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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2430: Estórias do Juvenal Amado (1): Um dia negro, na estrada Galomaro - Saltinho (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872)



Juvenal Amado
Ex-1.º Cabo Condutor,
CCS/BCAÇ 3872
(Galomaro, 1972/74)





Foto 1> Guiné > Zona Leste > Galomaro> CCS do BCAÇ 3872 (1972/74) >Aquartelamento

Foto 2> Guiné > Zona Leste > Estrada (alcatroada) Bafatá-Bambadinca > Coluna logística

Foto 3> Guiné > Zona Leste > Galomaro> CCS do BCAÇ 3872 (1972/74) > Chaimites durante uma visita do General Spínola


Foto 4> Guiné >Zona Leste > Galomaro > CCS do BCAÇ 3972 (1972/74) > Da esquerda para a direita: Caetano, Aljustrel, Fur Claudino, Amado, Alcains, Fonseca, Pinto e Chapinhas


Foto 5> Guiné > Zona Leste > Galomaro > CCS do BCAÇ 3872 (1972/74) > Dentro do Abrigo> Da esquerda para a direita: Aljustrel, Ermesinde, Amado e Caramba

Fotos e legendas: Juvenal Amado (2008). Direitos reservados

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (1), com data de 23 de Novembro de 2007:

Caros camaradas:

Estou a tentar recolher fotos e documentos entre Janeiro de 1972 e Abril de 1974, período em que o BCAÇ 3872, formado pela CCS (Galomaro) as Companhias do Saltinho, Dulombi e Cancolin, esteve na Zona Leste.

Entretanto envio um relato meu lido na Antena 1 , no programa História de Vida, em 27 de Junho de 2007.

Saudações
Juvenal Sacadura Amado


Guiné, 15 de Novembro de 1972

Tinha as virilhas e a parte interna das coxas cheias de bolhas, provocadas pela micose que me afligia praticamente desde que desembarcara na Guiné. A comichão era intensa, e já a fórmula 8 LM usada nestes casos pouco efeito sortia para além do momento em que se aplicava e da dor que provocava.

A coluna militar em direcção ao Saltinho, tinha partido de Galomaro ainda o céu estava escuro para efectuar a recolha de Páras, que tinham sido largados na zona, se não estou em erro dois dias antes. Faziam segurança à coluna o pelotão do PEL REC (Pelotão de Reconhecimento e Informação), reforçado por milícias africanas.

A picada tinha sido abandonada já algum tempo, pois era mais seguro, embora muito mais longe, abastecer a Companhia do Saltinho, através de picadas onde beneficiávamos do apoio das Companhias que faziam parte do Batalhão de Bambadinca, que estavam aquarteladas ao longo do percurso. Normalmente o Esquadrão de Cavalaria de Bafatá também participava com as Chaimites.

Como era uso, uma Berliet, carregada de sacos de areia e os pneus cheios de água por causa das minas, seguia à frente e as ordens eram para se manter distância, desde que não se perdesse o contacto visual com a viatura que seguia na frente.

A picada estava em mau estado pois não era usada há bastante tempo, mas o pior era o capim que tinha crescido de tal forma que nos encharcava com o cacimbo abundante nessa altura do ano. Embora normalmente com um clima escaldante, não era nada agradável aquela hora.

A coluna parou numa aldeia abandonada, que mais parecia que os seus habitantes tinham desaparecido por artes mágicas, pois o povoado estava em perfeitas condições e as palhotas não estavam degradadas pelo abandono. Aí, após um breve descanso, veio a ordem de que o Pelotão de Reconhecimento e Informação (PEL REC) devia formar em duas filas indianas, uma de cada lado da picada, mas de forma a que uma começava onde a outra acabava e guardando uma distância de segurança entre cada uma, que caso houvesse um rebentamento de mina não fosse atingido mais ninguém para além do infeliz que a pisasse.

A minha Berliet, que até a essa altura tinha funcionado como rebenta-minas, passou para trás dessa coluna apeada, onde os soldados passariam a ter as funções de proceder à picagem à frente dos próprios pés do terreno que todos iriam pisar.

Não eram funções para que o Pelotão estivesse bem treinado, na verdade tinham feito alguns ensaios, mas a prática era quase era nula. Acrescento que os milícias se recusaram a fazer semelhante serviço.

Eram na grande maioria meus amigos chegados os homens daquele pelotão, não será demais afirmar o risco que eles iam correr, era uma realidade atroz.

A coluna começou a progredir na direcção do nosso objectivo, o Aljustrel, soldado mecânico, tinha-se oferecido para esta missão, talvez por solidariedade ou talvez porque lhe apeteceu pisar o risco. Na verdade, como meu companheiro da cama ao lado da minha, havia entre nós uma grande amizade, talvez as minhas conversas sobre este tipo de viagens e o facto dele nunca ter ido ao Saltinho tenham influído na sua decisão.

A velocidade de progressão da coluna é ao ritmo dos homens que vão espetando uma vara com uma ponta de ferro no chão, pois no caso de lá haver uma mina a terra fofa facilmente será ultrapassada pela ponta e esta, ao embater num objecto enterrado, transmite ao seu utilizador o que facilmente é de prever.

O Aljustrel é que ia a guiar, utilizando o acelerador de mão e eu sentado no extremo oposto. Agradecia o favor, pois era muito chato e requeria muita atenção fazer aquele tipo de condução, pois à nossa frente, nunca é de mais lembrar, seguiam homens a pé.

Trinta e três anos passados, a certeza sobre o tempo em que a coluna progrediu não está já muito presente na minha memória, mas penso que nem uma hora foi, até que um forte rebentamento se fez ouvir, e o que vi foi tudo negro, terra e fumo no ar.

Atirei-me da viatura e procurei abrigar-me longe dela. Deitado no chão junto do Ivo, e sem saber o que tinha acontecido, logo começámos a ouvir os gritos lancinantes e tivemos a certeza que alguém estava gravemente ferido.

À nossa frente, as folhas rasteiras estavam todas salpicadas de sangue, e à minha esquerda metro e meio recuada, estava um pé descalço, amputado, com um pedaço de perna, era branco e estava estranhamente limpo.

Os gritos e o choque entravam fundo em nós, e foi Aljustrel ou o Silva que disse que tinha sido o Teixeira a pisar uma mina antipessoal.

Junto dele estava o maqueiro, devido à cor do cabelo conhecido pelo Russo, tentava minimizar o sofrimento e estancar o sangue das feridas, do camarada que tinha as duas pernas decepadas, e o que restava era uma mistura de tecidos, com restos de farda, e o preto da explosão era a cor dominante.

Foi pedida evacuação, todos esperávamos talvez um milagre e, ao vermos o nosso camarada, o terror em mexermos os pés do sítio em que estávamos era enorme.

Os gritos foram abrandando, a vida escapava daquele jovem de 22 anos que nem uma hora antes estava pleno de vida, na terra tinha namorada, pais, talvez irmãos como a maioria de nós.

O rosto ficou sereno e a luz que iluminava os seus olhos apagou-se, deixando-os baços e opacos a olhar para nós sem nos ver. Ali ficou deitado junto buraco, que a explosão havia aberto, até que o heli passou por cima nós, e foi a última vez que o vi quando o levaram para local mais aberto, onde foi enfim recolhido.

Foi necessário retomar a marcha, e não é de mais lembrar que é da mesma forma que se vai continuar, ou seja, os nossos camaradas do PEL REC a pé, picando à frente dos seus pés, pois podia haver mais minas. É talvez uma visão da verdadeira coragem, vê-los a caminhar à minha frente depois do que tínhamos acabado de presenciar, e que podia acontecer novamente a qualquer momento.

O regresso foi feito em silêncio pesado, voltámos a passar no sítio e não pude evitar olhar para o buraco, que tinha a dimensão de meio bidão de duzentos litros, e nos obrigava a sair da picada para o contornarmos.

Segui para Nova Lamego (Gabu) com os Pára-quedistas, e nesse mesmo dia regressei a Bafatá, desejoso de estar junto dos meus camaradas, facto que só se veio verificar no outro dia.

Nessa noite bebi até ficar dormente mas não consegui dormir. Na minha cabeça a recordação do acontecido era demasiado presente, via a coluna de fumo, e ainda sentia o cheiro a explosão, e os gritos martelavam sem parar.

Este foi um dia como outros na Guiné-Bissau. Para este camarada como para centenas de outros, a guerra acabou tarde de mais.

Dedico este relato aos meus camaradas do BCAÇ 3872, e mais precisamente aos que viveram aquele dia comigo, pois vamos para a guerra e nunca retornamos dela.

Juvenal Nataliel de Almeida Sacadura Amado
Ex-1.º Cabo Condutor 11199771
CCS/BCAÇ 3872(Galomaro, 1972/74)


2. Comentário do editor:

Parabéns, Juvenal. Ouço às vezes o programa A História Devida, da Antena 1... Têm aparecido alguns boas histórias passadas no Ultramar. Não me lembro da tua. Mas fiquei muito sensibilizado pelo facto de a teres escrito, de a teres dedicado aos teus camaradas que estavam contigo nesse dia negro e também de teres querido partilhar com os nossos amigos e camaradas da Guiné que fazem parte deste blogue. Todos nós sabemos, por experiência própria ou por formação na tropa, quão terríveis eram (são) essas coisas das minas e armadilhas, sabemos do horror (e do terror) que esses engenhos explosivos nos causavam... Muitos de nós ainda temos pesadelos como os teus... Como tu dizes, e muito bem, "vamos para a guerra e nunca retornamos dela"... Conto contigo para mais histórias (e estórias) das tuas andanças pela Zona Leste...
____________________

Notas do editor

(1) Vd. post de 6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2413: Tabanca Grande (50): Juvenal Amado, ex-1º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872 (1971/73)

(2) Programa A História Devida, Antena 1: Todos os dias às 17:20h, com repetição às 21:20h e 03:20h, na Antena 1. As histórias (que devem ser curtas) podem ser enviadas para Produções Fictícias, Travessa da Fábrica dos Pentes nº27 R/C 1250-105 Lisboa ou para o seguinte e-mail.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Guiné 63/74 - P1169: A nossa Chaimite no Ultramar por Pedro Monteiro (Luís Graça)

Véiculo blindado Chaimite 4 x 4, de produção nacional. Foto: Pedro Monteiro > Fonte: www.defesanet.com.br (com a devida vénia...).


Mensagem que recebi de Pedro Monteiro e para a qual peço a melhor atenção dos nossos amigos & camaradas da Guiné.


Caro Luís Graça,

Antes de mais, parece-me útil uma breve apresentação da minha pessoa. O meu nome é Pedro Monteiro e desenvolvo uma actividade de pesquisa de assuntos militares. É, pois, nesta condição que sou colaborador regular e correspondente para Portugal das revistas de actualidade militar Fuerzas Militares del Mundo (Espanha) e Tecnologia & Defesa (Brasil), entre outros projectos.
Nos últimos anos, tenho vindo a pesquisar dados e documentação sobre a Chaimite (e publiquei mesmo um trabalho prévio: vd. Blindado Chaimite 4 x 4 num site brasileiro).
Na realidade, este projecto tem dois fins: a publicação de um artigo aprofundado sobre o desenvolvimento, produção e operação da Chaimite e, eventualmente, uma monografia sobre a mesma (com algum material para apoio aos modelistas).
Deste modo, não pretendo limitar as minhas pesquisas e desejo recolher o máximo de material (seja informações, relatos, fotografias e documentação) que exista acerca da mesma.
Sei, por exemplo, que no Elefante Dundum do Major Cav Mendes Paulo existem bastantes dados para confrontar. Infelizmente, soube do seu falecimento (1) e, portanto, já não será possível contactá-lo a propósito do excelente trabalho de pesquisa que fez e que lança algumas pistas que gostaria de pesquisar e aprofundar.
Entre os seus contactos, conhece alguém que me possa ajudar?
Espero ter deixado claros os meus propósitos com este trabalho. Para o caso de persistir alguma dúvida face à natureza do meu pedido, disponibilizo-me para futuros esclarecimentos por esta via ou outra (93 441 75 34).
Desde já, grato pelo tomado nesta questão.
Com os meus cumprimentos,
Pedro Monteiro
Comentário de L.G.:
(i) No meu tempo e na minha zona (Bambadinca, 1969/71), não cheguei a apanhar a Chaimite na Guiné. Só conhecida a velhinha autometralhadiora Daimler... Pelo menos, não tenho quaisquer recordações da Chainite que, depois, se vai tornar um dos símbolos do próprio 25 de Abril. Recorde-se que foi na Chaimite Bula - que integrava a força comandanda pelo Cap Salgueiro Maia no cerco ao Quartel do Carmo - que o presidente do Governo deposto, Marcelo Caetano, se rendeu e foi transportado sob prisão, para o aeroporto que o levaria à Madeira e depois ao exílio, no Brasil.
(ii) Veículo blindado nacional, a Chaimite teve o seu período áureo - em termos de produção e exportação - depois do 25 de Abril. Mas chegou a actuar no Ultramar, e inclusive na Guiné. Não tenho grande informação sobre o seu comportamento no difícil terreno da Guiné e nas duras condições da guerra que ali se travava. Nas é possível que haja camaradas que possam dar, aqui, em primeira mão, o seu testemunho sobre este veículo blindado que foi desenhado para a guerra de contraguerrilha em África.
(iii) No início de 1972, o ranger Eusébio regista a presença de Chaimites na Zona Leste (3):
(...) "Ali, no Xime, esperava-nos um esquadrão de cavalaria com os blindados Chaimite que nos iriam escoltar até á próxima paragem, Bambadinca" (...) . (LG)
______________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 13 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1067: Morreu o major Mendes Paulo (BCAV 2922, Piche, 1970/72) (José Martins)
(2) Vd. post de 27 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1119: Um periquito no Saltinho, o ranger Eusébio (CCAÇ 3490, 1972/74)

domingo, 2 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P654: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (6): as primeiras Chaimites para o Exército Português

Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. © Manuel Mata (2006)


Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > VI Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (*)

Junho de 1970:

Mês trágico para o Furriel Mil Humberto Sertório Fonseca Rodrigues que sofre um acidente no quartel ao deslocar-se ao gabinete do Comandante do Esquadrão (na altura Capitão de Carreira Fernando da Costa Monteiro Vouga, hoje Coronel na reforma), para atender um telefonema de Lisboa, da mãe.

E enquanto almoçava, este, ao entrar a correr no gabinete fez estremecer o soalho, tremeram os móveis, caiu um dilagrama que estava exposto em cima de um dos móveis e que explode. Esse dilagrama era um de dois por mim encontrados, junto da ponte do rio Colufe, numa tarde de pesca com tarrafa (rede de lançamento, cónica), não sendo este conhecido no nosso exército, na altura.

O Capitão, quando o viu na arrecadação de material de guerra e aquartelamento, pediu-me que, antes de os depositar no paiol subterrâneo, lhe desse um para observação.

Ainda hoje, quando recordo esta cena, vendo um corpo a rolar no chão, sinto alguma angústia, embora o Humberto Sertório se encontre bem, continuo com alguma dor… (Certamente alguns dos camaradas desta caserna, deste blogue, conhecem este camarada, foi Fundador e Presidente de ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas).


Agosto de 1970:

Mais um elemento do Esquadrão evacuado por doença, o Apontador de CCM 47, João Vicente Pereira Constantino.

Verificou-se ainda neste mês, no itinerário Piche – Nova Lamego, uma emboscada pelo IN a uma viatura civil. Acorreram os homens do Pel Rec que, ficaram surpreendidos por se tratar de uma viatura civil. Explicação do motorista: ultimamente não tinha entregue a sua contribuição (sacos de arroz e feijão) aos homens do PAIGC da região.



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Uma das oito Viaturas White distribuídas ao Esq Rec Fox 2640. Rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica. Tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas. © Manuel Mata (2006)


Setembro de 1970:

As oito viaturas White, distribuídas ao Esq começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação leavdo a uma diminuição da nossa actividade operacional.

Neste mesmo mês um camarada do Esq é punido, com quatro anos e seis meses de presídio militar, por insubordinação (ameaça de lançamento de granada de mão ofensiva durante a noite, ou de G3 em posição de rajada, na caserna, quando todos estavam a descansar, etc.)... Lá fugia toda a malta em cuecas para a parada, com medo do Mouraria, que acabava a rir à gargalhada!!!

Conclusão: seguiu para Bissau, com destino ao Forte de Elvas, donde saiu beneficiando de uma amnistia pela morte de António Oliveira Salazar (1), não sendo por nós conhecida a sua situação desde essa data.


Mês de Outubro de 1970:

O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo Minhoca). Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.

Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população.
Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Algum do material de guerra capturado ao IN ao longo dos meses na zona de Piche.

© Manuel Mata (2006)

No mesmo período outro Pelotão ao fazer uma escolta Bafatá – Xime – Bafatá foi atacado pelo IN com morteiro e armas ligeiras. As nossas forças reagiram em colaboração com as forças estacionadas no Xime, não tendo havido consequências, para as NT.

Logo, a seguir 5 de Dezembro, foi atacada a tabanca de Bambadinca. Neste período é de salientar a vinda à Metrópole de um Alferes, do Primeiro-Sargento Mecânico, e de cinco Praças, afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esq. Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português.

Estava assim decorrido o primeiro ano de Guerra e eis que chegou o segundo Natal na Guiné. Algumas mensagens para a família pela rádio e pela televisão, toda a gente em fila indiana numa corrida para o microfone (Sou o …, de …, Minha querida Mãe e Pai, e restante família, estou bem, até ao meu regresso!), lá fica toda a gente mais feliz.

Não podemos esquecer a lembrança posta na Bota, entregue pelo MNF Português(carteira contendo um maço de tabaco e um isqueiro)... Para muitos de nós era humilhante, tratar assim quem tudo dava incluindo a própria vida, por uma causa que não era nossa.

Para os amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico/satírico, já comecei a publicar algumas, que são da autoria do meu amigo José Luís Tavares, homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais (3).
______________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts anteriores
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

3 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)

2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

(2) Salazar morreu em 27 de Junho de 1970. Poucos de nós, na Guiné, demos pela ocorrência e menos ainda a lamentámos.

(3) Vd post de 31 de Março de 2006 >

Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche.

Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857