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sábado, 14 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego




1. Início da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.





História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (1)

Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

O BCaç 2851, constituído por Cmd e CCS e pelas CCaç 2401 - 2402 e 2403, foi formado e preparado no RI1, sediado na Amadora, com os seguintes Oficiais Superiores e Capitães:

- Cmd
- Cmdt – Ten Cor César da Luz Mendes
- Of Info - Maj Bispo
- Of Op - Maj Martins
- Of Pes e Reab – Cap Bento
- CCS - Cap Gamelas
- CCaç 2401 - Cap Mil Maduro (Juiz de profissão)
- CCaç 2402 - Cap Vargas Cardoso
- CCaç 2403 – Cap Peixeiro


Paquete Uige


CCaç 2403 no Leste da Guiné

A 24 de Julho de 1968, aquando do embarque no Paquete Uige, a situação da CCaç 2403, em Oficiais, Sargentos e Praças era a seguinte:

- Oficiais: - o Cmdt, recém-promovido a Capitão, o Alf Mil Brandão, Cmdt do 2.º GComb, e o Alf Mil Tavares, Cmdt do 3.º GComb (este já em Bissau, a receber os materiais da Companhia).
Os Cmdts, nomeados, dos outros dois GComb, não embarcaram, um por motivos de saúde e o outro, Carvalho, natural de Angola, por deserção;

- Sargentos: 2.º Sarg Melo e 2.º Sarg Andrade (este último já em Bissau na recepção dos materiais); Vaguemestre, Transmissões, Enfermeiro e Mecânico, respectivamente, Furriéis Milºs Nelson Rodrigues, Oliveira, Viriato dos Santos e Eusébio Pires; e comandantes de Secção, por ordem alfabética, Furriéis Milºs Almeida, Braga, Brito, Lareiro, Lousada, Marques, Pereira, Rosa, Santos, Silva e Soares.

- Praças: 36 Cabos e 106 Soldados.

A viagem decorreu com mar calmo, sem acontecimentos dignos de registo e com chegada, cinco dias depois, 29 de Julho, a Bissau.


Último jantar a bordo. Na mesa do Imediato os Cmdts da CCaç 2401, CCaç2403 e CCaç 2405. Na outra mesa, de costas, o Cmdt da CCaç 2402

Logo que desembarcou, o BCaç 2851 foi completamente desmembrado: Cmd e CCS foram destinados a Mansabá; CCaç 2401 a Pirada; CCaç 2402 a Có e CCaç 2403 a Nova Lamego.

A CCaç 2403, sem camas, sem colchões e sem mosquiteiros ficou cerca de 10 dias em Bissau a receber materiais e instruções e a aguardar embarque para o destino.

Durante estes dias foi testar-se o armamento para a região de Prabis, um pouco a norte de Bissau e ai a Companhia teve a sua primeira baixa, temporária, devido a um fortíssimo ataque de abelhas. Vá lá saber-se porquê, investiram quase exclusivamente sobre o soldado Maneiras que teve de ser evacuado para o hospital onde permaneceu 4/5 dias.

Depois destes dias a alimentar os biliões de mosquitos de Bissau, a Companhia embarcou numa LDG, rumo a Bambadinca através do rio Geba. Da foz até à Ponta do Inglês, onde recebe o Corubal, o rio é tão largo que as suas margens mal se avistam uma da outra. Da ponta do Inglês à nascente transforma-se em gigantesca serpente em perpétuo movimento ziguezagueante. De doze em doze horas, ou seja duas vezes por dia, ingere tanta água e com tal sofreguidão que arrasta para o seu interior tudo o que nela flutua, incluindo embarcações e outras duas vezes por dia expele, em prolongado vómito, toda essa água ingerida nas seis horas anteriores. Por isso neste rio as embarcações só conseguem navegar em perfeita sincronia com estas fortes correntes, originadas pelo fluxo e refluxo das marés.

A forte corrente da enchente, cria uma onda que se desloca para montante como um enorme tapete rolante, chamado “Macaréu”, que se desenrola ao longo do rio, provocando um aumento instantâneo do caudal de muitos metros e contra o qual não é possível navegar.

Os militares da Companhia sentados no fundo da Lancha não colaboravam na respectiva segurança nem tinham autorização para espreitar para o exterior. Assim o In, quando via passar a Lancha, não sabia, naquele momento, que tipo de carga transportava. Na passagem por locais considerados mais perigosos eram os marinheiros da tripulação que ocupavam os postos de combate para sua defesa.

Cavalgando o “Macaréu”, a Lancha atracou em Bambadinca onde se procedeu ao desembarque do pessoal e descarga do respectivo material, no tempo estabelecido pelo Comandante, sem um minuto de tolerância, porque a navegação para juzante tinha que ser iniciada ao mesmo tempo da corrente da vazante.

Organizada a coluna com as viaturas disponíveis, iniciou-se a marcha para Nova Lamego onde se chegou já noite dentro.


Nova Lamego (Gabú)

Em Nova Lamego a Companhia ficou em instalações precárias, cedidas pela Administração, sem camas para as praças, que receberam colchões insufláveis os quais, algumas semanas depois, já não retinham o ar; estavam todos rotos. Ventoinhas não havia para ninguém.

A Companhia ficou de Intervenção ao Batalhão local, começando a efectuar patrulhamentos de 24 horas na zona, sempre com 2 GComb.

No dia 14 de Setembro quando o Fur Mec Eusébio procedia à reparação de uma máquina de fazer gelo, da Administração, o compressor desta rebentou, causando-lhe ferimentos de tal gravidade que não chegou a ser evacuado no avião que, mesmo de noite, se deslocou de Bissau para o efeito. Não tinham passado 2 meses desde que embarcara em Lisboa. Foi o primeiro morto da Companhia.

Ainda em Setembro a sua vaga foi preenchida pelo Fur Mec Pinto Mendes que, por sua vez, foi rendido em Maio de 69, quando terminou a comissão, pelo Fur Mec Fernandes.

(Continua)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8252: Tabanca Grande (281): Hilário Peixoto, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851 (Guiné 1968/70)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8252: Tabanca Grande (281): Hilário Peixeiro, Coronel Reformado, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851 (Guiné 1968/70)

1. Mensagem de Hilário Peixeiro, Coronel na situação de Reforma (ex-Capitão e Comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), com data de 7 de Maio de 2011:

Caros amigos da Tabanca
Cumprindo o pedido do Carlos junto envio as duas fotos que me pediu.

Sou Coronel reformado e, como complemento à minha vida militar, contida na história da CCaç 2403 que vos enviei, acrescento que depois da primeira comissão na Guiné iniciei a segunda em Maio de 1972 em Moçambique.

Ofereci-me para os Comandos donde saí a meu pedido e ingressei nos GEP (Grupos Especiais Pára-quedistas) depois de fazer o respectivo curso, regressando em Junho de 1974.

Fui colocado no Forte da Graça em Elvas onde estive até Setembro de 1977. Seguiu-se Santa Margarida, 2 anos, Casa de Reclusão de Elvas, Curso de Estado Maior e colocação no Estado Maior do Exército, Regimento de Elvas, Quartel General de Évora e Tribunal Militar de Elvas onde, aproveitando a chamada lei dos Coronéis, passei à situação de Reforma.

Um grande abraço, parabéns e obrigado pelo blogue e muitas felicidades
Hilário Peixeiro


2. Apresenta-se agora a série de contactos estabelecidos entre o Cor Hilário Peixeiro e o nosso Blogue:

i - No dia 30 de Novembro de 2011, Hilário deixou este comentário no Poste 857:

Caro Luís Graça
Permita-me passar a tratá-lo assim. Diga-me como entrar na Tabanca e lá estarei com todo o prazer.
Vou comunicar com outros elementos da CCaç 2403 para virem ter connosco.
Um forte abraço
Hilário Peixeiro


ii - No dia 1 de Dezembro de 2010, Hilário Peixeiro enviou esta mensagem ao Blogue:

Caro Luís
Quero entrar na Tabanca e necessito que me indique os procedimentos porque sou pouco mais que principiante nestas coisas de Internet e computadores.
Um abraço
Hilário Peixeiro


iii - No dia 2 de Dezembro de 2010 era enviada menagem de resposta ao nosso novo camarada:

Caro Cap Hilário Peixeiro
Incumbiu-me o Luís Graça de vir junto de si fazer o convite para aderir à nossa Tabanca Grande, Blogue onde os ex-combatentes da Guiné podem e devem deixar as suas memórias escritas e em imagens.
Porquê eu? Porque temos em comum o facto de termos passado por Mansabá e de, até certo ponto, me caber a missão de receber os camaradas que nos chegam.
Não sei se afirmou que esteve em Mansabá, mas presumi (inventei?) pelo facto de a CCAÇ 2403 ali ter terminado a sua comissão de serviço. Poderá ter deixado a Companhia antes. Vai esclarecer este ponto.

