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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 – P5528: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (26): O “regresso” do Soldado Manuel



1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos mais uma das suas histórias (a 26ª), com data de 20 de Dezembro de 2009:


Camaradas,

O autor desta história é desconhecido e o meu "mérito" terá sido encontrá-la num jornal da minha região, jornal esse que foi publicado já lá vão 45 anos.

O texto - posso dizê-lo porque não é meu - é muito bem escrito.

UM EPISÓDIO DE GUERRA NA GUINÉ PORTUGUESA
(O “regresso” do Soldado Manuel)

Na parede de adobe, mal caiada, e onde esverdeadas manchas de humidade alastravam, o calendário (Ano de 1963) marcava uma data: 24 de Dezembro.

Com a janela aberta, por onde apenas entrava, na abafada, sufocante noite tropical, uma suspeita de frescura, o jovem oficial miliciano, à luz de uma vela, escrevia: «… Minha Querida Mãe, são 21 horas e 40…

À luz de uma vela, porque a chama do petromax é alvo demasiado visível para qualquer atirador especial terrorista, alcandorado, ao longe, no cimo de alguma árvore. Mas ouve-se um estampido. Podia bem ser a rolha de uma garrafa de champanhe a saltar…

Ao estampido segue-se, porém o assobio quase imperceptível de uma bala que vai cravar-se na húmida parede de adobe, coisa de um metro acima da cabeça do oficial. Este apaga logo a vela. Depois, às apalpadelas, no escuro, procura o capacete e a pistola.

Quando finalmente sai já o duelo – a tiros de espingarda e rajadas de metralhadora - está a travar-se entre os terroristas (ocultos na floresta) e os seus soldados abrigados por detrás da muralha – só aparentemente frágil – de velhos bidões de gasolina cheios de areia. Entre uns e outros a cerca de arame farpado.

Está isolada a pequena força do destacamento de Caçadores.

O posto mais próximo é a muitos quilómetros de distância. Antes que amanheça, nenhum auxílio podem esperar estes homens. Mas será que os terroristas se aprestam para um ataque frontal? Horas iguais de uma noite abafada e húmida.

Aos soldados e ao oficial também, o que sobretudo os irrita é que aquele inoportuno tiroteio aconteça em noite de Natal, já com a mesa posta para a consoada.

E havia broas, uma galinha assada, algumas garrafas de bom vinho.

A noite, entretanto, povoa-se de clarões – as armas de fogo que disparam incessantemente, assinalando cada segundo com um tiro. E as horas passam.

Mas o jovem oficial nem tempo tem para ver as horas no pequeno mostrador luminoso do seu relógio de pulso. E nem sequer pensa no perigo – ali entrincheirado e tendo pela frente um inimigo bem armado, que a palmos conhece o terreno e vê de noite, como o jaguar.

Agora só pensa naquela carta que teve de interromper: «… são 21 horas e 40…».
Mas quando é que isso foi?

Era noite de Natal. Ele escreveu à luz discreta de uma vela de estearina, algures no mundo , nesse mundo onde não há clarões de armas de fogo, nem assobios de balas, ardiam círios nos altares, centenas de círios, milhares de círios, que não era preciso apagar à pressa no princípio de uma carta…

E agora? Sim. A meia-noite deve estar próxima. Talvez o padre, algures, já esteja a encaminhar-se para o altar. Mas o jovem oficial não o sabe de certeza – e não pode ter um olhar para o mostrador luminoso do seu relógio de pulso. A pistola-metralhadora palpita-lhe nas mãos como se fosse dotada de vida própria e chispas de fogo, desdobradas em leque, correm, segundo a segundo, em direcção à negra cortina de arvoredo.

No mundo em que não há guerra já decerto agora o sacerdote acabou de celebrar a Missa do Galo.

Aqui, o fogo começa, enfim, a esmorecer.

Naturalmente, os terroristas principiam a retirar, para que os aviões ao amanhecer, se viessem bombardear a floresta, já não os encontrem…

Uma a uma, calam-se as armas automáticas do inimigo. Uma a uma, a intervalos certos, como se houvesse, algures no mato, a batuta de um maestro.

Mas será de facto a retirada? Não será antes o silêncio de mau agoiro que sempre antecede a gritaria de um assalto frontal?

Não. É efectivamente a retirada. E devagar, como se lhe custasse a acordar de um pesadelo, o jovem oficial recolhe ao seu quarto, risca um fósforo, acende a vela, atira para um canto o capacete, que está a queimar-lhe a testa, e suado, exausto, com os nervos num feixe, senta-se, de novo, à mesa para escrever: «… pois agora, minha querida mãe, são 3 horas e 20.Eu e os meus soldados tivemos uma noite de Natal muito divertida .Nem imagina… As broas que nos mandou souberam a pouco. E das garrafas mandadas pelo pai diga-lhe que não ficou nem uma gota».


