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terça-feira, 5 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18711: FAP (107): O dia em que a Guerra na Guiné quase terminou… (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

FIAT's em Bissalanca


1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 31 de Maio de 2018:

O dia em que a Guerra na Guiné quase terminou…

Cumpri apenas uma comissão de serviço no Ultramar durante a minha carreira na Força Aérea Portuguesa. A comissão na Guiné, porém, sobrepôs-se a todas as outras acções e marcou-me indelevelmente para o resto da vida. A mim e certamente a todos os que, de algum modo, partilharam a mesma experiência. É de um destes acontecimentos que a lei da sorte permitiu, não só que vos esteja aqui hoje a relatar, mas que teria provavelmente mudado o destino de toda a guerra colonial se o pior naquele dia de Agosto de 1968 tivesse porventura acontecido. É deste evento que vos irei agora dar conta…

Naquele dia, cumpria-se a rotina habitual relativa à acção da Linha da Frente da Esquadra de Tigres “Os Fiat`s G-91 R4”. Isto é, as diferentes especialidades cumpriam escrupulosamente o seu trabalho com a dedicação e o sentido do dever a cumprir. Os mecânicos, (como eu) electricistas e pessoal de rádio procediam às inspecções de preparação para o voo, enquanto o pessoal de armamento cumpria o rearmamento dos aviões de acordo com o planificado pela chefia do Grupo Operacional. Eram oito as aeronaves a inspecionar, reabastecer e rearmar. Se bem me lembro duas parelhas com Foguetes e Drop tanques suplementares (para aumento de autonomia) e as restantes configuradas com bombas de 200 Kg (pylons internos) e 50 Kg (nos pylons externos) destinadas a bombardeamento de instalações AA inimigas que tinham entretanto sido detectadas e devidamente referidas no mapa..

 Bombas de 200Kg

Em tempos de Guerra, a azáfama de uma linha da frente é sempre frenética e bastante nervosa, uma vez que estamos permanentemente a lidar com material que causa destruição e eventualmente mata ou estropia seres humanos ou animais e arrasa com estruturas quer sejam urbanas ou rurais.

BA 12, 1968 - Assinando o Livro de Inspeção

Todos procuram fazer bem e depressa, o que nem sempre é uma boa mistura e em que por vezes apesar de toda nossa boa vontade não se consegue actuar em perfeita sintonia. No meio de todo aquele frenesim, alguém decidiu (porventura para poupar tempo) que as aeronaves podiam ser abastecidas de combustível ao mesmo tempo que algumas das aeronaves eram carregadas com as bombas e as restantes municiadas com rocketts e os respectivos pentes de balas 12,7mm colocadas nos compartimentos das metralhadoras.

Assim foi com naturalidade que vi chegar o autotanque de JP4 e o vi posicionar-se em frente aos aviões…

O meu camarada e amigo 1.º Cabo MMA, Luís Branco Tavares, após a passagem técnica de inspecção, dado ter sido um dos primeiros a terminar a vistoria, saltou de imediato para cima da asa direita pronto para o abastecimento… Deve ter algures vislumbrado um filme de terror… ou por qualquer outra razão impossível de explicar, deu um berro medonho (ele tinha e tem ainda hoje uma voz de tenor) e gritou a plenos pulmões: “Ó condutor, tira-me ESSA MERDA DAÍ”, o que o Soldado condutor auto cumpriu de imediato. Em boa altura o fez, já que passados minutos se ouviria um disparo que terá passado ao lado da traseira do camião cisterna e rebentado na terra desmatada entre a linha de delimitação da Base Aérea e um tabancal situado a uns quilómetros da zona.

Caros amigos, não creio haver um mínimo de exagero, se vos disser que se acaso o foguete tivesse acertado no camião cisterna, toda a Base teria sido incinerada. Não eram apenas as aeronaves mais próximas, seriam também todas as outras; os T-6, Hélis, DOs, Dakotas, hangar`s e Esquadras, etc., sem nunca esquecer que os depósitos onde eram fabricadas as bombas napalm estava ali bem pertinho a meia dúzia de metros!

A principal vantagem dos militares portugueses na guerra de 1961-74 foi, em meu entender, a superioridade aérea de que a FAP usufruiu durante a guerra. Foi uma vantagem militar sem paralelo do nosso lado e contra a qual durante muito tempo eles não tiveram qualquer forma eficaz de combater. Uma mais-valia que, no entendimento dos responsáveis militares e políticos, se deveu à aposta na intensificação da implementação da aviação militar em África. A actividade aérea, que até 1968 se desenrolou regularmente, só foi limitada pelos meios humanos e materiais ou pelas más condições atmosféricas, o que permitiu um contínuo apoio ao esforço de guerra, assumindo essencialmente três vertentes: transporte, informações e apoio de fogo.

 Bissalanca, 1968 - Fiat's

A partir de 1965 começaram a ser estabelecidos procedimentos para a coordenação entre meios aéreos e de superfície, sendo criados o Centro Conjunto de Apoio Aéreo, em Bissau, e a Secção Conjunta de Apoio Aéreo, em Nova Lamego. Estes organismos permitiram melhorar a comunicação e coordenação entre os três Ramos das Forças Armadas, a determinação de prioridades e a afectação racional dos meios aéreos. A guerra na Guiné teve características muito diferentes da guerra em Angola. A elevada organização da guerrilha e a forma como a sua luta se iniciou, através de acções de combate e não com massacres como em Angola, era reveladores das dificuldades que as FA iriam ter neste território. O principal movimento de libertação era o (PAIGC), que se preparou antecipadamente para a guerra através da formação de quadros, do recrutamento e doutrinação dos combatentes e do treino militar, passando três anos a analisar condições e a recolher apoios internacionais para a rebelião.

Por outro lado, o território guineense possuía um conjunto de características que favoreciam a actuação dos guerrilheiros. A extensa área fluvial, a linha costeira bastante recortada, os largos estuários e braços de mar que penetram profundamente no continente, exigiam operações militares com uma importante componente anfíbia, motivo pelo qual a Armada esteve tão presente neste teatro de operações.

O restante território tinha uma dimensão reduzida, cerca de um terço de Portugal, e era habitado na sua maioria por nativos de várias etnias, algumas estendendo-se para lá das fronteiras. Na Guiné, não só os factores históricos e a hostilidade da geografia e do clima tornaram difícil a actuação das FA, como também as independências da Guiné-Conakry (1958) e do Senegal (1960) tiveram um importante papel na condução da guerra. Estes dois países foram uma importante fonte de apoio aos guerrilheiros do PAIGC, proporcionando-lhe refúgio a Norte, Leste e Sul, onde puderam estabelecer as suas bases e desencadear acções militares na Guiné . O nível de organização do movimento e o armamento moderno de que dispunha (armas automáticas, morteiros, RPG’s, metralhadoras anti-aéreas) possibilitou aos guerrilheiros evoluírem de tal forma rápida que, em 1965, já tinham estendido a sua actuação a todo o território da Guiné. Para piorar a situação militar portuguesa, em termos de apoio aéreo, devido a pressões exercidas pelos EUA a Força Aérea Portuguesa foi obrigada a retirar da Guiné os oito F-86F, a principal arma de ataque aéreo de que dispunha.

F-86F 354 nos céus da Guiné

Desde a retirada destes, em finais de Outubro de 1964, e a chegada dos seus substitutos, os novos caças FIAT G-91 R4 adquiridos à Alemanha Ocidental, as missões de apoio aéreo próximo às forças no terreno foram garantidas pelas aeronaves T-6G. Este era um avião que estava longe de possuir o mesmo poder de fogo do anterior F-86F ou do posterior FIAT G-91 R4, o que terá contribuído para que no período de dezoito meses entre a saída de uns e a entrada ao serviço de outros, a guerrilha tenha reforçado a sua presença no terreno, especialmente na região a Sul. A evolução militar da guerrilha permitiu ao PAIGC, em 1966, anunciar publicamente o controlo de dois terços do território, afirmando que a Guiné era “um Estado em desenvolvimento, estando um terço do seu território a ser objecto de agressão imperialista". Por esta altura, o PAIGC começou a desencadear acções militares mais arrojadas, perto da guerra convencional, embora nestes casos ficasse muito exposto à acção aérea, especialmente nas áreas de menor densidade florestal. A inferioridade do inimigo na guerra aérea levou a que desde cedo procurassem anular esta vantagem das força armadas portuguesas, recorrendo para tal ao uso de artilharia anti-aérea.

Portanto, aquele foi um dia de sorte para todos nós, um dia em que as nossas vidas e própria guerra podia ter tido um final trágico na Guiné!

Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18690: FAP (106): Fotos da montagem dos primeiros FIAT's G-91 R/4 destinados à Esquadra de Tigres de Bissalanca (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18647: FAP (104): Breve Historial: Operação Atlas (Mário Santos, 1.º Cabo Especialista MMA)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 7 de Maio de 2018:

Caros amigos e camaradas.
Este é um documento de inestimável valor, em especial para as gerações mais novas.
São eventos da nossa história, e parte fundamental da nossa memória colectiva que estão acantonados nos Arquivos do Silêncio….
Retratam um acontecimento único e indelével na história da Aviação Militar Portuguesa.
Nela tomaram parte alguns amigos e camaradas de quem fui contemporâneo anos mais tarde na BA12 Bissalanca-Guiné.
Recordo com profunda saudade, já nos longínquos tempos de 67/69 os então Sargentos Pilotos, Pombo Rodrigues e Cartaxo da Silva (68/69) este já a voar o C-47 Dakota, assim como os Sargentos MMA, Mário Caneiro, José Cabeleira, Lino Carneiro e tantos outros que a inexorável passagem dos anos me varreu da memória.


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Nota do editor

Último poste da série de 30 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18585: FAP (103): Pedaços das nossas vidas (3): Madina do Boé "O Algarve na Guiné", por TGeneral PilAv José Nico (José Nico / Mário Santos)

sábado, 14 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18522: FAP (102): Paixões das nossas vidas - A Força Aérea Portuguesa (Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA - F 86 e Fiat G-91)

1967 - Base Aérea 12 - Linha da Frente - Esquadra de Tigres 


1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 13 de Abril de 2018:

Caro Carlos 
Envio-te para publicação este texto e foto da Linha da Frente em 1968. Esquadra 121 "Tigres de Bissalanca", composta pelos primeiros Fiat's G-91 R/4 a operarem no nosso teatro de guerra. 
O nosso "logo" com uma Cabeça de Tigre e Boca de Tubarão pintados respectivamente por debaixo do Cockpit e na entrada de ar do Reactor. 
Vai também um logotipo da Força Aérea em que estão inseridos o novo emblema e outros bem mais antigos. 
É tudo pertença do meu espólio. 
Espero que seja do interesse da tertúlia... como sou "periquito" nestas lides, espero que este seja o procedimento normal. Tu dirás! 

Abraço amigo, 
Mário Santos



PAIXÕES DAS NOSSAS VIDAS

A Força Aérea Portuguesa

Num ser humano considerado emocionalmente equilibrado, as paixões de vida começam normalmente pela família, namoradas, amigos e conhecidos.
Esta é quanto a mim, a ordem natural da essência da vida, embora como bem sabemos as excepções existam.

Vêm depois as outras, as secundárias, mas bem importantes se tivermos em consideração o que se vai passando e sabendo hoje através dos media e das redes sociais. Refiro-me a este fenómeno curioso e transversal, que engloba a maioria do pessoal militar que passou pela gloriosa instituição que é a Força Aérea onde me integrei como voluntário aos 17 anos de idade.

Desde o mais simples soldado até à mais alta patente, “a nossa Força Aérea” mexe com todos, mesmo com aqueles que como eu, tiveram uma passagem curta, mas de tão intensa, marcou o meu percurso de vida até aos dias de hoje. Amizades que perduram passados mais de 50 anos. Eventos cuja memória não se desvanece nunca.

Todos ou quase todos, passámos pelos diferentes teatros de guerra, quando com honra, orgulho e sem preconceito, defendemos os territórios ultramarinos que os nossos antepassados nos legaram.

Aprendi na Força Aérea a cultivar o espírito da amizade, do fazer e fazer sempre bem, do rigor, da competência, da administração dos parcos recursos que a Nação colocou à nossa disposição, que a Instituição FAP, com inteligência e bom senso, soube utilizar com critérios de boa gestão, procurando sempre a proficiência dos seus recursos, buscando sempre em última instância o bom êxito da missão.

E, o mais importante, o apoio, a protecção e auxilio aos que no terreno combatiam o inimigo olhos nos olhos. Os nossos camaradas do exército terrestre. Os que mais padeceram e sacrificaram!

Colaborei em muitas missões, com técnicos e pilotos, que num espírito de união, trabalharam em uníssono, para que todas as missões tivessem sucesso. Admiro, louvo e reconheço publicamente, o nosso espírito de sacrifício, a entrega à missão que abraçámos e em que nos empenhámos devotadamente ao serviço de Portugal.

A Força Aérea Portuguesa existe para servir. Sem esperar recompensas. Hoje, como ontem, estão fortemente empenhados em continuar o seu caminho, de paulatinamente melhorar a sua prestação e o seu serviço ao País. O melhor de qualquer Instituição, são as pessoas que nela servem, com alegria, vontade firme e constante de dar o seu melhor, em favor de uma causa, que por ser pública e relevante, deve merecer de todos nós o nosso agradecimento e admiração.

Um grande bem haja a todos os meus camaradas de todas as armas que lutaram por Portugal.

Fraterno abraço para todos!
Mário Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2017 > Guiné 61/74 - P17303: FAP (101): Agora num expositor... Aventuras de um capacete... E não só... (Miguel Pessoa)

terça-feira, 10 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18508: Tabanca Grande (463): Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA (F 86 e Fiat G91) da Força Aérea Portuguesa (BA 12, 1967/69), Grã-Tabanqueiro 772 da nossa tertúlia

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69, com data de 5 de Abril de 2018:

Olá camarada

Gostaria de me juntar ao teu/vosso blogue, uma vez que cumpri comissão na Guiné como Mecânico na Esquadra de Tigres de Bissalanca, onde operavam os Aviões Fiat G-91. Foram cerca de quase 2 anos na linha da Frente da Base Aérea 12.
Teria todo o gosto em contribuir com o meu historial e espólio na ajuda à divulgação da nossa acção e sacrifício em prol desta Pátria que infelizmente nos tem injustamente negado o reconhecimento colectivo da nossa relevância e dignidade na História.

Um abraço,
Mário Santos
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2. Resposta do coeditor no mesmo dia:

Caríssimo camarada Mário Santos

Teremos o maior prazer em te receber na nossa tabanca de infantes, onde têm lugar especial os outros Ramos das Forças Armadas, a saber, a Força Aérea, já bem representada no Blogue, e a Marinha, esta com menos participantes.

Como saberás temos no blogue três pilotos, os agora TGeneral António Martins de Matos e o Coronel Miguel Pessoa, e o ex-Alf Mil Pilav Jorge Félix, além dos Especialistas, Arnaldo Sousa, Jorge Narciso, Victor Barata e Vítor Oliveira (, cito dr cor). Não podemos esquecer os nossos camaradas das Companhias de Caçadores Paraquedistas e as nossas queridas Enfermeiras Paraquedistas que se quiseram juntar à nossa tertúlia.

Para fazermos a tua apresentação formal à tertúlia queremos saber de ti:

- O nome, Posto, Especialidade, Unidade, data de ida e regresso da Guiné e outros elementos que aches ajudem a conhecer-te melhor. Se quiseres podes indicar a localidade da tua residência actual.
- Queremos uma foto actual e outra, fardado, dos velhos tempos de Guiné, e como "jóia de admissão", uma pequena história que servirá de apresentação à tertúlia, com uma ou outra foto, se for o caso.

Claro que se tiveres material fotográfico e textos que nos queiras ir enviando para publicação, entrarás no grupo daqueles que deixam aqui o seu testemunho para memória futura. 

O nosso Blogue é já hoje uma fonte de pesquisa para quem quer escrever sobre a guerra de África, particularmente sobre a Guiné. Não é raro pedirem-nos para utilizar uma ou outra foto, a que acedemos depois da devida autorização do seu proprietário intelectual.

Ficamos ao teu dispor para outros esclarecimentos.
Recebe um abraço do camarada

Carlos Vinhal
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3. Ainda no mesmo dia nova mensagem do nosso camarada Mário Santos

Caro Camarada Carlos

Agradeço a tua prontidão na resposta, tal como a recepção dada ao meu pedido de ser incluído no vosso magnifico blogue.
Agora e de acordo com a tua sugestão, passo a apresentar-me e a informar de que as minhas fotos, tal como o meu inicio histórico na Guiné seguirá em anexo junto a este mail. 

Uma das fotos retrata a minha chegada juntamente com os então Tenentes Pilotos José F. Nico e Rui Balacó. As restantes, tal como pedes é uma actual e outra ainda menino na BA 12 em 1967.

Espero que o meu convívio no seio do blogue, assim como a minha colaboração sirva para o enriquecimento da nossa tertúlia.

Fui 1.º Cabo Especialista MMA, (Mecânico de Aviões) com MTU "Especializado" nos Aviões F-86 "Sabre" e Fiat G-91.

O meu percurso na Força Aérea teve inicio a 1 de Junho de 1966 na Base Aérea 2 "Ota" e terminou a 31 de Julho de 1970 na Base Aérea 5 em Monte Real.

Sobre os camaradas da Força Aérea mencionados no teu mail, direi que sou amigo do Pil./Av. Jorge Felix com quem cumpri comissão na BA 12 na Guiné. Conheço também o Gen. António M. Matos e o Coronel M. Pessoa, mas que me recorde, nunca me cruzei com nenhum deles, uma vez que quando chegaram à Guiné já eu teria terminado o meu serviço quer na Guiné e também saído da nossa Força Aérea.

Também o camarada Victor Oliveira se for quem penso, terá cumprido a comissão em Bissalanca na mesma altura que por lá andei.
Sou também amigo do Gen. Pil./Av. José F. Nico, com quem colaborei directamente na BA 12 e de quem sou amigo. Sei que ele tem comparecido a alguns dos vossos convívios na Tabanca da Linha.
Espero que a minha introdução tenha sido satisfatória.
Grande abraço.
Mário Santos

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Mário Santos actualmente


Uma memória com 50 anos! 

Cumprem-se hoje, 28 de Setembro, 50 anos da minha chegada à Guiné no HC-54 Skymaster 7504.

Guardei para sempre a recordação da abertura da porta de cabine dos passageiros e da baforada de ar quente rançoso e húmido, proveniente de águas paradas e dos muitos rios lodosos existentes no território.

Esta foi a antevisão desagradável do que nos esperava: um clima doentio e que marcaria indelevelmente para sempre as nossas vidas.

Para além de muitos outros de quem não guardo memória, chegaram no mesmo voo os Tenentes José Nico e Rui Balacó.

Com eles convivi na Esquadra de Fiat's até ao fim da comissão.

Foram cerca de 22 meses em que interagimos diariamente na Esquadra de Tigres, eu como Mecânico na Linha da frente e eles Pil./Aviadores.

Pragmaticamente todos aceitámos o drama de guerra, irregular, assimétrica e mortífera que enfrentaríamos no futuro imediato, lutando para tentar preservar um legado deixado pelos nossos antepassados.

A guerra na Guiné teve características muito diferentes da que se travava em Angola e Moçambique.

A elevada organização da guerrilha e a forma como a sua luta se iniciou, através de acções de combate e não com massacres como em Angola, eram reveladores das dificuldades que as FA iriam ter neste território. O movimento de gerrilheiros contra o qual iríamos lutar, era o Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC).


BA 12, 1967 - Mário Santos

Na Guiné, não só os factores históricos e a hostilidade da geografia e do clima tornaram difícil a actuação das FA, como também as independências da Guiné-Conakry (1958) e do Senegal (1960) tiveram um importante papel na condução da guerra. Estes dois países foram uma importante fonte de apoio aos guerrilheiros do PAIGC, proporcionando-lhe refúgio a Norte, Leste e Sul, onde puderam estabelecer as suas bases e desencadear acções militares . O nível de organização do movimento e o armamento moderno de que dispunha (armas automáticas, morteiros, RPG’s, metralhadoras anti-aéreas) possibilitou aos guerrilheiros evoluírem de tal forma rápida que, em 1965, já tinham estendido a sua actuação a todo o território.

Para piorar a situação militar portuguesa, em termos de apoio aéreo, fundamental para a nossa defesa, devido a pressões exercidas pelos EUA, a FAP foi obrigada a retirar da Guiné os oito F-86F, a principal arma de ataque aéreo de que dispunha. Desde a retirada destes, em finais de Outubro de 1964, e a chegada dos seus substitutos, os novos caças FIAT G-91 R4 adquiridos à Alemanha Ocidental.

As missões de apoio aéreo próximo às forças no terreno foram entretanto garantidas pelas aeronaves T-6G. Este era um avião que estava longe de possuir o mesmo poder de fogo do anterior F-86F ou do posterior FIAT G-91 R4, o que terá contribuído para que no período de dezoito meses entre a saída de uns e a entrada ao serviço de outros, a guerrilha tenha reforçado a sua presença no terreno, especialmente na região a Sul.

A inferioridade dos guerrilheiros na guerra aérea levou a que desde cedo procurassem anular esta vantagem da FAP, recorrendo para tal ao uso de artilharia anti-aérea e mais tarde ao míssil russo Strella AS-7. No entanto em minha opinião, terá sido precisamente o cansaço dos militares face a uma guerra sem solução política previsível e o ataque aos seus interesses corporativos de classe, os principais factores que levaram as FA a voltar a conspirar contra o regime, acabando por o derrubar em 1974.

Aqui deixo o meu abraço de grande estima ao General J. Nico e ao Coronel R. Balacó (que felizmente ainda se encontram entre nós) assim como a todos os companheiros de todas as Esquadras e que contribuíram com o seu esforço e as suas vidas para Portugal poder ter orgulho nos seus filhos que lutaram com honra e dignidade para preservar o que nos tinha sido legado!


As fotos não têm grande qualidade, devido às arcaicas câmaras fotográficas, mas são todas genuínas. A foto do Skymaster foi tirada pouco antes do seu abate e posterior desmantelamento, sendo portanto a mais recente e com melhor qualidade.
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4. Resposta imediata do coeditor:

Caríssimo Mário

Acuso a recepção da tua mensagem com as fotos e texto.

Quanto ao Gen Nico, não o conheço porque estou muito longe da Tabanca da Linha, moro em Matosinhos, distrito do Porto.

Quanto ao TGen Martins de Matos e ao Cor Miguel Pessoa, conheço-os bem, melhor o Miguel com quem me dou excelentemente.

O Jorge Félix já não vejo há tempos embora more aqui perto, em Gaia.

Logo que faça o poste da tua apresentação mando-te notícia.

Recebe um abraço

Carlos
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5. No dia seguinte dizia-nos o Mário Santos:

Bom dia e obrigado.
Cá ficarei a aguardar com expectativa. Eu resido no Algarve em Loulé... Por isso também a minha dificuldade em reunir com as tertúlias e os amigos.

O país é pequeno, mas estamos espartilhados. E ainda por cima, parte da minha vida, embora que com residência aqui no Sul nos últimos 30 anos, parte foi passada na África do Sul e Inglaterra.

Hoje estou reformado, mas exerci como Engenheiro Técnico. Vida de nómada...
Mário Santos
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6. Comentário do coeditor:

Caro Mário Santos,

Bem-vindo ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, escolhe um lugar junto à janela e começa a navegar na nossa página, onde tens muitas memórias de antigos combatentes que palmilharam aquele chão avermelhado, tingido muitas vezes com o seu sangue, avermelhando-o ainda mais. Sangue derramado também, não podemos esquecer, pelos nossos camaradas guineenses e pelos outros guineenses, os que estavam do outro lado da barricada.

As vossas memórias são diferentes porque diferente era a perspectiva da guerra, daí a nossa curiosidade em conhecê-las. Felizmente temos entre nós três pilotos que muito escreveram sobre as suas vivências, das mais trágicas, caso do camarada Miguel Pessoa, derrubado por um míssil Strela, às mais humoradas, como algumas das do camarada António Martins de Matos.

Esperamos que dentro da tua disponibilidade, nos possas, aos poucos, deixar aqui as tuas fotos e relatos da tua passagem por Bissalanca, onde passaste dois anos da tua juventude, carregando a responsabilidade de teres operacionais as aeronaves pilotadas pelos nossos bravos gloriosos malucos das máquinas voadoras.

Em termos estatísticos (ou históricos), és o Grã-Tabanqueiro nº 772 da nossa tertúlia.

Recebe um abraço em nome da tertúlia e dos editores.
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18498: Tabanca Grande (462): António Lopes Pereira, ex-1º cabo atirador de infantaria, 4º Gr Comb, CCAÇ 3305/BCAÇ 3832 (Mansoa, Braia e Infandre, 1970/1973): tem um café e restaurante no Porto e vive em Matosinhos; passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 771

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18278: José Matos: O F-86F Sabre em combate no CTIG: da Op Atlas em agosto de 1961 ao seu regresso a Portugal, por pressão do "amigo americano" e sua substituição, em 1966, pelo nosso familiar Fiat G-91, cedido pelo "amigo alemão" (Artigo original publicado na prestigiada Revista Militar, nº 2584, maio de 2017)


Figura 1 – Operação Atlas >  De 8 a 15 de agosto de 1961 > A rota dos caças F-86 de Portugal para a Guiné.Ilustração – Paulo Alegria


Figura 2 – O North American F-86F 5313, um dos caças destacados na Guiné. Ilustração – Paulo Alegria




I. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Jose Matos com data de 21 de dezembro último:

Olá, Luís

Vinha desejar a todos os camaradas da Guiné Bom Natal e pedir-te para divulgares no blogue mais um artigo meu da Revista Militar exclusivamente sobre a Guiné. Que passem pelo site da revista para ver.

https://www.revistamilitar.pt/artigo/1244

Ab

José Matos


PS - Podes reproduzir o texto na totalidade mas mete sempre o link para a Revista Militar pois tenho interesse que as pessoas também vejam lá....


II. O F-86 SABRE EM COMBATE NA GUINÉ


por José Matos (*)


[Investigador independente em História Militar; tem feito investigação sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial, principalmente na Guiné; é colaborador da Revista Mais Alto, da Força Aérea Portuguesa; tem publicado também o seu trabalho em revistas europeias de aviação militar, em França, Inglaterra e Itália; é membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de setembro de 2015, tendo  mais de 25 referências no nosso blogue]


Revista Militar, nº 2584, maio de 2017 (com a devida vénia...)


No contexto do antigo império colonial português, os territórios da Guiné e de Cabo Verde desempenhavam um papel relevante nas rotas marítimas e aéreas de ligação à África Austral, onde Portugal tinha duas colónias importantes: Angola e Moçambique. 

disso, na ilha do Sal, em Cabo Verde, a Força Aérea tinha um aeródromo (AM1) que podia usar para missões de patrulhamento marítimo permitindo um controlo sobre o Atlântico. Desta forma, a manutenção da Guiné e de Cabo Verde sob o domínio português era essencial na estratégia global de manutenção do império colonial. 

Daí a pronta reacção do Governo de Salazar, quando, em Julho de 1961, ocorreram os primeiros ataques no norte da Guiné, protagonizados pelo Movimento de Libertação da Guiné (MLG) com sede no Senegal. Este movimento nacionalista desencadeia as primeiras acções armadas na colónia portuguesa, em meados de Julho de 1961, atacando algumas povoações no norte, junto à fronteira com o Senegal. 

Estes primeiros ataques levam o Governo em Bissau a destacar efectivos militares para as zonas atingidas, o que parece ter dissuadido novos ataques por parte do MLG (1). Contudo, estes primeiros ataques são um sinal de que a guerra de guerrilha está prestes a começar na Guiné, o que leva a Força Aérea Portuguesa (FAP) a destacar da base de Monte Real, oito caças North American F-86F Sabre para aquele território ultramarino. Durante os anos de permanência na Guiné, os F-86 vão ser o principal avião de combate da FAP, desempenhando vários tipos de missões por todo o território.

Antes dos ataques do MLG, a Força Aérea não tinha ainda meios aéreos na Guiné, nem qualquer tipo de estrutura de apoio no aeródromo de Bissalanca (AB2), situado a uma dezena de quilómetros a noroeste de Bissau. Em 1961, esta pequena infraestrutura aeronáutica tinha, além da aerogare civil, um hangar em acabamento, não tendo meios aéreos próprios atribuídos. O único avião militar que passava, uma vez por semana, pela capital guineense, era um P2V-5 Neptune de patrulha marítima, habitualmente estacionado a mais de 500 milhas de distância, na ilha do Sal, em Cabo Verde. Porém, as acções do MLG no norte da colónia levam a FAP a tomar medidas e a reforçar o dispositivo aéreo na Guiné, sendo o destacamento dos F-86 a medida mais significativa.

Já no princípio de 1961, se falava com insistência, em Monte Real, na possibilidade de caças F-86 fazerem uma deslocação às ilhas de Cabo Verde (2) Perante o agravamento da situação, é então decidido enviar os caças para Bissau. Foram escolhidos os aviões da linha da frente que apresentavam menor probabilidade de avarias graves e também os que tinham maior potencial de horas de voo antes da próxima grande inspecção, para que se mantivesse a sua operacionalidade pelo máximo período de tempo (3).

Os F-86 não tinham sido a primeira escolha do comando da 1ª Região Aérea (1ª RA), que englobava a Guiné. O comandante da 1ª RA, General Machado de Barros, tinha inicialmente escolhido o F-84G para ser enviado para o AB2. Os aviões estavam sedeados na base aérea da Ota e a intenção das chefias da 1ª RA era enviar oito caças para Bissalanca. A ordem é recebida na Ota pelo Capitão Gomes do Amaral, que começa a preparar os aviões para um voo directo entre Portugal continental e a Guiné (4) . Porém, com o início da guerra em Angola, os F-84 são enviados para Luanda, sendo então decidido pelas chefias da 1ª RA o envio de um destacamento de F-86F para a Guiné.


Operação Atlas

Em Monte Real começam então os preparativos para uma longa viagem de duas mil milhas náuticas, sob o nome de código “Operação Atlas”. Por ordem do Estado-Maior da Força Aérea (EMFA), é decidido que os caças devem partir da base aérea do Montijo, fazendo depois escala na base de Gando, nas Canárias, e na ilha do Sal, em Cabo Verde (Figura 1). Na linha da frente, em Monte Real, são então preparados dez caças (oito, mais dois de reserva) para a primeira parte da viagem entre Monte Real e o Montijo.

Os dez caças descolam de Monte Real, na manhã de 8 de Agosto, transportando sob as asas, nos suportes externos, dois depósitos de 200 galões e, nos suportes internos, dois outros de 120 galões, o que confere ao avião a máxima capacidade de transporte de combustível. 

Os F-86 passam um dia no Montijo, sendo visitados, na manhã de 9 de Agosto, pelo Secretário de Estado da Aeronáutica, Coronel Kaúlza de Arriaga, acompanhado pelo comandante da base, Coronel Rodrigues Frutuoso. Nessa mesma manhã, os oitos caças destacados para a missão na Guiné descolam do Montijo para uma viagem de 722 milhas náuticas até às Canárias, chegando nesse mesmo dia a Gando. 

Os pilotos passam a noite na base espanhola, partindo no dia seguinte, para a segunda etapa da viagem até à ilha do Sal, o que representa mais 800 milhas náuticas de voo sobre o oceano. Mantendo o mesmo regime de velocidade e de altitude usado na viagem para Gando, os caças atingem a pista do Sal ao fim de 2h27min de voo. Os F-86 chegam sem problemas aquele aeródromo, sendo então preparados para a última etapa da viagem até Bissau, num trajeto de 526 milhas náuticas. 

No entanto, a saída para Bissau é condicionada por um súbito mau tempo em Cabo Verde (já não chovia há sete anos), o que impede a partida dos caças e da equipa de apoio aos aviões. Finalmente, as condições meteorológicas melhoram no dia 15 de Agosto e os caças iniciam a última parte da viagem chegando à Guiné ao fim de 1h17min de voo. 

Toda a viagem, desde Portugal, decorre sem incidentes, sendo à época, uma deslocação digna de registo, devido à distância percorrida (5). Para este primeiro destacamento são escolhidos oito pilotos: quatro oficiais e quatro sargentos, sob o comando do Capitão Ramiro de Almeida Santos. Além deste oficial, estão neste destacamento o Capitão José Almeida Brito, os Tenentes Aníbal Pinho Freire e Alcides Teixeira Lopo e os Sargentos José Pombo Rodrigues [, mais tarde, conhecido no TO da Guiné como comandante Pombo],  Rui Salvado da Cunha, António Rodrigues Pereira e Humberto Cartaxo da Silva (6). 

Os pilotos de F-86 fazem destacamentos de três meses na Guiné, sendo substituídos no final desse tempo. Esta rotação de pessoal vai proporcionar aos pilotos de Monte Real uma experiência importante num teatro de operações africano até então desconhecido para os pilotos portugueses. Em termos operacionais, os caças portugueses podiam desempenhar vários tipos de missões, que passavam pela defesa área do território, apoio aéreo às forças de superfície e missões de reconhecimento visual, além da presença dissuasora que exerciam em função do poder do fogo disponível e da rapidez com que podiam chegar a qualquer ponto do território (Figura 2).


Os primeiros tempos na Guiné

Os primeiros tempos do F-86 na Guiné são relativamente pacíficos com os aviões a desempenharem missões de reconhecimento visual (RVIS) e armado (RECA) sobre a colónia. Os grandes problemas que os caças portugueses enfrentam são, na verdade, a falta de condições do AB2, ainda em fase de consolidação para receber os novos meios aéreos. 

Bissalanca apresentava, nessa altura, grandes carências, como infra-estruturas militares. Podemos ver isso nos primeiros relatórios que o comandante do destacamento envia para Lisboa. Ramiro Santos refere que a pista de rodagem se encontrava muito suja e com muitas pedras, não sendo fácil limpá-la devido à ausência de uma vassoura mecânica. A placa de estacionamento não suportava a acção corrosiva do JP-4 usado pelos F-86 e o abastecimento dos aviões era feito por bidons, o que tornava a operação muito demorada (7). Os equipamentos UHF de comunicações, que existiam na torre de controlo, não satisfaziam as necessidades e a gestão do tráfego aéreo era muito incipiente, não existia serviço meteorológico e a pista apresentava vários problemas de segurança com pessoas e animais a atravessarem a zona de rodagem (8).

Os primeiros voos de F-86 na Guiné ocorrem no dia 19 de Agosto e, logo numa das primeiras saídas, a cargo do Tenente Teixeira Lopo e do Sargento-ajudante Cartaxo da Silva, o F-86 “5361” do primeiro sofre um “birdstrike” com um jagali, ficando o “cannopy” manchado de sangue e sofrendo também danos no estabilizador do leme de profundidade do caça. 

Este primeiro acidente deixaria o “5361” fora de serviço por várias semanas, até à chegada ao AB2 de uma cauda nova pedida a Monte Real (9).  No dia seguinte, dois F-86 pilotados pelo Capitão Almeida Brito e pelo Sargento-ajudante Rodrigues Pereira sobrevoam a cidade de Bolama, a baixa altitude, durante uma visita do Governador e Comandante-Chefe da Guiné, Comandante Peixoto Correia, isto depois do avião do Capitão Brito ter falhado três tentativas de arranque (10). 

Durante os meses seguintes, os caças portugueses vão fazendo vários voos de reconhecimento, principalmente na região norte da Guiné, embora com o recurso a um mapa de estradas deficiente, o que dificultava os voos na zona de fronteira, devido ao risco de violação do espaço aéreo do Senegal.

Em Outubro de 1961, dois F-86 fazem uma deslocação à ilha do Sal, de grande importância estratégica para a Força Aérea. Como sublinhava Ramiro Santos, no seu primeiro relatório sobre a viagem dos F-86 para Bissau, Cabo Verde tinha uma importância estratégica extraordinária no controle do Atlântico (11). No entanto, a deslocação ao Sal visava, sobretudo, resolver um problema administrativo que era a renovação da diligência dos pilotos no AB2. Como estavam em serviço fora da sua base de origem, que era Monte Real, os pilotos deslocados tinham direito a ajudas de custo, que podiam ser canceladas caso os pilotos estivessem mais de um mês no AB2. Para contornar este problema, os pilotos faziam um voo à ilha do Sal, o que lhes permitia renovar a diligência.

Ainda em Outubro[de 1961], os pilotos do primeiro turno do Destacamento 52 fazem a sua despedida sobre Bissau com uma exibição acrobática em formação de seis caças, tendo o F-86 “5322” pilotado pelo Tenente Lopo ultrapassado a barreira do som sobre a cidade (12). Em finais desse mês, chegavam a Bissalanca os pilotos do segundo turno, prosseguindo assim a missão dos F-86 num território onde a guerra ainda não tinha chegado.

Durante o ano seguinte [1962], os chamados voos de soberania ocuparão a maior parte das missões dos F-86, ao mesmo tempo que se sucedem as rotações de pilotos vindos de Monte Real. No entanto, a 17 de Agosto de 1962, um acidente envolvendo um F-86 provoca a perda total do avião. O acidente acontece no regresso a Bissalanca, quando o Capitão Gomes do Amaral e o Tenente Amílcar Barbosa são surpreendidos por um forte aguaceiro sobre o AB2. Devido à fraca visibilidade, o Tenente Barbosa efectua várias aproximações à pista e acaba por aterrar no terço final da faixa de aterragem. O piloto acaba por sair fora da pista, embatendo nuns montes de terra enlameados ficando o F-86 voltado de lado. Quando chegam os primeiros socorros encontram o avião sem o piloto, que já tinha abandonado o F-86 apenas com ligeiras escoriações (13).

Entretanto, na Guiné-Conakry, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), liderado por Amílcar Cabral, vai-se preparando para a luta armada, que terá início a 23 de Janeiro de 1963, com um ataque ao aquartelamento de Tite, muito perto de Bissau.


O começo da guerra

A partir de Janeiro de 1963, a guerra na Guiné é protagonizada pelo partido nacionalista de Amílcar Cabral, o PAIGC, que faz o seu primeiro ataque contra o quartel de Tite. Este ataque é protagonizado por 15 a 20 elementos do PAIGC que atacam o quartel de madrugada, provocando um morto e dois feridos entre as tropas portuguesas. Os guerrilheiros mantêm o quartel sob fogo intenso durante meia hora e, na escaramuça, sofrem três baixas (14).

O ataque, no entanto, assinala simbolicamente o início da guerra na Guiné, embora a actividade subversiva do PAIGC fosse já anterior a esta data. Nessa mesma noite, as forças portuguesas sofrem uma emboscada na região de Fulacunda (área de Buba) perdendo dois soldados (15). Quatro dias depois, um novo ataque da guerrilha na mesma região provoca mais duas baixas e quatro feridos nas tropas portuguesas (16).

Ainda no mês de Janeiro[de 1963], as forças portuguesas registaram as primeiras emboscadas na região de Bedanda, no sul da Guiné, e as acções da guerrilha continuam nos meses seguintes aumentando de intensidade (17) Enquanto o PAIGC ataca no sul da província, o MLG ataca a norte efectuando várias acções contra povoações e emboscadas a viaturas militares (18).

Quanto à Força Aérea, não sabemos exactamente quando terá sido efectuada a primeira acção ofensiva, mas, a 4 de Abril de 1963, um avião de observação Auster é alvejado com armas ligeiras a partir da tabanca de Darsalame, o que leva a FAP, no dia seguinte, a desencadear uma acção de demonstração de força sobre a povoação em questão, usando para o efeito oito caças F-86F, que bombardeiam as imediações da aldeia (19).

Os caças portugueses estavam equipados com seis metralhadoras Browning Colt TM3, calibre 12,7 mm, e podiam transportar vários tipos de armamento, como os foguetes de 2,75”, bombas GP de 50 e 250 kg e tanques de napalm de 350 l. Em Portugal, usavam também os mísseis ar-ar Sidewinder AIM-9B, em missões de defesa aérea, mas que nunca foram usados na Guiné.



Figura 3 – Armamento do F-86F da Força Aérea Portuguesa. lustração Paulo Alegria


O pretenso bombardeamento do Senegal

A 9 de Abril, o Governador da Guiné, Vasco Rodrigues, recebe uma informação do cônsul do Senegal em Bissau, segundo a qual a emissora de Dakar noticiara que quatro aviões da Força Aérea teriam bombardeado, na manhã desse dia, uma aldeia senegalesa perto da fronteira com a Guiné.

 No seguimento da notícia, o comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné (ZACVG), Tenente-coronel Durval Serrano de Almeida, informa o comandante militar da Guiné, Brigadeiro Louro de Sousa, que, no dia 9, não descolara qualquer avião da FAP para missões de fogo. Porém, no dia anterior, quatro aviões, sendo dois F-86F e dois T-6, tinham bombardeado as tabancas Bunhaque, muito perto da fronteira com o Senegal.

 Para apurar o que se passou, o comando da ZACVG envia um oficial ao local, juntamente com os oficiais envolvidos no ataque, chegando à conclusão que o ataque dos aviões portugueses tinha ocorrido de facto do lado português e não do lado senegalês (20).  No entanto, o Governo de Dakar solicita uma reunião urgente do Conselho de Segurança (CS) da ONU, onde apresenta queixa contra Portugal, o que dará a origem a uma moção no CS de condenação de qualquer incursão de forças militares portuguesas em território senegalês.


Mais uma perda

No mês seguinte, a 31 de Maio, a FAP perde outro F-86, quando o avião “5322”, pilotado pelo Capitão Fausto Valla, é atingido por estilhaços de uma bomba de 250 kg, que acabava de largar, na zona de Bedanda, no sul da Guiné, perto do rio Cumbijã. Este piloto efectuava, juntamente com outro F-86 “5356”, pilotado pelo 2.º Sargento Manuel Pereira Clemente, um bombardeamento rasante (BOR), quando ambos os aviões são atingidos pelos estilhaços das próprias bombas.

 Com vários furos na fuselagem, os pilotos tentam regressar ao AB2, transportando ainda cada avião uma bomba na asa. Ao cruzar o rio Geba, o F-86 de Fausto Valla sofre um flame-out no motor e o piloto é obrigado a ejectar-se sob o olhar atento de Pereira Clemente. O avião explode no solo, embora a bomba que trazia permaneça intacta, tendo sido desarmada mais tarde. Quanto a Pereira Clemente consegue aterrar em Bissalanca depois de largar a bomba que transportava, no rio Geba (21).


O relatório Deslandes

Em meados de Maio de 1963, uma missão de avaliação, liderada pelo Secretário-Geral da Defesa Nacional, General Venâncio Deslandes, visita a Guiné durante uma semana e analisa a situação militar no terreno, produzindo um relatório para o ministro da tutela. Juntamente com o relatório principal há também um relatório do Tenente-coronel Augusto Brito e Melo, que identifica os principais problemas que as forças portuguesas enfrentam na Guiné e que nos ajuda a compreender a situação dos F-86 em Bissalanca. Por este relatório anexo podemos ver que a Força Aérea tinha no AB2, em Maio de 1963, os seguintes meios: sete F-86F, oito T-6, oito Auster, três DC-3, um Broussard e um P2-V5 em diligência.

Quanto aos F-86, a operação dos Sabre é a que apresentava mais problemas. Os aviões voavam muito pouco, com 8 a 23 saídas operacionais por mês, carecendo todos de urgente substituição devido a terem ultrapassado o período de Inspect and Repair as Necessary (IRAN), em mais de um ano. Tinham também problemas de comunicação rádio com as forças terrestres, pois só podiam comunicar em UHF, o que tornava inviável a comunicação com as tropas no solo equipadas com rádios PRC-10. Desta forma, os F-86 só podiam efectuar missões pré-planeadas, ficando o apoio próximo a cargo dos T-6 com fraco poder de fogo e muito vulneráveis a fogo antiaéreo (22).

 As células dos aviões encontravam-se muito mal tratadas, em virtude das irregularidades na pista e no estacionamento. A pista estava a ser reparada, mas o estacionamento, em virtude de ser de alcatrão, quando devia ser de cimento, não tinha solução, pois seria sempre corroído pelo combustível dos aviões (JP-4). 

Brito e Melo salientava ainda que os pilotos de F-86 eram bem preparados, mas não tinha dúvidas que, se o ritmo de voos aumentasse, provocaria, provavelmente, a ruptura do sistema de manutenção do AB2 (23).  Convém referir que, nesta altura, os F-86 que estavam na Guiné ainda não tinham sido substituídos por novos aviões, mas, finalmente, em Julho de 1963, chegam a Bissalanca, por via marítima, oito caças novos (24).


A visita de Krus Abecasis


Três meses depois da visita de Deslandes, o Chefe do Estado-Maior da 1ª Região Aérea, Coronel Krus Abecasis, decide também visitar a Guiné, em particular a Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné (ZACVG), produzindo depois um relatório para o Estado-Maior sobre a situação dos meios aéreos do AB2 e a sua actividade operacional, no mês de Julho.

 Este relatório é entregue, a 14 de Setembro de 1963, e dá-nos uma boa perspectiva sobre o estado de prontidão dos F-86 (25). Os oito caças destacados em Bissalanca estavam na generalidade prontos, embora um estivesse prestes a atingir o prazo do IRAN e apenas quatro estivessem equipados com rádio VHF, o que limitava a capacidade de contactar as tropas no terreno apenas a metade das unidades disponíveis.

 Apesar de as condições serem boas, na generalidade, já se começavam a detectar problemas relacionadas com o armamento interno dos aviões, que se encontrava “em situação precária falta de diversas origens, desde utilização imprópria por parte de alguns pilotos até menos cuidada manutenção” (26). As inspecções das 25, 50 e 100 horas eram realizadas localmente e a manutenção era de bom nível. Tinham sido voadas 51,4 horas/avião pronto, em Julho, e o destacamento contava com catorze pilotos aptos a voar o F-86.


As pressões norte-americanas

Por essa altura, a presença dos F-86 na Guiné já suscitava preocupações no Departamento de Estado norte-americano, que não queria ver equipamento militar cedido no âmbito do Military Assistance Program (MAP) desviado para África.

 A questão dos F-86 era das mais relevantes neste domínio e começam a surgir pressões para que os aviões regressem a Portugal. O assunto vai-se arrastando ao longo de 1963, sem que o Governo Português acate as exigências norte-americanas. O próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Franco Nogueira, tem uma longa conversa, em Junho de 1964, com o embaixador americano em Lisboa, George Anderson, em que o problema é novamente abordado. Nogueira argumenta que os F-86 não estavam na Guiné em operações, mas que serviam apenas como factor dissuasor contra possíveis ataques aéreos vindos dos países vizinhos. Anderson concorda com o argumento, mas considera que não era de prever qualquer ataque aéreo estrangeiro e que, “no caso de tal ataque, criar-se-ia uma situação política nova que alterava os dados do problema, mesmo para os Estados Unidos”.

 Nogueira pergunta então se “Washington tomaria uma posição de activa reacção contra uma agressão aérea provinda de fora”, ao que o embaixador americano responde que “não podia prever como reagiria o seu Governo, e muito menos assumir compromissos”. Anderson insistiu que o problema dos F-86 na Guiné “se tratava de uma questão de princípio” e que era um tema muito explorado pelos inimigos de Portugal, ao que Nogueira comentou que deviam de existir muitos no Departamento de Estado, “porque todos pareciam aferir a política dos Estados Unidos para com Portugal pelo que sucedesse aos F-86” (27).

Pouco tempo depois deste encontro, a pressão americana aumenta de tal forma, ao ponto de Washington se recusar a fornecer sobresselentes para a Força Aérea, caso os portugueses não retirassem os caças da Guiné (28).  Lisboa acaba por ceder, o que provoca grande preocupação no novo Comandante-Chefe da Guiné, Brigadeiro Arnaldo Schulz (29).

 Em carta ao Ministro da Defesa, General Gomes de Araújo, Schulz salienta a importância deste meio aéreo na guerra da Guiné e a falta que ia fazer no apoio às tropas terrestres, que ficariam assim completamente dependentes dos T-6, “que se manifestam cada vez mais vulneráveis em face da melhoria constante dos meios antiaéreos do inimigo e mesmo assim em número insuficiente” (cinco aparelhos operacionais).

 Constrangido, Gomes de Araújo, explica a Schulz (30) a verdadeira razão da retirada ao dizer que “os americanos recusam-se agora a venderem-nos as peças sobressalentes para estes aviões (F-84 e PV2) e ainda todo e qualquer outro material. Recusam mesmo qualquer espécie de negociações enquanto nós mantivermos os F-86 na Guiné”. Face a isto, o ministro só via duas soluções: “a primeira consistiria em mantermos aí os F-86, pois certamente eles não iriam aí buscá-los; mas esta situação elimina qualquer espécie de entendimento em relação a todos os outros materiais, em especial quanto ao F-84, PV2 e DC-6, que em breve estariam imobilizados; a segunda consiste na retirada dos F-86 da Guiné, atitude que abre portas a negociações (…)”.


Em busca de uma alternativa

Para compensar a falta dos Sabre, o ministro propunha várias medidas alternativas. Uma delas era reforçar o dispositivo na Guiné com aviões T-6 e alguns PV2 provenientes de Angola, a outra, era procurar rapidamente no mercado mais aviões F-86 e, caso isso não fosse possível, transferir alguns F-84 de Angola para a Guiné. 

Neste sentido, escreve ao Comandante-Chefe de Angola, dando conta da decisão do ministério de transferir para a Guiné os aviões F-84 de reforço em Angola. A decisão do ministro é analisada no comando da 2ª Região Aérea em Luanda, que emite um parecer desfavorável quanto a um possível envio de caças F-84 para a Guiné (31).

 Em alternativa, o Governo Português tenta comprar um lote de caças canadianos F-86 Sabre 6 ao serviço da Luftwaffe, mas o negócio é vetado pelo Canadá por influência dos EUA (32).  Perante a recusa canadiana, a Alemanha Ocidental oferece então um lote de caças Fiat G.91 R/4, que se revelaram mais adequados ao tipo de guerra subversiva que se desenrolava em África (33).

 Contudo, a retirada dos F-86 reflectiu-se no rendimento dos meios aéreos em Bissalanca. Enquanto, em 1964, se registaram 13 820 horas de voo no AB2, esse número decresceu para 13 417 horas, em 1965 (34).  A falta só seria compensada em 1966, com a chegada dos primeiros Fiat G.91 à Guiné.


Comentário final


Num balanço final, podemos dizer que o destacamento dos F-86F, de Monte Real para a Guiné, foi uma operação bem-sucedida, apesar das dificuldades iniciais de operação num aeródromo ainda em fase de consolidação. O objectivo inicial caracterizava-se por uma acção dissuasora sobre os movimentos insurgentes que os F-86 exerceram por toda a colónia, passando depois a desempenhar missões de combate com o início da guerra.

 Ao longo dos três anos de permanência destes caças na Guiné, os pilotos e mecânicos dos diversos destacamentos ganharam experiência num ambiente de guerra africano, que foi útil para a operação de outros meios de combate nos teatros de guerra das antigas províncias ultramarinas. Muitos destes pilotos e técnicos seriam depois mobilizados para outros cenários de guerra, onde aplicariam os conhecimentos obtidos na Guiné.

Em termos operacionais, os aviões realizaram inúmeras missões de combate em apoio às forças terrestres, usando vários tipos de armamento à disposição do caça da North American. Embora fosse um avião concebido para missões de defesa e combate aéreo, o F-86 tinha alguma capacidade de ataque ao solo, que foi usada intensamente na Guiné.

 Durante a atividade operacional perderam-se apenas dois aviões: um, devido a um acidente durante uma aterragem em condições meteorológicas adversas, mas em que o piloto escapou apenas com pequenas escoriações, e outro, devido a um bombardeamento mal calculado, em 1963, que levou à ejecção do piloto e consequente perda da aeronave.

 No entanto, a utilização de meios OTAN fora dos limites geográficos da Aliança Atlântica continha elevados riscos políticos, que acabaram por se manifestar na intransigência norte-americana dos caças regressarem à metrópole, o que levou Portugal a procurar outras alternativas porventura mais adequadas à guerra subversiva que se desenrolava em África.


Arquivos consultados

1 – Arquivo da Defesa Nacional (ADN)

2 – Arquivo Histórico da Força Aérea (AHFA).

[Revisão / adaptação e fixação de texto / edição para o blogue: LG] (**)
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Notas do autor:

(1) FELGAS, Hélio, Guerra na Guiné, 1ª Edição, Serviço de Publicações do Estado-Maior do Exército, SPEME, Lisboa, 1967, p. 61.

(2) LOPO, Alcides Teixeira, Viagem dos Falcões, Kiak-Revista dos Pilotos de Caça da Esquadra 51, Base Aérea nº 5, Junho de 1968, p. 13.

(3) LOPO, op. cit., p. 15

(4) Informação prestada ao autor pelo Coronel Gomes do Amaral, em 2 de Julho de 2013.
(5) Missão Atlas, Relatório sobre a viagem dos F-86F para Bissau, 17 de Agosto de 1961, Arquivo Histórico da Força Aérea (AHFA) ZACVG Cx. 91.

(6)  LOPO, op. cit., p. 16.

(7) Missão Atlas, Relatório sobre a viagem dos F-86F para Bissau, 17 de Agosto de 1961, AHFA, ZACVG Cx. 91.

(8) Relatório mensal do Destacamento de F-86, Bissau, 1 de Setembro de 1961, AHFA, ZACVG Cx.91.

(9) Ibidem.

(10) Ibidem

(11) Missão Atlas, Relatório sobre a viagem dos F-86F para Bissau, 17 de Agosto de 1961, AHFA, ZACVG Cx. 91.

(12) Informação prestada ao autor pelo Dr. Alcides Lopo, em 19 de Agosto de 2014.

(13) Informação prestada ao autor pelo Coronel Gomes do Amaral, em 22 de Setembro de 2014.

(14) Telegrama do Governador da Guiné para o Ministério do Ultramar, Bissau, 23 de Janeiro de 1963, ADN F2/102/324/4.
(15) Comunicado do Secretariado-Geral da Defesa Nacional, Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, Lisboa, 24 de Janeiro de 1964, ADN F2/102/324/4.

(16) Telegrama do Governador da Guiné para o Ministério do Ultramar, Bissau, 27 de Janeiro de 1963, ADN F2/102/324/4.

(17) FELGAS, op. cit., pp. 66-68.

(18) FELGAS, op. cit., pp. 61-64.

(19) BISPO, António de Jesus, Guiné, algumas notas sobre o teatro de operações, Revista Mais Alto n.º 406, Nov/Dez 2013, p. 22.

(20) Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Relatório respeitante a uma pretensa violação do espaço aéreo e ataque ao solo da República do Senegal, Bissau, 4 de Abril de 1963, ADN F2/105/345/1.

(21) Informação prestada pelo Comandante Manuel Pereira Clemente, em 19 de Agosto de 2014.

(22) Ibidem.

(23) Ibidem.

(24) CORREIA, José Manuel, Rotina de Guerra – Os F-86F Sabre na Guiné, Revista Mais Alto n.º 358, Nov/Dez 2005, p. 37.

(25) Relatório da missão do CEM do Comando da 1ªRA à Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, 3 a 23 Agosto 1963. ADN/FG/SGDN Cx. 6093.2.

(26) Ibidem.

(27) NOGUEIRA, Franco, Diálogos Interditos, Volume II, 1ª Edição, Editorial Intervenção, Braga, 1979, pp. 58-60.

(28) MATOS, José, A saga do Sabre Mk.6, 1ª parte, Revista Mais Alto nº 394, Novembro/Dezembro de 2011, pp. 37-38.

(29) Carta do Comando-Chefe da Guiné para o Secretariado Geral da Defesa Nacional, 4 de Julho de 1964, ADN F1/07/31/21.

(30) Carta do Ministro da Defesa Nacional para o Comando-Chefe da Guiné, 10 de Julho de 1964, ADN F1/07/31/21.

(31) Carta do Comando-Chefe das Forças Armadas de Angola para o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Assunto: Transferência de aviões F-84 para a Guiné, Luanda, 1 de Agosto de 1964, ADN/FG/Cx. 6093.2.

(32) MATOS, José, A Saga do Sabre 6, Revista Mais Alto nº 394 e 395, Nov/Dez 2011 e Jan/Fev 2012.

(33) MATOS, José, Projecto Feierabend, Revista Mais Alto nº 396 e 397, Mar/Abri e Mai/Jun 2012.

(34) ABECASSIS, Krus José, Bordo de Ataque. Memórias de uma caderneta de voo e um contributo para a História, 2º volume., 1ª Edição, Coimbra Editora, 1985, p. 514.

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Notas do editor: