez anos sobre as reconstruções de arquitectura antiga para voltarmos a sentir a ambiência e os cheiros dos séculos. 

E o templo é mesmo, antiquíssimo. Foi construído no início da dinastia Tang (618-907), sofreu grandes obras de ampliação e restauro no século XII, na dinastia Song (960-1279), período durante o qual uns tantos ilustres filósofos e mandarins como Zhu Xi e Wang Anshi fizeram revivescer a doutrina e os valores de Confúcio, e deram corpo à corrente neo-confucionista.

Chovia em Pingyao. Não reverenciei o mestre mas passeei-me pela cidade e pelo templo. Há algo em mim que faz com que, quanto melhor conheço Confúcio e a sua doutrina, me afaste cada vez mais da filosofia confuciana. Os princípios são bons, exaltar os ritos do passado, pretender a rectidão, a benevolência, a justiça, lutar pela grande harmonia entre todos os homens são ideais elevados cuja intenção é conduzir a sociedades mais humanas e mais justas. 

A questão é que os ideais confucianos na China Antiga, na China Clássica, na China de sempre, hoje e em todos os cem mil recantos do mundo, nunca são cumpridos, ou pior, os homens fingem que os cumprem ou que os querem cumprir mas apropriam-se oportunisticamente dos valores e da moral do mestre, jamais a põem em prática e usam-na para mascarar os mais aviltantes comportamentos.

Chovia em Pingyao. Passeei-me pelo templo, um sorriso triste e molhado entre mim e o velho Confúcio. Depois continuei viagem.


[Revisão, fixação de texto e título, para efeitos de publicação neste blogue: LG]

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Guiné 61/74 - P21617: Os nossos capelães (15): Fiz uma vez uma operação, em que ia o capelão, que pelas vestes me parecia franciscano... Era gorducho e baixinho... Seria o Pe. António Paulo Frade, o capelão do BCAÇ 1888 (Bambadinca, 1966/68)? (José António Viegas, ex-Fur Mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68


1. Mensagem do nosso camarada  José António Viegas, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e  Ilha das Galinhas, 1966/68).
 
Date: sábado, 5/12/2020 à(s) 22:15
Subject: Padres Franciscanos

Boas Luis

Hoje tive a agradável surpresa de um telefonema do João Crisóstomo a desejar as Boas Festas.

Estivémos a conversar  um bocado e veio à baila o assunto dos padres franciscanos, Numa das últimas operações com a CCAÇ  1439,  já não consigo lembrar se nos fins de 66 ou princípio de 67,  fizemos uma operação ao nível de Batalhão,  que era o BCAÇ 1888, e vinha integrado um Padre Franciscano, gorducho e baixinho, que nos acompanhou na operação, 

Lembro de brincar com ele a dizer como é que ele aguentava o calor com aquelas vestes castanhas e pesadas. O João não ia nessa operação e não tem idéia de quem seja ele,  o Franciscano estava sediado em Bambadinca.

Vou tentar contactar o meu Alferes [, cmdt do Pel Caç Nat 54,] ou outros Camaradas para ver se têm alguma idéia.

Um abraço

Viegas

2. Comentário do editor LG:

Viegas, obrigado pela tua mensagem e o carinho que manifestas sempre pelo  nosso blogue. Obrigado pelas tuas boas festas, que eu retribuo em nome de toda a nossa Tabanca Grande, Tudo de bom para ti, família, amigos e demais camaradas da Tabanca do Algarve.

Em relação à informação que prestas, sobre o capelão do teu tempo, vamos lá a ver se te dou uma pista (*)... O BCAÇ 1888, a que estava adido o teu Pel Caç Nat 54, partiu para o CTIG em 20/4/66 e regressou a 17/1/68 [Vd. ficha de unidade, no ponto 3, a seguir]...

Na lista dos 113 capelães que passaram pelo CTIG durante a guerra (**), encontro um nome, cuja comissão coincide justamente com a comissão de serviço do BCAÇ 1888: é o nº 31 da lista, e chama-se António Paulo Frade, mas em princípio não seria franciscano (OFM - Ordem dos Frades Menores], mas sim do clero regular....