O que queremos do Cap Peixeiro?
Que aceite entrar para o nosso convívio, que nos envie uma foto actual e outra dos tempos de CCAÇ 2403, que nos diga algo sobre si, tal como quando foi para a Guiné, quando regressou, por onde andou nos entretantos, se acabou a sua carreira com posto superior, e tudo o que achar conveniente sabermos desde que não viole o seu limite de privacidade.
Se tiver uma pequena história de apresentação que nos queira contar, será óptimo, assim como uma ou outra foto daquelas que pareciam nunca mais irem ver a luz do dia.

Sou particularmente "guloso" por fotos de Mansabá, que vou publicando com a devida vénia aos seus autores, no Blogue da CART 2732 (http://cart2732.blogspot.com/), pelo que se tiver por aí alguma coisa, não se esqueça de mim. Pareço atrevido, mas não sou. Sem dúvida que 22 meses de permanência no mesmo sítio, marcam para sempre.

Voltando ao assunto principal, deve ver o lado esquerdo da nossa página, onde poderá ler as nossas normas de conduta e de convívio, o que pretendemos com o nosso Blogue, além de outras informações úteis.
Tem também os marcadores/descritores que o levará às pesquisas que pretenda fazer, por exemplo relacionadas com as CCAÇs do seu BCAÇ 2851.

Ficamos a aguardar as suas notícias e a sua integração na Tabanca.
Receba um abraço dos editores Luís Graça e Eduardo Magalhães.

Um especial abraço de camarada mansabense
Carlos Vinhal


iv - No dia 4 de Dezembro de 2010, o Coronel Hilário Peixeiro mandava-nos esta mensagem:

Caro Carlos
Muito em breve conto mandar para o Blogue a historia, naturalmente resumida, que a minha memória permitir reconstituir, dado que não tenho qualquer documento de consulta, da CCaç 2403.
Um abraço
H Peixeiro


v - Mais recentemente, em 5 de Maio de 2011, nova mensagem de Hilário Peixeiro:

Caro Luis
Quero entrar na Tabanca e necessito que me indique os procedimentos porque sou pouco mais que principiante nestas coisas de Internet e computadores.
Um abraço
Hilario Peixeiro


vi - Finalmente a última mensagem mandada ao ex-Cap Mil Hilário Peixeiro, ex-CMDT da CCAÇ 2403 em 6 de Maio de 2011:

Caro camarada Hilário Peixeiro
Há muito que esperávamos notícias suas.
Estou a responder-lhe em vez do Luís porque no Blogue sou uma espécie de relações públicas, tendo como missão receber os camaradas que se nos dirigem ou querem fazer parte da nossa Tabanca.

Tenho um prazer especial em recebê-lo, porque a minha Companhia, a CART 2732, foi substituir a sua a Mansabá, embora na altura que comandava a CCAÇ 2403 fosse o Cap Carreto Maia que acabou a comissão a comandar a CART 2732.

Como forma de se apresentar, enviará por favor uma foto actual e outra militar (talvez do tempo da Guiné), de preferência tipo passe em formato JPEG. Ao que suponho será militar de carreira pelo que fará como melhor entender. Estas fotos encimarão os seus trabalhos a publicar no Blogue.
Poderá fazer um resumo do seu percurso militar, falar da 2403 e dos locais por onde andou. Gostávamos de saber o seu posto actual e se fez outras comissões. Tudo o que nos disser que não interfira com a sua privacidade e com o facto de ser militar do QP, poderá ser útil para o conhecermos melhor.

No lado esquerdo da nossa página poderá inteirar-se dos nossos objectivos e das nossas normas de conduta que são seguidas quase religiosamente para mantermos o blogue inalterável quanto ao fim para que foi criado.

Agradeço-lhe o facto de se querer juntar a nós.

A sua correspondência deve ser enviada para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para mim, seu eventual editor, carlos.vinhal@gmail.com

Fico disponível para qualquer esclarecimento adicional.

Deixo-lhe um abraço fraterno
O camarada e amigo
Carlos Vinhal


2. Comentário de CV:

Caro Coronel
Muito obrigado por se juntar a nós.
Depois desta troca de correspondência está finalmente apresentado à tertúlia.
Não me disse se ainda comandou a sua Companhia em Mansabá, terra quente em clima e fogo IN.
Conheci o Capitão Carreto Maia que "herdámos" da "2403" e nos comandou até ao fim da sua comissão.

Diz a determinada altura da sua correspondência ter enviado para o Blogue a história da "2403". Não sei se esta afirmação é literal pois não me apercebi de que o tivesse feito. Se puder confirmar, agradecemos, porque eu pessoalmente gostaria de conhecer melhor as peripécias da Unidade que substituímos em Mansabá.

Fazendo parte da nossa Tabanca, tem a possibilidade de, rebuscando as suas memórias, escrever sobre a sua experiência enquanto combatente na Guiné, que tinha ainda por cima a responsabilidade de comandar uma Companhia operacional. Claro que compreendemos os condicionalismos a que está sujeito como Oficial do QP, mas há sempre histórias que não comprometem.
Felizmente temos entre a tertúlia alguns camaradas do QP dos três Ramos das Forças Armadas, Oficiais Superiores, e até um Oficial General, que nos deliciam com as suas histórias, quando não sérias, bem humoradas. Como eu costumo dizer, o Blogue não vive só da pólvora, porque na Guiné, fizemos a guerra, praticámos o bem junto das populações, tivemos muitos momentos bons e deixámos inúmeros amigos que hoje nos recebem como irmãos.

Caro Coronel Hilário Peixeiro, a terminar quero deixar-lhe um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores, e esperar que se sinta na Tabanca como em casa.

Um abraço especial de quem ainda conviveu com a sua CCAÇ
Carlos Vinhal

OBS:- Não se esqueça da sua promessa. Traga-nos esses valentes da CCAÇ 2403.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7356: O Nosso Livro de Visitas (104): Hilário Peixeiro, ex-Cap Inf da CCAÇ 2403 (Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato, Mansabá e Bissau)

Vd. último poste da série de 8 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8244: Tabanca Grande (280): Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897 (Mansoa, Mansabá, Olossato, 1966/68)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6858: Em busca de... (139): Fur Mil Enf Carlos Alberto e outros camaradas da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe e Nhala, 1969/70 (Armando Pires)

1. Mensagem de Armando Pires, ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70, com data de 16 de Agosto de 2010:

Meu Caro Carlos
Camarada
Através do mural da nossa Tabanca são já muitos os que tenho encontrado, ou que me têm encontrado a mim.

Grandes momentos, esses.

Foi por aqui, nomeadamente, que resolvi o enigma do crachá dos "coriscos" que trazia ao peito.

Tu próprio, Vinhal, me "apresentaste" o Rebola, um corisco que, primeiro desconfiado, mas depois, perante o santo e a senha do blogue, me levou de volta a Bissorã onde ele, terminadas as bingalhadas de sábado, dedilhava a viola para eu lançar uns cantos ao fado e me iniciou na condução de uma motorizada que ele comprara em Bissau.

Pois foi este mesmo Rebola que agora me enviou um par de fotos perguntando se eu dali identificava algum gajo.

Claro que identifiquei.
O Carlos Alberto, Furriel Miliciano Enfermeiro da CCAÇ 2464, companhia do meu Batalhão, o 2861.

A CCAÇ 2464, nos anos de 69/70, operou no Biambe e em, Nhala.
Era comandada pelo Cap. Pratas.

E vem tudo isto para eu te pedir que ponhas no nosso mural este apelo:

PROCURA-SE ALGUÉM DA CCAÇ 2464, BIAMBE E NHALA, 1969/70 OU ALGUÉM QUE CONHEÇA ALGUM DOS CAMARADAS DA MESMA COMPANHIA.

O objectivo é não apenas poder reencontrar o Carlos Alberto, mas também poder oferecer-lhe a foto dele com o Rebola.

Um muito obrigado a todos e a ti, Carlos Vinhal, em particular.
Armando Pires
armandofpires@gmail.com
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6536: Em busca de... (136): O nome desta ave e identificação desta estrada (Armando Pires)

Vd. último poste da série de 5 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6830: Em busca de... (138): Procuro o ex-Fur Mil Carvalho ferido numa emboscada, em meados de 1965 no Gabú (Rogério Cardoso)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6158: Parabéns a você (107): António Pimentel (ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS do BCCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70 (Os editores)

»+» F*E*L*I*Z...A*N*I*V*E*R*S*Á*R*I*O «+«

1. Festeja hoje mais um aniversário o nosso Camarada António Pimentel, cliente habitual da Tabanca de Matosinhos, e que foi Alf Mil Op Esp/RANGER na CCS do BCCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70.