21 horas e 40. 3 horas e 20.

Menos de seis horas na vida de um homem. Mas deitado numa padiola, com uma bala na cabeça, o Manuel, o seu impedido, é um corpo que rapidamente arrefece, como no verso de Fernando Pessoa.
_________

Agora, no hotel, em Bissau, sentado ao meu lado, almoça. Está no porto o barco que o vai levar de regresso a Lisboa. Trouxe este barco 800 homens. Vai partir com outros tantos, aproximadamente. Os que chegam passam, em camiões, a cantar.

Também cantam os que partem. Entretanto, o jovem oficial diz-me, com simplicidade:

- À minha mãe é que nunca hei-de contar o que foi aquela noite…

Mas logo acrescentando:

- «Agora uns meses à boa vida e depois a África outra vez, como empregado em qualquer empresa de Angola ou de Moçambique: este veneno de África entrou-me para sempre no sangue».

__________

Artigo não assinado. Publicado em «O ALCOA» em 8 de Fevereiro de 1964 (Ano XVII-Nº.876)


A partir daqui é comigo.

O subtítulo «O “regresso” do Soldado Manuel» é da minha responsabilidade.

“Regresso” no sentido de pesquisa e homenagem à memória deste militar português que terá morrido na noite de Natal do longínquo ano de 1963.

Desde há cerca de 2 anos que tento descobrir dois mistérios que resultam deste artigo de O ALCOA”:

1) Quem é o Alferes Miliciano?

Só pode ser da região de Alcobaça. Regressou à Metrópole num navio que deixou Bissau em Janeiro de 1964.Há um navio que saiu de Bissau em 17 de Janeiro de 1964.

Já localizei as Companhias e Pelotão de Morteiros e AAA que regressaram nessa altura. Esses militares estiveram cerca de dois anos na Guiné onde a guerrilha começa a ter importância no terreno a partir dos primeiros meses de 1963.
(C.Caç. 600, C.Caç. 512, C.Caç. 506, C.Caç. 513, C.Ca. 356, C. Caç. 599.)

Para se ser Alferes Miliciano nesse tempo era preciso ter habilitações literárias no mínimo equivalentes ao 3º. Ciclo dos Liceus (antigo 7º. Ano).

Pesquisei no arquivo da C. M. de Alcobaça os registos de mancebos respeitantes aos anos de 1958, 1959, 1960 e 1961.

Encontrei vários nomes, consegui alguns contactos pessoais mas... nada.

Ou, por outro lado, é o narrador que é da região de Alcobaça e o Alferes Miliciano é de outra região qualquer!?

Passaram mais de 40 anos e posso andar à procura de uma pessoa que já não esteja neste mundo.

2) Quem é o militar que morreu na véspera de Natal de 1963?
Nos registos oficiais do E.M.E. só há um militar das milícias locais que morreu por acidente em 24 de Dezembro de 1963 – JARGA SEIDI, soldado-atirador da CCS/Bat. Baç. 508, em Contubel.

Com nome de Manuel há um registo em 28 de Dezembro de 1963:



MANUEL RAMALHO CAPELAS
1º.CABO-ATIRADOR
CCAV 567
BINAR
DATA DE FALECIMENTO – 28 DE DEZEMBRO DE 1963
FERIDO EM COMBATE
Mortos em Campanha – Guiné – livro 1, pgs.42


Não é impossível um engano nos registos mas não é nada vulgar…

Há outras “incoerências” que não encaixam na história: Binar não é um posto fronteiriço e um primeiro-cabo não era habitual ser “impedido” de um Alferes. Por outro lado a CCav 567 só acabou a sua comissão em meados de 1965!

Resumindo e concluindo:

Passo a minha angústia e o meu mistério à nossa Tabanca Grande.

Alguém alguma vez ouviu alguma coisa deste ataque a uma pequena força de um destacamento de Caçadores na noite de Natal de 1963?

«…Menos de seis horas na vida de um homem. Mas deitado numa padiola, com uma bala na cabeça, o Manuel, o seu impedido, é um corpo que rapidamente arrefece, como no verso de Fernando Pessoa.»

«…Malhas que o Império tece

(O Manuel)

Jaz morto e apodrece…».
___________

A minha intenção ao evocar o “Soldado Desconhecido” desta história – o Manuel – é acima tudo de homenagem e de respeito.

Se não houver respeito, melhor ainda, se não houver grandeza de alma e memória Portugal não merece os que morreram em seu nome.
Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 – P5495: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (25): Honore causa cura milagrosa


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos mais uma das suas histórias (a 25ª), com data de 15 de Dezembro de 2009:


Honore causa cura milagrosa!