A única referência que encontrei a este capelão foi a seguinte:

(...) "Sensivelmente a meio da comissão, chegou a Salazar [, Norte de Angola,] o novo Capelão militar, um meu antigo chefe escuteiro, de nome António Paulo Frade, que passou a dar-se muito bem com o Comandante Carvalho" (...). Fonte: Blogue do PAD - Pelotão de Apoio Directo, nº 1245, 1967/69, criado e mantido pelo ex-fur mil Álvaro RoxoVaz, que mora no Fundão. 

Este PAD, comandado pelo tenente Carvalho, partiu para Angola em 11/10/1967 e ficou instalado em Salazar [, hoje N’Dalatando}, Quanza Norte, adido ao BCAÇ 13. A maior parte do pessoal metropolitano do PAD 1245, regressou a casa em 27/12/1969. O capelão António Paulo Frade devia, pois, pertencer ao BCAÇ 13.

Acabada a comissão no CTIG, em 21/1/1968, deduzimos que este  capelão fez uma segunda comissão em Angola para onde deve ter partido  em finais de 1968 (a meio da comissão do PAD 1245).



Excerto da lista dos 113 capelães que passaram pelo CTIG (**)

3. Ficha de unidade > Batalhão de Caçadores nº 1888 (BCAÇ 1888)
 
Unidade Mob: RI I - Amadora
Cmdt: TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar
2.° Cmdt: Maj Inf Artur Miguel Agrely Rebelo
OInfOp/Adj: Não identificado
Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE Manuel Pereira Pimenta de Castro
CCaç 1549: Cap Mil lnf José Luís Adrião de Castro Brito
CCaç 1550: Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo
CCaç 1551: Cap Mil Inf Francisco Silva Pinto Pereira
Divisa: "Vendo, Tratando e Pelejando"

Partida: Embarque em 20Abr66; desembarque em 26Abr66
Regresso: Embarque em 17Jan68

Síntese da Actividade Operacional

Em 26Abr66, rendendo o BCaç 697, assumiu a responsabilidade do Sector L I, com sede em Fá Mandinga e a partir de 14Nov66, em Bambadinca, e abrangendo os subsectores de Xitolc, Xime, Bambadinca e Enxalé, este até  1Jul67 e retirado ao sector por alteração dos limites.

Comandou e coordenou a actividade das forças que lhe foram atribuídas, orientando a sua acção sobre as linhas de infiltração do inimigo, em patrulhamento, reconhecimentos e emboscadas em ordem a obstar à sua instalação e movimentação na zona. Desenvolveu ainda uma intensa actividade psicossocial junto das populações, promovendo a sua autodefesa e reordenamento e garantindo a segurança dos itinerários e a recuperação das populações.

Dentre o armamento capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora pesada, 2 metralhadoras ligeiras, 70 espingardas, I lança-granadas foguete, 4 minas, 28 granadas de armas pesadas e 3000 munições de armas ligeiras.

Em 16Jan68, foi rendido no sector de Bambadinca pelo BArt 1904 e recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
 
 Duas das suas companhias estiveram em (ou passaram por) o Sector L1: a CCAÇ 1550 e a CCAÇ 1551

A CCaç 1550 seguiu imediatamente para Farim, a fim de substituir a CCaç 675, como subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 733 e depois do BCaç 1887, orientada para a realização de patrulhamentos, emboscadas e acções sobre os corredores de Sambuiá e Samine.

Em 28Dez66, foi rendida pela CCaç 1546, e após curta permanência em Bissau, seguiu em 03Jan67 para Xime, a fim de substituir a CCav 1482. Em 1lJan67 , assumiu a responsabilidade do subsector de Xime, com efectivos destacados em Ponta do Inglês, Taibatá e Galomaro e depois ainda em Demba Taco, Samba Silate e Candamã, estes por períodos curtos e variáveis, ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 09Jan68, foi rendida no subsector de Xime pela CArt 1746 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

A CCaç 1551, seguiu imediatamente para Bambadinca, a fim de substituir a CCav 678 e assumir a responsabilidade do respectivo subsector e, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão. Por períodos variáveis, destacou efectivos para guarnecer destacamentos em Amedalai, Taibatá e Candamã, tendo em 14Nov66 transferido a sua sede para Fá Mandinga.

Em 27Jan67, por troca com a CCaç 818, assumiu a responsabilidade do subsector de Xitole, com um pelotão destacado em Saltinho, mantendo-se no mesmo sector. Destacou ainda efectivos para guarnecer os destacamentos em Cansamange, Quirafo e Ponte do rio Pulom, por períodos curtos. A partir de princípios de Jun67, passou a ter um pelotão destacado em Mansambo. 

Em 14Nov67, por troca com a CArt 1746, voltou para Fá Mandinga, de onde seguiu para Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso. Observações

Tem História da Unidade incompleta (Caixa n." 72 - 2: Div/d." Sec., do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 85/87.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série >  3 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21605: Os nossos capelães (14): João Baltar da Silva (Santo Tirso, 1944 - Moçambique, 2011): fez duas comissões no CTIG, de 16/9/1971 (Joaquim L. Fernandes, ex-alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974)

(**) Vd. poste de 17 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19023: Os nossos capelães militares (9): segundo os dados disponíveis, serviram no CTIG 113 capelães, 90% pertenciam ao Exército, e eram na sua grande maioria oriundos do clero secular ou diocesano. Houve ainda 7 franciscanos, 3 jesuitas, 2 salesianos e 1 dominicano.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21616: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte IV


Foto 1 – Assistência a ferido em combate. Imagem incluída no livro «Golpes de Mãos – Memórias de Guerra», do camarada José Eduardo Rodrigues Oliveira [JERO], ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (1964-66) – P9562, com a devida vénia.



Foto 2 – Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > CCS/BCAÇ 3872 (1971/1974). O enfermeiro Catroga prestando à população civil cuidados de enfermagem comunitária. Foto do álbum de Juvenal Amado – P11764, com a devida vénia.



Foto 3 – O 1.º Cabo Enf Silva assistindo o seu camarada fur mil Jorge Fontinha, da CCAÇ 2791 (Bula e Teixeira Pinto; 1970/72) após ter sofrido uma entorse, durante uma Operação a Balangarez, local situado entre Teixeira Pinto e Cacheu. Foto do álbum de Jorge Fontinha – P7026, com a devida vénia.




O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo; tem cerca de 270 referências no nosso blogue. 


MEMÓRIAS CRUZADAS

NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):

RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»

OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"

PARTE IV

 

 

► Continuação do P21504 (III) (01.11.20) (*)


1.   - INTRODUÇÃO


Através da consulta e análise do vasto espólio documental produzido pela geração dos ex-combatentes, que não pára de aumentar em cada dia das nossas vias – e ainda bem, digo eu (dizemos nós!) –, visando contribuir para a reconstrução do puzzle da memória colectiva da «Guerra Colonial / Guerra do Ultramar / Guerra de África», em particular a da Guiné [CTIG], continuamos a partilhar, no seio da «Tabanca Grande», os resultados obtidos nas «Memórias Cruzadas» implícitas no tema em título e subtítulo.


Para além do enunciado supra, enquanto objecto da investigação, com o tema em apreço procura-se valorizar o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as (por exemplo a da foto 2) – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate (por exemplo a da foto 1), quer noutras ocasiões de menor risco de vida (medicina geral), mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais (por exemplo a da foto 3).


Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da "missão", analisando "factos" e "feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de consulta/informação foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).


2.   - OS "CASOS" DO ESTUDO


De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os "casos do estudo" totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por "actos em combate", conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.


Neste quarto fragmento analisaremos mais dois "casos", o último de 1965 e o primeiro de 1966, onde se recuperam mais algumas memórias, sempre dramáticas quando estamos perante situações irreversíveis, como é a da morte.


3.   - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)

 

3.7     - LUÍS PEREIRA JORGE, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAÇ 1418, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A sétima ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a quarta e última das distinções contabilizadas durante o ano de 1965 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Perseguição», realizada em 09 de Setembro de 1965 (5.ª feira), na zona de Búgula – Badã, na região de Bula (infografia abaixo), quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


► Histórico

 


◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 82, de 06 de Outubro de 1965, do BCAÇ 1856:


"Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946: O 1.º Cabo, auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, da Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418] – Batalhão de Caçadores 1856, Regimento de Infantaria n.º 1".


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:



"Louvado, pelo Exmo. Comandante do BCAÇ 1856, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 1204/64, Luís Pereira Jorge, pelo seu meritório comportamento no decorrer da «Operação Perseguição» [09Set65], quando o grupo de combate de que fazia parte foi emboscado.


Tendo sido ferido no início, pelo rebentamento de uma granada de mão lançada pelo In, que de imediato arremessou outra que caiu na posição por si ocupada, teve ainda a calma necessária, extraordinária presença de espírito e sangue-frio, para a devolver para o local de onde havia sido lançada, a qual então rebentou, ao mesmo tempo que abriu fogo com a sua arma, nessa direcção, tendo atingido dois elementos In ali acoitados e que se puseram em fuga.


Debaixo de fogo e a rastejar, foi então tratar o seu comandante de Pelotão e em seguida um outro camarada gravemente ferido, indo depois ocupar novamente o seu posto na linha de fogo.


Já durante o trajecto para o aquartelamento mais próximo, distante cerca de 5 km, foi ele ainda quem ajudou a transportar às costas um seu camarada mais gravemente ferido, só aceitando transferi-lo para outro militar, quando já extremamente cansado, devido aos seus próprios ferimentos, se viu obrigado a tal." (CECA; 5.º Vol.; p 185).


CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência, que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro, Luís Pereira Jorge, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), onde consta:


 "Em cumprimento da Directiva Operacional, no Sector Oeste, as NT desenvolveram intensa actividade operacional realizando, entre outras, as operações - «Perseguição»: em 09Set65. O IN emboscou as forças do BCAV 790 [no caso a CCAÇ 1418], próximo de Búgula, causando 6 feridos e sofrendo 2 mortos."


3.7.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 1418, BISSAU - BULA - BURUNTUMA - CAMAJABÁ - RIO CAIUM – FÁ MANDINGA


Mobilizado pelo Regimento de Infantaria 1 [RI 1], da Amadora, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Caçadores 1418 [CCAÇ 1418], a terceira unidade de quadrícula do BCAÇ 1856, do Cmdt TCor Inf António de Anunciação Marques Lopes, embarcou em Lisboa em 31 de Julho de 1965, sábado, a bordo do N/M Niassa, sob o comando do Capitão de Infantaria António Fernando Pinto de Oliveira, tendo desembarcado em Bissau a 6 de Agosto, 6.ª feira.




3.7.2   
- SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1418


Após o seu desembarque, a CCAÇ 1418 ficou colocada em Bissau durante quinze dias como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe, tendo seguido, em 21Ago65 para Bula, a fim de realizar uma instrução de adaptação operacional sob a orientação do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], e seguidamente reforçar este Batalhão em acções realizadas nas regiões de Naga, Inquida e Choquemone, entre outras.


Até 20Out65, continuou depois a ser atribuída em reforço de outros batalhões, com vista à realização de diversas acções na região do Jol, em reforço do BCAÇ 1858 [24Ago65-03Mai67; do TCor Inf Manuel Ferreira Nobre Silva], de 05 a 18Nov65. Na região de Gussará-Manhau, em reforço do BART 645, de 16 a 23Dez65. 


Nas regiões de Naga e Biambe, em reforço do BCAV 790, de 2 a 16Jan66 e novamente de 12 a 26Mar66. Na região do Morés, em reforço do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], de 13 a 23Fev66, onde tomou parte na «Operação Castor» [em 20Fev66], um golpe-de-mão à base central do Morés bem-sucedido, já que foi capturada elevada quantidade de armamento e outro material.

 


Deslocada seguidamente para Buruntuma, a CCAÇ 1418 assumiu, em 08Mai66, a responsabilidade do respectivo subsector, em substituição da CCAV 703 [24Jul64-14Mai66; do Cap Cav Fernando Manuel dos Santos Barrigas Lacerda], ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão [BCAÇ 1856], tendo destacada uma secção para Camajabá e, a partir de 21Set66, um Gr Comb para a ponte do Rio Caium. 


Em 03Abr67, foi rendida no subsector de Buruntuma pela CCAÇ 1588 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Álvaro de Bastos Miranda] e seguiu para Fá Mandinga, onde substituiu, temporariamente, a CCAÇ 1589 [04Ago66-09Mai68; do Cap Inf Henrique Vítor Guimarães Peres Brandão] na função de reserva do Agr1980. Em 09Abr67, seguiu para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso à metrópole, o qual teve lugar a 18 do mesmo mês, a bordo do N/M «UÍGE».


Para além da quantidade de armamento capturado na base do Morés, como a imagem acima testemunha, no decurso da «Operação Castor» [Op Castor] ocorreu, também, entre outras, a morte de Simão António Mendes, responsável da área da saúde do C.I.R.N. [, e que depois da independênicai daráb o nome ao Hospital Nacional de Bissau].


Este acontecimento é divulgado a partir da base central (Morés), em comunicado manuscrito por Chico Té [Francisco Mendes], que abaixo se reproduz, com o seguinte teor:


"No dia 20 de Fevereiro [de 1966] o inimigo [NT] apoiado por 8 caçadores [caça-bombardeiros T-6?] invadiu a Base Central [Morés]. O combate durou 6 horas de tempo, teve como resultado a retirada em debandada inimiga que caiu em 3 (três) emboscadas sucessivas [CCAÇ 1418; fazendo fé no depoimento do camarada Rui Silva - P3806 - que diz: "o êxito da operação deve-se em grande parte à táctica usada. O papel da CCAÇ 1418 ao servir de isco foi preponderante. Mostrou-se, foi detectada pelo inimigo e então este convergiu para o trajecto daquela. Soubemos que esta Companhia se continuasse a avançar, o que não era preciso, tinha 7 (sete) emboscadas inimigas já montadas"].


O comunicado acrescenta que "o inimigo [NT] não podendo realizar o plano, reforçou a aviação. Com o fim de bombardear a base, onde os nossos camaradas de armas anti-aéreas deram uma grande prova de coragem, não os deixando realizar o plano. Depois de duas horas de combate, só conseguiram lançar uma bomba dentro da Base, causando a morte de 3 camaradas entre os quais o responsável da saúde do C.I.R.N, Simão António Mendes. Dois aviões foram atingidos pelo fogo da D.C.K. [metralhadora pesada de 14.5 mm]. Região Óio, Zona Morés, Base Central."




Citação: (s.d.), "Comunicado [Região 3]", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40720

 

3.8   - JOÃO VIEIRA DE MELO, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAV 1485, CONDECORADO A TÍTULO PÓSTUMO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE 


A oitava ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração (a título póstumo) a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército, esta com medalha de «Cruz de Guerra» de 4.ª Classe - a primeira de oito distinções contabilizadas durante o ano de 1966 - teve origem no desempenho tido pelo militar em título, durante a «Operação Falcão II», realizada em 13 de Fevereiro de 1966 (domingo), na região da mata de Cassum, Susana (infografia abaixo), quando os grupos de combate da CCAV 1483 e CCAV 1485, da qual fazia parte, foram emboscados.


► Histórico



◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração


▬ O.S. n.º 19, de 12 de Maio de 1966, do QG/CTIG:


"Condecorado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 11 de Maio de 1966: O 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, João Vieira Melo, da Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485] – Batalhão de Cavalaria 790, Regimento de Infantaria n.º 7, a título póstumo."


● Transcrição do louvor que originou a condecoração:


"Louvo, a título póstumo, o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 06235965, João Vieira de Melo, da CCAV 1485, pelo seu comportamento notável revelado no decorrer da «Operação Falcão II», levada a efeito em 13 de Fevereiro de 1966.


Atingido com certa gravidade numa fase inicial do combate, não hesitou em arrastar-se para o local onde o fogo In era mais intenso, por saber que naquela zona havia outros feridos que necessitavam de receber tratamento. Veio a ser atingido mortalmente quando prestava assistência aos seus camaradas.


Demonstrou excepcional espírito de abnegação e camaradagem, extraordinárias qualidades de coragem, sangue-frio, calma e serena energia debaixo de fogo, tornando-se credor do respeito e admiração dos seus camaradas e superiores e digno de ser apontado como exemplo." (CECA; 5.º Vol.; p. 310).



CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA


Para contextualização da ocorrência que esteve na base da condecoração do 1.º Cabo enfermeiro João Vieira de Melo, socorremo-nos das fontes oficiais (CECA, 6.º Vol.; p. 335), e da obra de Mário Leitão «Heróis Limianos da Guerra do Ultramar», onde consta:


"Em 13 de Fevereiro de 1966, domingo, realizou-se a «Operação Falcão II», que contou com forças da CCAV 1485 e alguns elementos da CCAV 1483 [26Out65-27Jul67; do Cap Cav José Olímpio Caiado Costa Gomes], com a missão de explorar notícias que referiam a existência de um acampamento na área de Cassum/Susana. Ao aproximarem-se da orla da mata de Cassum, o In desencadeou sobre as NT intenso tiroteio. As NT reagiram, mantendo-se nas posições durante 3 (três) horas, ao fim das quais o PVC deu ordem para retirar. Protegidas pela FA, as NT retrocederam, perseguidas ainda por alguns guerrilheiros. Foram causados ao In dois mortos e outras baixas prováveis. As NT sofreram dois mortos e seis feridos, três dos quais vieram a falecer posteriormente depois de terem sido heli-evacuados para o HM 241, em Bissau. No caso do João Vieira de Melo, este veio a falecer no HMP (Estrela, Lisboa) em 20Fev66. Era natural da Ribeira, uma das trinta e nove freguesias do Município de Ponte de Lima."

 


Como complemento da narrativa oficial, recuperámos o excelente trabalho de pesquisa biográfico, "dos quarenta e cinco rapazes limianos que morreram ao serviço de Portugal nos três teatros operacionais, para além de mais oito em território continental", dado à estampa pelo camarada Mário Leitão no livro acima identificado, onde é descrito o contexto da ocorrência em análise.


Da biografia referente ao 1.º Cabo João Vieira Melo, reproduzimos: 


[…] "Pouco antes de completar quatro meses de comissão, o 1.º Cabo Melo fez parte de dois grupos de combate que a sua unidade enviou para a "Operação Falcão II", iniciada nos primeiros minutos do dia 13 de Fevereiro de 1966, na área de Susana, onde o inimigo construíra um forte acampamento com abrigos contra morteiros e aviação, na orla de uma mata em Cassum. Um soldado atravessou o rio a nado transportando a corda que, uma vez esticada, serviria para a travessia do restante pessoal, que terminou às duas da manhã. Dessas forças faziam parte vários elementos da CCAV 1483. O numeroso grupo inimigo que os emboscou possuía um morteiro 82, uma ou duas metralhadoras pesadas e inúmeras pistolas-metralhadoras e espingardas automáticas, que causaram 5 mortos e 3 feridos às nossas tropas". […] 


"As nossas tropas aguentaram o combate durante três horas, esquivaram-se aos vários fogos de capim incendiado pelo IN, mas tiveram de retirar para proceder à evacuação dos feridos e porque grande número de armas estavam encravadas e o número de munições era reduzido. A ordem foi dada pelo PVC, e a Força Aérea assegurou a protecção, pois vários elementos In iniciaram a sua perseguição". […] (Op. cit., pp.142-143).


Segue o quadro das baixas em combate registadas durante a «Operação Falcão II». É de mencionar o facto de que os corpos dos dois primeiros nomes não puderam ser recuperados. (CECA; 8.º Vol.; pp 174-176).


Nota: Sobre este tema, consultar: P17180 e P17307.





3.8.1    - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 1485

= BISSAU - BINAR - BULA - INGORÉ - SUSANA - PELUNDO - BIAMBE - ENCHEIA


Mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 7 [RC 7], em Lisboa, para cumprir a sua missão ultramarina no CTIG, a Companhia de Cavalaria 1485 [CCAV 1485], independente, embarcou em Lisboa em 20 de Outubro de 1965, 4.ª feira, a bordo do N/M «NIASSA», sob o comando do Capitão de Cavalaria Luís Manuel Lemos Alves, tendo desembarcado em Bissau seis dias depois.


3.8.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 1485


Após a sua chegada, a CCAV 1485 ficou instalada em Bissau tendo sido atribuída ao BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos], a fim de substituir a CCAÇ 1419 [06Ago65-03Mai67; do Cap Mil Inf António dos Santos Alexandre] na segurança e protecção das instalações e das populações da área tendo, cumulativamente, destacada os seus Grs Comb, por períodos variáveis, para adaptação operacional e reforço das guarnições locais de Binar, Bula e Ingoré, e empenhamento em operações efectuadas no sector do BCAV 790.


Em 01Dez65, foi colocada em Bula em reforço do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], sendo deslocada em 05Dez65 para Susana, onde assumiu a responsabilidade de um subsector, criado por agravamento da situação na zona e retirado ao subsector de São Domingos, a fim de actuar na contra-penetração e interdição da fronteira norte (Senegal).


Entretanto, cedeu também dois Grs Comb para reforço das guarnições locais de Ingoré, de 08Dez65 a 08Ago66 [oito meses] e Pelundo, de 09Dez65 a 17Abr66 [quatro meses]. Em 15Abr66, o subsector temporário de Susana foi extinto, voltando a ser incluído no subsector de São Domingos, tendo os efectivos da subunidade sido deslocados para Bula, entre 11 e 17Abr66.


Em 18Abr66, a CCAV 1485 deslocou-se para Binar, a fim de tomar parte na «Operação Arranque» [20-21Abr66], com vista à ocupação e instalação em Biambe, de cujo subsector assumiu a responsabilidade em 20Abr66, continuando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 790.

 

Quanto à manobra desenvolvida pelas unidades participantes na ocupação de Biambe, e posterior instalação do respectivo aquartelamento, missão atribuída à CCAV 1485, creio que o livro de Manuel Costa Lobo, «Biambe e os Biambenses - História de um sítio em tempo de Guerra (1966/1974)» (capa ao lado), delas fará, certamente, referência (ainda que não o possa confirmar por não o ter lido).  

 

Em 31Ago66, a sua zona de acção foi alargada da área de Encheia, para onde, em 30Out66, foi destacado um Gr Comb, em substituição de idêntico efectivo da CCAÇ 816 [26Mai65-08Fev67; do Cap Inf Luís Fernando Gonçalves Riquito]. 


Em 06Jun67, a CCAV 1485 foi rendida, por troca, no subsector de Biambe pela CART 1688 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Damasceno Maurício Loureiro Borges], sendo colocada em Bissau, onde veio a substituir esta subunidade no dispositivo e manobra do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área. Em 25Jul67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAV 1748 [25Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf Emílio Augusto Pires], a fim de efectuar o embarque de regresso ao continente, viagem iniciada em 27Jul67 a bordo do N/M «UÍGE».

Continua…

► Fontes consultadas:


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).


Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).

Ø  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

04Nov2020

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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série >