2. Foram infrutíferas as buscas no blogue, sobre notícias do Pimentel, pelo que é de crer que ele, até ao dia de hoje, nunca se nos apresentou “formalmente”.
Esse motivo não impede que lhe dediquemos, neste dia de aniversário, uma mensagem.




António Pimentel/João Rocha > Dois Alf Mil Op Esp/RANGER do BCCAÇ 2851 > Uma parelha indissociável > Foram parelha em Lamego. Foram parelha na Guiné. Continuam a ser uma parelha na Tabanca de Matosinhos,  todas as 4ª feiras. Inseparáveis!

3. Como vem sendo habitual, sempre que me toca a mim – MR -, publicar estes postes aniversariantes, para melhor tentarmos avaliar o perfil do António Pimentel, recorri mais uma vez à consulta do seu signo de zodíaco – Carneiro -, para nativos entre 21/03 e 20/04, num site que se tem vindo a tornar muito popular nesta matéria e ao qual se tem acesso através do endereço: KAZULO (http://horoscopo.kazulo.pt/4866/signos-do-zodiaco.htm), que diz textualmente o seguinte:

Carneiro
21/03 a 20/04


Com os nativos de Carneiro e os que o têm com ascendente, a primeira impressão é a de uma pessoa egocêntrica e de um signo independente, assertivo e impulsivo.
Os Carneiros não perdem tempo e quando tomam uma decisão, agem sobre ela de forma habitualmente rápida.
São energéticos e excelentes lideres mas nem sempre o melhor «seguidor». São óptimos a iniciar as coisas mas deixam-nas frequentemente para um dos signos fixos acabar. Altamente competitivos, gostam de se colocar à prova constantemente.
Apesar de governados por Marte e bastante temperamentais, a fúria é passageira e são em regra acolhedores e inspiradores.
Apresentam qualidades como a coragem e lealdade mas também a impaciência e têm um forte sentido de individualidade. Atraem e realçam estas qualidades também nos outros e o dia de um nativo de Carneiro começa normalmente com um entusiástico estrondo. Aparentam uma certa ingenuidade, por confiarem e acreditarem que os outros são tão directos e honestos como eles.
Marte na primeira casa astrológica influência a personalidade de forma similar. A frase chave para nativos de Carneiro é «eu sou».
Com ascendente de Carneiro, as atracções viram-se para Balanças, governado na sétima casa, a dos parceiros.
Carneiro é um dos quatro signos Cardeais, por estar ligado à mudança de estação e do solstício, tendo como elemento o Fogo.
Anjo: O Arcanjo Cassiel é o protector dos nativos do Signo Carneiro. Cassiel é chamado Anjo Guerreiro e aqueles que nascem sob a sua influência são pessoas criativas, destemidas e determinadas.
Líderes natos, gostam de ocupar cargos de chefia e de desempenhar funções de elevada responsabilidade. Possuidores de um carisma e encanto naturais, são amados por todos e até mesmo as suas atitudes irreflectidas são perdoadas e encaradas como uma encantadora particularidade da sua personalidade.
O Arcanjo Cassiel desenvolve a coragem e a imaginação. Ajuda a moderar a ambição, o espírito de competição e o egocentrismo.
4. Independentemente das mensagens e comentários que os nossos Camaradas enviarem e colocarem, futuramente, no local reservado aos mesmos, neste poste, queremos em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Magalhães Ribeiro e demais Camaradas da Grande Tabanca que por vários motivos não puderem enviar as suas mensagens, cantar-te a seguinte cantiguinha muito tradicional:

PARABÉNS A VOCÊ,
NESTA DATA QUERIDA,
MUITAS FELICIDADES,
MUITOS ANOS DE VIDA,
HOJE É DIA DE FESTA,
CANTAM AS NOSSAS ALMAS,
PARA O AMIGO TONINHO,
UMA SALVA DE PALMAS!
E mais acrescentamos:

O nosso maior desejo, neste teu aniversário, é que junto da tua querida família sejas muito feliz e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.
E mais te desejamos, que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos da Guiné te possa dedicar mensagens idênticas, às que hoje lerás neste teu poste e no cantinho reservado aos comentários.
Estes são os mais sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, que como tu, um dia, carregaram uma G3 por matas e bolanhas da Guiné.
Com manga de abraços fraternos... manga deles mesmo!

5. Comentário (tardio) do L.G.:

O Pimentel é um bom e leal amigo e camarada da primeira hora do blogue. É um português que ama a Guiné e o seu povo. É um homem solidário. Participou inclusive no 1º Encontro, realizado na Ameira, Montemor-O-Novo, em 14 de Outubro de 2006. E fez inclusive uma intervenção, a propósito das perspectivas de desenvolvimento do blogue que ia no sentido na abertura da estrada da solidariedade. Sintetizei a sua ideia nestes termos:

"Haveria um crescente número de ex-combatentes que amaram e continuam a a Guiné e o seu povo, dispostos a ajudar, de maneira efectiva, concreta e solidária, o desenvolvimento daquele país, sendo importante para esse efeito canalizar essas ajudas (financeiras ou outras) para uma organização não-governamental (ONG) que seja credível (António Pimentel)".

Tenho convivido com ele, nomeadamente na Tabanca de Matosinhos. Mas também já estivemos na Guiné-Bissau, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). Aí descobri a sua faceta de grande dançarino...

Um grande Alfa Bravo para este "homem grande" da Figueira da Foz, há muito radicado no Porto.

PS - António, continuo a ser fã do restaurante "Carrossel", na Cova-Gala, na margem sul do Mondego... Gosto de lá ir sempre que posso e passo pela Figueira... Foi uma preciosa sugestão tua, tirada do teu vasto conhecimento do nosso rico roteiro gastronómico...


____________
Nota de M.R.:

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande
Tínhamos marcado encontro às 11h15, frente ao Portão do Forte do Bom Sucesso, ali em Belém, junto ao Monumento aos Mortos do Ultramar... Neste pequeno vídeo, vemos e ouvimos a passagem de três helicópteros que, quase magicamente, nos fazem transportar para o cenário da guerra da Guiné...

Estes sons ainda hoje mexem connosco: havia o do helicanhão, que nos tranquilizava, nos aliava o stresse do combate; e havia os dos helis que vinham fazer evacuações Ypsilon... (in)confidências: Se não tivesse sido piloto de Fiat G-91, o Miguel Pessoa, aqui ao lado, queria ser piloto de helicanhão...

Estes sons são também familiares às nossas duas enfermeiras pára-quedistas, Giselda e Piedade... No vídeo ainda se vê o nosso camarada António Pimentel, da Tabanca de Matosinhos, e que esteve na Guiné, na CCS/BCAÇ 2851 (Mansabá, 1968/70)

Vídeo (26''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados

domingo, 12 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3301: História da CCAÇ 2402: Em Mansabá não se passava nada...(João Bonifácio)

Ataque a Mansabá em 03 Abril de 1969


1. Mensagem do João Bonifácio, membro da nossa Tabanca Grande, que vive no Canadá:

Olá Luís.


Desculpa o incómodo. Achei que devia enviar uma nota acerca da narrativa do Raul Albino (*), e enviei um e-mail para o nosso camarada Carlos Vinhal, mas veio devolvido. Foi por isso que decidi enviar o mesmo à tua atenção para revisão e publicação se achares que a minha nota tem algum interesse.

O Raul mencionou que o Cap Vargas Cardoso não gostava do modo "abandalhado" como a guerra era vivida em Mansabá. Também eu tive a prova disso, lamentavelmente.


Um grande abraço e "Have a good weekend".

João G. Bonifácio
Ex-Fur Mil do SAM
CCaç 2402/BCaç 2851
Guiné 1968/70

_______

Histórias da CCaç 2402

por João Bonifácio
Ex-Fur Mil do S.A.M.
CCaç 2402/BCaç 2851
Có - Mansabá - Olossato
1968/70



Caro Amigo.

Os meus melhores cumprimentos. De vez em quando visito esta Tabanca para ver o que há de novo e para aprender sobre tudo o que passou há tantos anos e quando éramos ainda uns jovens.

A narrativa do meu amigo e ex-alf mil Raul Albino, pelo que me lembro, corresponde à verdade do que se passou nessa noite (*).

Apenas um pormenor escapa, mas não é de admirar, pois viver em Mansabá era tarefa simples para um militar, que como eu, ficou sem fazer nada. Contudo, desejo dizer-lhes que na noite do ataque a Mansabá, relatado pelo Raul Albino, para minha infelicidade, eu estava de sargento de dia à CCAÇ 2402.

Como sempre fui um militar que se preocupava com os detalhes de tudo, decidi numa das rondas aos postos de Mansabá, fiscalizar e verificar o estado das armas e munições que ali se encontravam. Esta ronda era feita com uma viatura de transporte pequena pois a área a cobrir era imensa, para ser feita pelo lado de fora dos postos.

Nesse dia verifiquei que nenhuma das armas estava limpa, bem pelo contrário, podiam ver-se mostras de alguma corrosão, e as munições para além de não estarem devidamente colocadas nas caixas (havia munições pelo chão que até nos deixou sem fala), mas as que estavam nas armas estavam já cheias de verdete.
Enfim, como era minha norma dei conhecimento e até falei com o Sargento de Material de Guerra da minha companhia acerca do assunto, e compreensivelmente, nada foi feito, pois a nossa posição era, para além da protecção das obras da estrada mencionada pelo Raul, a de esperar que nos mandassem para outro lado.
Foi um tempo difícil de passar pois os especialistas da formação ficaram sem nada para fazer.

Voltando à ronda que fiz em Mansabá e esta já por volta da 10 da noite, tudo correu normalmente até que eu e o condutor percorríamos o trajecto do lado da pista. Foi nessa altura que senti um arrepio de frio, pois pareceu-me ouvir barulho não muito longe. Ordenei ao condutor para desligar os faróis e regressar ao interior do quartel. Lembro-me de ter falado com alguns militares, mas fiquei apenas frustrado porque nada se fazia.

Uns diziam que nada se passava em Mansabá. Ouvi que eu estava a ver coisas a mais, etc. Mas o que mais me feriu foi o facto de me dizerem "Oh João, afinal o que é que percebes destas coisas, se o teu papel é dentro do arame farpado?"



Mansabá . Alguns dos feridos esperando evacuação para Bissau. Foto de Raul Albino (?).

Pois é. O resto já o Raul mencionou. Sei dos muitos feridos na minha companhia, muitos porque na sua fuga para os locais estabelecidos, e como estavam deitados e descalços, acabaram por se cortar com os vidros das garrafas de cerveja, que eu notei logo que cheguei a Mansabá.

Este quartel até não era mau, mas estava "abandalhado" , pois ninguém passava cartão a nada.
Deste dia que não esqueço, apenas lamento, que as minhas suspeitas não tivessem sido consideradas.

Se fosse a CCaç 2402 a operar e conhecendo o Cap. Vargas Cardoso, tenho a certeza de que as armas e munições estariam em perfeita condição, assim como a situação que mencionei durante uma ronda à noite, tinha sido investigada. Assim não foi, e agora apenas podemos contar a história.

Obrigado por me terem permitido este anexo para a história de Mansabá e da CC2402, e também ao Raul Albino pela sua magnifica narrativa.

Um abraço amigo.

João G. Bonifácio
___________

2. Nota de vb:

- Gratos pelo teu apontamento à História da CCaç 2402. Recebe um abraço dos teus Camaradas.

sábado, 30 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3156: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (13): Actividade da CCAÇ 2402 em Mansabá

1. Mensagem do nosso camarada Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, (, Mansabá e Olossato, 1968/70) com data de 29 de Agosto de 2008.

Junto envio o último texto seleccionado sobre a estadia da CCAÇ 2402 em Mansabá.
Já dá para ver o ambiente que se vivia na época.

Um abraço e um bom fim de semana,
Raul Albino



2. A actividade da CCAÇ 2402 em Mansabá

Por Raúl Albino

A actividade principal da CCAÇ 2402 junto ao BCAÇ 2851 em Mansabá consistia na protecção à capinagem e desmatação, efectuada por trabalhadores nativos, para preparar o terreno para a construção de estradas alcatroadas. Essa actividade, que já vinha de Có, viria a prolongar-se durante a estadia da companhia no Olossato, última etapa da nossa comissão na Guiné.

Mas falemos agora neste período em Mansabá. Além do enorme ataque que sofremos logo no início da minha permanência nesta localidade, sede do Batalhão, a nossa principal senão única actividade na zona, foi precisamente a de protecção aos trabalhos de desmatação efectuados por trabalhadores nativos, como fase primeira antes do avanço das máquinas da Engenharia para romperem os caminhos e procederem ao alcatroar das vias, composto por várias fases, que em si também precisavam de protecção.

Máquina do Batalhão de Engenharia para romper estradas

Foto e legenda © Raúl Albino (2008). Direitos reservados.


A partir desta necessidade, todos os dias pela manhã, vários Grupos de Combate se deslocavam para o ponto em que no dia anterior tinham terminado os trabalhos, para dar seguimento à obra em curso. Ao anoitecer, maquinaria e tropas faziam o caminho inverso em direcção ao quartel para o merecido descanso. Esta descrição parece uma rotina de actividades sem nada de interessante a acontecer, não fosse a particularidade de o nosso inimigo também ter uma rotina conjugada com a nossa e que consistia em esperar que as nossas tropas regressassem ao quartel para, senhores do terreno, aí implantarem um autêntico jardim de minas e armadilhas, especialmente anti-pessoais, com a intenção de desmoralizar as tropas e trabalhadores nativos e assim atrasar a obra. No dia seguinte, perdia-se um tempo enorme a picar a estrada e as áreas periféricas, para levantar ou neutralizar as minas e tudo o que pusesse em risco a integridade dos trabalhadores, militares ou nativos. Todos os dias esta rotina se mantinha, de noite eles semeavam, de manhã nós colhíamos. Isto seria interessante se, volta não volta, não houvesse uma mina ou outra que rebentava, causando mortos ou feridos, tornando grande parte deles incapacitados por amputação de pernas.

O terceiro Grupo de Combate da CCAÇ 2402, que eu comandava, tinha a rara característica de reunir no seu conjunto três especialistas em Minas e Armadilhas, eu próprio, o Furriel Maia e o Furriel Godinho. Em toda a restante companhia só haviam mais dois elementos com esta especialidade, o Alferes Silva e outro furriel do qual não me recordo o nome, um em cada grupo ficando ainda um grupo sem qualquer especialista. Cada mina levantada ou arma apreendida ao inimigo tinha um prémio atribuído pelo Comando. Neste momento só me recordo que uma mina anti-pessoal valia quinhentos escudos e uma anti-carro, salvo erro, dois mil escudos. Devido a esta concentração de recursos e do grande número de contactos com o inimigo que o meu grupo teve, estimei no fim da comissão, que cerca de 80 a 90% dos prémios da Companhia por este tipo de materiais, foram atribuídos ao meu grupo e por todos distribuído. Há que esclarecer uma coisa, os prémios eram atribuídos a pessoas individualmente, mas desde o início que ficou estabelecido entre nós que estes prémios seriam para distribuir pelo pessoal do grupo. A razão que eu tive para estabelecer esta regra é muito simples: Alguém acha que há algum prémio, tenha ele o valor que tiver, que pague o risco de vida de quem tinha, por imposição da sua especialidade militar, de levantar minas para protecção da vida dos seus colegas de armas? Nem pensar! Se ficasse com algum dinheiro para mim, não ia ficar bem com a minha consciência, daí que esta foi a melhor solução que encontrei para o dinheiro não ficar no bolso de alguém que não tinha o mínimo direito a ele e esse seria decerto o seu destino, se eu pura e simplesmente o rejeitasse.

Quem me esteja a ler, pensará que o pecúlio monetário do meu grupo cresceu exponencialmente neste paraíso de minas onde nos encontrávamos nesta altura. Completamente errado, julgo mesmo que este local pouco ou nada contribuiu para esse mealheiro, por uma razão muito simples que se alguém se pusesse a adivinhar, dificilmente o conseguiria. É que todas as manhãs, acompanhando a picagem feita pelos militares, um grupo enorme dos trabalhadores nativos iam, na frente dos militares, imitando os seus gestos, e detectando a grande maioria das minas, levantando-as rapidamente sem qualquer tipo de cuidado e vindo a gritar com elas nas mãos:

- Meu alfero, apanhei uma! - para que ficasse registada em seu nome e poder mais tarde levantar o prémio. É que, infelizmente para eles, quinhentos escudos valia bem o risco de vida. Além destes especialistas de pé descalço, havia também pelotões de sapadores, estes sim, especializados na detecção e levantamento de minas.

Era óbvio que este ritmo tremendo de stress não podia continuar, as tropas existentes não podiam dar mais, estavam arrasadas, no entanto, a única solução era vigiar o local vinte e quatro horas por dia para tentar quebrar este ciclo diabólico. Como as tropas que possuíamos eram insuficientes, recebeu-se o reforço de uma Companhia de Pára-quedistas, tropas especialmente vocacionadas para operações especiais. As operações especiais na Guiné, tinham normalmente a característica de serem intensas, perigosas e curtas. Ora a actividade que se passou a pedir a estas tropas foi a de reforçar os nossos grupos de combate, de forma a permitir a presença permanente de vigilância no local dos trabalhos, de dia e de noite. No entanto as máquinas da engenharia e os nativos tinham de regressar ao anoitecer e voltar de madrugada, obrigando a executar muitos dos procedimentos de picagem que já se faziam anteriormente.

A história que lhes vou contar a seguir, narro-a na forma como eu a registei e analisei através dos relatos que consegui captar de várias fontes. No entanto verifiquei recentemente que alguns militares meus ex-colegas de armas, têm algumas versões ligeiramente diferentes da minha, não no essencial mas de pormenor, daí a minha ressalva prévia.

Houve ainda alguns ataques do inimigo às tropas de protecção da zona, pelo menos dois ou três enquanto lá estive, usando essencialmente tiro de morteiro, lança-granadas foguete e armas automáticas. Mas o que verdadeiramente perturbou estas tropas especiais foi a constante insegurança de todos os dias terem de percorrer trilhos que por regra se encontravam minados. É curioso como o desconhecimento do terreno que se pisa pode causar um estado de espírito de pânico. Foi isso precisamente o que aconteceu. Um belo dia, o Alferes Sapador do Batalhão regressou ao quartel, alarmado, dizendo que um determinado local estava completamente minado e não se podia lá andar. Este desabafo foi feito ao comando do batalhão e o major/2.º Comandante que o ouviu, teve, no meu ponto de vista, a única reacção aconselhada militarmente para esta situação. Depois de o ouvir atentamente, tentou acalmá-lo e ofereceu-se pessoalmente para se deslocar ao local para confirmar as afirmações que o seu sub-alterno alferes lhe estava a fazer. Pensando na lei das probabilidades, o major iria ao local normalmente, acalmaria o alferes e dir-lhe-ia algo como:

- Estás a ver, a coisa não é assim tão dramática como a viste, vamos tentar limpar a área de algumas minas que eventualmente estejam por aí e o local ficará seguro novamente!

Só que desta vez não foi assim, a sorte estava lançada e não era para o lado do major. Contou quem lá esteve que ele acabou mesmo por pisar uma mina anti-pessoal, ficando sem um pé, acabando por ser evacuado para o Hospital Militar. O acidente veio a dar razão ao sentimento de pânico que o alferes sentiu. O rebentamento desta mina fez também dois feridos ligeiros, um deles era Oficial. No relatório oficial do Batalhão indicava que tinham sido levantadas nesse dia 18 minas anti-pessoal. Este acontecimento ocorreu em 8 de Abril de 1969, tendo-se apresentado três dias antes em Mansabá o Pelotão de Sapadores do BCAÇ 1911 com o fim de reforçar as nossas tropas empenhadas na detecção e levantamento de minas, na zona de trabalhos da estrada Mansabá/Farim.

No dia seguinte, 9 de Abril de 1969, nova flagelação do IN à zona de obras causando 8 feridos ligeiros (2 civis). Consequência: chegada de reforço nesse dia do PEL SAP/BCAÇ 1912 e PEL SAP/BCAÇ 2861 que passaram a ter missão idêntica ao PEL SAP/BCAÇ1911, chegado poucos dias atrás.

A 10 de Abril de 1969, a Companhia de Caçadores 2402 a três Grupos de Combate parte para o Olossato, deixando o 3.º Grupo de Combate em Mansabá de reforço ao COP-6 (recém criado), cujo comando foi assumido em 13 de Abril de 69 pelo Ten Cor Pára-quedista Fausto Marques. Na véspera tinha chegado o reforço de uma Companhia de Caçadores Pára-quedista, a 122. Foi no meio disto tudo que eu fiquei, triste e abandonado, deitando contas à vida e sentindo-me cada vez mais insignificante, numa guerra que não tinha encomendado.

Raul Albino

Foto 1 > Troço da estrada Mansabá/K3/Farim que tanto suor e sangue custou a militares e civis que participaram na sua construção.

Foto 2 > Destacamento provisório do Bironque para parque das máquinas da Engenharia utilizadas na construção da estrada

Foto 3 > Instantâneo, real, de uma intervenção de um especialista em Minas e Armadilhas, manuseando uma mina AP AUPS.

Foto 4 > Estrada Mansabá/K3/Farim > Mina AC de origem soviética, levantada no Bironque em 3 de Dezembro de 1971

Fotos e legendas © Carlos Vinhal (2008). Direitos reservados.


3. Comentário de CV

Peço desculpa aos demais camaradas e leitores do nosso Blogue, mas não posso deixar de aproveitar o previlégio de ser co-editor para fazer este comentário visível.

É que ao transcrever este trabalho do nosso camarada, fiquei convencido que a estória era minha. Parece que o Raúl Albino não está a escrever o que se passou com ele e com a CCAÇ 2402, mas sim o que se passou comigo e com a CART 2732.

No tempo do Raúl a estrada alcatroada ficou no Bironque e nós continuámo-la até ao K3, sendo as situação descritas por ele as mesmas. Pessoalmente tive a sorte de nunca ter de intervir no levantamento das inúmeras minas que eram semeadas diariamente nos locais de trabalho, porque tínhamos permanente equipas de Sapadores para o efeito.

A mesma rotina diária da saída pelas 5 horas da madrugada com uma bucha de pão no bolso e regresso às 17 horas para almoçar (?), seguido do jantar às 19.

Emboscadas frequentes, tanto nas deslocações de e para a zona dos trabalhos, como nos próprios locais e, à noite para complemento, ataques não raros ao quartel de Mansabá.

Obrigado Raul por contares por mim a nossa estória comum.
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Nota de CV

Vd. último poste da série de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

domingo, 24 de agosto de 2008

Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

1. No dia 22 de Agosto de 2008, recebemos uma mensagem do nosso camarada Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, (, Mansabá e Olossato, 1968/70), com mais uma história da sua CCAÇ 2402 (*).

Caro Vinhal,
Julgo que ainda estás de serviço enquando os outros editores gozam merecidas férias.
Aqui vai mais um artigo em tempo de férias, este relacionado com a nossa Mansabá.

Um abraço,
Raul Albino


Ataque a Mansabá

Por Raúl Albino

Em 3 de Abril de 1969, um grupo inimigo estimado em cerca de 100 elementos, atacaram Mansabá de diversas direcções com Canhão sem recuo, Morteiro 82, Lança Granadas Foguete, Metralhadoras Pesadas, Metralhadoras Ligeiras e outras armas automáticas.

O ataque começou cerca das 23,15 horas e durou 45 minutos. As nossas tropas (ao nível do Batalhão) sofreram 1 morto, 10 feridos graves e 23 feridos ligeiros. Segundo o relatório da nossa Companhia, pertencer-nos-ia 3 feridos graves evacuados para o Hospital Militar 241, tendo posteriormente um dos feridos sido evacuado definitivamente para o HMP de Lisboa, além de 16 feridos ligeiros. A população sofreu 7 mortos, 12 feridos graves e 19 feridos ligeiros.

Foto 1 > Mansabá > Alguns dos feridos esperando evacuação para Bissau

Foram atingidos pelo impacto de granadas, 3 casernas, o edifício do Comando, o Posto de Rádio, a padaria, a cozinha, os balneários das Praças, a Messe de Sargentos, a residência dos Oficiais, o edifício da Administração, o depósito de água, um posto abrigo e a pista de aviões, tendo sido ainda atingidas 4 viaturas.

Foto 2 > Mansabá > Pode ver-se as marcas do impacto das munições na parede

Foto 3 > Mansabá > Um dos edifícios atingidos

Pelo fogo e manobra das tropas, o inimigo furtou-se ao contacto. Pela batida e informações posteriores constou-se que o inimigo empregou no ataque cerca de 6 Canhões sem recúo, 6 Morteiros 82 e vários Lança granadas foguete, Metralhadoras Pesadas e Ligeiras.

O BCAÇ 2851 era a Unidade responsável pelo Sub-Sector. A CCAÇ 2402 colaborou na defesa e reacção ao ataque com algumas limitações. É que o 3.º grupo de combate – que eu comandava – e o 2.º grupo de combate, tinham chegado a Mansabá dois dias atrás. Pelo meu lado e falando por mim, o sentimento que tive neste dia foi de frustração, pois não conhecia o sistema de defesa do quartel, não sabia para onde me dirigir quando o ataque estalou, restando-me procurar abrigo atrás de um pequeno muro que se estendia frente aos dormitórios.

A sensação principal que perdura na minha memória foi a da perfeita inutilidade da minha presença. Nunca tinha sentido isto antes nem voltei a sentir depois, porque em todos os inúmeros contactos que tivemos ao longo da comissão, sempre estiveram bem definidos os nossos objectivos e missões a cumprir, não dando lugar a situações de indefinição. Esta foi a excepção e, por essa razão, a minha narrativa deste evento é tão limitada. Resta-me referenciar as narrativas daqueles que assistiram a alguns acontecimentos, por se encontrarem nos próprios locais.

Foto 4 > Mansabá > Final da pista de aviação


Foto 5 > Mansabá > Um DO na zona de estacionamento das aeronaves


Fotos © Raul Albino (2008). Direitos reservados.
Legendas da responsabilidade do editor.


O número de feridos deste combate foi elevado, movimentando um grande número de helicópteros e aviões na pista de aterragem, para procederem à evacuação para Bissau dos elementos em estado mais grave, tanto das nossas tropas como da população. As fotografias acima dão uma imagem dessa situação de emergência.

O que acima foi descrito não passa de um relato sintético pelas razões que expus. Neste momento já possuo a narrativa do nosso comandante de então, o Cap Vargas Cardoso, que por coincidência desempenhava nesse dia a função de Oficial de Dia ao aquartelamento. Segundo as suas palavras ele sempre se mostrou muito crítico quanto à forma como o comando conduzia a sua actividade na sua área de jurisdição. Assemelhava-se a uma guerra programada que abria ao nascer do sol e encerrava a meio da tarde, coincidindo com o horário dos trabalhos de construção da estrada Mansabá/Farim, principal objectivo do BCAÇ 2851 naquela zona. O patrulhamento dos arredores do quartel estaria reduzido ao mínimo, só assim sendo possível que o inimigo tivesse conseguido instalar tamanho poder de fogo nas redondezas. Não estando autorizado para transcrever os seus textos, resta-me informar que ele participou activamente na defesa e resposta ao fogo do inimigo, contribuindo para a sua retirada.

No dia seguinte o General Spínola com alguns oficiais do Q.G. apresentaram-se em Mansabá para indagar dos factos ocorridos na véspera. Terá ouvido as exposições do Oficial de Dia e do Comandante de Batalhão, decidindo retirar-lhe o comando e enviá-lo para o Q.G. em Bissau. Que belo castigo, pensei eu na altura.

Recordo-me que nesse dia algo me pareceu estranho e não me agradou e que consistiu no seguinte: as instalações onde os oficiais dormiam e possivelmente também os sargentos, eram constituídas por uma fileira de pequenas moradias geminadas tipo bairro económico, tendo na sua frente um muro a todo o comprimento com cerca de 80 centímetros de altura (se a memória não me falha) onde me abriguei no momento do ataque. Na ponta dessa correnteza de casas ficava a que estava distribuída ao Comandante do Batalhão e possivelmente a mais algum Oficial Superior. Reparei nisso porque era ostensiva a muralha protectora dessas instalações, composta de bidões cheios de terra e chapas abertas de reforço, entre outros materiais, demonstrando ao inimigo que alguém importante ali se recolhia em pleno contraste com todas as outras moradias a ela ligadas. Já tendo conhecimento da opinião do Gen Spínola, pelas suas visitas a Có, sobre tudo o que se parecesse com bunkers, neste caso discriminatórios, previ que ele não iria gostar do que estava à vista, como eu também não gostei. Segundo me constou ele era um entusiasta das valas a céu aberto, coisa que a mim não me entusiasmava minimamente, apesar de compreender perfeitamente o seu ponto de vista.

No meu caso pessoal é interessante compreender qual foi o meu estado de espírito neste período de permanência em Mansabá. Vinha de Có, localidade sob a responsabilidade da CCAÇ 2402, onde toda a logística nos pertencia. O meu grupo chegou duas semanas depois da Companhia a Mansabá, precisamente dois dias antes do ataque. Lembro-me de estar fardado com a farda de saída e de ter regressado da messe após o jantar, único local que eu tinha referenciado até ao momento, pudera, com a fome não se brinca e ali é que estava a manduca fosse ela boa ou má.

Sentia-me perdido no quartel com tanta actividade produzida pelas várias unidades lá estacionadas, das mais variadas armas. Sentia-me pequenino, deslocado e super-protegido por tanta tropa e armamento, onde se incluíam blindados ligeiros e especialistas para tudo. Antes os especialistas éramos nós, mesmo que de muitas especialidades não percebêssemos patavina. Esta ilusão foi desfeita com este ataque, demonstrando que este potencial estava mal gerido, ou que, apesar de tudo, era insuficiente para cumprir os objectivos do Sector e garantir alguma segurança no quartel.

Uma semana depois do ataque, a C.CAÇ 2402 a três Grupos de Combate, foi destacada para o Olossato, deixando o meu grupo de Combate em Mansabá ainda por cerca de um mês, para reforço à protecção aos trabalhos da estrada (capinagem, rompimento, alfaltagem, etc.). Por curiosidade, nunca cheguei verdadeiramente a conhecer o aquartelamento, porque a minha missão coincidia com o horário da guerra, ou seja, arrancar ao nascer do sol, levar alguma porrada do inimigo (flagelações à distância) no local da obra, e regressar ao fim da tarde arrasado e esfomeado. Era comer qualquer coisa e deitar, para voltar a arrancar no outro dia ao nascer do sol. Acabei por fixar bem por onde saía e por onde entrava, que por sinal era o mesmo sítio. No próximo texto contarei melhor em que é que consistia a nossa actividade.

3. Para reavivar a pouca memória que o camarada Raúl Albino tem de Mansabá, tão pouco foi o tempo que lá permaneceu, junto duas fotos, legendadas de memória, que não estarão erradas, salvaguardando os quase 40 anos que nos separam daquele tempo.

Foto 1 > Vista aérea de parte do aquartelamento de Mansabá. Esta foto não contempla a zona dos quartos dos Oficiais, da Enfermaria, Bar e dormitórios dos Praças e as diversas arrecadações.

Foto 2 > Nesta foto vêem-se os quartos dos Oficiais, com o tal murinho que o Raúl refere, falta a fortificação dos últimos quartos que seriam dos Oficiais Superiores.
Fotos e legendas: © Carlos Vinhal (2008). Direitos reservados.

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Notas de CV

(*) - Vd. útltimo poste da série de 16 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3135: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (11): Partida de Có para Mansabá

(1) - Vd. poste sobre outro grande ataque a Mansabá de 11 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2526: Estórias avulsas (14): Ataque ao Quartel de Mansabá (Inácio Silva)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2085: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (10): Enfermeiro em apuros

Raul Albino, ex-Alf Mil, CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 (, Mansabá e Olossato, 1968/70)



Um enfermeiro em apuros
ou Um enfermeiro com muita sorte (1)

O relato que se segue é da autoria do 1.º Cabo Enfermeiro Carlos Manuel Furtado Costa, interessante na sua forma descritiva. O curioso é que este episódio passou-se no dia em que o quartel em Có foi atacado pela segunda vez. Ou seja, é mais um testemunho, numa perspectiva inesperada, a acrescentar ao relato do Segundo Ataque a Có (2), editado recentemente no blogue.

A sorte que ele teve foi bastante superior à que ele relata e só lendo com atenção o livro Memórias de Campanha da C. Caç. 2402 que ele possui, poderá então descobrir o porquê. Na altura em que produziu o texto, o livro ainda não tinha sido editado.


Guiné>> A tabanca de Có, incendiada, na sequência do segundo ataque ao aquartelamento, em 12 de Outubro de 1968.


Guiné> Có> Um abrigo atingido pelo violento fogo do IN, em 12 de Outubro de 1968


Guiné> Có> Dia 13 de Outubro de 1968> Da esquerda para a direita: Cap Vargas Cardoso (CMDT da CCAÇ 2402), Gen Spínola (em visita a Có), Alf Mil Raul Albino (CMDT interino no dia do ataque) e Alf Mil Caseiro.

Eis o seu relato:

Todos nós, companheiros de armas, temos histórias interessantes para contar, a maioria de cenas no palco de guerrilha. Eu, embora vivesse os mesmos cenários, recordo algumas cenas que servirão de boa disposição.

Assim, certo dia em Có, fui fazer uma injecção à esposa do senhor Mamadu Fodé e entrei em sua casa.

Ao preparar a seringa, já a senhora desnudava a sua enorme bunda. Confesso que tremi, pois não sendo a senhora uma beldade, tinha a vantagem de ter contacto diário com água e sabão.

Comecei por executar a injecção e mais nervoso fiquei ao ouvir os gemidos da minha doente, porque se alguém ouvisse tais gemidos, de certo pensaria logo noutra forma de penetração.

Já tremia é certo, mas tremi mesmo a valer por nesse preciso momento se desencadear um forte ataque ao nosso aquartelamento, ficando eu, por força das circunstâncias, muito junto aos nossos inimigos, ouvindo-os a falar, pegar fogo às tabancas e fazer tiro.
Quando dei por mim, encontrava-me escondido na parte lateral da porta do quarto com a seringa na mão.

Quando me pareceu tudo calmo tentei regressar ao aquartelamento – era já de noite – por isso fui recebido com alguns tiros dos meus colegas.

Nunca tive tanta sorte no mesmo dia:
1º- Não caí na tentação.
2º- Entrei são e salvo no quartel.
3º- A seringa e a agulha continuaram a fazer parte do espólio da Enfermaria.