Esta crónica terá que ser contada em três tempos…

A expressão (3 tempos) não quer dizer que tenha sido “tiro e queda”…Vai demorar algum tempo .Principalmente para mim que tenho que a escrever…

Mas para não perder mais tempo vamos ao “primeiro tempo”.

1) Guidage-meados de Abril de 1965.

Na minha qualidade de “Enfermeiro de Guerra” (1) - só há pouco tempo é que soube que o tinha sido – acompanhei um pelotão da CCaç. 675 numa nomadização a Guidage.

Entre as várias peripécias militares de uma “estadia” em cima da fronteira com o Senegal tive que aturar um Furriel Atirador, de nome Luís Moreira, que me ia pondo louco com uma dor de dentes. O Moreira, que era um dos melhores operacionais da Companhia, era um caguinchas no Posto de Socorros. Gemia, chorava, barafustava, agarrava a boca, não conseguia comer nada e carpia que nem uma Madalena.

Passei uma noite praticamente com o gajo ao colo. Gemia, gemia e apesar de comprimidos e injecções o Moreira não conseguia pregar olho de qualquer espécie… Obviamente que eu tinha a “terminação” de todas estas dores e começava a ficar pior que o doente.

Para abreviar… a dor de dentes começou a afectar de tal maneira “a moral das tropas “que o Capitão Tomé Pinto resolveu pedir uma DO para levar o Moreira para o Hospital.

Está claro que nesta decisão pesou o facto de o Luís Moreira ter sido até então um dos militares mais sacrificados em termos operacionais, nunca regateando esforços em quaisquer circunstâncias.

Era dos que “ia a todas” e o Capitão Tomé Pinto tinha-o (merecidamente) em alta conta.

Portantos – como diz o outro – lá veio a Dornier e o Moreira e a sua dor de dentes foram de avião para Bissau.Este registo ficou-me na memória e pouco mais…Uma pouca à margem “da dor de dentes do Moreira” mas em relação a Guidage lembra-me de nessa altura – ou um pouco mais tarde – O Capitão Tomé Pinto ter ido com um pelotão, onde ia por acaso o “Enfermeiro de Guerra” Oliveira, ao Senegal.

É verdade. Passámos a fronteira com o Senegal umas centenas de metros “para o lado de lá” para “mostrar” a quem nos moía o juízo de vez em quando que andávamos “por ali”. A expectativa da “operação relâmpago” ao Senegal excedeu as expectativas do nosso Comandante de Companhia …pois demos de caras com uma patrulha regular da tropa senegalesa.

A aproximação fez-se com alguma cautela e não há que esconder que na altura se viveram alguns momentos de tensão. Recorda-me de se ter chegado à fala com o oficial que comandava a patrulha do “país amigo” – e de o nosso Capitão ter mostrado carregadores de armas muito parecidas com as que os militares senegaleses usavam. E esses carregadores (vazios) tinham sido recolhidos do nosso lado, junto a Guidage, depois de ataque nocturno ao nosso aquartelamento.

Já não sei bem mas julgo que foi em francês que este diálogo ocorreu. A nossa passagem para o lado do Senegal tinha acontecido “por engano” mas que seria bom que as tropas senegaleses estivessem atentas à infiltração de grupos armados que atacavam as nossas posições.

Se não foi em francês que nos entendemos teria sido “meio por meio” em dialecto ético e com a ajuda do nosso guia Malam “Griffon” Sissé. Virá a propósito recordar que no mosaico populacional da Guiné (e Senegal) se falavam cerca de vinte “línguas”!

2) Lisboa- meados de Novembro de 2009

Depois de quase um ano sem ver o Luís Moreira encontrei-o em casa do nosso amigo comum Belmiro Tavares de seu nome, que tinha sido o ex-Alferes Tavares do 3º. Pelotão da CCaç. 675, a que pertencera o ex-Furriel Moreira.

Na almoçarada que se seguiu recordei aos circunstantes a noite das dores de dentes de Guidage. «Não imaginam o que este sacana me fez passar já lá vão mais de 40 anos. Uma noite sem pregar olho com este maricas ao colo a gemer com dores de dentes!».

O Moreira respondeu de imediato. «É pá e não fazes ideia como essa história acabou.».
Não sabia mas percebi que ia saber logo a seguir. E o Moreira contou. À sua maneira: exuberante e bem disposta.

«O sacana do piloto que me foi buscar a Guidage foi o Honório. Mal entrei na avioneta o gajo perguntou-me se eu já tinha andado alguma vez de avião. Disse-lhe que tinha nascido dentro de um.

- É pá, ainda bem que não tens medo pois hoje apetece-me fazer umas piruetas.

E o sacana levantou voo, diz o Moreira. No minuto seguinte senti-me de cabeça virada ao contrário. E depois de cabeça para cima. E depois de cabeça para baixo. Filho da puta. Fez tantas maluqueiras que eu só não me caguei todo porque já não comia há três dias. Grande maluco.

Quando vi Bissau e o gajo aterrou…parecia que tinha nascido outra vez. Pisei o chão e levei as mãos à boca. Não me doía nada. Já não tinha a boca inchada e a dores de dentes tinha passado completamente.

Já não sei como fui para Bissau. Sei que procurei um restaurante que era de um gajo da minha terra (da região de Vila Real). Comi que nem um alarve. E repeti. Tive vergonha de pedir mais comida e saí (depois de pagar). Andei mais uns metros e entrei numa tasca onde comi mais uma travessa de ostras.

E “prontos”. Tinha que ir para o Hospital e fui.

«Então o que é você tem? – perguntou o médico.

O Moreira, embora novo, já a sabia toda e resolveu contar tudo, omitindo apenas o facto de já ter almoçado nesse dia duas vezes.

- O senhor Doutor não vai acreditar mas neste momento não me dói nada. Tive tanto medo na viagem de Guidage para Bissau com o maluco da DO que me trouxe que…já não me dói nada.

- É pá vou ter que lhe arrancar um dente qualquer se não você ainda leva uma porrada. Então é evacuado de urgência e agora diz que não lhe dói nada!?

- Senhor Doutor é a pura das verdades. Se tem que ser, arranque-me aí um dente lá para trás.

E arrancou.

O Moreira ainda esteve mais uns dias em Bissau .Encontrou sem dificuldades o Sargento – aviador Honónio e ainda andaram numas “tainas”.Que eu não vou contar.

Depois desta segunda parte da história fiquei a olhar para o Moreira sem palavras. Este tipo se não é único deve andar lá perto.

Mas “prontos”. Acreditei…mas ainda havia de tirar umas dúvidas que me assaltavam…

3) Alcobaça – princípios de Dezembro de 2009

Numa terra pequena não é difícil encontrar quem quer que seja. E eu sabia bem onde é que havia de encontrar a Drª. Manuela Frois, médica dentista. Tomámos um café no “Forno”, pastelaria do único Centro Comercial da terra, e contei-lhe a história das dores de dentes do Moreira. E do “milagre” que seguiu à viagem atribulada com o Honório.

A Drª. Manuela conhece-me bem e não teve dúvidas em dar-me o seu “parecer”, que escrevi na altura para não me esquecer de nada.

«Com a subida do avião registou-se um aumento da pressão que ajudou a alterar as condições locais da inflamação. O medo das acrobacias do piloto causou também uma natural subida da adrenalina que fez desaparecer a dor.»

E no seu jeito despachado disse-me para terminar a minha consulta: «Juro que acredito».

Ora toma lá ex-Enfermeiro de Guerra. O “Honore” (1) causou mesmo uma cura milagrosa. Foi uma ajuda vinda dos céus!

Termino esta crónica citando (e felicitando) o Alberto Branquinho, pelo brilho e justeza das suas palavras na postagem de 22 de Setembro de 2008 (P 3224):

"… Na Guiné era conhecido (pelo menos pelo seu nome) por toda a tropa rastejante. Sempre que uma coluna era sobrevoada a baixa altitude por um FIAT, desaparecendo imediatamente para além das copas das árvores, os soldados rompiam aos gritos de: “AH HONORE!“ ou de: “- AH HONORO!”, enquanto agitavam os quicos por cima das cabeças."
«Quem é que está lá em cima? É o Honório, quem havia de ser! O Honório, naqueles anos, era mais que um piloto, era um símbolo, representava a ajuda vinda dos céus. Não é de estranhar que tudo o que voasse fosse "pilotado" pelo Honório. Camaradas que com ele voaram nos anos 1968/1970 sustentam que, nesses anos, pilotava "apenas" as Dornier-27.»

Esta crónica era para ter sido contada em três tempos.

Não sei se o foi. Se calhar foram quatro.

Foi muito gratificante recordar o Honore. O Honoro. O Honório que ainda hoje recordo quando um pequeno avião me passa por cima da cabeça esteja onde estiver.

Quarenta e tal anos depois… as memórias (citando Manuel Amante da Rosa)… por mais dolorosas que possam ter sido, que não sejam apagadas...

... mas se possam erigir numa teia que envolva ainda mais todos os que nasceram, viveram ou tenham passado pela Guiné .

Nós estivemos lá.

(1) - Recordamos aqui uma corruptela do nome do Honório que encontrámos no nosso blogue graças a uma postagem de Alberto Branquinho (P.3224). Nesta crónica queremos também prestar o nosso humilde contributo em jeito de Homenagem ao mítico piloto aviador cabo-verdiano que tantas missões cumpriu na Guiné, indo a lugares onde mais ninguém ia (ver postagem 5105, de 14 de Outubro de 2009)

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 – P5437: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (24): João Turé de “puto” a Homem Grande


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos a sua 24ª mensagem, com data de 9 de Dezembro de 2009:


Camaradas,

Como no nosso blogue estão a aparecer ultimamente histórias de guineenses que lutaram pela nossa Bandeira e tiveram como "recompensa"o fuzilamento, lembrou-me de vos enviar um conto verídico - e não romanceado - com final feliz.

João Turé de “puto” a Homem Grande
Guiné 1965/Alcobaça 2009

Quem havia de dizer que 40 e tal anos depois dois indivíduos de uma velha fotografia da Guiné se iriam reencontrar a milhares de quilómetros de distância, na evocação do regresso de uma Companhia que tinha estado na Guerra do Ultramar no período de 1964 a 1966!!!

Dois indivíduos que, pela ordem natural da vida, se afastaram e que, até pela diferença de idades, tinham tudo para viver... desencontrados!

Mas assim não aconteceu.

O miúdo em primeiro plano na foto, de veste azul, João Lássana Turé, tinha então 8 anos de idade. De raça mandinga tinha nascido em Binta, Norte da Guiné, então Província do Império Português, que se espalhava pelo Mundo, do Minho a Timor!!!

João Turé está acompanhado na fotografia de um irmão e primos.

O outro indivíduo, de camuflado verde, Furriel Oliveira, então um jovem militar de 24 anos, tinha nascido em Alcobaça.

E o que aconteceu ao João Turé depois daqueles militares terem saído da sua terra em Maio de 1966?Muita coisa – que quase daria para escrever um livro ou fazer um filme – mas encurtando “páginas e/ou imagens” pode-se resumir assim a vida daquele miúdo que, embora protagonista de muitos e variados dramas, consegue ser hoje uma pessoa de riso fácil, sem ressentimentos em relação às “coisas más” que lhe calharam na sorte até agora...

E quando já ultrapassou o meio século (conta 53 anos de idade feitos em 13 de Março de 2009).

À (relativa) estabilidade que os militares da CCaç 675 conseguiram para a sua aldeia, nomeadamente no segundo ano da sua acção da zona – o primeiro ano foi fértil em “acções de fogo” na quadrícula da Companhia, com algumas flagelações ao quartel de Binta – deixaram--lhe uma boa recordação – a si e aos seus familiares.

Com efeito a “tropa do Capitão de Binta” deixou saudades pelas melhorias que deixou na aldeia ao nível sanitário e social.Recuperou cerca de 900 antigos residentes, que tinham fugido para o Senegal, ajudando as populações na recuperação da aldeia (“a tabanca”) e das suas habitações ( “as moranças”), nas sementeiras e na pesca a aldeia situava-se junto ao Rio Cacheu).

Abrem-se ruas, faz-se um pequeno campo de aviação de terra batida (onde aterram e levantam avionetas tipo DO), um furo de captação de água, uma escola, uma enfermaria, uma capela, um campo de futebol e... depois de muitas canseiras... acordamos todos os dias numa povoação modelo onde, ao domingo, é hasteada, com a pompa possível, a Bandeira.

A Bandeira de Portugal.

Os militares da “675” trouxeram a paz e a dignidade a quem tinha andado fugido da guerra... !

Muita(s) da(s) história(s) da “guerra colonial” passaram por estas acções que não mais foram esquecidas pelas populações nativas.

Se não fosse assim porque é que hoje o João Turé procura e se sente em família com os antigos militares da CCaç 675, que estiveram na sua terra entre Junho de 1964 e Maio de 1966!? João Turé, que ainda viveu na sua aldeia até aos 16-17 anos, e conheceu militares de outras Companhias que passaram por Binta.

Depois da “675” voltaram os tempos difíceis pois a guerra instalou-se com redobrada dureza na zona Norte da Guiné (Binta ficava apenas a 20 Kms da fronteira com o Senegal).

Cresceu na inquietação da guerra com quem se habituou a conviver.

Um dia – anos mais tarde – vai para Bissau estudar e completa o antigo 5º. Ano do Curso Comercial.

Depois frequenta durante 12 meses o Curso de Fuzileiros Especiais em Bolama, fazendo uma pequena “batota” com a data do seu nascimento para ser admitido na vida militar.

É um militar distinto nesta tropa de elite onde até 1974 entra em mais de 140 acções especiais (desembarques e combates em todo o território) debaixo das ordens do Comandante Amadeu Cardoso Anaia.Foi louvado pelo Comandante do Dest. Fuz. Especiais nº. 22, em 5 de Outubro de 1973, que além de referir o seu excelente desempenho como encarregado de secretaria do destacamento, destaca ainda a sua grande coragem como operacional.

É um excelente atirador de ALG’s, arma que domina como poucos. A sua impetuosidade em combate e a sua serena energia debaixo de fogo são particularmente salientadas neste louvor, de que o João Turé particularmente se orgulha.

Casa com Binta Turé (natural da sua aldeia) em 8 de Abril de 1974.

Dá-se pouco depois a Revolução de 25 de Abril de 1974 e, poucos meses depois, é preso em Bissau pela Segurança do PAIGC.É acusado de ter servido nas Forças Armadas Portuguesas como fuzileiro e ter, eventualmente, conhecimento de “segredos militares” por ter desempenhado funções na Secretaria do Comando da Companhia.

Abandonado à sua sorte tem mais sorte que muitos guineenses que serviram o Exército Português e que são então perseguidos e fuzilados.

Quantos?! Ainda hoje não se sabe!

Mas não é seguramente uma página de ouro da história recente de Portugal que não soube proteger quem serviu sob a sua Bandeira!

João Turé cumpriu 9 meses de prisão – sem ser julgado – é libertado e “desenrasca-se” no novo País.

O seu País – a Guiné-Bissau – de que tem orgulho e onde continuam muitos familiares.

E depois de alguns anos sem “grandes recordações” vem para Portugal.

Chega sozinho em Agosto de 1982 e consegue emprego como escriturário na Secção de Contabilidade dos “Explosivos da Trafaria”.

Há alguma ironia do destino nesta fase da sua vida.Depois de vida explosiva (e de acção nos fuzileiros) vem trabalhar com papéis que dizem respeito a explosivos... para construção.

Continuou no ramo e passados dois anos já faz parte do sector comercial.

Estabiliza a sua vida e a sua família, já aumentada com quatro filhos, vive consigo na região da Amadora e cresce longe da “sua” Guiné.

Em 1990 transfere-se para a SPEL – Sociedade Portuguesa de Explosivos, S.A.

Trabalha duramente e em 1992 já tem responsabilidades no Departamento de Vendas. É aliás o principal responsável para os Distritos de Lisboa e de Leiria.

Nada mau para um rapaz de Binta, uma aldeia a 80 kms da Foz do Rio Cacheu, no Norte da Guiné!A vida não é só trabalho e vai de vez em quando visitar o seu País Novo, onde ainda vivem a sua mãe e seus irmãos.

Acompanha com interesse tudo o que se passa na sua Terra e... tem esperança. Esperança em melhores dias.

E um dia... muitos e muito anos mais tarde encontra os “tios mais velhos” da “675”.

Velhotes, carecas, barrigudos mas... encantados de reencontrarem o “puto” Turé.

Estamos então em Maio de 2001.A Companhia festeja em Évora os “seus” 35 anos do regresso da Guiné e o João Turé é recebido como “um Homem Grande”.

Na noite desse dia memorável este reencontro com os militares da 675 “abre” o telejornal da TVI.

João Turé assume-se publicamente como guineense e português e refere que a sua gente muito ficou a dever “à tropa do capitão de Binta”!

A reedição desse “momento mágico” voltou a acontecer noutros convívios dos ex-combatentes da “675 que todos os anos se reúnem no primeiro (ou segundo) domingo de Maio. Aconteceu também em 5 Maio de 2009 em Alcobaça no lançamento do livro “GOLPES DE|MÃO’s”.

João Turé usou da palavra e foi aplaudido de pé.
Numa vida em que, por vezes, os grandes valores são “outros” sabe bem recordar que a guerra não se fez só com tiros e que há “miúdos” que ainda hoje respeitam (e se sentem bem) junto dos “velhos combatentes”.

João para o próximo ano o nosso convívio é em Aveiro.

Vai calhar a vez ao nosso Furriel “Juca”, também conhecido por António Miranda Soares Correis.

Até lá não tem nada que saber: A AMIZADE NUNCA CEDERÁ.

675 SEMPRE!

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675

Fotos: José Eduardo Oliveira (2009). Direitos reservados.
___________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


sábado, 5 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 – P5408: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (23): Amizade nunca cederá


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos a sua 23ª mensagem, com data de 4 de Dezembro de 2009:

Camaradas,

Remeto um texto sobre a visita que fizémos a 6 cemitérios do Norte do País, para homenagear ex-Combatentes da "675".

Segue também um editorial do "Jornal de Famalicão" publicado em 4 de Dezembro.

AMIZADE NUNCA CEDERÁ


O dia 2 de Dezembro, 4ª feira, tinha sido longo.

Desde as 6 e meia da manhã que estávamos de pé. Tínhamos percorrido já uns centos de quilómetros e a noite tinha entretanto chegado.

O nosso último “destino” desse dia de peregrinação às campas de camaradas de guerra dos velhos tempos da Guiné (1964-66) estava à vista.Passámos a “placa” de Famalicão e entrámos na cidade à procura de estacionamento.

Com o Moreira ao volante desde Irijó (Rocas do Vouga) já tínhamos visitado ao longo do dia cinco cemitérios: Caldelas, São Martinho do Campo, Maia, Fânzeres e Mindelo.Faltava o Álvaro Vilhena Mesquita, o Furriel de Famalicão que tinha morrido em combate em 28 de Dezembro de 1964.Nas horas anteriores já tínhamos deposto placas da “C. Caç. 675” nas campas de António Silva Lopes – Soldado Condutor, Serafim Silva Santos-1º Cabo Rádio Telegrafista, Jerónimo Justo - Soldado Atirador e José Miranda Pereira - 1º. Cabo R. T. Condutor Auto.

Não tínhamos conseguido localizar a campa de Adriano Almeida - Soldado Atirador no Cemitério de S. Martinho do Campo mas entregámos a lápide a um vizinho do lugar, por sinal também antigo militar da “675”.

Cabe aqui dizer que chefiava esta equipa de “romagem” o antigo Alferes Belmiro Tavares, cérebro e guardião dos nomes e direcções de todos os antigos militares que tinham estado dois anos em Binta - Norte da Guiné nos idos de 60. O 3º. Mosqueteiro era o cronista da Companhia, autor destas linhas, agora também investido nas funções de fotógrafo.

Mais uns minutos e voltaríamos a estar junto do nosso amigo e camarada Mesquita.Quarenta e cinco anos depois eis nos chegados ao local do encontro com a sua irmã Teresa Mesquita.

Na praça de estacionamento frente ao Restaurante “O Tanoeiro” deu-se ao encontro. Abraçámos longamente a irmã do Álvaro.


Tinham passados tantos anos e minutos depois, a caminho do cemitério, parecia que sempre tínhamos estado por perto.O Belmiro Tavares e o autor destas linhas tinham estado naquele cemitério no 7 de Abril de 1967.A data não nos esqueceu jamais.

Tínhamos vindo de longe – um de Lisboa e outro de Alcobaça – para ir ao casamento do Figueiredo, de Monção e pernoitámos em V. N. de Famalicão para visitar a campa do Mesquita e conhecer seus Pais.Ali estávamos de novo.

O local parecia-me outro pois naturalmente o cemitério estava bastante maior.

O Belmiro Tavares, Teresa Mesquita e Luís Moreira (Foto JERO)


A Teresa conduziu-nos até à campa do seu irmão. A sua dor ouvia-se… nos soluços que não conseguia evitar.

Também nós chorámos mais uma vez o Mesquita.

Colocámos a lápide.

Registámos o momento.

Falando por mim senti-me invadido por uma paz imensa.

Dei um braço à Teresinha, como a passei a tratar desde então, e seguimos até ao jazigo de seus Pais, que também quisemos homenagear naquela visita ao cemitério de Famalicão.

Seguiu-se um convite para visitar as instalações do “Jornal de Famalicão, fundado pelo seu Pai, Rebelo Mesquita, local onde tivemos o prazer de conhecer seu filho Francisco José.


Estivemos alguns momentos em salas diferentes e a Teresinha contou-me a mim e ao Moreira uma recordação do dia morte do seu irmão, que nos abalou bastante.

Inexplicavelmente a Teresa, então com 18 anos de idade, teve um ataque de choro em casa de uma amiga na tarde do dia 28 de Dezembro de 1964. Também à mesma hora, em local diferente, seu Pai sentiu-se mal e teve que ter assistência hospitalar. Tiveram ambos um pressentimento.

Tinha acontecido alguma coisa de muito grave ao Álvaro. Três dias depois, no dia 31 de Dezembro, tiveram a confirmação oficial da sua morte.

Desanuviou este momento dramático a entrada na sala de seu filho Francisco (de nome completo Francisco José Vilhena Mesquita Moreira de Azevedo), que era portador de dois álbuns de fotografias de seu Tio “Varinho”, como era e é conhecido na família o “nosso” Álvaro Mesquita”. Revimos nessas fotos o “nosso” jovem Furriel.

Fur Mil Mesquita, Sargento Marques e Fur Mil Enf Oliveira
(Foto da Família Mesquita)

Uma das fotografias confirmou o que eu pensava: o Álvaro tinha sido um dos feridos na Operação Lenquetó, (6 de Julho de 1964) onde tivemos o “baptismo de fogo”.

Na foto que reproduzimos o Álvaro teve o cuidado de pedir ao fotógrafo que não apanhasse o seu ombro e braço direito.

Os nossos anfitriões convidaram-nos depois para jantar.

Fomos ao “Tanoeiro”, onde as recordações continuaram.O Álvaro esteve sempre presente nas nossas conversas.

Chegou a hora das despedidas com a promessa de nos voltarmos a encontrar em breve.

Afinal já éramos todos da família. Da Família “675”.

A noite ia longa. Chovia e tínhamos ainda muitos quilómetros para chegar à Irijó, que me lembrava nomes de outrora. À distância no tempo recordava Lenquetó, Canicó, Genicó. Guiné 1964.Que bem me fez chorar alguns momentos abraçado à irmã do Mesquita.

Não mais esquecerei este longo dia de 2 de Dezembro de 2009.A Teresa Mesquita é Directora do “Jornal de Famalicão”.

Termino reproduzindo o título do “Editorial” (e depois o texto) do seu jornal nº 4.114, Ano LX, de 4 de Dezembro de 2009.

Amizade nunca cederá.

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675

EDITORIAL
«AMIZADE NUNCA CEDERÁ»



No 10 de Junho – Dia de Portugal, o meu grande amigo e famalicense de gema António Luís Araújo Brandão (filho do Zeca da Maia), teve conhecimento pela net, que um soldado do Ultramar de nome José Eduardo Reis de Oliveira, residente em Alcobaça tinha escrito o livro «Golpes de Mão’s – Memórias de Guerra».Desconhecendo-o, mas sabendo que foi tal como ele um dos muitos portugueses que heroicamente defenderam a sua Pátria no Ultramar, na passagem para Lisboa parou em Alcobaça.

Comprou o livro e foi procurar o seu autor. Tratava-se do Furriel Miliciano Reis de Oliveira da Companhia de Caçadores 675, à qual pertenceu o Furriel Miliciano Vilhena Mesquita, seu conterrâneo e amigo. O autor tinha recordado «in memoriam» Álvaro Mesquita.

Ali mesmo pediu-lhe uma dedicatória para a irmã do Furriel Mesquita. E assim, quis o destino que passado quarenta e cinco anos eu pudesse saudosamente «viver» os últimos tempos do meu irmão Álvaro Manuel.

Obrigado António Luís.Emocionada e com a voz embargada pois «as lágrimas nunca secam», entrei em contacto com o Furriel Miliciano Reis de Oliveira agradecendo ao «amigo que nunca esqueceu o amigo».

Entretanto, e mais uma vez o António Luís Brandão, comunica-me que há um Blogue na net onde os «Companheiros da 675» escreveram sobre o Varinho.

Desta vez, era o Alferes Miliciano Belmiro Tavares.

Entramos em contacto. E passados quarenta e cinco anos, na quarta-feira ao fim da tarde, debaixo de uma intensa chuva que teimosamente não parava, tive a agradável surpresa de os conhecer.

Representando a Companhia Caçadores 675, eles ali estavam com mais uma lápide aos pés do jazigo do nosso irmão Furriel Miliciano Álvaro Manuel Vilhena Mesquita.

«Os amigos de sangue» que viram o seu a ser derramado naquela terra de África, estavam presentes para lhe dizer: «Amizade nunca cederá».

Que lição, patriótica e de valores, o Alferes Miliciano Belmiro Tavares e os Furriéis Miliciano José Eduardo Reis de Oliveira e Luís Moreira acabavam de dar!

Tinha prometido ao António Luís Brandão que lhe comunicaria para quando esse encontro, mas a visita foi inesperada e tal não aconteceu.
Perdoa António Luís pois foi graças a ti que «este passado foi terrivelmente presente».

Neste reencontro dos companheiros vivos com o que já partiu, o «coração de todos sangrou muito…». E em pensamento mais uma vez responderam à chamada – Presente!

Nesta transcendência de «Vida e Morte» momentos foram vividos pelos presentes e ausentes.

Jamais os esquecerei.

Em meu nome e da Família Rebelo Mesquita o nosso obrigado aos «Bravos Soldados da Companhia de Caçadores 675».

Foi há quarenta e cinco anos que escrevi uma «Carta Para o Céu» ao meu irmão Varinho.

Hoje, aqui te envio esta, com um até sempre.

Maria Teresa Vilhena Mesquita


Fotos: José Eduardo Oliveira (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: