Mostrar mensagens com a etiqueta César Dias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta César Dias. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 16 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21080: Fauna & flora (13): Leopardo ou onça são sinónimos na Guiné-Bissau... A subespécie "leopardo-africano" tem o nome científico "Panthera pardus pardus" (José Carvalho / Cherno Baldé / Luís Graça)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > 2 de março de 2008 > A "onça" [, leopardo-africano],  um animais desenhados nas paredes exteriores das instalações da AD -Acção para o Desenvolvimento. Era abundante em tempos,  foi sobrecaçada, por causa da beleza da sua pele... E hoje o seu habitat vai-se degradando... Fotografia de Luís Graça, por ocasião de visita ao sul, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > s/l> s/d> c. 1943/73> O caçador de "onças" e empresário de cinema ambulante Manuel Joaquim dos Prazeres, ou "Manel Djoquim" (como era popularmente conhecido das gentes guineenses)

Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região do Oio > CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72) > "Um felídeo, que tropeçou numa das armadilhas das NT, nas imediações do destacamento" [de Bironque ou Madina Fula]. Foto do álbum do alf mil José Carvalho.

Foto (e legenda): © José Carvalho (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Comentário do José Carvalho, ao poste P21068 (*);

Caro Luis,

Na altura e durante algum tempo, influenciado talvez pela informação dos locais, julgava que se trataria de um onça.

Na realidade estou também convicto que se trata de um leopardo-africano (panthera pardus pardus).

Abraço, do José Carvalho

[ex-alf mil inf, CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), e hoje médico veterinário, a viver no Bombarral]

2. Comentário do Cherno Baldé, nosso colaborador permanente (Bissau) (*):

Caro Luis,

De facto, pela imagem da foto, vê-se que não é uma onça, normalmente de menor porte físico e com manchas mais grossas e carregadas. Isto quererá dizer que estas duas espécies de felinos coexistiam nas matas da Guiné em meados dos anos 60/70.

Lembro-me que, ainda criança, tínhamos a incumbência de pastorear o gado da familia, sempre em grupos de 3 u 4 crianças e, às vezes, os animais nos enganavam e nos levavam para zonas pouco frequentadas, ricas em pasto, mas também perigosas em outros sentidos. 

As instruções prévias sobre riscos de ataques de felinos ou dos guerrilheiros [do PAIGC], nesses casos, era fugir ao primeiro sinal de alerta vindo dos animais que nos acompanhavam. Digo acompanhavam,  porque,  em muitas ocasiões e completamente desorientados, confiavamos na capacidade de oruentação dos mesmos e seguiamos atrás até à hora do regresso que nunca falhava.

Durante esse tempo, nunca vi nenhum felino de perto, mas fugimos várias vezes sem saber qual era a real ameaça. Os mais velhos diziam-nos assim: Se os animais fogem em grupos organizados e param depois de 1/2 km, quer dizer que é uma Onça (de notar que poucas pessoas podiam diferenciar uma Onça de um Leopardo), mas se fogem dispersos, em grande velocidade e não param antes dos 7/10 km, então saibam que é o "Ngari Djinné", um Leão.

Uma vez, aconteceu que, durante a noite, a maior parte das vacas arrancaram os postes com as amarras que as mantinham presas e vieram refugiar-se junto à aldeia. Depois soubemos que um felino, provávelmente um Leão ou seu grupo,  teria passado por perto, a caminho das matas do Oio ou vice-versa.

Com um abraço amigo, Cherno

3. Comentário do Carlos Vinhal:

Acho que me lembro deste episódio porque me ficou na memória um destes animais ter caído numa das nossas armadilhas e o pessoal civil ter esquartejado e dividido os pedaços entre si. Aconteceu que ao fim do dia, quando retirámos, era vê-los, todos contentes, carregando aqueles nacos de carne (e osso) envolvidos por folhas de palmeiras, e a serem perseguidos por enormes quantidades de moscas atraídas pelo já menos bom estado de conservação da carne.


4. Comentário de César Dias:

 Carlos, foi este episódio, quando andávamos a verificar as armadilhas, encontrámos uma enorme onça junto a uma delas, cheirava muito mal, mas mesmo assim os africanos que nos acompanhavam tiraram-lhe a pele, a pedido, e dividiram-na entre eles, eu levei a pele para Mansabá, ainda lá esteve em tentativa de secagem, mas eram tantas as moscas que desisti daquilo, não tinha muitos furos de estilhaços, mas algum lhe deve ter tocado em orgão vital.

Só passaram 50 anos, são coisas que não esquecem. Um abraço.

5. Nota do editor LG:

Na Guiné-Bissau, a subespécie leopardo -africano (panthera pardus pardus) é conhecida por "onça"... Tal como a hiena é conhecido por "lubu" (em crioulo)... 

Não confundir com a "onça-pintada"  ou "jaguar" da Amazónia ou do Pantanal, no Brasil (panthera onca) que, de facto, só existe ns Américas, no Novo Mundo... O jaguar distingue-se do leopardo: fisicamente são semelhantes, mas o jaguar exibeum outro padrão de manchas na pele e é de maior tamanho do que a "onça" da Guiné...

Nem o leopardo africano nem o jaguar podem ser confundidos com a onça-parda (ou puma, em português europeu) (Puma concolor): são os três da família Felidae, mas o género é diferente:  Puma, nativo das Américas. (Portanto, também não existe em África.)

No portal Triplov > Guiné-Bissau > Mammalia, há uma referência (e foto) deste animal (Panthera pardus pardus ou Panthera pardus leopardus)... Referência, Monard, 1940. Local: Bissau; Bafatá; Cacheu; estrada de Barro para S. Domingos.  Já o leão  (Panthera leo senegalensis) também foi visto (, na zona do Corubal e em Buba, ) mas já era mais raro nessa época.

Albert Monard (1882-1956) foi um naturalista suiço, que fez várias expedições científicas em África, incluindo Angola (1928,  1932) e a  Guiné-Bissau (1937). 

MONARD, Albert
Résultats de la mission scientifique du Dr. Monard en Guinée Portugaise : 1937-1938 / Albert Monard. - [S.l. : s.n., 193-]. - 11 v.. - Separata dos Arquivos do Museu Bocage. - 1º v.: Primates. - 2º v.: Ongulés. - 3º v.: Chiroptères. - 4º v.: Scorpions. - 6º v.: Batraciens. - 7º v.: Poissons. - 8º v.: Reptiles. - 9º v.: Carnivores. - 10º v.: Rongeurs. - 11º v.: Dytiscidae et gyrinidae.

Fonte: Memórias de África e do Oriente

Citada pela agência Angop, em notícia de 13 de dezembro de 2007, a bióloga e conservacionista do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), da Guiné-Bissau, Cristina Silva, usava o termo local "onça";

(...) De acordo com a especialista, os "grandes mamíferos" como o leão, a onça e o elefante, são hoje espécies "extremamente ameaçadas" de extinção devido à acção dos seres humanos.

Por exemplo, os poucos elefantes que restaram são vistos esporadicamente nas florestas de Boé, no leste e em Cantanhez, no sul, explicou Cristina Silva, sublinhando que estes apenas aparecem nas épocas chuvosas.

"O último recenseamento apontava para a existência de apenas três casais de onças na zona do Boé", declarou Cristina Silva, um registo que contraria os dados de há dez anos, indicando que havia entre 50 a 100 seres dessa espécie. (...)


A Cristina Silva aqui citada é  a "Cristina Ribeiro Schwarz da Silva (Pepas, para os amigos e familiares), filha mais mais velha de Carlos Schwarz da Silva [, o nosso saudoso amigo Pepito, 1949-2014], guineense, e Isabel Levy Ribeiro, portuguesa.Tem [, tinha, em 2009,] 35 anos, é licenciada em biologia marinha. Trabalha no IBAP- Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau. É Coordenadora para o Seguimento das Espécies." (**)

________________

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21067: Álbum fotográfico de José Carvalho (1): A CCAÇ 2753 (1970/72) e os Destacamentos Provisórios

1. Mensagem do nosso camarada José Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), com data de 1 de Junho de 2020:

Caros Editores,
Cumprindo a intenção manifestada, quando da minha inscrição na TG,[1] de enviar umas fotografias, aqui vai uma resumida descrição da vida da CCAÇ 2753, nos Destacamentos Provisórios, de apoio à construção da estrada Mansabá – Farim, acompanhada de fotografias.
É quase um atrevimento descrever o que no seu notável estilo de escrita, já foi abordado pelo nosso amigo Vítor Junqueira, mas deixo a quem de direito, decidir da sua divulgação.
Ao Carlos Vinhal, que conheceu estes cenários, as minhas saudações e agradecimento também pelo trabalho desenvolvido, na sua envolvência da Tabanca Grande.

Ao vosso dispor, para todos um abraço do,
José Carvalho


A CCAÇ 2753 (1970-1972) e os Destacamentos Provisórios

A CCAÇ 2753 formada no BI 17, Angra do Heroísmo, constituída maioritariamente por açorianos, com representantes da totalidade das Ilhas, partiu em Maio de 1970, para Lisboa.

Sediada no Regimento de Infantaria 1 - Amadora, em 25 de Maio, onde acontece a concentração de todo efectivo inicial da Companhia. Fazendo parte daquela unidade, foi incorporada nos seus efectivos, nas cerimónias do 10 de Junho, no Terreiro do Paço.

A 15 de Junho inicia-se o IAO, na zona de Caneças, alcançando um grupo da companhia, folgadamente o primeiro lugar no campeonato de tiro de combate, da escola de recrutas de 1970, da Região Militar de Lisboa.

No final de Junho a companhia fica a aguardar embarque, na 9.ª Bateria do 3.º Grupo Misto da RAAF no Pragal, o que aconteceu no dia 8 de Agosto, a bordo do N/T Carvalho Araújo.

A companhia chega a Bissau a 17 de Agosto, depois de uma agradável escala em Cabo Verde.

Os primeiros dois dias a ração de combate e dormidas em camas metálicas sem colchões. A recepção foi fraca, mas longe se adivinhava, o que viria mais tarde…

Colocada depois no COMBIS, com excelentes instalações, foi dada à companhia a missão de patrulhamento terrestre, fluvial e ainda rusgas de modo a evitar infiltrações do IN na Ilha de Bissau.

Depois de cerca de três meses de bonança, adivinhava-se a tormenta…

No dia 30 de Novembro um primeiro pelotão da Companhia, deixa a região de Bissau e conhece uma nova realidade, chegando ao Bironque, o primeiro dos dois Destacamentos que iríamos conhecer.[2]

A 7 de Dezembro, o Comandante da Companhia, Cap Mil Art João da Rocha Cupido, assume o comando daquele Destacamento Temporário, que em meados de Dezembro, aloja os operacionais da CCAÇ 2753 e ainda alguns elementos sapadores - BCAÇ 2885 e dum ESQ MORT 81, após a retirada da CCAÇ 17.

Estrada Mansabá-Farim - O troço entre o Bironque e o K3 foi asfaltado no tempo da CART 2732 e da CCAÇ 2753. Localização dos destacamentos de Bironque e Madina Fula e, na margem esquerda do rio de Farim (Cacheu), em frente a Farim, o aquartelamento do K3 (Saliquinhedim)
© Infografia Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta da Província da Guiné, 1:500.000

Os efectivos militares presentes, tinham como missão, montar a segurança dos trabalhadores (centenas) e as máquinas envolvidos na construção da nova estrada Mansabá – Farim.

A reabertura desta rodovia, constituía um importante óbice à movimentação estratégica do IN na área do Morés, aonde concentrou um importante contingente de combatentes, calculado na época, em 4 a 6 bigrupos e ainda outros efectivos representativos nas áreas de Canjaja, Biribão, Queré e Maqué.

Foto 1 - Bironque - A “enfermaria”, algumas tendas, uma máquina no abrigo e uma das barracas cobertas por vegetação

Foto 2 - Bironque – Espaldão do morteiro 81 e tenda

Foto 3 - Bironque – Telheiro cozinha e os bidões das lavagens

Foto 4 - Bironque – Messe de oficiais depois de uma flagelação, em que o fogareiro a petróleo, do Alf Mil Junqueira, que no momento cozinhava uma galinha “turra”, explodiu.

Decorrido cerca de mês e meio, o Destacamento do Bironque, foi abandonado e os efectivos militares, ocuparam o novo destacamento de Madina Fula, situado a cerca de 5 Km a norte.

O segundo local nada de novo ou de mais confortável proporcionou, pois o modelo era o mesmo, com a agravante de ser mais afastado de Mansabá e por consequência pior nas situações de necessidade de auxílio.

Estes destacamentos tinham uma área de cerca de um hectare, de forma quadrilátera, localizados em zona pré-desmatada, contíguos à nova via e delimitados por barreiras de terra deslocada e acumulada na periferia. Esta terra era retirada de vários pontos do interior, resultante da abertura de valas de grandes dimensões, destinados a proporcionar estacionamentos/abrigo às máquinas pesadas, envolvidas na construção da estrada.

As barreiras tinham uma altura de dois a três metros e a sua crista teria cerca de dois metros de largura, onde eram escavados covas para protecção das tropas, postos de sentinela e colocação de armas pesadas. Nesta crista, estavam também colocados vários holofotes, que permitiam iluminar as imediações do destacamento, numa distância de cerca de 50 metros.

No interior deste espaço, além dos referidos buracos destinados às máquinas, situados na zona central, a periferia era segmentada por barreiras de terra com cerca de 1,5 m de altura, com área reduzida, onde eram colocadas, as tendas cónicas de lona com capacidade de alojamento para vários homens e um número apreciável de pequenas barracas feitas de ramos e folhagem de árvores.

Existia um gerador, que fornecia energia para a iluminação periférica, para um telheiro apelidado de cozinha, para uma roulotte “enfermaria” e mais uma dezena de lâmpadas espalhadas, entre as quais para as “messes” dos sargentos e oficiais.

Havia um espaldão para o morteiro 81, sendo as munições colocadas em bidões colocados na horizontal e cobertos de terra.

Na entrada do destacamento havia uns cavalos de frisa, não havendo qualquer vedação de arame farpado. Recordo-me que em alguns locais, foram colocadas armadilhas, em que caíram alguns animais selvagens. O abastecimento de água era feito diariamente a partir de Mansabá em pequenos atrelados-cisternas destinado à precária higiene das tropas, reduzida confecção de alimentos, lavagem de roupa, panelas, pratos, etc. Havia uns bidões colocados em cima de uma armação de paus e que debitavam uns borrifos, para o duche!

A lavagem dos utensílios de cozinha era feita segundo as mais exigentes normas de higiene. Existiam cinco meios bidões, com água, numerados de 1 a 5, começando a imersão das louças sujas no bidão 1 e depois sucessivamente nos restantes até sair do bidão 5, em perfeitas condições de adequada utilização…

Cada militar dispunha de um colchão pneumático, com esvaziamento automático ao fim de poucas horas. Muitos dormiam nos buracos, na crista das barreiras, envoltos em panos de tenda e com a G3, colada ao corpo.

A alimentação disponibilizada era ração de combate, intervalada, com cavala de conserva com batata cozida ou esparguete, dia sim, dia sim! Havia quem descobrisse umas iguarias selvagens e variasse um pouco a dieta. No tocante a líquidos menos mau… coca-cola, cerveja, vinho, whisky!

Vivíamos sempre em coabitação com um pó vermelho, principalmente durante o período de trabalho na estrada, que até o esparguete no prato, ficava enriquecido com este “ketchup”, se não deglutido rapidamente.

Em relação às condições de vida da CCAÇ 2753 durante estes três meses, talvez houvesse igual, até talvez pior, mas para muito mau bastava!

O relacionamento com o IN era verdadeiramente íntimo, pois raro terá sido o dia ou noite que por flagelações, emboscadas, minas, não houvesse “festa”.

Foto 5 - Madina Fula

Foto 6 - Madina Fula ao fim de um dia de trabalhos, coluna dos trabalhadores regressando a Mansabá, com segurança de helicóptero (ponto minúsculo no horizonte)

Foto 7 - Um felídeo, que tropeçou numa das armadilhas NT, nas imediações do destacamento

Foto 8 - Trabalhos na abertura da estrada

Foto 9 - Damas… só as do tabuleiro de jogos improvisado numa barrica pintada. Eu e o Vítor Junqueira no Bironque, dias antes do Natal de 1970

No início de Março deixámos Madina Fula, que foi aterrado e substituímos a 27.ª Companhia de Comandos, nas instalações “muitas estrelas” do K3, que até eram visíveis do interior das casernas… mas mesmo assim foi um dia inesquecível, julgo que para toda a companhia.
____________

Notas do editor

[1] - Vd. poste de 25 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20900: Tabanca Grande (493): José Carvalho, natural do Bombarral, com amigos na Lourinhã, ex-alf mil inf, CCAÇ 2753, "Os Barões do K3" (Bissau, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim / K3 e Mansába, 1970/72): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 807

[2] - Vd. poste de 10 DE ABRIL DE 2009 > Guiné 63/74 - P4168: Os Bu...rakos em que vivemos (4): Acampamentos de apoio à construção da estrada Mansabá/Farim (César Dias)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20606: Fotos à procura de... uma legenda (117): ainda a marca e o modelo da pistola-metralhadora do "Manel Djoquim", o homem do cinema ambulante que, mesmo em plena guerra, tinha fama de ir a todos os sítios...



Mapa da Guiné > s/d > c. 1975 > Povoações, assinaladas com um retãngulo onde o Manuel Joaquim dos Prazeres teria ido, uma ou mais vezes, com o seu cinema ambulante, ao longo de 3 décadas (entre 1943 e 1970). 

Perguntei à autora qual o "signifiacado" deste mapa da Guiné (, pós.independência, pela toponímia: Cachungo, Quebo, Gabu...). As principais povoações estão assinaladas com um retãngulo... A minha hipótese era  seren sítios por onde o "Nequinhas" tinha passado com a sua carrinha... Mas será que ele chegou mesmo a ir a Cabuca e a Madina do Boé ? Esta última parecia-me de todo improvável, no tempo da guerra... Até porque só particamente tropa e meia dúzia civis... A tropa não o deixaria lá ir... A estrada era um cemitério de viaturas destruídas por minas e emboscadas... Até Nova Lamego e daí até à fronteira norte (, Pirada, por ex.) ainda vá, até meados de 60...


Fonte: Adapt de Lucinda Aranha - O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim. Alcochete: Alfarroba, 2018, pp. inumeradas [6-7].



Guiné > s/l > s/d > c. 1960 > Não há dúvida que se trata de uma "arma de guerra" e não de caça, uma pistola-metralhadora, talvez a portuguesa FBP m/948 ou m/963... Era uma arma para "defesa pessoal"...  Uma situação que a família desconhecia. De qualquer modo, as opiniões divergem sobre a marca e o modelo da arma:  a portuguesa FBP, as americanas M3 e Thompson, a belga Vigneron, a israelita Uzi... Já foram aventadas várias hipóteses... De qualquer modo, as fotos disponíveis, a cores, do arquivo da família não deixam ver a totalidade da arma e a sua resolução é fraca...

Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2014) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Portugal > Caldas da Rainha > RI 5 > Janeiro de 1969 > Visita do então Presidente da República, Américo Tomás: na foto, passando revista a um guarda de ronda... Em primeiro plano, ao centro, o 1º cabo miliciano César Dias, membro da nossa Tabanca Grande, ex-fur  mil sap inf, CCS/ BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71). Os cabos milicianos, Morais e Dias, empunham pistolas metralhadores Uzi, de fabrico israelita.

Foto (e legenda): © César Dias (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Comentários dos nossos leitores:

(i) Valdemar Queiroz (*):

(...) Tanto a FBP, a Uzi e a Vigneron com o percutor fixo na cabeça da culatra facilmente disparavam 'sozinhas'. Acontecia várias vezes, com um simples bater com a coronha numa mesa, haver rajadas descontroladas.

Na guerra da Guiné, julgo que não eram utilizadas em operações e apenas seriam utilizadas em desfiles militares.
´
Parece que estas armas, de pequeno porte e munições derrubantes,  de 9 mm, eram mais utilizadas por forças da polícia. (...)

(ii) César Dias (*):

Nas Caldas [, no RI 5,] os Cabos Milicianos usaram a UZI na guarda de honra ao Presidente da República [, Américo Tomás], em Janeiro de 69, mas não me lembro do modelo.


(iii) Luís Graça:

Aparentemente não há registo do mais pequeno "incidente", na estrada ou nas tabancas, com a velho Ford do Manel Djoquim nem com a sua pessoa... O Ford ostentava, nas portas, um dístico pintado, "Cine-Guiné" (, segundo o testemunho de Carlos Geraldes, carta de Pirada, 3/1/1965) (**).

Será que este "tuga" conseguiu passar incólume pela guerra ? Mas, é bom lembrar, as minas e as emboscadas não tinham "código postal"...

Há, naturalmente, algumas lendas e alguns mitos criados à sua volta... A verdade é que ele só baixou às "boxes" em 1971... Deve ter percebido que o seu tempo estava a chegar ao fim... Mas é um caso absolutamente notável de coragem física, de determinação, de resiliência, de amor à Guiné... Por isso lhe chamo o "último africanista".

Segundo os testemunhos dos amigos seu tempo e dos registos da família, em cerca de três décadas,  dos anos 40 a princípios de 70, o Manuel Joaquim dos Prazeres teria batido  toda a Guiné, de Norte a Sul e de Oeste a Leste... No mapa (adaptado) que a Lucinda Aranha publica, no seu livro, os sítios assinalados  (com um retângulo) vão de Varela a Campeane,  de Caió a Cabuca, de Pirada a Buba, de Bambadinca a Mansabá, de Farim  a Madina do Boé...

O nosso saudoso Carlos Geraldes (1941-2012), que conheceu em Pirada, na véspera do Natal de 1964, escreveu sobre ele:

(...) "Conhecia todos os trilhos da Guiné e tratava quase toda a gente por tu, completamente à vontade e com a maior franqueza. Numa época de guerra como esta que estamos agora a travar, cheia de emboscadas, minas e selvajaria, nada parece deter este velho descendente dos conquistadores de antanho. Não há recanto nenhum da Guiné que ele não conheça e vai a sítios onde a tropa até tem medo de passar ao lado." (...)

O Carlos Geraldes, alf mil da CART 676 (Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66), não fala em nenhuma pistola-metralhadora, que o Manuel Joaquim  deve ter adquirido (, mas não sabemos como...) na altura o início da guerra... (Enfim, uma questão que a Lucinda Aranha nos prometeu elucidar, recrrendo à memória de amigos do pai, do tempo da Guiné,  que ainda estão vivos...).

Mas pode perguntar-se: qual então o significado da exibição de uma arma de guerra, uma pistola-metralhadora, que não servia para caçar ?  Era também uma "insígnia" que podia  ter várias leituras: para a PIDE e a tropa e para o PAIGC... mas também para os amigos e até para a família em Lisboa..


2.Perguntei à autora qual o "signifiacado" deste mapa da Guiné (, pós-independência, pela toponímia: Cachungo, Quebo, Gabu, Boé...). 

As principais povoações estão assinaladas com um retãngulo... A minha hipótese era  serem sítios por onde o "Nequinhas"(, nomi ho ternurento pelo qual era tratado no seio da família em Lisboa...)  tinha passado com a sua carrinha...

Mas será que ele chegou mesmo a ir a Cabuca e a Madina do Boé ? Esta última parecia-me de todo improvável, no tempo da guerra... Até porque havia só particamente tropa e meia dúzia civis, até à sua retirada em 6/2/1969...

A tropa não o deixaria lá ir a sítios como Madina do Boé... A estrada era um cemitério de viaturas destruídas por minas e emboscadas... Até Nova Lamego e daí até à fronteira norte (, Pirada, por ex.) ainda vá lá, até meados de 60... A questão é que este mapa não aparece no livro com  uma legenda apropriada...

Resposta da Lucinda Aranha (15/1/2020):

(...) Luís, não sei se o meu pai ia, durante a guerra colonial , às localidades que mencionas mas várias testemunhas me disseram que ele até dava cinema aos guerrilheiros e, sobretudo, tenho o testemunho dele próprio segundo o qual podia andar por toda a Guiné que ninguém lhe fazia mal. Inclusivamente enfurecia-se com as diculdades que o governo da Guiné, militares, até a Pide, lhe punham no sentido de parar a sua actividade.

Quanto ao mapa, reconheço que é bastante impreciso até porque, por lapso da editora, saiu sem a legenda e confesso que não me apercebi atempadamente. Por outro lado, tive muita dificuldade em encontrar um mapa mais consentâneo com a época. Desconhecia então que a Tabanca Grande tem um bom acervo de mapas,  como me disse o Carlos Vinhal.


Efectivamente, os rectângulos assinalam os lugares por onde o meu pai andou, embora vários amigos pessoais- o próprio genro do Esteves, o sr Pereira - me tenham afiançado que praticamente eu devia assinalar todas as localidades do mapa. Optei por assinalar apenas as que me apercebi, pelos vários testemunhos, que eram fiáveis. (...).



sábado, 21 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20477: Memória dos lugares (403): Cutia, ao tempo do Jorge Picado, cmdt da CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Destacamento de Cutia > c. 1970 > Foto enviada  pelo César Vieira Dias, ex-fur mil sapador, CCS / BCAÇ 2885, um batalhão que esteve em Mansoa e Mansabá desde maio de 1969 a março de 1971, e a que pertencia a CCAÇ 2589, de que o Jorge Picado foi um dos comandantes, de  24/2/1970 a 15/2/1971(*)

Foto: © César Dias (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 2 >  Guiné > Região do  Óio > Mansoa > Cutia > O Domingos Robalo, em primeiro plano. A estrada alcatroada Mansoa-Mansabá atravessava a tabanca e destacamento de Cutia. (***)

  
Foto nº 3 >  Guiné > Região do Oio  > Mansoa > Cutia > Obus 14... A "mata do Morés" começava logo a seguir (, ao fundo, na foto)... Tratou.se de ação sobre a mata do Morés, levada a efeito a partir do destacamento de  Cutia, a nordeste de Mansoa,  entre os dias 17 e 27 de julho de 1970. Nessa altura visitava a Guiné um grupo de deputados da  Assembleia Nacional, da chamada Ala Liberal, entre eles o seu chefe de fila, Pinto Leite.


Foto nº 4 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Acomodações: o "Matador", veículo pesada que rebocava o obus 14: eram precisos uns caixotes de munições para se poder ao 1º andar... Ao fundo, do lado esquerdo um dos "bunkers" do "resort turístico" que era o destacamento de Cutia...


 Foto nº 5 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Rancho... Era aqui a "cozinha" da CCAÇ 2589, na berma da estrada, onde também se situava a "messe", sob os poilões.


 Foto nº 6>  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Churrasco


Foto nº 7 >  Guiné > Região do Oio  > Mansoa > Cutia >  Relaxando... Sentado,  numa "chaise longue",  o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, alentejano de Campo Maior.


Foto nº 8 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > Confraternização dos artilheiros do GA 7, ali temporariamente destacados (de 17 a 27 de julho de 1970)


Foto nº 9 >  Guiné > Região do Oio > Mansoa > Cutia > O alferes de óculos é o sobrinho do Sá Viana Rebelo, que esteve, também, com o Domingos Robalo  na operação Mabecos em fevereiro de 1971... Ambos eram do GA 7... À direita,em segundo plano, sentado, o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, destacado em Cutia com o Gr Comb.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação) (***)


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário (**) do Jorge Picado, ilhavense, membro sénior da nossa Tabanca Grande, veterano dos nossos encontros nacionais, tendo cerca de 110  referências no nosso blogue; engenheiro agrónomo reformado; ex-cap mil, CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá, e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72; 

 

1.1. Boas fotografias da "Pousada de Cutia", excelente para "acalmar os nervos"!

Na foto no 2, o Domingos Robalo em plena estrada alcatroada que atravessava o destacamento de Cutia. 

Na foto nº 3,  pode-se ver como pano de fundo aquela "barreira cerrada" do início da grande "Mata do Morés", bem pertinho da "Pousada" [Cutia].

Pode-se ver, pela traseira da cabeça do Domingos, um a estacada 1.ª vedação de arame farpado onde existiam penduradas as célebres garrafas vazias de cerveja. Seguia-se a zona armadilhada e minada até uma 2.ª vedação. 

Na foto nº 4, junto dos poilões que ladeavam a estrada, observando-se um pouco as proximidades do abrigo subterrâneo. 

Na foto nº 5, a "cozinha", na berma da estrada, onde também se situava a "messe", sob os poilões. 

Na  foto nº 7, à esquerda,  sentado numa "chaise longue",  o alf mil Francisco Dias Corado Assude,  da CCaç 2589, alentejano de Campo Maior,  e Engº Téc. Agr. na vida civil, dos antigos Serviços Agrícolas. 

Na foto nº 9, à direita,  o mesmo Alferes. 

Com essas flagelações nocturnas, "tão silenciosas" o pessoal devia repousar bastante! Vá lá, que depois de todo "o festival", os "vizinhos do Morés" foram compreensívos e continuaram amigos de Cutia. 

Ainda bem, para mim, que esse episódio me apanhou de férias na Praia da Barra, onde nessa época tínhamos aí vivenda. 

1.2. A viagem fatídica para os malogrados deputados e tripulantes do héli [, foto nº 1], não foi Mansoa-Bissau, mas sim Teixeira Pinto-Bissau (****). Aliás recordo-me de ler uma boa descrição feita por um dos jornalistas que seguia num dos hélis que conseguiram pousar numa bolanha da margem direita do Rio Mansoa e assim escapar à tempestade. Julgo que foi numa das revistas da A25A. 

Fiz algumas vezes esse trajecto, Teixeira Pinto-Bissau, de héli, que de facto na época das chuvas rapidamente poderia apanhar com grandes alterações atmosféricas e recordo de numa delas ter apanhado um valente susto, quando vi uma "muralha preta" aproximar-se rapidamente pela frente. Só que dessa vez o piloto transmitiu-nos que já não nos apanhava no ar, pois a BA estava bem pertinho. 

De facto, pouco depois de pousarmos e, já no resguardo das instalações, desabou passou aquela barreira de chuva e vento que todos conhecemos, por várias vezes. 

1.3. Luís, creio que esta acção, em si, não teve nome. No BCaç 2885, houve sim nesses dias algumas operações, para as forças que fizeram:

(i) escolta e segurança descontínua entre Nhacra e Cutia à coluna com material de Artilharia, no dia 17 (Op Filarmónica);

(ii) patrulha na região do Cubonge ao sul da "grande área do Morés", no dia 18 (Op Fígado);

(iii) contra-penetração do eixo In Morés/Sara com contacto no dia 22 (Op Farelo);

(iv) Op Fechadura no dia 24, para fornecer a segurança à deslocação do grupo de Deputados, entre Nhacra e Mansabá, em que se empenharam 3 Gr Comb da CCAÇ 2588, 2 Gr Comb da CCAÇ 2589, 4 Gr Comb da CCaç 15 (Balantas), 4 Gr Comb da 2732, 3 Pel Mil e 1 Pel Auto Panhard de reforço ao BCaç;

(iv) em 25 e 26 ainda patrulhas na região do Cubonge (Op Frenezim e Op Fazenda). 

Nunca percebi como "nasciam" os nomes das operações. 

São as achegas que posso dar sobre este episódio, que felizmente não vivi, e só mais tarde conheci. 

Bem e aproveito para desejar um Bom Natal e um Muito Feliz 2020 para toda ESTA GRANDE FAMÍLIA DOS CAMARADAS DA GUINÉ e SEUS FAMILIARES. Jorge Picado


Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa. Ficava  a meio, na estrada Mansoa-Mansabá. (***)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
____________


12 de julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3051: Estórias de Jorge Picado (4): Como cheguei a Comandante da CART 2732 (Jorge Picado)

terça-feira, 22 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18665: Convívios (858): XXIII Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, realizado no passado dia 19 de Maio de 2018, em Arganil (Jorge Picado, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885)

Os presentes, junto do Monumento, uma vez que os retardatários foram directos a Mont'Alto


1. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72) com data de 20 de maio de 2018, fazendo referência ao XXIII Convívio do BCAÇ 2885:


23.º CONVÍVIO DO BCAÇ 2885, 

QUE DECORREU EM 19 de MAIO em ARGANIL

Realizou-se ontem em Arganil o 23.º Convívio do “resistentes” que fizeram parte do Batalhão de Caçadores n.º 2885, que esteve sediado em Mansoa de 14MAI69 a 14FEV71, comemorativo dos 47 anos de retorno à Metrópole.

A concentração dos participantes efectuou-se na Associação dos Combatentes deste Concelho, cerca das 10 horas, que foram brindados por “um pequeno-almoço”, tendo havido uma pequena alocução referente a mais um evento nesta Associação que ficou marcada pela oferta de uma pequena lembrança, um azulejo com o Guião do Batalhão pintado, para enriquecimento do espólio desta Associação.

Seguiu-se depois a colocação de um ramo de flores junto do belo Monumento dos Combatentes do Concelho de Arganil, que a Autarquia edificou numa ampla rotunda, homenageando-se assim, com este simples gesto, todos aqueles que morreram na Guerra do Ultramar.

O almoço convívio decorreu no Mont’Alto, local panorâmico onde existe um Santuário de grande significado para os arganilenses, de devoção Mariana, de onde se desfruta de uma magnífica paisagem. É aqui que se celebra a 15 de Agosto a festa e romaria de Nossa Senhora do Mont’Alto.

Apesar de as baixas definitivas serem já elevadas e o impedimento daqueles que por diversos motivos não podem comparecer, ainda assim para os “resistentes”, de entre os quais estiveram dois representantes da Tabanca Grande (eu e o camarada César Dias), revivem-se sempre alguns dos bons e também maus momentos passados naquele Chão Balanta do Oio, mas sobretudo manifesta-se uma sã e grande alegria por se reencontrar camaradas que a vida vai afastando e só nestas ocasiões se voltam a ver.

Anexo algumas fotografias alusivas ao evento.

Como o oficial "mais graduado" presente incumbiram-me desta "missão", da entrega da lembrança ao presidente da Associação

Cerimónia de deposição das flores no Monumento dos Combatentes de Arganil

Carlos Costa, meu condutor, eu, Armando e outro soldado atirador que não recordo o nome, visionando fotos do album do Carlos

Alferes Martinez, Soldado Ferreira, Eu e Soldado de Transmissões Pisco, sobrevivente da emboscada de 12OUT970

 1.º Cabo Trms Victor Vieira, 1.º Cabo Quarteleiro(?) Monteiro (é de Campanhã), eu e (?).

Abraços
JPicado
____________

Nota do editor

Último poste da série de 21 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18658: Convívios (857): 37º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, 5ª feira, dia 24 de maio, no restaurante "Caravela de Ouro", Algés. Inscrições até às 24 horas de hoje, 2ª feira (Manuel Resende)

sábado, 1 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17532: O nosso livro de visitas (191): Américo Santos, ex-Fur Mil TRMS, retratado, enquanto recruta do CSM, em foto publicada no nosso Blogue (Américo Santos, Fur Mil TRMS / César Dias, Fur Mil Sap Inf)

Tavira > CISMI > Almoço do dia do Juramento de Bandeira > Meados de 1968 > Tony Levezinho de lado (elipse encarnada), César Dias, de frente (a azul) e, em segundo plano, o Fernando Hipólito (a amarelo). O Hipólito, que descobriu o César Dias através do nosso blogue, foi mobilizado para Angola. O António Levezinho, por sua vez, vou conhecê-lo, mais tarde, no Campo Militar de Santa Margarida, nos princípios de março de 1969, aquando da formação da nossa companhia (independente), a CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Foi um dos grandes amigos que eu fiz na Guiné.

Foto: © César Dias (2010). Todos os direitos reservados
Legenda: Luís Graça

************

1. Mensagem do nosso camarada e leitor Américo Santos, com data de 28 de Junho de 2017, a propósito da foto que acima se reproduz referente ao Juramento de Bandeira do 3.º Turno de 1968, da Recruta do CSM, no CISMI, em Tavira, publicada pelo nosso camarada César Dias no Poste 12703[1]

Boa tarde,   Camarada Luís Graça,

Sou o Américo Branco dos Santos, moro no Montijo, trabalhei na TAP e estou reformado.

Assentei praça no dia 16 de julho de 1968 no 3.º turno no CISMI em Tavira, na 3.ª Companhia, se não me engano. Lembro-me que era a primeira caserna do lado direito quando se entra na parada. Se não estou enganado, tinha o n.º 435/68.

Agora passo a explicar como cheguei aqui. Andava na Net e lembrei-me de ver se existia ainda o CISMI, pensava eu que já tinha sido vendido para construção. Pois fiquei a saber que ainda não através do teu blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.

Ao percorrer o blogue vejo uma foto em que apareço eu e restantes camaradas no jantar do dia do juramento de bandeira, nem queria acreditar no que estava a ver, quase me vieram as lágrimas aos olhos, pois passados tantos anos e de tantas vezes me ter interrogado do que seria feito dos camaradas do meu pelotão.

A última vez que vi alguns foi em 1969, em Santa Margarida na messe de sargentos, quando lá fui fazer uns trabalhos no posto de transmissões daquela unidade, estavam a tirar o IAO para depois embarcarem para o ultramar.

Pela foto dá para depreender que fizeste parte do mesmo pelotão e da mesma companhia, tivemos destinos diferentes, eu sai de Tavira e vim para o Batalhão de Telegrafistas em Lisboa, estive quase a ser mobilizado para a Guiné, escapei por um triz porque entretanto chegou pessoal novo e fiquei aliviado até passar a peluda.

Posto isto,  vão ai umas fotos que tenho cá em casa e onde identifico alguns camaradas, já não me lembro de todos porque os anos passam e a cabeça já não funciona bem.


Foto n.º 1 - Com o n.º 1 está o comandante de pelotão, que não me lembro o nome (encontrei-o em 1980 ou 81 na Olivetti em Lisboa trabalhava com as ATM); com o n.º 2 sou eu; com o n.º 3 o Filipe de Lisboa (Alfama?) tinha pavor a saltar para o galho; com o n.º 4 o Cavaco do Algarve (Quarteira?); com o n.º 5 conheço mas não sei o nome; com o n.º 6 penso que era o Luís que acompanhava muito comigo e com o Filipe, eram ambos de Lisboa; com o n.º 7 o camarada que marchava no meu lado direito, não me lembro o nome.




Fotos: © Américo Santos (2017). Todos os direitos reservados

Para terminar, gostava que o camarada se identificasse na foto e identificasse os que se lembrar e, qual a situação de todos ou alguns.

Adeus, um abraço
Obrigado
Américo Santos

************

2. Comentário do editor

Caro camarada Américo Santos_

O lema no nosso Blogue é: O Mundo é pequeno... e a nossa Tabanca é Grande, logo não admira que encontrasses aqui uma fotografia onde estás entre camaradas de recruta, no CISMI de Tavira, no almoço do Dia de Juramento de Bandeira.

Vamos recorrer ao César Dias, com quem ainda contemporizei na Guiné, para ver se ele reconhece mais malta do vosso tempo, e se sabe dos seus paradeiros.

Queremos agradecer o teu contacto e as fotos que nos enviaste, aqui publicadas.

Esperamos que nos continues a ler,  apesar de teres sido um dos sortudos a quem não foi oferecida viagem e estadia em África durante 2 anos. Nem sabes o que perdeste.

Em nome da tertúlia e dos editores, deixo-te um abraço.
Carlos Vinhal
____________

Notas do editor

[1] Vd. poste de 10 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12703: CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, Tavira, 1968: Guia do Instruendo (documento, de 21 pp., inumeradas, recolhido por Fernando Hipólito e digitalizado por César Dias) (1) : Parte I (1-6 pp.)

Último poste da série de 12 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16950: O nosso livro de visitas (190): Evaristo Pereira dos Reis, 66 anos de idade, residente em Setúbal... Ex-1º cabo condutor auto, de rendição individual, esteve no QG (1971/73), mas na maior parte da comissão foi mestre de obras da Câmara Municipal de Bissau, ao tempo do maj cav Eduardo Matos Guerra, como presidente