Cabo Enfermeiro Costa


Raul Albino
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Notas do co-editor CV:

(1) - Subtítulo da responsabilidade do co-editor

(2) - Vd.Post de 31 de Julho de 2007> Guiné 63/74 - P2016: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (6): O grande ataque a Có, em 12 de Outubro de 1968

(3) - Vd. Último Post da série de 29 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2071: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (9) : Incêndio de combustível perto do paiol

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2071: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (9): Incêndio de combustível perto do paiol

Raul Albino, ex-Alf Mil, CCAÇ 2402/BCAÇ 2851 (, Mansabá e Olossato, 1968/70)


Incêndio de combustível perto do paiol

Sempre fui avesso à fuga como forma de escapar a um problema, em especial se a fuga for desordenada. Ela conduz invariavelmente ao pânico e aí a nossa cabeça deixa de funcionar correctamente, conduzindo as nossas acções ao insucesso. Essa minha postura foi vital para o episódio que passo a relatar-lhes.

Aconteceu num belo dia no quartel de Có, estava eu de oficial de serviço e encontrava-se um auto-tanque de combustível a descarregar gasóleo e a abastecer outra viatura, mesmo em frente à entrada para o paiol subterrâneo.
Como nestes transvazes era sempre derramado combustível para o chão, neste caso em areia, o terreno já se encontrava de algum modo saturado de gasóleo.

Já começava a escurecer e para iluminar a operação de transvaze havia um candeeiro que, acidentalmente, caiu ao chão, partiu-se e incendiou a areia que estava ensopada no combustível.

Eu estava perto dos mecânicos a assistir à operação de descarga, quando vejo o chão incendiar-se e as chamas a encaminharem-se para a entrada do paiol.
A primeira reacção instintiva que se tem é a fuga, se eu o fizesse, possivelmente os restantes militares seguir-me-iam o exemplo ou pelo menos provocaria alguma hesitação.
Isso seria o suficiente para o desastre se dar, porque se as chamas chegassem à entrada do paiol que estava a cerca de cinco metros, a explosão arrasaria o quartel.

Felizmente tive a serenidade suficiente para gritar a todos os militares que estavam perto para atirarem areia para as chamas, sabendo de antemão que esta decisão era o tudo ou nada, porque quando nos apercebêssemos que o combate às chamas tinha falhado, já não haveria fuga possível.
O chão, como eu disse atrás, era arenoso e todos em simultâneo com as mãos atirámos quanta areia pudemos para cima das chamas logo no inicio de eclodirem, conseguindo apagar o fogo.

Guiné> Região do Cacheu > Pelundo > Có > 1968 > Vista aérea do aquartelamento.


Julgo que, uma pequena hesitação que houvesse, seria o suficiente para já não se conseguir controlar as chamas. As pessoas mais experientes com incêndios sabem bem a rapidez com que os fogos se propagam e podem imaginar a sorte que tivemos naquele dia de má memória.

Creio que nessa altura o Capitão Vargas Cardoso se encontrava ausente do quartel e eu nem queria imaginar o que aconteceria se, quando ele voltasse, encontrasse o quartel em ruínas.

Raul Albino
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Nota do co-editor CV

Vd. último post da série, de 23 de Agosto de 2007> Guiné 63/74 - P2065: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (8): Furriel Amorim, morto em combate

terça-feira, 24 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1690: Presente em espírito no encontro de Pombal (3): Paulo Raposo / Hernani Acácio

Guiné > Zona Leste > Sector L5 > Galomaro > CCAÇ 2405 > 1969 > Dulombi > Na messe, os alferes milicianos Paulo Raposo (à direita) e Jorge Rijo (à esquerda), dois dos baixinhos de Dulombi: faltam o Victor David e o Rui Felício. Eles eram os quatro mosqueteiros, ficaram amigos para o resto da vida. É uma pena falharem Pombal. Mas haverá mais marés do que marinheiros... (LG)

Fotos: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados

Mensagens de camaradas que, não podendo estar fisicamente connosco em Pombal, no dia 28 de Abril de 2007, no 2º encontro da nossa tertúlia, estarão no entanto presentes em espírito (1):


1. Paulo Raposo (ex-Alf Mil da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, 1968/70)

Meu caro Luís:

Tenho andado cheio de trabalho. Vivemos tempos apertados e cheios de desafios.

Com muita pena minha não vou poder estar no almoço, porque tenho cá o meu filho Bernardo, que vem ao Hotel fazer uma acção de formação.

O David vai a um casamento, do Rijo já não tenho notícias dele há muito tempo e, quanto ao Felício, julgo que iria se eu fosse. Este Felício está muito mimado (2).

Gostava de estar com todo o pessoal, especialmente com os do meu Batalhão [CAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70] e ainda mais especial com o baixinho do Beja Santos. É um excelente rapaz, já em Mafra vivia afogado em livros e escreve muito bem. Tem uma imaginação para descrever certas histórias que deixa o meu cabo cripto num chinelo.

Quanto ao pessoal do Batalhão 2851 também são como irmãos. O endereço mail do Pimentel [ex-alf mil da CCS do BCAÇ 2851] não está certo. Será que alguém me ajuda e me o envia. Grato.

A todos os abraço com muitas saudades e sã amizade,

do Raposo, El Almançor debaixo de um chaparro.


Paulo Lage Raposo (3)
Alf Mil Inf
BCAÇ 2852
CCAÇ 2405
Guiné 68/70
Tel 266898240
Herdade da Ameira

2. Mensagem do Hernani Acácio (ex-Alf Mil Trms da CCS do BCCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70; vive em Ovar):

Caros amigos:

Por razões que se prendem com a saúde do meu pai, também eu, infelizmente, não posso estar presente em Pombal. Ficará para o próximo encontro, assim o espero.

Um abraço e muita saúde,
Hernani

PS - Paulo, o endereço correcto do António Pimentel é: a44_pimentel@hotmail.com
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Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

19 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1678: Tertúlia: Presente em espírito no encontro de Pombal (2): Manuel Pereira (CCAÇ 3547, Contuboel e Bafatá)

14 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1660: Tertúlia: Presente em espírito no encontro de Pombal (1): Martins Julião (CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72)

(2) Vd. post de 16 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1181: Ameira: o (re)encontro de uma geração valorosa (Rui Felício)

Vd. também algumas das deliciosas estórias do Rui que já publicámos no nosso blogue:

18 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1085: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (5): O improvisado fato de banho do Alferes Parrot na piscina do QG

5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1046: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (4): a portuguesíssima arte do desenrascanço

19 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXL: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (3): O dia em que o homem foi à lua

14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVII: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (2): O voo incandescente do Jagudi sobre Madina Xaquili

9 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXIX: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (1): O nosso vagomestre Cabral

31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1006: Estórias de Mansoa (1): 'Alfero, água num stá bom' (Rui Felício, CCAÇ 2405)

(3) O Paulo foi o magnífico e generoso anfitrião do 1º encontro da nossa tertúlia, de boa memória, realizado na Herdade da Ameira, Ameira, Montemor-O-Novo: vd. post de


15 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1177: Encontro da Ameira: foi bonita a festa, pá... A próxima será no Pombal (Luís Graça)

O Paulo também já nos deu o seu testemunho da sua valorosa passagem pelo TO da Guiné, em 19 posts:

Vd. último dos seus posts > 10 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1060: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (19): regresso a Lisboa e à vida civil (fim)

O primeiro post desta série foi publicado em 12 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCXCVI: O meu testemunho (Paulo Raposo, CCAÇ 2405, 1968/70) (1): Mafra

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1282: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (1): duas baixas de vulto, Beja Santos e Medeiros Ferreira

Guiné > CCAÇ 2402 (Có / Mansambá, 1968/70) > Emblema da unidade




Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > "De pé e da esquerda para a direita, o primeiro sou eu, o segundo é o Francisco Silva e a seguir o Medeiros Ferreira. Só falta nesta fotografia de grupo o Beja Santos, que, por qualquer razão, andava desenfiado. Também aqui falta o comandante da companhia, Capitão Vargas Cardoso" (RA).




Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > De pé, da esquerda para a direita: Aspirantes Francisco Silva e Raul Albino, e Capitão Vargas Cardoso.


Lisboa > Paquete Uíge > A CCAÇ 2402, pertencente ao BCAÇ 2851 partiu para a Guiné a 24 de Julho de 1968, com as restantes companhias do seu batalhão, e ainda na companhia do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Texto e fotos: © Raul Albino (2006)


Damos início à publicação das memórias de campanha do ex-alf mil da CCAÇ 2402, pertencente ao BCAÇ 2851 (, Mansabá, Olossato, 1968/70), que embarcou no Uíge, em finais de Julho, juntamente com o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1).

Partida para a Guiné

A Companhia de Caçadores 2402 do Batalhão de Caçadores 2851, formou-se no Regimento de Infantaria nº 1, na Amadora.

Embarcou no paquete Uíge a 24 de Julho de 1968, com destino à Guiné. O BCAÇ 2851 foi acompanhado na viagem pelo BCAÇ 2852.

Achei imensa graça a esta poesia popular, sentida, do soldado António Maria Veríssimo, militar da nossa companhia, retirada do seu livro de poesia Diversos.


Uíge! Volta para a terra,
Muda de rota, de direcção,
Não nos leves para a guerra.

Por favor! Pára p’ra pensar,
Não corras tanto,
Navega mais devagar.

Somos crianças, que vais deixar
Na guerra do Ultramar.
Porque não queres a rota mudar ?

Uíge! Não sigas p’rá guerra,
Muda de direcção! Muda de rota!
Volta p’rá nossa terra
.

A M Veríssimo


Mas voltemos um pouco atrás, mais propriamente à altura em que a companhia se formava na Amadora, comandada pelo então Capitão Vargas Cardoso.

Estive inicialmente incluído na formação, em Évora, de uma companhia independente com destino a Timor. A minha felicidade era imensa, como podem calcular. O quartel de preparação da companhia era o R. I. 16, aquartelamento que na altura mais parecia um museu militar em decadência. Não possuía instalações suficientes, pelo que os oficiais eram convidados a procurar alojamento no exterior. A alimentação também era no exterior, salvo erro, numa unidade de artilharia, que não recordo o nome.

Do que me recordo bem – além da simpatia para connosco das raparigas que estudavam em Évora – era do parque de obstáculos para o treino dos militares:

(i) A Ponte interrompida estava tão interrompida pela podridão das madeiras, que foi considerada vedada ao trânsito;

(ii) A Vala estava seca, o que não seria de estranhar nos tempos actuais com as temperaturas elevadíssimas que temos, mas naquela época só se tinha alguma rotura e como os engenheiros tinham ido para a guerra, as valas tinham virado alfobres, com alguma terra no fundo e ervas a crescer;

(iii) As Paliçadas estavam decadentes, com a madeira apodrecida, não aconselhando a sua utilização sem um seguro contra todos os riscos;

(iv) O Pórtico dava graça de tão baixo que era, parecendo ter-se enterrado no chão com o tempo, mas mantendo-se gloriosamente de pé, com as cordas puídas pendentes;

(v) Lá nos entretínhamos a saltar o Muro e mais algumas brincadeiras. Mesmo o muro, devido à idade avançada, a altura mais alta (1ª), parecia a intermédia (2ª) e a intermédia, devido ao desgaste, estava quase alinhada com a baixa (3ª). Um paraíso portanto. E como eu gostava de lá estar …

Mas foi sol de pouca dura. Ao fim de cerca de três semanas de exercícios, chega uma ordem de dissolução da companhia e redistribuição dos militares. Para mim saiu-me na rifa a rendição individual de um aspirante de uma companhia em preparação na Amadora que iria seguir para a Guiné, a CCAÇ 2402.

Qual pára-quedista, fui cair no meio de um barril de pólvora, que outro nome não se pode dar à composição do quadro de oficiais da companhia em formação. Inicialmente o quadro de oficiais era constituído pelos membros abaixo indicados e eu vi-os, na altura, da seguinte forma:

(i) Capitão Vargas Cardoso – Militar de carreira, de perfil autoritário, muito organizado, com tendência para controlar tudo e todos. Gostava de ser considerado como um pai para todos os seus militares;

(ii) Aspirante Francisco Silva – Formação académica no sector das Letras, politizado tanto quanto a vida académica o permitia, parecia ser um militar apostado em cumprir a sua comissão sem hostilizar ninguém. Para melhor o identificar, ele foi, há poucos anos atrás, Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, além de outros cargos diplomáticos;

(iii) Aspirante Medeiros Ferreira – Formação académica no sector das Letras, altamente politizado, parecia querer levar a comissão até ao fim, mas, se assim era, depressa compreendeu que essa pretensão não era fácil de concretizar. Creio que todos se recordam dele, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal;

(iv) Aspirante Beja Santos – Também oriundo do sector das Letras, politizado, este elemento dispensa apresentação, pois todos o conhecem, pelo menos, como um dos nossos tertulianos mais versáteis na arte de bem escrever, como o Tigre de Missirá, ou pela sua cruzada em defesa do consumidor;

(v) Aspirante Raul Albino – Resto eu, com formação Contabilística e não politizado. Esta minha formação permitiu-me ser inicialmente seleccionado para o CSM na especialidade de Contabilidade e Pagadoria, o que me tornou no mais feliz dos militares ao cimo da terra. Mais uma vez a sorte me foi madrasta, pois acabei – não sei como – por ser reclassificado para o COM, nas especialidades de Atirador Especial e Minas e Armadilhas. Será que viram em mim a capacidade de disparar números e armadilhar escritas?

Viria a crescer posteriormente com a Informática, ao longo de 30 anos na IBM, na especialização de grandes e médios sistemas. Os micro sistemas têm sido para mim um hóbi de velho, que tem a virtude de me manter afectiva e minimamente ligado aos tempos do pioneirismo informático da minha juventude.
– Mas – dirão vocês – onde está o barril de pólvora?

Pois, o barril consistia no clima explosivo que se tinha criado no relacionamento entre o Capitão e os seus Aspirantes.

Quando eu chego ao grupo vejo o Capitão preocupado com a circunstância de levar para a Guiné a dupla Medeiros Ferreira/Beja Santos, sobre os quais não conseguia ter o controlo pretendido e com a perspectiva do relacionamento vir a degradar-se ainda mais com o passar do tempo.

Quanto ao Francisco Silva, não o vi preocupado em sua relação, talvez pensando que ele seria mais fácil de controlar. Algum tempo após a minha chegada, confidencia-me ele (por estas palavras ou semelhantes):
- Sabes? Creio que temos letrados a mais na companhia! – ao que eu lhe retorqui:
- Bem, para compensar, agora tem-me a mim que não sou de Letras, sou de Números!

Depressa me apercebi ao longo desta conversa, por sinal bastante infeliz, que não era mais que uma tentativa de aliciamento da minha pessoa para a sua causa. Tentativa semelhante ter-me-á feito o Medeiros Ferreira. Tentativas inúteis, porque eu era um indivíduo convictamente independente, avesso a alinhamentos e não politizado. Além disto era ingénuo, porque julgava que me podia manter neutral, com o equilíbrio existente a manter-se ao longo da comissão.

Ainda hoje uma dúvida me afecta a alma. Terá a minha resistência a alinhamentos, – comunicada ao Medeiros Ferreira – influenciado de algum modo o desenrolar dos acontecimentos que se seguiram no seio do grupo?

Duas a três semanas antes da partida da companhia, eu era enviado com um sargento, em avião militar, para a Guiné, com a missão de preparar a chegada da companhia em termos de material e equipamento. O que se terá passado durante esse período de tempo, escapou-me, na altura, ao meu conhecimento pessoal, razão pelo qual não o abordo aqui, especialmente agora que o melindre e crítica à falta de rigor se instalaram no seio dos nossos tertulianos, com o caso Ranger Eusébio (2) a servir de exemplo.

A minha surpresa não teve descrição, ao constatar que a companhia chegava à Guiné com duas baixas no quadro de Oficiais: o Medeiros Ferreira e o Beja Santos (2). O capitão tinha ganho a primeira batalha (pessoal), mesmo antes de chegar ao teatro de guerra.

Senti a minha cruz começar a ficar mais pesada...

Raul Albino

____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. posts anteriores:

17 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1082: Notícias da CCAÇ 2402 e do BCAÇ 2851 (Raul Albino)

23 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1105: Como escrever um livro de memórias de guerra 'à la carte' (Raul Albino, CCAÇ 2402)

4 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1246: O meu livro Memórias de Campanha da CCAÇ 2402 (Raul Albino)

(2) José Medeiros Ferreira, hoje com 64 anos, é professor universitário (Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Nova de Lisboa) e escreve regulamente no blogue, de que é co-editor, Bicho Carpinteiro. E-mail: bichoscarpinteiros@hotmail.com
 


Capa do livro de José Medeiros Ferreira, "Memórias anotadas" 
(Lisboa: Temas e Debates, 2017, 468 pp) (Cortesia da editora)
 

Açoriano da Ilha de São Miguel, nasceu em Ponta Delgada, em 1942... Desertou em 1968, quando estava mobilizado para a Guiné (CCAÇ 2402). Licenciou-se em Ciências Sociais, em Genebra, Suíça. Militante e dirigente do PS, ocupou o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros no I Governo Constitucional (1976/78), presidido por Mário Soares. No início de 2006, desligou-se de todos os cargos dirigentes no seu partido, voltando à condição de militante de base...Morreu em 2014.




Dr. Mário Beja Santos, conhecido especialista no domínio os direitos do consumidor. É assessor principal do Instituto do Consumidor. É também membro da nossa tertúlia...

Foto: © Beja Santos (2006). Direitos reservados